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2020
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Inclui bibliografia.
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ISBN 978-65-5607-004-9 (E-book)
CDU: 577.1
___________________________________________________________
Bibliotecário responsável Juliana Langaro Silveira - CRB 10/2427
afiliada à
Associação Brasileira
das Editoras Universitárias
Sumário
Introdução....................................................................................................................7
Capítulo 13 - Diabetes..........................................................................................168
Déborah Glimm, Luciano de Oliveira Siqueira, Luísa Fanton Pelle,
Vanessa Guse
Sobre os autores...................................................................................................192
Introdução
Objetivos
Conhecer os radicais livres e sua origem; desvendar os efeitos be-
néficos e maléficos dos radicais livres; entender os antioxidantes e seu
papel de atenuar ou neutralizar os radicais livres; e descobrir a relação
dos radicais livres com o envelhecimento humano, as doenças cardiovas-
culares, as vitaminas antioxidantes e o câncer.
Radicais livres
Os radicais livres (RLs) são elementos instáveis que apresentam
um elétron desemparelhado em seu último orbital, ou seja, substâncias
que têm um elétron sobrando e estão à procura de um outro elétron para
se estabilizarem. Eles são livres porque não são dependentes de outra
substância (SMITH; MARKS; LIEBERMAN, 2007). Dentre os RLs, as
10 Capítulo 1 - Radicais livres e estresse oxidativo
espécies reativas de oxigênio (EROs) são as que mais afetam nossa bio-
logia, mas também existem as espécies reativas do nitrogênio e os radi-
cais livres orgânicos. É nessa área que flutuam as teorias e terapêuticas
antioxidantes de que tanto ouvimos falar nos últimos tempos (BENDER;
MAYES, 2017b).
Devido à sua instabilidade, os RLs iniciam reações para obter ou
roubar o elétron desejado. Entretanto, nem sempre essas reações são
necessárias à homeostase ou ao equilíbrio do organismo. Assim, inicia-se
uma batalha entre a quantidade total de radicais livres, em especial as
derivadas do oxigênio, e os mecanismos de defesa antioxidantes do corpo
humano. Ao desequilíbrio entre a quantidade de radicais livres e as de-
fesas antioxidantes (com predomínio dos RLs) dá-se o nome de estresse
oxidativo (ver Figura 1) (SMITH; MARKS; LIEBERMAN, 2007). Essas
reações indesejadas causadas pelos RLs podem causar dano a lipídeos,
proteínas e ácidos nucleicos. Esse mecanismo está envolvido na patogê-
nese da aterosclerose, no câncer, em mutações herdadas e em doenças
autoimunes – ao atingir lipídeos e lipoproteínas, ácidos núcleos e proteí-
nas, respectivamente (BENDER; MAYES, 2017b).
Também existem outros radicais livres além dos EROs. Dentre eles,
destacam-se os radicais livres orgânicos, quando os EROs roubam elé-
trons de outras substâncias, e as espécies reativas de oxigênio e nitrogê-
nio (ERONs), que apresentam também o átomo de nitrogênio (SMITH;
MARKS; LIEBERMAN, 2007).
As fontes de radicais livres são variadas e advêm de reações como
produtos acidentais ou propositais. A exposição a alguns fatores pode
elevar a produção de fontes exógenas, como o tabagismo, as drogas, as
radiações naturais e artificiais, o ar poluído, as infecções e as radiações,
como a solar e a de raios-x. Os principais locais de formação das fontes
endógenas são: a mitocôndria (Coenzima Q da cadeia de transporte de
elétrons) e as enzimas (produto acidental de enzimas, como o conjunto
Citocromo P450), que levam à formação espontânea de radicais livres a
partir da alta energia envolvida. A respiração é outra fonte importante
de radicais livres, em especial as EROs, em que cerca de 6% do oxigênio
consumido transforma-se em EROs (HALLIWELL, 1994; SMITH; MAR-
KS; LIEBERMAN, 2007).
