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KARINE FERNANDA

RAFAEL ANDRADE
NATHALIA CÂNDIDO
RAQUEL MUNIZ

ALIMENTOS E ALIMENTAÇÃO ANIMAL: EQUINOS

Londrina
2023

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SUMÁRIO

1. Introdução................................................................................................ 3
2. Hábitos alimentares da espécie, podem partir, se pertinente, desde á
domesticação.................................................................................................
3. Principais alimentos destinados a espécie, mesmo que seja ração .............
4. Limitações de alimentos para à espécie (fatores anti-nutricionais ou
toxicidade) .....................................................................................................
5. Aditivos alimentares para à espécie ..............................................................
6. Exemplos de dietas completas para a espécie .............................................

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Introdução

Desde 3000 a.C, os equinos sofreram as primeiras tentativas de domesticação e a


partir daí, o cavalo teve um papel importante no desenvolvimento das várias
civilizações, sendo utilizado em diversos trabalhos e diversas condições. Eles
apresentam características anatômicas e fisiológicas adaptadas para a permanência
em pastoreio, o que leva a uma maior seletividade das plantas a serem ingeridas, de
acordo com a palatabilidade, qualidade e oferta.
O equilíbrio quando se trata da alimentação desses animais é um dos pilares para
que os equinos possam mostrar o seu potencial independente da função a qual lhe
foi referida. As exigências nutricionais do cavalo atleta vão depender da intensidade,
duração, tamanho do animal, peso do cavaleiro, dos apetrechos e do esporte
praticado. Dietas errôneas e não balanceadas podem levar a danos na saúde do
animal.

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HÁBITOS ALIMENTARES DA ESPÉCIE:

Pode-se definir a domesticação como a inibição do comportamento natural de uma


espécie para uma adaptação e submissão ao ambiente e convívio com homem. Os
equinos são animais que foram domesticados há cerca de 6 mil anos, para se
adaptar às condições e alimentação o animal precisou desenvolver características
físicas e fisiológicas.
Por serem animais herbívoros, os equinos alimentam-se de vegetais, capins, fenos
e silagens. Alimentos que possuem fibra que são degradadas e transformadas em
fonte de proteína e energia para suprir as necessidades do animal.
Os equinos são animais que podem ser destinados para diversas funções como
esportes como corrida, hipismo e fins reprodutivos e fins alimentícios. Para isso é
necessário então uma alimentação pois estas exigem diferentes funções fisiológicas.
Ou seja, o hábito alimentar do animal depende do seu papel, mas sempre visa o seu
crescimento e fortalecimento.
Para um alimento ser completo é necessário que forneça a quantidade necessária
de proteínas e nutrientes que o indivíduo precisa, estas proteínas e nutrientes
precisam estar em equilíbrio para que haja então uma digestão e degradação
adequada. Uma alimentação inadequada sendo esta positiva ou negativa pode
acarretar diversos problemas em equinos com timpanismo e compactação cecal
sendo causadas devido a alimentação com forragens de má qualidade.
Para desenvolver um hábito alimentar adequado para o equino é necessário então
compreender sua demanda fisiológica para o papel que desenvolve ao homem,
entender o alimento e sua concentração e quantidade ofertada para o animal tal
como mantê-lo hidratado, equinos são animais que necessitam de 3 a 4 litros de
água por KG de matéria seca ingerida, ou seja, é necessário, também um balanço
hídrico associado ao alimento.

Principais alimentos destinados à espécie

O estômago dos equinos como dito anteriormente é pequeno em comparação a


sua estrutura corporal e as outras partes do aparelho digestório. Por isso, a sua
capacidade de ingestão é bastante regulada, o que força o animal a se alimentar em

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pequenas porções, durante muito tempo ao longo de todo o dia. (Junior, 2018).
Vale a pena ressaltar que os equinos possuem algumas particularidades e por isso
sua alimentação deve ser extremamente regulada para que não haja problemas na
sua saúde, os equinos não tem a capacidade de vomitar, então não deve-se
oferecer alimentos em quantidade exagerada. Também não conseguem eructar, e
por isso não deve-se oferecer alimentos que contribuam para a formação de gases.
E seu estômago pode se romper quando está muito cheio de sólidos, líquidos ou
gases. Fazer uma alimentação regulada e tendo conhecimento das suas limitações
diminui o aparecimento de distúrbios gastrointestinais e cólica. (Junior, 2018).
Características que interferem na alimentação dos equinos:

 Raça: A variedade de raças, tem conversão alimentar distintas.


