Você está na página 1de 7

Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável Revisão Bibliográfica

http://revista.gvaa.com.br ISSN 1981-8203

Aspectos gerais sobre alimentos alternativos na nutrição de aves

General on alternative feeds in poultry nutrition

Raimunda Thyciana Vasconcelos Fernandes1*, Natany Valeska Barreto Vasconcelos2, Flora de França Lopes3, Alex
Martins Varela de Arruda4.

Resumo: O conhecimento da composição química dos alimentos alternativos, bem como da disponibilidade de
nutrientes em aves é um fator de suma importância para o desenvolvimento de dietas com menor custo, mas com boa
qualidade e digestibilidade. Aves jovens apresentam menor capacidade de digestão das fibras, tanto pela característica
do sistema digestivo quanto pelas interações nutricionais do alimento. Além disso, a valoração da energia metabolizável
é de fundamental importância para o uso de alimentos fibrosos para aves, pois a quantificação da energia disponível
para os processos metabólicos, especialmente de postura, torna-se essencial para a produtividade da avicultura no
semiárido. Desta maneira, nos programas de alimentação que utilizem as matérias primas regionais, deve-se conhecer as
restrições impostas pela qualidade e quantidade de fibras, bem como a presença de fatores antinutricionais que afetem a
metabolização de nutrientes.

Palavras-chave: digestibilidade, fatores antinutricionais, sistema de produção.

Abstract: Knowledge of the chemical composition of alternative foods, as well as the availability of nutrients in poultry
is a factor of paramount importance for the development of diets with lower cost but with good quality and digestibility.
Young birds have less ability to digest fiber, both characteristic of the digestive system by interactions as nutritional
food. Moreover, the valuation of metabolizable energy is of fundamental importance for the use of fibrous foods for
chicks because the quantification of energy available for metabolic processes, especially in posture, it becomes essential
for the productivity of poultry in the semiarid. Thus, the feeding programs that use regional raw materials, one should
know the restrictions imposed by the quality and quantity of fibers, and the presence of antinutritional factors affecting
the metabolism of nutrients.

Keywords: digestibility, antinutritional factors, production system.

INTRODUÇÃO pois absorve diretamente uma grande quantidade de mão-


de-obra, das mais diversas especialidades, sendo uma
O setor de avicultura pode ser considerado um opção importante para a agricultura familiar e empresarial,
dos mais desenvolvidos e tecnificados da agropecuária e movimenta de forma indireta uma série de indústrias,
mundial. Os avanços do melhoramento genético aliado ao ligadas à cadeia produtiva de frango de corte. Nesse
desenvolvimento da nutrição, sanidade e técnicas de contexto, enquadram-se as indústrias de rações e
manejo, resultaram na avicultura atual, de alta eficiência e concentrados, de equipamentos, os laboratórios de
organização com a finalidade de produzir proteína animal produção de vacinas e medicamentos, as indústrias de
de alto valor biológico para o consumo humano à baixo abates e processamento de frango, entre outras.
custo. O setor tem íntima relação com a agricultura,
De acordo com Fülber (2011) o frango brasileiro principalmente com milho e soja (principais alimentos
está presente nas mesas de consumidores de mais de 150 utilizados na alimentação de aves) e, embora a safra
países. O Brasil é o maior exportador mundial desde 2004 nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas seja
e o terceiro maior produtor de carne de aves, atrás estimada de 160,7 milhões de toneladas (IBGE, 2012), a
somente de Estados Unidos e China. A condição de valorização dos preços internacionais destas commodities,
grande exportador traz benefícios na balança comercial e elevou o custo de produção da atividade avícola e reduziu
contribui de forma significativa para o Produto Interno as margens de comercialização. Desta forma,
Bruto (PIB) brasileiro. Estima-se que o setor avícola pesquisadores buscam alternativas alimentares
represente 1,5% do PIB brasileiro, sendo responsável por economicamente viáveis numa tentativa de minimizar
4,8 milhões de empregos diretos e indiretos no país e estes custos e manter os índices de desempenho produtivo.
arrecade cerca de R$ 6 bilhões em impostos.
Internamente, é uma atividade de grande cunho social,
____________________________
*
autor para correspondência
Recebido para publicação em 13/08/2012; aprovado em 15/12/2012
1
Mestranda em Ciência Animal – Universidade Federal Rural do Semi-Árido, e-mail: fernandesrtv@hotmail.com*,2Graduanda em
Agronomia – Universidade Federal Rural do Semi-Árido ,3Graduanda em Zootecnia - Universidade Federal Rural do Semi-Árido,
4
D.Sc. Prof. Adjunto IV DCAN – Universidade Federal Rural do Semi-Árido.

