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A disciplina Tecnologia dos Alimentos tem como principal objetivo promover o enten-
dimento do aluno sobre as áreas de atuação ligadas ao desenvolvimento de alimentos
adequados, assim como sobre a importância da tecnologia empregada nessa atividade.
O aluno compreenderá as bases da ciência que estuda a microbiologia dos alimentos e os
principais patógenos associados à deterioração e contaminação. Com isso, entenderá a
necessidade de controles específicos.
Serão descritos, ao logo do curso, os procedimentos adequados de controle de quali-
dade durante todo o processo de manipulação e produção, assim como de técnicas de
conservação de alimentos de origem animal e vegetal.
O aluno conhecerá procedimentos sobre o desenvolvimento de novos produtos e de em-
balagens específicas a serem utilizadas nos alimentos.
Ao finalizar o curso, o aluno entenderá a necessidade de desenvolver produtos tecnolo-
gicamente corretos, respeitando normas e procedimentos e garantindo a qualidade do
que é oferecido ao seu cliente.
DADOS DO FORNECEDOR
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da
área de conhecimento trabalhada.
Sintetizando............................................................................................................................ 36
Referências bibliográficas.................................................................................................. 37
Armazenamento adequado.................................................................................................. 63
A importância do armazenamento adequado............................................................. 63
Condições ideais de armazenamento........................................................................... 65
Sintetizando............................................................................................................................ 68
Referências bibliográficas.................................................................................................. 70
Leite......................................................................................................................................... 74
Qualidade . ....................................................................................................................... 75
Conservação e processamento .................................................................................... 77
Pasteurização................................................................................................................... 78
Beneficiamento................................................................................................................. 79
Evaporação........................................................................................................................ 82
Sintetizando.......................................................................................................................... 102
Referências bibliográficas................................................................................................ 103
Sintetizando.......................................................................................................................... 133
Referências bibliográficas................................................................................................ 135
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1239455495907797
1 TECNOLOGIA,
DETERIORAÇÃO,
CONSERVAÇÃO
E ANÁLISE DE
ALIMENTOS
Tópicos de estudo
Fundamentos da tecnologia Análise sensorial de novos
dos alimentos produtos
Método analítico
Microbiologia dos alimentos Outros métodos
Bactérias
Vírus transmitidos por alimentos
Vermes e micotoxinas
CURIOSIDADE
Um bom exemplo de fermentação é o da produção de queijos. O processo
modifica o sabor, a textura e até a digestibilidade do produto. Os micror-
ganismos de interesse para os cientistas de alimentos incluem, em sua
maioria, bactérias, leveduras e fungos.
Microrganismo Tamanho
Levedura 8 - 8 μm
Protozoário 5 - 20 μm
Trichinella 0,1 - 4 mm
Fonte: CAMPBELL-PLATT, 2015, p. 118.
CURIOSIDADE
Há tipos de deterioração que os consumidores aceitam e gostam muito,
como as ligadas à produção de vinho, cerveja, iogurtes e queijos. Nes-
ses casos, há fermentações bacterianas que não tornam o consumo
nocivo à saúde.
Bactérias
O tamanho e o número de células podem ser diferente de uma bactéria
para a outra, de maneira que suas formas e velocidade de crescimento tam-
bém podem variar. Por exemplo, a Escherichia coli e a Salmonella enterica cres-
cem como bacilos curtos; a Bacillus megaterium, a Clostridium perfringens e a
Clostridium botulinum crescem como bacilos grandes; já as células de Strepto-
coccus crescem em cadeias de células esféricas chamadas cocos, ao passo que
Gram-positivas Gram-negativas
Bacillus E. Coli
Clostridium Salmonella
Staphylococcus Pseudomonas
Lactococcus Campylobacter
Streptococcus Actinobacter
Listeria Shigella
Lactobacillus Vibrio
Enterococcus Yersinia
CONTEXTUALIZANDO
O tipo de toxina A tem sido relacionado com a maioria dos casos de mortes.
Nos hospitais modernos e com aparelhos sofisticados, as taxas de mortalida-
de, mesmo com cuidados rápidos e até imediatos, variam em torno de 20%.
Bacillus cereus
Os sintomas da intoxicação por Bacillus cereus são muito similares à intoxi-
cação por S. aureus. O organismo também sofre com diarreia, vômitos e dores
abdominais intensas, sendo que o período de incubação pode variar entre oito
e 16 horas e os sintomas podem durar até 24 horas.
