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Responsável pelo Conteúdo:

Profa. Ms. Carla Caprara Parizi


 Introdução

 Construções Sustentáveis

 Sistema de Avaliação

 A Metodologia AQUA

 Canteiro Sustentável

 Água Sustentável

 Energia Sustentável

 Seleção de Materiais

 Consumo de Materiais

Compreender que melhorias no setor da Construção Civil são


necessárias, a fim de atender à demanda de sustentabilidade.
Compreender que a criação e adoção de sistemas de classificação do
desempenho ambiental e da sustentabilidade do Edifício são formas
de estabelecer parâmetros de orientação ao mercado em relação ao
desempenho do edifício.

Nesta terceira unidade, abordaremos os conceitos dos Recursos Humanos utilizados na


construção civil.
O material foi organizado em:
Leitura:
1) Esquema Gráfico
Relembrando a representação visual da organização da disciplina contemplando os conteúdos
e suas relações.
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2) Contextualização e problematização
Texto introdutório relembrando os conteúdos que serão abordados;
3) Apresentação Narrada
Apresentação que aborda os principais conceitos que serão retomados no texto teórico;
4) TextoTeórico
Texto base da disciplina, desenvolvido pelo tutor;

Atividades:
1) Atividade de sistematização, com autocorreção pelo Blackboard
Atividades tipo teste de múltipla escolha, baseadas nos conteúdos estudados no “Texto
teórico”, no livro sugerido, e leituras complementares
2) Atividade de Fórum de discussão
Atividade interativa, cujo objetivo é fazer com que vocês relatem experiências relativas as
estratégias utilizadas para qualificação da mão-de-obra na construção, bem como outras
discussões voltadas para os Recursos Humanos.

Como método de estudo, você deverá realizar as atividades de leitura, na sequência as


atividades de fixação dos conteúdos, e as atividades de interação.
Utilize os fóruns de discussão e a lista de e-mails para sanar as dúvidas.
Em um cenário de mudanças permanentes do mercado, a busca permanente por informações
atualizadas pode ter um impacto positivo no nível de competitividade da empresa.

A indústria da construção civil é o setor que causa mais impacto ao meio ambiente.
Todas as etapas da construção são relevantes no que diz respeito ao consumo de
recursos e geração de resíduos, embora algumas dessas etapas possam acusar apenas
prejuízos temporários, como vibrações e ruídos, é certo que a maioria causa prejuízos
definitivos.
Melhorias neste setor são necessárias, a fim de atender à demanda de
sustentabilidade.

A criação e adoção de sistemas de classificação do desempenho ambiental e da


sustentabilidade do Edifício são formas de estabelecer parâmetros de orientação ao
mercado em relação ao desempenho do edifício.

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A indústria da construção civil é o setor que causa mais impacto ao meio ambiente.
Todas as etapas da construção, são relevantes no que diz respeito ao consumo de
recursos e geração de resíduos, embora algumas dessas etapas possam acusar apenas
prejuízos temporários, como vibrações e ruídos, é certo que a maioria causa prejuízos
definitivos. Embora o objetivo da indústria da construção seja sempre prestar serviços
para o bem estar da população, não se pode deixar de avaliar os prejuízos causados ao
meio ambiente. É preciso encontrar um ponto de equilíbrio.

O texto a seguir tenta apresentar o tema, de forma simples, mostrando o problema


e algumas ações voltadas à Sustentabilidade.

Além dos impactos ambientais, a indústria da construção civil é capaz de causar


impactos econômicos e sociais, como apresentado na figura 1, onde mostra a participação dos
agentes da cadeia da construção civil na geração de empregos, ou como mostra o quadro 1
um percentual de acidentes obtidos por diversas causas, com valores significativos, ou ainda
como mostra a figura 2, em detalhes os tipos de lesões sofridas por trabalhadores na
construção Civil.

Figura 1 – Participação dos Agentes da cadeia produtiva da construção civil na geração de empregos.
Fonte: ABRAMAT (2008, APUD ARAÚJO, 2009)

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Quadro 1 – Distribuição de trabalhadores da construção civil acidentados, atendidos no hospital onde ocorreu o
estudo, no período de dois anos, em relação à causa.

