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VIII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA

VII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA


DRACENA, 05 E 06 DE OUTUBRO DE 2011

UTILIZAÇÃO DA COMPOSTAGEM
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COM CAMA DE
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FRANGO
Anne Caroline C. Antonioli Henyei , Urbano dos Santos Ruiz
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Graduanda em Zootecnia- UNESP/ Dracena. anne_antonioli@hotmail.com,
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Prof. Dr. Faculdade de Zootecnia – UNESP/ Dracena. usruiz@dracena.unesp.br

INTRODUÇÃO:
A produção de frangos de corte constitui um dos ramos da produção animal de
maior desenvolvimento e progresso tecnológico no Brasil, sendo o nosso país o maior
exportador mundial e o terceiro maior produtor de carne de frango no mundo
(ANUALPEC, 2008). Associado ao desenvolvimento da avicultura de corte tem-se
também grande produção de resíduos, essencialmente a “cama de aviário ou de frango”.
Este material constitui-se na mistura resíduos de origem vegetal, que possam ser
utilizados para forrar o piso do aviário e proporcionar conforto as aves, com uma
espessura variando de 5 a 10 cm de altura, com restos de ração, excretas, insetos, penas
e descamações da pele das aves (PAGANINI, 2004).
Durante muito tempo a cama de frango foi utilizada na alimentação de
ruminantes, porém, o Ministério da Agricultura publicou uma Instrução Normativa
proibindo tal prática em razão de riscos sanitários, como a transmissão da encefalopatia
espongiforme bovina e o botulismo, fato que tem forçado produtores e técnicos a
buscarem novos meios para a utilização da cama (BRASIL, 2001).
Uma alternativa é o emprego da cama como fertilizante, pois dejetos de aves são
uma excelente fonte de nutrientes, especialmente nitrogênio, podendo suprir, parcial ou
totalmente, o fertilizante químico na produção de grãos. Contudo, o manejo da cama fora
do aviário pode causar danos ao ambiente e a saúde, humana e dos animais. Sua
disposição a campo, recém retirada do aviário sem ter passado por algum tipo de
tratamento, dispersará no ambiente as, macro e micro, faunas nela existentes
(cascudinhos e outros insetos, ácaros, bactérias, vírus, fungos) além de todos os
componentes químicos da matéria orgânica (ORRICO JÚNIOR, 2010).
Neste cenário, proibição do uso da cama na alimentação de ruminantes e
tomando-se em conta os possíveis danos ao ambiente e a saúde humana pelo seu uso,
logo após sua retirada do aviário, são necessárias pesquisas com objetivo de estudar
alternativas para o aproveitamento deste resíduo. Uma promissora destinação, de baixo
custo, que pode permitir a sanitização do resíduo e melhoria de suas características
físico–químicas para ser utilizado como fertilizante orgânico, é a compostagem.

DESENVOLVIMENTO:
A técnica de compostagem foi desenvolvida com a finalidade de se obter mais
rapidamente e em melhores condições a estabilização da matéria orgânica. Na natureza
essa estabilização ou humificação dos restos orgânicos que vão ter ao solo se dá em
prazo indeterminado, ocorrendo de acordo com as condições em que ela se encontra. No
processo de compostagem os restos são amontoados, irrigados, preferencialmente
revolvidos e se decompõem em menor tempo, produzindo um melhor adubo orgânico
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(KIEHL, 2004). Nesse processo, ocorre intensa proliferação de microrganismos, o que