Rodrigo Alberton da Silva et al. 13
A ação dos radicais livres está descrita em pelo menos cem pato-
logias, inclusive como fator principal de algumas doenças (SMITH;
MARKS; LIEBERMAN, 2007). Dividiremos nossa discussão segundo al-
vos das espécies:
1. Membranas: ocorre quando EROs geradas no interior da cé-
lula reagem com constituintes lipídios das membranas bioló-
gicas. Isso gera uma degradação que pode comprometer a in-
tegridade das membranas, como a membrana citoplasmática,
a mitocondrial e a dos retículos endoplasmáticos. Esse pro-
cesso é chamado de peroxidação lipídica ou lipoperoxidação
(SMITH; MARKS; LIEBERMAN, 2007).
2. Proteínas: alguns aminoácidos são mais suscetíveis ao dano oxi-
dativo que outros, quando eles são vítimas da ação dos RLs, pode
haver dano a moléculas proteicas, perda aumentada de proteí-
nas e aumento do dano em toda a célula. A Glutationa é um tri-
peptídeo fundamental para o combate aos RLs e pode ter sua
eficiência diminuída se sofrer oxidação (SMITH; MARKS; LIE-
BERMAN, 2007). Outra possibilidade é o não reconhecimento
pelo organismo de proteínas atingidas por radicais livres, poden-
do desencadear doenças autoimunes (BENDER; MAYES, 2017b).
3. DNA: os radicais livres também podem alterar moléculas de
DNA. Esses radicais também tem a capacidade de romper a
fita de DNA. Felizmente, a célula pode se defender desse dano,
seja pela reparação primária da mudança, seja pela apoptose
(SMITH; MARKS; LIEBERMAN, 2007). Quando isso não ocor-
re, as mutações podem ser herdadas pelas células subsequentes
e agir na patogênese de neoplasias (BENDER; MAYES, 2017b).
4. Apoptose: os RLs podem induzir a apoptose por meio de seu
dano às mitocôndrias. Isso leva à sensibilização de caspases de
forma precoce e desencadeia toda a cascata apoptótica. Apesar
da possibilidade, não é comum que a apoptose seja desenca-
deada devido à ação dos radicais (KEHRER; KLOTZ, 2015).
14 Capítulo 1 - Radicais livres e estresse oxidativo
Defesas antioxidantes
1) Antioxidantes enzimáticos
a) Superóxido-dismutase (SOD): promove uma reação chamada
dismutação, na qual a enzima atenua o superóxido, transfor-
mando-o em peróxido de hidrogênio e oxigênio.
b) Catalase: reduz o peróxido de hidrogênio formado pela SOD
em água, impedindo-o de formar hidroxilas pelas reações de
Fenton e Haber-Weiss.
c) Glutationa-peroxidase (GTP) e Glutationa-redutase (GTR):
essas duas enzimas são algumas das principais ferramentas
do organismo para combater os radicais livres. Elas reduzem
diversos RLs, como os peróxidos de hidrogênio, por meio da
GTP (ver Figura 4). Para a manutenção dessa ação, a GTR
16 Capítulo 1 - Radicais livres e estresse oxidativo
2) Scavengers
Scavengers são substâncias da dieta (vitaminas, carotenoides e fla-
vonoides) ou fabricadas pelo organismo (endógenos) que reduzem os RLs
de forma não enzimática. Os scavengers atuam doando um elétron aos
RLs, sendo denominados de antioxidantes.
a) Vitamina E: o tocoferol é uma substância lipossolúvel e age
protegendo principalmente as membranas celulares. Na por-
ção lipídica desses locais, ela acaba doando elétrons numa for-
te reação em cadeia (cada molécula de vitamina E pode doar
até dois elétrons).
b) Vitamina C: o ácido ascórbico atua auxiliando o tocoferol, ao
doar elétrons para este. Ela é hidrossolúvel, mas entra em
contato com a vitamina no meio extracelular, como no sangue.
c) Carotenoides: englobam o betacaroteno, ajudam na formação
da Vitamina A e de compostos semelhantes. A eficácia do efei-
to antioxidante é controversa, mas estudos sobre a ação na
saúde da visão têm ganhado interesse.
