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O que você precisa saber para alcançar o


sucesso na
BIOMEDICINA
 
Anderson  J. G. Lemos
 
Professor de Biomedicina
 

FICHA TÉCNICA
 
© by Anderson José Gonzaga Lemos – 2022
 

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PREFÁCIO

Este livro traz alguns conhecimentos, princípios organizacionais,


comportamentais e estratégicos, essenciais para a construção de uma
carreira de sucesso no campo da Biomedicina. Esse material baseia-se
na minha experiência como professor, norteado a partir das dúvidas e
questionamentos de alunos durante o curso de graduação. O objetivo
deste livro é fornecer um texto conciso que traga orientações acerca da
profissão e apresente as potencialidades da área biomédica para
estudantes e profissionais. Agradeço a todos que apoiaram esse projeto
e dedico esta humilde obra a todos os estudantes e biomédicos do
nosso país.

                                                                                  Anderson J. G.
Lemos

1. Alcançando o Sucesso na Biomedicina


Introdução: a Biomedicina como ciência

Antes de tudo, é importante esclarecer ao leitor que Biomedicina não


é apenas um curso, inclusive, esse conceito simplista tem sido bastante
difundido. Na realidade, é mais que isso, Biomedicina é uma ciência!
Ciências Biomédicas é o ramo do conhecimento humano que aplica
princípios da biologia e biotecnologia à pesquisa científica e diagnóstico
clínico-laboratorial, enfatizando o estudo da origem e forma de
desencadeamento das doenças, bem como seus fatores determinantes,
elaborando manipulações biotecnológicas e procedendo práticas
auxiliares de prevenção e manutenção da saúde. Portanto, a
Biomedicina é uma área de interface situada entre ciências biológicas,
moleculares e médicas, especificamente a biologia estrutural e
funcional, química analítica e instrumental e medicina laboratorial (Fig.
1). Desta forma, a Biomedicina se caracteriza por ser uma área de
múltiplas facetas, possuindo um campo de atuação extremamente
amplo. Em consequência desta diversidade, podem ser encontradas
diferentes silhuetas no que diz respeito às características dos
profissionais da área, assim, enquanto alguns biomédicos são
biologistas (atuantes em análises ambientais, microbiologia, etc.), outros
possuem uma formação com direcionamento mais clínico (como os
perfusionistas, citologistas, cito-hematologistas, por exemplo), existindo
ainda, aqueles especialistas com um perfil mais biotecnológico ou
industrial. Portanto, é perceptível a enorme gama de possibilidades
mercadológicas para o profissional detentor de um diploma nessa área
científica. Assim, diante do atual cenário em que se encontra a
Biomedicina, pergunta-se: quais são as novas perspectivas profissionais
além daquelas já conhecidas? A resposta para essa pergunta é
extremamente positiva e empolgante para todos, uma vez que o
diplomado em Ciências Biomédicas tem a vantagem de trafegar em
diferentes áreas de interface, comtemplando a biologia, química,
biotecnologia e medicina laboratorial. Isso mostra como é grande o
potencial mercadológico da Biomedicina.
Alcançando o sucesso profissional

Pode-se afirmar que a maioria das pessoas querem alcançar o


sucesso, em sua carreira ou em sua vida pessoal. No entanto, quando
se pergunta a várias pessoas o que é sucesso, cada uma delas dará
uma resposta diferente, visto que para cada indivíduo o sucesso se
refere a objetivos e metas distintas. Logo, podemos definir sucesso
como “conseguir o que se deseja”. No entanto, a diversidade de áreas
nas Ciências Biomédicas pode gerar uma certa indecisão na hora de
escolher o caminho profissional a ser tomado, porém, mesmo que os
seus objetivos mudem com o tempo, é importante ter um alvo a ser
alcançado, pois, isso permitirá a elaboração de um plano de ação a
curto e a longo prazo, ajudando nas tomadas de decisão. Por isso, é de
extrema importância que o estudante ou profissional biomédico
estabeleça os objetivos e metas a serem alcançados, o que possibilitará
a elaboração de um plano organizacional e estratégico para que o
sucesso seja alcançado de maneira consciente.

Algoritmo do sucesso

Para se alcançar o sucesso profissional em Ciências Biomédicas é


necessário obter uma série de conhecimentos (além daqueles científicos
fornecidos pela faculdade), bem como se ater a um conjunto de atitudes,
estratégias e princípios organizacionais que em somatória impulsionam
e elevam a carreira para o patamar desejado. No caso da Biomedicina,
pode-se usar várias estratégias e métodos para acelerar e consolidar o
processo de maturação de uma carreira bem sucedida, isto é, com
reconhecimento, valorização profissional, estabilidade financeira,
segurança, conquistas, autorrealização, satisfação pessoal, entre outros.
Assim, para se alcançar o sucesso profissional basta adotar um conjunto
de estratégias que envolvem basicamente: planejamento, organização,
disciplina, persistência e ação. Denomina-se algoritmo o conjunto de
procedimentos e métodos, logicamente definidos, que se somam para a
geração de um resultado. Assim sendo, em cada unidade deste livro
será abordado um ou mais componentes de um algoritmo, incluindo
informações mercadológicas, comportamentais, profissionais e
acadêmicas que se aplicadas e utilizadas constituem um verdadeiro
algoritmo para o sucesso profissional.
 

                  Exemplo: A + Y + Z + X = SUCESSO

Figura 1. Biomedicina é uma área de interface entre Ciências Biológicas, Ciências


Moleculares e Médicas. O surgimento das Ciências Biomédicas ocorreu quando os
conhecimentos biológicos, tecnológicos e moleculares foram somados e utilizados para
solucionar questões ligadas às ciências da saúde.  
2. Campos mercadológicos da Biomedicina
Biomedicina e as suas macroáreas de atuação

A grade curricular do bacharelado em Biomedicina proporciona uma


sólida formação técnico-científica, uma vez que envolve disciplinas das
ciências exatas, moleculares, médicas e biológicas. Uma particularidade
que causa enorme repercussão nos cursos de Biomedicina, é o
arraigado treinamento laboratorial, consolidado desde os primeiros anos
da formação. Por conseguinte, o profissional biomédico acaba se
destacando pelo forte e sólido perfil laboratorista. Pode-se dizer, que o
biomédico é detentor de um conhecimento privilegiado, uma vez que
trafega, de forma natural, entre as diferentes ciências, podendo
transformar os questionamentos e incertezas dos diversos campos, em
experimentos ou análises que expressam resultados conclusivos de
hipóteses diversas. Pelas características intrínsecas da formação,
gerou-se por algum tempo o estereótipo de que o profissional seria
limitado tão somente ao ambiente laboratorial, dando a sensação de
uma atuação unidirecional. Desse modo, é importante pontuar que
embora o biomédico tradicionalmente se destaque pela sua excelência
metódica na área laboratorial, atualmente o graduado está ganhando
cada vez mais espaço no mercado de trabalho, passando a exercer
inúmeras funções fora do ambiente laboratorial, existindo uma enorme
gama de possibilidades mercadológicas para o profissional detentor de
um diploma neste campo. Neste livro, utilizar-se-á o termo “macroárea”
para se referir as ocupações ou áreas de atuação que são comuns a
diferentes especialidades biomédicas. É importante que o estudante ou
profissional biomédico entenda as particularidades de cada macroárea
(Fig. 2).
 
Figura 2. Macroáreas de atuação. Atualmente são reconhecidas pelo conselho federal de
Biomedicina 32 habilitações. Essas habilitações representam o campo de conhecimento do
profissional, que do ponto de vista mercadológico podem ser agrupadas em 6 macroáreas
principais: (1) laboratório; (2) docência e pesquisa; (3) perícia; (4) consultoria; (5)
empreendedorismo; e (6) Divulgação científica.

Macroárea I: laboratório

O termo “laboratório” deriva do latim laboratorium e significa “local de


trabalho”. Várias das grandes descobertas na ciência são resultados de
estudos em laboratório, por consequência, este ambiente atualmente é
referência de meticulosidade e seriedade, uma vez que todos os dados
científicos são validados a partir de critérios metodológicos. No decorrer
da graduação, o acadêmico de Biomedicina acaba tendo contato com
vários métodos analíticos biológicos, físicos e químicos, os quais são
aplicados para fins de quantificação ou de qualificação de um, ou mais
componentes de uma amostra. Tradicionalmente, a graduação
(bacharelado) em Biomedicina habilita o profissional para exercer as
análises clínicas, biológicas e moleculares para auxílio diagnóstico. No
que diz respeito a atuação como laboratorista, o bacharel em
biomedicina tem três opções gerais; (1) análises clínicas; (2)
pesquisa/ensino ou (3) indústria. Geralmente, a prática de pesquisa é
atrelada à docência ou a carreira acadêmica, por isso, são apresentadas
de forma associada. No âmbito geral, a maior parte dos biomédicos
(cerca de 80%) atuam no setor diagnóstico como analistas clínicos, isto
é esperado, pelo fato desta habilitação ser a mais tradicional do curso,
desde a sua implantação no Brasil. Desta forma, muitos profissionais
biomédicos consolidam as suas carreiras neste setor, exercendo com
excelência e presteza esta função de grande responsabilidade e
importância, pois é a partir dos resultados emitidos pelo analista clínico
que ocorre a obtenção de dados que contribuem crucialmente para
tomada de decisões terapêuticas. Assim, para atuar em laboratórios de
análises clínicas, é necessária a conclusão do curso de graduação,
sendo possível para o recém-formado a sua inserção imediata neste
setor. Como citado no início deste livro, uma particularidade dos cursos
de Biomedicina é o arraigado treinamento laboratorial, consolidado
desde os primeiros anos de formação. Isso, associado com as
disciplinas específicas, desencadeia um forte e sólido perfil laboratorista,
que destaca e diferencia o profissional de Biomedicina das demais
formações biológicas e da saúde. Embora a habilitação em análises
clínicas seja a ênfase da maioria dos cursos de graduação no Brasil, é
importante ressaltar que a área requer aprimoramento constante por
parte do profissional, seja na realização de cursos de
extensão/atualização bem como cursos de pós-graduação. Outra
possibilidade para o bacharel em Biomedicina é a atuação em
laboratórios de ensino e pesquisa. Geralmente, faculdades e
universidades necessitam de pessoal treinado e especializado para
organizar e administrar seus laboratórios, preparando e organizando
equipamentos e reagentes para que os docentes possam ministrar aulas
ou efetuar atividades de pesquisa. É comum, por exemplo, a atuação de
biomédicos como responsáveis técnico-científicos em laboratórios de
ensino em cursos de medicina, odontologia, biologia, entre outros. Nas
universidades, o laboratorista é responsável em preparar soluções,
vidrarias, listar materiais, bem como auxiliar os docentes nas práticas de
ensino e pesquisa. Muitos biomédicos que atuam neste setor relatam
que a remuneração é atrativa, principalmente em universidades
públicas, bem como em caso de contrato com grandes centros
universitários. Outra opção para biomédicos diz respeito aos laboratórios
industriais. Na indústria alimentícia, por exemplo, os alimentos precisam
ser avaliados tanto nos seus aspectos físicos, quanto químicos e
microbiológicos. Na indústria alimentícia, o laboratorista atuará na
avaliação da composição química ou propriedades dos alimentos,
identificando e quantificando compostos químicos ou avaliando suas
características. Dependendo de sua origem, manejo e estocagem, a
composição dos alimentos varia consideravelmente, por isso, os
resultados de análises obtidos são utilizados pelas indústrias ou outros
órgãos especializados para avaliar a qualidade, segurança alimentar e
para obtenção de dados nutricionais. No que tange a avaliação
microbiológica, além do controle de qualidade, os microrganismos são
de grande importância na produção de produtos como queijo, iogurte,
coalhada, pão, vinho, cerveja entre outros. Adicionalmente, na indústria
farmacêutica o laboratorista biomédico pode assumir a avaliação físico-
química e microbiológica da água utilizada como solvente nas
formulações de medicamentos. Por isso, o profissional biomédico deve
estar sempre atento as diversas oportunidades no setor laboratorial, não
somente no que concerne as análises clínicas, mas como também em
laboratórios de ensino, pesquisa e industriais.

Macroárea II: docência e pesquisa

A formação em Ciências Biomédicas é uma das mais amplas no que


diz respeito à interdisciplinaridade de conteúdos abordados no decorrer
da graduação. Por conseguinte, o graduado em Biomedicina geralmente
se apresenta com uma sólida formação generalista, podendo transitar
com facilidade entre os saberes teórico-práticos das ciências biológicas,
moleculares, biotecnologia, ciências médicas, entre outras. Essa, é de
longe uma das características mais vantajosas do profissional biomédico
perante outras formações universitárias. Em consequência disso, acaba
sendo natural a atuação do biomédico como professor em diversos
setores, como o ensino superior (ao nível de graduação e pós-
graduação), em cursos técnico profissionalizantes e até mesmo no
ensino médio. Para atuar como professor universitário é importante que
o profissional biomédico se dedique em desenvolver um currículo com
os requisitos necessários para essa carreira, nesse caso, uma pós-
graduação dever ser vista como prioridade. Existem duas categorias de
pós-graduação: “lato sensu” (em sentido amplo) e “stricto sensu” (em
sentido estrito). A pós-graduação lato sensu é denominada
especialização e visa aprimorar o conhecimento em alguma disciplina ou
especialidade da área biomédica, preparando o profissional para o
mercado de trabalho. Uma grande vantagem dos cursos de
especialização/pós-graduação lato sensu se deve ao fato deste não
exigir dedicação integral, sendo as aulas desenvolvidas uma ou duas
vezes por mês. Além disso, muitas instituições públicas e privadas
oferecem especializações de excelente qualidade, com valores
relativamente acessíveis (ver Cap. 6). Já o mestrado e o doutorado —
modalidades stricto sensu de pós-graduação — permitem um
aprofundamento técnico-científico mais direcionado, podendo favorecer
a formação de verdadeiros cientistas, atraindo profissionais e estudantes
com aspirações na arte do ensino e da pesquisa científica. Também é
comum a atuação de mestres e doutores fora do ambiente acadêmico,
principalmente em empresas, laboratórios, clínicas, hospitais, órgãos
públicos e privados, que aproveitam o amplo conhecimento e
experiência dos profissionais com mestrado e/ou doutorado.
Comumente, o título de mestre é obtido antes do doutoramento, sendo
um prerrequisito para este último. Antigamente, em caso de alto
desempenho e excelência acadêmica ou curricular, algumas instituições
aceitam a inscrição do candidato ao processo seletivo de doutorado sem
a obrigatoriedade do título de mestre, constituindo uma exceção a regra
geral. Atualmente, poucas instituições possibilitam o “doutoramento
direto” sem a obtenção do grau de mestre, a não ser em casos de
concessão do título de doutor por “notório saber”. Em algumas
instituições, os editais de processo seletivo para mestrado podem
aceitar inscrições de estudantes que estejam cursando o último período
do curso de graduação (quando especificado pelo edital de seleção),
desde que isto seja devidamente comprovado, por exemplo, pela
emissão de uma declaração por parte da faculdade ou universidade.
Quanto antes possível o estudante de Biomedicina ou profissional
biomédico tomar a decisão de cursar mestrado, melhor será visto que
terá mais tempo de se preparar, estudando os conteúdos especificados
no edital e adequando seu currículo com numerosas atividades
extracurriculares como publicação de artigos, apresentação de trabalhos
em eventos, atuação como monitor ou professor, participação em
projetos de extensão, minicursos, simpósios, congressos, etc. Essa
preparação é essencial pelo fato da nota para aprovação e ingresso no
mestrado ou doutorado ser o resultado do somatório: notas da prova
teórica + pontuação curricular do candidato + entrevista. Diferentemente
da carreira de professor universitário, a atuação como docente em
cursos técnicos ou profissionalizantes exige apenas a graduação, de tal
forma o graduado em Biomedicina encontra-se apto para exercer a
docência em qualquer curso técnico ou profissionalizante, naquelas
disciplinas constantes do seu currículo de formação, mas também
aquelas que estejam indiretamente vinculadas a elas. Biomédicos atuam
como professores em cursos técnicos em Análises Clínicas, técnico em
Enfermagem, Química, Radiologia, Biotecnologia, entre outros. Além
disso, existe a possibilidade de o diplomado em Biomedicina ministrar
cursos profissionalizantes como, por exemplo “boas práticas em
manipulação de alimentos”, a qual está relacionada com as disciplinas
de microbiologia e biossegurança, por exemplo. Havendo interesse por
parte do profissional biomédico para atuação na área de ensino,
aconselha-se ao mesmo que procure as instituições de ensino e ponha-
se a disposição, tendo em mãos um currículo que exponha todas as
suas habilidades gerais e específicas, enaltecendo sempre as
características mais compatíveis com a(s) disciplina(s) que se deseja
lecionar ou o perfil do curso pretendido. Embora, atualmente seja
imprescindível a apresentação ou envio do currículo em formato digital
(via e-mail, por exemplo), sempre que for possível e conveniente,
estabeleça contato direto (presencial) com o contratante, apresentando-
se e colocando seus serviços a disposição daquela empresa ou
instituição de ensino. No que diz respeito a atuação do bacharel em
Biomedicina como professor no ensino médio ou fundamental, existe a
possibilidade de atividade neste ramo de ensino, principalmente se o
profissional optar pela realização de uma complementação pedagógica
ou uma licenciatura. Neste caso, a licenciatura ou formação pedagógica
adicional será caracterizará uma habilitação para atuação nesta área,
permitindo a inserção do diplomado em Biomedicina na rede de ensino
médio ou fundamental. Ademais, ressalta-se que existem em muitas
cidades interioranas um déficit, por exemplo, de professores de biologia,
química ou física, para atuarem na rede pública de educação. Nestes
casos, em especial, a secretaria regional de educação autoriza a
contratação de bacharéis em caráter de necessidade, mesmo na
ausência de complementação pedagógica, constituindo uma boa
oportunidade para aqueles graduados em Biomedicina com afinidade
pela docência no ensino básico. O mesmo acontece na rede privada de
ensino, onde o bacharel tem a possibilidade de exercer a atividade
docente ao nível médio ou fundamental, através da obtenção de uma
complementação pedagógica ou uma licenciatura. Como mencionado
anteriormente, existem circunstancias em que o bacharel exerce a
docência, mesmo na ausência de formação adicional, em consequência
das necessidades e especificidades daquela unidade de ensino. Em
todos os casos, seja no ensino técnico-profissionalizante, superior ou
médio, é extremamente importante que ao término do contrato (ou a
cada semestre, ou ano do contrato vigente) o bacharel biomédico
contratado solicite uma declaração comprobatória de sua atuação como
docente naquela unidade, visto que este documento é usado para
pontuação curricular nas seleções públicas. Também é muito importante
que a atuação ou experiência como professor seja adicionada ao
currículo do profissional.