Revista Verde (Mossoró – RN - BRASIL), v. 7, n. 5, p. 66-72, dezembro de 2012 (Edição Especial) (revisão de Literatura)
Raimunda Thyciana Vasconcelos Fernandes et al.

FISIOLOGIA DO TRATO DIGESTÓRIO na mucosa do intestino. Em aves, a CCK estimula a


secreção de ácido clorídrico, mas não de pepsinogênio, e a
O sistema digestório corresponde a um tubo por secretina estimula a secreção de ambos (BURHOL, 1974).
onde o alimento ingerido transita, sendo digerido e Sabe-se que a presença de lipídeos no duodeno tem ação
absorvido para ser incorporado ao organismo animal. Nos efetiva na liberação de CCK, que além de atuar no
galináceos, o alimento ingerido pode passar por todo o aumento da secreção pancreática, também age sobre o
trato digestivo num período de 2 horas e meia. Metade do centro da saciedade, inibindo o consumo de ração
volume ingerido pode atravessar o sistema em 2 horas e (BERTECHINI, 2006). A secreção gástrica também se
todos os nutrientes podem completar a passagem em 12 encontra sob a influência de outros hormônios: gastrina e
horas (MENDES et al., 2004). neurotensina. A função da gastrina em mamíferos é
estimular a secreção ácida e a contração do antro
Digestão (MACARI et al., 2002), para aves a sua função não está
completamente elucidada. Por sua vez, a neurotensina
Na boca, faringe, esôfago e papo, o alimento é reduz a liberação de pepsina, mas sem afetar o volume e
preparado para que ocorra a digestão enzimática no pH da secreção gástrica (DEGOLIER et al., 1997).
proventrículo e no duodeno. Neste segmento, o alimento é O duodeno e o jejuno estão primariamente
umedecido pelo contato com a água e a saliva secretada envolvidos no processo da digestão, no entanto, nesse
pelas glândulas salivares locais. A saliva das aves, segmento, ocorre a absorção de nutrientes que não
diferente dos mamíferos, tem poucas enzimas digestivas, precisam ser digeridos e que estão presentes na ração, por
por exemplo, ptialina e amilase que, respectivamente, exemplo, vitaminas, aminoácidos e drogas, e dos minerais
ajudam na digestão péptica e do amido. que foram solubilizados na moela sob a ação do ácido
É no papo que o alimento sofre ação inicial da clorídrico. Nesta região, também ocorre à absorção de
pepsina que inicia a digestão péptica ou das proteínas. nutrientes que já sofreram a ação de enzimas pancreáticas
Quando o alimento passa pelo proventrículo (estômago e principalmente, carboidratos e proteínas. Todo processo
glandular das aves), é rapidamente embebido por pepsina de digestão e absorção dos nutrientes ingeridos termina
e ácido clorídrico. Quando ocorre refluxo de alimento, quando o bolo alimentar chega à junção íleo-reto-cecal.
também ocorre nova liberação de suco gástrico rico em Fluidos e fibras presentes no conteúdo do íleo passam para
ácido clorídrico e pepsina. O refluxo gastroduodenal do o ceco e inicia-se a digestão microbiana. A flora