Rodrigo Alberton da Silva et al. 17
Aplicação do conhecimento
Descreveremos patologias importantes e que apresentam o envol-
vimento com os radicais livres a seguir. Além dessas, também merecem
menção as seguintes condições: aterogênese, bronquite enfisematosa,
distrofia muscular tipo-Duchene, gestação/pré-eclampsia, câncer cervi-
cal, doença hepática induzida por álcool, hemodiálise, diabetes, insufi-
ciência renal aguda, envelhecimento, fibroplasia retrolental, distúrbios
cerebrovasculares, dano por isquemia-reperfusão, distúrbios neurodege-
nerativos (esclerose lateral amiotrófica, doença de Alzheimer, síndrome
de Down) e doenças da Oxphos (esclerose múltipla e doença de Parkin-
son) (SMITH; MARKS; LIEBERMAN, 2007).
Envelhecimento humano
Doença de Parkinson
Aterosclerose
Dano isquemia-reperfusão
Câncer
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Rodrigo Alberton da Silva et al. 25
Exercícios
1) (SMITH; MARKS; LIEBERMAN, 2007). Qual das seguintes vitaminas ou enzimas é
incapaz de proteger contra o dano por radicais livres?
a) Betacaroteno
b) Glutationa-peroxidase
c) Superóxido-dismutase
d) Vitamina B6
e) Vitamina C
5) (BENDER; MAYES, 2017b). Qual dos seguintes tipos de lesão de radicais de oxi-
gênio pode levar ao desenvolvimento de câncer?
a) Modificações químicas das bases de DNA em células somáticas.
b) Modificações químicas do DNA em células germinativas.
c) Oxidação de aminoácidos em proteínas da membrana celular.
d) Oxidação de aminoácidos em proteínas mitocondriais.
e) Oxidação de ácidos graxos insaturados em lipoproteínas plasmáticas.
Gabarito: 1 – D; 2 – B; 3 – E; 4 – E; 5 – A.
Capítulo 2
Objetivos
Definir o conceito da glicação não enzimática de proteínas, como
surgiu, para que serve e quais seus efeitos. Compreender o metabolismo
e o mecanismo de papel dos produtos avançados da reação de Maillard
(AGEs) no envelhecimento, no diabetes melito e suas complicações bem
como na catarata. Além disso, definir perspectivas de possíveis maneiras
de diminuir os nocivos efeitos do acúmulo de AGEs nos indivíduos.
Schiff instável, que nada mais é do que uma condensação entre o grupo
carbonila do açúcar redutor com o grupo amina do aminoácido. Ao sofrer
rearranjos, torna-se mais estável, originando então o produto de Amadori
ou os produtos iniciais da reação de Maillard, sendo a hemoglobina glica-
da e a frutosamina os produtos mais conhecidos. Tais produtos possuem
grande reatividade em seus grupos carbonilas e, ao se condensarem com
grupos aminas primários, dão origem aos produtos avançados da reação
de Maillard (AGEs) (Figura 1) (BARBOSA; OLIVEIRA; SEARA, 2009).
Efeitos nutricionais
Durante o aquecimento do alimento, ocorre a formação de com-
postos responsáveis por conferir características organolépticas a ele. O
escurecimento é uma dessas características, que ocorre na reação de
Maillard. Conservantes derivados do enxofre, como dióxido de enxofre,
sulfitos, bissulfitos e metabissulfitos, podem evitar a produção desses
compostos e, consequentemente, seu escurecimento. Além disso, o odor
também é uma característica da reação e pode ser positivo ou negativo,
como o cheiro do pão assado, da torração do café (nitrogenados hetero-
cíclicos) ou de decomposição láctea e de produtos cárneos (pirazinas e
pirróis) (AMORIM; LISBOA; SIQUEIRA, 2013; SILVA, 1983).