Fonte: Silveira et al.(2005, APUD ARAÚJO, 2009)

Figura 2 – Tipos de lesões apresentadas por trabalhadores da construção civil nos anos de 1998 e 1999.
Fonte: Diesel et al. (s.d., ARAÚJO, 2009)

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Para se obter portanto, uma construção sustentável, é necessário atender a:

(BRE; CAR; ECLIPSE, 2002, APUD ARAÚJO, 2009):

• Sustentabilidade econômica: aumentando a lucratividade pelo uso mais eficiente


de recursos, incluindo mão-de-obra, materiais, água e energia;

• Sustentabilidade ambiental: prevenindo impactos perigosos e potencialmente


irreversíveis pelo uso cuidadoso de recursos naturais, pela minimização dos resíduos,
pela proteção e, quando possível, melhora do meio ambiente;

• Sustentabilidade social: respondendo às necessidades das pessoas envolvidas em


todo o processo construtivo (desde o planejamento até a demolição), provendo a
satisfação dos clientes e usuários, trabalhando em conjunto com clientes, fornecedores,
funcionários e comunidades locais.

Segundo Araújo (2009)

“A sustentabilidade, vista como o equilíbrio entre o socialmente desejável,


economicamente viável e ambientalmente sustentável hoje representa para
todos os tipos de negócios, não mais um diferencial, e sim um limitador para
uma empresa, alcançar destaque no mercado”.

Figura: 3 - Dimensões da Sustentabilidade


Fonte: Carneiro (2010)

Há algumas décadas atrás a decisão de viabilizar uma construção não estava


fundamentada em preocupações com as causas sociais e ambientais, e sim com o estudo e
análise econômico-financeira, hoje não se pode mais pensar em viabilizar projetos de
construções sem dar a devida importância as dimensões expostas na figura 3.
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È fundamental que se conheça as causas dos impactos, em quais atividades estes
ocorrem e com que intensidade, para intervenção se possível, minimizando suas
consequências. Conhecendo os impactos ambientais pode-se optar em onde agir em primeiro
lugar e quais são as prioridades, já que não se pode atuar sobre tudo, conciliar as três
dimensões, não é tarefa fácil, pois os recursos disponíveis são limitados. (CARDOSO E
ARAÚJO, 2007)

Segundo Cardoso e Araújo (2007)

“Priorizados os impactos que precisam ser reduzidos ou eliminados, pode-se definir as


tecnologias e as ações de natureza gerencial necessárias, estabelecendo os recursos
que precisam ser implementados – equipamentos a serem comprados, profissionais a
serem treinados ou contratados, ferramentas gerenciais a serem implementadas, etc. –
e os prazos e custo envolvidos.

A Câmara da Indústria da Construção (2008 apud Araújo, 2009) destaca alguns dos
princípios básicos da construção sustentável, são eles:

 Aproveitar as condições naturais locais;

 Utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural;

 Implantação e análise do entorno;

 Reduzir ou não provocar impactos no entorno – paisagem, temperaturas e


concentração de calor, sensação de bem-estar;

 Qualidade ambiental interna e externa;

 Gestão sustentável da implantação da obra;

 Adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários;

 Uso de matérias-primas que contribuam com a ecoeficiência do processo;

 Redução do consumo energético;

 Redução do consumo de água;

 Reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos;

 Introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável;

 Educação ambiental: conscientização dos envolvidos no processo.

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As principais preocupações envolvidas na construção sustentável de um empreendimento são
(CÂMARA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2008, APUD ARAÚJO, 2009):

 Sustentabilidade do canteiro de obras;

 Gestão de água e efluentes;

 Gestão de energia e emissões;

 Gestão de materiais e resíduos sólidos;

 Qualidade do ambiente interno;

 Qualidade dos serviços.

A Resolução nº 001/1986 do CONAMA - obriga que seja feita uma avaliação mais
completa quando os empreendimentos causarem grandes impactos ambientais, o Estudo de
Impactos Ambientais (EIA) e o seu relatório-resumo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).
São necessários o EIA/RIMA em projetos urbanísticos, que excedam a área de 100 ha ou
implantados em locais considerados de relevante interesse ambiental.

As informações relacionadas à dimensão ambiental encontram-se estruturadas segundo


quatro grandes temas, cada qual agrupando aspectos ambientais correlacionados às
atividades desenvolvidas nos canteiros de obras: infra-estrutura do canteiro de obras; recursos;
resíduos; e incômodos e poluições.