bolo alimentar ocorre pelo menos 3 vezes a cada hora em bacteriana cecal tem papel importante na digestão da fibra
aves que fazem consumo à vontade. Quando as aves são ou da celulose disponibilizando carboidratos que podem
alimentadas com ração de baixa digestibilidade ou com ser absorvidos ou servirem de nutrientes para outros
dietas ricas em lipídeos e proteínas os refluxos podem ser micróbios residentes, e na produção de ácidos graxos
intensificados. O bolo alimentar reflui da moela para o voláteis que podem suprir 5 a 10% das necessidades
proventrículo ou do duodeno para a moela em decorrência energéticas da ave (MENDES et al., 2004), embora esta
de estímulos nervosos (sistema nervoso autônomo percentagem não seja considerada no momento da
simpático e parassimpático) que induzem ao relaxamento formulação de ração para animais monogástricos.
e a contração dos músculos da moela e do proventrículo.
A digestão do alimento consumido inicia-se na SISTEMA DE PRODUÇÃO
moela, onde o alimento é misturado e mecanicamente
macerado, devido à presença de uma parede muscular Nos últimos anos, consumidores têm demandado
muito desenvolvida, e termina no jejuno. A digestão da por alimentos mais saudáveis, produzidos de acordo com
fração fibrosa ocorre no ceco ou intestino grosso. as regras de segurança alimentar, seguindo normas de
O tempo de mistura do alimento na moela será criação que garantam o bem-estar animal, o que resulta
responsável pela fluidificação do bolo alimentar formando em um produto final com características diferenciadas
o quimo. A fluidez do quimo dá origem a um reflexo (ALROE et al., 2001; LUND & RÖCKLINGSBERG,
enterogástrico devido à liberação de enterogastrona, 2001; HERMANSEN, 2003; STRINGHETA & MUNIZ,
hormônio que induz o esvaziamento da moela e a 2004; SAVINO et al., 2007).
propulsão do bolo alimentar para o duodeno e secreção de Assim, a criação alternativa de frangos de corte,
mais enzimas. Em aves que se alimentam de rações também chamados no Brasil de “caipira” (Região
fareladas, com pouca fibra ou com granulometria fina, o Sudeste),“colonial” (Região Sul) e “capoeira” (Região
esvaziamento da moela ocorre rapidamente, do contrário, Nordeste), tem evoluído nos últimos anos, tornando-se
rações ricas em fibra ou com ingredientes de baixa uma atividade economicamente viável para pequenas
digestibilidade, prolongam o tempo de mistura e digestão propriedades rurais que podem explorar este nicho de
na moela e retardam o seu esvaziamento (MENDES et al., mercado com produtos diferenciados (FIGUEIREDO et
2004). al., 2001; TAKAHASHI, 2003; ARRUDA et al., 2011).
A fase de digestão intestinal pode influenciar a Para se obter lucratividade neste segmento da avicultura,
secreção gástrica por meio de 2 hormônios: a pesquisas na área de genética têm sido realizadas com o
colecistoquinina (CCK) e a secretina, ambos produzidos objetivo de desenvolver aves mais adaptadas para