Os alimentos que tendem a possuir mais AGEs são aqueles com alto
teor de gordura, como carne bovina, margarinas e queijos com elevada
concentração de gordura, como o parmesão.
Os efeitos nutricionais da glicação não enzimática de proteínas po-
dem produzir compostos mutagênicos e diminuir a biodisponibilidade de
aminoácidos, já que comprometem sua cadeia lateral, formam ligações
cruzadas entre as cadeias peptídicas por condensação e diminuem a di-
gestibilidade das proteínas.
Efeitos in vivo
AGEs e envelhecimento
AGEs e catarata
Aplicação do conhecimento
Como visto anteriormente, a dieta é o principal fator exógeno de
formação de AGEs, sendo que apenas uma refeição rica neles é capaz de
causar elevações séricas e teciduais desses compostos em indivíduos sau-
dáveis ou portadores de diabetes. Considerando o fato de que diversos
fatores potencializam a formação de AGEs no alimento, como o método
de preparo que utiliza temperaturas superiores a 170ºC (fritar, assar,
grelhar), ao cozinhar os alimentos sob temperaturas mais brandas (em
torno de 100ºC), por curtos períodos de tempo e em presença de umidade
(cozimento em água ou vapor), contribui-se para uma menor produção
de AGEs; logo, diminuem-se os riscos associados ao excesso e ao acúmulo
desse composto no organismo (BARBOSA; OLIVEIRA; SEARA, 2009).
Referências
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Larissa Rosa Eckert et al. 33
Exercícios
1) ESM, 70 anos, feminina, queixa de visão opaca e alterações de memória e com
história prévia de diabetes há 20 anos. Dentre as opções, quais medidas cabí-
veis podem ser tomadas pelo endocrinologista?
I. Alteração na dieta, diminuir quantidade de carboidratos e alimentos
com alto teor de gordura;
II. Encaminhamento para um médico oftalmologista para tratamento
ocular;
III. Encaminhamento para um médico neurologista para tratamento de
provável disfunção neurológica;
IV. Cozinhar os alimentos em temperatura de 100ºC e preferencialmen-
te de forma úmida (na água ou vapor).
Gabarito: 1 – E; 2 – A; 3 – B.
Capítulo 3
Objetivos
Discernir e caracterizar os tipos de moléculas classificadas como
lipídios, relacionar as propriedades físico-químicas dos lipídios com pro-
cessos fisiológicos e relacionar as propriedades dos lipídios à clínica mé-
dica.
Lipídios simples
Lipídios compostos
Lipídios derivados
Gordura trans
Formação
Propriedades
Efeitos no organismo
Aplicação do conhecimento
Omega-3 e câncer de mama
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48 Capítulo 3 - Introdução ao estudo dos lipídios
Exercícios
1. (PUC-PR-FEAES-2017) Os lipídios conferem algumas características aos ali-
mentos onde estão presentes. Os alimentos fontes de lipídios de origem ani-
mal em geral apresentam textura mais sólida à temperatura ambiente. Esse
fato se deve à:
a) Sua composição em ácidos graxos monoinsaturados.
b) Sua composição em ácidos graxos poliinsaturados.
c) Sua composição em ácidos graxos saturados ou em ácidos graxos do
tipo trans.
d) Sua composição em esteroides como o colesterol associado à gordu-
ra di-insaturada.
e) Sua facilidade em sofrerem transformações como o desenvolvimen-
to de ranço oxidativo.
Gabarito: 1 – C; 2 – E; 3 – A.
Capítulo 4
Objetivos
Associar características, funções e destinos dos principais lipídios
plasmáticos e relacionar os principais lipídios plasmáticos com distúr-
bios fisiológicos.
Estrutura
Armazenamento
Destino
Catabolismo
ligada à albumina até os tecidos nos quais serão oxidados pela ß-oxida-
ção, para produção de ATP. De outro modo, o glicerol resultante da hi-
drólise será utilizado no fígado, para síntese de glicose (gliconeogênese)
e corpos cetônicos (cetogênese).
