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(2) Professora dos cursos de Arquitetura e Engenharia civil da Universidade Estácio de Sá – UNESA e
Unilasalle - RJ, Brasil.
E-mail: paulabrasil_arq@yahoo.com.br
Resumo:A busca constante por uma indústria construtiva mais sustentável reflete em diversas frentes
e resulta na adoção de condutas como a minimização do consumo de matérias-primas, otimização dos
recursos naturais e da utilização de novas e diversas tecnologias construtivas que possam reduzir os
impactos ambientais gerados na produção de edificações. Neste sentido, a presente pesquisa procurou
mostrar o emprego do EPS - Poliestireno Expandido na construção civil. Para tanto, realizou-se um
levantamento dos principais usos /aplicações do EPS no mundo. A partir do levantamento foram
sistematizadas as principais vantagens e entraves na produção de edificações de baixo impacto
ambiental. Como resultado, foi possível constatar a viabilidade e as possibilidades de uso do EPS
visando o baixo impacto no canteiro de obras e a qualidade do espaço construído.
Abstract: The constant quest as a Constructive Industry more Sustainable reflected in Several fronts
and results in the pipes Adoption how to minimize the consumption of raw materials, optimization of
natural resources and use of new and different Constructive Technologies that might collect the
environmental impacts in Building production. In this sense, the present study sought to show the EPS
(Expanded Polystyrene ) employment in Construction. To this end, we carried out a survey of the
main uses / EPS applications in the world. From the survey were systematized the main advantages
and barriers in the production of low environmental impact buildings. As a result, it determined the
feasibility and EPS of using possibilities aimed at low impact on the construction site and the quality
of the built environment.
1. INTRODUÇÃO
As atividades humanas impactam diretamente no meio ambiente. Estas atividades podem levar à
degradação, poluição e esgotamento das áreas que sofreram com a ação humana e a alteração do clima
do planeta. Uma das ações humanas que mais impactam no meio ambiente é a indústria da construção
e, por esse motivo, é uma das forças motriz para o atendimento de metas de desenvolvimento
sustentável. (SILVA, 2003)
A sustentabilidade na construção civil tem como um objetivo amenizar os impactos das edificações no
ambiente construído e seu entorno. A concepção espacial de uma edificação implica em desde o
processo do projeto, construção e gestão da obra, até os resultados futuros e seus respectivos impactos
gerados no ambiente.
Consideram-se assim a importância de uma análise criteriosa sobre os possíveis impactos que pode
gerar determinada construção e como gerar uma edificação mais sustentável.
Dentre os benefícios de uma construção sustentável está a otimização de custos da obra através do
reuso de materiais, como por exemplo, a redução e otimização do consumo de materiais e energia,
redução dos resíduos gerados gerando mais limpeza no campo de obra, preservação do ambiente
natural e na melhoria da qualidade do ambiente construído.
Nessa busca por melhorias na indústria construtiva e por uma arquitetura de baixo impacto ambiental,
frente aos desafios atuais, a incorporação de novas tecnologias construtivas, que diminuíssem os
gastos, gerassem menos resíduos, e obtivessem o mínimo de impacto no ambiente, se tornou
inevitável.
1.1 Justificativa
De acordo com Barbieri (1990), a inovação tecnológica corresponde a toda mudança numa dada
tecnologia. É pela inovação que se introduz efetivamente um novo produto ou processo ou se
aperfeiçoam os já existentes por intermédio das seguintes ações: criação de novo processo produtivo
ou alterações nos processos existentes; modificações no produto existente, ou a substituição de um
modelo por outro; introdução de novos produtos integrados verticalmente aos existentes; e a
introdução de um novo produto que exige novas tecnologias.
A busca por novas tecnologias no mercado da construção civil tem como cerne o alcance de
vantagens atrelado principalmente ao aumento da produtividade e a diminuição da mão-de-obra. Visa-
se também o atual mercado frente ao impacto que ela gera ao meio ambiente, tornando a preocupação
por uma maior qualidade ao ambiente construído que gere o menor impacto possível, inerente. A fim
de identificar novas possibilidades de materiais com baixo impacto ambiental no canteiro de obras, o
presente estudo deu ênfase ao EPS.
