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Resumo:
A busca por métodos mais eficientes na construção civil tem sido uma demanda crescente do
setor que enfrentar desafios como escassez de mão-de-obra e prazos de entrega menores. O
artigo apresenta uma análise comparativa entre os sistemas construtivos de Poliestireno
Expandido (EPS) e bloco cerâmico, com o objetivo de comparar seus prazos, orçamentos e
produtividade. Inicialmente, o artigo contextualiza os sistemas e seus principais aspectos, bem
como a produtividade na construção civil, medida através dos indicadores de Razão Unitária
de Produção e Consumo Unitário de Materiais. Em seguida, a análise é feita através de um
estudo de caso da construção de uma residência utilizando o bloco cerâmico e como seria o
seu prazo, orçamento e produtividade, caso fosse feita através do EPS. Concluindo, a pesquisa
demonstra que o EPS é uma excelente alternativa de substituição do bloco cerâmico, pois a
produtividade na construção civil é melhorada, o prazo é menor, porém, os custos são mais
altos. Assim, é necessário que haja mais estudos, abordando aspectos como sustentabilidade,
conforto e resistência estrutural, para conscientizar o setor a respeito dessa alternativa
construtiva.
Abstract:
The search for more efficient methods in civil construction has been a growing demand in the
sector that faces challenges such as labor shortages and shorter delivery times. The article
presents a comparative analysis between Expanded Polystyrene (EPS) and ceramic block
building systems, with the aim of comparing their deadlines, budgets and productivity.
Initially, the article contextualizes the systems and their main aspects, as well as productivity
in civil construction, measured through the Unitary Ratio of Production and Unitary
Consumption of Materials indicators. Then, the analysis is done through a case study of the
construction of a residence using the ceramic block and what would be its deadline, budget
and productivity, if it were done through the EPS. In conclusion, the research demonstrates
that EPS is an excellent alternative for replacing the ceramic block, as productivity in civil
construction is improved, the term is shorter, however, the costs are higher. Thus, more
studies are needed, addressing aspects such as sustainability, comfort and structural
resistance, to make the sector aware of this constructive alternative.
1
Aluno Concludente do Curso de Engenharia Civil – raphaeleverton@yahoo.com.br
2
Orientador – Mestre em Engenharia Civil – andre005501@ceuma.com.br
2
1 INTRODUÇÃO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A alvenaria de vedação é o tipo de parede que suporta apenas seu peso próprio, mais
as cargas das janelas e portas instaladas nela. Segundo Vasques e Pizzo (2014), o método da
utilização da alvenaria como técnica construtiva, é tão antiga quanto a história da arquitetura.
Este método construtivo bastante tradicional é usado desde a antiguidade, e teve início com as
primeiras civilizações, por volta de 9.000 a 7.000 a.C, sendo que nessa época as estruturas
eram bem mais robustas comparadas ao sistema construtivo atual, pois elas eram utilizadas de
maneira bastante empírica.
O concreto, na construção, é o material mais utilizado no mundo. Demonstra alta
resistência às tensões de compressão, entretanto, demonstra uma baixa resistência à tração. O
concreto armado foi criado no século XIX, inventado pelos europeus como um processo
construtivo, no Brasil ele é o material predominante nos sistemas estruturais. É composto,
portanto, de areia, água, brita de dimensões que dependem da aplicabilidade, cimento e
armadura (barras de aço), surgiu então o nome de concreto armado (MORAIS, 2017).
Observa-se que em todo território nacional, ainda há o predomínio do sistema
3
Fonte: o autor
e também com a função de auxiliar as paredes que suportarão o seu próprio peso. Este tipo de
alvenaria produz muito entulho e muitos desperdícios, pois tem a necessidade de fazer a
execução de cortes para passar as tubulações (CORDOVIL, 2013).
O EPS apresenta uma baixa condutividade térmica, este fator dificulta a troca de calor
entre dois ambientes, ou entre o ambiente externo e interno de determinada residência, que,
além de produzir maior conforto as pessoas que ali habitam, fomenta em economia no
consumo de energia elétrica com equipamentos específicos de climatização, seja para
aumentar ou diminuir a temperatura (BORGES, 2013).
Segundo Lakatos e Kálmar (2012), o EPS está presente no cotidiano dos brasileiros
desde o início dos anos 1960. O produto tornou-se conhecido por fornecer muitas vantagens a
um custo impressionantemente baixo: ele é resistente, leve, isolante térmico e impermeável. O
poliestireno expandido provou ser um excelente meio isolante que apresenta consistência
térmica, desempenho na faixa de temperaturas normalmente encontrados em edifícios.