Vermes e micotoxinas
Os vermes ou protozoários podem ser ingeridos por meio de alimentos ou
água contaminados, e se alojarem em diferentes órgãos. Eles se alimentam,
principalmente, de sangue ou de conteúdo intestinal e podem causar uma sé-
rie de prejuízos à saúde do hospedeiro.
Parasitoses intestinais são muito comuns durante a infância, principalmen-
te em áreas rurais e periferias com falta de saneamento básico e condições
precárias de higiene e saúde pública.
Grande parte da população, de diferentes cidades ao redor do mundo, pode
estar contaminada com giárdia, por exemplo. Isso ocorre devido às infestações
de ratos e, consequentemente, às contaminações de água.
Cistos pequenos podem ser eliminados juntos às fezes em um período en-
tre três semanas e um ano após a contaminação. Estes cistos podem se disse-
minar por meio do esgoto, permanecendo ativos por até três meses.
Os cistos de giárdia são resistentes ao cloro, mas são mortos por aqueci-
mento em temperaturas de cozimento adequadas. Sendo assim, o controle de
temperatura de cocção e o controle de qualidade da água são medidas efetivas
para evitar a contaminação dos alimentos.
Solitárias (Taenias) são transmitidas por meio de alimentos de origem ani-
mal, como carnes de porco malcozidas. Os estágios larvais ocorrem nos ani-
mais e a solitária adulta se desenvolve apenas nos seres humanos. Anemias,
dores abdominais e irritações intestinais são alguns dos sintomas. Cistos de
ténia podem seguir para o cérebro, levando à epilepsia e até à morte.
Outro parasita transmitido por carnes de porco malcozidas é o Trichinella spi-
ralis. Os vermes podem atingir músculos e causar muita dor, inflamação e febre.
Método analítico
O método analítico consiste em uma análise descritiva. É muito útil para que
o pesquisador identifique similaridades e diferenças entre produtos.
Os métodos analíticos descritivos requerem que os avaliadores escolhidos
para o teste tenham um certo grau de formação ou orientação, além de um
nível razoável de acuidade sensorial.
Uma metodologia analítica utilizada é o teste de discriminação, que pode
ser ainda classificado como direcional e não direcional.
Um exemplo do teste de discriminação direcional é o
teste pareado. Nesse teste, duas amostras codificadas
são apresentadas e o sujeito deve identificar a
amostra que tem mais do ingrediente ou subs-
tância que está sendo testada. Esse teste teve
mais utilidade antes do desenvolvimento e
aprimoramento de técnicas da indústria ali-
mentícia (Figura 4).
Existem dois produtos codificados. A tarefa é indicar qual é o mais doce. Circule o
código no espaço fornecido
A/não A (versão B)
( )Igual ( )diferente
Figura 4. Teste pareado de discriminação analítica sensorial. Fonte: CAMPBELL-PLATT, 2015, p. 347.
R 813 921
Figura 6. Teste duo-trio de discriminação analítica sensorial. Fonte: CAMPBELL-PLATT, 2015, p. 347.
Figura 7. Teste duo-standart de discriminação analítica sensorial. Fonte: CAMPBELL-PLATT, 2015, p. 348.
Outros métodos
O método Spectrum é mais recente. Nele se avalia textura, sabor e outras
modalidades de atributos dos produtos. Há um amplo treinamento dos parti-
cipantes nas escalas de avaliação, vocabulários e processos sensoriais, além
de exposição ampla à variedade de produtos e escalas de intensidade. Esse
método, apesar de utilizar uma análise estatística detalhada, também não
pode reconhecer o motivo de algumas diferenças individuais na percepção
de cada pessoa.
O Free-Choice Profiling (FCP) é um método bem diferente, feito sem o trei-
namento e seleção de avaliadores. Ele não obtém tantas vantagens, visto que
os avaliadores precisaram de mais tempo para compreender os testes.
Há, também, uma versão de análise descritiva chamada análise do perfil
dos atributos (APA), que incluiu escalas de intensidade de sete pontos para pos-
sibilitar o tratamento estatístico dos resultados. Também temos o Quantitative
Flavor Profiling, como um método híbrido baseado no perfil de sabor e na
adequação (CAMPBELL-PLATT, 2015, p. 353).
