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mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da
área de conhecimento trabalhada.
Introdução à farmacologia.................................................................................................. 13
Conceitos importantes em farmacologia..................................................................... 15
Formas farmacêuticas..................................................................................................... 15
Vias de administração..................................................................................................... 17
Ensaios clínicos.................................................................................................................... 19
Desenvolvimento clínico................................................................................................. 21
Grupos-controle................................................................................................................ 22
Tamanho da amostra....................................................................................................... 24
Mensuração dos resultados clínicos............................................................................ 25
Sintetizando............................................................................................................................ 40
Referências bibliográficas.................................................................................................. 42
Interações farmacológicas................................................................................................. 45
Interações farmacocinéticas......................................................................................... 45
Interações farmacodinâmicas....................................................................................... 47
Adrenérgicos/antiadrenérgicos......................................................................................... 64
Adrenoceptores................................................................................................................ 65
Agonistas e antagonistas dos receptores adrenérgicos.......................................... 65
Colinérgicos/anticolinérgicos............................................................................................ 67
Agonistas e antagonistas muscarínicos...................................................................... 69
Agonistas e antagonistas nicotínicos........................................................................... 70
Bloqueadores neuromusculares........................................................................................ 71
Sintetizando............................................................................................................................ 73
Referências bibliográficas.................................................................................................. 74
Sintetizando.......................................................................................................................... 107
Referências bibliográficas................................................................................................ 109
Anti-histamínicos................................................................................................................ 138
Antagonistas do receptor H1........................................................................................ 140
Antagonistas dos receptores H2, H3 e H4.................................................................... 140
Sintetizando.......................................................................................................................... 142
Referências bibliográficas................................................................................................ 144
FARMACOLOGIA BÁSICA 9
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3571566668809781
Dedico esta obra ao meu marido, Everton, que, com sua alegria, deixa os
meus dias mais leves.
FARMACOLOGIA BÁSICA 10
1 PRINCÍPIOS GERAIS E
FARMACOCINÉTICA
Tópicos de estudo
Introdução à farmacologia Farmacocinética I: absorção de
Conceitos importantes em fármacos
farmacologia Absorção de fármacos
Formas farmacêuticas Biodisponibilidade e bioequiva-
Vias de administração lência
FARMACOLOGIA BÁSICA 12
FARMACOLOGIA BÁSICA 13
Farmacocinética/
Farmacologia bioquímica
metabolismo dos fármacos
Farmacologia
Farmacologia molecular Quimioterapia
Farmacologia de sistemas
Farmacologia Farmacologia
Neurofarmacologia
cardiovascular gastrointestinal
Farmacologia
Imunofarmacologia
respiratória
Epidemiologia Economia de
Genética Genômica
clínica saúde
Figura 1. A farmacologia atual e suas várias subdivisões. Os assuntos principais são encontrados no compartimento
cinza central. As disciplinas de interface (retângulos marrons) ligam a farmacologia a outras disciplinas biomédicas
principais (retângulos verdes). Fonte: RANG et al., 2016, p. 8.
FARMACOLOGIA BÁSICA 14
Formas farmacêuticas
As formas farmacêuticas são as formas físicas de apresentação do medi-
camento após a adição, ou não, de excipientes apropriados e são úteis para
atender às necessidades individuais dos usuários em direção a uma farmaco-
terapia com maior eficácia, segurança e comodidade. Elas também apresentam
características apropriadas a uma determinada via de administração.
As formas farmacêuticas podem ser classificadas em sólidas, semissólidas,
líquidas, gasosas e especiais.
• As formas farmacêuticas sólidas podem ser pós, granulados, comprimi-
dos, cápsulas, drágeas, óvulos e supositórios;
• As formas farmacêuticas semissólidas são os géis, loções, unguentos, lini-
mentos, ceratos, pastas, cremes e pomadas;
• As formas farmacêuticas líquidas são as soluções, emulsões, suspensões,
xaropes, elixires, injetáveis, tinturas e extratos;
• As formas farmacêuticas gasosas geralmente são preparações de solu-
ções associadas a gases, utilizadas com fins medicinais (exemplo: inalantes).
• As formas farmacêuticas especiais, como os sprays e aerossóis, são aque-
las que podem ser encontradas em mais do que uma forma física.
FARMACOLOGIA BÁSICA 15
FARMACOLOGIA BÁSICA 16
FARMACOLOGIA BÁSICA 17
FARMACOLOGIA BÁSICA 18
Ensaios clínicos
Os estudos da ação de fármacos envolvendo populações humanas são de
grande importância e variam, desde investigações experimentais na área de far-
macocinética e farmacodinâmica, até os ensaios clínicos.
Os ensaios clínicos têm como objetivo avaliar a eficácia terapêutica e identifi-
car e/ou confirmar as reações adversas relacionadas ao medicamento investiga-
do, bem como estudar a farmacocinética dos compostos ativos do medicamento.
Até algumas décadas atrás, os medicamentos lançados no mercado não
eram submetidos a ensaios clínicos controlados, e a escolha do seu uso era
fundamentada mais na experiência pessoal e impressão clínica do que em en-
saios objetivos.
A busca por comprovação da segurança dos medicamentos ganhou força após
o episódio conhecido como “tragédia da talidomida”. A talidomida é um fármaco
que foi muito utilizado nas décadas de 1950 e 1960 para o alívio dos enjoos mati-
nais em gestantes; porém, foi retirada do mercado devido aos graves efeitos tera-
togênicos. Estima-se que um pouco mais de 10 mil crianças em todo o mundo nas-
ceram com malformações decorrentes do uso de talidomida durante a gravidez.
Os estudos clínicos realizados naquela época não indicaram a toxicidade da
talidomida e nenhuma taxa de letalidade significativa para evitar a sua comercia-
FARMACOLOGIA BÁSICA 19
FARMACOLOGIA BÁSICA 20
Desenvolvimento clínico
O desenvolvimento clínico de um novo fármaco ocorre por meio de quatro
fases distintas e sobrepostas de ensaios clínicos, a saber:
• Estudos de fase I: são realizados em um pequeno grupo de voluntários
sadios normais (em geral, cerca de 20 a 80 voluntários). Nessa fase, são reali-
zados estudos farmacocinéticos e a determinação de segurança da dose com
busca de potenciais efeitos perigosos;
• Estudos de fase II: são realizados em um grupo de pacientes com número re-
duzido, de 24 a 300 indivíduos. Nessa fase, são determinados os efeitos farmacodi-
nâmicos nos pacientes, com o objetivo de determinar o regime de dose do fármaco;
• Estudos de fase III: são realizados em um grupo maior de pacientes, cerca
de 250 a 1.000 indivíduos. Essa fase é a definitiva da pesquisa clínica, com es-
tudos aleatórios e duplos-cegos, visando à comparação do novo fármaco com
os comumente usados na terapia. Nessa fase, é avaliada a segurança e eficácia
do fármaco. Após essa fase, o medicamento é aprovado para comercialização;
FARMACOLOGIA BÁSICA 21
12
Registro de Vigilância pós- Fase IV
11 Introdução comercialização
10 1
7 2-5 Fase II
Anos
6 5-10 Fase I
5 Testes pré-clínicos
(animais)
4
10-20
3
Pesquisa básica Síntese
2 testes e
escrutínio
1
10.000-25.000
0
Número de substâncias químicas
Fonte: HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015, p. 26.