A síntese de ATP a partir da lipolise pode ser analisada durante
exercícios físicos aeróbicos (ß-oxidação), principalmente os de baixa in-
tensidade e longa duração, uma vez que a cadeia de produção de energia
é mais lenta, porém com maior quantidade de ATP. Vale ressaltar que
nem todos os tecidos são capazes de oxidar ácidos graxos, como o tecido
nervoso ou a medula adrenal.
Colesterol
Estrutura
Função
Figura 2 – Ácido cólico (ácido biliar) sendo sintetizado a partir de colesterol no fígado
Regulação
Figura 5 – Cascata de reação para formação de colesterol e local de ação das estatinas
HMG CoA
Estatinas HMG CoA redutase
Acido Mevalonico
Isopentenil-PP
Geranil- PP
Farnesil-PP
Esqualeno
Colesterol
Fonte: adaptado de Sirtori (2014).
58 Capítulo 4 - Principais lipídios plasmáticos
Degradação
Aplicação do conhecimento
Esteatose hepática não alcoólica
Referências
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SIRTORI, C. R. The pharmacology of statins. Pharmacological Research, v. 88,
p. 3-11, out. 2014. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.phrs.2014.03.002. Aces-
so em: 16 out. 2018.
62 Capítulo 4 - Principais lipídios plasmáticos
Exercícios
1. Quanto às moléculas de colesterol, pode-se afirmar que:
a) A principal fonte de colesterol provém da alimentação, logo um indi-
víduo com hipercolesterolemia pode reduzir considerávelmente seu
índice reduzindo seu consumo.
b) Altos índices de colesterol são fator de risco para aterosclerose.
c) Colesterol tem pouco efeito sobre as propriedades da bicamada lipí-
dica.
d) A regulação do colesterol ocorre, principalmente, pela excreção jun-
to aos ácidos biliares nas fezes.
Gabarito: 1 – B; 2 – B; 3 – E.
Capítulo 5
Objetivos
Explicar a digestão e a absorção dos lipídios por meio das lipases no
organismo. Descrever o destino dos triglicerídeos da dieta, o transporte dos
lipídios na corrente sanguínea e sua associação com apoproteínas. Além
disso, abordar o tema associando-o a patologias como a arteriosclerose.
Introdução
Os lipídios são compostos orgânicos apolares, solúveis em solventes
orgânicos, como acetona e clorofórmio, e pouco solúveis em água. Eles
estão presentes em todos os tecidos e estão implicados na regulação de
diversos processos fisiológicos humanos, agindo como hormônios ou pre-
cursores hormonais, combustíveis metabólicos, componentes estruturais
e funcionais das biomembranas.
Luísa Fanton Pelle et al. 65
Tabela 3 – Lipoproteínas
Tipos de
Características principais
lipoproteínas
Produzidas nas células epiteliais intestinais e a partir das gorduras
Quilomícrons
da dieta; transportam principalmente triacilgliceróis no sangue.
VLDL (lipopro-
Produzida no fígado, principalmente a partir dos carboidratos da
teína de muito
dieta; transporta triacilgliceróis no sangue.
baixa densidade)
IDL (lipoproteí-
Produzida no sangue (remanescente da VLDL após a digestão dos
na de densidade
triacilgliceróis); endocitada pelo fígado ou convertida em LDL.
intermediária)
Produzida no sangue (remanescentes da IDL após digestão dos
triacilgliceróis; produto final do VLDL); composta por altas concen-
trações de colesterol, uma única APO lipoproteína (APO B100) e
conteúdo residual de TG; é a partícula lipídica mais aterogênica no
LDL (lipopro-
sangue; endocitada pelo fígado e pelos tecidos periféricos, a expres-
teína de baixa
são dos receptores de LDL nos hepatócitos é a principal responsável
densidade)
pelo nível de colesterol no sangue e depende da atividade da en-
zima hidroximetilglutaril (HMG) CoA redutase, enzima-chave para
a síntese intracelular do colesterol hepático. Logo, sua inibição é
importante alvo terapêutico no tratamento da hipercolesterolemia.