A metodologia de análise descritiva evoluiu muito e ainda irá se aprimorar,
conforme o aumento de sua aplicação. Com a evolução das diversas áreas da
2 TECNOLOGIA DE
ALIMENTOS DE
ORIGEM VEGETAL
E CONTROLE DE
QUALIDADE
Tópicos de estudo
Deterioração, beneficiamento Armazenamento adequado
e conservação de alimentos de A importância do armazena-
origem vegetal mento adequado
Deterioração Condições ideais de armaze-
Beneficiamento namento
Conservação
Deterioração
A deterioração de frutas ocorre principalmente após a contaminação por
fungos ou bactérias que podem vir do ar, da água, do solo e da manipulação
por seres humanos ou animais. O armazenamento inadequado contribui ainda
mais para que a fruta, contaminada por esses microrganismos, seja deteriora-
da com rapidez.
CURIOSIDADE
Importante ressaltar que bactérias do gênero Erwinia e Pectobacterium,
pertencentes à família Enterobacteriaceae, crescem e se multiplicam com
poucos nutrientes e em temperatura de até 10 ºC. Já as bactérias do gênero
Pseudomonas podem danificar alimentos vegetais estocados em uma tempe-
ratura baixa, em torno de 4 ºC.
Beneficiamento
O benefi ciamento de frutas e hortaliças é feito após a colheita, e tem
como objetivo principal estender a vida de prateleira desses alimentos, que
são considerados altamente perecíveis. Com o benefi cia-
mento, é possível disponibilizá-los em diferentes épocas
do ano, sem restrições em relação à sazonalidade. Além
disso, eles podem se tornar mais adequados a passar pelo
processo de exportação.
Principais etapas
Recebimento (1)
Seleção (2)
Limpeza (3)
Lavagem e secagem (escovação)
Classificação (5)
Embalagem (6)
Resfriamento ** (7)
Carregamento (8)
Transporte (9)
Consumidor (10)
Conservação
Diversos procedimentos para conser vação de frutas e hortaliças têm
sido empregados com a finalidade de garantir a qualidade do produto
oferecido ao cliente final e evitar perdas e prejuízos financeiros aos pro-
dutores e à indústria alimentícia.
Importante ressaltar que o beneficiamento adequado, respeitando os
padrões sanitários, assim como o transporte e armazenamento adequa-
Análise de risco
A análise de risco pode determinar os controles necessários para mi-
nimizar e até evitar possíveis riscos oferecidos por alimentos. A Figura 1
traz a interação entre os componentes da análise de risco:
Comunicação de risco
Figura 1. Interação entre os componentes de análise de risco. Fonte: CAMPBELL-PLATT, 2016, p. 372.
Ameaça:: um agente biológico, químico ou físico presente em (ou na condição de) alimentos, que
Ameaça
tenha potencial de causar efeito adverso à saúde.
Risco
Risco:: uma função de probabilidade de um efeito adverso à saúde e da gravidade desse efeito,
consequente à(s) ameaça(s) presente(s) nos alimentos.
Análise do risco
risco:: processo que consiste em três componentes: avaliação do risco, gestão dos
riscos e comunicação do risco;
Avaliação do risco:
risco: um processo de base científica, que consiste nas seguintes etapas: (i) identi-
ficação da ameaça; (ii) caracterização da ameaça; (iii) avaliação da exposição e (iv) caracterização
do risco.
Comunicação do risco:
risco: troca de informações e opiniões que ocorre ao longo de todo o processo
de análise do risco, fatores relacionados aos riscos e suas percepções, envolvendo assessores
de riscos, gestores de riscos, consumidores, indústria, comunidade acadêmica e outras partes
interessadas, incluindo a explicação dos achados de avaliação do risco e a base das decisões de
gestão de riscos.
Legislação
A legislação de alimentos é constituída por textos legais que estabelecem o
controle de alimentos de um país, por intermédio dos aspectos da produção,
manipulação e comércio de alimentos adequados.
As regulamentações de alimentos são instrumentos legais subsidiários, nor-
malmente instituídos por um ministro, e não por parlamentares, que prescre-
vem requisitos obrigatórios, aplicáveis a vários aspectos da produção, manipula-
ção, marketing e comercialização de alimentos (FAO, 2006, p. 39).
Os padrões de alimentos são procedimentos e diretrizes nacional ou internacio-
nalmente aceitos (voluntários ou obrigatórios) que se aplicam a diversos aspectos
da produção, manipulação, marketing e comercialização de alimentos, para intensi-
ficar e/ ou garantir a segurança e a qualidade dos alimentos (FAO, 2006, p. 39).
Documentos que regulamentam práticas por empresas produtoras, manipuladoras
e que comercializam alimentos devem abranger uma estrutura bem completa. Esses
documentos precisam conter definições claras dos termos utilizados, quais autoridades
são competentes para inspecionar e fiscalizar, as penalidades aplicáveis para evitar pos-
síveis violações às regras e os controles mínimos necessários para cada etapa na cadeia.