Grupos-controle
Nos ensaios clínicos, são comparadas as respostas de um grupo-controle
sujeito a um tratamento padrão existente e as de um grupo de indivíduos que
recebe um novo tratamento. Esse novo tratamento pode ser um fármaco novo,
uma nova associação de fármacos já utilizados clinicamente ou qualquer outro
tipo de intervenção terapêutica, como cirurgia, dieta, fisioterapia, entre outros.
FARMACOLOGIA BÁSICA 22
EXPLICANDO
Um placebo é um medicamento “simulado” que não contém nenhum prin-
cípio ativo capaz de exercer atividade farmacológica. Em alguns casos,
um placebo pode ser uma simulação de procedimento cirúrgico, dieta
ou outro tipo de intervenção terapêutica, desde que o paciente avaliado
acredite que poderia ser verdadeiro. O placebo apresenta considerável
efeito terapêutico, produzindo efeito benéfico significativo em cerca de um
terço dos pacientes que o utilizam.
FARMACOLOGIA BÁSICA 23
FARMACOLOGIA BÁSICA 24
FARMACOLOGIA BÁSICA 25
TRANSPORTE PASSIVO
Transporte ativo
Figura 2. Mecanismos utilizados pelos fármacos para atravessar as barreiras celulares. Fonte: HILAL-DANDAN; BRUN-
TON, 2015, p. 39.
FARMACOLOGIA BÁSICA 26
Absorção de fármacos
Na maioria das situações, o fármaco necessita ser primeiramente aab-
sorvido, para chegar ao seu local de ação e realizar seu efeito biológico.
Esse processo não é necessário, por exemplo, para fármacos administrados
pela via intravenosa, quando já são administrados diretamente na corrente
sanguínea, assim como para fármacos administrados por via tópica, para os
quais se deseja um efeito local e não sistêmico.
As preparações sólidas, como comprimidos e cápsulas, precisam inicial-
mente passar pela dissolução para liberar o fármaco e este ser absorvido.
A absorção de um fármaco administrado por via oral, por exemplo, precisa
ocorrer primeiramente no trato gastrintestinal (TGI) e é regulada por fatores
como:
• Conteúdo intestinal;
• Fluxo sanguíneo esplâncnico;
• Motilidade gastrointestinal;
• Tamanho da partícula e formulação;
• Concentração no local da absorção;
• Fatores físico-químicos.
FARMACOLOGIA BÁSICA 27
Biodisponibilidade e bioequivalência
A biodisponibilidade de uma dose de fármaco administrada por via intra-
venosa é 100%, por definição. Na administração de fármacos pela via oral, a
biodisponibilidade é menor que 100% e pode apresentar valores muito bai-
xos para certos fármacos, chegando a 5%, em decorrência de uma absorção
incompleta na parede intestinal e, principalmente, pelo efeito de primeira
passagem no fígado. O metabolismo hepático de primeira passagem é o que
FARMACOLOGIA BÁSICA 28
FARMACOLOGIA BÁSICA 29
FLUXO SANGUÍ-
MASSA DO
FLUXO SANGUÍNEO NEO NORMAL-
ÓRGÃO PERFUNDIDO ÓRGÃO
(mL/min) IZADO
(kg)
(mL/min/kg)
FARMACOLOGIA BÁSICA 30
FARMACOLOGIA BÁSICA 31
FARMACOLOGIA BÁSICA 32
A
Local de ação farmacológica
Espaço vascular
Órgão de
depuração
Espaço vascular
Órgão de
depuração
Albumina
Fármaco B ligado à albumina
Fármaco B
Figura 3. Ligação dos fármacos às proteínas plasmáticas. (A) Os fármacos que não se ligam às proteínas plasmáticas
(Fármaco A) sofrem uma rápida difusão nos tecidos, resultando em alto nível de ligação ao local de ação farmacológica
(receptores) e numa alta taxa de eliminação (fluxo por meio de um órgão de depuração). (B) Os fármacos que exibem
altos níveis de ligação às proteínas plasmáticas (Fármaco B) apresentam somente uma pequena fração do fármaco que
pode sofrer difusão no espaço extravascular, com a ocupação de uma pequena porcentagem dos receptores. Fonte:
GOLAN et al., 2010, p. 35.
FARMACOLOGIA BÁSICA 33
FARMACOLOGIA BÁSICA 34
FARMACOLOGIA BÁSICA 35
Figura 4. As duas fases do metabolismo do ácido acetilsalicílico. Fonte: RANG et al., 2016, p. 116..
Eliminação de fármacos
Os fármacos e seus metabólitos são predominantemente eliminados do
organismo por meio da excreção renal e biliar. A excreção renal é o meca-
nismo mais comum, pois um número muito pequeno de fármacos é excreta-
do de maneira primária pela bile. Ademais, alguns fármacos, em sua forma
residual, podem ser eliminados por excreção fecal, em decorrência de uma
absorção incompleta no TGI superior, e pelas vias respiratória e dérmica;
porém, em quantidades mínimas.
Alguns fármacos não são inativados pelo processo de metabolismo e,
com isso, são eliminados praticamente inalterados na urina (Quadro 2). A ve-
locidade de eliminação renal desses fármacos é o que determina a duração
da sua ação no organismo, devendo esses medicamentos ser empregados
com cautela em pacientes idosos ou naqueles com função renal diminuída.
FARMACOLOGIA BÁSICA 36
Fármaco Porcentagem
Excreção renal
A excreção renal dos fármacos e de seus metabólitos envolve três proces-
sos independentes entre si, que são: filtração glomerular, secreção tubular ati-
va e reabsorção tubular passiva. Quando um paciente, por exemplo, apresenta
alterações da função renal global, significa que os três processos são alterados
na mesma extensão, e os fármacos que são dependentes do rim para a sua
eliminação devem ter sua dose e frequência de administração alterados.
O fluxo sanguíneo renal representa 1/4 do fluxo sanguíneo total do corpo.
Isso assegura que o fármaco presente na corrente sanguínea seja exposto
continuamente aos rins. Como veremos na Figura 5, a arteríola aferente é a
responsável por introduzir no glomérulo o fármaco presente na corrente san-
guínea, e, embora possam ser introduzidas as formas ligada e não ligada do fár-
maco às proteínas plasmáticas, apenas a forma livre é filtrada no túbulo renal.