 Idade: Potros absorvem melhor os nutrientes do que os animais velhos
 Peso: Varia de raça para raça, idade, estrutura corporal, categoria e atividade
que o animal pratica. (Junior, 2018)

Volumosos

Alimentos volumosos são aqueles que os alimentos têm baixo valor energético por
conta do seu alto teor de fibra, e possui mais de 18% de fibra bruta (FB). Ainda é
dividido em forragens secas e aquosas. As secas são, por exemplo: feno, palha e
casca. Enquanto as aquosas são: silagem, pastagens, raízes e tubérculos.

Esses alimentos são essenciais para os equinos, por serem herbívoros e pelo alto
teor de fibras, o que melhora a sua digestibilidade. Todo alimento volumoso ou
forrageira é composto por uma porção de água e outra de matéria seca, onde são
encontrados nutrientes como proteína bruta(PB), minerais, fibra bruta (FB), entre
outros. Os volumosos podem ser encontrados em:

 Pasto: Forragem verde ou in natura, livremente pastejada pelo animal.


 Capineira: Local de produção de forrageiras para corte e depois para a
picagem que será fornecido ao animal.
 Feno: Forragem desidratada, que têm umidade em torno de 15 a 20%, que
pode ser armazenada e usada no período de seca (o feno pode ser feito de
pasto nativo ou de plantas forrageiras cultivadas, o processo de fenação pode
ser feito com gramíneas de diferentes variedades como, Coast-Cross e Tifton
85, além de leguminosas como a alfafa. (Junior, 2018).

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Os alimentos volumosos ainda são divididos em gramíneas, no qual possuem alto
teor de fibra e boa resistência ao pisoteio. E as leguminosas, que possuem melhor
teor de proteína, melhor palatabilidade e baixa resistência ao pisoteio. (Junior,
2018). O quadro a seguir mostra algumas das principais características das
gramíneas:

(fonte: Junior, 2018)

Concentrados

Esses alimentos possuem teor de fibras menor do que o de volumoso, no entanto


apresentam maior teor de energia, por conta da sua constituição dos grãos utilizados
em sua elaboração. Esses alimentos apresentam menos de 18% de fibra bruta (FB)
e mais de 60% de nutrientes digestivos totais. São divididos em proteicos (maior que

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20% de FB; exemplos: vegetais, tais como soja, amendoim, algodão. E os animais,
como farinha de carne, peixe e sangue) e energéticos (menos que 20% de FB;
exemplos: grãos, cereais, milho, arroz, trigo, sorgo, aveia). (Junior, 2018). O
próximo quadro irá mostrar os principais insumos usados nos concentrados
comerciais:

(Fonte: Junior,
2018)

Deve-se observar o equino após fornecer alimentos concentrados, pois:

 A necessidade do animal em relação ao concentrado varia de 0,5 a 1,5 de


seu peso vivo (PV), dependendo do seu estágio fisiológico, do tipo de
trabalho, idade, dentre outros fatores.

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 A quantidade de alimento deve ser fornecida em várias refeições ao longo do
dia, não devendo passar de 2 kg cada uma dessas refeições.
 O fornecimento de concentrado deve ser intercalado com o de volumoso.
 O concentrado não deve ficar no cocho por períodos longos. (Junior, 2018)

(fonte: PRODAP)

Água

Em condições normais, o equino ingere de 38 a 46 litros de água por dia, podendo


aumentar de acordo com a demanda de trabalho, temperatura ambiente, condição
fisiológica ou mesmo a categoria animal. Uma égua em lactação ingere até 70% a
mais de água por dia, e um animal em trabalho moderado pode ingerir entre 60 e
80% a mais de água, enquanto um animal em trabalho pesado pode aumentar sua
necessidade para até 120% a mais do que seria ingerido em repouso. (Junior, 2018)

Minerais

São elementos inorgânicos essenciais para que o organismo exerça suas funções.
A necessidade dele na dieta varia com a idade, sexo, ciclo reprodutivo e estado
fisiológico. Os equinos precisam de macrominerais (cálcio, fósforo, sódio, cloro,
potássio, enxofre e magnésio), exigidos em maiores quantidades, e de
microminerais (iodo, ferro, cobalto, cobre, manganês, selênio, zinco), em menores
quantidades. São fornecidos na forma de suplemento mineral e sal mineral.