Macroárea III: empreendedorismo

Diante dos novos paradigmas de um mundo pós-moderno, a


Biomedicina está conquistando cada vez mais espaço fora do ambiente
acadêmico, excedendo os limites do tradicionalismo. Isto é perceptível
diante do aumento do número de profissionais diplomados em
Biomedicina que optaram pelo caminho empresarial. De maneira
simplificada, denomina-se empreendedorismo a capacidade de
desenvolver, organizar e ofertar um serviço ou produto vinculado a uma
empresa ou marca. Partindo desse conceito, o empreendedor é o
indivíduo que percebe uma lacuna no mercado e organiza-se para a
prestação de um serviço de qualidade, que beneficia o cliente e gera
rentabilidade. Biomédicos empreendedores são caracteristicamente
inovadores, devem ter um conhecimento aprofundado na sua área de
formação, analisar as necessidades do mercado e elaborar um plano de
negócio compatível com suas potencialidades. Atualmente, muitos
biomédicos empreendedores atuam no setor de estética, diagnóstico e
desenvolvimento e comercialização de bioderivados. O desenvolvimento
de novos produtos ou serviços, muitas vezes, requerem avaliação e
validação antes de serem lançados no mercado. Por isso, não é
incomum que empreendedores iniciem o desenvolvimento de seus
produtos ou serviços a partir de pesquisas desenvolvidas durante a
graduação (ver Cap. 7).

Macroárea IV: consultoria técnica e científica

Consultoria é um serviço de apoio oferecido por um profissional


especializado em uma área específica para outro servidor ou empresa.
A consultoria visa ofertar um serviço de aconselhamento para solucionar
problemas de empresas ou profissionais. Para isso, o consultor
disponibiliza seu conhecimento, expertise e experiência técnico-
científica para avaliar situações problemáticas e buscar as devidas
soluções para as mesmas. Caracteristicamente, a atuação como
consultor científico requer uma alta qualificação em uma área do
conhecimento. Para compreender como é estabelecido um serviço de
consultoria será exposto o seguinte relato: uma grande empresa do
ramo de poços artesianos e água potável estava ampliando seu rol de
atividades na região norte do Brasil. Ao iniciar suas atividades de
abertura e extração de água do lençol freático da região, a empresa se
deparou com uma água límpida, mas que mudava sua cor rapidamente
quando entreva em contato com a luz do sol. Os funcionários da
empresa ficaram perplexos, como uma água limpa poderia mudar de cor
simplesmente pelo contato com o sol? A empresa buscou por
especialistas que pudessem explicar e solucionar o problema, e
finalmente conseguiu contratar um consultor altamente especializado,
que chegou a conclusão de que a água da região continha alto teor de
ferro, que se oxidava e mudava sua cor em contato com o sol devido
sua elevada concentração. Com base nisso, o consultor concluiu que o
impasse seria solucionado a partir de um tratamento eletroquímico na
água para retirada do excesso de íons ferro. Esse relato exemplifica
como é atividade de um consultor. Atualmente vários laboratórios de
análises clínicas buscam por biomédicos especialistas em hematologia
para consultorias técnico-científicas, instruindo e auxiliando estes a
liberarem laudos com mais segurança. Pelo exposto, mostra-se que a
consultoria pode ser ofertada para qualquer setor, empresarial ou
profissional, bastando ao consultor científico uma sólida qualificação
técnico-científica e uma relevante experiência na área escolhida. A
finalidade da consultoria é entender as necessidades do cliente
relacionados a um problema, identificar soluções e a partir de seu
conhecimento recomendar as ações e medidas a serem tomadas.
Dessa maneira, o graduado em Biomedicina altamente qualificado ou
especializado em áreas específicas pode ofertar serviços de consultora
cientifica para empresas, industrias, instituições ou para outros
profissionais. Adicionalmente o biomédico pode atuar no mercado com
consultoria técnica relacionado a métodos analíticos, reagentes e
equipamentos laboratoriais. Um biomédico com experiência, por
exemplo, em citometria de fluxo, pode ofertar consultoria e treinamentos
para laboratórios e instituições de ensino. Outra forma é atuar como
consultor intermediário, contratado por empresas para a venda de
equipamentos e reagentes laboratoriais. Neste segmento, o consultor
técnico de produtos e equipamentos analíticos interage com os clientes
e ofertam produtos e soluções da empresa o qual está vinculado. Nesta
atividade, além de conhecimentos analíticos e técnico-científicos são
necessárias boas habilidades de comunicação e facilidade em trabalhar
com vendas. Portanto, o biomédico que atua como consultor técnico ou
cientifico disponibiliza seu conhecimento, experiência ou expertise para
que empresas, instituições, laboratórios ou outros profissionais possam
solucionar problemas ou otimizar suas atividades, sendo uma área
promissora para profissionais especialistas, mestres ou doutores.

Macroárea V: perícia

A análise técnica ou científica realizada por um especialista no intuito


de identificar, esclarecer, verificar, apurar causas ou motivações, estimar
estado ou certificar alegação de direito de objetos é chamada de perícia.
A profissão de perito é de grande relevância para a sociedade, pois,
permite o esclarecimento de crimes, bem como estabelecer direitos e
verificar alegações durante um processo, possibilitando que a justiça
tenha fundamentos técnicos ou científicos para tomada de decisão no
que diz respeito ao veredito. A perícia é uma profissão que requer muito
conhecimento por parte do profissional e a formação em Ciências
Biomédicas é uma das graduações que possibilita a atuação nesta área.
Basicamente o profissional biomédico pode atuar como: (1) perito
criminal, (2) perito judicial e como (3) assistente técnico/perito particular.

Perito criminal

A função do perito criminal é proceder análises técnico-científicas


que auxiliam na elucidação de crimes, atuando como servidor público
vinculado a polícia civil ou federal. Para atuar como perito criminal (na
polícia civil ou militar) o biomédico deve prestar concurso público e uma
vez que aprovado, passar por um curso de formação junto a estes
órgãos antes de iniciar suas atividades como servidor público.

Perito judicial

O papel do perito judicial é auxiliar a justiça na elaboração de laudos


técnicos que auxiliam na emissão de sentenças, sendo este profissional
convocado pelo juiz sempre que houver necessidade. O laudo ou
parecer técnico será realizado na área de conhecimento, ou
especialidade do biomédico, o qual passará a compor o processo e o
conjunto de provas apresentadas pelas partes envolvidas, recebendo
seus honorários por cada perícia realizada. Para atuar como perito
judicial não é necessário a realização de concurso público, basta ao
profissional ter nível superior, ter no mínimo de 2 a 3 anos de formação
e está inscrito no respectivo conselho. Assim, o biomédico com
interesse em atuar como perito judicial deve realizar inscrição no
cadastro eletrônico de peritos judiciais do Tribunal de Justiça. Para
encontrar o tribunal em que deseja se registrar como perito judicial,
pesquise na internet pela sigla estadual, por exemplo, Tribunal de
Justiça de São Paulo (TJSP), Tribunal de Justiça de Minas Gerais
(TJMG), etc. Ou simplesmente pesquisando o termo “cadastro perito
judicial”, seguido do estado onde se deseja atuar.

Perito particular/assistente técnico

Na justiça brasileira a imagem do perito particular está vinculada ao


assistente técnico, visto que é permitido durante um processo judicial
(civil ou criminal), a contratação de um especialista para acompanhar o
trabalho do perito judicial (nomeado). O assistente técnico ou perito
particular acompanha o trabalho do perito judicial e ao final compõem a
emissão de laudos e pareceres técnicos. Semelhantemente ao perito
judicial, o assistente técnico recebe seus honorários por perícia
realizada.

Macroárea VI: divulgação científica

Divulgação científica é a atividade ou o processo de expor


informações e dados técnico científicos para o público de forma a tornar
o conteúdo acessível e passível de interpretação pelos mesmos. Dito de
outra forma, a divulgação científica (também referida como
popularização da ciência) é a arte de comunicar a ciência em uma
linguagem relativamente simples, permitindo que a população entenda e
se conscientize dos conhecimentos obtidos a partir de pesquisas ou
estudos especializados. A comunicação da ciência ao público é cada
vez mais reconhecida como uma responsabilidade dos cientistas, o que
ficou bem evidente durante o período de pandemia, onde houve
continuamente a necessidade de informar e atualizar toda a população
sobre dados e conhecimentos científicos acerca do coronavírus (SARS-
CoV-2) e sua infecção chamada Covid — 19 (do inglês: coronavirus
disease 2019; doença por Coronavírus — 2019). A atividade de
popularização da ciência ocorre em diversos formatos e meios de
comunicação, como telejornais, programas de rádio/podcasts,
documentários, revistas, artigos, websites, blogs, palestras, etc. Essa
prática de divulgação é de extrema importância, pois, determina que a
população possa ter acesso a fundamentos científicos importantes,
tornando-os mais participativos na manutenção e prevenção de sua
saúde, por exemplo, bem como compreender seu real papel e influência
em aspectos sociais e ambientais. A divulgação científica consegue
tornar os indivíduos conscientes e participativos nas tomadas de
decisões que se baseiam em evidências da ciência. Devida sua
importância, estudantes e profissionais devem estar preparados para
efetuarem uma comunicação efetiva com o público leigo. Atualmente,
existem várias oportunidades para profissionais da Biomedicina atuarem
como comunicadores da ciência para o público não especializado,
geralmente como consultores em telejornais, revistas ou sites,
apresentadores ou participantes de quadros em programas de TV., rádio
e outras mídias. Assim, à medida que os profissionais das Ciências
Biomédicas avançam em suas formações acadêmicas e se tornam cada
vez mais especializados, devem desenvolver habilidades de
comunicação não apenas para o ambiente universitário, mas como
também para o público não especializado. Devido sua importância e
necessidade na grande mídia, a atuação de profissionais da
Biomedicina como comunicadores de ciência é uma atividade em plena
expansão.
3. Networking: criando pontes conectivas
Networking na Biomedicina

O contato com as pessoas certas, da maneira certa, pode ser crucial


para a geração de várias oportunidades a curto e a longo prazo. A
interação que você estabelece com as pessoas durante o período de
graduação, pode contribuir imensamente para o seu sucesso
profissional. De maneira geral, o período da faculdade é uma grande
oportunidade para a consolidação de uma rede de contatos que será
extremamente vantajosa para sua carreira. Tenha sempre em mente que
uma boa interação com colegas e professores é essencial para a
construção de uma carreira de sucesso. No que diz respeito a inter-
relação pessoal com os colegas é muito importante firmar uma boa
convivência diária, evitando ao máximo desentendimentos e intrigas
desnecessárias, mantendo predominantemente uma relação
harmoniosa com todos os seus pares. A prática de estabelecer e manter
boas relações com várias pessoas constitui uma estratégia muito
comum no ramo empresarial. Denomina-se networking a ação de
interagir com pessoas para trocar informações e criar uma rede de
contatos, com base na ajuda mútua e colaborativa. Para alcançar o
sucesso profissional na área biomédica é imprescindível fazer
networking com colegas, professores e outros profissionais como
biólogos, médicos, farmacêuticos, bioquímicos, biotecnologistas, entre
outros.

Relação interpessoal com os colegas

Quando se trata de colegas, a relação harmoniosa e de colaboração


mútua constitui uma grande ferramenta para fazer networking, por
exemplo, uma pessoa com maior facilidade em determinada disciplina
pode prestar assistência para os demais. Estudantes com facilidade em
escrita científica podem se associar com colegas com experiência
laboratorial para organizar um projeto de pesquisa. Muitas vezes, a
interação e troca de informações com pessoas pode não resultar em
colaboração momentânea (em curto prazo), porém, em um futuro
próximo (ao término da faculdade ou pós-graduação, por exemplo)
podem surgir grandes oportunidades que contribuirão relevantemente
para o seu sucesso profissional.

Um relato de Networking

Durante a graduação de Biomedicina, André e Gilberto perceberam


terem interesses comuns pela disciplina de fisiologia, em consequência
acabaram firmando uma relação de amizade e de colaboração entre
ambas as partes. Após o término da graduação em Biomedicina,
Gilberto foi aprovado em um concurso para seguir carreira como
professor e pesquisador em um conceituado instituto federal, André se
especializou em análises clínicas e passou a atuar no setor de
diagnóstico laboratorial em um importante hospital. Devido à
aposentadoria de um dos professores do instituto federal, houve a
necessidade da abertura de um edital para a contratação de um
professor substituto para ministrar a disciplina de “métodos em análises
clínicas”, logo, Gilberto se lembrou do seu colega André, que sempre se
mostrou interessado nesta área. Gilberto avisa André sobre o edital e
convida-o para participar da seleção. André, tem um excelente
desempenho na prova prática e teórica e acaba sendo aprovado. No
relato acima, embora a competência de André tenha sido o fator
determinante para sua aprovação, Gilberto foi crucial para o sucesso de
André, pois, foi ele quem informou ao mesmo sobre a abertura do edital
de seleção na instituição em que ele trabalhava.