Sempre que surgem novas informações sobre potenciais riscos, avanços na
tecnologia de alimentos e novas substâncias, documentos técnicos devem ser
atualizados ou reformulados.
As inspeções em alimentos são realizadas por agentes do governo ou por organiza-
ções que foram oficialmente reconhecidas para essa finalidade. O principal objetivo das
inspeções é verificar o cumprimento nas normas sanitárias vigentes, que compreen-
dem a análise de alimentos e todos os sistemas operacionais que permeiam a cadeia
produtora de alimentos.
Os sistemas de inspeções atuais baseiam-se nos riscos e mantêm uma abordagem
técnica e sistemática pelos profissionais, que devem ser treinados e capacitados,
inclusive para lidar com os casos de emergências, como epidemias causadas pela
ingestão de alimentos contaminados.
Artigo 3.1-3.3
O artigo 3.2 estabelece que qualquer país que adote esses padrões está em
conformidade com os termos do acordo. O artigo 3.3 estabelece que os países
podem introduzir controles mais rigorosos, que conferem um nível de proteção
maior, caso seu uso seja cientificamente justificado ou o nível de proteção esco-
lhido exija controles mais rígidos (CAMPBELL-PLATT, 2016, p. 378).
0 - Introdução
1 - Objetivo
2 - Referência normativa
3 - Termos de definições
5 - Responsabilidade da administração
6 - Gestão de recursos
7 - Realização do produto
DICA
O APPCC surgiu na Grã-Bretanha, na década de 1960, para a produção
alimentícia destinada à NASA.
Elaboração do fluxograma
de processo; Confirmação Etapa 4;
(validação) do fluxograma in Etapa 5
loco;
Princípio 2
Determinar os pontos críticos de Determinar PCC; Etapa 7;
controle (PCC).
Princípio 5
Estabelecer a ação corretiva a ser tomada Estabelecer ações corretivas; Etapa 10;
quando o monitoramento indicar que um
PCC particular que não está sob controle.
Princípio 6
Estabelecer procedimentos de verificação Estabelecer procedimentos de
verificação; Etapa 11;
para confirmar que o sistema APPCC está
funcionando eficazmente.
Princípio 7
Estabelecer documentação concernente Estabelecer documentação e
a todos os procedimentos e registros manter registros. Etapa 12.
apropriados a esses princípios
e suas aplicações.
Órgão de certificação
(em conformidade com a ISO 17011)
Auditoria
Certificação
Órgão de certificação
“Terceira parte” (em conformidade
com a ISO 17021)
Cliente
Organização “Segunda parte”
“Primeira parte”
Armazenamento adequado
O armazenamento adequado dos alimentos faz parte do que determinam
as boas práticas de fabricação. Todo estabelecimento, comercial, industrial,
que produz ou apenas manipula alimentos deve praticar os procedimentos
de armazenamento de alimentos adequadamente, conforme determina a le-
gislação sanitária vigente.
Os órgãos sanitários regulamentam e fiscalizam todos os procedimentos
envolvidos na produção e manipulação de alimentos. Portarias estaduais e
municipais podem direcionar mais especificamente cada procedimento e fa-
cilitar os controles dos estabelecimentos para garantir a qualidade higiênico-
-sanitária dos alimentos oferecidos.
Temperatura Prazo de
Produtos resfriados recomendada validade
(graus Celsius) (dias);
Máximo 2 (dois
Pescados e seus produtos manipulados cru 3
graus)
Máximo 2 (dois
Pescados pós-cocção 1
graus)
Máximo 4
Alimentos pós-cocção, exceto pescados 3
(quatro graus)
Máximo 4
Frios e embutidos, fatiados, picados ou moídos 3
(quatro graus)
Máximo 4
Maioneses e misturas de maionese com outros alimentos 2
(quatro graus)
Máximo 4
Sobremesas e outras preparações com laticínios 3
(quatro graus)
Máximo 4
Demais alimentos preparados 3
(quatro graus)
Produtos de panificação e confeitaria com coberturas e Máximo 5 (cinco
5
recheios, prontos para o consumo graus)
Máximo 7 (sete
Leite e derivados 5
graus)
Máximo 10 (dez
Ovos 7
graus)
3 TECNOLOGIA DE
PRODUTOS DE ORIGEM
ANIMAL
Tópicos de estudo
Leite Carnes e ovos
Qualidade Carnes vermelhas
Conservação e processamento Carnes brancas
Pasteurização Ovos
Beneficiamento
Evaporação
Derivados do leite
Queijos
Iogurtes
Manteiga
Um leite de qualidade deve ser retirado de vacas sadias, que não passem por
trabalho duro e estresse, que vivam em clima ideal, sem calor excessivo, e que es-
tejam em idade adequada à produção de leite. O estresse, antes do processo de
ordenha, leva à redução da produção de leite, pelo aumento de hormônios, como
a adrenalina, e pela diminuição da ocitocina.