Segundo Cardoso e Araújo (2007), deve se conhecer as intensidades dos impactos e


suas consequências para os meios físico, biótico e antrópico, para então priorizá-los.

a) Meio físico – solo:

 alteração das propriedades físicas;

 contaminação química;

 indução de processos erosivos;

 esgotamento de reservas minerais.

b) Meio físico – ar:

 deterioração da qualidade do ar;

 poluição sonora.

c) Meio físico – água:

 alteração da qualidade águas superficiais;

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 aumento da quantidade de sólidos;

 alteração da qualidade das águas subterrâneas;

 alteração dos regimes de escoamento;

 escassez de água.

d) Meio biótico:

 interferências na fauna local;

 interferências na flora local;

 alteração da dinâmica dos ecossistemas locais;

 alteração da dinâmica do ecossistema global.

e) Meio antrópico – trabalhadores:

 alteração nas condições de saúde;

 alteração nas condições de segurança.

f) Meio antrópico – vizinhança:

 alteração da qualidade paisagística;

 alteração nas condições de saúde;

 incômodo para a comunidade;

 alteração no tráfego de vias locais;

 pressão sobre serviços urbanos (exceto drenagem);

 alteração nas condições de segurança;

 danos a bens edificados;

 interferência na drenagem urbana.

g) Meio antrópico – sociedade:

 escassez de energia elétrica;

 pressão sobre serviços urbanos (exceto drenagem);

 aumento do volume aterros de resíduos;

 interferência na drenagem urbana.

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O item “Resíduos” trata do atendimento às exigências da Resolução n0 307/2002 do
CONAMA (2002).

Como medir o quão sustentável uma obra é ou possui ações que a tornem mais
ou menos sustentáveis?

A criação e adoção de sistemas de classificação do desempenho ambiental e da


sustentabilidade do Edifício é uma forma de estabelecer parâmetros de orientação ao mercado
em relação ao desempenho do edifício, alguns exemplos são mostrados no quadro 2.

O quadro 2 descreve os sistemas adotados por alguns países

Sistemas/Países Metodologia Comentários

As exigências relativas aos canteiros de


obras aparecem em :
a) Gestão que trata da monitoração,
triagem e reciclagem dos resíduos dos
canteiros de obras; das práticas
Voltada para edifícios de escritórios referentes à minimização dos riscos de
BREEAM (BRE novos ou em reforma. A avaliação é poluição do ar, do solo, dos cursos
Environmental feita por pontos, o atendimento a cada d’água e das redes públicas de
Assessment exigência proposta vale pontos. Os infraestrutura; do uso de madeira
Method) – Reino pontos são ponderados para gerar um proveniente de manejos sustentáveis,
Unido índice de desempenho ambiental do reúso ou reciclagem; qualidade da
edifício obra.
b) Ecologia que trata da preservação
de árvores com troncos de diâmetro
acima de 100 mm, de lagoas e de
córregos.

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Praticamente não inclui exigências
referentes ao canteiro de obras. A
exceção é o incentivo ao uso de
CASBEE materiais reciclados e o reúso de
Sistema com base em critérios e
(Comprehensive componentes estruturais, além do
benchmarks.
Assessment emprego de madeiras provenientes de
System for florestas sustentáveis. São
Composto por várias ferramentas para preocupações:
Building
diferentes estágios do ciclo de ambiente interno, qualidade dos
Environmental
vida. serviços,
Efficiency) - Japão
ambiente externo (dentro do terreno)
energia recursos e materiais
ambiente externo (fora do terreno)
Voltada para edifícios comerciais e
escolas, e apresenta uma categoria
denominada “Canteiro de obras com
baixo impacto ambiental”. A avaliação
é feita por níveis, sendo as escalas:
nível Base (B) - critérios baseados em As duas exigências relacionadas aos
HQE - Haute
indicadores normalizados ou canteiros de obras são: otimização da
Qualité
regulamentares ou correspondentes às gestão do canteiro e redução dos
Environnementale -
práticas usuais; incômodos, poluições e consumos
França
nível Intermediário (I) - critérios gerados pelo canteiro.
superiores aos das práticas usuais;
nível Superior (S) - critérios definidos a
partir das melhores práticas
constatadas em
empreendimentos similares
Traz cinco exigências:
“mecanismos para a correta
Certification contratação das empresas que atuam
Voltada a edifícios habitacionais,
Habitat et no canteiro;
preocupação o “Canteiro de obras
Environnement destinação final dos resíduos;
limpo”.
(França); preparação do canteiro; controle dos
impactos ambientais do canteiro; e
balanço ambiental do canteiro”.
Inspirado no BREEAM. Sistema com
base em critérios e benchmarks. O
sistema é atualizado regularmente (a
LEED - Leadership cada 3-5 anos) Duas exigências são feitas referentes
in Energy & A metodologia LEEDTM é avaliada ao canteiro de obras: controle de
Environmental por meio da soma de pontos, com um erosão e de
Design – Estados máximo assoreamento e gestão dos resíduos do
Unidos atingível de 69. O projeto é avaliado canteiro.
quando alcança, no mínimo, 26
pontos
(certified), sendo que obtém a

