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UTILIZAÇÃO DO TIJOLO ECOLÓGICO EM CONSTRUÇÕES

RESIDENCIAIS

Douglas Vasconcelos de Souza


Valter Lima Junior
Edison Alves Portela
Paulo Roberto de Medeiros

RESUMO

O tijolo solo-cimento é um material adquirido por meio da mistura homogênea de


solo, cimento e água, em porções apropriadas e que, após compactação e cura
úmida, resulta em um produto com qualidade de durabilidade e resistência mecânica
definida. A principal aplicação do solo-cimento em habitação populares no meio
urbano é a construção de paredes monolíticas, porém, por compatibilidade, seu
emprego pode ser desenvolvido para construção de casas, depósitos, galpões,
aviários, armazéns, etc. O solo-cimento vem se destacando como tecnologia
alternativa por conceder o principal componente da mistura, o solo, em abundância
na natureza e em geral disponível no local da obra ou próxima a ela. Por esse
motivo, este trabalho tem por objetivo estudar o processo de obtenção e
caracterização do tijolo solo-cimento, nominado também de tijolo ecológico, usando
uma mistura de solo, areia, cimento e água. Foram definidos dois traços que se
deferem quanto ao uso da areia (feldspática e lavada), priorizando, ainda assim, a
proporção e a cura, que foram de essencial importância para que os mesmo tenham
resistência mecânica à compressão e absorção de água satisfatória, chegando a
valores até melhores que os atuais.

Palavras-chave: Solo-cimento, Tijolo ecológico, Paredes monolíticas.


1 INTRODUÇÃO

A construção em terra tem sido usada já há muitos anos por vários povos por
todo o mundo, sendo que muitas práticas diferentes foram desenvolvidas conforme a
localização geográfica e condições meteorológicas efetivo em cada local. Estima-se
que na atualidade cerca de 30% da população mundial vive em residências que
usam a terra como material de construção. Nos países desenvolvidos, com o
aparecimento do Betão armado e a modernização das práticas construtivas, durante
o século XX a construção com recurso da terra foi caindo em desuso, causando a
perda do conhecimento das técnicas.
Contraditando sua queda de escassez esse material construtivo ressurgiu
com vantagem renovada a partir da década de 80 do mesmo século. A construção
em terra mostra grandes proveitos em termo de proteção hidrotérmico e acústico.
Além disso, a sustentabilidade ambiental que lhe esta ligado é um processo seguro
que abunda em quantidade no próprio local de construção ou cercanias, evitando
desta forma custos energético relevantes com transportes e com preparação da
matéria prima.
Na atualidade é progressiva a remoção de matéria-prima da natureza
designada às construções. O material de construções é um dos grandes vilões que
favorece os problemas ambientais da modernidade. O tijolo convencional, além de
levar danos ao meio ambiente acaba também sendo um alto custo para uma
construção habitacional. A situação financeira da maioria dos Brasileiros é precária e
muitas vezes não é possível que os mesmo tenham uma moradia própria. Com
relação a esse problema foi criado o tijolo ecológico.
A produção de tijolos ecológicos de solo cimento pode ser avaliada uma das
melhores práticas e alternativas de reduzir os impactos ambientais na área da
construção civil. Economicamente viáveis, os benefícios da utilização vão desde a
fabricação do tijolo até a fase final da edificação. No método produtivo são usados
equipamentos e maquinários simples de pequeno porte e de baixo custo.
Com referência à mão de obra, a mesma não necessita de experiência previa,
proporcionando adquiri-la em pouco tempo de trabalho. Segundo (FERREIRA,
R,C.2003), a resistência à compressão (MPA) desse tipo de tijolo é superior à um
tijolo convencional, assim como a qualidade final, pois contém dimensões regulares
e faces planas e lisas, limitando também o consumo de argamassa para
assentamento, que é trocada por uma cola PVA. Com isso economiza-se ainda
mais, pois o mesmo é indicado para ser usado de forma aparente ou de acordo com
a criatividade do cliente pode ainda ser dado uma pintura com tinta acrílica para
cimentados ou uma fina camada de gesso. Os recursos naturais são finitos e o
aumento tem causado grandes conflitos contra a natureza.
O uso da tecnologia de tijolos ecológico vem aumentando e trabalhando de
forma favorável para a natureza gerando o menor impacto possível, pois utiliza como
principal matéria prima à terra crua e não para pelo procedimento de queima que
consome grandes quantidades de madeira e combustíveis, como é o caso dos tijolos
produzidos convencionais que lançam na atmosfera uma grande quantidade de
CO2.

1.1 OBJETIVO

O objetivo desse trabalho é fazer um estudo sobre as propriedades e


característica do tijolo ecológico visando custos, com ideia de produzir material que
seja barato, ecologicamente correto, de boa qualidade e com grande importância
para o crescimento da qualidade e rendimento dos serviços da construção civil.
Além da questão do material, a busca de novos resultados construtivos, o emprego
viável de novas ferramentas, a reciclagem de resíduos, o déficit habitacional, o
desenvolvimento sustentável e a eliminação de desperdício no canteiro de obras
através da racionalização de materiais e mão de obra são estímulos a serem
considerados por pesquisadores, engenheiros, arquitetos e a própria sociedade.
Essa conjuntura faz com que novos materiais, ou ainda matérias de elevado
desempenho e sistema construtivos, mas eficientes sejam os principais objetivos na
tentativa de determinar uma relação saudável entre baixo custo e qualidade das
obras sem ignorar a cultura, a realidade de consumo e os limites de mão-de-obra.
1.2 OBJETIVO GERAL

Esse trabalho tem como propósito analisar as características de blocos solo-


cimento resultante de três maneiras de produção distintas, visando caracterizar o
seu desempenho e custo para execução de alvenarias em casas populares.
Definidos formas de ensaios normalizados para ensaios aos blocos, tiveram de ser
adaptados das normas ou mesmo determinados de técnicas de ensaios fáceis de
executar, de forma a permitir o seu uso mais contínuo na construção de paredes de
alvenaria.

1.3 OBJETIVO ESPECÍFICO

Tem por objetivo específico, mostrar que os tijolos de solo-cimento por serem
um pouco mais caros que os tijolos convencionais, no custo final da obra o
consumidor pode economizar cerca de 30%, porque a tecnologia não procura
grandes investimentos em acabamento da construção.

1.4 DELIMITAÇÃO DO TEMA

Pode se concluir que materiais alternativos como solo-cimento são


promissores nos âmbitos econômico, social e funcional. Sua utilização pode
contribuir no sentido de baratear os custos envolvidos em pequenas construções,
possibilitando a inserção de tecnologias apropriadas e a obtenção de um produto
menos poluente que os convencionais, uma vez que sua produção não exige a
queima, consequentemente não lança resíduos no ar e também não provoca
desmatamento.

1.5 JUTIFICATIVA

O processo de globalização que vem se desenvolvendo desde o início do


século XX, causou alterações significativas em todos os mercados, incluindo o setor
da construção civil. Essas mudanças provocaram uma alteração no funcionamento
das relações comerciais, promovendo a necessidade de aumento da competitividade
das empresas. Uma das formas utilizadas para a diferenciação no mercado é a
inovação tecnológica, na qual as empresas desenvolvem ou se apoderam de novas
ideias que contribuam para a melhoria da produtividade e da qualidade dos
produtos.
Outros fatores que estimula o desenvolvimento tecnológico é a atual situação
ambiental. Com uma visão mundial cada vez mais voltada para a redução de todo os
tipos de poluição, a busca pela utilização de materiais e técnicas menos agressivas
ao ambiente se torna um dos quesitos a serem considerados durante a escolha
sobre quais tecnologias serão utilizadas pelas empresas.
Neste âmbito, a indústria da construção civil está buscando cada vez mais
alternativas que contribuam para construções mais limpas, rápidas e mais baratas.
A alvenaria de bloco terra comprimida (BTC) de encaixe apresenta-se como uma
das atuais opções para substituir as técnicas tradicionais de alvenaria,
principalmente a alvenaria de bloco cerâmico, que em geral, não apresenta
uniformidade de dimensões e utiliza uma quantidade considerável de recursos
naturais para a sua produção, e um grande índice de desperdício.
Apesar de já terem sido executadas construções utilizando a alvenaria de
BTC, e de algumas empresas (principalmente nas regiões sul e sudeste do país) já
utilizarem esta tecnologia há algum tempo, ainda se trata de uma tecnologia pouco
conhecida, em parte devido a fato das empresas que atuam na área de habitação
terem uma cultura conservadores e certa resistência para a absorção de novas
tecnologias, e também porque os consumidores tem uma tendência a confiar mais
nas técnicas tradicionais a apresentar certo receio com relação às inovações.