Relação interpessoal com os professores

Durante o período de faculdade o aluno tem a oportunidade de


conhecer vários professores, responsáveis pelo ensino das diversas
disciplinas curriculares. Não obstante a atividade docente, é importante
ter a percepção de que o professor é, na verdade, um profissional de
alto nível, altamente qualificado, que escolheu repassar seu
conhecimento técnico-científico para os acadêmicos, contribuindo
diretamente com a formação de novos profissionais na sua área de
atuação. Portanto, deve-se ter em mente que o professor, além de
docente é um profissional especializado com uma grande experiência de
mercado e que pelo seu tempo de atuação, acaba tendo uma rede de
contatos de muita relevância. Assim sendo, o discente de Biomedicina
deve ao máximo cultivar uma boa relação com os professores, tanto no
sentido de se mostrar um bom aluno, quanto na perspectiva de seu
desempenho como um bom estudante. Isso é importante, pois, o
professor pode ser uma importante ponte para o sucesso acadêmico e
profissional. Consolidar uma boa relação com os professores durante a
graduação constitui um ato de inteligência profissional, pois, a partir
disso, podem surgir convites e grandes oportunidades. Procure
estabelecer uma boa relação com todos os professores, principalmente
com aqueles que você se identifica e cuja trajetória é compatível ao que
você deseja para sua carreira. Se mostre participativo durante as aulas,
faça perguntas e questionamentos pertinentes e mantenha um bom
desempenho durante as provas ou avaliações. É muito comum nas
universidades professores convidarem bons alunos para participarem de
projetos de pesquisa, exercer atividades de monitoria, realizar estágios,
etc. Quando o estudante estabelece boa reputação entre os
professores, mostrando-se motivado sobre seu aprendizado, proativo,
comprometido, ético e respeitoso, podem surgir grandes oportunidades,
dado que o professor é passível de indicar este acadêmico para outros
colegas ou profissionais, possibilitando maiores chances de crescimento
profissional, como estágios em laboratórios ou instituições de pesquisa,
parcerias comerciais, convites para docência, orientações de mestrado,
doutorado, entre outros (Fig. 3.0, 3.1 e 3.2).

      

Figura 3. Denomina-se networking a ação de interagir com pessoas com o objetivo de


trocar informações e experiências, onde cria-se uma rede de contatos baseada em ajuda mútua
e colaborativa.

  

Figura 3.1. É crucial que o estudante ou biomédico mantenha uma boa relação interpessoal
com seus colegas, professores e outros profissionais, o que impactará positivamente na sua
carreira. É inegável o fato de que conhecer pessoas pode gerar excelentes oportunidades
profissionais.
 

Figura 3.2. Impactos positivos do networking durante e após a graduação. O networking


acelera e facilita a obtenção do sucesso.
4. Construindo um currículo de excelência

O currículo nos dias atuais

O currículo consiste em um documento que resume todas as


informações acerca da formação, competências, conhecimentos e
experiências adquiridas ao longo da carreira de uma pessoa. Serve para
apresentar, de maneira geral, as características e especificidades
daquele profissional no que diz respeito a sua área de formação, campo
de atuação, bem como habilidades e experiências alcançadas no
decorrer do tempo. De maneira subjetiva, o currículo pode expressar o
quão dedicado é o profissional no que concerne a sua área de formação
e o quanto este é qualificado, servindo como uma apresentação para
que instituições ou empresas façam o recrutamento de pessoas
segundo o perfil desejado para ocupação de cargos, ou posições no
mercado de trabalho. Assim, a partir do currículo, avaliadores podem
mensurar as características do profissional e sua compatibilidade a um
cargo na vigência de um processo seletivo. Pode-se dizer que o
currículo é uma via de comunicação entre o indivíduo e o mercado de
trabalho, pois, permite que contratantes avaliem pontos positivos (ou
negativos) daquele candidato em potencial.
 

Como construir um currículo de excelência

Como referido no capítulo 3, estabelecer networking com professores


resultará em boas oportunidades ao longo de sua formação. Essas
oportunidades te possibilitarão a construção de um currículo acadêmico
de excelência que impactará positivamente na sua vida profissional. Um
bom currículo, faz parte do algoritmo do sucesso e constitui uma efetiva
estratégia de marketing profissional. A maneira usual para construir um
bom currículo durante a graduação é se envolvendo com atividades
acadêmicas relacionadas com o ensino, pesquisa e extensão. Dentre
estas atividades destacam-se a:

Monitoria Acadêmica

Os programas de monitoria envolvem a participação do acadêmico


em tarefas de ensino (ou pesquisa). O objetivo do programa de
monitoria é despertar no estudante o interesse pela docência,
estimulando e potencializando o desenvolvimento de habilidades
científicas. A função do aluno monitor é ajudar e auxiliar os outros
estudantes no processo de aprendizagem, esclarecendo dúvidas acerca
do conteúdo. O trabalho acontece sob a tutela de um professor, que
supervisiona e orienta as atividades de monitoria. Na maioria das vezes,
o monitor é selecionado através de um edital de seleção interna, com
prova teórica e avaliação do seu rendimento na disciplina em que será
exercida a atividade. A atuação como monitor possibilita a emissão de
um certificado comprobatório das atividades, a qual é computada como
carga horária extracurricular. Além disso, a atividade de monitoria pode
ser aproveitada para somar-se a pontuação durante seleções para
residência, mestrado ou doutorado.

Pesquisa

A atividade de pesquisa é de grande importância para a sociedade,


visto que busca a resolução de problemas, bem como o entendimento
de várias questões a partir da utilização de métodos científicos. Assim, a
pesquisa envolve diretamente as ações de buscar conhecimentos em
determinadas áreas. Durante a graduação, as atividades de pesquisa
expressam de maneira direta a performance do professor e dos
estudantes na busca de novos saberes, sendo uma atividade essencial
para o bom desempenho das instituições de ensino superior. Quando o
estudante se envolve com atividades de pesquisa, não somente
contribui para obtenção de um currículo de destaque, mas também se
mostra como uma maneira de aplicar o conhecimento em prol da
sociedade. É muito importante que o sucesso do profissional biomédico
esteja atrelado a um desejo de contribuir com o próximo.
Extensão

As práticas de extensão envolvem as atividades realizadas por


professores e estudantes junto à comunidade, compartilhando com o
público externo os conhecimentos adquiridos ao longo de sua formação.
A extensão universitária pretende elencar os conhecimentos adquiridos
na universidade com as necessidades da comunidade. De forma geral,
são ações e atividades organizadas por professores e estudantes para a
população. O planejamento das ações é realizado com base nas
necessidades da população envolvida e são influenciadas pela
especificidade do curso de graduação, embora, na maioria das vezes,
envolvem temáticas que agregam vários cursos, de maneira
colaborativa, como, por exemplo, práticas sociais e de promoção à
saúde. As atividades de extensão podem envolver palestras,
atendimentos, oferta de cursos de curta duração, apresentações
artísticas, entre outras. Estas atividades também permitem ampliar seu
networking profissional, através da interação com outros estudantes,
professores e membros da comunidade. Instituições e empresas estão
sempre em busca de estudantes ou profissionais dinâmicos, que se
atualizam e se mostram motivados para aplicar seus conhecimentos e
experiências na prática. Assim, a participação nessas atividades é de
grande importância, pois, ampliam sua rede de contatos e melhoram o
currículo, podendo ser um grande diferencial nas seleções para estágio
ou trabalho.

Estágio

O estágio é uma experiência imprescindível para qualquer estudante,


tanto para a construção de um currículo de destaque, quanto para
adquirir conhecimentos sólidos, que contribuirão para o crescimento
profissional na Biomedicina. Embora, ao longo da graduação,
naturalmente o estudante passe por várias disciplinas, seminários e
também atividades de simulação, é através do estágio que se coloca em
prática todos os conhecimentos adquiridos, tendo assim a oportunidade
de se ter um contato prévio com a rotina na área ou especialidade
pretendida. Existem diferentes tipos de estágio, entre os quais:

Estágio de aprendizagem

Neste caso, o estudante interessado conversa diretamente com um


professor ou profissional acerca da possibilidade de estágio, também
não é incomum que professores convidem estudantes com bom
rendimento acadêmico para participar de atividades laborais, porém,
aconselha-se que o acadêmico tenha sempre a iniciativa e busque por
estas oportunidades, pois, são cruciais para a construção de uma
carreira de sucesso. No estágio de aprendizagem, o estudante
acompanha a rotina de trabalho de um professor ou profissional
experiente em uma determinada área. Geralmente, o período de
atividade é estipulado de maneira informal, sendo importante que o
horário do estágio (por exemplo, em laboratórios, biotérios, clínica
escola) não seja intenso a ponto de interferir com o desempenho
acadêmico. Aconselha-se que ao término do estágio de aprendizagem,
o estudante converse com o professor ou profissional sobre a
possibilidade da emissão de uma declaração ou documento
comprobatório dessas atividades.

Estágio de Iniciação Científica

Semelhantemente ao anterior, no estágio de iniciação científica o


aluno pode procurar um professor pesquisador, supervisor ou
coordenador de laboratório, em que há interesse em realizar as
atividades de estágio. Em caso de aceitação, o professor (mestre ou
doutor) tentará vincular o estudante a um projeto científico, neste caso, o
projeto será submetido à aprovação pelo comitê de ética, coordenação
ou departamento da instituição. Após a aprovação do projeto científico, o
aluno inicia suas atividades de estágio, com duração média de 6 a 12
meses. Durante este período, os resultados obtidos podem ser
apresentados na forma de seminários, resumos ou artigos,
enriquecendo de maneira relevante o currículo do estudante. Muitas
oportunidades podem surgir a partir da elaboração de um projeto de
pesquisa de destaque. Esta categoria de estágio pode contribuir muito
para a construção de um currículo de excelência.

Categorias de currículo

Atualmente, são adotados na área biomédica dois tipos principais de


currículos: o (1) Curriculum vitae e o (2) Currículo Lattes. De forma
geral, o primeiro é utilizado para mostrar informações essenciais, isto é,
apresenta um resumo da formação acadêmica e da trajetória do
profissional, expondo concomitantemente algumas de suas qualificações
e habilidades adquiridas ao longo do processo. Uma das grandes
vantagens do Curriculum vitae é a sua adaptabilidade, isto é, o
candidato pode adequá-lo e destacar as habilidades de interesse da
instituição ou empresa contratante. O Currículo Lattes, da mesma forma,
também apresenta de a trajetória profissional, mas dando ênfase
especial ao histórico e desempenho acadêmico. Essas categorias de
currículos são usadas para diversos fins, como para concorrer ou
candidatar-se a uma vaga de emprego, participar de processos seletivos
internos em empresas, elaboração de marketing pessoal em redes
sociais ou profissionais, divulgação de trabalho, divulgação em sites
institucionais, entre outros. É crucial que o estudante ou profissional
biomédico utilize e estruture o currículo de maneira adequada,
estabelecendo uma boa comunicação com o público.

Curriculum vitae

Esta categoria é muito utilizada quando se deseja enfatizar


qualificações e habilidades de interesses da instituição ou empresa
contratante. Pode ser disponibilizado ao empregador de forma isolada
ou juntamente com o Lattes, para fins de complementação. É muito
importante que o profissional das Ciências Biomédicas observe o perfil
da instituição ou empresa, para adequar seu Curriculum vitae frente aos
interesses da mesma. Por exemplo, em uma indústria de alimentos você
poderá enfatizar sua formação ou experiência em microbiologia,
bioquímica, parasitologia, instrumentação laboratorial, etc., ou seja,
conhecimentos que são de interesses ou que serão vantajosos para a
instituição contratante. Mesmo que já se tenha um modelo de currículo
previamente pronto, é importante personaliza-lo, isto é, adequá-lo para o
cargo de interesse. Para isso, aconselha-se a leitura da descrição das
atribuições do cargo, assim você saberá quais informações poderão ser
enaltecidas na elaboração do seu currículo. O segredo para estruturar
um currículo almejado é a manutenção constante de atividades de
estudos e formação continuada, durante e após a faculdade, dando mais
possibilidades para diversificação curricular. É crucial destacar sempre
os diferenciais, como estágios em instituições ou empresas, atividades
de docência, palestras, experiências internacionais, projetos em que
esteve envolvido, especializações, cursos de formação continuada e
domínio de um segundo idioma. Um bom Curriculum vitae precisa ser o
mais claro e objetivo possível, uma vez que o recrutador não terá muito
tempo para analisar o documento. As informações devem apresentar
coerência e organização, de maneira que a formação acadêmica e as
experiências profissionais sejam apresentadas em consonância, isto é,
vinculadas entre si. Ressaltasse que as informações em um currículo
devem imprescindivelmente ter veracidade, pois, a ética do profissional
já é manifesta pela sua postura na elaboração de um documento
coerente com suas experiências acadêmicas e profissionais.
Informações que não podem ser comprovadas não devem ser
mencionadas no currículo. Existem diversas formas de se estruturar um
currículo, mas todos, invariavelmente, devem conter as seguintes
informações básicas:
Identificação; Dados gerais e contato; Objetivo profissional;
Formação acadêmica; Educação/Cursos realizados; Experiências
profissionais; Competências e Habilidades.
O ideal é que o profissional ou estudante ajuste o currículo conforme
o cargo de interesse, adequando-o e enaltecendo as qualificações de
maior relevância para o cargo ou função desejada. Currículo Lattes
Trata-se de um currículo organizado de acordo os padrões do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o qual
fica armazenado na Plataforma Lattes, um banco de dados do CNPq. O
nome é uma homenagem ao físico César Lattes, um dos maiores
pesquisadores brasileiros, referência em produção científica em vários
países. O Currículo Lattes é um documento que apresenta as
informações profissionais com uma ênfase especial ao histórico e
desempenho acadêmico. Pode ser usado por estudantes, professores,
pesquisadores e profissionais atuantes no mercado. Na maioria das
vezes, o Lattes é usado para fins acadêmicos, por exemplo, concorrer
uma bolsa de estudos, seleção de mestrado, doutorado. Em algumas
circunstâncias, o currículo Lattes pode ser utilizado como uma
alternativa ao Curriculum vitae.

Tabela 1. Principais diferenças entre os currículos de uso corrente

Para cadastrar o currículo na plataforma Lattes deve-se acessar o


endereço https://lattes.cnpq.br/ e selecionar o item “cadastrar novo
currículo.”

Currículos na atualidade

Existem outras configurações de currículos que podem ser


requeridos em circunstâncias específicas. Estes currículos podem ser
considerados variações do curriculum vitae, que se diferenciam pelo
formato ou conteúdo apresentado. Como exemplo pode-se citar:

Currículo com carta de apresentação

Esse modelo é baseado na adição de uma carta de apresentação


anexada ao currículo. A carta de apresentação é um texto que relata sua
trajetória profissional, competências e habilidades, mostrando o quanto
você pode contribuir para a instituição ou empresa recrutadora. A carta
de apresentação pode ser feita por um professor, coordenador ou
supervisor, referenciando e confirmando sua competência acadêmica ou
profissional.

Currículo cronológico

Quando o currículo é organizado de maneira a enfatizar a trajetória


profissional de acordo as datas ou ordem cronológica dos
acontecimentos, esse é denominado currículo cronológico. Muitas
vezes, em sites ou redes sociais, este documento apresenta-se com
formato de linha do tempo, ressaltando a experiência adquirida ao longo
do tempo.

