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IV EREEC

João Pessoa - PB
19 a 21 de setembro de 2017

BENEFÍCIOS DO USO DE TIJOLOS ECOLÓGICOS NA ALVENARIA

Giovanna Ermira Ferreira de Sousa (gio_jp@hotmail.com)


Ingryd Lins Paes de Araújo (ingrydlins@hotmail.com)
Matheus da Costa Ramos (mattheusramos@live.com)

Resumo: O conceito de construção sustentável apresenta grandes inovações para a engenharia civil, que vem caminhando
paralelamente com o avanço tecnológico. Tendo em vista o crescimento das construções juntamente com os impactos
ambientais causados pela mesma, visando de tal importância para deste assunto o presente trabalho tem como funçãoabordar
os tipos de tijolos solo-cimento, sua fabricação, e demonstrar com a pesquisa suas vantagens e desvantagens com relação ao
tijolo convencional, onde se conclui que as vantagens sobressam as desvantagens, contribuindo com a sustentabilidade na
construção civil.
Palavras-chave: Sustentabilidade. Impacto ambiental. Alvenaria sustentável. Tijolo ecológico.

Abstract: The concept of sustainable construction presents major innovations for civil engineering, which has been moving in
parallel with technological advances. Considering the growth of the constructions along with the environmental impacts caused
by it, aiming at such importance for the work item, its function is to approach the types of soil-cement bricks, their manufacture
and to demonstrate with a research its advantages and Disadvantages With respect to conventional brick, where it is concluded
that as advantages they stand out as disadvantages, contributing with a sustainability in the civil construction.

INTRODUÇÃO

BrudtlandReport (1987), afirma que desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades
do presente, sem comprometer o atendimento as necessidades das gerações futuras[1].
Buscando utilizar tecnologias ecológicas nas obras para preservação do meio ambiente e dos recursos
naturais, foram criados critérios de avaliação para construções sustentáveis em diversos países,adequando a
engenharia ao meio ambiente. Com base nesses critérios temos cinco ideias básicas: projetos inteligentes, re-
dução da poluição, materiais ecológicos, eficiência energética e aproveitamento da água. Todos esses conceitos
são importantes, visto que admitam uma compreensão sobre a sustentabilidade e acarretem uma aproximação
de seus significados ao tema da construção civil.
O primeiro centro de referência no Brasil para pesquisa, aplicação e uso de ecoprodutos e tecnologias
sustentáveis fabricados industrialmente, na área da construção civil, foi o Instituto para o Desenvolvimento da
Habitação Ecológica (IDHEA)[2].
O compromisso das empresas da cadeia produtiva na construção é criar bases para o desenvolvimento e
execução de projetos sustentáveis. Fundamentadas neste princípio criou-se uma forma de alvenaria sustentável
que utiliza tijolos ecológicos ou tijolos solo-cimento. Esses blocos modulares podem ser considerados uma das
melhores alternativasdevido a sua viabilidade financeira, facilidade no processo produtivo e a minimização dos
impactos ambientais em relação ao sistema construtivo tradicional.
À resistência à compressão (MPA) desse tipo de tijolo é superior à do tijolo convencional, assim como a
qualidade final, pois possui dimensões regulares e faces planas e lisas. Seu processo de fabricação abre as por-
tas do mercado de trabalho para cidadãos com perfil de baixa empregabilidade, pois são utilizados máquinas e
equipamentos simples, que não exigem um determinado grau de especialização[3].

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O uso de tijolos ecológicos vem aumentando de forma favorável para a natureza, pois ao contrário dos
tijolos convencionais, não utiliza o barro vermelho e sim a terra crua, logo não passa pelo processo de queima
onde teria alto consumo de madeira e combustíveis, reduzindo o desmatamento e a emissão de gases poluen-
tes na atmosfera.
Sendo assim, o presente trabalho tem como função abordar os tipos de tijolos solo-cimento, sua fabri-
cação, demonstrando suas vantagens e desvantagens com relação ao tijolo convencional, buscando contribuir
com a sustentabilidade na construção civil.

1. UTILIZAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Em um mundo atual em que a infraestrutura abre escala de execução incessantemente, origina-se uma
preocupação para com o reabastecimento da matéria-prima utilizada, além dos vestígios de abalos ao meio
ambiente, podendo assim comprometer a qualidade de vida futura do planeta. A aplicação de novos métodos
a serem utilizados no segmento da engenharia civil vem progredindo cada vez mais, em virtude do estímulo
constante tanto por parte do governo quanto por aplicadores de capitais de investimentos na área. Tais meca-
nismos buscam sempre inovar o setor, procurando soluções de unir custo-benefício junto a sustentabilidade,
encaminhando uma forma de pensar e coordenar as construções como um bem comum a todos.
Visando a diminuição dos impactos ambientais, os princípios sustentáveis estão cada vez mais presentes
nos procedimentos de infraestrutura. Uma dessas formas será apresentada neste trabalho como uma alternativa
de utilizar os tijolos solo-cimento.

