Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
Levando em consideração o atual cenário em relação à aplicação de materiais
sustentáveis e a grande parcela de contribuição da indústria da construção civil para
geração de resíduos sólidos é que se faz necessário cada vez mais pesquisas que
viabilizem novas formas de reutilizar esses insumos com a meta de minimizar a
produção de rejeitos para o meio ambiente aliado a uma melhoria de produtos já muito
conhecidos nos processos de construção, nesse caso em particular, o concreto. Assim
sendo, este trabalho visa analisar a viabilidade da utilização de resíduos de cerâmica
branca, os chamote, como substituinte parcial do agregado miúdo na confecção de
concretos de cimento Portland, resíduos esses que se originam geralmente após o
processo de queima e não atendem ao padrão para venda e utilização. A substituição do
chamote pela areia será realizada gradativamente em porcentagens de 12,5%, 25% e
50%, onde serão confeccionados corpos de prova com as porcentagens de chamote
supracitada e através dos ensaios de compressão serão obtidas as caraterísticas
mecânicas do concreto em cada índice de substituição. Para se atingir a granulometria
necessária para caracterizar os materiais como agregados miúdos de fragmentos
passantes na peneira com 4,75mm de abertura, a norma NBR 7211, Agregado para
concreto – Especificação foi também seguida. O método de abrasão Los Angeles, será
utilizado para trituração e cessado até atingir a granulometria necessária. Ao fim dessa
pesquisa foram obtidos resultados satisfatórios tanto no que diz respeito à melhoria do
concreto no estado fresco e endurecido quanto à reutilização efetiva de pelo menos parte
dos resíduos cerâmicos produzidos pela construção civil, reduzindo assim, os
desperdícios e os impactos causados por eles no meio ambiente.
______________________
¹ Artigo apresentado à Universidade Potiguar – Campus Mossoró, como parte dos requisitos
para obtenção do título de Graduação em Engenharia Civil.
² Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Potiguar – Campus Mossoró. E-mail:
raissat.rt@gmail.com, isaias_asilva2@hotmail.com e emanuela_suzy@hotmail.com.
³ Orientador: graduado em Engenharia Mecânica e Mestre em Engenharia e Ciência dos
Materiais. Email: Felipe.formiga@unp.br.
ADDING WASTE CERAMIC PARTIAL HOUSEHOLD KID SUBSTITUTE
FOR CEMENT CONCRETE MANUFACTURE PORTLAND
University Potiguar - UNP, School of Engineering - Civil Engineering
Mossoro / RN
ABSTRACT
Taking into account the current scenario in relation to the application of sustainable
materials and the great contribution of the construction industry to solid waste
generation, it is necessary that more and more research is needed to make possible new
ways of reusing these inputs with the goal of Minimizing the production of tailings to
the environment combined with an improvement of already well-known products in the
construction process, in this case concrete, in particular. Therefore, this work aims to
analyze the viability of the use of white ceramic waste, the chamote, as partial substitute
of the small aggregate in the manufacture of concretes of Portland cement, residues that
usually originate after the burning process and do not meet the standard For sale and
use. The replacement of the chamotte by the sand will be performed gradually in
percentages of 12.5%, 25% and 50%, where the samples will be made with the
percentages of chamotte mentioned above and through the compression tests will be
obtained the mechanical characteristics of the concrete in each Index of substitution. In
order to reach the granulometry required to characterize the materials as small
aggregates of fragments passing through the sieve with 4.75mm aperture, the NBR
7211, Concrete Aggregate - Specification was also followed. The Los Angeles abrasion
method will be used for grinding and ceasing to the required granulometry. At the end
of this research, satisfactory results were obtained both for the improvement of the
concrete in the fresh and hardened state and for the effective reuse of at least part of the
ceramic residues produced by the civil construction, thus reducing the wastes and the
impacts caused by them in the environment.
Key words: Ceramic waste, concrete and aggregate.
1. INTRODUÇÃO
3
A preocupação em dispor de forma adequada os resíduos no meio ambiente bem
com a reutilização de tais resíduos como matéria prima para produção de novos
materiais tem impulsionado o surgimento de varias pesquisas, inclusive dessa.
O Brasil hoje é um dos grandes polos mundiais do revestimento cerâmico.
Segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Cerâmica para Revestimento –
ANFACER, o país é o segundo maior consumidor mundial de revestimentos cerâmicos
e o segundo maior produtor. A quantidade de variedades de produtos só aumenta a cada
dia, são inúmeros os materiais cerâmicos produzidos atualmente.