Vídeo currículo

Diferentemente dos outros formatos, o vídeo currículo é uma


modalidade em que o candidato realiza uma filmagem para se
apresentar ao recrutador. No vídeo, o currículo é apresentado com a
mesma ordem tradicional, com a diferença em se tratar de uma
descrição verbal do mesmo. Só é utilizado em processos seletivos
restritos, que exigem este tipo de apresentação, por exemplo, em
seleção de professores para atuarem no ensino à distância (EAD).
5. Como se tornar referência em Biomedicina
Atributos básicos para se tornar uma referência
profissional

Quando um profissional se torna referência em uma área, significa


que alcançou o reconhecimento dos colegas, pacientes, clientes e do
mercado. Para isso, é essencial que o profissional biomédico detenha
um relevante conhecimento técnico-científico, que é conseguido
somente através da dedicação e muita disciplina nos estudos. A
inclinação aos estudos, associada com disciplina e dedicação é
desenvolvida através de uma prática de constância diária. Com base
nisso, é importante ressaltar que existem diferenças entre os termos
“aluno” e “estudante”. Aluno é o indivíduo matriculado no curso, que
assiste ou acompanha as aulas e que responde às regras institucionais.
Já estudante é aquele que exerce a atividade de estudar, com
constância, disciplina e compromisso. É inegável o fato de que aqueles
profissionais que se mantêm como estudantes, mesmo após o término
da graduação ou pós-graduação, vão alcançar patamares mais elevados
em suas carreiras. Desta forma, o segredo para se tornar uma
referência profissional é identificar quais são seus interesses na
Biomedicina e lapidá-los com estudo, treinamento e aperfeiçoamento.

Novas competências valorizadas pelo mercado

O cenário mercadológico passou por numerosas transformações nas


últimas décadas e atualmente as grandes empresas e instituições têm
valorizado bastante outras competências, além daquelas ofertadas pela
graduação ou pós-graduação. Além de aprimoramento técnico,
aconselha-se ao estudante e profissional biomédico, que busque
adquirir uma ou mais competências diferenciais como:

Habilidades de comunicação

Treinar a comunicação para se expressar de forma clara e objetiva


bem como desenvolver a oratória é de grande importância na
Biomedicina. Isso possibilitará ao profissional biomédico ministrar aulas,
palestras, cursos e até mesmo dar entrevistas, trazendo grandes
oportunidades ao longo de sua carreira.

Atualização

Outro aspecto crucial ao profissional das Ciências Biomédicas é


manter-se sempre atualizado, principalmente no que diz respeito as
novidades da área de atuação ou especialidade pretendida. Como
exemplo de novos conhecimentos a serem explorados pela Biomedicina
cita-se os “biossensores.” Nos próximos anos, haverá um grande
crescimento no uso destes dispositivos miniaturizados, para testes
rápidos ou testes no ponto de atendimento (do inglês; point of care
testing), por isso, os estudantes e novos profissionais devem estar
atentos as novas temáticas e assuntos relacionados a sua área de
atuação. Adicionalmente, o profissional deve sempre reciclar e renovar
seu conhecimento através de cursos de aprimoramento, atualização ou
especialização. Estes cursos ajudam na troca de experiências e na
obtenção de novos saberes, além de favorecerem o networking
(interação com outros profissionais da área).

Inteligência emocional

Além dos saberes científicos, é importante que o profissional da


Biomedicina, desenvolva autoconhecimento e inteligência emocional
para identificar e lidar com conflitos ou pressões durante a rotina de
trabalho. Essa é uma competência que traz maior equilíbrio e solidez na
vida profissional do biomédico.

Bom relacionamento interpessoal

Saber interagir com os colegas de forma adequada, respeitosa, ética


e profissional também é uma característica que impulsiona a carreira
biomédica para outros níveis. Profissionais com boa disciplina,
comprometimento e empatia são muito valorizados no mercado de
trabalho. Um bom relacionamento interpessoal com colegas e equipe de
trabalho são importantes para resolver crises e saber lidar com pessoas
com diferentes perspectivas e personalidades. Por isso, cultivar bons
relacionamentos no ambiente de trabalho é fundamental.

Conhecimento em língua inglesa

O domínio da língua inglesa impacta positivamente na carreira em


Ciências Biomédicas, visto que a maioria dos trabalhos científicos de
grande impacto são publicados nesse idioma. Profissionais que
trabalham com ciência e tecnologia estão em constante contato com
equipamentos importados, manuais, artigos, etc. Por isso, é interessante
que o biomédico tenha algum conhecimento de língua inglesa.

Manter uma rotina de estudo

Quanto se cursa uma faculdade ou pós-graduação, o indivíduo está


buscando um conjunto de conhecimentos para ser bem-sucedido em
sua vida. Sabe-se que quanto maior for o conhecimento de uma pessoa
maior será a probabilidade deste alcançar o sucesso. Afinal, mais cedo
ou mais tarde uma grande oportunidade vai surgir e o estudante, ou
profissional deve estar preparado para ela. É estudando que o indivíduo
adquire conhecimento, tornando-se mais criativo, inteligente e preparado
para o mercado de trabalho. Estudar é uma ação estratégica que deve
ser realizada de forma contínua e otimizada. Umas das coisas que se
deve compreender para otimizar e aperfeiçoar o método de estudo são
os conceitos de “perceber”, “entender” e “aprender”, que constituem o
triângulo do saber (figura 5).

                   
Figura 5. Triangulo do saber. Esquema mostrando as etapas básicas da aprendizagem:
perceber, entender e aprender/memorizar.
Toda aprendizagem começa com a percepção de uma informação.
Essa informação pode ser captada de maneira visual ou aditiva, ou
mesmo a partir de sensações táteis. Assim, a primeira etapa de
qualquer atividade de aprendizagem diz respeito a percepção da
informação. Esta é uma etapa crucial para a aprendizagem, pois, é a
partir desse momento que o cérebro começa a captar passivamente as
informações expostas e inicia uma série de processos de decodificações
na forma de impulsos nervosos. Desta maneira, quando a informação é
exposta para você, não há necessidade de se preocupar em memorizar
ou aprender de fato o conteúdo exposto, uma vez que na primeira etapa
o importante é perceber o tipo de informação recebida. A percepção de
uma informação pode ser feita de forma repetida, de acordo a
complexidade do conteúdo e critérios pessoais. Depois que se permite
ao cérebro “visualizar o terreno”, deve ocorrer o entendimento da
informação (visual, auditiva, tátil, sonora), somente depois disso é que
se inicia a fase de aprendizagem. A aprendizagem e a memorização
ocorrem a partir da análise e reflexão das informações por meio do
estudo. Academicamente, pode-se dizer que é papel do professor
proporcionar uma boa percepção e entendimento prévio das
informações expostas, facilitando e estimulando o aluno continuamente
durante as etapas de percepção e entendimento.

O que é estudar?

Pode-se definir o ato de estudar como a ação ativa de análise e


reflexão de um conjunto de informações com o objetivo de aprender e
aplicar esses conhecimentos. Dito de outra forma, estudar refere-se à
ação de aprender algo de forma ativa o qual é sempre precedido pela
compreensão do conteúdo ou objeto de estudo. Entender ou
compreender algo antecede a fase de aprendizagem. Por isso, durante
as aulas de graduação (ou pós-graduação) é importante que o aluno se
preocupe em entender o tema ou conteúdo que está sendo exposto pelo
professor para depois aprender (memorizar). O verdadeiro objetivo para
se estudar é aprender para depois aplicar esse conhecimento na vida
profissional. Por isso, o acadêmico ou profissional das Ciências
Biomédicas deve ter em mente que o conhecimento é adquirido para a
vida profissional e não apenas para realização de uma prova. Por isso é
imprescindível que o aspirante ou profissional biomédico cultive o hábito
de estudar continuamente. O profissional ou aspirante deve sempre
priorizar o ato de estudar, mas sempre ter em mente que não é uma
questão de quantidade de estudo, mas de qualidade.

Como estudar com qualidade

Se o objetivo do estudo é armazenar o conhecimento no cérebro de


maneira permanente, a qualidade da aprendizagem pode ser medida
pela permanência da informação na mente, assim sendo o
conhecimento deve se fixar por vários anos, ou idealmente, por toda
uma vida! Dessa forma, a técnica de estudo é uma estratégia que deve
ser trabalhada e aprimorada, de forma a ser efetuada com total
qualidade. Considerando um estudante de Biomedicina, a primeira etapa
de aprendizagem diz respeito ao primeiro contato deste com a
informação ou conteúdo exposto pelo professor durante uma aula.
Nesse momento o aluno deve se preocupar em entender a informação
exposta (e não necessariamente em aprender), recebendo a informação
de maneira entusiasmada, prazerosa e positiva (mesmo que o professor
não ajude). Evite ao máximo receber a informação com sentimento de
tédio ou indiferença, pois, isso interfere muito no entendimento, dado
que seu cérebro está programado para armazenar somente aquilo que
você considera importante. Sentir-se entusiasmado e positivista (ou até
mesmo preocupado com o conteúdo) pode ajudar seu cérebro a
armazenar as informações, mas o tédio e a indiferença atrapalham
demasiadamente. Para que se estabeleça uma aprendizagem efetiva, o
acadêmico deve, após cada aula, estudar individualmente. Por exemplo,
se a aula for durante o dia, estudar no mínimo 30 minutos no período da
tarde, se a aula for ao período da tarde, estudar pelo menos 30 minutos
durante a noite, e em caso de aulas noturnas, estudar 30 minutos antes
de dormir. Durante estudos mais prolongado, aconselha-se fazer uma
pausa de 10 minutos para cada 30 minutos estudados. De forma geral, a
aula ministrada por um professor serve apenas para entender o
conteúdo, e ao entender a informação recebida você estará mostrando
para seu cérebro que existe uma relevância referente àquela
informação, principalmente se estiver associado com sentimentos ou
emoções. Assim, após a aula, o acadêmico deve organizar-se para
estudar o conteúdo visto em aula, em um local que seja confortável,
sossegado e livre de interrupções e distrações, permitindo maior
concentração e foco.

Técnicas Básicas de Aprendizagem e Fixação

Anotação

Olhar para o parágrafo de um livro, ler e marcar trechos que se


considere importante não constitui uma técnica efetiva de estudo.
Marcar a apostila ou o livro não implica em aprendizagem. Uma técnica
proveitosa para se estudar é a leitura do texto de um livro tendo em
mãos um pedaço de papel e uma caneta ou lápis, ou mesmo um quadro
branco e um pincel apropriado. Desta forma, à medida que se lê o texto,
o estudante faz anotações de palavras-chave, definições e relações
importantes do conteúdo em estudo. Neste método não há necessidade
de se reproduzir uma cópia do texto, mas apenas anotar conceitos,
termos e associações importantes de maneira esquemática. Após isso,
pode-se descartar o papel de anotações ou apagar o quadro em uso.
Além de anotações textuais, pode-se ainda desenhar e esquematizar
imagens ou figuras que estejam relacionados com o tema de estudo. Do
ponto de vista psicobiológico, escrever manualmente envolve diferentes
áreas cerebrais, como visual, corporal-cinestésica, linguística e espacial.
Assim, estudar através da escrita (manual) é muito vantajoso do ponto
de vista cognitivo, pois, intensifica a memorização, associação e
aplicação das informações recebidas, a partir da estimulação de
múltiplas áreas cerebrais.

Resolução de problemas

Adicionalmente, a resolução de problemas na forma de questões,


exercícios ou casos clínicos possibilitam ao cérebro treinar a aplicar os
conhecimentos durante o processo de aprendizagem. Desenhar e
elaborar esquemas também possibilitam uma aprendizagem com maior
solidez.

Mapas conceituais e mentais

Estudantes biomédicos são constantemente confrontados com uma


grande riqueza de informações. Uma técnica muito eficaz para organizar
informações consiste na elaboração de mapas: (1) conceitual e (2)
mental. Esses mapas são projetados para facilitar o estudo e a
aprendizagem, bem como organizar ideias e direcionar a compreensão
de um conjunto de informações. Em suma, um mapa mental consiste em
uma organização de imagens e palavras associadas a um conceito
principal, semelhante aos galhos de uma árvore, onde a leitura começa
no centro (tronco) e irradia para os lados (como galhos), permitindo uma
visão panorâmica da temática em estudo. O mapa mental, por sua
flexibilidade de elaboração, funciona como um guia de estudo à parte,
portanto, geralmente, não possui uma função compartilhada, pois, sua
estruturação é muito específica, conforme com a linha de pensamento
da pessoa que o criou. Os mapas mentais são uma ótima ferramenta
para resumir grandes tópicos e visualizá-los de forma panorâmica,
auxiliando na aprendizagem geral da informação ou conteúdo estudado
(Fig. 5.1).

Figura 5.1. Representação esquemática de um mapa mental.

Em contraste, os mapas conceituais permitem aprofundar conceitos


e construir relações de maneiras mais profundas. Os mapas conceituais
não usam imagens, mas principalmente formas, como retângulos ou
círculos conectados por linhas. Nas linhas entre os conceitos, existe um
verbo de ligação mostrando as relações, como, por exemplo, "contém",
"é uma parte de", "divide-se em", etc. Normalmente, a leitura começa na
parte superior, começando com conceitos-chave ou perguntas focais
que servem como base para ampliar e construir o mapa, conforme
mostrado na figura abaixo (Fig. 5.2).

             

Figura 5.2. Esquema básico de um mapa conceitual.

Reformulação textual

Para certificar-se de sua aprendizagem, bem como aumentar a sua


compreensão e fixação de conteúdo, pode-se utilizar a técnica do OR
(Original — Reformulado). Essa técnica baseia-se na reformulação de
frases e parágrafos que estão sendo estudados. Observe, por exemplo,
essa frase original retirada de um livro de biologia celular e molecular:
“A célula é a unidade estrutural e funcional dos seres vivos”.
Essa frase poderia estar presente no primeiro parágrafo do conteúdo
de estudo. Para aplicar a técnica do OR, basta reformular a frase (ou
parágrafo) a sua maneira:
“A célula é a unidade que forma todos os seres vivos, sendo
responsável pela estrutura e funcionamento dos mesmos.”
A reformulação consiste em adicionar conhecimentos que estão
subjetivos na frase, isso ajuda o cérebro a estabelecer associações com
saberes já existentes. Assim, repetindo-se a técnica de reformulação na
frase, pode-se obter:
“A célula é unidade básica da vida, responsável pela formação dos
organismos vivos (animais, vegetais, protozoários, fungos, bactérias) e
pelas atividades funcionais.”
A estratégia do OR é extremamente aplicável e serve tanto como
método de estudo e fixação quanto de autoavaliação da aprendizagem,
podendo ser utilizado tanto de maneira escrita quanto falada. Neste
último caso, o texto deve ser lido em alta voz, e em seguida,
reformulado como um discurso. Imagine que você é um palestrante ou
um professor e está diante de uma plateia e proceda um discurso ou
explicação sobre o que você está estudando.

Técnica dos por quês

Uma técnica eficiente para fixação de conteúdo, bem como para


autoavaliação da aprendizagem, é a utilização do “por quê” em cada
tópico ou temática abordada. Esta técnica funciona da seguinte maneira:
se o acadêmico conseguir responder pelo menos um questionamento
sobre o conteúdo entende-se que ele possui um bom conhecimento, se
for capaz de responder a dois questionamentos, pode indicar um ótimo
domínio. A técnica é simples, ao ler uma afirmativa, o estudante deve
perguntar para si próprio: “por quê?” Em seguida tentar responder ao
questionamento feito. Por exemplo:
“O óleo é líquido a temperatura ambiente.” Pergunte-se: POR QUÊ?
Após isso deve-se (tentar) responder o questionamento feito, por
exemplo: “O óleo é líquido a temperatura ambiente porque é rico em
lipídios insaturados, que possuem baixo ponto de fusão”. Dada a
resposta, pergunta-se mais uma vez: POR QUÊ? A partir disso, o
estudante tenta responder ao segundo questionamento, por exemplo:
“Lipídios insaturados tem baixo ponto de fusão devido à presença de
instaurações em suas cadeias hidrocarbonadas, que causam maior
liberdade de movimento em suas moléculas” ...
Caso não se consiga responder a um dos “por quês”, deve-se
direcionar o estudo para conseguir responder ao questionamento feito.
Dessa forma a “técnica dos por quês” pode ser aplicada em qualquer
disciplina ou conteúdo que se esteja estudando, constituindo um método
de estudo bastante proveitoso, tanto no sentido de fixação de conteúdo
como de autoavaliação da aprendizagem. Basicamente, a técnica
consiste em ler uma afirmativa ou informação e em seguida questionar-
se: por quê? De regra as respostas devem ser coerentes e
fundamentadas.