Revista Verde (Mossoró – RN - BRASIL), v. 7, n. 5, p. 66-72, dezembro de 2012 (Edição Especial) (revisão de Literatura)
Aspectos gerais sobre alimentos alternativos na nutrição de aves

melhoria dos índices produtivos da criação alternativa marrom sob processamento aquoso ou condições
(FARMER et al., 1997; LEWIS et al., 1997; BOELLING alcalinas. A reação de escurecimento ocorre pela ação de
et al., 2003). polifenoloxidase que oxida o ACG e as substâncias
Além da genética, outro aspecto a ser resultantes deste processamento reagem com a proteína
considerado é o tipo de alimentação ao longo do período alterando a sua funcionalidade, reduzindo a quantidade de
de criação. Silva & Nakano (1998) e Figueiredo & Ávila aminoácidos essenciais, a qualidade nutricional e
(2001) relataram haver diferenças entre os sistemas consequentemente, a digestibilidade destes nutrientes,
intensivo e semi-intensivo de criação de frangos pois, no (PEDROSA et al., 2000; GONZALEZ-PEREZ et al.,
sistema semi-intensivo, por terem acesso à pastagem, as 2002; SEN & BHATTACHARYYA, 2000; MARTINEZ
aves acabam ingerindo outros alimentos, como verduras, & DUVNJAK, 2006).
insetos e minhocas. Além disso, os produtores desse
sistema costumam substituir a ração por produtos Fitatos
disponíveis em suas regiões na tentativa de reduzir os
custos de alimentação. O fitato é a maior reserva de fosfato da planta. O
A avaliação econômica do sistema semi- ácido fítico é formado pela esterificação do álcool cíclico
intensivo, tem tido pouca ou nenhuma repercussão inositol com seis grupos de ácido fosfórico. Os fitatos
nacional, devido à ausência de trabalhos desenvolvidos possuem um potencial quelatante com proteínas a pH
em todo Brasil, o que torna os resultados restritos ácido e neutro, o que reduz a disponibilidade das mesmas
regionalmente dificultando comparações entre os e, consequentemente dos aminoácidos. Além da influencia
diferentes sistemas de criação. Nesse sentido, é importante negativa na solubilidade das proteínas, prejudica a função
ressaltar que o frango “caipira” não compete com o frango das pepsinas por causa das ligações iônicas entre os
industrial em escala de produção e custo, mas pode ser grupos fosfato do ácido fítico e aminoácidos como lisina,
bastante competitivo no que se refere à qualidade da histidina e arginina, sob condições ácidas, e em condições
carne, principalmente em suas características neutras, os grupos de carboxil de alguns aminoácidos
organolépticas, atendendo os consumidores com maior podem ligar-se ao fitato, usando elementos minerais
poder aquisitivo e que buscam produtos com tais bivalentes tais como Ca, como ponte de ligação (HEINZL,
características (GESSULLI, 1999). 1996; KORNEGAY, 1996; ANGEL et al., 2002;
ALBINO et al., 2007).
ALIMENTOS ALTERNATIVOS O fósforo fítico, por ser muito pouco utilizado por
monogástricos, é eliminado em grande quantidade nas
No Brasil, existe um interesse contínuo na busca excretas. Além disso, devido à baixa disponibilidade do
de alimentos alternativos que possam reduzir o custo das fóforo (P) nos alimentos de origem vegetal, os
rações, porém sem comprometer o desempenho dos nutricionistas têm, tradicionalmente, suplementado as
animais. Na criação de aves, o milho e o farelo de soja são dietas com P inorgânico, para satisfazer as necessidades
os principais alimentos utilizados na formulação de ração. do animal, mas grande parte desse fósforo também é
Entretanto, nos últimos anos, a produção de grãos não tem eliminado na excreta. Os fitatos também são conhecidos
sido capaz de atender a demanda nacional, especialmente por inibir varias enzimas digestivas endógenas como
na entressafra, havendo a necessidade de avaliar alimentos pepsina, amilase ou tripsina (CAMPESTRINI et al.,
alternativos para substituição das fontes energéticas e 2005).
proteicas nas rações (EMBRAPA, 1993). Estes alimentos,
subprodutos, coprodutos, resíduos ou forrageiras, embora Polissacarídeos não amiláceos
estejam largamente distribuídos em todo país, possuem
uma gama de fatores antinutricionais que interferem na Os polissacarídeos não amiláceos fazem parte da
absorção de nutrientes como: ácido clorogênico, parede celular e consistem principalmente de pentoses,
polissacarídeos não amiláceos, taninos e fitatos, que rafinose, estaquiose e sacarose, encontradas nas sementes
limitam sua inclusão na alimentação de aves. de oleaginosas como também os beta-glucanos que se
encontram em altas concentrações na cevada e aveia e
Ácido clorogênico pentosanas como as arabinoxilanas, que são encontradas
no trigo, triticale e centeio. Compreendem uma ampla
A semente de girassol apresenta quantidades classe de polissacarídeos como celulose, hemicelulose,
variáveis de ácido clorogênico (ACG), ácido caféico e quitina e pectinas que dependendo de suas concentrações
isômeros do ácido di-cafeoil-quínico que estão modificam o tempo de permanência do alimento no trato
concentrados na amêndoa (PEDROSA et al., 2000). O digestivo e dessa maneira afetam a digestibilidade de
termo ACG é usado para designar uma família de ésteres nutrientes e consequentemente podem diminuir o
formados pela esterificação de um ou mais derivados do desempenho do animal. Devido à natureza das cadeias de
ácido trans-cinâmico com o ácido quínico (DE MARIA & ligações das unidades de açúcares que são resistentes a
MOREIRA, 2004). A sua presença no farelo de girassol hidrólise no trato gastrintestinal dos animais
está associada ao desenvolvimento de cor verde escura e