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avaliação máxima a partir de 52
(platinum), existindo
dois níveis intermediários (silver e
gold).
Primeiro certificado brasileiro para
construções sustentáveis.
A metodologia apresenta entre suas
A avaliação é feita por níveis, sendo as categorias de preocupações ambientais
escalas: nível Base (B) - critérios do
baseados
edifício o item “Canteiro de obras com
em indicadores normalizados ou baixo impacto ambiental”. Este é
AQUA (Alta
regulamentares ou correspondentes às dividido em
Qualidade
práticas
Ambiental) - duas subcategorias: otimização da
usuais; nível Intermediário (I) - critérios
Brasil adaptado gestão dos resíduos do canteiro de
superiores aos das práticas usuais; obras e
do HQE França
nível
redução dos incômodos, poluição e
Superior (S) - critérios definidos a consumo de recursos causados pelo
partir das melhores práticas canteiro de
constatadas em
obras.
empreendimentos similares já
realizados no Brasil.

Segundo análise de Araújo (2009) as metodologias de avaliação internacionais, de


modo geral apresentam poucas exigências em relação aos canteiros de obras, e, em alguns
casos, nenhuma. A metodologia AQUA e o HQE, dão mais atenção ao tema, mas não o
suficiente. As questões sociais estão ausentes em todos os exemplos do quadro acima,
evidenciando a ênfase na dimensão ambiental da sustentabilidade.

A metodologia AQUA (Alta Qualidade Ambiental) é o primeiro certificado brasileiro


para construções sustentáveis, que foi adaptado do “Démarche HQE” . O AQUA se divide em
atendimento à três níveis, que são: Base, Intermediário e Superior.

O Nível Base corresponde às práticas usuais, baseados em indicadores normalizados ou


regulamentares.

O nível Intermediário corresponde à critérios superiores aos das práticas usuais

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O Nível Superior corresponde à critérios definidos por comparação e por experiências
anteriores as melhores práticas Similares realizadas no Brasil. As preocupações Ambientais do
AQUA estão expostos no Quadro 3.
Quadro 3 Preocupações Ambientais da Metodologia AQUA, segundo Araújo (2009)

Otimização da Gestão dos Minimização da produção de resíduos gerados no


resíduos do canteiro e obras canteiro e o beneficiamento do máximo possível
dos resíduos, assegurando a correta destinação
dos resíduos
Canteiro de Obras
Redução de Incômodos, poluição Os incômodos considerados são sonoros, visuais,
e consumo de recursos (água e circulação de veículos, ao derramamento de
energia) causados pelo canteiro concreto, etc. Quanto à poluição envolve os
efeitos ao solo, subsolo, água e ar

Nos próximos capítulos iremos abordar os temas: Canteiro Sustentável, Água


Sustentável, Energia Sustentável, Seleção de materiais e Consumo de Materiais.

Cardoso e Araújo em Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais


Sustentável: Estado da Arte – Canteiro de Sustentável em 2007, enunciou razões para se
preocupar, que abrangem os seguintes Temas: Recursos, Infraestrutura, Resíduos e Incômodos
e Poluição e relaciona-os com os quadros 4, 5, 6 e 7, respectivamente.

Quadro 4 - Recursos

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Quadro 5 - Infraestrutura

Remoção de Edificações a remoção de edificações gera um grande volume de resíduos,

Gera alteração do ecossistema local


Gera exposições de camadas inferiores de solo, que em geral
Supressão de Vegetação
são mais suscetíveis à erosão.
Parte da vegetação dos canteiros deve ser preservada.