Marketing na Biomedicina

O conjunto de estratégias empregadas por profissionais ou empresas


para promover serviços é chamado de marketing. No campo da saúde, o
marketing não deve ultrapassar os limites da ética profissional, por isso,
o marketing pessoal na biomedicina é uma das estratégias mais
eficazes. O marketing pessoal refere-se a um conjunto de estratégias ou
técnicas empregadas para melhorar a imagem de um profissional,
auxiliando-o a ganhar visibilidade e se firmar como referência ou
autoridade em seu respectivo campo de atuação. O primeiro passo para
desenvolver uma boa imagem pessoal é fazer a diferença. Como
mencionado anteriormente neste capítulo, aqueles que acompanham os
tempos e expandem ativamente seus conhecimentos terão maior
potencial para alcançar níveis mais altos em suas carreiras. Dessa
forma, o primeiro passo no marketing pessoal é desenvolver e identificar
qual o seu diferencial, o qual vai muito além de competências técnicas.
Portanto, um biomédico deve refletir e valorizar os diferentes atributos
que o tornam um profissional único e usar isso ao seu favor. Outro
aspecto crucial para o desenvolvimento de uma imagem profissional
sólida, é a capacidade de se comunicar de forma clara e assertiva com
os seus clientes/pacientes. Um profissional que que sabe ouvir e
responder questionamentos com segurança, bem como sugerir ações
de maneira respeitosa, ética e carismática, sem dúvida será mais
atrativo para seus e clientes/pacientes. Outro fator de grande relevância
no marketing pessoal é estabelecer networking constante com outros
profissionais, participando de congressos, palestras, cursos e outros
eventos. Muitas vezes a visibilidade é gerada de forma ativa pela
participação do profissional em atividades sociais, acadêmicas ou
profissionais. Com isso, a imagem do profissional vai se consolidando
no mercado e cada vez mais se firmando como referência em sua
respectiva área de atuação.
6. A importância da pós-graduação na
Biomedicina
A Pós-graduação impacta positivamente na carreira do
biomédico

Durante a faculdade de biomedicina, o acadêmico tem a


oportunidade de cursar uma grande variedade de disciplinas, como
embriologia, histologia, microbiologia, genética, biologia molecular,
imunologia, entre outras. Isso faz com que o estudante, ao longo de sua
formação, adquira uma visão geral dos aspectos biológicos, clínicos e
laboratoriais do organismo humano, bem como dos fatores ambientais e
particularidades dos agentes causadores de doenças. Após a graduação
e inscrição no respectivo conselho regional de Biomedicina, o
profissional biomédico estará habilitado para exercer as análises clínicas
como generalista. No entanto, é crucial que o profissional das Ciências
Biomédicas mantenha uma atividade contínua de estudo, atualização e
qualificação profissional. Assim, o profissional biomédico deve continuar
atualizado e em constante crescimento através da realização de cursos
de curta duração, participando de congressos, assistindo palestras e
trocando informações com outros profissionais mais experientes. Nesse
quesito, a pós-graduação assume uma crucial importância na carreira
biomédica, visto que melhora o currículo do profissional e permite que
este se especialize em uma ou mais áreas, contribuindo para
estabelecer e solidificar sua relevância no mercado de trabalho. A pós-
graduação é importante para todos os profissionais da Biomedicina,
independentemente de serem laboratoristas, empreendedores,
consultores, comunicadores, professores ou pesquisadores. Assim, o
profissional biomédico deve avaliar a categoria de pós-graduação e a
ênfase que mais se adéqua com seus objetivos profissionais.

Tipos de Pós-graduação

Basicamente, existem duas categorias de pós-graduação: a (1) lato


sensu e a (2) stricto sensu. A pós-graduação lato sensu (formação em
sentido amplo) é denominada especialização e tem o objetivo de
aprimorar o conhecimento do profissional em alguma área, preparando o
mesmo para atuar no mercado de trabalho. Já a pós-graduação stricto
sensu, que inclui mestrado e doutorado, proporciona um conhecimento
estrito, isto é, mais específico ou direcionado, permitindo o
aprofundamento extenso acerca de uma temática dentro de uma área
específica.

Pós-graduação lato sensu: especialização

Estes cursos têm o objetivo de ampliar o conhecimento do graduado


em alguma disciplina ou especialidade biomédica, bem como outras
áreas de importância profissional. Uma grande vantagem dos cursos de
pós-graduação lato sensu se deve ao fato da grande maioria destes não
necessitarem de dedicação integral, sendo às aulas desenvolvidas uma
ou duas vezes por mês. Além disso, muitas instituições públicas e
privadas oferecem cursos de especializações de excelente qualidade
com valores relativamente acessíveis. Os programas de residência
multiprofissional também constituem uma modalidade de ensino de pós-
graduação lato sensu. Diferentemente da especialização comum, a
residência caracteriza-se por ser um ensino em serviço, por isso,
apresenta uma carga horária mais extensa, requerendo dedicação
integral do estudante. Durante a escolha da especialização é importante
o graduado verificar se a instituição ofertante é validada perante o
ministério da educação, seu nível de ensino, qualificação e credibilidade
da equipe de professores.

Pós-graduação stricto sensu: nível mestrado

O curso de mestrado tem o objetivo de formar professores


universitários e/ou pesquisadores científicos. Para ingressar e frequentar
o curso o candidato passa por um processo de seleção dos quais os
pré-requisitos dependem da instituição. Para concluir o mestrado, é
necessário cursar com aprovação todas as disciplinas ofertadas, realizar
uma pesquisa científica e apresentar os resultados em uma defesa
pública de dissertação de mestrado, avaliada por três examinadores
com título de doutorado. Além do tradicional mestrado acadêmico, existe
outra modalidade denominada “mestrado profissional”, o qual se mostra
mais flexível e oferece conhecimentos mais direcionados para o
mercado. Geralmente o mestrado tem duração de 2 a 3 anos,
dependendo dos critérios da instituição ofertante.

Pós-graduação stricto sensu: nível doutorado

O doutorado é considerado o maior grau acadêmico que se pode


chegar. Para cursar uma pós-graduação neste nível é necessário que o
candidato tenha o título de mestre. Após a conclusão do doutorado o
acadêmico recebe o título de doutor (ou PhD, do inglês Philosophy
Doctor; doutor em filosofia). Assim, o título de doutor equivale ao PhD da
língua inglesa, obtido após a conclusão das disciplinas, etapas de
qualificação e defesa da tese de doutorado. O objetivo do doutorado é
aprofundar e consolidar os conhecimentos científicos para um maior
grau de excelência, através do desenvolvimento de pesquisa.
Geralmente, o tempo de duração de um doutorado é de 4 anos. Para
concluir o curso de doutorado o acadêmico cursa uma série de
disciplinas, desenvolve uma pesquisa onde os resultados são
apresentados na defesa pública de tese, avaliada por uma banca
composta por um grupo de doutores. Ao se obter o título de doutor, o
profissional adquire credibilidade científica, podendo ser contratado
como docente, pesquisador, diretor ou coordenador em faculdades,
universidades, instituições de pesquisa, entre outras.

Buscando orientação para o mestrado/doutorado

O estudante de biomedicina ou profissional biomédico que toma a


decisão de cursar mestrado e/ou doutorado deve ser preparar,
estudando os conteúdos basais da área pretendida e adequando seu
currículo com numerosas atividades extracurriculares (publicação de
artigos, apresentação de trabalhos em eventos, atuação como monitor,
participação em projetos de extensão, minicursos, simpósios,
congressos, etc.). Aconselha-se que o interessado faça contato prévio
com o possível orientador. Nos casos em que o orientador pertença a
mesma instituição em que o estudante interessado cursa ou tenha
cursado a graduação, existe maior facilidade para conversar com o
mesmo sobre a possibilidade de estágio, permitindo a elaboração prévia
de um projeto de pesquisa, para que em caso de aprovação na seleção,
possa ingressar no grupo de pesquisa ou laboratório desse professor
orientador. Em caso de o professor orientador pertencer a outra
instituição, aconselha-se que o estudante ou graduado entre em contato
de forma antecipada com o orientador para conversar sobre a
possibilidade de orientação.
7. Empreendedorismo na Biomedicina
A importância do empreendedorismo

Na maioria das vezes, o bacharel em biomedicina é um profissional


que nunca planejou estruturar uma empresa, mas devido diversas
circunstâncias e até mesmo devidas as oportunidades e aptidões
pessoais, toma a decisão de empreender. O surgimento de uma ideia
inovadora, somada a capacidade de planejamento e organização,
motivação e comprometimento, bem como o uso das diversas
ferramentas disponíveis, constituem os elementos básicos para o
surgimento de um negócio com alta possibilidade de sucesso. Para isso,
o empreendedor biomédico deve ter sempre em mente, que grandes
desafios virão e ele deve estar motivado e preparado para resolve-los
diariamente. A inovação é o grande pilar responsável pela dinamicidade
da economia, por isso, o empreendedor ocupa uma posição de
destaque no desenvolvimento econômico mundial, atuando como um
agente ativo no processo de crescimento dos diversos setores do
mercado. Do ponto de vista mercadológico, a inovação pode ser
resultado da criação de um produto, de um novo serviço ou da
apresentação modificada de um produto já existente, bem como da
oferta de um serviço ou produto que não existia em determinado local.
Com base nisso, pode-se dizer que o empreendedorismo é marcado
pela capacidade de inovação e pioneirismo, sendo guiado pela
motivação e conhecimento do empreendedor. É crucial que o biomédico
que deseja investir neste setor, tenha um conhecimento prévio acerca
dos serviços ou produtos que serão ofertados para seus clientes.
Ademais, pode-se afirmar que a importância do empreendedorismo na
dinamização da economia é inegável, pois possibilita a geração de
novos empregos, a criação de diferentes produtos ou serviços e ainda
estimula o surgimento de inovações em diferentes setores do mercado.

Empreendedorismo na Biomedicina

Empreendedorismo pode ser definido como ato de desenvolver,


organizar e ofertar um serviço ou produto através de uma empresa,
visando satisfazer as necessidades de clientes específicos. De maneira
geral, o empreendedor é um profissional que observa e percebe uma
lacuna no mercado, e a partir daí, organiza-se para a prestação de um
serviço que irá preencher esta necessidade, ofertando um serviço ou
produto que visa beneficiar o cliente. A qualidade é um dos grandes
pilares responsáveis pelo sucesso de uma empresa, trazendo
reconhecimento e rentabilidade para o empreendedor e seus pares. Em
todas as áreas ou serviços ofertados no mercado, sempre existirá a
necessidade de inovação, visto que as necessidades e interesses dos
diversos clientes estão em constante adaptação, sendo ainda variáveis
e passíveis de indução. Por isso, o biomédico aspirante a empreendedor
deve buscar conhecimento aprofundado na sua área, analisar as
necessidades mercadológicas e a partir disto elaborar e organizar um
plano de negócio, no sentido de beneficiar o cliente com a prestação de
um serviço de qualidade, que seja satisfatório e traga vantagens, tanto
para o cliente (consumidor, usuário, paciente), como para o
empreendedor biomédico. Pode-se afirmar que a estruturação e
organização de uma empresa se baseia em solucionar os problemas de
outras pessoas. Para tal, o biomédico que deseja empreender deve ter
autoconfiança e acreditar nas suas ideias, isso é importante para
solidificar seu plano de negócio, além de proporcionar um alto poder de
convencimento, que é crucial para a prospecção de novos clientes.
Assim, o empreendedor biomédico deve se manter perseverante diante
das possíveis barreiras ou dificuldades que se apresentarem,
aprendendo com seus erros e otimizando suas estratégias de
organização, gestão e prestação de serviços. Dito isto, surge a primeira
grande dúvida de muitos profissionais: por onde começar?
Na verdade, para iniciar uma empresa na área biomédica, seja em
estética, análises clínicas, biotecnologia, consultoria ou em qualquer
outro setor, deve-se seguir quatro etapas básicas administrativas:
planejamento, organização, direção e controle.

Etapas do processo administrativo

Planejamento

É muito importante que o biomédico que deseja empreender planeje


suas ações a curto e longo prazo. É nesse momento que se define quais
serão os objetivos da empresa, quais serviços serão ofertados, bem
como esboçar todas as atividades que serão realizadas pelos membros
da equipe. O profissional biomédico que deseja empreender, deve antes
de tudo, elaborar um bom planejamento, e para isso é imprescindível
responder as seguintes perguntas norteadoras:
• Que tipo de serviço será ofertado pela empresa e qual a sua
importância no mercado?
• Que tipos de equipamentos e quais/quantos profissionais serão
necessários para ofertar este serviço?
• Qual é o público alvo da empresa?
• Em qual cidade, bairro ou local estará localizada a empresa?
• Quais serão os dias e horários de funcionamento da empresa?
• Quais métodos ou técnicas serão utilizadas para ofertar os serviços
da empresa?
• Quem irá efetuar as diferentes tarefas ou atividades do seu
negócio?
• Como o seu produto ou serviço se destacará da concorrência?
• Quais ações de marketing serão efetuadas para que o cliente
conheça o produto ou serviço ofertado pela sua empresa?
Responder estas perguntas proporcionará ao biomédico
empreendedor analisar o cenário mercadológico, delineando os
objetivos e as tomadas de decisões quanto a organização da empresa,
servindo de orientação para a elaboração de um plano de negócio, bem
como as ações de curto, médio e longo prazo.

Organização

Após todas as estratégias e ações para criação da empresa estarem


delineadas e planejadas, o próximo passo será organizar os recursos e
atividades que serão desenvolvidas. Os recursos financeiros dizem
respeito ao investimento mínimo necessário para iniciar as atividades,
sendo influenciado pelo número de funcionários ou colaboradores, local
de serviço e tipos de materiais e equipamentos que serão adquiridos. Na
organização deve-se efetuar a divisão de trabalho dos membros da
equipe, bem como ocorrerá a gestão. A etapa de organização é o
momento em que se estrutura as práticas de trabalho, a partir das
informações obtidas no planejamento. Nesta etapa, deve-se organizar
os aspectos físicos da empresa, os funcionários ou colaboradores
especializados, e a forma de prestação de serviços para o
cliente/usuário.

Direção

Seguindo a etapas de planejamento e organização, o direcionamento


e a condução de todas as atividades deverão ser impulsionados pelo
líder. Sua função é mostrar o caminho que deverá ser seguido por todos
os colaboradores da empresa, alinhando as atividades e organizando-as
de maneira integrada e contínua, estimulando o trabalho em equipe.
Trabalhar em equipe é um dos grandes pilares para estruturar uma
empresa de sucesso, independentemente do número de colaborados.
Desta forma, o líder deve valorizar e estimular a forma de trabalho em
que duas ou mais pessoas, com conhecimentos diversos, se unem em
prol de objetivos comuns, trabalhando em consonância e com
comprometimento mútuo. Assim sendo, a direção da empresa será
determinada pela ação de um líder, que conduzirá o trabalho de toda e
equipe. Por isso o líder deverá ter a habilidade de saber ouvir seus
colaboradores, transmitir confiança, ser comprometido com a proposta
de trabalho e com a equipe, encorajar o grupo, colaborar, ter atitude
positiva e entusiasta, saber delegar funções, entre outros atributos.