Produzida no fígado, no intestino e na circulação; composta pelas
APOs AI e AII; troca proteínas com outras lipoproteínas; atua no
transporte reverso do colesterol dos tecidos periféricos para o fígado,
HDL (lipoproteí-
onde é captado pelos receptores SR-B1, dessa forma, contribuindo
na de alta densi-
para a proteção do leito vascular contra a aterogênese, com a remo-
dade)
ção de lipídios oxidados da LDL, a inibição da fixação de moléculas
de adesão e monócitos ao endotélio e a estimulação da liberação
de óxido nítrico.
É resultado de uma ligação covalente entre uma partícula de LDL à
Lp(a) (junção de
APO (a); sua função fisiológica não é conhecida, mas em estudos
uma partícula de
mecanísticos e observacionais, ela tem sido associada à formação e
LDL à APO (a))
à progressão da placa aterosclerótica.
Fonte: elaboração dos autores.
70 Capítulo 5 - Digestão e absorção de lipídios
Dislipidemias primárias
O acúmulo de quilomícrons e/ou de VLDL no compartimento plasmáti-
co resulta em hipertrigliceridemia, que é originada devido à diminuição da
hidrólise dos TGs ou ao aumento da síntese de VLDL (XAVIER et al., 2013).
O acúmulo de lipoproteínas ricas em colesterol como a LDL no com-
partimento plasmático resulta em hipercolesterolemia. Esse acúmulo pode
ocorrer por doenças monogênicas, em particular por defeito no gene do
LDL-R ou no gene da APO B100, bem como por mutação no gene que codifi-
ca a APO B100, que pode também causar hipercolesterolemia, por meio da
deficiência no acoplamento da LDL ao receptor celular. Mais comumente,
a hipercolesterolemia resulta de mutações em múltiplos genes envolvidos
no metabolismo lipídico, portanto, é resultado da interação entre fatores
genéticos e ambientais, que determinam o fenótipo do perfil lipídico.
Aterogênese
A aterosclerose é uma doença inflamatória crônica de origem multi-
fatorial que ocorre em resposta à agressão endotelial, acometendo prin-
cipalmente a camada íntima de artérias de médios e grandes calibres. A
formação da placa aterosclerótica inicia-se com a agressão ao endotélio
vascular devido à exposição a diversos fatores que aumentam permea-
bilidade da íntima às lipoproteínas plasmáticas (principalmente LDL),
favorecendo a retenção dessas no espaço subendotelial, onde sofrem oxi-
dação. Esse depósito é o processo principal para o início da aterogênese,
e ele ocorre de maneira proporcional à concentração dessas lipoproteínas
no plasma (GOLDMAN; AUSIELLO, 2009).
Além do aumento da permeabilidade às lipoproteínas, a oxidação das
LDLs estimula o surgimento de moléculas de adesão leucocitária na super-
fície endotelial, que são responsáveis pela atração de monócitos e linfócitos
para a intimidade da parede arterial por meio de proteínas quimiotáticas.
Com isso, os monócitos migram para o espaço subendotelial, onde se dife-
renciam em macrófagos, que captam as LDLs-oxidadas, sendo então cha-
madas de células espumosas (foam cell), as quais são componentes das es-
72 Capítulo 5 - Digestão e absorção de lipídios
Referências
GOLDMAN, L.; AUSIELLO, D. Cecil: Medicina. 23. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2009. v. I e II.
HALL, John E.; GUYTON, Artur C.; ARAUJO FILHO, Joaquim Procópio de (rev.).
Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
HARVEY, Richard A. Bioquímica ilustrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
RODWELL, V. et al. Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto alegre: AMGH, 2017.
XAVIER, H. T. et al. V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Ateroscle-
rose. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2013.