Revista Verde (Mossoró – RN - BRASIL), v. 7, n. 5, p. 66-72, dezembro de 2012 (Edição Especial) (revisão de Literatura)
Raimunda Thyciana Vasconcelos Fernandes et al.

monogástricos, estes não podem ser degradados por deve ser feita a determinação de energia metabolizável
enzimas endógenas (CAMPESTRINI et al., 2005). para aves. Vários métodos têm sido desenvolvidos para
O motivo para suas propriedades antinutricionais determinar a composição e o conteúdo energético dos
é a elevada capacidade de ligar-se a grandes quantidades alimentos (Sakomura & Rostagno, 2007).
de água, resultando num aumento da viscosidade do
conteúdo intestinal. Os polissacarídeos são classificados Método de coleta total de excretas (método tradicional)
como solúveis e insolúveis em função da capacidade de
formar solução homogênea ou não com a água, contudo, É um dos métodos mais utilizados para
muitas das atividades antinutritivas são atribuídas determinar a digestibilidade dos nutrientes assim como os
diretamente aos polissacarídeos solúveis apesar de os valores de energia metabolizável das rações ou dos
polissacarídeos insolúveis também apresentarem efeito na ingredientes para as aves. Este método foi desenvolvido
taxa de passagem da digesta e na retenção de água (LIMA por Sibbald & Slinger (1963), baseado nos princípios de
& VIOLA, 2001; BRITO et al., 2008). Hill & Anderson (1958) e Potter & Matterson (1960). O
ensaio envolve um período de adaptação dos animais às
Taninos rações e às instalações o qual deve ser de 4 a 7 dias, e o
período de coleta das excretas e controle do consumo das
Trevino et al. (1992) relataram uma redução rações deve ser de 4 a 5 dias.
significativa no consumo de ração por frangos O método de coleta total baseia-se no princípio
alimentados com dietas contendo tanino, e este efeito tem de mensurar o total de alimento consumido e o total de
sido atribuído ao seu sabor adstringente. Entretanto, como excretas produzidas durante um certo período de tempo.
as aves não apresentam paladar desenvolvido (MORAN, Para determinação da digestibilidade dos nutrientes e
1982), parece improvável que o sabor seja a principal valores energéticos de um alimento, são utilizadas duas
causa da diminuição no consumo de ração. Dessa maneira, dietas, uma dieta referência e a outra teste, obtida pela
o consumo de ração é afetado por inúmeros fatores inclusão de uma porcentagem do ingrediente em estudo
relacionados ao estado fisiológico do animal, meio em substituição à referência. O nível de inclusão do
ambiente, características da dieta ou uma interação entre alimento depende do tipo do alimento, normalmente a
todos estes fatores (SILVA et al., 2008). substituição tem sido de 20% a 40%. Para ingredientes
De acordo com Elkin et al. (1995) o crescimento que afetam o consumo, por ser de baixa palatabilidade ou
de frangos de corte, geralmente, apresenta redução com a pelo alto teor de fibra, e aqueles que se apresentam de
presença de tanino na dieta, provavelmente porque o forma líquida, os níveis de substituição deverão ser
tanino reduz a utilização de energia, proteína e alguns inferiores, como os óleos têm substituído de 7 e 10% da
aminoácidos. Douglas et al. (1990) afirmam que houve referência (Sakomura & Rostagno, 2007).
decréscimos lineares da energia metabolizável, à medida A metodologia proposta por Matterson et al.
que o teor de tanino aumentou na dieta. Segundo Nunes et (1965), em que se utiliza o procedimento de substituição
al. (2001), os taninos condensados são os responsáveis de parte de uma dieta referência, aliada à coleta total de
metabolicamente pela inibição de algumas enzimas excretas, é a mais utilizada, pois se aproxima das
presentes no sistema digestivo, diminuindo assim, a condições normais de alimentação das aves (Bertechini,
absorção dos nutrientes por meio da parede intestinal. 2006).
Estudos realizados por Nunes et al. (2001) e Ortiz
et al. (1994), com aves em crescimento, consumindo Utilização de indicadores
dietas contendo 0; 8 e 16 g/kg de tanino, apresentaram
mudanças histológicas significativas na mucosa intestinal. Uma alternativa para o método de coleta total de
Os mesmos autores detectaram atrofia na mucosa do íleo e excretas é a determinação da digestibilidade através de
encurtamento das vilosidades, distorção de sua uma relação entre substâncias indigestíveis presentes no
arquitetura, edema no tecido conectivo das vilosidades, alimento e nas excretas (KOTB & LUCKEY, 1972). Essas
hiperplasia e hipertrofia das células de Goblet, substâncias indigestíveis, denominadas indicadores, são
responsáveis pela produção de muco no interior da luz utilizadas para determinar um fator de indigestibilidade e,
intestinal (HOEBLER et al., 2006), além de hipertrofia da com este, estimar a quantidade de excreta que corresponde
glândula parótida, responsável pela secreção de saliva a uma unidade de ração consumida. Posteriormente,
(MAGALHÃES et al., 1997). calcula-se a quantidade de nutriente presente na dieta que
foi digerida e absorvida pelo animal.
METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DE Entre as principais vantagens da utilização de
ALIMENTOS indicadores pode-se citar que não é necessária a
mensuração do consumo de ração, o total de excretas
Para avaliar um alimento antes de ser utilizado produzidas e evita-se a contaminação das excretas.
nas formulações de rações, há um protocolo experimental Entretanto, para que se obtenha bons resultados com a
a ser seguido. Primeiro o alimento deve ser encaminhado utilização de indicadores, é necessário que estes estejam
ao laboratório para análises químicas. Posteriormente, uniformemente misturados à ração e sejam padronizadas

Revista Verde (Mossoró – RN - BRASIL), v. 7, n. 5, p. 66-72, dezembro de 2012 (Edição Especial) (revisão de Literatura)
Aspectos gerais sobre alimentos alternativos na nutrição de aves

as análises químicas para determinar a sua concentração REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