Controle

É importante acompanhar o desempenho da empresa e avaliar se o


planejamento foi executado como esperado. É essencial verificar os
diversos critérios que podem indicar se os objetivos propostos durante o
planejamento estão sendo contemplados. A partir disso, faz-se um
diagnóstico, analisando o que pode ser melhorado ou adaptado, tanto
no processo organizacional quanto na prestação de serviços,
estabelecendo metas que devem ser alcançadas como um critério de
controle. Analisar o desempenho de cada tarefa ou setor do
empreendimento é muito importante, assim, pode-se adequar os
diversos aspectos funcionais da empresa de acordo as demandas e
necessidades que se apresentam na execução dos serviços. Realizar
um bom planejamento e controle das tarefas executadas durante a
prestação de serviços irá garantir maior eficiência na execução das
atividades e objetivos propostos pela empresa. Assim, ao se aplicar
todas essas estratégias, o biomédico estará organizado todas as suas
ações, de maneira consciente e assertiva, para a estruturação de um
empreendimento de sucesso.
8. Habilitações biomédicas
1. Acupuntura

É uma forma de terapia complementar da medicina tradicional


chinesa que envolve a inserção de agulhas muito finas em diversas
regiões da pele, frequentemente usada para tratar dor crônica ou
estresse.  Segundo a medicina tradicional chinesa, a acupuntura serve
para equilibrar o fluxo de energia ou força vital, denominado “qi” ou “chi”
que flui em todo o corpo de maneira conectada através de caminhos
denominados meridianos.   Outra vertente muito utilizada por
acupunturistas ocidentais associam os pontos da acupuntura como
locais para estímulo de nervos, músculos ou tecidos. O biomédico
estará apto para exercer plenamente as técnicas e princípios da
acupuntura após a conclusão de uma pós-graduação lato sensu ou
stricto sensu na área. Opcionalmente, o profissional pode após término
da graduação, realizar uma prova para obtenção do título de especialista
em acupuntura, aplicada periodicamente pela Associação Brasileira de
Biomedicina e Associação Biomédica de Acupuntura, mediante
apresentação de documentação referente a estágio supervisionado,
residência, tempo de atuação na área ou pós-graduação.

2. Análise ambiental

É uma área de estudo que visa avaliar parâmetros químicos,


bioquímicos, físicos e microbiológicos de amostras oriundas do meio
ambiente, como água, solo, ar e outras. A análise ambiental engloba
estudos especializados que auxiliam na detecção de poluição ambiental
bem como verificar se determinados parâmetros estão em consonância
com as normas vigentes. Além de serem aplicadas para fins de
monitoramento, as análises ambientais podem ser exigidas como
prerrogativas para a realização de licenciamento ambiental
(periodicamente ou de forma contínua), dependendo das
particularidades do local. Para validação dos laudos e pareceres, órgãos
ambientais solicitam que as análises sejam realizadas por laboratórios
especializados e acreditados. Desta forma, o biomédico especialista em
análises ambientais atua no estudo das amostras, avaliando parâmetros
físico-químicos e microbiológicos, emitindo laudos e pareceres acerca
dos aspectos quantitativos e qualitativos do material analisado, podendo
adicionalmente elaborar projetos e propor formas de intervenção nos
diversos ambientes. Atualmente a avaliação do impacto ambiental tanto
em áreas urbanas quanto rurais se tornou uma preocupação
permanente, fazendo com que a análise ambiental se mostre como uma
área bastante promissora.

3. Análises Bromatológicas

O termo bromatologia (do grego, bromatos; alimento, logos; estudo)


refere-se de maneira geral ao estudo dos alimentos nos seus aspectos
físicos e químicos. Nas análises bromatológicas, componentes como
água, minerais, carboidratos, lipídios, aminoácidos e proteínas são
frequentemente determinados através de métodos laboratoriais,
verificando se o alimento se enquadra nas especificações legais
concernentes a presença de adulterantes, contaminantes, volume das
embalagens, informações de rótulos, dentre outros. Frequentemente
existe a necessidade da determinação do teor de metais pesados como
chumbo, mercúrio, bem como a presença de compostos químicos
específicos como hidróxido de sódio, dietilenoglicol, cafeína, etc. Outras
determinações frequentes em análises bromatológicas são os de
umidade, teor de fibras, cinzas, potencial de hidrogênio iônico (pH),
entre outros. Os resultados obtidos são utilizados pelas indústrias ou
órgãos de fiscalização para avaliação da qualidade, presença de
alterações prejudiciais à saúde e para obtenção de dados nutricionais.
Como a bromatologia é uma ciência interdisciplinar e muitos dos seus
conceitos e práticas serem derivadas de áreas como química,
bioquímica, biologia, física e bioinformática, o profissional desta área
deve estar bem fundamentado nas diversas disciplinas básicas. O
biomédico bromatologista poderá atuar em indústrias alimentícias,
laboratórios especializados em análises de alimentos, centros de
pesquisa, vigilância sanitária, universidades, faculdades e centros de
formação técnica. A inserção do profissional biomédico nesse campo de
atuação é feita pela obtenção de uma habilitação ou realização de pós-
graduação em bromatologia, análises bromatológicas ou ciência e
tecnologia dos alimentos.

4. Auditoria

A auditoria envolve a avaliação das atividades realizadas por


instituições públicas ou privadas por meio da verificação de diversos
indicadores. Essas avaliações são realizadas por meio da análise de
documentos, relatórios ou processos para verificar se as ações dessas
organizações estão sendo realizadas conforme a legislação e
regulamentos vigentes. Assim, os auditores biomédicos verificam se as
ações são assertivas e confiáveis ​e identificam pontos-chave
relacionados à gestão e administração de laboratórios, hospitais,
clínicas, etc. Os serviços de auditoria podem ser divididos em (1)
internos e (2) externos. Na auditoria interna, profissionais ou
funcionários treinados pela própria empresa, ou instituição, realizam
uma avaliação ou auditoria de suas atividades. No caso de auditoria
externa, uma empresa terceirizada devidamente qualificada realiza a
auditoria, verificando se todas as atividades são conduzidas segundo as
normas e padrões vigentes preestabelecidos. Outra possibilidade para
um auditor biomédico é atuar como empresário, neste caso, aplicando
seus conhecimentos técnicos para desenvolver uma gestão eficiente e
de qualidade. Assim, o auditor biomédico observa se diversas normas
estão corretamente implementadas e organizadas, fazendo conclusões
e recomendações para que todas as atividades setoriais sejam
realizadas satisfatoriamente conforme a legislação e normas vigentes.
Em relação ao mercado de trabalho, os auditores biomédicos podem
prestar serviços tanto no setor público quanto no privado, atuando
principalmente na área de auditoria em saúde. Os profissionais
biomédicos se inserem nesse campo de atuação através de cursos de
pós-graduação na área e sua respectiva vinculação junto ao Conselho
Regional de Biomedicina.

5. Banco de Sangue

Um banco de sangue pode ser definido como um centro


especializado em coletar e armazenar o sangue proveniente de
doações, se mantendo preservado e hábil para ser utilizado em
transfusões. Para este fim, equipamentos e diversas tecnologias são
utilizadas para garantir um suporte adequado em todas as fases de
obtenção e processamento das amostras. Como a atuação de
biomédicos em Bancos de Sangue (hemocentros) é bastante
requisitada, muitos profissionais optam por esta habilitação. Nesses
centros, o biomédico é responsável pela coleta e execução de testes
prévios para verificar a compatibilidade sanguínea, detectar a presença
ou ausência de infecções, efetuar tipagem sanguínea, entre outros.
Também procede à manipulação, produção e separação de
hemocomponentes e hemoderivados, podendo exercer cargo de
coordenação ou direção de atividades realizadas nesses locais.

6. Biologia Molecular

É o campo científico que estuda as estruturas, funções e interações


moleculares do material genético e seus produtos. A principal ênfase da
biologia molecular é dada ao estudo dos ácidos nucleicos: ácido
desoxirribonucleico (DNA) e ácido ribonucleico (RNA), bem como de
seus produtos efetores, as proteínas, buscando compreender as
relações destas moléculas no interior das células bem como suas
influências para o organismo. Muitas técnicas e princípios da biologia
molecular estão relacionados com a genética, bioquímica e biofísica, de
tal forma que estas áreas permanecem intimamente associadas. Os
especialistas desta área buscam o entendimento acerca das bases
moleculares que regem os fenômenos genéticos, para isso determinam
a localização de genes em cromossomos através de técnicas de
mapeamento, transferem estes de um local para outro através de
técnicas de engenharia genética, além de efetuarem isolamento e
sequenciamento desses genes, por exemplo. Várias técnicas são
utilizadas na biologia molecular, dentre elas a mais conhecida é a
reação em cadeia da polimerase (PCR), que permite à amplificação do
material genético para análise. Os biomédicos com habilitação ou
especializados em Biologia Molecular estão aptos para realização de
coleta, processamento de amostras para fins de extração de material
genético, bem como interpretação, emissão e assinatura de laudos
técnico-científicos, como na investigação de paternidade ou identificação
humana por DNA, diagnóstico molecular e atividades relacionadas a
genética e citogenética molecular humana.

7. Biomedicina Estética

Biomedicina estética é a área do conhecimento que se ocupa em


aplicar diferentes técnicas para tratar, alterar e modelar o corpo com
intuito de diminuir os impactos biológicos do tempo, mantendo e
buscando a boa aparência e a autoestima dos indivíduos. Outra vertente
diz respeito ao aumento da longevidade com uso de diferentes
abordagens. Os profissionais biomédicos especializados ou habilitados
em estética atuam executando técnicas e procedimentos para o
tratamento de disfunções estéticas faciais e corporais, danos
epidérmicos causados pelo envelhecimento, flacidez, rugas, linhas de
expressão, entre outras. Com um número crescente de pessoas
buscando por tratamentos estéticos com objetivo de obter autoestima e
bem-estar físico e mental, o mercado da estética está em considerável
crescimento. Como há necessidade de constância nos cuidados
estéticos a área é considerada uma das mais promissoras para
profissionais que buscam empreender.

8. Bioquímica

De maneira geral, bioquímica é estudo da composição e dos


processos químicos dos organismos, descrito de outra forma, é
o  estudo  da vida  ao nível molecular. Trata-se de uma especialidade
de  interface  que combina elementos da biologia e da química em uma
única ciência, avaliando os organismos, tanto estruturalmente como
funcionalmente. Especialistas em bioquímica detectam, quantificam e
avaliam moléculas como carboidratos, lipídios, proteínas, ácidos
nucleicos, vitaminas e uma miríade de moléculas orgânicas obtidas a
partir do processamento de amostras biológicas. Embora a ênfase maior
seja o estudo das reações químicas de ocorrência nos organismos, o
objetivo de estudo pode variar amplamente. Algumas linhas de estudo
da bioquímica incluem a atividade e mecanismos das enzimas, a síntese
de proteínas, o metabolismo celular, entre outros. Assim a bioquímica é
uma ciência extremamente ampla e de grande impacto nas Ciências
Biomédicas como um todo, tendo seus fundamentos e técnicas
aplicadas em áreas como a genética, biologia molecular, fisiologia,
farmacologia, etc. O biomédico especializado em bioquímica pode atuar
como analista em laboratórios biológicos, químicos ou de análises
clínicas, empresas biotecnológicas, indústria de alimentos ou
bioderivados, atuando também como pesquisador ou docente em
universidades e centros de formação tecnológica.

9. Biotecnologia

É o ramo do conhecimento que se utiliza componentes ou sistemas


biológicos em aplicações tecnológicas. Na biotecnologia organismos ou
seus componentes são associados com aparatos tecnológicos para
gerar produtos ou realizar atividades específicas. É considerada uma
área multidisciplinar que envolve ciência biológica, engenharia e
química, impactando diretamente na área de saúde, agropecuária,
produção de alimentos e/ou indústrias. A biotecnologia tradicional usa
organismos vivos para fins específicos, como fabricação de pão, queijo
e bebidas, enquanto que a biotecnologia moderna lida com técnicas que
recorrem a moléculas como DNA, anticorpos monoclonais e outros
produtos biológicos. A manipulação genética, a qual envolve a remoção,
adição ou modificação de genes de um organismo é referida  como
engenharia genética, ou tecnologia do  DNA  recombinante e constitui
uma das principais ferramentas da biotecnologia. A tecnologia do DNA
recombinante tornou possível o sequenciamento do genoma humano e
gerou os fundamentos para os campos nascentes da bioinformática,
nanomedicina, terapia gênica e produção de biofármacos. A
biotecnologia é uma área de conhecimento tão ampla que pode ser
aplicada praticamente em quase todos os setores, como na agricultura,
medicina e indústria.

10. Citologia Oncótica

A citologia envolve o estudo da morfologia, estágio de


desenvolvimento e função das células. No que diz respeito à citologia
oncótica, esses estudos são direcionados para pesquisar a presença de
células cancerígenas ou células alteradas a partir de amostras coletadas
do colo uterino. O exame de citologia oncótica permite detectar a
presença de câncer de colo de útero em estado inicial bem como
identificar alterações morfológicas que podem estar associadas ao
desenvolvimento de futuras neoplasias, assumindo uma grande
importância na prevenção de doenças na mulher. Outras condições
também podem ser avaliadas como infecções virais do colo do útero
pelo HPV (papiloma vírus humano), feridas genitais, infecções fúngicas,
bacterianas bem como a fisiologia hormonal. De forma geral, a citologia
oncótica se faz através de análises microscópicas de células
descamadas ou obtidas a partir de diferentes partes do corpo e não
necessariamente apenas do colo uterino. Assim, o biomédico citologista
atua na análise de células obtidas de fluidos corporais, punção ou
raspagem, avaliando suas características morfológicas e aspectos
funcionais. Para atuar nessa especialidade o biomédico deve realizar
pós-graduação em citologia clínica, oncótica ou colpocitopatologia e
vincular-se ao respectivo conselho de Biomedicina.

11. Docência e Pesquisa

11.1 Biofísica

A biofísica é a ciência que aplica as teorias e métodos da física para


o estudo e compreensão dos fenômenos biológicos. Assim, esta ciência
se concentra em explorar e compreender os processos biofísicos dos
seres vivos, bem como orientar pesquisas para o desenvolvimento de
novas ferramentas e estratégias aplicadas as ciências biológicas e da
saúde. A biofísica é caracterizada como um campo interdisciplinar com
um conjunto de conhecimentos diretamente relacionados à matemática,
ciências dos materiais, físico-química, bioeletroquímica, biotecnologia,
nanotecnologia, etc. Como campo de pesquisa, a biofísica é
extremamente ampla porque, além de possibilitar a compreensão de
fenômenos biológicos pode também ser aplicada para o
desenvolvimento de tecnologias como membros artificiais ou
biomecânicos, caracterização de biossensores para monitoramento
clínico ou ambiental, produção de fontes de energia renováveis,
planejamento de equipamentos fundamentado em princípios biofísicos,
entre outros. Dessa forma, o biomédico especialista em biofísica poderá
atuar como docente ou pesquisador no campo entre ciências biológicas
e médicas, bioengenharia e física biológica.
11.2 Virologia

Virologia é o estudo dos vírus e suas propriedades. Essas entidades


biológicas são definidas como agentes infecciosos acelulares que se
multiplicam somente quando estão nas células hospedeiras, sendo,
portanto, parasitas intracelulares obrigatórios. As infecções virais
ganharam grande notoriedade e se constituíram como uma das grandes
preocupações globais, principalmente após o cenário de pandemia do
Covid 19, a infecção causada pelo coronavírus (Sars-CoV-2). Devida
sua abordagem, a virologia é considera uma segmentação da
microbiologia ou da patologia, mas também pode se relacionar
diretamente a diversos campos, como imunologia, genética e biologia
molecular. Embora os vírus sejam inseridos em um contexto bastante
negativo — como patógenos infectantes causadores de doenças —
muitas de suas propriedades e características podem ser usadas para
fins benéficos, como é demonstrado pela terapia gênica. O princípio da
utilização de vírus na terapia gênica consiste em remover genes
envolvidos com a proliferação e danos no hospedeiro e substituí-los por
genes terapêuticos. Nas análises clínicas, testes sorológicos são usados
para mostrar a presença de anticorpos contra vírus específicos, os quais
são indicativos da exposição, que pode ser resultado de uma condição
atual ou de uma infecção anterior não relacionada. Técnicas
moleculares como a reação em cadeia da polimerase (PCR) também
são amplamente utilizadas para detectar vírus em amostras de
pacientes.