A taxa de eliminação dos fármacos pelos rins é determinada pelo equilí-
brio das taxas de filtração, secreção e reabsorção. O fluxo sanguíneo renal,
assim como a taxa de filtração glomerular e a ligação do fármaco às proteí-
nas plasmáticas, influencia diretamente a quantidade de fármaco que aden-
tra os túbulos, no nível do glomérulo. Dessa forma, um aumento no fluxo
sanguíneo, na taxa de filtração glomerular e na concentração de fármaco
livre aumentam a taxa de eliminação do fármaco.
Quanto à concentração urinária do fármaco no túbulo proximal, pode
ser aumentada em decorrência do transporte por difusão passiva das mo-
léculas não ionizadas do fármaco, bem como por difusão facilitada de mo-
léculas ionizadas e não ionizadas. Por outro lado, a concentração urinária
do fármaco pode diminuir se houver reabsorção nos túbulos proximais e
distais, sendo limitada pelo pH. Um ajuste no pH urinário pode favorecer
FARMACOLOGIA BÁSICA 37
Filtração
Secreção glomerular
tubular Arteríola
2 1 aferente
Fármaco
no sangue
3
Reabsorção
tubular Arteríola
eferente
4
Urina
Figura 5. Excreção de fármacos no rim. Os fármacos podem ser (1) filtrados no glomérulo renal, (2) secretados no
túbulo proximal, (3) reabsorvidos a partir da luz tubular e transportados de volta ao sangue e (4) excretados na urina.
Fonte: GOLAN et al., 2010, p. 38.
FARMACOLOGIA BÁSICA 38
FARMACOLOGIA BÁSICA 39
FARMACOLOGIA BÁSICA 40
FARMACOLOGIA BÁSICA 41
FARMACOLOGIA BÁSICA 42
2 FARMACODINÂMICA
E FÁRMACOS
AUTONÔMICOS
Tópicos de estudo
Interações farmacológicas Funções gerais do sistema nervoso
Interações farmacocinéticas autônomo
Interações farmacodinâmicas Considerações farmacológicas
FARMACOLOGIA BÁSICA 44
Interações farmacocinéticas
Dentre as interações farmacológicas, as interações farmacocinéticas são as
mais frequentes, podendo ocorrer desde o processo de absorção até a excre-
ção do fármaco. Assim, a absorção de fármacos no trato gastrointestinal (TGI)
pode ser afetada pelo uso simultâneo de outros fármacos que possuem as se-
guintes características:
FARMACOLOGIA BÁSICA 45
EXEMPLIFICANDO
Um fármaco A pode interagir de modo físico ou químico com o fármaco
B no intestino e inibir sua absorção intestinal. Por exemplo: complexos
insolúveis podem ser formados pelos íons Ca2+ ou Fe2+ com o antibiótico
tetraciclina, resultando em uma redução de sua absorção e na eficácia
do cálcio/ferro. A colestiramina, um fármaco que atua se ligando ao ácido
biliar, pode se ligar a outros diversos fármacos (como varfarina e digoxina)
inibindo a sua absorção, se administrada concomitantemente.
FARMACOLOGIA BÁSICA 46
Interações farmacodinâmicas
De acordo com Golan et al. (2009, n.p.) “[...] surgem interações farmacodinâ-
micas quando um fármaco modifica a resposta dos tecidos-alvo ou não-alvo a
outro fármaco”. As interações farmacodinâmicas são comuns na prática clínica,
e, embora possam ocorrer por diferentes tipos de mecanismos, os efeitos cola-
terais podem ser diminuídos caso sejam tomadas medidas antecipadas.
FARMACOLOGIA BÁSICA 47
FARMACOLOGIA BÁSICA 48
Receptores fisiológicos
Os receptores fisiológicos são proteínas que normalmente agem como
receptores para substâncias reguladoras endógenas. No entanto, os fárma-
cos podem se ligar a esses receptores e produzir uma resposta semelhante
às substâncias endógenas. Para esses fármacos, dá-se a denominação de
agonistas.
FARMACOLOGIA BÁSICA 49
100
Butila
Hexila
Heptila
% de contração
50
Octila
0
10-7 10-6 10-5 10-4 10-3
[D] (molar)
Figura 1. Curvas de dose-resposta de agonistas integrais e parciais. Fonte: GOLAN, D. E. et al., 2009, p. 24.
FARMACOLOGIA BÁSICA 50
AGONISTAS
ANTAGONISTAS
Liga-se reversivelmente
Antagonista ao sítio ativo do receptor;
Sim Não
competitivo compete com a ligação do
agonista a esse sítio.
Liga-se irreversivelmente
Antagonista não-
ao sítio ativo do receptor;
competitivo no Não Sim
impede a ligação do
sítio ativo
agonista a esse sítio.
*Kd: constante de dissociação de equilíbrio para a interação fármaco-receptor. Fonte: GOLAN, D. E. et al., 2009,
p. 27. (Adaptado).
FARMACOLOGIA BÁSICA 51
EXEMPLIFICANDO
Como exemplo de antagonista não-competitivo, temos a aspirina. Esse
fármaco age acetilando de forma irreversível a ciclo-oxigenase (COX),
uma enzima responsável pela síntese de tromboxano A2 nas plaquetas.
Como o tromboxano A2 não é formado, ocorre a inibição da agregação
plaquetária, que é uma das principais ações farmacológicas da aspi-
rina. Como essa inibição é irreversível, as plaquetas não conseguem
gerar novas moléculas de COX, fazendo com que os efeitos de uma
única dose de aspirina persistam por dias, até a produção de novas
plaquetas pela medula óssea.
FARMACOLOGIA BÁSICA 52
100
Agonista isolado
Agonista + antagonista
% de resposta
50
Antagonista isolado
0
B Antagonista não-competitivo
100
Agonista isolado
% de resposta
Agonista + antagonista
50
Antagonista isolado
0
Figura 2. Efeitos dos antagonistas competitivos e não-competitivos sobre a relação de dose agonista-resposta. A) Um
antagonista competitivo diminui a potência de um agonista, sem afetar a sua eficácia. B) Um antagonista não-competi-
tivo reduz a eficácia de um agonista. Fonte: GOLAN et al., 2009, p. 23.
FARMACOLOGIA BÁSICA 53
FARMACOLOGIA BÁSICA 54
FARMACOLOGIA BÁSICA 55
Figura 3. Modelo chave-fechadura aplicado à interação ligante-receptor. Fonte: BARREIRO; FRAGA, 2015, p. 3.
