XI Colóquio Técnico Científico de Saúde Única,
Ciências Agrárias e Meio Ambiente
NUTRIÇÃO EM EQUINOS
Letícia Machado Viana Rocha1*, Alice Carmo Cardoso1, Ana Clara Silva Santos Borges1, Mariana Beatriz Rios Maurício1, Maria Fernanda
de Almeida Silva1 e Bruna Rocha.
1Discentes no Curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário de Belo Horizonte - UniBH – Belo Horizonte/MG – Brasil – *Contato:
leetmvrocha@gmail.com
2Médica Veterinária no Hospital Veterinário UniBH – Belo Horizonte/MG – Brasil
INTRODUÇÃO
O sistema gastrointestinal possui como principal função a digestão dos
alimentos, para que os nutrientes sejam absorvidos e utilizados em todo o
corpo.¹ O processo digestivo inicia quando o animal coloca o alimento na
boca, através de pequenas quantidades das enzimas liberadas, contidas na
saliva. Após, o alimento passa para o estômago e intestino delgado onde
ocorre a maior liberação de enzimas para a digestão e a maior parte da
absorção, havendo ainda, pouca absorção no intestino grosso (IG - ceco,
cólon e reto). A ponto de obter cavalos saudáveis é necessário que a dieta
4 normalmente possuem concentrações média/alta de cálcio e fósforo para
fornecida atenda às necessidades diárias de energia, proteína, minerais e
vitaminas. As exigências são variáveis para cada demanda fisiológica,
como crescimento, lactação, atividade física, diferenças individuais e das
condições do ambiente.²
METODOLOGIA
Foram realizadas buscas em base de dados (PUBMED, PUBVET e
SCIELO), na língua inglesa e portuguesa, de artigos publicados entre os
anos 1995 e 2023. Para isso, foram utilizados os termos de nutrição,
alimentação, nutrientes, trato digestivo, dieta, cavalos.
RESUMO DE TEMA
É de extrema importância incluir forragens (feno, bom pasto) na dieta
dos animais para que seja mantido um bom funcionamento do trato
digestivo. Como regra geral, a exigência de forragem pode ser preenchida
fornecendo- se em torno de 1 % do peso vivo do animal. Em situações
onde se exige muito dos animais ou com fêmeas lactantes, é necessário
fornecer algum tipo de concentrado (pode ser incluído rações comerciais)
que são mais digestíveis do que as forragens. Nesse modo, a formulação
da parte concentrada da dieta deve levar em consideração as exigências
nutricionais da categoria em questão e a proporção dessas exigências
serão preenchidas pela forragem.⁴
O protocolo nutricional de um potro, por exemplo, deve ser iniciado antes
do nascimento: a égua prenha deve ser alimentada com ração balanceada,
com a finalidade de suprir o feto e evitar falhas no desenvolvimento em
vida do animal. Após o nascimento, é de suma importância o leite
materno até o terceiro mês de vida, quando deve iniciar ração balanceada.
Além disso, a suplementação com o sistema creep feeding (dispositivo de
passagem, dentro de um cerco, que dá ao potro o acesso a um cocho
privativo, onde as matrizes lactantes não têm acesso, com ração
concentrada e balanceada) a partir dos dois meses de idade é importante
para minimizar a perda de peso após o desmame. É necessário destacar
também que o potro não possui o ceco totalmente funcional, com isso, a
fibra não é inteiramente digerida, tornando indispensável a
suplementação nesse período.³ Nessa fase, deve ter o máximo de cuidado
na alimentação dos equinos, pois poderão prover de problemas que serão
levados para toda a vida do animal.7
As exigências de manutenção incluem aquelas apenas para manter o
animal, a manutenção de temperatura corporal, circulação sanguínea,
batimentos cardíacos e um "mínimo" de exercício naturalmente
necessário para o bem estar do animal. Estas exigências são diretamente
dependentes do peso vivo do animal, do ambiente (regiões frias ou
quentes) e da eficiência individual dos processos digestivos e
metabólicos.⁴
As exigências podem ser medidas em Megacalorias de Energia Digestível
(ED) e a mudança de peso é a maneira mais fácil de avaliar a adequação
ou não do consumo de energia. A avaliação desse parâmetro deve ser
incorporada na rotina diária de avaliação do animal e deve-se fazer
ajustes no consumo de concentrado entre 10 e 15 % do que está sendo
atualmente consumido para que se consiga o ajuste no ganho ou perda do
peso.⁴
As exigências de proteína para animais em manutenção são baixas e
normalmente podem ser satisfeitas com uma forragem de boa qualidade.
O consumo de proteína acima das exigências é desnecessário, caro e
transformado em energia, podendo prejudicar o animal em determinadas
situações.⁴
Como na maioria dos alimentos (com exceção de rações comerciais) os
níveis de sódio são abaixo das exigências, sugere-se que seja oferecido
um sal mineralizado de boa qualidade aos animais.As forragens
animais em manutenção. Dietas onde a relação cálcio : fósforo esteja
entre 1,5 ou 2,0:1 podem ser adequadas para a maior parte das categorias
de animais e nunca deve ser inferior a 1:1. Entretanto, para animais
adultos essa relação pode chegar até 5:1.⁴
Normalmente as exigências de manutenção podem ser satisfeitas também
com uma forragem de boa qualidade. Porém, há variações nas
concentrações de vitaminas entre os vários tipos de alimentos, há perdas
de vitaminas durante os processos usados para fazer a conservação de
alimentos (por ex.: feno) de forma que muitas vezes se faz necessário a
suplementação. Outro aspecto importante é que os equinos sintetizam as
vitaminas do complexo B e para animais em manutenção a
suplementação é praticamente desnecessária.⁴
Um suprimento adequado de água é essencial para os equinos, o conteúdo
de água corporal é relativamente constante (68 a 72% do peso). Um dos
principais fatores influenciando o consumo de água é o consumo de
alimentos (2 a 3 litros de água para cada kg de matéria seca consumida).⁴
A tabela detalha as exigências nutricionais para cavalos com uma média
de peso adulto de 400 kg (NRC,1989).Definindo as quantidades diárias
com base no consumo de alimento por kg ou no peso corporal.²
TABELA 1: Tabela 1: Necessidades diárias de nutrientes das diferentes
categorias de equinos com peso adulto aproximado de 400kg. (Fonte:
Recomendações sobre manejo nutricional para eqüinos criados em
pastagens nativas no Pantanal. 1997). ²
Em ambientes naturais de pastagem, os animais passam cerca de 60% do
tempo se alimentando, intercalando períodos de consumo e descanso com
intervalos de não mais do que 2 a 3 horas de descanso. Em situações
comerciais, onde os animais têm acesso constante à pastagem, esse
comportamento é mantido. No entanto, quando o acesso à pastagem é
limitado, os animais dependem de alimentos conservados, como fenos e
concentrados.4,6
Animais em pastagens podem gastar de 12 a 14 horas diárias se
alimentando, enquanto animais estabulados, que recebem feno e
concentrado, podem fazê-lo em apenas 2 a 4 horas. Quando a dieta é rica
em forragem, os animais em estábulos passam mais tempo se
alimentando, o que pode levar a comportamentos indesejáveis, como
mastigar a madeira das baias, especialmente à noite ou quando a
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forragem na dieta é escassa. Os equinos desenvolveram um padrão de