11.3 Fisiologia

Fisiologia é a especialidade científica que estuda o funcionamento


normal de um organismo, visando o entendimento da relação entre
células, tecidos, órgãos e sistemas de maneira isolada ou integrada.
Nesta área o termo “sistema” refere-se ao conjunto de órgãos ou
estruturas anatômicas que se associam para desempenharem funções
biológicas específicas. Desta forma, a fisiologia tem como ênfase o
estudo dos fatores biofísicos, bioquímicos, celulares e sistêmicos
responsáveis pela manutenção da vida, bem como os processos de
regulação e de adaptação frente a diferentes situações. Devidas estas
peculiaridades, esta ciência pode ser estuda sob diferentes
perspectivas, resultado em diferentes áreas de concentração como a
fisiologia celular, animal, (incluindo a espécie humana e não humana),
fisiologia do exercício, vegetal, dentre outras subdivisões, dependendo
do campo de interesse. Assim, o estudo da fisiologia permite determinar
o padrão de normalidade de diferentes organismos, aumentando a
compreensão dos mecanismos reguladores e facilitando o
desenvolvimento de novos tratamentos para a manutenção da saúde
humana e animal.

11.4 Histologia Humana

Histologia é o estudo da micromorfologia das células, tecidos e


órgãos através da microscopia. É ciência e a arte de examinar e
correlacionar as diversas estruturas celulares e teciduais com a sua
função biológica. Desta forma, o estudo e prática da histologia possibilita
o conhecimento e compreensão da composição e função das células e
tecidos dos diferentes órgãos, sendo, portanto, uma disciplina muito
importante, tanto no ensino universitário como na pesquisa biomédica
aplicada, pois, permite reconhecer células, tecidos e características
microscópicas gerais fundamentais para a compreensão de mecanismos
patológicos subjacentes. Embora a histologia tenha sido
tradicionalmente praticada através da visualização de cortes de tecidos
com auxílio de microscopia de luz, os recentes desenvolvimentos nas
técnicas de biologia celular e molecular permitiram avanços
extraordinários no conhecimento celular e tecidual, desenvolvendo e
consolidando a histologia como uma ciência de base para o estudo da
fisiologia e patologia geral.

11.5 Patologia

A patologia é a ciência que estuda as doenças e suas


características. É um campo científico amplo e complexo que busca o
entendimento dos mecanismos de lesão em células e tecidos, bem
como as principais respostas adaptativas geradas para combater ou
reparar a lesões. Dessa forma, enquanto a fisiologia e a biologia celular
se concentram com o estudo da vida e da função celular normal, a
patologia se ocupa com os estados de  doenças  e com os danos
e  disfunções ocasionados por lesões, sejam elas de origem endógena
ou exógena. As principais linhas de estudo e pesquisas na patologia
envolvem a adaptação celular à lesão, processos de necrose,
inflamação, cicatrização de feridas e crescimento anormal de células na
vigência de processos neoplásicos, entre outros. Em adição, a patologia
busca o entendimento das anormalidades anatômicas e fisiológicas
causadas por enfermidades, se ramificando em vários campos como a
patologia geral, clínica e molecular. Além disso, diferentes linhas de
estudo da patologia convergem para outras áreas como microbiologia,
hematologia, parasitologia, anatomia, bioquímica, fisiologia, genética e
imunologia, sendo uma área de caráter multidisciplinar.

11.6 Embriologia

A embriologia é definida como estudo da formação, crescimento e


desenvolvimento de um embrião. Se concentra em compreender os
diferentes estágios biológicos do desenvolvimento, incluindo a formação
dos gametas, ovulação, fertilização, formação do zigoto, geração do
embrião e do feto até o evento de nascimento um novo indivíduo. Assim
sendo, a embriologia constitui a base para a compreensão da relação
entre as estruturas que compõem dos diferentes sistemas do organismo,
como o sistema nervoso, endócrino e muscular bem fornecer subsídios
para a compreensão dos diferentes distúrbios do desenvolvimento que
se manifestam como doenças congênitas. A embriologia  é um campo
vasto, que se relaciona com diferentes campos, entre eles a genética,
patologia e biologia celular e molecular. Dentre as diferentes vertentes
destaca-se a neuroembriologia, que se ocupa em entender o
desenvolvimento do sistema nervoso central e periférico, embriologia
comparada, que estuda e compara aspectos morfofuncionais de
diferentes espécies e reprodução humana, que estuda os processos
fisiológicos envolvidos com a maturação sexual e reprodução.

11.7 Psicobiologia

A psicobiologia — também conhecida como neurociência


comportamental — desenvolveu-se em um novo contexto de
modernidade, onde se observou que a psicologia tradicional era limitada
em explicar alguns fenômenos que estavam intrinsecamente ligados às
características comportamentais de um indivíduo. Como um ramo da
neurociência, a psicobiologia é uma especialidade que se concentra no
estudo da mente e comportamentos baseados exclusivamente em
princípios biológicos. Desta forma, dados, resultados ou informações
científicas sobre o comportamento humano, ou animal, são normalmente
obtidos e dimensionados a partir de experimentos laboratoriais, que
buscam uma melhor compreensão das bases biológicas (celulares e
moleculares) que regem os fenômenos psíquicos, como a capacidade
de aprendizagem, memória, cognição, emoção, percepção e
interpretação de eventos externos e mecanismos envolvidos no
desencadeamento de processos psicopatológicos. Assim, a
psicobiologia é uma ciência multidisciplinar, com campos de estudo
relacionados com diversas disciplinas biomédicas, como farmacologia,
bioquímica, biologia celular, toxicologia, genética, neurofisiologia, etc. A
atuação do profissional biomédico em psicobiologia está bem
consolidada em grandes institutos e universidades, tanto na pesquisa
quanto no ensino superior.

12. Farmacologia

A farmacologia pode ser definida como o estudo das substâncias


químicas capazes de causar alterações biológicas terapêuticas.
Portanto, quando um pesquisador avalia em laboratório os possíveis
efeitos biológicos de uma substância, considera-se que está realizando
um estudo farmacológico. Na grande maioria dos casos, o
desenvolvimento de novas drogas terapêuticas (ou fármacos) inicia-se a
com a pesquisa básica, envolvendo modelos experimentais (células,
tecidos e organismos). Substâncias que apresentam algum potencial
terapêutico e demonstram baixa toxicidade requerem várias etapas de
pesquisa para validar seu uso como medicamento. De modo geral, o
desenvolvimento de um medicamento envolve duas fases principais,
conhecidas como fase pré-clínica e fase clínica. Na primeira, testes
experimentais são executados em laboratórios envolvendo sistemas
artificiais e organismos modelos simples, ou complexos. Nesta etapa
avalia-se o potencial terapêutico da substância a partir da capacidade de
esta gerar alguma resposta ou modificação na atividade de células, ou
sistemas fisiológicos. A segunda fase, denominada clínica, é o momento
onde se iniciam os testes em humanos, compondo-se de quatro etapas
ou fases (I, II, III e IV), imprescindíveis para que um composto seja
aprovado como medicamento pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) no Brasil ou FDA (do inglês; Federal Food and Drug
Administration) nos Estados Unidos. A atuação do biomédico na
farmacologia ocorre principalmente como docente ou pesquisador,
atuando em universidades ou institutos de pesquisa. Sua atividade
também se aplica a indústria farmacêutica, procedendo testes analíticos
ou microbiológicos relacionados ao controle de qualidade dos
medicamentos, ou seus componentes de formulação. É bem evidente
que a farmacologia é um campo extremamente fértil para biomédicos
pesquisadores, principalmente no território brasileiro, onde existe uma
das maiores diversidades de espécies de plantas em todo do mundo.

13. Fisiologia do esporte e da prática do exercício físico

A fisiologia do exercício estuda os efeitos do exercício e da prática


esportiva na função e estrutura do corpo. Durante a atividade física leve
ou extenuante, os diversos sistemas orgânicos sofrem modificações
adaptativas que podem ser avaliadas e mensuradas para otimizar e
modular o desempenho do atleta. Dessa forma, o fisiologista esportivo
ou do exercício avalia o desempenho e adaptação orgânica do atleta
através da realização de vários testes especiais e com uso de tecnologia
especificamente projetada, que permitem delinear o perfil metabólico e
fisiológico do atleta. O fisiologista do esporte possibilita otimizar e
adaptar o exercício e a prática esportiva de acordo as particularidades
fisiológicas do indivíduo, ajudando os atletas a obterem melhores
resultados. O biomédico fisiologista esportivo pode atuar diretamente
com o atleta como consultor ou integrar equipes esportivas, atuando na
avaliação e monitoração de atletas a partir da mensuração de
indicadores fisiológicos e bioquímicos que permitem otimizar e
potencializar os aspectos como força e tônus muscular, estabilidade
óssea, nutrição, entre outros.

14. Genética

A genética é a ciência dos genes e da hereditariedade, ou seja, o


estudo de como as características físicas e funcionais são transmitidas
entre as gerações. Todas as informações sobre um organismo estão
contidas em segmentos específicos de moléculas de DNA (ácido
desoxirribonucleico) chamados genes. Assim, os genes são segmentos
específicos de moléculas de DNA que contêm informações estruturais
e/ou funcionais de um organismo. Todo o material genético de um
organismo, incluindo seus genes e outros elementos que controlam sua
atividade, é denominado genoma. Essa informação genética assume a
forma de sequências variáveis ​de bases nitrogenadas (adenina,
guanina, timina e citosina), e o código resultante fornece as instruções
necessárias para a síntese de proteínas. Portanto, a genética é uma
ciência importante porque pode estudar doenças hereditárias e fornecer
informações que permitem o diagnóstico precoce de muitos distúrbios
metabólicos. Biomédicos geneticistas realizam testes moleculares a
partir de diferentes amostras biológicas, procedendo técnicas
bioquímicas e moleculares para triagem e atividades de diagnóstico
laboratorial, além de monitorar pacientes em tratamento de doenças
genéticas e prestar serviços de análise, consultoria e investigação
científica nas áreas biológica, clínica e forense.

15. Gestão das tecnologias em saúde

Atualmente, o sistema de saúde vem se modernizando, e novas


demandas surgem constantemente, dentre as quais se destaca a
necessidade de profissionais gestores em tecnologias aplicadas a
saúde. A gestão das tecnologias em saúde pode ser definida como um
conjunto de atividades relacionadas ao planejamento, organização e
controle de tecnologias, incluindo sua incorporação, difusão ou retirada,
segundo as necessidades vigentes. Portanto, cabe ao gestor, possibilitar
a utilização e implantação dos recursos tecnológicos de maneira mais
eficiente, através do desenvolvimento e avaliação de normas técnicas
padronizadas que devem ser atualizadas e registradas para que os
profissionais vinculados aos serviços de saúde tenham acesso e utilizem
de maneira eficiente essas tecnologias. Estão incluídos como
tecnologias em saúde os medicamentos, equipamentos, procedimentos
técnicos, bem como sistemas para organização e informações de
suporte, programas e protocolos assistências. Desta forma, biomédicos
habilitados ou especializados em gestão de tecnologias, atuarão na
organização e otimização da utilização dos diversos recursos
tecnológicos aplicados na área de saúde.
16. Hematologia

Hematologia é a ciência que se ocupa em estudar o sangue. De


modo geral, abrande o estudo dos diferentes elementos figurados
(hemácias, leucócitos e plaquetas) bem como dos órgãos
hematopoiéticos (medula óssea, baço e linfonodos) responsáveis pela
produção e/ou maturação dos constituintes celulares do sangue. A
ênfase da hematologia é direcionada para o estudo e avaliação do perfil
morfológico e funcional dos constituintes figurados do sangue e de seus
órgãos hematopoiéticos, durante os estados de saúde ou doença.
Basicamente, a hematologia pode ser dividida em dois grandes campos
principais: (1) hematologia clínica que inclui o diagnóstico e tratamento
das doenças hematológicas e a (2) laboratorial, que aborda a avaliação
e auxílio diagnóstico a partir de exames laboratoriais. A hematologia é
uma área de grande relevância na prática clínica, pois possibilita o
diagnóstico e tratamento de diversas condições fisiopatológicas como
anemias, leucemias e linfomas. O profissional biomédico tem uma
atuação de destaque na hematologia laboratorial, exercendo grande
influência na prática clínica e terapêutica a partir da elaboração de
laudos e pareceres técnicos.

17. Histotecnologia clínica

A histotecnologia engloba o estudo, entendimento e aplicação das


diferentes técnicas para análise de tecidos normais ou alterados, como
técnicas citoquímicas, histoquímicas e imuno-histoquímicas, utilizadas
tanto em pesquisa quanto no diagnóstico laboratorial. Além disso,
diversos procedimentos são utilizados para obtenção, processamento e
conservação de amostras de tecidos, como a clivagem, fixação,
coloração, etc. Desta forma, o biomédico habilitado em histotecnologia
clínica atuará no processamento de tecidos humanos provenientes de
biópsia para exame macroscópico, bem como para análise citoquímica,
histoquímica e imuno-histoquímica, firmando respectivos laudos, além
de realizar técnicas de auxílio em necropsia e análises forenses sob a
supervisão médica. O histotecnologista é o profissional especializado
em executar técnicas histolológicas, sendo sua atividade de grande
importância na pesquisa científica e nos serviços de apoio ao
diagnóstico, atuando principalmente em instituições públicas ou privadas
de saúde, centros de pesquisa, laboratórios de histologia ou
anatomopatologia em universidades e centros universitários.

18. Imagenologia

Em determinadas circunstâncias existe a necessidade de se avaliar a


estrutura de órgãos e sistemas do corpo humano com o uso de
diferentes tecnologias para verificar a presença de alterações
morfofuncionais. A imagenologia refere-se ao estudo dos órgãos e
sistemas do corpo humano com o uso de diferentes tecnologias, as
quais são aplicadas na monitoração ou tratamento de condições
específicas. Cada modalidade de tecnologia fornece diferentes
conjuntos de informações sobre a área do corpo que está sendo
avaliada, possibilitando estabelecer uma melhor relação e interpretação
das condições patológicas ou mesmo verificar a eficácia terapêutica. O
profissional biomédico com habilitação em imagenologia atua na
realização de exames de imagem, utilizando diferentes técnicas como a
tomografia computadorizada (TC). Na TC existe um tubo de raio x que
gira 360° em torno da região do corpo que está sendo analisada, a
imagem obtida é gerada a partir do somatório dos segmentos
visualizados nessa região. Outras técnicas utilizadas  são
ressonância  magnética, radioterapia, medicina nuclear, densitometria
óssea, ultrassonografia, etc., além disso, atuando na área de informática
médica, o biomédico tem a oportunidade de lidar com o produto final do
exame de imagem, ficando responsável pelo conteúdo de dados ou
armazenamento dos diversos resultados de exames.