nas rações e excretas em diferentes laboratórios
(SIBBALD, 1987). ALROE, H.F.; VAARST, M.; KRISTENSEN, E.S. Does
Um bom indicador é caracterizado por ser uma organic farming face distinctive livestock welfare issues?
substância conhecida, não tóxica, inalterada durante a A conceptual analysis. Journal of Agriculture and
passagem pelo intestino, que não exerça influencia sobre Environmental Ethics,v.14, n.3, p.275-292, 2001.
os processos fisiológicos no trato digestório, não se
associe a outros nutrientes, seja totalmente recuperado nas ALBINO, L.; BUZEN, S.; ROSTAGNO, H. S.
excretas e que tenha facilidade nas análises laboratoriais Ingredientes promotores de desempenho para frangos de
(KOTB & LUCKEY, 1972). corte. IN: Seminário de aves e suínos, v., 2007, Belo
Embora não sejam necessários longos períodos Horizonte. Anais... Belo Horizonte: AVESUI Regiões,
de coleta de amostra quando se utiliza o indicador, é p.73-90, 2007.
preciso que este período se estenda pelo menos por 24
horas, para que sejam evitadas variações na composição ANGEL, R. TAMIN, N. M. APPLEGATE, T. J.
da excreta entre a noite e o dia (YOSHIDA E DHANDU, A. S. ELLESTAD, L. E. Phytic acid
MARIMOTO, 1957). chemistry: influence on phytin-phosphorus availability
O óxido crômico, por apresentar bons resultados and phytase efficacy. Journal of Applied Poultry
em relação à coleta total de excretas e ter um protocolo Research, v.11, n.4, p.471-480, 2002.
experimental bem definido, tem sido o indicador mais
utilizado em ensaios de digestibilidade. Entretanto, a ARRUDA, A.M.V.; SOUZA, D.H.; MELO A.S.;
dificuldade em reproduzir os resultados de análise dessa OLIVEIRA, V.R.M.; FERNANDES, R.T.V.; OLIVEIRA,
substância em diferentes laboratórios, tem dificultado a J.F. Avaliação nutricional do feno de flor de seda com
comparação entre dados de diversos pesquisadores, sendo aves caipiras. Acta Veterinaria Brasilica, v.5, n.3, p.311-
o método de análise recomendado o de espectrofotometria 316, 2011.
de absorção atômica.
BERTECHINI, A.G. Nutrição de monogátricos. Lavras,
Equações de predição MG:UFLA, 2006. 301p.

Normalmente, a composição química dos BOELLING, D.; GROEN, A.F.; SORENSEN, P. et al.
alimentos utilizados na formulação de rações é baseada Genetic improvement of livestosk for organic farming
em dados de Tabelas (ROSTAGNO et al., 2011). systems. Livestock Production Science, v.80, n.1, p.79-
Entretanto, a composição dos alimentos, principalmente 88, 2003.
de forrageiras e subprodutos da agroindústria, apresentam
variações entre as Tabelas de Composição de Alimentos. BRITO, M.S.; OLIVEIRA, C.F.S.; SILVA, T.R.G.;
Estas diferenças podem ser atribuídas às LIMA, R.B.; MORAIS, S.N.; SILVA, J.H.V.
variações na composição entre as repetições em Polissacarídeos não amiláceos na nutrição de
consequência dos tipos de matérias-primas utilizadas e monogástricos – revisão.Acta Veterinaria Brasilica, v.2,
também das mudanças no processamento destes n.4, p.111-117, 2008.
alimentos. A equação de predição do conteúdo dos
nutrientes com base em parâmetros químicos e físicos dos CAMPESTRINI E.; SILVA V.T.M. & APPELT M.D.
alimentos é um método indireto para estimar tais Utilização de enzimas na alimentação animal. Revista
nutrientes. É uma importante ferramenta para a Eletrônica Nutritime, v.2, p. 254-267, 2005.
formulação de ração, já que os demais métodos
necessitam de realizar um ensaio biológico e dependem de DEGOLIER, T.F.; DUKE, G.E.; CARRAWAY, R.E.
metodologias de difícil execução pela indústria, além do Neurotensin decreases pepsin output and gastrointestinal
maior tempo para obter os resultados. motility in chickens. Poultry Science, n.76, p.1435-1439,
1997.
CONCLUSÃO
DE MARIA, C.A.B.; MOREIRA, R.F.A. Métodos para
A busca por alimentos alternativos ao binômio análise de ácido clorogênico. Química Nova, São Paulo,
milho-soja tem possibilitado um grande avanço no v.27, n.4, p.586-592, 2004.
conhecimento na área de avaliação dos alimentos e das
exigências nutricionais de aves. Este avanço por sua vez, DORRELL, G. & VICK, A., Properties and processing of
permite a toda cadeia produtiva avícola, menores custos oil seed sunflower. In: SCHNEITER, A.A. (ed.),
de produção o que torna a atividade ainda mais atrativa e Sunflower Technology and Production. Agronomy,
competitiva no cenário mundial. Madison, Wisconsin, USA, p.709-745, 1997.

Revista Verde (Mossoró – RN - BRASIL), v. 7, n. 5, p. 66-72, dezembro de 2012 (Edição Especial) (revisão de Literatura)
Raimunda Thyciana Vasconcelos Fernandes et al.