Atualmente, a qualidade higiênico-sanitária dos leites é obtida com o auxílio
de um processo mecanizado, com adequada limpeza de todos os equipamentos
e utensílios, seguido por um processo de pasteurização, garantindo a ausência
de microrganismos patogênicos. Os cuidados com a saúde e a alimentação do
rebanho de vacas, assim como com suas mamas, também são indispensáveis à
qualidade do leite.
Pasteurização
O processo de pasteurização do leite de vaca é de grande importância
para a eliminação de microrganismos e para a conservação do leite por mais
tempo. Leites de vaca não pasteurizados possuem muito risco à saúde hu-
mana, principalmente quando precisam ser transportados para locais de
venda ou consumo distantes. Quanto mais próximo do momento da reti-
rada do leite for o processo, mais segurança higiênico-sanitária o leite irá
oferecer. Assim, os leites podem ser divididos em tipos, sendo eles:
• o leite tipo A é pasteurizado imediatamente após a sua retirada, sem
manter contato com seres humanos após a ordenha. Isso traz mais seguran-
ça ao produto, pois menos microrganismos podem estar presentes;
• o leite tipo B possui uma quantidade maior de microrganismos, poden-
do evoluir para uma deterioração mais precoce;
• o leite tipo C é bem mais perigoso, devido às possibilidades de conta-
minação e proliferação dos microrganismos. Sua coleta pode ser feita ma-
nualmente ou mecanicamente, e ele segue sem refrigeração, transportado
até os locais de pasteurização, podendo ser mais contaminado ainda devido
à multiplicação bacteriana;
• O leite tipo UHT (Ultra-High Temperature) é criado por meio do processo
de esterilização, que é considerado o mais seguro, do ponto de vista higiê-
nico-sanitário.
Beneficiamento
O leite possui uma alta atividade de água e, por isso, condições propícias à
proliferação bacteriana. Por isso, se faz necessária uma série de processos que
garantam a segurança do leite oferecido aos consumidores finais. Segundo o
artigo 251 do Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de
Origem Animal (RIISPOA), o processamento do leite compreende, entre outros
processos, o pré-beneficiamento do leite, que conta com “as etapas de fil-
tração sob pressão, a clarificação, a bactofugação, a microfiltração, a padro-
nização do teor de gordura, a termização, a homogeneização e a refrigeração”
(VIDAL; NETTO, 2018, p. 147).
Filtração
Preaquecimento 40 ºC a 45 ºC
Pasteurização 73 ºC a 75 ºC/15 s a 20 s
Resfriamento 4 ºC
Expedição
Perdas (%)
Produto
Vitamina Ácido
Tiamina Vitamina B6 Ácido fólico
B12 ascórbico
Leite evaporado 20 40 80 25 60
Leite
10 <10 30 25 25
concentrado
Figura 1. Atomizador utilizado para produção do leite em pó. Fonte: VIDAL; NETTO, 2018.
Derivados do leite
Os derivados de leites são obtidos por processos tecnológicos aplica-
dos ao leite. Esses processos são extremamente variados e podem levar a
alterações na composição do leite, na sua textura, aparência, sabor e odor.
Alimentos que derivam do leite podem ser obtidos pelo processo de fer-
mentação (como queijos e iogurtes) ou podem não passar por fermentação
(como a manteiga).
CURIOSIDADE
Os queijos têm ampla variação em relação à composição de gorduras, que
vai depender do tipo de leite utilizado na produção de queijos. Atualmente,
no Brasil, há a produção de queijos a partir de leites de vaca, de búfala, de
cabra, entre outros. Queijos produzidos a partir de leites mais gordurosos,
como o integral de vaca, por exemplo, costumam ser mais gordurosos.