FARMACOLOGIA BÁSICA 56
FARMACOLOGIA BÁSICA 57
Ligante Biorreceptor
Ligante
Encaixe induzido
Modificação do ambiente de
reconhecimento molecular
(sítio receptor)
Complexo
ligante-receptor
Figura 4. Esquema do processo de indução e seleção da conformação bioativa de ligantes e receptores. Fonte:
BARREIRO; FRAGA, 2015, p. 18. (Adaptado).
Segundos mensageiros
Os receptores fisiológicos exibem duas funções principais: ligação às subs-
tâncias reguladoras endógenas e propagação da mensagem (como sinalização),
o que evidencia a existência de, pelo menos, dois domínios dentro do receptor:
o domínio de ligação e o domínio efetor.
As ações reguladoras de um receptor podem ser executadas diretamente
no seu alvo celular, nas proteínas efetoras ou ainda podem ser difundidas por
transdutores, ou seja, moléculas de sinalização celular intermediária. Dessa
forma, a via de transdução de sinais ou sistema receptor-efetor é formado pelo
receptor, seu alvo celular e as moléculas intermediárias envolvidas.
Em diversos casos, o alvo fisiológico final não é a proteína efetora celu-
lar proximal, mas pode ser uma enzima, um canal iônico ou uma proteína de
transporte que sintetiza, transfere ou decompõe um segundo mensageiro. Os
segundos mensageiros, quando propagados nas proximidades do local onde
FARMACOLOGIA BÁSICA 58
FARMACOLOGIA BÁSICA 59
FARMACOLOGIA BÁSICA 60
N Parassimpático
ACh Músculos cardíaco e liso,
ACh
células de glândulas,
M
Bulbo terminais nervosos
ACh
N
ACh M Simpático
Glândulas sudoríparas
N NE Simpático
ACh
α, β Músculos cardíaco e liso,
células de glândulas,
terminais nervosos
Medula N
espinhal ACh
NE, D Simpático
Musculatura lisa
α, D1 vascular renal
ACh
N Medula Epi, NE
suprarrenal ACh
N Somático
Musculo esquelético
FARMACOLOGIA BÁSICA 61
FARMACOLOGIA BÁSICA 62
Transformação metabólica
pelas mesmas vias
Adrenérgico Metildopa
usadas pelo precursor do
transmissor.
FARMACOLOGIA BÁSICA 63
Adrenérgicos/antiadrenérgicos
Na fase final da neurotransmissão simpática ocorre a liberação de norepi-
nefrina (NE), um neurotransmissor, em sítios pós-sinápticos com ativação dos
adrenoceptores. Ademais, frente a diferentes estímulos, como o estresse, a
medula suprarrenal libera um hormônio, a epinefrina, que é transportado até
os tecidos-alvo.
Os fármacos com ações semelhantes à epinefrina e à NE são denominados
fármacos simpatomiméticos. Alguns desses são agonistas diretos, atuando
diretamente nos adrenoceptores, e outros são agonistas indiretos, e depen-
dem do aumento das ações de catecolaminas endógenas. Porém, certos fár-
macos possuem ambas as ações, diretas e indiretas.
Os agonistas indiretos apresentam dois mecanismos de ação diferentes: o
primeiro consiste no deslocamento de catecolaminas armazenadas na termi-
nação nervosa adrenérgica ou na diminuição da depuração de NE liberada; o
segundo baseia-se na inibição da recaptação de catecolaminas que já foram
liberadas ou na inibição do metabolismo enzimático da NE. Sendo assim, a tira-
mina, por sua vez, atua pelo primeiro mecanismo,
enquanto que a cocaína e os antidepressivos
tricíclicos atuam pelo segundo.
Os fármacos simpatomiméticos diretos e
indiretos causam muitos ou todos os efeitos
típicos das catecolaminas endógenas. No entan-
to, os efeitos dos fármacos diretos dependem de
sua afinidade com os subtipos dos adrenoceptores, bem como
da expressão desses receptores em seus tecidos-alvo.
FARMACOLOGIA BÁSICA 64
DICA
O subtipo de receptor α1 é encontrado na maioria dos músculos lisos
vasculares, no músculo dilatador pupilar, no músculo liso pilomotor,
na próstata e no coração. Já o subtipo α2 é encontrado nos neurônios
pós-sinápticos do SNC, plaquetas, terminais nervosos adrenérgicos e
colinérgicos, alguns músculos lisos vasculares e adipócitos. Quanto
aos receptores β, o subtipo β1 encontra-se distribuído no coração e
nas células justaglomerulares; β2 nos músculos lisos respiratórios,
uterinos e vasculares, músculo esquelético e fígado; e β3 na bexiga e
nos adipócitos.
FARMACOLOGIA BÁSICA 65
Subclasse,
Mecanismo de ação Efeitos Aplicações clínicas
fármaco
Contração dos
Ativa a fosfolipase C,
músculos lisos
α1-agonistas resultando em aumento Hipotensão
vasculares,
• Midodrina do cálcio intracelular e ortostática
aumentando a pressão
vasoconstrição.
arterial (PA).
A vasoconstrição é
Inibe a adenilil ciclase e
α2-agonistas mascarada por efeito
interage com outras vias Hipertensão
• Clonidina simpatolítico central,
intracelulares.
que abaixa a PA.
Relaxamento dos
D1-agonistas
Ativa a adenilil ciclase. músculos lisos Hipertensão
• Fenoldopam
vasculares.
FARMACOLOGIA BÁSICA 66
Figura 6. Classificação dos antagonistas dos receptores adrenérgicos. Os fármacos marcados com (*) asterisco tam-
bém bloqueiam receptores α1. Fonte: HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015, p. 366. (Adaptado).
Colinérgicos/anticolinérgicos
A farmacologia colinérgica aborda as propriedades da acetilcolina (ACh),
um neurotransmissor com diversas ações fisiológicas importantes
que envolvem a junção neuromuscular (JNM), o SNA e o SNC. Os
fármacos com atividades colinomiméticas e anticolinérgi-
cas são amplamente utilizados devido aos seus efeitos
na cognição e no comportamento, bem como na JNM,
coração, olhos, pulmões e os tratos genitourinário e
gastrointestinal.