Percebendo assim suas características isolantes, leveza, resistência, facilidade de
trabalhar em função da flexibilidade para moldes e baixo custo em função das vantagens
oferecidas, o uso na construção civil no Brasil passou a ser mais divulgado. Conforme matéria
publicada no G1 Rio Preto e Araçatuba, a ideia de blocos de isopor revestidos surge de uma
utilização anterior (há 40 anos) na Europa de paredes inteiras com a mesma ideia, material
isolante na parte interna e revestidos por outro material na parte externa (SILVA, 2021).
Na matéria a CEO da Day-House, Dayana Almeida, cita que os blocos de isopor
revestidos com concreto garantem ao ambiente uma melhor característica termoacústica,
deixando-o mais arejado e menos propenso a ruídos externos. Conforme NBR 11.752
(ABNT, 2016) o poliestireno expandido (EPS) é um plástico rígido, com propriedades que
retardam à chama, tendo originalmente cor branca. Sua fabricação se dá pela expansão de
grânulos de pré-expandidos de poliestireno, podendo ser moldado já em sua forma definitiva
ou cortado em blocos. A figura 2, ilustra a estrutura de uma residência construída com o uso
do EPS.
Fonte: o autor
Hh
RUP= (1)
QS
Onde: Hh = Homens-hora; QS = Quantidade de serviço realizado.
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Qmat
CUM= (2)
Qserviço
Onde: Qmat = quantidade de material; Qserviço = quantidade de serviço realizado.
Homan, Tanaka, Oliveira, Potrick e Pulido (2016) observaram como resultado de seus
estudos as vantagens e desvantagens de se utilizar projetos e normativas que consideram uma
mão de obra especializada, no processo de construção de um edifício que utilizava como
sistema construtivo o uso de alvenaria em blocos cerâmicos. A tabela 1 demonstra as
vantagens e desvantagens de aumentar a produtividade através do uso de colaboradores
especialistas.
3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
3.1 ORÇAMENTO
O orçamento de toda obra foi dividido em exatos 21 itens e mais centenas de subitens,
no entanto o trabalho considerou apenas os que são necessários a análise dos dois tipos de
sistema, ou seja, itens estruturais. A tabela 2 demonstra o orçamento estrutural da construção
da residência, utilizando o sistema de bloco cerâmico.
3.2 PRAZO
A construção total da residência durou um ano e um mês, incluindo além das etapas
descritas na tabela 2, a administração local, serviços preliminares, movimentos de terra,
revestimento, esquadrias, instalações hidráulicas, elétricas, SPDA e telefônicas, pintura,
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4 RESULTADOS
O cálculo realizado do RUP e do CUM relativo ao uso do EPS, teve como base o
projeto utilizado com a cerâmica, onde foram mantidos todos os dados originais e gerou-se,
não só um orçamento, mas também uma estimativa de prazo para execução dos serviços,
tendo como base o histórico da empresa e outras obras de diversas dimensões. É possível
observar o orçamento da construção com o sistema EPS através da tabela 3 a seguir.
O Anexo I, item 5, permite verificar que a cobertura, laje e forro foram feitos
utilizando o EPS, mesmo na construção original, onde se utilizou blocos cerâmicos, o que é
bastante comum nas construções brasileiras. Isso se deve as propriedades presentes no EPS
como os isolamentos térmico e acústico, além de se adequar melhor a grande variação de
temperatura que ocorrem, principalmente, nas regiões Sul, Norte e Nordeste. Assim, observa-
se que os valores de cobertura, laje e forro, não se alteram com a mudança de sistema.
A confecção do orçamento foi impactada pela dificuldade de encontrar mão-de-obra
qualificada, o que causou o aumento dos valores. Utilizando nove funcionários, cada um
trabalhando quarenta horas por semana, a obra tem um makespan de aproximadamente 19
semanas, gerando um total de 6.840 homem-hora. Além disso, é necessário comprar material
suficiente para construir 380 m². Assim, os seguintes indicadores puderam ser calculados.