Iogurtes
Os iogurtes são produtos lácteos, fermentados por bactérias que promovem
as características específicas do pro-
duto. As bactérias comumente utiliza-
das são a Streptococcus salivarius subsp.
thermophilus e a Lactobacillus delbrueckii
subsp. Bulgaricus. A produção industrial
de iogurte (Diagrama 2) se dá com leite
pasteurizado de boa qualidade, mas a
adição do leite em pó é importante para
aumentar a concentração de sólidos no
produto. O próximo passo é a homoge-
neização, com a finalidade de reduzir
glóbulos de gordura, seguida pela pas-
teurização com desnaturação da caseína, melhorando a incorporação do soro, a
consistência e a viscosidade do produto final.
Recepção do leite
cru refrigerado Provas de plataforma
Filtração
Refrigeração 4 ºC
Preaquecimento 40 ºC a 45 ºC
1 ºC - 24 ºC
Resfriamento com agitação * Adição de polpa, corante e aroma
2 ºC - 24 ºC
Envase
Expedição
Manteiga
A manteiga é composta basicamente pela gordura do leite, sendo obtida por
creme de leite e podendo ser sólida ou pastosa, a depender da temperatura.
Ela apresenta cerca de 80% de massa gorda, podendo sofrer adição de cloreto
de sódio e fermentos específicos. Na produção de manteiga extra, o creme de
leite deve ser de primeira qualidade e a água deve ser potável, filtrada, clorada
e refrigerada. Para obtermos esse creme,
[...] o leite deverá sofrer desnate artificial (submetido à centrifu-
gação com cerca de 6.000 rpm) ou natural (leite em repouso por
aproximadamente 12 horas). Para que o desnate seja bem feito,
é importante que o leite fique a uma temperatura baixa e que,
antes, seja previamente filtrado, o que garantirá a qualidade da
manteiga produzida. Posteriormente, é realizada a padronização
a aproximadamente 35% de gordura e feita a neutralização utili-
zando carbonato ou bicarbonato de sódio ou hidróxido de cálcio
(VIDAL; NETTO, 2018, p. 211).
CONTEXTUALIZANDO
O Brasil é um grande exportador de carne bovina, mas o consumo interno
de carne vermelha também é amplo. As populações da região sul e sudes-
te consomem grande parte da carne de boi produzida no País, enquanto,
na região norte, há grande consumo de carne de búfalo.
Prazo de validade
Temperatura recomendada (Graus Celsius)
(dias)
Carnes brancas
As carnes brancas são amplamente consumidas no mundo. Elas mantêm
um bom valor nutricional, devido à alta quantidade de proteínas, e são, na
maioria das vezes, superiores às carnes vermelhas para muitas pessoas, quan-
do o assunto é digestibilidade. Além disso, em alguns locais, os custos das car-
nes brancas são menores do que os das carnes vermelhas, proporcionando
mais acessibilidade.
As carnes brancas mais consumidas no Brasil são as carnes de aves e pei-
xes. Os peixes são muito comercializados atualmente, principalmente em re-
giões litorâneas e próximas a rios. A carne de ave mais comercializada no Brasil,
atualmente, é a carne de frango, sendo mais consumida do que a carne suína e
a bovina. Além da carne de frango, outras aves também são consumidas, como
os perus, as codornas e os avestruzes, por exemplo.
Ovos
Devido à ampla aplicação pela culinária e pela indústria de alimentos, os
ovos são muito consumidos, sendo, na maioria das vezes, botados em granjas,
por galinhas que não têm contato com os machos, os galos, e, por isso, os ovos
não são fecundados. A grande produção de ovos no Brasil ocorre com muitas
galinhas em confinamento, contando com processos automatizados, consu-
mo de ração comum e uso de diversos antibióticos pelas galinhas, para evitar
doenças.
ASSISTA
Para entender melhor como funciona a produção de ovos
em granjas, o canal Epagri Vídeos, no YouTube, criou um
vídeo sobre a automatização na produção de ovos e ganho
na produção trazido pelos avanços tecnológicos.
4 PRODUÇÃO DE
DOCES E SUCOS,
DESENVOLVIMENTO
DE NOVOS PRODUTOS
E EMBALAGENS
Tópicos de estudo
Doces: produção, conservação Desenvolvimento de novos
e armazenamento produtos
Compotas Etapas
Geleias Legislação
Doce de goiaba Análise sensorial de novos
produtos
Sucos: produção, conservação e
armazenamento Embalagens
Suco de laranja Materiais
Suco de uva Legislação
Suco de maçã Novas tendências e tecnologias
Suco de maracujá
Compotas
Compotas ou doces de frutas em calda são doces produzidos a partir de
frutas e calda de açúcar. Esses doces podem conter massa de frutas com ou
sem casca e sementes, passam por tratamento térmico e são envasados em
recipientes como latas ou vidros.