As necessidades de sal vêm com as perdas, principalmente pela sudorese. Para


os equinos, utiliza-se sal mineral específico, que é diferente do sal mineral que é
dado aos bovinos, pois possui elementos tóxicos. (Junior, 2018)

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Energia

A energia é fornecida na dieta dos cavalos através do amido e dos outros


carboidratos solúveis dos grãos de cereais, pela celulose dos alimentos volumosos
(pasto, feno e palhas) e da porção fibrosa dos cereais. Outra fonte energética é a
gordura, que pode ser usada na taxa de até 20% da dieta. (Santos, 1997)

Alimento para cada categoria:

 Estabulados: a última refeição deve ser de volumoso.


 Os equinos são muito sensíveis a qualquer alteração brusca de sua
alimentação, por isso é necessário que seja gradativa.
 Garanhão: No período de monta, o reprodutor precisa de uma alimentação
balanceada com 30% a mais de energia e 20% a mais de proteína, para que
mantenha um bom estado corpóreo.
 Éguas vazias: São mantidas a pasto com suplementação mineral (sal no
cocho).
 Éguas gestantes: Varia de acordo com o período gestacional e as condições
da pastagem. Deve-se evitar excesso de proteínas nos três últimos meses de
gestação, para não gerar efeitos maléficos a reprodutora e o feto.
 Potros e potrancas desmamados entre 06 - 12 meses: Deve-se fornecer
alimentos concentrados, sal mineral e suplementos.
 Animais em manutenção: São animais de passeio e trabalho leve. Sua
alimentação é básica, com uma pastagem de boa qualidade, sal mineral no
cocho e água limpa e fresca.
 Animais idosos: Deve-se dar atenção às condições da cavidade oral, já que
qualquer alteração ou deficiência pode dificultar a mastigação. (Junior, 2018)

Alimentos específicos e mais utilizados na alimentação dos


equinos de forma geral

Feno de Alfafa

A alfafa (Medicago sativa L.) é uma leguminosa forrageira que se destaca das
demais forrageiras pela alta qualidade da forragem produzida. Pode ser utilizada
como pastejo, na forma de verde picado, feno ou silagem. O potencial produtivo da

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alfafa atinge em média 15 ton. de matéria seca/ano, com um teor de proteína bruta
variando de 22 a 25% na MS. (Perali, 1999)

O feno de alfafa pode ser fornecido aos animais em ramos inteiros ou picado em
pedaços, mas não pode ser usado em farelos. Essa picagem é para um melhor
aproveitamento do produto, fazendo com que não haja seleção feita pelos animais.
Outras formas de comercialização do feno de alfafa são peletes e tabletes. Os fenos
de leguminosas são melhores em valores nutricionais em comparação aos fenos de
gramíneas. Feno de alfafa é um dos que apresenta melhor valor nutricional. (Perali,
1999)

Polpa Cítrica

A polpa cítrica é um subproduto da produção de suco de laranja concentrado, no


qual aumenta a conversão alimentar e a digestibilidade da matéria seca e da
proteína bruta. A matéria seca da polpa cítrica é composta por 60 a 65% de casca,
30 a 35% de bagaço e uma pequena quantidade de sementes. (Perali, 1999).

A polpa cítrica pode ser adicionada em concentrados para equinos, em níveis de até
28% de inclusão, sem causar efeitos maléficos a sua digestibilidade (Tribucci, 2018).

Aveia (Avena sp.)

Pertence à família das gramíneas, exigente em água, e com excelente capacidade


de produção de massa verde, a aveia se destaca por sua excelente qualidade
nutricional para equinos, já que apresenta valor mais elevado em relação aos outros
cereais. (Souza, 2013).