2. CONSTRUÇÃO COM TERRA

2.1 A TERRA COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO

Desde há milhares de anos que a terra é empregada como material


construtivo em várias civilizações e por todo o mundo. Muitas práticas diferentes
foram sendo desenvolvidas conforme a localização geográfica, as disponibilidades
de materiais, equipamentos e mão de obra, e as condições meteorológicas
existentes em cada localidade. Estima-se que na atualidade pelo menos um terço da
população mundial vive em casa que usam a terra como material de construção
(Minke, 2000). A terra é uma matéria-prima presente em grande afluência na
envolvente do local de construção que está disponível para ser usada como material
de construção. A sua utilização evita demandas energéticas elevadas de produção,
emissão de carbono e gastos com transporte significativo, pelo que a construção em
terra poderá ser prevista como ambientalmente sustentável. Por outro lado, as
construções com terra mostra ainda grandes benefícios no que diz respeito a
comodidade hidrotérmico e acústico.
Com impactos no interior das construções com terra verifica-se em geral
níveis de humidade relativa equilibrados e benéficos à saúde humana (o que se
deve à capacidade higroscópica da terra) relacionados a elevados níveis de
comodidade acústica (Faria et al., 2014). A construção em terra foi caindo em
desuso a partir do século XX, nos países mais desenvolvidos, com o surgimento de
técnicas e materiais mais modernos. Assim, o saber, que era passado entre
gerações, foi também acabando (Gomes et al., 2014). A construção em terra foi-se
sustentado nos países em desenvolvimento, em geral associado à ausência de
recursos econômicos e financeiros das populações (Gomes,2013). No entanto, com
o fim do século XX, com os problemas energéticos, ambientais, ecológicos e
econômicos que influenciaram os países desenvolvidos, houve uma progressiva
sensibilização para os benefícios competitivos da construção em terra em relação à
construção atual, pelo que surgiu uma nova atenção sobre a terra como material
construtivo e as técnicas utilizadas tradicionalmente (Gomes et al., 2014). Têm sido
detectados, a níveis nacional e internacional, vários problemas no desenvolvimento
da construção em terra, principalmente relacionadas à falta de mão-de-obra
qualificada, decorrência de desaparecimento das técnicas, falta de formação de
técnicos de construção em terra e ainda por esta tipo de construção aparece
relacionados a desconforto e a pessoa com baixos recursos econômicos para ter
uma habitação construída com materiais atuais (Gomes, 2013). Apura-se atualmente
uma progressão no sentido de entender os procedimentos construtivos, investigar as
propriedades dos materiais e os motivos que levam à sua degradação. Como estas
caracterização de blocos de terra para construção eco eficiente 4 estudos são
possíveis melhorar a construção nova e dar a melhor resposta ao nível de ações de
reabilitação e conservação das construções já existente (Gomes, 2013). Em
Portugal, as condições climáticas são propicias à construção em terra e muitas das
construções que constituem o património edificado Português são de terra. Contudo,
em Portugal a construção em terra tem progredido muito devagar, não existindo
ainda normalização para este tipo de construção. Apesar disso, com exposto
anteriormente, há verificação no sentido de conhecer técnicas e particularizar
materiais e já existem mesmo algumas construções atuais em terra, essencialmente
no Alentejo e Algarve (Torgal et al., 2009).

2.2 PRINCÍPIOS E ORIGENS

Desde a antiguidade que a terra é utilizada como material de construção


devido à sua afluência e fácil obtenção (Souza, 2006). Não é consensual a data de
início de construção em terra, existindo diversos autores que visam idades diferentes
para as primeiras construções. No mas, segundo (Torgal et al. 2009) admita-se que
a construção em terra tenha tido início com o inicio das primeiras sociedades
agrícolas numa época entra 12.000 a 7.000 a.C.. A construção em terra foi sempre a
técnica construtiva mais utilizada, verificando-se, no entanto que as técnicas, os
materiais e os conhecimentos utilizados foram sendo mudados em função do passar
do tempo e das diferentes sociedades (Gomes, 2013).
Existam ainda atualmente muitas construções com alguns milhares de anos,
construídas em lugares muito diferentes e usando técnicas distintas. São disso
exemplo: o Templo de Ramsés II, no Egito, feito em adobe há 3.200 anos; a Grande
Muralha da China, na China, cuja construção em taipa foi iniciada há cerca de 3.000
anos; a cidade de Shibam, no lémen, formada por edifícios com 5 a 11 pavimentos
com paredes exteriores em adobe.
Além de a cidade ter tido origem no século III, a maioria das construções
ainda preservadas e habitadas datam do século XVI. Além dos referidos exemplos
há que ter consciência que a terra é considerada um material construtivo universal e
que existem construções em terra dispersas por várias áreas do mundo (Torgal et
al., 2009). A figura 1 representa a organização da construção em terra a nível
mundial. A construção em terra começou na Península Ibérica por ação de povos
como Fenícios, os Cartagineses, os Romanos e os Muçulmanos. Em Portugal,
encontram-se ainda muitos exemplares de construção em terra, um pouco por todo
o território nacional, com diferentes praticas de construção, Essa pratica dispõe-se
por regiões, verificando-se a existência de construção. Essas técnicas distribuem-se
por regiões, verificando-se a existência de construção em taipa, sobre tudo abaixo
do Tejo e no Algarve; as construções em tabique verificam-se principalmente nas
Beiras (Alta e Baixa), Trás-os-Montes de Douro e Minho (Torgal et al.,2009).

Figura 1 – Construção com terra a nível mundial (extraído de Gomes, 2013)

2.3 REGULAMENTAÇÃO EXISTENTE

A construção em terra em Portugal tem sido uma realidade desde há


praticada há vários séculos, sendo o conhecimento transmitido de um geração para
geração posterior sem que exista qualquer padronização ou norma. Sendo assim
aos projetistas portugueses não fica outra possibilidade senão empregar as
alvenarias de terra apenas com utilidades de preenchimento, recorrendo a uma
estrutura presente de betão armado de forma a desempenhar os requisitos de
segurança às ações sísmicas. Porém, são vários países que possuem normatização
no âmbito da construção em terra. (Schroeder et al 2012) percebe pelo menos 33
documentos, entre normas e documentos normativos, relacionadas a 19 países e
regiões. (Cid et al. 2011) também aponta documentos normativos relacionados à
construção em terra.
“No Brasil foi criada normatização para a construção em terra, principalmente
a norma NBR 8491 (ABR, 1984) – “Tijolo de solo-cimento”, que aponta parâmetros
para a produção de tijolos maciços de solo-cimento definição da resistência à
compressão e da absorção d’água”. Na segunda norma aponta um ordem de ensaio
dos blocos de terra comprimida (BTC) à compressão e à absorção de água.
Na Alemanha as principais regras técnicas sobre a construção em terra (Earth
Building Code) datam de q944, tendo sido notáveis obsoletas em 1971. Foi nessa
importância publicado o documento normativo para a construção em terra “
Lehmbau Regeln”, que organiza ainda hoje um importante regulamento que serve de
suporte a vários outros países.
Em 2011 surgiram às versões draft de três normas DIN (DIN 18945 – Blocos
de terra: resultados, medias, demandas e métodos de ensaio; DIN 18946 –
Argamassa de assentamento de terra: resultados, medias, demandas e métodos de
ensaio; DIN 18947 – Reboco de terra: resultados, medidas, demandas e métodos de
ensaio) (Schroeder et al. 2012), que em 2013 passaram a definitivas.
A Austrália também foi um dos primeiros países, a par da Alemanha, e ter
normatização própria sobre a construção em terra. Em 1952 foi divulgado o “Bulletin
5” pela Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization (CSIRO).
Este registro exibiu pela primeira vez um teste da erosão acelerada empregando
água pulverizada. Este roteiro era usado, até a relativamente pouco tempo, para
projeto de construção e usa-se às técnicas de BTC, adobes e taipa. Contudo era
indispensável um registro mais completo e atual. Assim, no ano de 2002, foi
publicado o livro “Australian Earth building handbook” (2002), que veio renovar a
normatização neste país. Em Espanha, no ano de 1992, o Ministério dos
Transportes e Obras Públicas divulgou um registro de menção para o projeto e
construção de estrutura com terra, “Bases para el Diseno y Constricion com Tapial”,
sendo o fundamental foco deste registro a taipa. Mais atualmente foi publicada a
norma Espanhola UNE 41410 (2008), pelo AENOR (Asociaciôn Española de
Normalizaciõn y certificaciõn), com o título “Bloques de tierra comprimida para muros
y tabiques. Definiciones, especificaciones y métodos de ensayo”. Esta norma foi
específica apenas para BTC e é essencial para o seu aprendizado e
reconhecimento.
Nos Estados Unidos da América, somente o estado do Novo México tem
normatização para seleções de solos, seu teor de humidade, determina ainda
preceitos para as cofragens a usar e seus procedimentos de construção. Na Nova
Zelândia os regulamentos usados para a construção com terra são dos mais
completos existentes na atualidade ao nível global. Existem três regulamentos
diferentes, principalmente: - NZS 4297: 1998 – Engineering Design and Earth
Buildings – Aponta parâmetros de execução em termos de durabilidade, resistência,
retração, isolamento térmico e resistência ao fogo; -NZS 4298: 1998 – Materials and
Workmanship for Earth Buildings – Particulariza exigências em termos de materiais e
mão de obra; - NZS 4299:1998 – Earth Buildings not Requiring Soecific Design –
Cabível para edifícios com menos de 600m² (ou 300m² por piso) e determinar
soluções construtivas para as paredes, fundações, lintéis. Afinal, sem qualquer
ligação a um país, a RILEM trata-se de uma associação fundada em 1947 por
diretores de vários laboratórios mundiais. Na RILEM é exibido um procedimento
técnico referente à forma de ensaiar BTC à compressão, nomeando-se TC164 ebm:
1997 – “ Mécanique de la construcion em terre – Mode opératoire pour la realisasion
d’essais de résistance sur blocs de terre comprime”. Para selecionar todas as
normas numa tabela de resumo (Quadro 2.1 – Quadro resumo de regulamentação e
normalização da construção com terra (adequado e empregado ) a partir de Delgado
(2007).
Tabela 1 – Quadro-resumo de regulamentações e normalização com terra (adaptado e
atualizado) a partir de Delgado (2007)
Tabela 2 – Quadro- resumo de regulamentação e normalização da construção com terra (adaptado e
atualizado) a partir de Delgado (2007)
2.4 TÉCNICAS CONSTRUTIVAS

