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ISSN: 2525-8761
DOI:10.34117/bjdv8n8-333
RESUMO
Os tijolos de solo-cimento, mais conhecidos como tijolos ecológicos, representam uma
alternativa em plena sintonia com as diretrizes do desenvolvimento sustentável, pois
requerem baixo consumo de energia na extração da matéria-prima, dispensam o processo
de queima e reduzem a necessidade de transporte, uma vez que os tijolos são produzidos
com o solo do próprio local da obra. O objetivo foi avaliar o aproveitamento dos resíduos
da construção civil na confecção de tijolos ecológicos. Os tijolos foram fabricados
basicamente de uma mistura constituída de solo, cimento, diferentes porcentagens de
resíduo de construção. Os resultados obtidos foram comparados com as normas vigentes.
Apesar das dosagens dos tijolos produzidos não atingir os valores de resistência a
compressão exigidos pela NBR 10834(1994), a adição dos resíduos de construção civil
melhorou significativamente as características dos mesmos, tanto em questão de absorção
de água, pois somente a testemunha não obteve o índice esperado pela NBR 10834(1994),
quanto em perda de massa, todos atenderam a norma que é abaixo de 5%.
ABSTRACT
The soil-cement bricks, better known as ecological bricks represent an alternative fully in
line with the guidelines of sustainable development because they require low power
consumption in the extraction of raw materials, exempt the firing process and reduce the
need for transport once the bricks are produced with the floor of the work site itself. The
aim was to evaluate the use of construction waste in the production of ecological bricks.
The bricks were manufactured basically consists of a mixture of soil, cement, construction
residue different percentages. The results were compared with current standards.
Although the dosages of the bricks produced do not achieve the compression strength
values required by NBR 10834 (1994), the addition of building waste significantly
improved characteristics of the same, both in question of water absorption, since only the
witness received no the rate expected by NBR 10834 (1994), the mass loss, all met the
standard that is below 5%.
1 INTRODUÇÃO
Que a construção civil é o ramo que mais fornece empregabilidade, isso é
inegável, porém o que a maioria da população não sabe, é que na construção, a
quantidade de resíduos deixados é cerca de cinco vezes maior do que a quantidade de
produtos, fazendo com que este ramo se torne o centro das discussões. Para as empresas
que apostam em uma construção mais sustentável, pesquisas mostram que o custo
imediato é superior em 5% ao custo normal, porém a economia que se gera a longo prazo
pode chegar até 30%, além de ajudar a natureza (NETO, 2014).
O solo é o material mais utilizado na construção civil desde tempos mais
primórdios, pois ele apresenta um bom isolamento térmico e acústico, tem baixo custo e
é muito abundante. Estudos indicam que o primeiro registro de terra estabilizada, terra
misturada com cinzas e moldadas em adobe são de 4.500 a.C. e foram encontrados na
região de Tépé Gawa (PEREIRA et. al., 2010).
Esse contexto faz com que novos materiais, ou ainda, materiais de elevado
desempenho, e sistemas construtivos mais eficientes sejam os principais objetivos na
tentativa de estabelecer uma relação saudável entre baixo custo e qualidade de nossas
obras sem desprezar a cultura, a realidade de consumo e os limites da mão de obra.
Os tijolos de solo-cimento, atualmente, mais conhecidos como tijolos ecológicos,
de acordo com Grande (2003) representa uma alternativa em plena sintonia com as
diretrizes do desenvolvimento sustentável, pois requerem baixo consumo de energia na
extração da matéria-prima, dispensam o processo de queima, reduzindo assim a emissão
de gás carbônico para o meio ambiente, além de reduzir a necessidade de transporte,
uma vez que os tijolos podem ser produzidos com o solo do próprio local da obra.
O tijolo de solo-cimento segundo a NBR 8491/1994 é aquele que possui 85% do
seu volume de constituído por mistura homogênea de solo, cimento Portland, cal, água
e eventual aditivo em proporções que atendam a mesma. Segundo a Associação
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Para que as propriedades mecânicas pudessem ser avaliadas de forma completa,
selecionamos uma empresa da região central do estado de Goiás, onde a mesma recolhe
as caçambas estacionárias com resíduo da construção civil e transporta para seu pátio, na
zona Agroindustrial de Aparecida de Goiânia – GO.