FARMACOLOGIA BÁSICA 67
FARMACOLOGIA BÁSICA 68
FARMACOLOGIA BÁSICA 69
FARMACOLOGIA BÁSICA 70
FARMACOLOGIA BÁSICA 71
FARMACOLOGIA BÁSICA 72
FARMACOLOGIA BÁSICA 73
FARMACOLOGIA BÁSICA 74
3 FÁRMACOS QUE
ATUAM NO SISTEMA
NERVOSO CENTRAL
Tópicos de estudo
Introdução à farmacologia do SNC Inibidores da monoaminoxidase
Sinalização química no SNC (IMAOs)
Locais de ação dos fármacos
no SNC Farmacologia dos antipsicóticos
Ação dos fármacos no SNC Antipsicóticos de primeira
geração
Farmacologia dos sedativos- Antipsicóticos de segunda geração
-hipnóticos
Benzodiazepínicos Farmacologia dos anticonvulsi-
Novos agonistas do receptor vantes
benzodiazepínico Anticonvulsivantes clássicos
Barbitúricos Anticonvulsivantes desenvolvidos
Outros fármacos sedativos-hip- recentemente
nóticos
Farmacologia dos antiparkiso-
Farmacologia dos antidepressivos nianos
Inibidores da captura das mono- Precursores da dopamina e
aminas agonistas dos receptores de
Antagonistas do receptor de dopamina
monoamina Inibidores da MAO e fárma-
cos não dopaminérgicos
FARMACOLOGIA BÁSICA 76
FARMACOLOGIA BÁSICA 77
Substância P, neuro-
peptídeo Y, endorfinas, Receptores acopla-
Neuropeptídeos Neuromodulação.
fator de liberação de dos à proteína G.
corticotrofina, etc.
Fator de crescimento
Crescimento neuronal,
Neurotrofinas, neuronal, fator neuro- Receptores ligados à
quinase. sobrevivência e
citocinas trópico derivado do
plasticidade funcional.
cérebro, interleucina-1.
FARMACOLOGIA BÁSICA 78
FARMACOLOGIA BÁSICA 79
Neurônio pós-sináptico
Propagação
de potencial
de ação
Glia
Síntese Metabolismo
2 4
3
Armazenamento
6
5 6
Captação
Sinalização 7
retrógrada Liberação
Degradação
10
8
Receptor
Neurônio pós-sináptico
9
Condutância iônica
Figura 1. Etapas nas quais os fármacos podem alterar a transmissão sináptica. Fonte: KATZUNG; TREVOR, 2017.
FARMACOLOGIA BÁSICA 80
FARMACOLOGIA BÁSICA 81
CURIOSIDADE
O efeito de determinado agente terapêutico no SNC pode ser aditivo com
os efeitos de outros agentes depressores ou estimulantes. Como exemplo,
tem-se a combinação de barbitúricos ou benzodiazepínicos com etanol,
a qual pode ser fatal por ambos apresentarem efeitos depressores. Um
caso muito relatado na mídia em 2012 foi a morte da cantora Whitney
Houston, que faleceu após a ingestão de álcool e de um coquetel de medi-
camentos que incluia o alprazolam (benzodiazepínico).
FARMACOLOGIA BÁSICA 82
Benzodiazepínicos
Os benzodiazepínicos são fárma-
cos sedativos-hipnóticos amplamente
utilizados na prática clínica no trata-
mento da ansiedade aguda e da insô-
nia. Esses fármacos atuam promoven-
do a ligação do ácido γ-aminobutírico
(GABA), um importante neurotrans-
missor inibitório, aos receptores de
GABAA. O receptor GABAA é um canal
iônico dependente da voltagem que
contém diferentes subunidades, den-
tre elas destacam-se as subunidades
α, β e γ. Os benzodiazepínicos se ligam ao receptor GABAA através da interface
entre as subunidades α e β, em um local distinto do ponto de ligação do GABA,
e de maneira alostérica, modulam os efeitos do GABA (RANG et al., 2016).
Grande parte dos efeitos dos benzodiazepínicos se dá pelas suas ações
sobre o SNC, como a sedação, hipnose, redução da ansiedade, relaxamento
muscular, amnésia anterógrada e ação anticonvulsivante. Esses fármacos pos-
suem dois efeitos de origem periférica, a vasodilatação coronária e o bloqueio
neuromuscular, sendo essa última ação observada apenas em doses muitos
elevadas (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015).
Os graus de depressão neuronal produzidos pelos benzodiazepínicos são di-
ferentes dos barbitúricos e anestésicos voláteis, sendo que entre os benzodia-
zepínicos todos apresentam perfis farmacológicos similares embora possam
FARMACOLOGIA BÁSICA 83
Sintomas de abstinên-
Transtornos de
Alprazolam 12 ± 2 cia podem ser espe-
ansiedade, agorafobia.
cialmente graves.
Distúrbios convulsivos,
tratamento adjuvante Surge tolerância aos
Clonazepam na mania aguda e em 23 ± 5 efeitos anticonvulsi-
determinados distúr- vantes.
bios do movimento.
Transtornos de an-
siedade, estado epi-
léptico, relaxamento Benzodiazepínico
Diazepam 43 ± 13
muscular esquelético, prototípico.
pré-medicação
anestésica.
Metabólitos ativos
Flurazepam Insônia. 74 ± 24 acumulam-se com o
uso crônico.
Transtornos de ansie-
Metabolizado somente
Lorazepam dade, medicação 14 ± 5
por conjugação.
pré-anestésica.
Medicação
Midazolam pré-anestésica e 1,9 ± 0,6 Rapidamente
inativado.
intraoperatória.
Metabolizado princi-
Temazepam Insônia. 11 ± 6 palmente por
conjugação.
Fonte: HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015. (Adaptado).
FARMACOLOGIA BÁSICA 84
DICA
O flumazenil é um antagonista do receptor de benzodiazepínicos e é utili-
zado como antídoto no tratamento da superdosagem de benzodiazepínicos
e do zolpidem e também na reversão dos efeitos sedativos dos benzodia-
zepínicos administrados para anestesia geral ou procedimentos diagnós-
ticos e terapêuticos. Esse fármaco é administrado por via intravenosa,
sendo que os efeitos decorrentes de doses terapêuticas de flumazenil são
revertidos após uma dose total de 1 mg de flumazenil administrada durante
1-3 minutos.
FARMACOLOGIA BÁSICA 85
Barbitúricos
Os barbitúricos são fármacos que já foram amplamente utilizados como
sedativos-hipnóticos, no entanto foram substituídos pelos benzodiazepí-
nicos por serem mais seguros. De acordo com Katzung e Trevor (2017), sua
ação se dá pela ligação “[...] a subunidades específicas do receptor GABA A
em sinapses neuronais do SNC, facilitando a duração de abertura dos ca-
nais iônicos de cloreto mediados pelo GABA”. No Quadro 3, é possível ver
os principais usos terapêuticos desses fármacos.
FARMACOLOGIA BÁSICA 86
Via de
Fármaco Usos terapêuticos Comentários
administração
A redistribuição encur-
Insônia, sedação pré-ope- ta para 8 h a duração
Butabarbital Oral
ratória. da ação de uma única
dose.
Anticonvulsivante
Distúrbios convulsivos, de primeira linha;
Fenobarbital Oral, IM, IV estado epiléptico, seda- apenas o sal sódico é
ção diurna. administrado por via
parenteral.