Figura 3 – Diagrama estabelecido pelo CRAT Terre das diferentes famílias de sistema de
construção antigas e modernas, que usam terra como matéria-prima (Fernandes, 2006)

Neste capitulo são apresentados com maior eixo as técnicas construtivas que
foram centro de estudo no presente trabalho experimental, embora existam mais
técnicas construtivas em terra. Na Figura 2.3 é exibido o diagrama definido pelo
CRATerre das diversas famílias de sistema de construção antigos e modernos, que
usam terra como matéria- prima.

2.5 BLOCOS DE TERRA COMPRIMIDA BTC

Esta pratica foi criada com o objetivo de aperfeiçoar as prestações do adobe,


conferindo aos blocos características iguais a pequenos blocos da taipa. Como se
diminui a volume de vazios do solo pelo meio de prensagem do solo, estes
teoricamente ficariam mais resistentes e duráveis do que o adobe. Esta prática
surgiu no século XVIII, embora de uma forma muito elementar, pelo Francês
Francois Cointeraux, mas foi no ano de 1952 que o Calambiano Raul Ramirez
elaborou a primeira prensa, a CINVA-RAM. Nos anos 70 e 80 surgiu uma nova
geração de máquinas, manuais e hidráulicas, no fundamento de avolumar a
produtividade da técnica.
Nesta pratica a consistência da terra utilizada é igual à da taipa e, em
conferência com o material para a produção de adobe, tem um teor de água bem
inferior. O privilégio deste material é que se pode fabricar com o solo do próprio
terreno que, dependendo do tipo do solo, poderá ser fundamental a estabilização.
Os BTC têm a vantagem de serem fáceis de produzir e apresentam dimensões
muito semelhantes entre eles, e diminuírem a absorção de água quando confrontado
com um adobe.

2.6. BLOCO DE TERRA CRUA (ADOBE)

É um método de construção mais conhecidos e usado em todo o mundo, em


que usa-se terra num estado plástico e se constituem blocos de alvenaria, que se
nomeiam por adobes. Em geral usa-se uma forma para simplificar o procedimento.
Estes blocos são secos ao ar e podem ser adicionadas fibras aos adobes de forma a
diminuir a sua fendilhação e retração. Esta pratica é usada em solos principalmente
argilosos.
Tabela 3 – Vantagens e desvantagens do adobe segundo Proterra (2011)

Pode perceber o uso deste tipo de prática tanto em construções antigas como
em construções atuais, sendo que em geral a argamassa de assentamento usada é
muito similar à pasta usada nos adobes. A norma peruana NTE E 080
(sencico,2000) sugere a seguinte composição granulométrica para o material dos
adobes: argila 10% a 20%, silte 15% a 25% e areia 55% a 70%.
2.7 BLOCOS DE TERRA COZIDA (TIJOLO MACIÇO)

Os blocos de terra, quando cozidos, e pelo efeito da temperatura, passam a


ter características de material cerâmico, sendo também apontado por tijolo maciço.
Os materiais cerâmicos são definidos como materiais inorgânicos, não metálicos,
com estruturas quase amorfas e que resultam da sinterização, a altas temperaturas,
de misturas granulares maciças (Bogas, 2013; Boch e Nièpce (2007) mencionado
por Bogas, 2013). Estes materiais resultam basicamente da cozedura de materiais
solicitados com três elementos base: a argila, a sílica e o feldspato.
A argila confere ao material antes da cozedura propriedades plásticas,
proporcionando moldar a forma pretendida; a sílica é o elemento não disforme dos
materiais cerâmicos e o feldspato consente a perda da temperatura de fusão dos
materiais (Bogas, 2013). Este tipo de materiais mostra em geral características
como: alta dureza, desempenho frágil, resistência à flexão 5 a 10 vezes menor à
resistência à compressão, menor tenacidade e ductilidade química e grande
resistência mecânica e elevadas temperaturas (Bogas, 2013). A resistência
mecânica dos materiais cerâmicos é influenciada por vários motivos, entre os quais
a composição química, a microestrutura as circunstancias de superfície e a
temperatura de cozedura (Bogas, 2013). Durante o processo de cozimento do
material cerâmico ocorrem vários fenômenos em função dos intervalos de
temperatura a que são sujeitados.
Tais fenômenos são apresentados na Tabela 4. Para ter conhecimento das
diferenças que as temperaturas de cozimento causam nos materiais cerâmicos, no
Telheiro das Encostas do Castelo (TEC) foi feito uma exibição de diversos matérias
cerâmicos expostos ao cozimento a variadas temperaturas e exibidos os produtos
decorrentes. Na Figura 2.1 são apresentados exemplos de tijolos, tijoleira, azulejo,
entre outros materiais crus e cozidos a variadas temperaturas.
Tabela 4 – Fenômeno ocorridos durante a cozedura de argilas (adaptado de Bogas,
2013).
Figura 4 – Amostras de matérias-primas cozidas a várias temperaturas

Na formação é possível apurar uma alteração cromática do material com a


ação da temperatura. Também é possível apuar que até à temperatura de 1000°C, o
material mantém a sua forma, contudo aos 1200°C, na maioria dos materiais, estes
deformam-se por completo, perdendo a suas propriedades.

2.8 MATERIAIS

2.8.1. Solo

A terra, também chamada em algumas situações por solo, é formada de


matéria mineral e matéria orgânica, abrangendo também espaços vazios, nominado
poros, que são preenchidos por ar ou água. A matéria orgânica é originada de
organismos vivos ou em decomposição, sejam eles de origem animal ou vegetal.
A matéria mineral é oriunda da desidratação de rochas, em fenômenos
designados por intemperismo e decorrente da ação de agentes físicos, químicos e
biológicos. A formação da matéria mineral provém da proporção e natureza dos
minerais que compõem. (Gomes, 2013).
É visto, pela maioria dos autores, a ideia de que nem todos os tipos de solo
são postos na construção. As camadas superficiais do solo consistem por grande
porção de matéria orgânica não devem ser empregada, uma vez que estes materiais
absorvem muita água e são muito compressíveis (Gomes, 2013).
A matéria mineral é firmada por partículas minerais de diversos tamanhos:
seixos, areias, siltes e argilas. O desempenho dos materiais poderá variar ou não
em função dos teores de humidade a que estão expostos e é essa uma das
fundamentais características que os diferencia. Assim, também o solo mostra
maneiras variadas em função da porção de material arenoso, silte e argila que
formam e da quantidade de água que presente no solo (Gomes, 2013).
Os seixos e as areias são elementos sem eficiência de coesão, quando
secos, pelo que para serem usados como matéria prima na construção é
fundamental a inclusão de ligantes. Os siltes são materiais da qual a eficiência de
coesão varia em função do teor de humidade, mostrando boa coesão quando
húmidos. Logo as argilas mostram comportamentos muito variáveis em função do
teor de humidade, sendo consideradas instáveis. Ainda assim, apesentam
plasticidade e coesão na presença de água o que as torna um surpreendente
ligante. Dessa maneira, quando o solo tem pequena porção de argilas na sua
formação, estas servem de ligante, assegurando a coesão do solo. Em
contrapartida, solos com grande porção de argila são muito instáveis e impróprios
para construção, devido a grande capacidade de absorção da água, o que leva à
mudança do seu volume (Gomes, 2013).