1.2 Objetivo
O desenvolvimento do presente artigo teve como principal objetivo explorar os aspectos gerais do
Poliestireno Expandido (EPS) dentro do contexto de sustentabilidade, e analisar suas possibilidades
dentro da construção civil, um dos maiores consumidores de recursos naturais, causando com isto um
grande impacto no meio ambiente.
EPS, sigla de Expanded PolyStyrene ou Poliestireno expandido, muito conhecido no Brasil como
ISOPOR®, marca registrada da Knauf Isopor Ltda. Este material foi descoberto em 1949 pelos
químicos Fritz Stastny e Karl Buchholz. O EPS é uma espuma sólida com uma combinação única de
características, como a leveza, propriedades de isolamento, durabilidade e uma excelente
processabilidade. É composto por plástico celular rígido, resultante da polimerização do estireno em
água. Como agente expansor para a transformação do EPS, emprega-se o pentano, um hidrocarbureto
que se deteriora rapidamente pela reação fotoquímica gerada pelos raios solares, sem comprometer o
meio ambiente. Sua matéria-prima é originada principalmente do petróleo e seu material é
extremamente leve, considerando que é composto de 98% de ar. Expandidas, as pérolas consistem em
ate 98% de ar e apenas 2% de poliestireno. Em 1m³ de EPS, por exemplo, existem de 3 a 6 bilhões de
células fechadas e cheias de ar. (ABRAPEX, 2000)
Percebendo assim suas características isolantes, leveza, resistência, facilidade de trabalhar em função
da flexibilidade para moldes e baixo custo em função das vantagens oferecidas, o EPS ganhou nos
últimos anos um destaque, ainda que inexpressivo, no mercado da construção civil.
De acordo com a Associação Europeia de EPS, a EUMEPS a indústria de EPS detém uma participação
no mercado de 35% do total do mercado de isolamento para a construção na Europa. EPS tem sido um
material isolante de bom desempenho e sustentável ao longo dos últimos 40 anos e reconhecido por
certificações ambientais.
Segundo Silva (2003), o BREEAM, sistema de certificação britânico desenvolvido pelo Building
Reserch Establishment (BRE), foi pioneiro e lançou as bases de todos os sistemas de avaliação
ambiental de edifícios orientados para o mercado que seriam posteriormente desenvolvidos em todo o
mundo, como por exemplo, o certificado LEED.
Uma avaliação BREEAM usa medidas de desempenho, que são definidas em relação aos parâmetros
estabelecidos para avaliar especificação projeto, construção e utilização de um edifício reconhecido.
As medidas utilizadas representam uma ampla gama de categorias e critérios. Eles incluem aspectos
relacionados á energia e uso da água, ao ambiente interno (saúde e bem-estar), poluição, transporte e
materiais, que é o caso da avaliação do EPS. (BREEAM)
A análise feita pelo Building Research Establishment, Reino Unido (2011), em que se estabelece uma
classificação ambiental dos materiais, de acordo com seu ciclo de vida, varia de D (mais baixa) até A+
(Mais alta). Dentre as classificações, o EPS obteve sua classificação ambiental na categoria
Isolamento térmico e acústico: A + (Tabela 01).
Tabela 01: Classificação do material EPS (Expanded Polyestyreno) pelo BREEAM
Fonte: http://www.warmafloor.co.uk
O EPS tem sido um material de escolha alternativo devido à sua versatilidade técnica, desempenho e
custo-eficácia. É amplamente utilizado em muitas aplicações cotidianas, onde suas características de
peso leve, resistência, durabilidade, isolamento térmico e absorção de choques económicos, fornecem
produtos de alto desempenho.
Ainda de acordo com a Comissão Setorial de EPS (2007), o material tem variações de usos dentro do
mercado da construção civil, desde sistemas construtivos como Wall System, que é um sistema
construtivo composto por estrutura metálica e painel sanduíche de lâminas em compósitos reforçados
com fibra de vidro e núcleo em EPS e gesso rígido, Geofoam, solução geotécnica para estabilização de
solos moles com blocos de EPS (Poliestireno Expandido), até sua utilização em Lajes, isolantes
térmicos, molduras e fôrmas.
Dentre as possibilidades no uso do EPS, observou-se que em todo o mundo, a mais utilizada ainda tem
sido a produção de painéis de vedação e divisórias. Isso ocorre em função das propriedades de
isolamento termo acústico que o mesmo oferece.