FARMACOLOGIA BÁSICA 87
FARMACOLOGIA BÁSICA 88
FARMACOLOGIA BÁSICA 89
FARMACOLOGIA BÁSICA 90
Volume de
Biodisponibilidade t1/2 plasmática Ligação às
Classe distribuição (L/
(%) (horas) proteínas (%)
kg)
ISRSs
Citalopram 80 33-38 15 80
Fluvoxamina 90 14-18 25 80
Sertralina 45 22-27 20 98
IRSNs
FARMACOLOGIA BÁSICA 91
IMAOs
Fenelzina ND 11 ND ND
IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re-
captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina.
FARMACOLOGIA BÁSICA 92
EXEMPLIFICANDO
A “reação ao queijo”é um exemplo de uma interação grave entre IMAOs
e alimentos. O queijo maturado contém tiramina, um neurotransmissor
derivado da tirosina. Quando o queijo maturado é consumido em grandes
quantidades por um paciente que faz uso IMAO, ocorre uma interação
fármaco-nutriente que causa crise hipertensiva ou aumento súbito da
pressão sanguínea que pode ser perigoso. Essa interação ocorre devido
à tiramina ser degradada pela monoaminoxidase, inibida pelos IMAOs.
Com isso, os níveis de tiramina aumentam no organismo causando efeitos
simpaticomiméticos.
FARMACOLOGIA BÁSICA 93
FARMACOLOGIA BÁSICA 94
EXPLICANDO
Os sintomas negativos da esquizofrenia são caracterizados pela ausência
de manifestações psíquicas que deveriam estar presentes no indivíduo.
Já os sintomas positivos referem-se aos comportamentos psicóticos que
normalmente não são observados em pessoas saudáveis, como as aluci-
nações, delírios, distúrbios de movimento e pensamentos desordenados.
FARMACOLOGIA BÁSICA 95
FARMACOLOGIA BÁSICA 96
Possivelmente bloqueio H1 e
Outros Ganho de peso.
5-HT2 combinado.
FARMACOLOGIA BÁSICA 97
FARMACOLOGIA BÁSICA 98
FARMACOLOGIA BÁSICA 99
Principal(ais)
Fármaco Usos principais Farmacocinética
efeito(s) adverso(s)
Meia-vida plasmática
longa (> 60h)
Forte indução de en-
Todos os tipos, exceto
Fenobarbital Sedação, depressão. zimas hepáticas, por-
crises de ausência.
tanto, risco de inter-
ações medicamentosas
(p. ex., com fenitoína).
Benzodiazepínicos
(p. ex., clonaze- Sedação
Lorazepam tem Lorazepam tem
pam, clobazam, Síndrome
meia-vida de 8-12 h. de abstinência. meia-vida de 8-12h.
lorazepam,
diazepam)
Principal(ais)
Fármaco Usos principais Farmacocinética
efeito(s) adverso(s)
Sedação, alterações
Todos os tipos comportamentais e do
Meia-vida plasmática
Parece ser eficaz em humor (ocasionalmen-
Vigabatrina curta, mas inibição
pacientes resistentes te psicose)
enzimática prolongada.
a outros fármacos. Falhas no campo
visual.
Meia-vida plasmática
Crises parciais e
7h
∼7h
Levetiracetam tônico-clônica Sedação (discreta).
Eliminado em forma
generalizadas.
inalterada.
Náuseas, vômitos,
vertigens, distúrbios Meia-vida plasmática
Lacosamida Crises parciais. visuais, coordenação
comprometida, mu- 13h.
danças do humor.
Crises parciais
Prolongamento do Meia-vida plasmática
Retigabina Crises parciais. intervalo QT, ganho 6-1h.
de peso.
Vertigens, ganho de
peso, sedação, coorde- Meia-vida plasmática
Perampanel Crises parciais. nação comprometida,
alterações do humor e 70-100h.
do comportamento.
3-O-MD 3MT
LNAA AADC
-DOPA
L L
-DOPA DA
Selegilina
Carbidopa AADC MAOB rasagilina
DA DOPAC
Barreira hematoencefálica
Figura 2. Efeitos da carbidopa, dos inibidores da COMT e dos inibidores da MAO-B sobre o metabolismo periférico e
central da levodopa. Fonte: GOLAN et al., 2009.
4 OUTROS FÁRMACOS
QUE ATUAM NO
SISTEMA NERVOSO
CENTRAL E FÁRMACOS
ANTI-INFLAMATÓRIOS
Tópicos de estudo
Anestésicos gerais Anti-inflamatórios não esteroidais
Anestésicos inalatórios Inibidores da cicloxigenase
Anestésicos intravenosos Inibidores seletivos da COX-2
50
Tetrafluoreto de carbono
10
Hexafluorento de enxofre
Óxido nitroso
Xenônio 1
CAM (atm)
Ciclopropano
0,1
Fluroxeno
Éter
Halotano
Clorofórmio 0,01
Metoxiflurano
0,001
5.000 1.000 100 10 1 0,1
Poucos relatos;
Sevoflurano Rápida Risco teórico de toxicidade Similar ao desflurano.
renal pelo fluoreto.
Hipotensão;
Pouco utilizado atualmente;
Arritmias cardíacas;
Halotano Média Metabolização significativa
Hepatotoxicidade (uso repetido);
a trifluoracetato.
Hipertermia maligna (rara).
Anestésicos intravenosos
Os anestésicos intravenosos (propofol, tiopental e etomidato) atuam de
modo mais rápido que os inalatórios, produzindo um estado de inconsciência
em aproximadamente 20 segundos. Desse modo, esses fármacos, geralmente,
são utilizados para indução da anestesia. Muitos anestésicos intravenosos não
são adequados na manutenção da anestesia por apresentarem velocidade de
eliminação lenta, quando comparados aos inalatórios. Para resolver esse pro-
blema, um opioide de curta duração, como o alfentanilo ou remifentanilo,
pode ser administrado para induzir a analgesia (RANG et al., 2016).
O propofol é um agente anestésico potente, rapidamente metabolizado,
de curta ação e útil para cirurgias simples. Esse fármaco substituiu largamente
o tiopental como agente indutor. As outras características do propofol e dos
demais anestésicos intravenosos podem ser vistas no Quadro 2.
Velocidade de
Principais efeitos
Fármaco indução e de Observações
adversos
recuperação
Rapidamente metabolizado;
Início rápido,
Depressão cardiovascular Uso possível como
Propofol recuperação muito
e respiratória. infusão contínua;
rápida.
Causa dor no local da injeção.
Amplamente substituído
Rápida (ocorre
pelo propofol;
acúmulo, levando à Depressão cardiovascular
Tiopental Causa dor no local da injeção;
recuperação lenta), e respiratória.
Risco de precipitar a porfiria
“ressaca”.
em pacientes suscetíveis.