Luísa Fanton Pelle et al. 73
Exercícios
1. Qual das lipoproteínas plasmáticas é melhor descrita como se segue: sinteti-
zada no fígado, contendo alta concentração de triacilglicerol e eliminada da
circulação principalmente pelos tecidos adiposo e muscular?
a) Quilomícrons.
b) Lipoproteína de alta densidade.
c) Lipoproteína de densidade intermediária.
d) Lipoproteína de baixa densidade.
e) Lipoproteína de densidade muito baixa.
Gabarito: 1 – E; 2 – D; 3 – B.
Capítulo 6
Função cardíaca
Objetivos
Definir clinicamente a síndrome coronariana aguda, contextualizar
os hábitos de vida da população mundial com o surgimento de ateros-
clerose, entender o processo de formação de uma placa aterosclerótica,
diferenciar infarto com e sem supradesnível de ST, definir os exames
adjuvantes no diagnóstico clínico da síndrome coronariana e conhecer os
biomarcadores de função cardíaca, suas funções e propriedades.
Função cardíaca
Síndrome coronariana aguda
Aterosclerose
A dor do infarto
1
Disponível em: https://www.cardiol.br/. Acesso em: 13 mar. 19.
Martina Souilljee Birck et al. 79
Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre angina instável e infarto agudo do mio-
cárdio sem supradesnível do segmento ST (2014).
D- dímero
Biomarcadores de isquemia
Biomarcadores de necrose
Lactato-desidrogenase (LDH)
Creatina quinase
Troponinas
Mioglobina
Aplicação do conhecimento
Relato de caso
Referências
BARRET, Kim E. et al. Fisiologia médica de Ganong. 24. ed. Porto Alegre: AMGH,
2014.
BASSAN, F.; BASSAN, R. Abordagem da síndrome coronariana aguda. Revista da
Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, a. XV, n. 7, p. 01-06,
2006.
COLOMBO, J. Sensibilidade e especificidade da albumina modificada pela isquemia
em ratos Wistar. International Journal of Cardiovascular Sciences, v. 29, n. 1, p. 19-23,
2016.
Martina Souilljee Birck et al. 87
Exercícios
1. (AMRIGS-2018) O Peptídeo Natriurético tipo B (BNP) é um biomarcador uti-
lizado em conjunto com anamnese e exame físico no diagnóstico de insufi-
ciência cardíaca. Em relação ao BNP, analise as assertivas abaixo:
I. É um hormônio secretado pelos ventrículos em resposta ao aumento
de volume e estiramento das paredes.
II. Sua dosagem não é útil para definir a gravidade da doença em caso
de insuficiência cardíaca crônica.
III. Seus níveis podem estar aumentados em insuficiência cardíaca de
qualquer etiologia.
Gabarito: 1 – C; 2 – B; 3 – B.
Capítulo 7
Metabolismo de lipídios
Objetivos
Compreender as etapas da síntese e da degradação de lipídios, des-
crever a ação de fármacos hipolipemiantes. Compreender a ß-oxidação,
descrever o mecanismo de ação dos hormônios envolvidos na quebra de
lipídios, compreender a ação da carnitina e sua aplicação clínica. Com-
preender as etapas da formação de corpos cetônicos em situações fisioló-
gicas e patológicas, conceituar cetoacidose metabólica.
Metabolismo de lipídios
O metabolismo dos lipídios envolve, majoritariamente, três proces-
sos metabólicos: a lipogênese, a lipólise e a cetogênese.
Francisco Costa Beber Lemanski et al. 91
Lipogênese
Lipólise
Cetogênese
Aplicação do conhecimento
Lipogênese
Lipólise
Cetogênese
Referências
BARRETO, B. R. et al. Revisão bibliográfica do efeito da L-carnitina na redução de
tecido adiposo em praticantes de exercício físico: mitos e verdades. Cadernos Uni-
FOA, Volta Redonda, RJ, v. 5, n. 10, p. 73, 2010.