A indústria da cerâmica se divide em dois grandes grupos: o grupo da Cerâmica
Vermelha que recebem esse nome devido a sua coloração avermelhada (tijolos, blocos,
telhas, elementos vazados, lajes, tubos cerâmicos e argilas expandidas), e o grupo da
Cerâmica Branca, compreendendo materiais constituídos por um corpo branco e em
geral recobertos por uma camada vítrea transparente e incolor e que eram assim
agrupados pela cor branca da massa, necessária por razões estéticas e/ou técnicas
(louças sanitárias, piso, porcelanato, cerâmicas decorativas, entre outros). Entre
algumas das vantagens dos materiais cerâmicos estão à alta resistência, durabilidade,
não propaga chamas e grande disponibilidade.
O Brasil, por ser um dos protagonistas com destaque no setor mundial de
produção de revestimento cerâmico, constituído por 93 empresas, ocupando a segunda
posição em produção e consumo que incide de forma positiva em produção de emprego,
preço acessível, grande disponibilidade de produtos, mas implica também em um
grande excedente de produção de resíduos, seja através da produção dos produtos ou da
sua má produção, ou do descarte final por parte das construtoras.
O objetivo principal desse trabalho é analisar a inserção de resíduos de
cerâmicas brancas, porcelanatos, no concreto de cimento Portland, em substituição
parcial do agregado miúdo, areia, em variadas concentrações, para obtenção de um
concreto admitido e que resista aos esforços solicitados através de analises em
laboratórios minimizando assim os impactos do meio ambiente causados por eles.
2. CONCRETO
4
Sendo um dos componentes do concreto, o cimento Portland é um produto
pulverulento formado basicamente por silicatos e aluminatos de cálcio. Segundo a
Associação Brasileira De Cimento Portland (SABC), o cimento Portland é um pó fino
com propriedades aglomerantes, responsável pela resistência mecânica. Na forma de
concreto, torna-se uma pedra artificial, que pode ganhar formas e volumes, de acordo
com as necessidades de cada obra.
O concreto tem como principal característica a alta resistência à compressão,
durabilidade. A resistência do concreto esta diretamente ligada a seus constituintes o
fator água/cimento e resistência do agregado e a durabilidade a uma serie de fatores que
vai da produção até o modo de uso.
2.1. AGREGADOS
Tabela 1 Conjunto de peneiras das séries normal e intermediária (abertura nominal) FONTE: NBR 7211.
5
Para avaliar a influência da substituição do agregado miúdo pelos resíduos
cerâmicos, foram realizados, ensaios de consistência e de resistência à compressão.
3. METODOLOGIA
6
A operação completa deve ser realizada sem interrupções e completar-se em um
intervalo de 150 s. Medir o abatimento do concreto, imediatamente após a retirada do
molde, determinando a diferença entre a altura do molde e a altura do eixo do corpo-de-
prova. Como demostra a figura a seguir:
Tabela 3. Número de camadas para moldagem dos corpos-de-prova. Fonte: NBR 5738.
7
tabela 1 da NBR 5738. Introduzir o concreto nas formas de forma simétrica e circular
garantindo a uniformidade na distribuição. Posteriormente faz-se o adensamento de
acordo com o slump.
8
Os ensaios foram realizados conforme as recomendações da NBR 5739/2007,
Concreto – Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos, no Laboratório de
Materiais de Construção da Universidade Potiguar Campus Mossoró em um prensa
hidráulica EMIC com capacidade de 2000 KN.
4. MATERIAIS
Para moldagem dos corpos-de-prova ensaiados nessa pesquisa foi utilizado cimento
MIZU CPV-ARI-RS, areia com granulometria máxima de 4,75mm, chamote de
porcelanato Elizabeth com placa de 62 x 62 cm, com diâmetro máximo igual a 4,75,
absorção de agua menor ou igual a 0,5%, conforme fabricante e modulo de finura de
2,45mm e brita granítica numero 2 (19 a 32 mm).
Segundo a empresa MIZU, O cimento CP V-ARI-RS é o um cimento de alta
resistência inicial Resistente a Sulfatos fabricado no Nordeste. Produzido com clinquer
de alta qualidade e tecnologia o que confere as argamassas e aos concretos um bom
desempenho normatizado pela NBR 573 (1991), NBR 5736 (1991) e NBR 5737 (1992).