Efeitos psicotomiméticos
Início lento, pós- após a recuperação;
Produz boa analgesia
efeitos comuns Náuseas, vômitos e
Cetamina e amnésia com baixa
durante a salivação pós-operatórios;
depressão respiratória.
recuperação. Aumento da pressão
intracraniana.
Anestésicos locais
Os anestésicos locais são fármacos que produzem uma perda completa de
todas as modalidades sensoriais em uma determinada região do corpo sem
causar perda da consciência. No entanto, muitas vezes, esses fármacos são uti-
lizados como analgésicos. Quanto ao local de administração, a anestesia local
se diferencia da anestesia geral por ser administrada diretamente no órgão-al-
vo, e a circulação sistêmica é utilizada somente para diminuir ou interromper o
seu efeito (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Na prática clínica, os agentes anestésicos locais mais utilizados incluem a
procaína, a lidocaína, a bupivacaína e a tetracaína. Segundo Rang et al. (2016),
o mecanismo de ação desses fármacos consiste:
[...] no bloqueio do início e a propagação dos potenciais de ação
por impedirem o aumento de condutância de Na+ voltagem-de-
pendente. Eles bloqueiam os canais de sódio, fechando fisica-
mente o poro transmembrana, interagindo com resíduos de vá-
rios aminoácidos do domínio helicoidal transmembrana S6 da
proteína do canal (RANG et al., 2016, n.p.).
Quando são utilizadas concentrações pequenas desses fármacos, ocorre
a redução da taxa de aumento do potencial de ação estendendo a sua dura-
ção, além do aumento do período refratário. Por outro lado, em concentrações
mais altas, ocorre impedimento do disparo do potencial de ação.
Potência Duração
Fármaco Estrutura
(procaína = 1) da ação
Ésteres
O O CH3
C
N CH3
Cocaína O 2 Média
C O
O
Procaína
C2H5 1 Curta
H2N C O CH2 - CH2 - N
C2H5
O CH3
Tetracaína HN C O CH2 - CH2 - N 16 Longa
C4H9 CH3
O
Uso apenas
Benzocaína H2N C O CH2 - CH3 -
na superfície.
CH3
O C2H5
Lidocaína NH C CH2 N 4 Média
C2H5
CH3
CH3
O
Mepivacaína
NH C 2 Média
N
CH3
CH3
CH3
O
Bupivacaína, NH C 16 Longa
levobupivacaína
N
CH3
C4H9
CH3
O
Ropivacaína NH C 16 Longa
N
CH3 C3H7
CH3
O CH3
NH C CH NH C3H7 Não
Articaína Média
encontrado.
S O
C OCH3
Gases terapêuticos
De acordo com a Anvisa (2016), os gases terapêuticos ou gases medicinais,
[...] são medicamentos na forma de gás, gás liquefeito ou líquido
criogênico isolados ou associados entre si e administrados em hu-
manos para fins de diagnóstico médico, tratamento ou prevenção
de doenças e para restauração, correção ou modificação de fun-
ções fisiológicas (ANVISA, 2016).
Os gases terapêuticos, como o oxigênio e o dióxido de carbono, são utiliza-
dos em hospitais e demais estabelecimentos de saúde, além de serem utiliza-
dos em tratamentos domiciliares de pacientes. Esses produtos são classifica-
dos como medicamentos e são regulados pela Anvisa por meio das resoluções
RDC n. 69 e n. 70, de 2008. A RDC n. 69/2008 dispõe sobre as boas práticas
de fabricação de gases medicinais, enquanto a RDC n. 70/2008 estabelece a
lista de gases medicinais de uso con-
sagrado e de baixo risco sujeitos à no-
tificação e aos procedimentos para a
notificação (ANVISA, 2016).
Nos hospitais, também são utiliza-
dos outros gases que não condizem
com a definição de gás terapêutico, a
exemplo do óxido de etileno frequen-
temente utilizado em processos de
esterilização.
ASSISTA
No vídeo Oxigenoterapia hiperbárica , o Dr. Fabrício
Valandro Rech, da Sociedade Brasileira de Medicina
Hiperbárica (SBMH), explica como o oxigênio atua
no tratamento complementar de diversas doenças.
Nessa reportagem, é possível conhecer também uma
câmara hiperbárica e entender um pouco sobre sua
funcionalidade.
Dióxido de carbono
O dióxido de carbono (CO2) é naturalmente produzido pelo metabolismo em
uma taxa semelhante ao consumo de oxigênio. A elevação da pressão parcial de
gás carbônico (PCO2) provoca acidose respiratória, e sua diminuição causa alcalo-
se respiratória. A acidose respiratória pode ser causada pela redução da inalação
ou da ventilação de dióxido de carbono, enquanto a alcalose respiratória pode ser
causada pelo aumento da ventilação. As alterações da PCO2 e do pH sanguíneo re-
sultam em efeitos em todo o corpo, principalmente na respiração, na circulação e no
sistema nervoso central (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015).
O dióxido de carbono medicinal é utilizado em sua forma pura ou misturado
com oxigênio. A sua administração, geralmente, é realizada utilizando máscara facial
em concentrações entre 5 e 10% em combinação com o oxigênio.
Outro receptor opioide foi identificado por apresentar um elevado grau de ho-
mologia na sequência com os receptores opioides μ, δ e κ, denominado subtipo
1 da orfanina semelhante ao receptor opioide (ORL1), cuja ativação resulta em
analgesia supraespinal e espinal, imobilidade e dificuldade de aprendizado (RANG
et al., 2016).
Principais efeitos
Fármaco Usos Observações
adversos
Sedação, depressão
Amplamente Tolerância e sintomas
respiratória, constipação,
usada para de abstinência não são
Morfina náuseas e vômitos,
dores crônica e comuns quando usada para
prurido, tolerância,
aguda. analgesia.
dependência e euforia.
Dor aguda e
Útil na dor crônica com
crônica e na Como a morfina, entretanto,
Buprenorfina sistemas de injeção
manutenção de menos pronunciados.
controlados pelo paciente.
dependentes.
Inibidores da cicloxigenase
A maioria dos AINEs inibe tanto a COX-1 como a COX-2, embora essa inibi-
ção apresente potência relativa diferente para cada isoforma. Diferente dos
outros AINEs, o ácido acetilsalicílico inibe de modo irreversível a atividade da
COX, o que é um importante fator, pois a sua duração de ação depende da taxa
de rotatividade das COXs nos diferentes tecidos-alvo. No entanto, atualmente,
Seletividade para a
Fármaco Indicação Comentários
COX
Artrite reumatoide,
Ácido Atividade
osteoartrite, dor pós- -
mefenâmico moderada.
operatória, dismenorreia.
Componente
de muitos
Fracamente seletiva
Aspirina Uso principal, cardiovascular. fármacos isentos
para COX-1.
de prescrição
médica.