4,6

alimentação de pequenas refeições várias vezes ao dia devido ao tamanho

relativamente pequeno do estômago. No entanto, é comum observar
criações que fornecem alimento apenas uma ou duas vezes (às vezes três)
ao dia, o que pode não ser o ideal para a saúde dos animais.
4,5

O ambiente adequado de pastagem pode disponibilizar muito mais do que

nutrientes, pois permite a liberdade aos animais para expressarem o
comportamento natural da espécie e contribuem para minimizar o
aparecimento de transtornos aos cavalos, como sérios problemas
digestivos até vícios de comportamento e, consequentemente, alterações
no bem-estar de animais em fazendas de criação e, com maior frequência,
em centros de treinamento.8

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, a nutrição equina, embasada em pesquisas como essas,
demanda uma abordagem holística e personalizada. Isso assegura não
apenas a satisfação das necessidades nutricionais, mas também a
promoção da saúde a longo prazo dos cavalos. É essencial destacar que o
cuidado nutricional desde antes do nascimento até a fase inicial de
crescimento de um potro desempenha um papel fundamental em sua
saúde e desenvolvimento. A atenção à dieta da égua prenha, a transição
cuidadosa para a ração balanceada após o leite materno e o uso do
sistema creep feeding são medidas essenciais. Além disso, a compreensão
das necessidades nutricionais específicas dos potros, incluindo a
limitação do funcionamento do ceco, ressalta a importância da
suplementação adequada. Seguindo essas diretrizes, os criadores podem
promover o crescimento saudável e o bem-estar dos potros, assegurando
um futuro robusto para esses animais. Consultar um profissional de
nutrição equina é fundamental para desenvolver um plano nutricional
personalizado e eficaz.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 HALL, Tiffany L. Medicina Intensiva Gastrintestinal. In: REED,

Stephen M; BAYLY, Warwick M; SELLON, Debra C. Medicina Interna
Equina. 4. ed. [S. l.]: GEN, 2021. cap. Medicina Intensiva, p. 187-189

2 SANTOS, S.A. Recomendações sobre manejo nutricional para eqüinos

criados em pastagens nativas no Pantanal. Corumbá: EMBRAPA-CPAP,
1997. 63p. (EMBRAPA-CPAP. Documentos, 22).

3 SOARES, F.A.P. Nutrição de Potros. Rural pecuária, 04 de dezembro

de 2013. Disponível em: http://ruralpecuaria.com.br/tecnologia-e-
manejo/equinos-muares/nutricao-de-potros.html

4 DE OLIVEIRA, D.E. Aspectos sobre nutrição e alimentação de

equinos. Universidade Federal Fluminense, setembro de 2018.
Disponível em
http://webvideoquest.uff.br/wp-content/uploads/sites/349/delightful-
downloads/2018/09/artigo1-1.pdf

5 Lawrence, L. A. Nutrient Requirements and Balancing rations for

horses. Virginia Cooperative Extension, Publication 406-473, 16p.,
Virginia State University.

6 Lawrence, L. M. and Coleman, R.J. Choosing hay for horses.

Cooperative Extension Service, Publication ID-146, 4p., University of
Kentucky.

7 REVISTA ELETRÔNICA NUTRITIME – ISSN 1983-9006

Manejo nutricional e alimentar de equínos - Revisão
Artigo 174 - Volume 9 - Número 05 – p. 1911 – 1943 - Setembro/
Outubro 2012

8 DITTRICH, J.R. et al. Comportamento ingestivo de equinos e a relação

com o aproveitamento das forragens e bem-estar dos animais. Revista
Brasileira de Zootecnia, 09 de agosto de 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbz/a/mFjjJYyFJS7Jk8nThbWBjNw/#