DOUGLAS, J. H. et al. Nutrient composition and expectations. Livestock Production Science, v.80, n.1,
metabolizable energy values of selected sorghum varieties p.3-15, 2003.
and yelow corn. Poultry Science, Champaign, n. 69,
p.1147-1155, 1990. HILL, F.W.; D.L. ANDERSON. Comparison of
metabolizable energy and productive energy
ELKIN, R. G. et al. Condensed tannins are only determinations with growing chicks. Journal of
partiallyresponsible for variations in nutrient digestibilities Nutrition, v.64, n.4, p.587-603, 1958.
of sorghum grain cultivars. Poultry Science, Champaigh,
n.74, p. 125, 1995. Supplement 1. Abstract. HOEBLER C.; GAUDIER E., DE COPPET P. et al. MUC
genes are differently expressed during onset, maintenance
of inflammation in dextran sodium sulfate-treated mice.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA E Dig Dis Sci.,v.51, n.2, p.381-9, 2006.
AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. 1993. Departamento de
pesquisa e desenvolvimento, diversificação agropecuária. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
Triticale. ESTATÍSTICA – IBGE. 2012. Indicadores IBGE –
PRONAPA, Brasília. n. 19. Estatística da Produção Agrícola, Junho de 2012.
Disponível em
FARMER, L.J.; PERRY, G.C.; LEWIS, P.D. et al. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/ag
Responses of twogenotypes of chicken to the diets and ropecuaria/lspa/ estProdAgr_201206.pdf
stocking densities ofconventional UK and Label Rouge
production systems. 2. Sensory attributes. Meat Science, KARUNAJEEWA, H.; THAN, S.H.; ABU-SEREWA, S.
v.47, n.1-2, p-77-93, 1997. Sunflower seed meal, sunflower oil and full-fat sunflower
seeds, hulls and kernels for laying hens. Animal Feed
FIGUEIREDO, E.A.P.; ÁVILA, V.S. Produção Science Technology, v.26, p.45-54, 1989.
agroecológica de frangos de corte e galinhas de
postura. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2001. 185p. KOTB, A.R.; LUCKEY, T.D. Markers in nutrition.
Nutrition Abstracts and Reviews, v.42, p.813, 1972.
FIGUEIREDO, E.A.P.; PAIVA, D.P.; ROSA, P.S. et al.
Diferentes denominações e classificação brasileira de KORNEGAY, E.T. Effect of phytase on the
produção alternativade frangos. In: SIMPÓSIO SOBRE bioavailability of phosphorus, calcium, amino acids, and
PRODUÇÃO ALTERNATIVA DE FRANGOS. trace minerals in broilers and turkeys. BASF Technical
CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA E Symposium. World Congress Center, Atlanta, Georgia,
TECNOLOGIA AVÍCOLAS, Campinas. Anais... 23, p.39-70, 1996.
Campinas: Fundação Apinco de Ciência e Tecnologias
Avícolas, 2001. v.2, p. 209-222. LEWIS, P.D.; PERRY, G.C.; FARMER, L.J. et al.
Responses of two genotypes of chicken to the diets and
FÜLBER, I.C. Banco do Brasil e o crédito para a stocking densities typical of UK and “Label Rouge”
avicultura. Anuário 2012 da Avicultura Industrial, n.11, production systems. 1. Performance, behaviour and
p.32-35, 2011. carcass composition. Meat Science, v.45, n.4,p-501-516,
1997.
GESSULLI, O.P. Avicultura alternativa: sistema
“ecologicamente correto” que busca o bem-estar animal e LIMA G.J.M.M. & VIOLA E.S. 2001. Ingredientes
a qualidade do produtofinal. Porto Feliz: OPG Editores, energéticos: trigo e triticale na alimentação animal. In:
1999. 217p. Simpósio Sobre Ingredientes na Alimentação Animal.
Campinas, CBNA,p.33-61.
GONZALEZ-PEREZ, S. et al. Isolation and
characterization of undenatured chlorogenic acid free LUND, V.; RÖCKLINGSBERG, H. Outlining a
sunflower (Helianthus annuus) proteins. Journal of conception of animal welfare for organic farming systems.
Agricultural and Food Chemistry, Easton, v.50, v.6, Journal of Agriculture and Environmental Ethics,
p.1713-1719, 2002. v.14, n.4, p.391-424, 2001.

HEINZL, W. Technical specifications of natuphos. BASF MACARI, M.; FURLAN, R.L. & GONZALES, E.
Technical Symposium. World Congress Center, Fisiologia aviária aplicada a frangos de corte.
Atlanta, Georgia, 23, p.39-70, 1996. Jaboticabal, SP: FUNEP/UNESP, 2002. 375p.

HERMANSEN, J.E. Organic livestock production MAGALHÃES, P. C.; RODRIGUES, W. A.; DURÃES,
systems and appropriate development in relation to public F. O.M. Tanino no grão de sorgo: bases fisiológicas e

Revista Verde (Mossoró – RN - BRASIL), v. 7, n. 5, p. 66-72, dezembro de 2012 (Edição Especial) (revisão de Literatura)
Aspectos gerais sobre alimentos alternativos na nutrição de aves

métodos de determinação. Sete Lagoas: EMBRAPA- alimentação. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.3,
CNPMS, 1997. p.578-583, 2007.