3. RESULTADOS OBTIDOS
3.1 Vantagens do EPS na produção de edificações com baixo impacto ambiental
Com objetivo de verificar as possibilidades do material e expandir o seu uso na produção de
edificações, o presente artigo sistematizou as principais propriedades do material e suas respectivas
vantagens na produção de edificações de baixo impacto ambiental (tabela 02).
Quando utilizado juntamente ao concreto, chamando assim de concreto leve, possui as seguintes
vantagens (tabela 03):
Redução significativa da densidade aparente do concreto;
Agilidade na movimentação de peças pré-fabricadas;
Reduzida absorção de umidade, implicando em maior durabilidade para o concreto.
Observa-se ainda uma certa resistência quanto ao uso do EPS nas edificações, devido ao
desconhecimento da economia que o material proporciona. Por ser um material relativamente novo no
mercado da contrução civil, normalmente há certas resistências em aderi-las e nas formas de
manuseio.
Em se tratando de painéis de EPS, este porém, apresentam algumas restrições de uso. O poliestireno
expandido quando exposto a temperaturas acima de 80ºC, começa a ter seu núcleo degradado. Em
caso de incêndio, tais valores são facilmente superados e, com o núcleo danificado, há perda de
estabilidade da edificação. Ressaltam que os materiais indicados para esses casos são os que têm
núcleos compostos por poliuretano (PUR) e poliisocianurato (PIR).
Nas construções feitas em EPS é recomendável blindagem dos sistemas elétricos para evitar qualquer
contato. “Instalação elétrica mal dimensionada no interior do painel pode provocar aquecimento da
fiação, gerando algumas chamas. Por isso, só é aconselhável a passagem das instalações elétricas por
dentro dos painéis se forem os produtos PUR ou PIR. É possível projetar os dutos para passarem na
parte interna dos painéis”. Afirma Ricardo Panhan, engenheiro diretor Comercial para América Latina
na Isoeste Construtivos Isotérmicos.
Em uma pesquisa realizada entre empresas que manuseiam o EPS na cidade de Chapecó/SC, pode
observar os seguintes dados quanto as desvantagens:
De acordo com Tessari (2006), no que tange às desvantagens, a baixa aderência do reboco ao EPS foi
apontada como predominante. Neste sentido, blocos especiais de EPS para enchimento de lajes
industrializadas foram desenvolvidos com o intuito de minimizar este aspecto da baixa aderência.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A necessidade de um modelo de desenvolvimento sustentável dentro da indústria da construção civil,
no que tange desde pequenas habitações à grandes edificios, que alinhe questões ambientais e gere
maior redução de impactos ambientais tem levado profissionais da construção civil a analisar os
processos de produção, técnicas construtivas e materiais.
Na busca pela produção de edificações com baixo impacto ambiental a presente pesquisa teve enfoque
na utilização do EPS, como um material alternativo que pode cumprir com tais necessidades.
A partir dos estudos foi possivel identificar as vantagens do EPS em diversas áreas da construção civil
no que tange ao processo produtivo, flexibilidade do material e sustentabilidade da edificação e
canteiro. Entretanto, foi possível constatar que a maior demanda do material ainda está relacionada
com as propriedades termo acústicas do material.
Entende-se também que apesar do baixo uso do material, ele vem ganhando destaque na Europa em
funçaõ da facilidade de moldagem, o que favorece a forma arquitetônica, e suas propriedades térmo
acústicas. Já no Brasil a sua utilização ainda é mínima e em função do conforto acústico fornecido
pelo material.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBIERI, J.C..Produção e Transferência de Tecnologia. 1 ed. São Paulo: Ática S.A, 1990.
SAADE, M. R. M.; SILVA, M.G; GOMES, V.; FRANCO, H.G.; SCHWAMBACK, D.; LAVADOR,
B. Proposition and preliminary analysis of a core set of indicators to describe materail eco-efficiency
of Brazilian buildings. In: Smart and Sustainable Built Environment, 2012, São Paulo.
Proceedings...São Paulo, 2012.
AGRADECIMENTOS
As autoras agradecem à UNESA pela bolsa de iniciação científica e auxílio à pesquisa.