provoca aumento brusco na temperatura, que possui alto poder de destruir patógenos e
sementes de plantas daninhas (ORRICO JÚNIOR et al., 2009). Adicionalmente ocorre
mineralização dos nutrientes tornando-os mais disponíveis para as plantas. Sendo assim
os sólidos biodegradáveis da matéria orgânica são convertidos de modo que possam ser
usados como adubo, sendo aplicado e manejado, sem prejudicar o ambiente, utilizando-o
na dosagem certa.
Os resíduos orgânicos são geralmente utilizados na agricultura como fertilizantes
orgânico. Há, porém, uma diferença entre resíduo orgânico e fertilizante orgânico. Os
resíduos orgânicos vegetais e animais constituem excelentes fontes de matéria – prima
para ser transformada em fertilizante orgânico humificado, mas ainda não podem ser
considerados adubos orgânicos. Os termos, fertilizante e adubo são sinônimos, podendo
ser usados indistintamente. No texto da legislação brasileira foi adotado somente o termo
fertilizante (KIEHL, 2004).
O composto de cama de aviário apresenta inúmeras vantagens em relação ao
material não compostado, uma vez que apresenta maior concentração de substâncias
húmicas, apresenta grande parte do nitrogênio na forma orgânica e, portanto, protegido
contra as perdas por volatilização, e apresenta ainda uma composição microbiológica
mais adequada ao seu uso como fertilizante, causando menor impacto ambiental ao solo
do que a cama original (BENITES,2011).
Assim, a compostagem de cama de frango é um método eficiente, possui boa
composição dos nutrientes, relação carbono:nitrogênio 30/1, temperatura entre 35°-75°C,
o que é desejável a variação entre 30°-70°C nos primeiros 25 dias, umidade em torno de
60%, mas, por exemplo, a palhada de arroz é, geralmente, pobre em nitrogênio e rico em
carbono. Sendo assim pode ser uma boa alternativa de fertilizante e seguro na produção
de grãos e de pastagem (KOZEN, 2003).
Na cama de frango, em sua compostagem em geral, se analisa pH, teor de
umidade, nitrogênio, relação C/N, fósforo e potássio.
De acordo com OLIVEIRA et. al, para se reduzir o pH e perdas de amônia por
volatilização, o gesso agrícola pode ser adionado.Sendo assim o teor de umidade é
reduzido. Este é um aditivo, sendo uma solução rápida e econômica para reduzir a
volatilização da amônia e amenizar alguns problemas como o aumento na incidência de
doenças respiratórias nas aves e no ser humano, a desclassificação de carcaça devido à
lesões na pele e também a redução do teor de nitrogênio na cama, o que diminui seu
valor como fertilizante.

CONCLUSÃO:
A compostagem possui a finalidade de se obter mais rapidamente e em melhores
condições a estabilização da matéria orgânica. Sendo assim esse processo permite
fatores benéficos ao ambiente, como reciclagem de resíduos, redução de patôgenos,
melhora a disponibilidade dos nutrientes, possui baixo custo e é eficiente. Onde encontra-

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se no processo a utilização da cama de frango que é eficiente e possue boa utilização dos
nutrientes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ANUALPEC 2008. Anuário da Pecuária Brasileira. São Paulo: F.N.P. Instituto, . [ s.n.],
2008;

BENITES, Vinicius. Como fazer a compostagem da cama de frango para uso em


pastagem. Artigo Especial. Disponível em:
<http://www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Materia.asp?id=23054&secao=Artigo
s%20Especiais&t=Embrapa%20Solos>. Acesso em: 03 set. 2011.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Instrução Normativa Nº 15, de 17


de Julho de 2001. Disponível em:
<http://extranet.agricultura.gov.br/sislegisconsulta/consultarLegislacao.do?operacao
visualizar&id=3587>. Acesso em: 15 de setembro de 2011.

KIEHL, Edmar José. Manual de Compostagem: Maturação e Qualidade do Composto. 4.


ed. Piracicaba: E.j. Kiehl, 2004. 173 p.

KONZEN, Egídio Arno. Fertilização de Lavoura e Pastagem com Dejetos de Suínos e


Cama de Aves. Circular técnico. Disponível em:
<http://www.cnpms.embrapa.br/publicacoes/publica/2003/circular/Circ_31.pdf>. Acesso
em: 02 set. 2011.

OLIVEIRA, Maria Cristina de et al. Teor de matéria seca, pH e amônia volatilizada da


cama de frango tratada ou não com diferentes aditivos.Revista Brasileira de Zootecnia,
Viçosa, n. , p.951-954, ago. 2003.

ORRICO JúNIOR, Marco A. P.; ORRICO, Ana C. A.; LUCAS JúNIOR, Jorge de.
Compostagem dos resíduos da produção avícola: camas de frangos e carcaças de
aves. Revista Brasileira de Zootecnia, Jaboticabal, n. , p.538-545, jun. 2010.

ORRICO JÚNIOR, M.A.P.; ORRICO, A.C.A.; LUCAS JÚNIOR, J. Compostagem da


fração sólida da água residuária de suinocultura. Engenharia Agrícola, Jaboticabal,
v.29, n.3, p.483-491, 2009.

PAGANINI, F. J. Produção de frangos de corte: Manejo de cama. Ed. MENDES, A. A.;


NÄÄS, I. de A.; MACARI, M. Campinas: FACTA. 356p. 2004.

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