9
6.840 hh 2
RUP ( EPS )= 2
=18 ,93 hh /m (5)
361 , 24 m
2
380 m
CUM ( EPS )= 2
=1 , 05 (6)
361 ,24 m
A partir desses valores é possível notar que os indicadores razão unitária de produção
e custo unitário de materiais são menores utilizando o sistema construtivo EPS. Porém, há um
custo maior para que haja substituição do método convencional de bloco cerâmico, o
equivalente a 11,43%.
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
MORAIS, Hider Cordeiro de. Estudo e avaliação da aplicabilidade da Norma ABNT NBR
15575/2013 em uma edificação no município de Palmas – TO. 76 f. (Trabalho de
Conclusão de Curso). Palmas, Centro Universitário Luterano de Palmas, 2017.
11
SANTOS, Igor Antônio Pereira et al. Alvenaria estrutural e uma análise comparativa
entre blocos cerâmicos e de concreto. 2021. 68 f. (Graduação) - Curso de Engenharia Civil,
Universidade Federal de Campina Grande, Pombal-PB, 2021 Disponível em:
http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/xmlui/handle/riufcg/21732
SARIISIK, A. Novo processo de produção de blocos isolantes compostos por EPS e concreto
leve contendo agregado de pedra-pomes. Materials and Structures, v. 45, n. 9, p. 1345-
1357, 2012
ANEXO I
2.1 Lastro de concreto E = 5cm para fundo de sapatas e valas e baldrames. m² 97,79 20,97 2.050,66
2.2 Forma em madeirite 15mm p/sapatas em concreto. m² 57,75 54,38 3.140,45
2.3 Formas em madeirite 15mm p/vigas inferiores. m² 106,93 54,38 5.814,85
2.4 Formas de madeirite 15mm para pilares. m² 89,01 54,38 4.840,36
2.5 Forma de madeirite 15mm para vigas superiores m² 25,75 54,38 1.400,29
Armação de vigas inferior e superior e pilares, em Aço CA-50/60 e
2.6 kg 2.685,00 11,58 31.092,30
5,0mm, 6.3mm a 12.5mm.
2.7 Alicerce e baldrame em bloco estrutural 39x19x14cm. m² 94,58 60,90 5.759,92
Impermeabilização com manta asfáltica líquida em duas demãos contra
2.8 m² 208,08 16,43 3.418,75
infiltração.
2.9 Sapatas e arranques
Aço CA-50 - Ferro 5.0 para estribos das sapatas P1 a P19 com tamanhos
2.10 variados de: 0,70x1,10 a 1,40x1,40cm e arranques de 1,20m. kg 54,24 11,07 600,44
Aço CA-60 - Ferro 8.0mm para sapatas P1 a P19 com tamanhos variados
2.11 kg 241,68 11,07 2.675,40
de: 0,70x1,10 a 1,40x1,40cm.
Aço CA-60 - Ferro 10.0mm para sapatas P1 a P19 com tamanhos variados
2.12 kg 174,24 11,07 1.928,84
de: 0,70x1,10 a 1,40x1,40cm e arranques de 1,20m.
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Aço A-60 - Ferro 12.5mm para sapatas P1 a P19 com tamanhos variados
2.13 kg 373,08 11,07 4.130,00
de: 0,70x1,10 a 1,40x1,40cm e arranques de 1,20m.
2.14 Formas em madeirite 15mm para sapatas e arranques. m² 57,75 54,38 3.140,45
2.15 Concreto Fck 25Mpa para sapatas e arranques. m³ 14,38 530,00 7.621,40
2.16 Vigas baldrame - viga inferior
Aço CA-50 - Ferro 5.0 para estribos das vigas VB1 a VB21 com tamanhos
2.17 kg 156,36 11,07 1.730,91
variados.
2.18 Aço CA-60 - Ferro 8.0mm para vigas VB1 a VB21 com tamanhos variados. kg 265,68 11,07 2.941,08
Aço CA-60 - Ferro 10.0mm para vigas VB1 a VB21 com tamanhos
2.19 kg 42,60 11,07 471,58
variados.
2.20 Aço A-60 - Ferro 12.5mm para vigas VB1 a VB21 com tamanhos variados. kg 86,92 11,07 962,20
Formas em madeirite 15mm para vigas VB1 a VB21 com tamanhos
2.21 m² 106,93 54,38 5.814,85
variados.
2.22 Concreto Fck 25Mpa para vigas VB1 a VB21 com tamanhos variados. m³ 6,17 530,00 3.270,10
2.23 Pilares pavimento inferior - pavimento térreo
Aço CA-50 - Ferro 5.0 para estribos dos pilares P1 a P19 com alturas de
2.24 kg 138,84 11,07 1.536,96
3,0m (pilares pavimento inferior).