19. Imunologia

A imunologia é o ramo das ciências biomédicas que estuda o


sistema imunológico. O termo sistema imunológico refere-se ao conjunto
de células, moléculas e processos reacionais que funcionam como uma
proteção do organismo contra micróbios (bactérias, fungos e parasitas),
vírus, células alteradas, câncer, toxinas e diversos antígenos
estranhos.  Além das barreiras físicas e químicas que protegem o
organismo contra infecções, o sistema imunológico possui dois
mecanismos de defesa principais: imunidade inata e imunidade
adaptativa. A imunidade inata constitui a primeira linha de defesa contra
um patógeno invasor. É um mecanismo de defesa independente de
antígeno (não específico) sendo usado pelo hospedeiro imediatamente
ou horas após encontrar um antígeno. Já a imunidade adaptativa é
antígeno-dependente e possui elevada especificidade, além de possuir a
capacidade de memória que lhe permite desencadear uma resposta
imune mais rápida e eficiente após a exposição repetida de um mesmo
antígeno. Numerosos exames laboratoriais são fundamentados em
princípios imunológicos, como testes de aglutinação, testes de
precipitação de antígeno-anticorpo, ensaio de imunoabsorção
enzimática (ELISA, do inglês: Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay”),
etc. A imunologia é uma ciência de grande importância, tanto na
pesquisa quanto na execução de exames e diagnóstico clínico-
laboratorial.

20. Informática de saúde

A Informática em Saúde pode ser definida como a área do


conhecimento humano que estuda e aplica conceitos e tecnologias de
informação e comunicação em serviços e processos de saúde. O
objetivo é que estes sirvam como ferramentas para ampliar, transformar
e melhorar estes serviços, otimizando o processamento das informações
obtidas, como dados de pacientes/usuários dos serviços de saúde ou
dados hospitalares para fins assistenciais. As principais áreas de
atuação incluem o armazenamento e processamento de prontuários
eletrônicos, padronização de dados, telemedicina, educação médica,
avaliação de sistemas de informação, processamento de imagens
médicas, gerenciamento de projetos, monitoração entre outros. Devido a
um grande crescimento da quantidade de dados processados e
armazenados para efetuação dos serviços de saúde, esta área tem
demandado por profissionais especializados com capacidade para
utilizar as ferramentas de tecnologia da informação nos diversos
serviços de saúde.

21. Microbiologia

A microbiologia é a área que se dedica em estudar os


microrganismos, seja do ponto de vista estrutural, funcional, nutricional,
metabólico ou proliferativo. Durante as últimas duas décadas, o avanço
na biologia molecular e biotecnologia levaram a uma verdadeira
revolução nas técnicas de identificação e classificação dos diferentes
microrganismos, aumentado consideravelmente a compreensão acerca
destes seres. Estas novas técnicas possibilitaram novos conhecimentos
e permitiram um grande desenvolvimento em diversos campos das
Ciências Biomédicas, aumentado o número de testes e técnicas
moleculares para a identificação e diagnóstico de infecções causadas
por diferentes microrganismos. Existem várias vertentes dentro desta
ciência, como, por exemplo, a microbiologia médica, que se ocupa em
estudar microrganismos que vivem na superfície do corpo humano ou
trato gastrointestinal, bem como aqueles com potencial para invadir
tecidos humanos e causar doenças infecciosas. Na área clínica, a
microbiologia é uma ciência abrangente, envolvendo coleta e
processamento de amostras e interpretação de resultados que
influenciarão diretamente na seleção de fármacos antimicrobianos para
uso terapêutico e manejo de pacientes.

22. Microbiologia dos alimentos

A microbiologia de alimentos atua no estudo e identificação de


microrganismos presentes em alimentos, possibilitando A avaliação da
segurança e da qualidade destes produtos para o consumo. Um dos
principais direcionamentos da microbiologia de alimentos diz respeito a
identificação e estudo de microrganismos envolvidos com intoxicação
alimentar, bem como aqueles envolvidos com a deterioração e alteração
de características organolépticas dos alimentos. Embora muitos
microrganismos possam causar riscos à saúde humana, é importante
ressaltar que muitos destes são de suma importância para a produção
de produtos alimentícios diversos como o queijo, iogurte, coalhada, pão,
vinho, cerveja e outros. Atualmente, existe um grande interesse da
indústria pelos microrganismos com efeitos benéficos à saúde humana
— os chamados probióticos — os quais são analisados e estudados por
profissionais especializados em microbiologia de alimentos. De maneira
geral, o estudo da microbiologia de alimentos frequentemente abrange a
bacteriologia e a micologia, que abordam bactérias e fungos,
respectivamente (virologia, embora entendida como ramificação das
ciências microbiológicas, é abordada isoladamente, como especialidade
independente). Desta forma, o biomédico especialista em microbiologia
de alimentos atua em indústrias, laboratórios especializados em análises
de alimentos, centros de pesquisa, órgãos sanitários, universidades,
centros de formação técnica, podendo atuar como consultor,
laboratorista, pesquisador ou professor.

23. Monitoramento neurofisiológico transoperatório

A atuação dos profissionais biomédicos na neurociência foi


recentemente ampliada, contemplando o monitoramento neurofisiológico
transoperatório (MTN). Esta especialidade atua na avaliação e
monitoração do sistema nervoso central e periférico através de
equipamentos ou métodos neurofisiológicos, geralmente quando há
risco em cirurgia. O Concelho Federal de Biomedicina definiu a atuação
do biomédico no MNT, sob supervisão médica, no manuseio de
equipamentos específicos que se utilizam métodos eletrofisiológicos
como eletroencefalograma (ECG) e eletromiografia (EMG). Para a
atuação nesta área faz-se necessária à obtenção do título de
especialista aprovado pelo Ministério da Educação, com disciplinas
mínimas de Neuroanatomia, Neurofisiologia, Neuropatologia básica e
avançada, Teoria das Técnicas Cirúrgicas, Tecnologias aplicadas à
atividade bem como estágio prático em serviços de Monitoramento
Neurofisiológico Transoperatório devidamente registrados nos conselhos
de fiscalização profissional e Vigilância Sanitária.

24. Parasitologia

Parasitologia pode ser definida como a ciência que estuda os


parasitas, sua relação com os hospedeiros e as doenças causadas por
eles, as quais podem acometer tanto humanos quanto animais.
Parasitas são seres que invadem ou infectam outros organismos para
obtenção de vantagens como abrigo e nutrição, causando interferências
funcionais ou danos estruturais no hospedeiro. Essa ciência pode
apresentar diferentes vertentes conforme a linha de pesquisa ou campo
de atuação do profissional, podendo ter um enfoque biológico, médico
ou veterinário. Em ciências da saúde a parasitologia clínica se ocupa em
estudar os parasitas que causam infecções em humanos ou animais,
avaliando suas características biológicas, distribuição geográfica, fatores
ambientais facilitadores de reprodução, ciclo de vida parasitário,
genética, adaptação, perfil metabólico, além dos mecanismos
imunológicos desencadeados pelo hospedeiro. Por consequência disso,
a parasitologia é uma ciência de caráter multidisciplinar, se utilizando de
conhecimentos de várias disciplinas em suas abordagens, tais como a
biologia celular, imunologia, genética, bioquímica e patologia. A atuação
do profissional biomédico no campo da parasitologia envolve a avaliação
laboratorial de amostras para identificação e classificação de agentes
parasitários causadores de doenças, bem como no desenvolvimento de
pesquisas que buscam um melhor entendimento acerca da relação
parasito-hospedeiro. Nos laboratórios de análises clínicas o especialista
em parasitologia avalia amostras provenientes de pacientes, emitindo
laudos e pareceres que vão auxiliar no diagnóstico e tratamento de
doenças parasitárias.

25. Patologia Clínica: análises clínicas

Análise clínica pode ser definida como o ramo da patologia clínica


que estuda as alterações biológicas detectadas com o uso de
metodologias laboratoriais. Os exames clínico-laboratoriais são
elementos essenciais para elucidar doenças e condições específicas,
auxiliando no diagnóstico, prognóstico e planejamento de estratégias
terapêuticas. Por conseguinte, a atuação em análises clínicas requer do
profissional biomédico constante atualização, principalmente nas áreas
de hematologia, imunologia, microbiologia, parasitologia, bioquímica,
citologia e líquidos corporais. A habilitação em análises clínicas permite
ao biomédico realizar os diversos exames clínico-laboratoriais incluídos
em seu rol de atuação, emitindo laudos e pareceres acerca destas
amostras bem como assumir a responsabilidade técnica ou chefia
destas atividades. O mercado de trabalho para o biomédico analista
clínico engloba principalmente laboratórios (rede pública e privada),
hospitais, órgãos públicos de saúde, institutos de pesquisa, indústria
farmacêutica, faculdades, universidades, centros universitários, cursos
de formação tecnológica, atuando como laboratorista, coordenador,
supervisor, pesquisador ou professor. A área requer aprimoramento
constante por parte do profissional, seja na realização de cursos de
extensão/atualização como cursos de pós-graduação.
26. Perfusão extracorpórea

É um processo técnico para suporte de vida, realizado por


equipamentos que atuam substituindo as funções do coração, rins e
pulmões. Trata-se de um procedimento realizado principalmente em
cirurgias cardiovasculares, como na insuficiência cardíaca ou pulmonar.
Dessa maneira, quando existe a necessidade de o coração parar de
bater, temporariamente, durante uma cirurgia, o sangue do paciente é
drenado e direcionado para o aparelho de perfusão, que atua como um
“sistema cardiovascular artificial.” O perfusionista atua na montagem dos
componentes do dispositivo e na monitoração dos diversos parâmetros,
como pressão arterial, oxigenação, coagulação, volemia, fluxo
sanguíneo, entre outros. Assim, para atuar como perfusionista, o
biomédico deve realizar uma Pós-graduação em Perfusão
Extracorpórea.

27. Práticas Integrativas e complementares em saúde

Referem-se a recursos terapêuticos, de natureza complementar, que


buscam a prevenção de doenças e recuperação da saúde, se
concentrando em práticas de escuta acolhedora, desenvolvimento de
vínculo terapêutico e na reintegração do ser humano com o meio
ambiente e seu meio social. Essas práticas integraticas e
complementares em saúde incluem a Apiterapia, Aromaterapia,
Arterapia, Ayuverda, Biodança, Bioenergética, Constelação Familiar,
Cromoterapia, Dança Circular, Geoterapia, Hipnoterapia, Homeopatia,
Imposição de mãos, Medicina Antroposófica/Antroposofia, Medicina
Tradicional Chinesa – Acupuntura, Meditação, Musicoterapia,
Naturopatia, Osteopatia, Ozonioterapia, Plantas Medicinais/Fitoterapia,
Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Terapia Comunitária
Integrativa, Terapia de Florais, Termalismo Social/Crenoterapia, Yoga.
Para atuar nesta área, o profissional biomédico deve realizar curso
específico com carga horária compatível com as normas do Conselho
Federal de Biomedicina. Compete ao profissional habilitado prestar
atendimento, supervisionar e compor equipes em unidades de
atendimento do sistema único de saúde (SUS) e em universidades
públicas e privadas.
28. Radiologia

A energia emitida por átomos, seja por intermédio de ondas ou de


partículas é denominada radiação. A radiologia é o ramo científico que
utiliza radiação para o diagnóstico ou tratamento de doenças. No início
desta ciência, primordialmente, a radiologia utilizava-se de raios x para
diagnóstico e tratamento de doenças, bem como raios gama e outras
formas de radiação ionizante. Atualmente, a radiologia passou a utilizar
também o diagnóstico por métodos de varredura com uso de isótopos e
radiações não ionizantes, como ondas de ultrassom e ressonância
magnética nuclear. Com os avanços ocorridos na radiologia foi possível
ampliar seu escopo de aplicação para o tratamento do câncer, por
exemplo. O biomédico habilitado em radiologia atua como operador de
equipamentos radioterápicos e se encarrega do posicionamento
anatômico do paciente e entrega da dose de radiação estabelecida.
Além disso, como supervisor técnico em radioterapia participará das
simulações e tratamento radioterápico, gerenciamento e instruindo a
equipe, garantindo a qualidade e eficiência dos serviços de radioterapia.

29. Reprodução humana

Área das Ciências Médicas direcionada para auxiliar a concepção. O


objetivo é dar suporte e auxiliar pessoas com dificuldades reprodutivas,
tanto homens quanto mulheres. O biomédico habilitado em reprodução
humana atua realizando análises e caracterização de oócitos, hatching,
processamento e criopreservação seminal, espermograma, classificação
e criopreservação embrionária, entre outras técnicas. Além disso, o
biomédico habilitado em reprodução humana também exerce atividades
na área de embriologia, manipulando gametas e pré-embriões, podendo
assumir a responsabilidade técnica e assinar laudos laboratoriais.

30. Sanitarista

Define-se como sanitarismo ao conjunto de ações ou medidas


efetuadas para garantir a manutenção da saúde pública, principalmente
no que se refere ao saneamento básico. Desta forma, o sanitarista é o
responsável pela elaboração de planos para garantir o saneamento
básico, criando estratégias para prevenir doenças bem como medidas
preventivas para evitar ou impedir a progressão das mesmas. As
atividades do biomédico sanitarista envolvem diretamente aspectos
políticos e sociais, estando a frente no planejamento e gerenciamento
de ações nas áreas da saúde pública, concentradas principalmente nos
departamentos de vigilância sanitária, zoonoses e epidemiologia. Assim
sendo é atribuição do sanitarista organizar os sistemas e serviços de
saúde, avaliando os cenários com utilização de diversos indicadores, e
assim elaborar planos de ação para combater ou intervir de maneira
compatível as necessidades vigentes, atuando diretamente nos
sistemas de saúde para garantir as práticas de prevenção, promoção e
proteção.

31. Saúde Pública

Saúde pública é considerada um conjunto de medidas


implementadas pelo Estado para garantir o bem-estar físico, mental e
social da população. Engloba todas às práticas e medidas para garantir
que o cidadão tenha acesso à saúde, em todas as suas vertentes. No
Brasil, a saúde pública é estruturada no sistema único de saúde (SUS),
tendo suas ações acompanhadas e coordenadas pela Organização
Mundial da Saúde (OMS). Atualmente, cerca de 75% dos brasileiros são
dependentes do SUS, e o restante está vinculada à rede privada. No
entanto, mesmo que o cidadão opte, primariamente, pelos serviços
privados, não perde o direito de usar os serviços do SUS, tendo direito a
estes serviços. Profissionais habilitados em saúde pública ou coletiva
atuam na identificação, articulação, implementação de programas, bem
como na elaboração de projetos que promovem o equilíbrio da saúde e
bem-estar dos usuários destes serviços. Pode ainda desenvolver e
implementar projetos governamentais de prevenção, promoção ou
recuperação da saúde, analisar, monitorar e supervisionar o processo de
terceirização de serviços, prestar assessoria e consultora em pesquisas
epidemiológicas, e integrar conselhos municipais e estaduais de saúde.

32. Toxicologia

Existe uma grande variedade de substâncias químicas com


estruturas e propriedade muito variáveis, devido a isso, não é incomum,
casos em que a exposição a algum composto esteja associada a efeitos
danosos no organismo humano. Com base nisso, desenvolveu-se a
toxicologia, ciência que estuda os efeitos nocivos causados pela
interação de substâncias químicas com os organismos. O estudo da
toxicologia aborda vários aspectos, como formas de exposição a
agentes tóxicos, absorção, distribuição, bem como os mecanismos
causadores de danos desses compostos no organismo. Assim, o
toxicologista é o especialista que estuda, detecta, quantifica e verifica o
grau de toxicidade de diversos compostos químicos, possibilitando o
controle de substâncias em alimentos, amostras biológicas, meio
ambiente, locais públicos ou de trabalho, avaliando o grau de toxicidade,
e estabelecendo protocolos preventivos e de segurança para
manipulação ou minimização de riscos na exposição destes agentes.
Como ciência multidisciplinar apresenta várias áreas de atuação, como
a toxicologia forense, toxicologia de alimentos, ambiental e ocupacional.
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