MARTINEZ, E.; DUVNJAK, Z. Enzymatic degradation SEN, M.; BHATTACHARYYA, D.K. Nutritional quality
of chlorogenic acid using a polyphenol oxidase of sunflower seed protein fraction extracted with
preparation from the white-rot fungus Trametes versicolor isopropanol. Plant Foods for Human Nutrition, v.55,
ATCC 42530. Process Biochemistry, London, v.41, n.3, p.265- 278, 2000.
p.1835-1841, 2006.
MATTERSON, L.D. et al. The metabolizable energy of SENKOYLU, N.; DALE, N. Sunflower meal in poultry
feed ingredients for chickens. Storrs: The University of diets. World Poultry Science Journal, v.55, n.6, p. 153-
Connecticut, Agricultural Experiment Station, 1965. 174, 1999.
MENDES, A.A.; NÄÄS, I.A. & MACARI, M. Produção SIBBALD, I.R. Estimation of bioavailable amino acids in
de frangos de corte. Campinas, SP: FACTA, 2004. 356P. feedingstuffs for poultry and pigs: a review with emphasis
on balance experiments. Canadian Journal of Animal
MORAN, E. T. Comparative nutrition of fowl and Science, v.67, n.2, p.221-300, 1987
swine: the gastrointestinal systems. Guelph: University of
Guelph, 1982. SIBBALD, I.R.; SLINGER, S.J. a biological assay for
metabolizable energy in poultry feed ingredients together
NUNES, R. V. et al. Fatores antinutricionais dos
with findings which demonstrate some of the problems
ingredientes destinados à alimentação animal. In:
associated with the evaluation of fats. Poultry Science,
SIMPÓSIO SOBRE INGREDIENTES NA
ALIMENTAÇÃO ANIMAL, 2001,Campinas. Anais... v.42, n.2, p. 313-325, 1963.
Campinas: CBNA, 2001. p. 235-266.
SILVA, R.B.; FREITAS,E.R.; FUENTES, M.F.F. et al.
Composição química e valores de energia metabolizável
ORTIZ, L. T. et al. Tannins in faba bean seeds: effects
de subprodutos agroindustriais determinados com
onthe digestion of protein and amino acids in growing
diferentes aves. Acta Sci. Animal Science, v. 30, n. 3, p.
chicks. Animal Feed Science and Technolog, v. 41, p.
271-278, 1994. 269-275, 2008.

SILVA, R.D.M.; NAKANO, M. Sistema caipira de


PEDROSA, M.M. et al. Determination of caffeic and
criação de galinhas. Piracicaba: O Editor, 1998. 110p.
chlorogenic acids and their derivatives in different
sunflower seeds. Journal of the Science of Food and
STRINGHETA, P.C.; MUNIZ, J.N. Alimentos
Agriculture, v.80, n.4, p.459-464, 2000.
orgânicos. Viçosa, MG: Editora UFV, 2004. p.37-128.
POTTER, L.M.; MATTERSON, L.D.; Metabolizable
energy of feed ingredients for the growing chick. Poltry TAKAHASHI, S.E. Efeito do sistema de criação sobre o
Science, v.39, n.3, p.781-782, 1960. desempenho e a qualidade de carne de frangos de corte
tipo colonial e industrial. Botucatu: Universidade Estadual
ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L. et Paulista, 2003. 64p. Dissertação (Mestrado em Nutrição e
al. 2011. Tabelas brasileiras para aves e suínos: Produção Animal) - Universidade Estadual Paulista, 2003.
composição de alimentos e exigências nutricionais. 3ª ed.
UFV, Imprensa Universitária, Viçosa, 252p. TREVINO, J. et al. Effects of tannin from faba beans
(Viciafaba) on the digestion of starch by growing chicks.
SAKOMURA, N.K.; ROSTAGNO, H.S. Métodos de Animal Feed Science and Technology, v. 37, p. 345-
Pesquisa em Nutrição de Monogástricos. 1ª ed., 349, 1992.
Jaboticabal: Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino e
Extensão – FUNEP, 2007. 283 p. YOSHIDA, M.; MARIMOTO, H. Reliability of the
chromic oxide indicator method for the determination of
SAVINO, V.J.M.; COELHO, A.A.D.; ROSÁRIO, M.F.; digestibility with growing chickens. The Journal of
SILVA, M.A.N. Avaliação de materiais genéticos visando Nutrition, v.61, n.31, p.31-38, 1957.
à produção de frango caipira em diferentes sistemas de

Revista Verde (Mossoró – RN - BRASIL), v. 7, n. 5, p. 66-72, dezembro de 2012 (Edição Especial) (revisão de Literatura)

Você também pode gostar