É alimento básico dos cavalos de corrida, já que forma uma massa fofa no
estômago dos equinos, sendo facilmente adaptável e digestível. Destaca-se entre os
outros cereais por seu teor e qualidade proteica, que varia de 12,40 a 24,50% no
grão descascado. Possui alta porcentagem de lipídios (fonte de energia maior que
de carboidratos) que varia de 3,10 a 10,90%, distribuídos por todo o grão, possuindo
mais ácidos graxos insaturados. Seu teor proteico é superior aos demais cereais
(18%) (Souza, 2013).

Milho (Zea mays)

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Depois da aveia, o milho é o grão mais utilizado para alimentar os equinos.
Estudos demonstram que, para animais de trabalho, o milho atende as exigências,
mas tem que estar suplementado com um bom feno de leguminosas. O milho pode
ser fornecido aos animais de várias formas: espigas totais,espigas sem palhas,
debulhado, em quirera, moído, desintegrado com palhas, sem palhas, e etc. (Perali,
1999).

O milho é rico em energia e pró-vitamina A (betacaroteno) e pigmentantes


(xantofila). Mas por outro lado é pobre em proteína, como a lisina (PB representa 9%
na matéria seca), além de baixos valores de triptofano, cálcio, riboflavina, niacina e
vitamina D. Além disso, o milho é composto por 61% de amido, 19% de glúten, 4%
de gérmen, e 16% de água. Os equinos comem o grão inteiro. (Souza, 2013).

Cana-de-açúcar (Sacharina)

O uso da cana-de-açúcar na alimentação de equinos é uma prática muito utilizada


especialmente em épocas de seca. Há também uma prática conhecida, que é a
mistura de cana e uréia, pesquisas mostram elevada tolerância dos equinos a níveis
elevados de uréia. (Perali, 1999).

A sacharina é um alimento energético-protéico, proveniente da fermentação da


cana-de-açúcar em estado sólido, ocorrendo uma queda de carboidratos solúveis e
a transformação do nitrogênio não protéico. Na uréia, a transformação ocorre em
nitrogênio protéico, por conta do crescimento da microbiota da cana, que resulta em
proteína microbiana de alta qualidade. Alguns microrganismos que causam essa
fermentação são leveduras; como por exemplo: Cândida e bactérias dos gêneros
Micrococcus, Staphylococcus, Klebsiella e entre outras. (Perali, 1999).

Sorgo (Sorghum bicolor L. Moench)

Fornecido aos animais na forma de forragem, silagem ou grãos. O grão de sorgo


apresenta composição semelhante ao milho, porém com menor teor de energia e
maior de proteína, em que o teor de proteína bruta (PB) varia de 9 a 13%, e pode
conter menor teor de caroteno. É fornecido aos equinos na forma de forragem.
(Souza, 2013).

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Farinha de carne e ossos

É um subproduto da extração de gorduras a partir de ossos e outros tecidos da


carcaça de animais. Este produto é moído, cozido, prensado para extração da
gordura e novamente moído. Não deve ter sangue, cascos, unhas, chifres, pêlos e
conteúdo estomacal. (Souza, 2013)

Limitações de alimentos para à espécie

Há alguns fatores dos alimentos fornecidos para equinos, que podem mudar seu
valor nutricional . O valor nutricional do feno fornecido ao animal, pode mudar de
acordo com sua espécie e o estágio de maturação que o feno está ao corte
Diferentes espécies de plantas originam fenos diferentes. Fenos de leguminosas
(alfafa, trevos) possuem maior taxa de NDT, proteína e cálcio quando comparados
com fenos de gramíneas (tifton, aveia). As diferentes espécies também podem
resultar em diferenças estruturais no feno. A alfafa quando cortada e exposta ao sol,
seca primeiro as folhas em relação às hastes, o que pode fazer com que haja uma
perda do valor nutricional pela perda das folhas durante o manuseio. Outro aspecto
que influencia a qualidade do feno é o estádio de maturidade em que a planta foi
cortada. Fenos de plantas cortadas em estádio vegetativo (novas) possuem uma
textura suave, mais folhas, alta densidade nutricional e maior palatabilidade. Plantas
cortadas em estádios mais avançados de maturidade serão mais grosseiras, terão
uma maior relação haste : folha e consequentemente menor valor nutricional e
menor palatabilidade, na qual pode limitar o animal a digerir o alimento . Algumas
plantas podem estar contaminadas de agentes infecciosos, o que pode acarretar em
toxicidade do animal . Um exemplo, é a ingestão de alimentos contaminados por
Claviceps purpurea em éguas prenhes, podendo causar ergotismo e quadros mais
graves de aborto .