Risco de Risco de Acidentes para os trabalhadores, risco às construções


desmoronamento vizinhas

Ligações elétricas provisórias mal executadas podem gerar


Existência de ligações
riscos aos trabalhadores. Ligações de água podem gerar
provisórias
escassez na vizinhança

O esgotamento de águas servidas do canteiro quando mal feito,


Esgotamento de águas
pode apresentar vazamento, podendo contaminar águas
servidas
subterrâneas e solo.

Causa incômodos à comunidade, pois gerar interrupção de


Risco de Perfuração de
fornecimento, ou interdição de ruas, ou mesmo indução de
Redes
processos erosivos.

Geração de Energia no Se forem empregados geradores de combustão pode gerar


canteiro poluição sonora

Existência de Além do impacto paisagístico, construir provisórias mal feitas


Construções Provisórias podem gerar riscos aos trabalhadores

Impermeabilização de
Causa diminuição da infiltração de água pelo solo
Superfícies

Ocupação da Via Pública Ou por caçambas ou instalações que avançam sobre a calçada

Armazenamento de Armazenamento incorreto de materiais principalmente os


Materiais perigosos pode causar contaminação do solo, água e ar

Circulação de Máquinas,
Podem causar poluição do ar, transtornos no trânsito e poluição
Materiais, Veículos e
sonora
Equipamentos

Manutenção de
Derramamento de óleo ou produtos de limpeza podem
Máquinas, Materiais,
contaminar água e solo
Veículos e Equipamentos

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Quadro 6 – Resíduos

Perdas de Materiais por Além de representarem perdas significativas em termos de custo


entulho geram impactos ambientais.

Inclui as atividades de caracterização, triagem, acondicionamento


e transporte.
Estas atividades são fundamentais no gerenciamento de resíduos,
possibilitando a valorização do mesmo pelo reuso e reciclagem.
O manejo inadequado pode gerar impactos como por exemplo:
Manejo de Resíduos
materiais que poderiam ser reutilizados não poderão ser, e outros
tipos de prejuízos bastante significativos

Destinação de resíduos Locais inadequados contribuem para a degradação dos meios


(inclui descarte de recursos físico, biótico e antrópico. “Os resíduos devem ser classificados
renováveis) conforme determina a resolução CONAMA nº 307/2002 em A,
B, C ou D e destinados ao local correto. Não é permitida a
disposição em aterros de resíduos domiciliares, áreas de “bota
fora”, encostas, corpos d’água, lotes vagos e áreas protegidas por
lei”.

O manejo e a destinação incorreta trazem além de consequências


Manejo e destinação de danosas para o trabalhador e a vizinhança, trazem também para
resíduos perigosos locais distantes.

“A queima de resíduos nos canteiros, além de proibida, provoca


Queima de resíduos no deterioração da qualidade do ar,
canteiro além da possibilidade de geração sub-produtos perigosos, como
a queima do PVC e do chumbo”.

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Quadro 7 – Incômodos e Poluição

Os resíduos perigosos podem causar impactos ao meio ambiente de


Geração de resíduos diversas maneiras. “A geração de resíduos perigosos na construção civil,
perigosos hoje, não pode ser totalmente evitada, porém, pode ser minimizada ou
controlada”.

A geração de resíduos num canteiro de obras é inevitável, no entanto,


Geração de resíduos segundo a Resolução CONAMA nº 307/2002, a prioridade deve ser a
sólidos não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, reutilização,
reciclagem e destinação final.

A vibração dos equipamentos e máquinas utilizados pelos trabalhadores,


aliada ao ruído, pode causar problemas à saúde, como a diminuição da
Emissão de vibração e
audição.
de ruídos
Já, no caso da vizinhança, as vibrações podem causar estresse
psicológico e problemas à saúde.

Lançamento de Lançamento de fragmentos demandam a utilização de equipamentos de


fragmentos proteção individual e coletiva.

Os materiais particulados são formados por partículas sólidas cujo


Emissão de material diâmetro pode variar de 0,01 micrometros a 100 micrometros. As
particulado partículas entre 0,1 micrometro e 3 micrometro causam diversos
problemas respiratórios aos seres vivos.