1.1 Processo de fabricação

O tijolo solo-cimento vulgarmente chamado de tijolo ecológico, é fabricado com início do próprio ma-
terial solo-cimento que é adquirido por meio de solo, cimento e água, levando em consideração as quantidades
cabíveis, seguido de uma compactação precisa endurecendo-o junto com a cura do material, surgindo assim
uma produção com propriedades de resistência, longevidade e um satisfatório comportamento de segurança e
aparência. Essa técnica foi utilizada em vários países, como os Estados Unidos em plena segunda guerra mun-
dial na construção de pistas de aeronaves na Ilha do Pacífico e na muralha da China com a compactação do so-
lo, levantada a mais de 2 mil anos[4].
Sua composição trás particularidades que não se pode deixar de lembrá-las. O solo operado mais usual-
mente é do tipo arenoso, por seu fator custo-benefício ser mais conveniente. Caso não possa se obter este solo,
faz-se necessário utilizar outro com atributo mais argiloso e corrigi-lo. Além disso, o ser sustentável está na
possibilidadede poder utilizar resíduos, agregados reciclados dos escombros da construção civil e até mesmo
de rejeitos de usinas siderúrgicas e mineradoras gerando mais resistência.
Após a escolha do tipo de solo mais cabível em associação às características básicas para atender aos
pré-requisitosexigidos, ocorre a retirada deste solo nas jazidas. Para que não resulte emdificuldade no amassa-
mento e geração de possíveis patologias no tijolo, verifica-se que o solo estáisento de resíduos minerais e or-
gânicos, caso contrário, utiliza-se um triturador para deixá-lo mais homogêneo e assim aumentar a qualidade
do tijolo.
Segundo a NBR 8491, a peneira essencial deve ter uma furação de 4.0mm e é utilizada após a trituração
com encargo de deixar o solo ainda mais uniforme.Após esse processo, com auxílio de uma betoneira ou ma-
nualmente é feita a mistura íntima de solo, cimento portland e água[5].
Obtida a mistura do material, o tijolo é prensado e moldado. Sua moldagem deve ser feita após a verifi-
cação dos pré-requisitos da máquina de compactação, limpeza das formas e lubrificação.
Quanto à cura e estocagem, o local de armazenamento deve estar próprio para recebê-los, não sofrendo
ação do vento e do sol, esses elementos devem ser empilhados assim que retirados da forma. É importante que
o tijolo seja curado em sombra e umedecido em um período de 7 dias, de duas a quatro vezes por dia, depen-
dendo da umidade do ar e sua temperatura. Após sete dias o tijolo apresenta uma resistência entre 60 e 65% e
a cada dia a mais de cura, apresenta resistência maior e pode ser transportado com mais segurança. Após 28
dias, a cura estará completa e o tijolo apresentará aproximadamente 95% da resistência total ideal para trans-
porte e utilização do tijolo[6].

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1.2 Vantagens e desvantagens de uso

Mesmo em meio a um mercado capitalista e monopolizado em suas diversas interações, as vantagens


na utilização do tijolo solo-cimento ultrapassam as expectativas, contudo, as desvantagens deverão ser averi-
guadas em virtude de subtrair danos futuros em um amplo aspecto na obra. Esses benefícios estão ligados a
variados segmentos, dentre eles podem-se exemplificar o custo final das paredes serem inferiores em relação
ao tijolo convencional, favorecendo um excelente aproveitamento de reboco com fácil acabamento visto que
as dimensões são mais estáveis em referência ao seu concorrente, com durabilidade superior em até seis ve-
zes sendo uma maneira mais eficiente de construção pelo fato dos blocos se engatarem mais perfeitamente,
dispensando a utilização da massa de assentamento, com uma maior economia na execução do projeto. Por as
colunas da estrutura serem encravadas em seus furos, trazem uma elevada segurança na construção, rejeitando
o uso de madeiras nos encaixes de vigas ou pilares como também a tubulação de energia e água serem embu-
tidas viabilizando o projeto elétrico e hidráulico. Os furos dos tijolos possuem outras propriedades térmicas e
acústicas, esquivando-se do aumento de ruídos percebidos no interior da estrutura e, desfavorecendo a troca de
calor externa reduzindo assim a umidade nas paredes[7,8].
Em contrapartida, algumas desvantagens são importantes na análise. Os modelos comercializados no
mercado atual não compreendem uma normatização, ocasionando uma limitação de possibilidades de acordo
com o tamanho e modo da obra executada. Por ser um projeto instituído a dezenas de anos, mas tendo seus es-
tudos aprofundados de forma recente, ainda falta mão de obra qualificada a ser empregada na área. As reformas
são restringidas sendo fundamental o uso de novos estudos para realizá-las[9].