Artrite reumatoide,
osteoartrite, gota aguda, Adequado
Fracamente seletiva
Cetoprofeno lesões musculoesqueléticas para doença
para COX-1.
e dor, dor pós-operatória, moderada.
dismenorreia.
Artrite reumatoide,
osteoartrite, gota aguda, Potência
Fracamente seletiva
Diclofenaco lesões musculoesqueléticas moderada.
para COX-2.
e dor, dor pós-operatória, Diversos sais.
cefaleia e enxaqueca.
Artrite reumatoide,
osteoartrite, lesões
musculoesqueléticas e Muito seletiva para
Flurbiprofeno -
dor, dor pós-operatória, COX-1.
dismenorreia, cefaleia e
enxaqueca.
Artrite reumatoide,
osteoartrite, lesões
musculoesqueléticas e Fracamente seletiva Adequado para
Ibuprofeno
dor, dor pós-operatória, para COX-1. crianças.
dismenorreia, cefaleia e
enxaqueca.
Artrite reumatoide,
Adequado
osteoartrite, gota aguda,
Fracamente seletiva para doença
Indometacina lesões musculoesqueléticas
para COX-1. moderada a
e dor, dor pós-operatória,
grave.
dismenorreia.
Artrite reumatoide,
osteoartrite, gota aguda, Possivelmente
Fracamente seletiva
Naproxeno lesões musculoesqueléticas seguro para
para COX-1.
e dor, dor pós-operatória, cardiovascular?
dismenorreia.
Artrite reumatoide,
Moderadamente Menos efeitos
Celecoxibe osteoartrite, espondilite
seletiva para COX-2. gastrointestinais
anquilosante.
Artrite reumatoide,
Muito seletiva para
Etoricoxibe osteoartrite, espondilite -
COX-2.
anquilosante, gota aguda.
COX: cicloxigenase.
Fonte: RANG et al., 2016, p. 317. (Adaptado).
CURIOSIDADE
Em 2005, o lumiracoxibe (Prexige®), o inibidor mais seletivo da COX-2, foi
lançado, no Brasil, sendo indicado para o tratamento crônico dos sintomas
da osteoartrite e, também, para dismenorreias primárias. No entanto, em
2008 foi retirado do mercado por apresentar risco de toxicidade hepática
potencialmente fatal, especialmente em doses elevadas, além do risco de
efeitos adversos cardiovasculares comum aos demais coxibes.
Anti-inflamatórios esteroidais
O córtex da suprarrenal é responsável por liberar diversos esteroides na
circulação, denominados corticosteroides, substâncias que contêm o núcleo
esteroide e são sintetizadas a partir do colesterol. A síntese dos corticoste-
roides é controlada pelo hormônio adrenocorticotrópico (ACTH, cortico-
trofi na) liberado pela adeno-hipófise, conforme apresentado na Figura 1.
Hipotálamo
CRF
ADH
Alça longa de
retroalimentação
(feedback) negativa Alça curta de
retroalimentação
(feedback) negativa
Adeno-hipófise
ACTH
exógeno ACTH
Metirapona
Mitotano Sistema
Trilostana renina-angiotensina
Cótex da
suprarrenal
Glicocorticoides Mineralocorticoides
Afinidade
Potência
relativa pelos Duração
Fármaco anti- Observações
receptores de de ação**
inflamatória*
GCs
Convertido em
metabólito inativo
pelas esterases
Deflazacorte Pró-fármaco 3 Curta plasmáticas.
Utilidade
semelhante à do
prednisolona.
Fármaco de escolha
para efeitos anti-
Prednisolona 2,2 4 Intermediária inflamatórios e
imunossupressor
sistêmicos.
Anti-inflamatório e
Metilprednisolona 11,9 5 Intermediária
imunossupressor.
Relativamente
Triancinolona 1,9 5 Intermediária mais tóxica que as
demais.
Anti-inflamatório e
imunossupressor,
usado
Betametasona 5,4 27 Longa especialmente em
situações em que
a retenção hídrica
precisa ser evitada.
Segundo Rang et al. (2016), os fármacos mais comumente usados são hidro-
cortisona, prednisolona e dexametasona. Além do tratamento sistêmico, mui-
tos fármacos também são utilizados por via tópica, no tratamento de diversas
inflamações da pele, olhos, orelha ou nariz (por exemplo, eczema, conjuntivite
alérgica ou rinite). Entre os AIEs formulados para administração ocular tópica,
têm-se: dexametasona, prednisolona, fluorometolona, loteprednol, rimexolona
e difluprednato.
Anti-histamínicos
A histamina é encontrada em tecidos animais e em plantas, sendo um im-
portante mediador do processo inflamatório, da secreção ácida do estômago,
das reações alérgicas imediatas e da anafilaxia, entretanto, nessa última o seu
papel é somente razoável. Além disso, a histamina atua como neurotransmis-
sor e neuromodulador, atuando em muitas funções diferentes do sistema ner-
voso central (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Uma quantidade mínima de histamina é eliminada em sua forma inaltera-
da, sendo a maior parte armazenada ou rapidamente inativada. Quando liga-
da aos mastócitos ou basófilos no tecido, a histamina se encontra inativada,
porém frente a diversos estímulos é liberada dos
mastócitos, como em certas neoplasias como
mastocitose sistêmica, urticária pigmentosa,
carcinoide gástrico e leucemia mielogênica.
No cérebro, a histamina atua como neurotrans-
missor, estando envolvida em diversas funções,
como no controle neuroendócrino e na regulação
do sistema cardiovascular, da temperatura corporal, do peso
corporal, do sono e vigília (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Antagonistas
Agonistas
Subtipo de Mecanismo parcialmente
Distribuição parcialmente
receptor pós-receptor seletivos ou
seletivos
agonistas inversos
Músculo liso,
H1 Gq, ↑IP3, DAG Histaprodifeno Clorfeniramina1
endotélio, cérebro.
Mucosa gástrica,
músculo cardíaco, Cimetidina1,
H2 Gs, ↑ AMPc Antamina
mastócitos, ranitidina1, tiotidina.
cérebro.
Autorreceptores e
Tioperamida1,
heterorreceptores
R-α-metil- iodofempropito,
pré-sinápticos:
H3 Gi, ↓ AMP histamina, imetite, clobempropito1,
cérebro, plexo
imepipe. tiprolisante1,
mioentérico,
proxifano.
outros neurônios.
Eosinófilos,
Clobempropite,
H4 neutrófilos, células Gi, ↓ AMPc Tioperamida1
imetite, clozapina.
T CD4.
1
Agonista inverso.
AMPc: monofosfato de adenosina cíclico; DAG: diacilglicerol; IP3: trifosfato de inositol.
Fonte: KATZUNG; TREVOR, 2017, p. 273. (Adaptado).