Assim que o resíduo bruto é chegado no pátio, ele passa por uma “separação
bruta”; que nada mais é do que a retirada do material Classe B, C e D e após isso é
colocado no triturador, conforme Figura 01. Os materiais resultantes desse processo são
classificados em: i) brita 02; ii) brita 01; iii) brita 0; iv) areia grossa; e v) areia média.
Como se trata de tijolos de solo-cimento, utilizou-se o resíduo tipo v, que é a
classificação para areia média; então todo o resíduo de construção foi fornecido
gratuitamente pela empresa RENOVE.
Para a fabricação, a empresa TIJOLEKO com sede em Anápolis-GO,
disponibilizou seu espaço, prensa e alguns instrumentos necessários para confecção dos
mesmos.
4.3.8. A carga deve ser gradativamente elevada até ocorrer a ruptura do corpo
de prova. ABNT NBR 8492 (2012, p. 6-7).
M2 − M1
A= x 100
M1
Sendo:
M1= massa do tijolo seco em estufa;
M2= massa do tijolo saturado;
A= absorção de água, em porcentagem.
A NBR 8692 (2012) solicita somente estes dois ensaios, porém realizou-se mais
um ensaio pertinente à perda de massa por imersão. Tal ensaio foi realizado de acordo
com as diretrizes do ME 26 – IPT/BNH.
Os corpos de prova utilizados para o referido ensaio foram os mesmo utilizados
para o ensaio referente à absorção, tomando evidentemente os devidos cuidados, como:
os corpos de prova serem colocados na estufa (Figura 07), após os corpos de prova serem
retirados da estuda, foram imersos em água parada sem que nenhuma parte entrasse em
contato com as superfícies do recipiente, (excluso a parte inferior onde o bloco é apoiado)
Md x 100
Pi = x 100
M0
Sendo:
Md= massa desprendida do corpo-de-prova;
Mo= massa do corpo-de-prova após estufa;
Pi= perda de massa por imersão, em porcentagem
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Apresenta-se abaixo individualmente os resultados obtidos para cada um dos
ensaios realizados, sendo eles: análise à compressão; análise à perda de massa; e análise
à absorção de água.
Para se realizar a comparação, utiliza-se como referência, valores retirados da
ABNT NBR 8491:2012 Tijolos de solo-cimento – Requisitos, que são dados como:
Portanto, após a compilação dos dados obtidos nos ensaios, será possível verificar,
de acordo com as NBR’s 8491 e 8492 se os tijolos de solo cimento com aditivo do tipo
Resíduo da construção civil atende a estas normas, podendo ser comercializado e
utilizado em obras mais limpas e amigas do meio ambiente.
A NBR 8491 (2012) prescreve que a média dos valores de absorção de água deve
ser menor ou igual a 20%, e os valores individuais iguais ou menores que 22%, aos 28
dias.
Através da Tabela 03 percebe-se que apenas o tipo de bloco que não possui
qualquer porcentagem de resíduo (tipo x), não está de acordo com a Norma, mostrando
que, a inclusão do resíduo pode ser benéfica, reduzindo a porosidade do bloco e
automaticamente a absorção de água pelos tijolos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os tijolos de solo-cimento é uma alternativa para uma construção mais limpa, uma
vez que a maioria deles não necessita de cortes, pois possuem furos internos que
possibilitam a passagem dos conduítes e conduletes, ou até mesmo tubulações de água,
esgotamento sanitário e até mesmo águas pluviais.
Ademais ainda temos a questão da emissão de gás carbônico para o meio
ambiente, que no caso do tijolo de solo-cimento é zerada, uma vez que o bloco não é
direcionado à queima.
Em relação ao resíduo da construção civil, observou-se que as quantidades desse
aditivo incorporado ao solo não foram suficientes para alcançar a viabilidade técnica dos
tijolos de solo-cimento.
Como nenhuma Norma regulamenta sobre a quantidade de aditivo pode ser
colocada na mistura, optou-se por no máximo 50%, que é metade da massa total;
comparando com os resultados de compressão observa-se que, aumentando ainda mais o
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA J.R. de, AMARAL A.G. do, SCHNEIDER R.M., Incorporação de resíduo
sólido de tornearias mecânicas na fabricação de tijolos solo-cimento. Nativa, Sinop v.
02 n.01. jan/mar. 2014. P. 53-57.
SOUZA T.A.C., NUNES G.A., SOARES J.M., QUEIROZ M.T.A., Análise preliminar
da resistência à compressão de tijolos ecológicos fabricados no município de Ipaba.
Iberoameriacan Journal of Industrial Engineering, IJIE, 2011.