Para evitar acidentes, devem-se tomar precauções contra


Risco de geração
desprendimentos de gases inflamáveis e, se ocorrer, deve haver um
faíscas onde há gases
procedimento pré-estabelecido de conduta
dispersos
Divulgado aos trabalhadores.

Tanto os gases como as fibras, como amianto, sílica, asbestos, isolantes e


Desprendimento de
lãs minerais são responsáveis por diversos males tanto para o trabalhador
gases, fibras e outros
como para a vizinhança.

Para preservar a boa qualidade do ar interno é necessário preocupar-se


Renovação do ar com dois fatores: a limitação da emissão de poluição na sua origem e a
boa ventilação.

“No manejo destes materiais é preciso tomar as precauções


Manejo de materiais
necessárias e utilizar equipamentos de proteção de modo a evitar riscos à
perigosos
saúde”.

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Para redução do desperdício da água nos edifícios segundo Oliveira (1999, apud
Oliveira ,Ilha e Reis, 2007) pode-se implementar:

a) ações econômicas:. Podem ser alcançadas por meio da aquisição de sistemas e


componentes economizadores de água e redução de tarifa.

b) ações sociais: por meio de campanhas educativas e de sensibilização do usuário, que


impliquem em redução de consumo.

c) ações tecnológicas: por meio da substituição de sistemas e componentes


convencionais por economizadores de água, da implementação de sistemas de
medição setorizada do consumo de água, da detecção e correção de vazamentos, do
reaproveitamento de água e da reciclagem de água servida.

Uma ação tecnológica é mostrada na figura 4 que representa a Setorização do


consumo de água – sistema com medição no Térreo

Figura 4 – Exemplo de Setorização do Consumo de água


Fonte: Oliveira (2007)

20
Outro exemplo de economia de água mediante uma ação tecnológica é o sistema dual
de descarga apresentada na figura 5 e um sistema de captação de águas pluviais para fins não
potáveis mostrada na figura 6 e detalhada na figura 7.

Figura 5 – Sistema dual de descarga


Fonte: Oliveira (2007)

Figura 6 – Sistema de captação de águas pluviais para fins não potáveis


Fonte: Oliveira (2007)

21
Figura 7 – Elementos do sistema de aproveitamento de água pluvial
Fonte: Oliveira (2007)

As figuras 8 e 9 mostram Sistemas de Inflitração de água pluvial, com a utilização de


pavimentos permeáveis, que permitem a infiltração da água.

Figura 8 - Pavimento Permeável em blocos intertravados


Fonte: Silveira (2001, APUD OLIVEIRA, 2007)

22
Figura 9 - Concregrama
Fonte: Reis et al. (2002, APUD OLIVEIRA, 2007)

As figuras 10 e 11 mostram plantas que consomem pouca água, para serem utilizadas
como ornamento, ou em jardins.

Figura 10 - Alecrim
Fonte: Oliveira (2007)

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Figura 11 – Primavera
Fonte: Oliveira (2007)

Oliveira ,Ilha e Reis (2007) recomendam que o sistema brasileiro de avaliação de


sustentabilidade, no que se refere ao item “água”:

 “exija que os materiais, componentes e equipamentos estejam em conformidade com


as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas técnicas (ABNT);

 recomende que os procedimentos de execução, operação e manutenção sejam


elaborados em função do sistema construtivo e respeitados pelos usuários
(empreendedor, executor e usuário final);

 garanta a acessibilidade e manutenabilidade dos sistemas prediais;

 requeira dos empreendedores a execução de sistemas de suprimento de água e de


coleta e de tratamento de esgoto sanitário com menor custo e impacto ambiental;

 incentive o aproveitamento e a infiltração da água pluvial sem colocar em risco a saúde


pública.”

24
Critérios como o uso da iluminação natural, iluminação eficiente e da ventilação são
conceitos básicos na utilização de projetos sustentáveis. Assim como a utilização de
componentes com desempenho térmico adequado dependendo da região climática também
são fundamentais para a Sustentabilidade no que tange a Energia Sustentável.

A figura 12 mostra um projeto de casa eficiente desenvolvido em parceria com a


Eletrosul, Eletrobrás e PROCEL (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica),
LABEEE (Laboratório de Eficiência Energética em Edificações. Universidade Federal de Santa
Catarina).