Para a preparação das compotas, é necessário primeiro produzir o xarope,
que deve ser obtido através de uma mistura de açúcar e água em proporções
adequadas. A adição de açúcar pode variar entre 429 e 2334 gramas para cada
litro de água. Essa mistura deve ser fervida e coada.
Transporte
Recepção/pesagem
Lavagem
Seleção/classificação
Higienização
Descascamento
Corte
Adição de xarope
Cozimento/drenagem
Envasamento
Tratamento térmico
Rotulagem
Armazenamento
Recepção
Lavagem/seleção
Despolpamento/extração do suco
Adição de água
Dissolução da pectina
Concentração
Enchimento a quente
Rotulagem
Armazenamento
Fonte: Embrapa, 2018, p. 22.
EXPLICANDO
Brix é uma escala numérica que mede a concentração de sólidos em
frutas, muito utilizada para avaliar a concentração de açúcar em frutas.
Ademais, o grau Brix pode ser utilizado para avaliar alimentos in natura
ou processados.
Fruta
Seleção e classificação
Higienização
Despolpamento
Formulação
Cozimento/concentração
Resfriamento
Corte
Embalagem
Suco de laranja
Devido à alta qualidade da laranja produzida, utilizada principalmente para
produzir sucos, o Brasil é o maior exportador mundial de suco de laranja. As
atividades econômicas que envolvem a produção de suco de laranja são res-
ponsáveis por uma grande geração e manutenção de empregos na área, e o
Brasil exporta a maior parte do suco produzido internamente para os Estados
Unidos, a União Europeia, a China e o Japão. Além disso, o consumo interno do
suco tem crescido a cada ano.
Grande parte da produção de suco de laranja está no estado de São Paulo,
devido ao clima e condições propícios ao cultivo da fruta e produção de suco.
Assim sendo, o suco natural de laranja é o suco proveniente apenas da laranja,
produzido na hora. Já o suco integral de laranja também é produzido somente
com a laranja, mas é envasado e consumido posteriormente. Há também o
suco tipo néctar, constituído de 30% ou mais de suco de laranja e adição de
açúcar e água. A legislação determina os limites de sólidos, ácidos, óleos e açú-
cares dos sucos de laranja.
Característica do fruto
Cultivar
Maturação Teor de suco Acidez
As laranjas mais utilizadas para produção de sucos atualmente são pera, valên-
cia, natal e folha. A Figura 4 apresenta o fluxograma de produção de suco de laranja.
Recepção da
matéria-prima
Análise da matéria-prima
Armazenamento
Água de lavagem
Água clorada Lavagem ETE
Finisher Resíduo
Centrifugação Resíduo
Análise de pH
Pasteurização
Tanque de
armazenamento
Armazenamento
distribuição
Suco de uva
A produção nacional de suco de uva vem crescendo em regiões distintas do
Brasil, e, atualmente, vem se expandindo na região Nordeste, no vale do rio São
Francisco. A alta qualidade do suco de uva brasileiro e a inexistência de produ-
tos semelhantes no mercado internacional têm se tornado o que chamamos de
diferenciais competitivos. Somente no primeiro semestre de 2018, o produto
foi exportado para 13 países: Angola, Argentina, Austrália, Bélgica, Bolívia, Chi-
le, China, Estados Unidos, Japão, Holanda, Paraguai, Portugal e Reino Unido. Já
em 2017, chegou a 22 países (EMBRAPA, 2019).
Suco de maçã
A maçã é encontrada durante todo o ano no Brasil. Pelos diversos benefí-
cios que proporciona à saúde e seu gosto e teor adocicados, essa fruta é muito
procurada, principalmente em forma de suco. Assim sendo, o suco de maçã é
cada vez mais consumido, seja de forma isolada ou misturado a outros tipos de
sucos, devido a seu poder adoçante.
Os sucos produzidos industrialmente são divididos basicamente em turvo
e clarificado, e podem ser naturais ou concentrados. Em relação aos concen-
trados, é possível reconstituí-los com água posteriormente. Dessa maneira, a
produção de suco de maçã depende basicamente de maçã, água e conservan-
tes naturais, como ácido cítrico e ácido ascórbico. Dificilmente esse suco é pro-
duzido de forma doméstica, sendo a opção industrial a mais consumida, uma
vez que os processos de produção exigem recursos tecnológicos específicos.
A legislação determina os limites de sólidos, pH, acidez e açúcares do suco
de maçã, como pode ser observado na Tabela 3.