2.8.2 Especificação de solos para construção

Dado que a reação do solo varia em função da porção dos seus componentes
é primordial resultar à sua caracterização. Para esse fim são feitos ensaios
laboratoriais que destinam-se a estudar a granulometria das partículas (análise
granulométrica), definem os limites de consistência, definir o teor de água óptimo
para o qual se ganha a máxima compacidade do solo (ensaio do Proctor), entre
outros.
O grupo CRAterre classificou os solos segundo vários critérios, referidos por
Doat et al(1979). Tais classificações serão apresentadas de seguida no presente
trabalho. A classificação segundo a massa volumétrica seca dos solos
posteriormente a compactação (obtida no ensaio de Proctor), representada na
Tabela 5, separam-se em quatro intervalos de valores que correspondem a classes
entre medíocre e excepcional.
Tabela 5 – Massa volumétrica seca após compactação (Doat et al 1979)

Massa volumétrica seca (Kg/m³) Classificação

1650-1760 Medíocre

17600-2100 Muito Satisfatório

2100-2200 Excelente

2200-2400 Excepcional

No que se refere aos limites de consistência foram definidos pelo CRAterre


valores recomendados e valores máximos e mínimos que os solos empregado em
construção devem cumpri. Tais valores são apresentados na Tabela 6.
A plasticidade dos solos é também conhecida entre fraca a forte em função de
três intervalos de índice de plasticidade, representado na Tabela 7.
Tabela 6 – Limites de consistência para solos usados na construção (Doat et
al, 1979)

Valores recomendados Valores máximo e mínimo

Índice de plasticidade 7-18 7-29

Limite de liquidez 30-35 25-50

Limite de plasticidade 12-22 10-25


Limite de retração <Teor de água óptimo 8-18

Tabela 7 – Classificação da plasticidade de um solo (TORGAL et al, 2009)

IP Plasticidade

5-10 Fraca

10-20 Média

>20 Forte

O padrão de trabalhos das argilas (AC) resulta do quociente entre o padrão


de plasticidade e o teor de argilas. Quanto maior for este parâmetro, maior será a
superfície própria da argila e logo maior a sua expansibilidade e deformabilidade. A
especificação segundo grau de atividade das argilas percebe as argilas em quadro
classes desde pouco reativas a muito reativas e é apresentada na Tabela 8.
Tabela 8 – Índice de atividade das argilas (Doat et al. 1979)
Ac Classificação da Argila

0,75 Pouco reativa

0.75-1,25 Normalmente Reativa

1,25-2,0 Ativa

>20 Muito Ativa

Para classificar os solos em classes o seu diâmetro, o LNEC definiu os


intervalos que apresentam na Tabela 9.
Tabela 9 – Classificação do solo segundo o seu diâmetro

Tipo do material Fração

Seixo 60 a 2mm

Arei 2 a 0.06mm

Silte 0.06 a 0.002mm


Argila <0.002mm

2.8.3 Estabilização do solo

Nem todos os solos são apropriados à construção em terra, ou por outro lado,
poderão ser apropriados a colocar numa determinada pratica construtiva, mas não
aplicável à outra. Dessa maneira, com vista a melhorar as características dos solos,
estes poderão ser consolidado (Gomes, 2013). A consolidação pode ser mecânica,
física ou química e equivale na alteração das características do solo de forma a
torna-los aptos à função num determinado tipo de técnica construtiva (Torgal et al.,
2014).
A consolidação mecânica baseia- se na compactação do solo de forma a
originar um rearranjo das partículas e reduzir os vazios.
A consolidação física baseia-se através da adição de fibras no solo, tais como
cânhamo, casca de arroz, palha, entre outro, ou pela correção da composição
granulométrica do solo. Por precisão da granulometria, pode-se dizes, que quando o
solo é muito argiloso e plástico, pode ser adicionado material arenoso. O adverso
também é valido.
A consolidação química baseia-se na adição de ligantes (cimento ou cais) ou
aditivos aos solos.
No capito seguinte são apresentadas as reações que acontece na
consolidação química com cal e com cimento.

2.8.4 Ligantes e estabilizantes

A cal era, até o surgimento do cimento, o ligante mais comumente usado.


Quando o cimento apareceu no mercado, este passou a ser o ligante mais usado em
todas as situações havendo as cais caídas em desuso. Apesar disso, estes dois
materiais têm qualidades bastante diferentes e a opção de um desde tipos de ligante
deve ser fundamentado e em função da aplicação que se pretende.
Os mencionados ligantes pertencem ao grupo dos ligantes hidrófilos que se
separam em aéreos e hidráulicos, A cal aérea pertencia, como a específica
designação indica, aos grupos ligantes aéreos, Imediatamente o cimento e a cal
hidráulica pertencem ao grupo dos ligantes hidráulicos.
Independentemente das variadas características, qualquer um dos ligantes
mencionado é produzido pelo cozimento de calcários que, em função da sua pureza,
farão variar os teores de carbonato de cálcio (CACO3) e de argila o que leva às
variadas propriedades dos materiais. Percebe-se que, quando o maior o teor de
argilas presentes no ligante, mais hidráulico este será (Fontes, 2013).
Os calcários são rochas que se encontram em grande quantidade na
natureza. Apesar disso este em geral está agregado a argila. O calcário para ser
classificado puro deverá ter cerca de 100% de carbono de cálcio na sua
composição. Quando abrange algum teor de argilas, é caracterizado por calcário
margoso. No caso em que o teor de argilas é maior ao teor de carbonato de cálcio
então se tem marga calcária (Continho, 1988). Em função da matéria- prima cozida
obtém-se ligantes com variadas propriedades. Além da sua aplicação para produção
de argamassa, as cais e os cimentos, poderão ser usados em misturas com solos,
atuando como estabilizantes químicos no sentido de melhoras as suas
características, podendo ajudar a aprimorar, por exemplo, a sua resistência física, a
sua resistência ao gasto, e limitando a capilaridade do material entre outras.

2.8.5 Cimento Portland

O cimento Portland é um ligante hidráulico que resulta a calcinação de


margas calcárias a temperaturas entre 1300 a 1500°C (Faria, 2012). A marga
calcária contém carbonato de cálcio e argilas, sendo estas formadas por silicatos de
alumínio e ferro. Na produção de cimento artificial, poderão ainda ser adicionados
outros compostos que envolvem sílica, alumina ou óxido de ferro (Gomes, 2013).
Antes da calcinação, as matérias-primas são fragmentadas e condensadas a
pó. Com a influência da temperatura tende-se o clinquer, o principal constituinte do
cimento. O clinquer é formado por silicato bocalcico [(CaO)2SIo2- C2S- belite)],
silicato tricálcico [(CaO)3SiO2 -C3S - alite], aluminato tricálcico [(CaO)3AI2O3 -C3A-
celite] e ferro- aluminado tetracálcico [(CaO) 4AI2O3Fe2O3 - C4AF - brownmilerite]
(Faria - Rodrigues, 2004).
Para integrar a produção do cimento, o clinquer é seguidamente moído e
adicionado gesso, com a função de atrasar a presa. Poderão ainda ser usados
outros aditivos com variadas finalidades. Estes aditivos são, por exemplo: filer
calcário, escórias de alto forno, materiais pozolânicos naturais ou artificiais (Gomes,
2013).
O cimento é o ligante mais usado na composição de argamassas, uma vez
que a sua presa acontece por reação de adição de água, ocorrendo mesmo quando
as argamassas estão imersas, e as argamassas adquirem resistências mecânicas
consideráveis logo a partir das primeiras horas de cura. As resistências mecânicas
das argamassas de cimento são normalmente elevadas, o que as torna
potencialmente discordantes com materiais inferiores.
Na atualidade ainda é comum verifica-se o uso de argamassas cimentícias
para revestimento de construção em terra. Apesar disso, além destas argamassas
serem mais resistentes à erosão, também são mais rígidas que o suporte e menos
poroso ao vapor de água. Assim a emprego de argamassas com base em cimento
sobre suportes construídos em terra, conduz a uma aceleração da sua degradação.
Encontram-se mesmo casos registrados deste fenômeno, apurado, por exemplo, na
Escócia e mesmo em Portugal (Gomes, 2013).
A estabilização química de um solo com recurso a cimento poderá suceder
por dois mecanismos variados, em função do teor de cimento que é adicionado ao
solo. Quando são aplicados teores mais elevados de ligante, acorre uma elevação
da resistência mecânica do solo devido à ação aglutinante do cimento, gerando
núcleos ligados distribuídos pela massa de solo.
Quando são utilizados menores teores de cimento, ocorre uma alteração da
fração argilosa do solo, levando à diminuição da sua plasticidade e provavelmente
ao aumento da sua resistência mecânica. Assim sendo, o cimento forma núcleos
isolado na massa de solo (Torgal et al., 2013).
2.8.6 Cal aérea cálcica