12 – Projeto de Casa Eficiente


Fonte: Lamberts e Triana (2007)

25
Segundo John e Oliveira (2007) a construção de edificações pode consumir até 75%
dos recursos extraídos da natureza, e a maior parte destes recursos não são renováveis.

John e Oliveira (2007) afirmam que:

“Uma construção mais sustentável depende, portanto, da seleção correta de materiais


e componentes, que pode ser definida como a seleção de produtos que, combinada
com o correto detalhamento de projetos, resulta em impactos ambientais menores e
em maior benefício social, dentro dos limites da viabilidade econômica, para uma
dada situação”.

Critérios de Sustentabilidade econômica para seleção de materiais foram enunciadas


por Silva (2003, apud John e Oliveira, 2007) ), reproduzidas abaixo.

 Aumentar a qualidade de produtos e processos

 Melhorar a qualidade de produtos, processos e Edifícios

 Aumentar a vida útil das edificações, (durabilidade e adaptabilidade)

 Aumentar eficiência na alocação de recursos (capital financeiro e ambiental) para a


produção de materiais, e construção e uso de edifícios.

 Internalizar custos ambientais e sociais no estabelecimento de preços, para estimular


opção por produtos com .melhor valor. em termos de Sustentabilidade

Como já foi dito no capítulo anterior a construção de edificações consome 75% de


recursos da natureza, portanto para consumi-los é necessário gerir o consumo desses
materiais. Para a Gestão dos materiais é necessário que se discuta as bases conceituais do
consumo e das perdas de materiais.

26
Bem espero que todos vocês tenham percebido a dificuldade de conciliar todos os itens
citados para se conceber uma construção Sustentável, e também perceber a responsabilidade
que os atuais Engenheiros têm, e as novas gerações de Engenheiros Civis também terão para
atender a todos os requisitos de Sustentabilidade. A necessidade de desenvolvimento de
tecnologias e ações de natureza gerencial para serem implementadas, que permitam a
minimização dos impactos dos canteiros de obras, dependem fundamentalmente da base
conceitual, cultural e criativa que o profissional da área tenha ou seja capaz de adquirir.

27
Como texto complementar desta Unidade indico consulta ao endereço abaixo que trata sobre
a Metodologia LEED :

http://www.gbcbrasil.org.br/?p=educacao&gclid=CKOWvMipsrkCFWXZQgodkmwANQ.

28
ARAÚJO, V. M. Práticas Recomendadas para a Gestão mais sustentável de
canteiros de obras. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo, 2004

CARDOSO, F.F.; ARAÚJO, V.M. Projeto Tecnologias para Construção Habitacional


mais Sustentável: Estado da Arte - Redução de impactos ambientais do canteiro
de obras: USP, 2007. Disponível em http://www.habitacaosustentavel.pcc.usp.br.

JOHN, V.M.; OLIVEIRA D.P. Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais
Sustentável: Estado da Arte - Critérios de sustentabilidade para a seleção de
materiais e componentes: USP, 2007. Disponível em:
http://www.habitacaosustentavel.pcc.usp.br.

LAMBERTS R.; TRIANA M. A. Projeto Tecnologias para Construção Habitacional


mais Sustentável: Estado da Arte - Energia Sustentável: USP, 2007. Disponível em
http://www.habitacaosustentavel.pcc.usp.br.

OLIVEIRA, L.H. O edifício e o ambiente - Água - Anotações de Aula EPUSP. São Paulo,
2007.
OLIVEIRA,L.H.; ILHA M.; R.P.A. Projeto Tecnologias para Construção Habitacional
mais Sustentável: Estado da Arte – Água Sustentável: USP, 2007. Disponível em
http://www.habitacaosustentavel.pcc.usp.br.

SILVA, V. G. Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais Sustentável:


Estado da Arte: Sistemas de Avaliação Ambiental de edifícios: Estado atual e
discussão Metodológica, USP, 2007. Disponível em:
http://www.habitacaosustentavel.pcc.usp.br.

SOUZA, E. L. de.; DEANA D.F. Projeto Tecnologias para Construção Habitacional


mais Sustentável: Estado da Arte: Gestão do Consumo de Materiais nos Canteiros
de obras: USP, 2007. Disponível emhttp://www.habitacaosustentavel.pcc.usp.br.

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