O ergotismo é caracterizado por uma intensa e generalizada vasoconstrição de


vasos sanguíneos de pequeno e grande calibre, e pode ser causado pela ingestão
do fungo Claviceps purpurea (esporão-do-centeio). Na qual, causa falta de
desenvolvimento da glândula mamária e agalaxia, liberação prematura do
corioalantóide (placenta prévia), placenta aumentada de peso, engrossada e acaba
tendo um aspecto fibroso, tem gestação prolongada, parto distócico ou dilatação e
contrações diminuídas. Os potros nascem apresentando debilidade, ausência do

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reflexo mamário e icterícia discreta. A mortalidade neonatal pode ser superior a
50%. A doença ocorreu em éguas PSI que estavam sendo alimentadas com grãos
de aveia que estavam contaminados com grãos de azevém infectados por C.
purpurea . O desequilíbrio Ca:P na alimentação, pode gerar uma série de distúrbios,
entre elas está a osteodistrofia fibrosa de origem nutricional ocorre em consequência
do consumo de dietas ricas em fósforo e baixas em cálcio. Pode ocorrer, também,
por dietas deficientes em Ca ou vitamina D e pela ingestão de oxalatos.
O desequilíbrio na relação Ca: P, onde o fósforo está em nível elevado, ocorre em
animais que são alimentados com dietas ricas em grãos ou subprodutos de grãos, e
que não são suplementados com Ca. Devido à hiperfosfatemia, ocorre estímulo das
paratireóides com hipersecreção de paratormônio, causando reabsorção óssea, para
elevar a calcemia. Com o estímulo constante das paratireóides, o osso é reabsorvido
e substituído por tecido conjuntivo fibroso. A osteodistrofia fibrosa, geralmente,
ocorre a diminuição da resistência ao corte e substituição por tecido mole de aspecto
gelatinoso e avermelhado, irregularidades nos cascos e má oclusão dentária,
principalmente dos incisivos. A ingestão de plantas, que contêm oxalatos, causa
osteodistrofia fibrosa. Nesse caso, há uma deficiência de cálcio, por que o mesmo
não está disponível para absorção, em consequência de estar na forma de oxalato
de cálcio, levando, também, à hipocalcemia e hiperparatireoidismo. Nas áreas de
cerrado do Brasil Central, têm sido observados eqüinos com desenvolvimento
retardado, baixo desempenho no trabalho, claudicações, emagrecimento e fratura de
membros, em pastagens de Brachiaria humidicola, as quais contêm elevados
níveis de oxalato e baixos níveis de cálcio .
Além disso, a intoxicação por compostos químicos como a Ureia e o Iodo, é um
fator bem importante de se analisar, pelo fato do uso desses componentes na
suplementação da dieta de equinos.

Intoxicação por uréia


A doença foi diagnosticada em eqüinos no ano de 1987, no município de
Camaqüã, Rio Grande do Sul, em uma criação de cavalos da raça Crioula. Os
animais estavam estabulados e cada um recebia diariamente 40 kg de azevém
cortado e 7 kg de ração, contendo 70% de milho e 30% de soja. Um dia antes do
aparecimento dos primeiros animais doentes, a pastagem de azevém havia recebido
adubação nitrogenada, na dose de 30 kg por hectare .