Suco de maracujá
O suco de maracujá é extraído da fruta, através de processo adequado, não
fermentado e submetido a tratamentos que visam garantir sua conservação
até o momento de sua distribuição. No Brasil, o consumo do suco de maracujá
vem crescendo, e este pode ser encontrado na forma integral, com faixa de 11
a 16 ºBrix, como refresco ou néctar, com adição de açúcares e água. Além disso,
o suco de maracujá concentrado pode ser utilizado na produção industrial de
outros produtos, como sobremesas e iogurtes, por exemplo.
Observe a Tabela 4, que evidencia os limites de sólidos, acidez e açúcares do
suco de maracujá conforme o que a legislação determina.
Recepção da fruta
Seleção e lavagem
Despolpamento
Pasteurização
Embalagem
Armazenamento
Etapas
O processo de desenvolvimento de novos produtos consiste na aplicação
de diversas técnicas sistemáticas, que podem ser utilizadas tanto para produzir
um novo produto como para modificar os já existentes. Portanto, o objetivo
Resultados
Decisões
PROSSEGUIR/NÃO PROSSEGUIR
PROJETO DO PRODUTO E DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO
Projeto do protótipo Testes internos
Teste do consumidor Amplificação em escala
Resultados
Decisões
PROSSEGUIR/NÃO PROSSEGUIR
COMERCIALIZAÇÃO DO PRODUTO
Produção de triagem Teste de mercado
Resultados
Decisões
PROSSEGUIR/NÃO PROSSEGUIR
Fonte: CAMPBELL-PLATT, 2016, p. 472.
Legislação
Alimentos produzidos industrialmente ou comercialmente devem seguir
todos os critérios estabelecidos pela legislação sanitária vigente. O sistema de
boas práticas de fabricação, assim como o sistema APPCC (análise dos perigos
e pontos críticos de controle), devem ser aplicados com a finalidade de evitar
Materiais
Embalagens primárias são aquelas que entram em contato diretamente
com o produto. Em muitos casos, são as únicas que o protegem. As embalagens
primárias podem ser de plástico, metal ou vidro, por exemplo. Já as embala-
gens secundárias visam prover uma proteção maior aos produtos, além de faci-
litar sua organização e transporte, e costumam ser de plástico ou papelão. Por
fim, há ainda as embalagens terciárias, que envolvem as embalagens secundá-
rias e são extremamente importantes para o transporte e armazenamento de
grandes cargas de alimentos.
A qualidade do processo de fechamento e vedação da embalagem é muito
importante para a manutenção da integridade do produto alimentício. Assim,
embalagens de vidro são fechadas com tampas metálicas em altas temperatu-
ras, ao passo que embalagens de papel costumam ser vedadas com material
adesivo. Em embalagens de metal, as bordas são unidas ao corpo cilíndrico da
lata por uma operação chamada recravação.
Os materiais escolhidos para embalar cada produto têm funções especificas
no que diz respeito à sua contenção, proteção, conveniência e comunicação.
CURIOSIDADE
O bisfenol A é uma substância presente no policarbonato de embalagens
plásticas com alta resistência, e sua migração para alimentos é uma pre-
ocupação atual. A ingestão de bisfenol A tem sido relacionada a doenças
na tireoide, infertilidade e câncer, e muitos estudos estão sendo efetuados
para que haja comprovação dessas relações.
Legislação
Os regulamentos relacionados às embalagens incluem as embalagens e ma-
teriais que entram em contato direto com alimentos e são destinados a contê-
-los, desde sua fabricação até a entrega ao consumidor, e protegê-los de agente
externos, alterações, contaminações e adulterações.
Os regulamentos sobre embalagens são harmonizados no Mercosul e, por-
tanto, qualquer alteração nestes regulamentos requer discussão e consenso
neste âmbito. Para fins de regulamentação, o Mercosul utiliza como referência
regulamentos de embalagens e materiais para contato com alimentos da Co-
munidade Europeia, do Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Uni-
dos da América e do Instituto Alemão de Avaliação de Risco (BfR), entre outros
(ANVISA, 2020).
Assim, a Resolução RDC 91 de 2001 estabelece e aprova critérios gerais para
embalagens e equipamentos que entram em contato direto com alimentos du-
rante sua produção, elaboração, fracionamento, armazenamento, distribuição,
comercialização e consumo.
Ainda segundo a resolução, as embalagens devem seguir todos os critérios
de boas práticas de fabricação e utilizar apenas componentes com alto grau
de pureza, além de cumprir com os limites de migração totais e específicos