2. PERCURSO METODOLÓGICO

2.1 Caracterizações da pesquisa

A pesquisa desenvolvida neste trabalho tem como objetivo o estudo o tijolo ecológico, abordando tam-
bém a comparação entre o tijolo convencional e o ecológico.
O método desta pesquisa é uma abordagem de revisão bibliográfica, com os principais pontos do tema.
O corpo da pesquisa foi dividido em três partes. O trabalho iniciou-se primeiramente com a revisão bi-
bliográfica sobre os conceitos e critérios relacionados aos tipos de tijolos. A segunda parte trata-se do estudo
mais aprofundado tratando das vantagens e desvantagens. A terceira e última parte tratará da análise e compa-
ração dos resultados, podendo finalmente definir qual a melhor solução.

2.2 Instrumentos e procedimentos da coleta de dados

Ao se pensar no levantamento de dados nos deparamos com a necessidade de selecionar instrumentos a


serem usados, esta pesquisa utilizou fontes bibliográficas, e normas brasileiras para se basear em conceitos e
critérios. Foram analisados os estudos dos impactos ambientais causados pelo tijolo convencional e juntamen-
te o tijolo ecológico, para um estudo mais aprofundado a cerca do tema, para assim ter-se uma noção do quão
vantajoso e benéfico seria a solução, e também analisando os contras.

2.3 Análises dos dados

Tendo em mãos as analises de ambos os materiais, fez-se necessária a comparação entre as propostas
para, por fim chegar-se a melhor escolha. Então, foi feito um estudo pensando no custo benefício, na redução
do impacto ambiental e na facilidade da execução.

CONCLUSÃO

De acordo com o estudo da utilização proposta do tijolo solo-cimento, analisamos que existem diversas
formas para a produção desse tipo de tijolo, quando ressaltamos o fator custo benefício da edificação vemos

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que as vantagens são superiores às desvantagens, além da maior praticidade na execução e da redução dos im-
pactos ambientais. Na própria etapa de fabricação atenta-se aos detalhes como o tipo de solo a ser utilizado,
para que sejam alcançados os termos de qualidade conforme o projeto solicitado. Todavia, deve ser feito um
estudo detalhado a fim de mitigar prejuízos em um extenso segmento na obra.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Relatório Brundtland - Nosso Futuro Comum (Our Common Future), publicado em 1987. Disponível em:
<http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/artigos/desenvolvimento_sustentavel.html>.Acesso em: 15
Maio 2017.

[2] IDHEA. Materiais ecológicos e tecnologias sustentáveis para arquitetura e construção civil. Junho, 2007.
Disponível em: <http://idheal.blogspot.com.br/>. Acesso em: 15 Maio 2017.

[3] FERREIRA, R. C.; SILVA, E. M.; FREIRE, W. J. Tijolos Prensados de solocimento em alvenaria aparente
auto-portante no “Conjunto Nossa Morada”, Goiânia-GO. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE EDIFICA-
ÇÕES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS, 3, 2003, São Carlos. Anais... São Paulo (s.n.), 2003.

[4] CIA DO BEM. Tijolo Ecológico é opção econômica para a construção civil – Casas Ecológicas e Susten-
táveis. Disponível em: http://ciaecologica.com/2011/09/22/tijolo-ecologico-eopcao-economica-para-a-cons-
trucao-civil-casasecologicas-e-sustentaveis/. Acesso em: 15 Maio 2017.

[5] ABNT. NBR 8491: tijolo maciço de solo-cimento: especificação. Rio de Janeiro, 1984.

[6] Ivan, U. L. SOUZA; Guilherme, F. G. SOUZA; Oswaldo F. BUENO. Alvenaria Sustentável Com Utiliza-
ção De Tijolos Ecológicos. 5ª Jornada Científica e Tecnológica e 2º Simpósio de Pós-Graduação do IFSUL-
DEMINAS, Inconfidentes/MG.

[7] LÊDO, SAMANTHA. O conceito de construção sustentável na construção civil. Junho, 2015. Disponível
em: <https://revistadasustentabilidade.wordpress.com/2015/06/30/o-conceito-de-construcao-sustentavel-den-
tro-da-engenharia-civil/>. Acesso em: 15 Maio2017.

[8] MOTTA, Jessica; MORAIS, Paola; ROCHA, Glayce; TAVARES, Joicimara; GONÇALVES, Gabrielle;
CHAGAS, Marcela; MAGESTE, Jalson; BARROSO, Taiza. Tijolo de solo-cimento: Análise das característi-
cas físicas e viabilidade econômica de técnicas construtivas sustentáveis. Maio, 2014. Disponível em: <http://
revistas.unibh.br/index.php/dcet/article/viewFile/1038/665>. Acesso em: 16 Maio 2017.

[9] UM MATERIAL DE CONSTRUÇÃO DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL: O TIJOLO DE SOLO-CIMEN-


TO Maria Augusta Justi Pisani Profª, Drª. da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbite-
riana Mackenzie, docente do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e do CEFET-SP.

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