A cal é considerada aérea quando o teor de carbonaro de cálcio na sua


estruturação superior a 95%. Desse modo acontece quando a sua produção é feita
pelo cozimento de calcários considerados puros.
A calcinação da rocha calcária, a uma temperatura entre os 800 e os 900°C,
resulta na produção de óxido de cálcio (CaO), conhecido por cal viva, e na soltura de
dióxido de carbono. A cal viva é um material muito reativo e desequilibrado pelo que
tem de ser abolido por hidratação. A reação do óxido de cálcio com a água resulta
em hidróxido de cálcio [Ca(OH)2], publicamente denominado por cal apagada ou
abolida (Faria - Rodrigues, 2004).
A presa de uma argamassa com base em cal aérea ocorre apenas através de
uma reação de carbonatação de cálcio, a matéria-prima. Dessa maneira, o processo
de endurecimento de uma argamassa de cal aérea está limitado a influência do ar,
não havendo quando a argamassa está imersa e sendo muito extenso em
ambientes de elevadas humidades relativa (Fonte, 2013).
Quando a cal é usada como estabilizante ocorrem três tipos de reação:
permuta iónica e floculação, reação pozolânica e carbonatação. A permuta iónica e a
floculação ocorrem logo após a adição de cal ao solo e promovem a diminuição da
plasticidade do solo, ficando friável. Assim a argila perde plasticidade, coesão e
expansibilidade, mas a sua trabalhabilidade se expande.
A reação pozolânica é uma ação lenta e que acontece em condições
climáticas quentes. Esta reação possibilita a formação de silicato hidratado de cálcio
e/ou aluminato de cálcio, ao longo da reação da cal, a sílica e a alumina presentes
na argila. Os materiais dissolvidos na reação combinam-se com iões de cálcio,
resultantes da floculação, e constituem em produtos cimentícias que relacionam as
partículas argilosas.
A reação de carbonatação resulta da reação entre a cal e o dióxido de
carbono. Desse modo a reação apresenta-se à alteração química dos minerais
argilosos, formando carbonato de cálcio. Esta reação é contraria à produção de cal,
pelo que deve ser impedida, uma vez que seguidamente afeta a reação pozolânica e
o obtenção de determinadas resistências mecânicas.
As propriedades da cal influenciam bastante a mistura solo-cal, pelo que é
primordial identificar as propriedades físicas- químicas da cal.
A estabilização com cal destina-se especialmente a solos com fração fina
muito plástica e expansível (Torgal et al., 2009).

2.8.7 Cais com propriedades hidráulicas

A cal hidráulica mostra propriedades intermédias entre a cal aérea e o


cimento. Por um lado a sua hidraulicidade possibilita que a presa das argamassas
com base neste ligante aconteça em ambientes de alta humidade relativa e até
quando imersa. Esta característica atua para a resistência da argamassa nas
primeiras horas de presa, ao contrário do verificado no caso de argamassa com
base e cal aérea. Por outro lado, as argamassas formuladas com esta cal
apresentam resistências mecânicas muito inferiores às das argamassas formuladas
com cimento, tornando- as substancialmente mais adaptáveis com alvenarias
antigas (Fontes, 2013).
A cal hidráulica natural é formada pela calcinação de calcários margosos com
percentagens de argila entre 5% a 20%. Previamente, a temperatura para a
calcinação era na lógica dos 900 a 1200°C (Sequeira et al,. 2007). Apesar disso
atualmente em Portugal a cal hidráulica natural é formada a temperaturas inferiores
a 900°C, temperaturas muito próximas das produção de cal aérea. Neste ponto, e
comparativamente ao consumo de energia para produção de cimento, considera-se
que as cais hidráulicas naturais, bem como as cais aéreas, são bastante
sustentáveis (Faria, 2012).
As argilas são compostas principalmente por sílica (SiO2) e alumina (AI2O3).
Com o cozimento da rocha calcária, obtém-se óxido de cálcio (CaO) e ainda silicato
bicálcico (SiO2.2CaO- belite) e aluminato tricálcico (Al2O3.3CaO - celite), composto
que conferem hidraulicidade à cal (Fontes, 2013; Sequeira et al., 2007).
Neste caso é indispensável seguir à extinção da cal viva (óxido de cálcio),
devido à mudança deste produto. Com a hidratação da cal viva gera-se a
denominada cal apagada (hidróxido cálcio). O endurecimento da cal hidráulica
sucede inicialmente por hidratação da belite e da celite e, seguidamente, por
carbonatação do hidróxido de cálcio, havendo-se assim a fase hidráulica e a fase
aérea (Sequeira et al, 2007).
Com o acesso em vigor da nova norma NP EN 459:2011 (IPQ 2011),
resultado das modificações na norma europeia EN 459:2010 (CEN, 2010), a
produção de cais hidráulicas naturais transformou-se mais rigorosa e controlada. De
acordo com a norma, par uma cal hidráulica ser considerada natural, não pode
conter qualquer teor de adição. Dessa maneira, as cais hidráulicas passaram a ser
classificadas como cais hidráulicas (HL) cais formuladas (FL) ou cais hidráulicas
naturais (NHL).
As cais hidráulicas (HL) e as cais formuladas (FL) incluem adições tais como
gesso, filleres ou clinquer do cimento Portland. A produção destas cais sucede a
temperaturas superiores às temperaturas de produção da cal hidráulica natural, pelo
que se tornam menos sustentáveis (Faria et al., 2012).

3. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

De acordo com Coelho e Chaves (1998), o lixo proveniente de entulhos da


construção civil, mesmo que não seja o mais inoportuno, sob a perspectiva da
toxidade, surpreende pelo seu volume crescente e requer medidas imediatas. Além
de ser a atividade econômica que mais usa-se recursos naturais, é também a maior
geradora de resíduos urbanos. A reciclagem de resíduos pela indústria da
construção civil vem se estabilizando como uma prática importante para a
sustentabilidade, seja reduzindo o impacto ambiental gerado pelo setor, seja
limitando os custos (JOHN,2000).
Pinto (1999) determina que a necessidade de preservação ambiental e a
tendência de escassez dos recursos naturais fazem com que a construção civil
passe a atrair novos conceitos, buscando soluções técnicas que visem à
sustentabilidade de suas atividades. Assim, a utilização dos resíduos de construção
e demolição destaca-se como possível alternativa, na medida em que busca
valorizar os materiais descartados nas obras de engenharia, atribuindo-lhes a
condição de material nobre. Ressalta-se que o aproveitamento dos resíduos na
própria construção, em determinadas situações, pode até mesmo trazer vantagens
técnicas e redução de custos, como é o caso do uso dos resíduos de concreto na
confecção de tijolos prensados de solo-cimento.
O crescimento da economia e a população têm causado aumentos relevantes
na utilização dos recursos naturais. No Japão, em 1995, o consumo estimado
desses materiais foi de 2,6 bilhões de toneladas, cerca de 18,7 ton/hab/ano
(KASSAI, 1998). No mundo, o consumo de materiais entre 1970 e 1995 passou de
5,7 bilhões de toneladas para 9,5 bilhões, cerca de 1,6 ton/hab/ano (MATOS &
WAGNER 1999).
A produção dessas matérias precisa de uma retirada muito maior de matéria
prima, me função das perdas e resíduos gerados. JOHN (200) cita estudo realizado
por ADRIAANSE et. al. (1977), que estimam que países industrializados como Japão
e Alemanha consomem entre 45 e 85 toneladas-hab/ano de matérias primas
naturais, não incluindo a água e o ar.
A conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável- Rio 92 – realizado no Rio de Janeiro, em junho de 1992, em que 170
países membros da ONU estiveram representados, resultou em um acordo entre os
países presentes de colocar em prática um amplo programa para o desenvolvimento
sustentável no planeta, envolvendo governos, agências de desenvolvimento, órgãos
das Nações Unidas e outras entidades.
De acordo com OLIVEIRA & ASSIS (2001), cinco anos depois, a prática da
Agencia 21 foi avaliada em outro evento da ONU, em Nova York, e ficou conhecida
como Conferência Rio+5.
Em documento apresentado pelo Brasil, que trata das ações executadas nas
esferas municipais, estaduais e federal, desde 1992, há o reconhecimento de que as
melhorias no planejamento e gestão dos recursos naturais no país foram escassas.