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De um total de 12 cavalos de diferentes idades, 10 foram afetados. Dos 3
primeiros animais doentes, dois estavam em coma e foram sacrificados. O terceiro
animal apresentou severa depressão, incoordenação motora e alterações
proprioceptivas da marcha; permaneceu doente durante vários dias, recuperando-se
lentamente, sendo que 5 dias após o aparecimento dos primeiros sinais clínicos,
ainda eram observados discreta incoordenação e alguns tremores localizados. Os
demais animais apresentaram diversos graus de incoordenação motora e
depressão. A recuperação, nesses animais, variou de 24 a 48 horas . Nas
necropsias, não foram observadas lesões macroscópicas importantes. Ao exame
histopatológico, observou-se, no fígado, congestão e vacuolização fina do
citoplasma dos hepatócitos da região centrolobular e, no sistema nervoso central,
discreta espongiose localizada principalmente na substância branca dos tubérculos
quadrigêmeos e cápsula interna. As rações contendo farinha de soja, aumentam a
liberação de amônia, pois a soja possui uma urease que facilita o desdobramento de
uréia em amônia. A intoxicação pela uréia, ocorreu provavelmente devido à alta
concentração de uréia no azevém e, talvez, pela combinação com a soja da ração,
que facilitou a rápida liberação da amônia.

Intoxicação por iodo


Em um haras, no Rio Grande do Sul, no qual os potros foram suplementados com
700 mg diários de iodo, e as éguas com 350 mg diários, sendo a suplementação
realizada mediante a administração de sal com 2% de iodeto de potássio . De 35
éguas prenhes, 17 abortaram e todos os potros abortados apresentaram as tireóides
aumentadas de tamanho . Um potro morreu imediatamente após o parto. Outros,
com marcada debilidade e com as tireóides aumentadas, foram sacrificados. Outro
potro foi sacrificado aos 3 meses de idade em consequência da fratura de um dos
membros anteriores. Nas necropsias, os potros apresentaram marcada
osteopetrose, principalmente dos ossos metacarpianos e metatarsianos, que
apresentavam estreitamento da cavidade medular. Foi observado também alta
incidência de claudicações, falha no fechamento da placa epifisária e alterações nos
aprumos. Após a retirada da suplementação com iodo, os potros nascidos 6 a 8
semanas após, não apresentaram bócio e estavam aparentemente normais .

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ADITIVOS ALIMENTARES DA ESPÉCIE

A utilização de altas quantidades de grãos na dieta dos equinos leva ao consumo


excessivo de amido, alterando populações microbianas e produtos fermentativos.
Essas alterações podem acarretar o comprometimento da barreira gastrointestinal e
ter consequências graves para a saúde equina. Assim, os aditivos alimentares vêm
ganhando grande importância para minimizar os efeitos negativos da alta inclusão
de amido. Por exemplo, os componentes da planta Macleaya cordata vêm sendo
utilizados na alimentação animal por possuírem efeitos biológicos múltiplos, entre
eles, anti-inflamatório e antibiótico.

Exemplos de dietas completas para equinos


Quando alimentamos um equino, precisamos entender como funciona o sistema
digestivo, incluindo limitações físicas e áreas importantes de digestão e absorção. O
manejo alimentar adequado para os equídeos de determinada categoria seja na
mantença, atendimento nutricional energético para realização de exercícios físicos
mais intenso ou para uma égua pós parto, são de extrema importância para que se
atenda às exigências nutricionais diárias como energia, proteína, fibras, minerais e
vitaminas.
Um dos principais critérios de avaliação das dietas dos equídeos é a concentração
plasmática de glicose e insulina, já que a glicose é a fonte principal de energia, e a
insulina permite que a glicose passe do sangue e entre na célula, ou seja, a insulina
permite que a glicose seja utilizada. Ralston e Baile (1982), afirmaram que a
resposta glicêmica, que é aumentada após a ingestão do alimento, pode ser
influenciada pelo tamanho da partícula, e também pelo grau de processamento
térmico, que podem ser encontradas nas rações em forma de farelo, pellets ou
extrusada. É importante saber que o cavalo é um animal herbívoro, ou seja, que se
alimenta especialmente de volumoso (forragem in natura e feno), portanto, ração e
suplementação não devem ser a principal e única alimentação do animal (BIRD,
2004).
A necessidade de consumo das fibras longas na alimentação dos equinos é
essencial para um bom trânsito do trato digestivo, sendo essas fibras advindas dos
alimentos volumosos que não são triturados em pequenas porções, elas estimulam