Aço CA-60 - Ferro 8.0mm para pilares P1 a P19 com alturas de 3,0m
2.25 kg 96,30 11,07 1.066,04
(pilares pavimento inferior).
Aço CA-60 - Ferro 10.0mm para pilares P1 a P19 com alturas de 3,0m
2.26 kg 26,17 11,07 289,70
(pilares pavimento inferior).
Aço A-60 - Ferro 12.5mm para pilares P1 a P19 com alturas de 3,0m
2.27 kg 677,76 11,07 7.502,80
(pilares pavimento inferior).
Formas em madeirite 15mm para pilares P1 a P19 com alturas de 3,0m
2.28 (pilares pavimento inferior). m² 89,01 54,38 4.840,36
Concreto Fck 25Mpa para pilares P1 a P19 com alturas de 3,0m (pilares
2.29 m³ 3,29 530,00 1.743,70
pavimento inferior).
2.30 Pilares pavimento superior
Aço CA-50 - Ferro 5.0 para estribos dos pilares P1 a P19 com alturas de
2.31 kg 175,40 11,07 1.941,68
3,0m (pilares pavimento inferior).
Aço CA-60 - Ferro 8.0mm para pilares P1 a P19 com alturas de 3,0m
2.32 kg 96,30 11,07 1.066,04
(pilares pavimento inferior).
Aço CA-60 - Ferro 10.0mm para pilares P1 a P19 com alturas de 3,0m
2.33 kg 54,60 11,07 604,42
(pilares pavimento inferior).
Aço A-60 - Ferro 12.5mm para pilares P1 a P19 com alturas de 3,0m
2.34 (pilares pavimento inferior). kg 860,88 11,07 9.529,94
Aço CA-60 - Ferro 6,3mm para vigas VT1 a VT25 com tamanhos variados.
2.39 25,17 11,07 278,63
Aço CA-60 - Ferro 8,0mm para vigas VT1 a VT25 com tamanhos variados.
2.40 kg 234,17 11,07 2.592,26
Aço CA-60 - Ferro 10.0mm para vigas VT1 a VT25 com tamanhos
2.41 kg 95,19 11,07 1.053,75
variados.
Aço A-60 - Ferro 12.5mm para vigas VT1 a VT25 com tamanhos variados.
2.42 kg 232,81 11,07 2.577,21
2.43 Aço A-60 - Ferro 16,0mm para vigas VT1 a VT25 com tamanhos variados. kg 280,14 11,61 3.252,43
2.44 Aço A-60 - Ferro 20,0mm para vigas VT1 a VT25 com tamanhos variados. kg 279,25 11,61 3.242,09
Formas em madeirite 15mm para vigas VT1 a VT25 com tamanhos
2.45 m² 201,80 43,28 8.733,90
variados.
2.46 Concreto Fck 25Mpa para vigas VT1 a VT25 com tamanhos variados. m³ 12,98 530,00 6.879,40
14
2.50 Aço CA-60 - Ferro 8,0mm para vigas VS1 a VS18 com tamanhos variados. kg 223,40 11,07 2.473,04
Aço CA-60 - Ferro 10.0mm para vigas VS1 a VS18 com tamanhos variados.
2.51 kg 313,80 11,07 3.473,77
Aço A-60 - Ferro 12.5mm para vigas VS1 a VS18 com tamanhos variados.
2.52 kg 407,99 11,52 4.700,04
2.53 Aço A-60 - Ferro 16,0mm para vigas VS1 a VS18 com tamanhos variados. kg 128,00 11,61 1.486,08
2.54 Aço A-60 - Ferro 20,0mm para vigas VS1 a VS18 com tamanhos variados. kg 229,12 11,61 2.660,08
Formas em madeirite 15mm para vigas VS1 a VS18 com tamanhos
2.55 m² 238,91 54,38 12.991,93
variados.
Concreto Fck 25Mpa para vigas VS1 a VS18 com tamanhos variados.
2.56 m³ 13,44 530,00 7.123,20
5 COBERTURA/LAJE E FORRO
5.1 Cobertura com telha de fibrocimento
Estrutura de madeira de lei (maçaranduba, pau d'arco ou similar)
5.2 composta por peças, caibros e ripas, na forma do projeto apresentado. m² 269,12 67,15 18.071,41