3.1 RESÍDUO E PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE


O conceito de se misturar resíduos de construção na fabricação de tijolos
ecológicos surgiu em função da possibilidade de se aprimorar as suas
características mecânicas, uma vez que as características físicas dos resíduos de
argamassa e concreto assimilarem às dos pedregulhos e isto é bastante positivo.
Outro fato importante, diz respeito a simples disposição dos resíduos em
aterros sanitários, que vêm se tornando em alguns casos inviáveis.

Na figura 5, mostra-se o local utilizado para lançamento de entulhos em Ilha Solteira- SP.

Figura 5 – Vista do local de lançamento de entulho em Ilha Solteira.

A degradação de áreas urbanas, o assoreamento de rios e córregos, além do


entupimento de bueiros e galerias têm como decorrência inevitável, em momentos
de chuva, a formação de enchentes em vias marginais.
Na atualidade, relativamente ao processo produtivo, os resíduos são gerados
seja para bens de consumo duráveis (edifícios, pontes e estradas) ou não- duráveis
(embalagens descartáveis), que geralmente utilizam matérias-primas não –
renováveis de origem natural. Esse modelo não aponta problemas até há pouco
tempo, em razão da quantidade de recursos naturais e menor quantidade de
pessoas integradas à sociedade de consumo (JOHN, 1999 e ÂNGULO et al, 2001).
Desde a década de 80, o amplo acumulo de resíduos se tornou em um sério
problema urbano, com gestão oprimente, causado pela forte industrialização,
surgimento de novas tecnologias e crescimento populacional. O problema se
caracteriza por ausência de área de disposição de resíduos causadas pela
ocupação e valorização de áreas urbanas, problema de saneamento público e
contaminação ambiental (JOHN, 2000).
JHON (2000) ainda declara que a questão ambiental no Brasil é tratada como
sendo um problema de preservação da natureza, principalmente florestas e animais
em extinção, disposição em aterros adequadamente controlados e controle da
poluição do ar, com o Estado exercendo o papel de polícia.
A atual lei federal de crimes ambientais (n° 9.605,13 Fev 1998) remete um
Estado ainda mais voltado à punição das infrações a legislação ambiental vigente do
que em articular os diferentes agentes sociais na redução do impacto ambiental das
atividades mesmo que legais, do desenvolvimento econômico.
Um contraponto a esta ação principalmente policial foi a iniciativa do Governo
do Estado de São Paulo, através da CETESB, de implantação de 17 Câmaras
Ambientais Setoriais, inclusive da Construção Civil.

3.2 GERAÇÃO DE ENTULHOS DE CONSTRUÇÃO

Na atualidade, a situação confusa dos RCD – (Resíduos da Construção e


Demolição) em aterros ou em bota- foras vem contendo maior inquietação em
relação ao meio ambiente e a qualidade de vida nas cidades.
Nessa circunstancia, o desperdício na construção civil vem sendo combatido
com a qualificação da mão-de-obra, maios controle na aplicação dos materiais e
projetos executivos melhor detalhados.
Essa baixa melhoria, ainda assim, não torna decisiva a geração de entulho
(ALTHERMAN, 2002). Atualmente o desperdício situa-se na casa dos 8%, variando
muito de obra a obra (TÉCHNE, 2001).
Na (Tabela) 10 são exibidos números relacionados à geração de entulhos em
algumas cidades brasileiras.

Tabela 10 – Geração de entulho em alguns municípios. (PINTO ,1999)


Em Ilha Solteira, estima-se em 2.500 m3/mês o volume de RCD – (Resíduos
da Construção e Demolição) gerados na cidade, aproximadamente 1,2 m 3/hab/ano.
Ilha Solteira possui aproximadamente 25.000 habitantes. Nas capitais brasileiras o
quadro de geração de entulho também é semelhante. Na (Tabela 11) são
apresentados os valores.
Tabela 11 – Limites de consistência e retração linear.

Tabela 12 – Composição granulométrica.

Tabela 13 – Umidade ótima e massa específica máxima


4. IMPORTANCIA A RESPEITO DO BLOCO DE TERRA CRUA

Pode-se falar que os tijolos presados de terra crua é uma forma “recente” de
utilização da terra como material de construção. Isto porque a terra, material milenar,
só passou a ser usado na maneira comprimida por equipamentos da década de 50,
quando o pesquisador Colombiano, G. Ramires, teve a concepção de elaborar uma
prensa manual para a fabricação de tijolos. Esta tornou-se mundialmente popular
como prensa CINVA-RAM (Figura 5), sendo o principal nome do organismo da
habitação popular do Chile no qual Ramires atuava.

Figura 6 – Prensa Manual

No Brasil a Associação Brasileira de Cimento Portland efetuou diversos


trabalhos com o que se tornou solo-cimento. Foi também criada uma prensa para
produção de tijolos de solo-cimento (Figura 6) com suporte do Banco Nacional de
Habitação. Apesar disso nesse procedimento, o equipamento, moldando três tijolos
juntamente, não consegue dar uma pressão dois apropriado à terra.
Dessa maneira se alcançar resistência satisfatória, utiliza-se taxas de
cimento de 8,10,12 e até mesmo 15%. Tais teores de ligante passam a pesar
incrivelmente nos custos do material.
De mais a mais, os tijolos de dimensões inferiores, consumem muita
argamassa na ligação e não pode dar uma grande estabilidade e rigidez aos muros.
Quanto a isso prefere-se, em vez de tijolo se solo comento, chamar tijolos prensados
de terra crua estabilizados com cimento ou tijolos de concreto de terra, considerando
que a pressão de compactação empregada ao material nos moldes de prensas
manuais chega a 2Mpa. A (Figura 7) mostra uma outra prensa, com mais tecnologia,
surpreendente funcionamento.

Figura 7 – Prensa manual que produz três tijolos ao mesmo tempo: pouca pressão de
compactação
Figura 8 - Prensa GEO 50, surpreendente funcionamento.

Estudo desenvolvido sobre o tema inicia na França, no início dos anos 80.
Inúmeras publicação divulgação sobre o tema foram originadas da Ecole Nationale
de Travaux Publics de I’Etat (ENTPE) [6-13], com a qual a Universidade Federal da
Paraíba conserva cooperação.
No momento atual um professor desta última situa-se na instituição francesa
fazendo doutorado no tema de construção em terra crua. Desde fins da década de
oitenta que o material terra crua tem sido estudado na Universidade Federal da
Paraíba [14-23], que também trabalha em cooperação com o Politecnico di Torinom
no assunto [24-26].
Resumidamente, pode-se dizer que, com relação à qualidade dos tijolos
prensados, ela consiste de:
- Tipo de terra

- Umidade de moldagem

- Tipo de prensa

- Tipo de percentagem de estabilizante

- cura

Tipo de prensa

O tipo de prensa é considerável, pois, quanto maior a compactação exigida


ao solo, o produto final vai ser excelente. No mercado existem já diversos tipos. Os
autores têm trabalhado com um equipamento que tem a utilidade de aplicar ao bloco
uma dupla compressão. Um processo de molas engenhosamente colocado para isto
torna o tijolo mais compacto e durável.
O modo de operação da prensa está apontado na (Figura 9). Geralmente
essas prensas manuais comprimem o solo com pressão de ordem 2Mpa.
No mercado já existem também prensas hidráulicas que colocam pressões
muito maiores, tendo um resultado de um produto muito resistente e durável (Figura
10). O inapropriado é que se tratam de equipamentos pesados e de alto custo.
Figura 9 – Operação de prensa manual GEO -50