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o peristaltismo e diminuem o risco de acidose metabólica. O capim oferecido da
forma mais natural possível é um passo para uma boa digestão e aproveitamento do
volumoso (CINTRA, 2011). Os cavalos por possuírem ceco e cólon desenvolvidos,
apresentam uma alta capacidade de aproveitar os alimentos fibrosos de boa
qualidade, principalmente se o alimento conter fibra altamente fermentescível como,
polpa de beterraba e casca de soja que por sua vez possuem pectina em sua
composição o que fornece energia para ao animal.
Para proporcionar bom desempenho atlético ou alto nível técnico desportivo em
equinos, a alta quantidade de grãos de cereais para atender as exigências
energéticas podem influenciar negativamente a capacidade digestiva intestinal
devido aos elevados teores de amido, acarretando no aumento de carboidratos
rapidamente fermentáveis no ceco-cólon e consequentemente contribuindo com a
ocorrência de alterações digestivas e metabólicas, tais como enterotoxemias, cólicas
e laminites (ARRUDA et al., 2008). Dessa forma, animais de esporte ou trabalho
devem receber no mínimo 50% da dieta um volumoso, e a ração/concentrado e
suplementos devem ser apenas um complemento. Para animais em manutenção, a
quantidade de volumoso na dieta pode chegar a 100%, sendo assim o animal
recebe apenas o alimento volumoso e sal mineral para reposição de macro e
micronutrientes (MEYER, 1995; FRAPE, 2008). Na tabela 1, é possível visualizar
recomendações nutricionais diárias para cavalos com um peso médio de 500 kg em
manutenção e associação de diferentes intensidades de exercício (adaptado de
INRA (2015)).

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Tabela
1.

Os aminoácidos lisina e metionina são essenciais para o cavalo devido ao fato de


que o organismo não os sintetiza, também são necessários para manter o
organismo em pleno funcionamento. A suplementação com eletrólitos, como cloro,
sódio, potássio, cálcio e magnésio é muito importante para cavalos atletas, uma vez
que são eliminados no suor. Por isso, é essencial escolher rações e sal mineral
balanceados e específicos para os animais em exercício. Na categoria de equinos
atletas, as necessidades são essencialmente energéticas. A ração pode ter de 11 a
12% de proteína bruta e o extrato etéreo pode chegar a 10%. Quanto maior o extrato
etéreo, menor deverá ser a quantidade de ração oferecida (maior energia por kg de
produto). As quantidades variam conforme a qualidade da ração e a intensidade do
trabalho, de leve e muito intenso. Podem ser de 0,6 a 1,0% do peso vivo em ração.
Na tabela 2, é possível ter o conhecimento de concentrados comerciais com seus

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respectivos níveis de garantia para a alimentação de equinos. Um exemplo de dieta
para um equino atleta que reside em baia: 2kg de ração FortEqui Atleta as 7h + 3-4
kg de feno ou capim à 13h + 2kg de Ração junto com suplemento às 17h e ao final
do expediente do tratador a possibilidade de 3-4 kg feno ou capim.

Tabela 2.

18
Conclusão

19
REFERÊNCIAS
JUNIOR, J.M.D.S. Equideocultura: manejo e alimentação. Coleção SENAR,
Brasília, v. 185. n 185. p. 5-124, out/2018. Disponível em: www.senar.org.br. Acesso
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REVISTA ELETRÔNICA NUTRITIME – ISSN 1983-9006 www.nutritime.com.br
Manejo nutricional e alimentar de equínos - Revisão Artigo 174 - Volume 9 -
Número 05 – p. 1911 – 1943 - Setembro/ Outubro 2012

ZANINE, AM et al. Comparação dos hábitos alimentares de equídeos sob pastejo.


Arco. zootec. , Córdoba, v. 58, nº. 223, pág. 459-462, set. 2009. Disponível em
<http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-
05922009000300016&lng=es&nrm=iso>. acessado em 19 de abril 2023.

Comportamento estereotipado em Equinos como consequência do Manejo


Nutricional Ferreira da Luz, M.P.; Bertoloni, A. V.; Krieck, A.M.T.; Porto, L.P.; Silva,
E. S. M; Surian C.R.S.; Puoli-Filho, J.N.P.; Chiquitelli Neto, M.

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