Possui as seguintes características:
9
Utilizou-se como agregados a areia grossa e a pedra granítica nº 2 obtida nas baias
de materiais da Universidade Potiguar Campus Mossoró com características físicas
iguais ao traço de referência e o chamote. Assim como a água, que é considerada
potável atende aos padrões de uso para concretos, como define a NBR 5738 (2003).
Segundo Neville & Brooks (2013), a resistência do concreto pode ser prejudicada pelas
impurezas contidas na água, causando manchas na sua superfície e danos internos na
estrutura, deve-se ter precauções na escolha da água tanto para o amassamento como para
cura. Recomenda-se que água tenha PH entre 6,0 e 8,0, sem sabor de salobras.
O chamote pesquisado substituiu o agregado miúdo no concreto em três proporções
diferentes de 12,5%, 25% e 50%, sendo utilizado o mesmo traço para as três
proporções. Optou-se por não utilizar nenhum aditivo plastificante para evitar um
possível mascaramento dos resultados durante a execução de mistura.
Para produzir os ensaios e amostragem, foi selecionado um traço em padiola 1:2:3:0,60
(cimento, agregado miúdo, agregado graúdo, agua) com padiolas de areia de (35 x 45 x
19,6 cm) e de pedra de (35 x x45 x 17,8 cm) e o mesmo traço foi transformado em
massa, 1:1,84:2,35 com fator de agua cimento de a/c 0,60, sendo o mesmo para todas as
porcentagens.
A tabela a seguir demonstra o quantitativo de material utilizado para confecção
de cada traço com as variações de adições de material cerâmico moído. Sendo
executados três traços pra cada mistura.
10
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
𝑃𝑎𝑔𝑢𝑎
𝐴% = 𝑥100
𝑃𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 + 𝑃(𝑎𝑔𝑟𝑒𝑔. 𝑚𝑖𝑢𝑑𝑜 + 𝑎𝑔𝑟𝑒𝑔. 𝑔𝑟𝑎𝑢𝑑𝑜)
0,60
𝐴% = 𝑋100 → 𝐴% = 11,56%
1 + 4,19
11
referencia e o concreto com a adição do chamote nas proporções de 12,5%, 25% e 50%
e abatimentos respectivos de 160 mm, 160 mm e 30 mm.
120
100
80
60
40
20
0
traço de adição de 12,5% adição de 25% adição de 50%
referencia
12
A resistência à compressão é o tipo de resistência mais utilizada, mesmo a
resistência à tração por flexão ser comum em projetos de elementos de concreto
(HELENE, 2005 apud Viero, 2010).
Sendo essa resistência à capacidade de resistir aos esforços sem a ruptura,
analisou-se a ruptura do concreto nas idades de 7, 14 e 21 dias após a cura. Atingido o
tempo de cura, os corpos-de-prova foram rompidos para a determinação da resistência à
compressão axial.
A tabela a seguir contém os valores obtidos durante a prensagem dos corpos de
prova:
RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO
ADIÇÕES 7º DIA 14º DIA 21º DIA UNIDADE
Traço de Referência 30,6 35,68 36,4 Mpa
Adição de 12,5% 22,1 22,9 23,8 Mpa
Adição de 25% 23,6 25,5 28,4 Mpa
Adição de 50% 28,1 29,5 32,2 Mpa
Tabela 5. Variação da resistência à compressão em função da idade de cura e da adição de chamote nos
concretos investigados.
13
Como dito anteriormente, o traço de 25% e de 50% foram os que se mostraram
com o maior desenvolvimento e assim tiveram as menores perdas nas três idades
diferentes, tendo como o traço de 50% de substituição o de melhor desempenho quanto
o Fck aos 7, 14 e 21 dias, com diferença apenas de 8%, 17% e 12% de perda de
resistência do traço de referência consecutivamente.
No gráfico a seguir pode-se ver a representação em linhas essas variações:
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
40 35,68 36,4
35 32,2
RESISTêÊNCIA Mpa
30,6 29,5
30 28,1 28,4
25,5
23,6 22,9 23,8
25 22,1 Traço de Referência
20 Adição de 12,5%
15 Adição de 25%
10 Adição de 50%
5
0
7º DIA 14º DIA 21º DIA
Figura 5. Variação da resistência à compressão.
14
de tamanhos uniforme e sem finos, sendo esses grãos inseridos nos traços e facilitando
um rompimento mais rápido na hora da prensagem ocasionando a obtenção de baixa
resistência.
6. CONSIDERAÇOES FINAIS
15
7. REFERÊNCIAS
16
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS – ABNT. NBR 7217:1987:
Agregados – determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro: ABNT,
1997.
17