Figura 10- Aumento de resistência com a pressão de compactação


5. PRÁTICAS CONSTRUTICAVAS PARA PEQUENAS RESIDÊNCIAS

Com esse perfil de tijolo e o apropriado controle de qualidade, é viável


executar construções de até três pavimentos com bloco havendo função estrutural.
Apesar disso, vai-se apresentar o caso de pequenas residências populares. A
localização da edificação deve ser feita como habitualmente, tendo o projeto já
conhecido dimensões para os ambientes que condizem a números inteiros ou
inteiros mais metade de tijolo. No método construtivo aderindo à fundação é
constituída de pedras. Nas paredes internas, caso não tenha pedra suficiente, pode-
se fazer uma vala de 30 cm de largura e profundidade de acordo com o solo da
localidade e preencher a vala com a mesma mistura de terra-cimento com a qual
foram produzidos os tijolos, compactando-a firmemente. As pedras da fundação
devem serem colocadas com argamassa de cimento, em edificações maiores.
Todavia, para construção de residências menores, pode-se recusar a
argamassa, buscando-se preencher o vazio das pedras com terra e ou areia. Um
camada de concreto por em cima das pedras, de 20 cm de largura e 8 cm de
espessura e um ferro de 6.3mm faz a amarração pela parte superior das pedras. A
face superior dessa cinta deve-se estar no nível do piso (Figura 11). Logo depois,
por sobre esta cinta, corre-se uma primeira camada de concreto. Deve-se observar a
posição das portas, onde esta camada é bloqueada. Ela deve ser de 5 a 7 cm de
espessura e de 20 cm de largura nas paredes internas, que ultrapassam a 17 cm
nas paredes externas.
O propósito é deixar um rodapé com 2 ou 3 cm sacando do plano da parede,
de maneira a preserva o influencia de choques de água quando da lavagem nos
ambientes. Um fez feita essa camada, convém verificar suas dimensões, colocando-
se sobre ela os tijolos sem nenhum ligante. Geralmente acontecem pequenas
desigualdades que podem ser corrigidas. Logo depois a primeira fiada de tijolos é
assentada com argamassa de cimento-areia, respeitando a linha de referência.
Sobre cada tijolo coloca-se o nível nas duas dimensões, corrigindo-se os prováveis
desníveis com as pancadas sobre o pedaço de madeira que se apoia no tijolo. Os
ressaltos dos tijolos de encaixe deixam pequenos movimentos para as correções de
nível, horizontalmente e verticalmente. O assentamento das demais camadas é feito
com a própria terra finamente peneirada misturada com cerca de 10% de cimento e
muita água, de forma a conceder uma argamassa bem fluida. Defasam-nas juntas
de forma que um tijolo aporta outros dois. O monitoramento do nível deve persistir
ao longo de todo o procedimento. A linearidade das paredes é verificada pela linha
que corre lado a lado e elas e a verticalidade por régua de nível. Nas extremidades
passa-se o esquadro em casa tijolo assentado.

Figura 11 - Reunindo fundação, parede e contamentos.

No topo da parede, que condiz á altura das portas e janelas, passa-se uma
cinta de concreto (Figura 12), Para casas populares, com unicamente um ferro de
6.3 mm. Esta passa por onde há parede, amarrando toda edificação. Os ressaltos
acima do tijolo mostram uma excelente acomodação com a cinta e com a parede.
Figura 12- Casa popular com tijolo de solo-cimento

A respeito das portas e janelas, para simplificar, pode-se usar elementos pré-
fabricados, reforçados com aço ou mesmo com materiais vegetais como o bambu ou
outro produto da localidade. Respeitando-se devido comprimento de ancoragem,
alcança-se uma boa ligação com o restante das cintas. Acima da cinta vem o
madeiramento e cobertura. Caso se queira um maior pé direito acima da cinta
precisam-se posicionar mais fiadas sobre a mesma. Lembra-se que o assentamento
do tijolo no concreto seja feito com argamassa cimento-areia. Preferências estão
sendo ensaiadas no sentido de baratear o telhado com telhas à base de cimento a
serem fabricadas também pelos devidos moradores. Está-se buscando desenvolver
coberturas reforçadas com fibras de sisal. No telhado, é recomendado deixar um
considerável beiral, de pelo menos 50 cm de forma a resguardar a parede da ação
das chuvas. Um acabamento final das paredes é feito preenchendo-se os pequenos
vazios que podem surgir entre as fiadas com uma massa de terra peneirada
misturada com cimento e água. Executando-se a uma limpeza correta, nenhum
revestimento é preciso. A aparência final dos muros tem um resultado muito
agradável, sendo a pintura uma opção do morador. Para ficar mais econômica a
construção, até mesmo os arcos de porta são fabricados em argamassa. Em todas
as etapas a assistência de um técnico é precisa.
5.1 EXEMPLO DE UTILIZAÇÃO

Essa prática construtiva foi empregada com êxito em uma favela no Estado
da Paraiba (Figura 13) e foram executadas mais de 40 casas de terra, além de um
centro comunitário e uma creche. Apesar das péssimas condições de vida, encontra-
se nesse meio pobríssimas pessoas que conseguem aprender bem a engenharia.
Produzir os tijolos, quase todos aprendem, todavia levantar a alvenaria com
excelência já não são todos capazes.

Figura 13 – Aplicação dos tijolos de concreto de terra em casas populares


5.2 VANTAGENS NO USO DO TIJOLO ECOLÓGICO E PRATICAS PARA
CONSTRUÇÃO

5.2.1 Produtos verdadeiramente ecológicos

Empregamos na sua produção um material farto no meio ambiente que é o


solo comum, formado de areia e minerais argilosos.
Não causa poluição ao meio ambiente, pois não geram resíduos. No seu
procedimento de cura, ou endurecimento, não utilizamos queima de árvores ou
fornos em nenhuma fase de formação, confrontando a queima imposta na produção
dos tijolos cerâmicos popular.
O procedimento de cura a frio restringe barbaramente o impacto ambiental e a
emissão de gases de efeito estufa quanto aos tijolos cerâmicos, aos quais vale
enfatizar exigem a queima de cinco árvores para a produção de 1000 unidades.

5.2.2 Obras limpa e Organizada

O método modular construtivo é muito mais fácil e organizado, todo o


processo de elevação de alvenaria pode ser estudado antes da obra e gerenciado
pelo construtor, deixando a obra mais ágil e eficiente, aprimorando a limpeza e
diminuindo gerações de resíduos.
O assentamento dos tijolos é feito de forma simplificada e ágil. A porção de
material usada é mínima, propenso a uma redução de 80% em cimento e
argamassa em paralelo com obras convencionais.
Figura 13 – Aplicação da massa de assentamento.

5.2.3 Muito mais em conta

O sistema modular foi elaborado para simplificar a sua construção e seus


elementos são milimetricamente necessários e de fato iguais, deixando o auto
travamento. A submeter-se a sua opção de acabamento podendo chegar a uma
economia de 50% com relação ao custo de uma alvenaria convencional.

5.2.4 Resistência certificada em laboratório

O tijolo ecológico chega a ser até seis vezes resistente que o tijolo cerâmico
(1Mpa), e por Norma Técnica Brasileira, é necessário possuir no mínimo o dobro
da resistência (2Mpa).
5.2.5 Características especiais de construção

Os furos verticais abrangem funções de utilidades importantes na


construção. A regularidade entre os furos dos blocos permitem o posicionamento de
dutos de ar na parte interna da parede que possuem particularidades muito
especiais.

5.2.6 Isolamento térmico

A primeira utilidade relacionada aos furos é o isolamento térmico devido ao


arraste natural do calor durante o fluxo de ar de dentro dos furos.

5.2.7 Isolamentos acústicos

Os furos aprumados ainda proporcionam um ótimo isolamento acústico,


limitando os ruídos externos. O ar presente entre os blocos neutraliza ou elimina a
energia sonora, diminuindo a passagem de ruídos para dentro da casa.

5.2.8 Excelente acabamento

Os tijolos ecológicos são milimetricamente precisos e suas superfícies são


correspondentes, não tendo as alterações vistas nos tijolos cerâmicos.
A matéria prima concede ao tijolo uma face bonita e desobriga o acabamento
podendo ficar como tijolo aparente sendo fundamental apenas impermeabilizante
nas paredes externas.
Não é preciso reboco para deixar as paredes lisas. A massa corrida ou gesso
podem ser sobrepostos exatamente sobre os tijolos dando-se argamassa colante
direto em sua superfície.
5.2.9 Maior segurança e garantia da Estrutura

Os pilares e vigas são integralmente encaixados por entre os furos


aprumados dos blocos e nos canais lineares e nivelados dos tijolos Canaleta, que
deixa uma excelente distribuição de cargas (peso).
Nesse sistema construtivo conta com a vantagem de embutir as colunas nas
paredes, apresentado na (Figura 14) seguir. É importante que as primeiras fiadas
sejam bem niveladas para uma boa precisão das paredes, se necessário podem ser
assentadas com massa convencional.

Figura 14- Amarração da Alvenaria


A cada 50cm de parede erguida, a interligação das colunas pelos grampos, é a
garantia de maior estabilidade na obra.

Figura 15- Grampos


Depois dos grampos em seus devidos lugares, é só encher de concreto para
cada furo que foi reservado para a coluna. O concreto deve ter a proporção de: 1
cimento, 2 areia 1 de pedrisco, sendo assim o tijolo deverá ser todo molhado para
não aparecer futuras trincas.

Figura – 16 Colocação do concreto

Deve se encher de concreto as colunas de meio metro evitando possíveis


bolsas de ar que comprometem a estrutura da obra.

5.2.10 Ajuda as instalações elétricas e hidráulicas

Toda a tubulação é embutida em seus furos desobrigando o quebra-quebra


de paredes. A montagem deve ser obviamente feita na elevação da alvenaria,
devido melhor eficiência na construção. Caso seja precisa alguma manutenção nas
tubulações não necessita quebrar paredes, o tijolo ecológico pode ser quebrado
apenas no local da manutenção após trocado por outro de forma simplificada é fácil,
deixando a sua parede com a mesma aparência de antes, mesmo em caso de
paredes de tijolos aparente. Para as instalações elétricas pode-se optar uso ou furos
nos módulos ao invés de conduítes e caixas para tomadas e interruptores.
Figura 17- Instalações Elétricas

Em instalações hidráulicas

Figura 18 – Instalações Hidráulicas

5.2.11 Menos utilização do cimento

Pode-se diminuir em até 4x (80%) o consumo de cimento na elevação de alvenaria.


Cada graute de concreto (pilarete) em paredes de 2,7m de altura, usa apenas 20
litros de concreto. As cintas de amarração posicionadas na horizontal utilizam
apenas 3 litros de concreto por metro linear de parede. Basta a utilização de um
filete de cola ou de cimento para o sistema construtivo modular assentar o tijolo.
Para aplicar a cola branca use a própria bisnaga que já vem com o bico dosador. A
utilização do filete de cimento é a mais utilizada devido ao baixo custo.

Figura – 19 Cola para Assentamento

A simplicidade de usar o aplicador agiliza ainda mais o processo na


construção. A função da massa no assentamento dos tijolos é também corrigir
eventuais irregularidades. Nota-se que o tijolo modular possui um sistema de
encaixe que auxilia a orientação no assentamento dos tijolos.

Figura 20 – Tijolo Modular


5.2.12 Menor consumo de madeira

No caso da madeira a retenção pode atingir até 90% na elevação da


alvenaria. O sistema não necessita do uso das caixarias para pilares, vergas e
contra vergas, pois todo o concreto é colocado nos furos dos tijolos.

5.2.13 Redução da utilização de Ferragens

O uso de ferragens pode chagar até 50%, pois não há utilização de pilares,
vergas e contra vergas de concreto.
Nas portas e janelas, recomenda-se a distribuição de colunas ao longo da
construção, facilitando a distribuição dos pilares seguindo a ordem da figura abaixo.

Figura 21 – Distribuição de Colunas

Figura 21 – Posição dos arranques


5.2.14 Construção mais ágil

A exatidão e o formato do tijolo ecológico propiciam o alinhamento e o prumo da


alvenaria, já que os mesmos são produzidos em prensas e possuem garantia de
exatidão em escala milimétrica. O tijolos são geometricamente iguais e auto
encaixáveis, são prismáticos e com superfícies paralelas, proporcionando um
acessível prumo.

A pratica de elevar a alvenaria é muito simples e a massa de assentamento é posta


em filetes para colagem dos blocos.

O tempo da construção é reduzido em média em até 30% associando a alvenaria


convencional, reduzindo seu custo com mão-de-obra.

5.2.15 Redução de umidade

Os furos verticais possuem uma terceira propriedade física significativa que é a


redução de umidade pois a água, quando consegue atingir na parede solo-cimento,
não encontra barreiras que propicia o seu acumulo e sofre evaporação a arraste por
dentro da própria parede, impossibilitando a formação de mofo e limo.

5.2.16 Ecologicamente inteligente

Havendo toda a economia em cimento, ferro, redução de perdas e especialmente


mão de obra, pode-se atingir uma economia de 30% a 50% no custo total da obra.

A residência será mais ecológica e construída com um modelo elegante superior,


com um ambiente interno mais saldável, e construída de maneira inteligente, ágil e
econômica.
6. AVALIAÇÃO DE CUSTO E UTILIDADE DOS ELEMENTOS CONSTRUTIVOS
EM ALVENARIA COM BLOCOS SOLO-CIMENTO

6.1 ALVENARIAS COM BLOCOS DE TERRA (SOLO-CIMENTO)

As proporções de insumos e mão de obra fundamental às fases de estrutura


e vedação para a construção com bloco de solo-cimento estão apresentadas na
Tabela 14 e 15 a seguir. As proporções trata-se de 1m² de área construída.

Tabela 14: Alvenaria de tijolo de solo-cimento, dimensões 6,25x12,5 cm,


embutido, barra de aço 5/16” e grout, executada até 1,60 m de altura. (continua)

(conclusão)
Tabela 15: Alvenaria de tijolo solo-cimento, dimensões 6,25x12,5x25 cm
embutido, barra de aço 5/16” e grout, executada com andaime.

Tabela 16: Consumo e preços dos insumos alvenaria de tijolo solo-cimento,


dimensões 6,25x12,5x25 cm, embutido, barra de aço 5/16” e grout, executada com
andaime.
Tabela 17: Chapisco de parede interna ou externa de cimento e areia sem peneira
1:3. e= 5mm

Tabela 18: Emboço para parede externa com argamassa mista de cimento, cal
hidratada e areia sem peneira traço 1:2:6. e=20mm

O emboço para parede interna, incluso na Tabela 13, será apontado apenas
nas área úmidas da alvenaria estrutural com blocos de concreto e em todas as
paredes da alvenaria com blocos cerâmicos.
Tabela 19: Emboço para parede interna com argamassa mista de cimento.
Cal hidratada e areia sem peneira traço 1:2:6. e= 20mm

Tabela 20: Gesso aplicado em parede ou teto interno – desempenado


As tabelas 21 e 22, a seguir, apontam à fase de pintura, que estão contidas
no sistema construtivo.
Tabela 21: Pintura com tinta látex acrílica em parede externa, sem massa
corrida

Tabela 22: Pintura com tinta látex acrílica em parede externa, sem massa corrida.

Tabela 23: Pintura interna em Látex PVA.


A tabela 24 aponta o custo para cada fase, estrutura, vedação, revestimento
interno e externo da construção da casa padrão. Realizada com alvenaria com bloco
de solo-cimento. No pé da tabela é possível encontrar o custo total para sua
execução.
Tabela 24: Custo total para o sistema de alvenaria de solo-cimento
7. CONCLUSÃO

Neste trabalho foram apontadas diversas observações a respeito de tijolos


solo-cimento e apresentou-se em resumo no processo construtivo para habitação
popular com esse modelo de bloco. Pode-se afirma que esse modelo de tijolo
demostra capacidade a ser explorado na minimização do problema da habitação em
todo o mundo, mostrando uma possibilidade não poluente e de menos consumo
energético. As vantagens do tijolo solo-cimento não desde o fabrico até a seu uso,
além do que, os equipamentos usados são simples e de menor custo de
manutenção, reduzindo ainda os custos como transporte, energia, mão de obra e
impostos.
Além dessas vantagens, o tijolo solo-cimento satisfaz também o conceito
ecológico, pois não passa pelo processo de queima, no qual se usa grande parte de
madeiras ou de óleo combustível, como é o caso dos tijolos convencionais que são
fabricados em olarias. Sendo um material que “respira” (haja vista a porosidade).
Proporciona mudanças de temperaturas entre o interior e exterior da construção, o
que leva a um estimado conforto interno. Para pequenas construções, 4 a 5% de
cimento numa terra apropriada já conduzem a um produto eficiente a resistir à ação
da água e aos carregamentos de serviço com ampla folga, ficando economicamente
acessível. Com tijolos prensados estabilizados é praticável a construção de
edificações de três a quatro pavimentos, desta maneira é fundamental uma maior
percentagem de cimento e rigoroso controle no método de fabricação dos blocos.
A terra crua propicia gerar uma tecnologia adequada para os habitantes
excluídos do processo de desenvolvimento, sendo fundamental, porém a orientação
técnica regular, projetos de construção incluindo o próprio pessoal são de grande
importância para as populações pobres que teriam um trabalho e uma oportunidade
de mostra até para si próprio que são competentes e capazes de realizar algo
concreto e de qualidade, sendo provada a diferença de padrões das resistências
feitas com tijolos prensados em relação às casas de taipa.
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