BERG, J.; TYMOCZKO, J.; STRYER, L. Biochemistry. 5. ed. New York: W. H. Free-
man and Company, 2002.
HARVEY, R. A. Bioquímica ilustrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
LEHNINGER, A. L. et al. (rev.). Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto
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MAFFINI, P. H.; PELOSO, E. F. Efeitos ergogênicos da L-Carnitina no metabolismo
lipídico. Saber Científico, Porto Velho, v. 6, n. 2, p. 90-103, 2017.
MERRITT, J.; CHANG, I. Medium-Chain Acyl-Coenzyme A Dehydrogenase Deficien-
cy. GeneReviews. Seattle: Universidade de Washington, Seattle, 2000 [Atualizado
em 2019]. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK1424/. Acesso em:
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RODWELL, V. W. et al. Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto Alegre. AMGH.
2017.
SANTOMAURO JUNIOR, A. C. et al. Metformina e AMPK: um antigo fármaco e
uma nova enzima no contexto da síndrome metabólica. Arquivos Brasileiros de En-
docrinologia e Metabologia, São Paulo, v. 52, n. 1, p. 120-125, 2008.
VOET, D. et al. Fundamentos de bioquímica: a vida em nível molecular. 4. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2014.
100 Capítulo 7 - Metabolismo de lipídios
Exercícios
1. (HARPER, 2017) A carnitina é necessária para a oxidação de ácidos graxos por-
que:
a) Ela é um cofator para a acil-CoA-sintase, que ativa os ácidos graxos
para a degradação.
b) Acil-CoA de cadeia longa (“ácidos graxos ativados”) precisam entrar
na matriz mitocondrial para serem oxidados, porém não podem atra-
vessar a membrana mitocondrial externa. A transferência do grupo
acil-CoA para a carnitina possibilita que o deslocamento ocorra.
c) Acil-CoA de cadeia longa (“ácidos graxos ativados”) precisam entrar
no espaço intermembrana da mitocôndria para serem oxidados,
porém não podem atravessar a membrana mitocondrial interna. A
transferência do grupo acil-CoA para a carnitina possibilita que o
deslocamento ocorra.
d) Previne a quebra de ácido graxo acil-CoA de cadeia longa no espaço
intermembrana da mitocôndria.
Gabarito: 1 – C; 2 – E; 3 – E; 4 – D.
Capítulo 8
Eicosanoides e os princípios
da inflamação
Objetivos
Caracterizar o que são eicosanoides, quais moléculas fazem parte
do grupo e como estas participam dos processos inflamatórios. Com-
preender quais são as aplicações clínicas em que o conhecimento dessas
moléculas pode ser útil e quais classes de medicamentos podem ser usa-
dos a fim de evitar a sua formação.
Saulo Bueno de Azeredo et al. 103
ver uma proporção no consumo de Ω-3 e Ω-6, a fim de se ter uma vida
saudável, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, deve-se res-
peitar a proporção de cinco doses de Ω-6 para uma de Ω-3 (MARZZOCO;
TORRES, 2018).
sabe que são produzidas por todas as células, exceto pelos leucócitos.
Elas atuam de duas maneiras diferentes, interagindo com receptores de
membrana ligados à proteína G, causando cascatas de sinalização in-
tracelular por adenosina monofosfato cíclico (AMPc) e inositoltrifosfato/
cálcio (IP3/Ca+2), e do núcleo, promovendo a transcrição gênica. Certos
eicosanoides, prostaglandinas e leucotrienos, são ligantes endógenos que
estimulam a proliferação de peroxissomos, que regulam o metabolismo
lipídico. Fora isso, prostaglandinas atuam no organismo durante a con-
tração dos bronquíolos, produção de muco gástrico, ao impedir coágulos
e proporcionar a contração uterina no fim da gravidez ou no aborto, por
exemplo. As prostaglandinas E2 e F2 (PGE2 e PGF2) têm atuações con-
trárias, enquanto a primeira contrai vasos e músculo liso, a segunda os
relaxa, estando a PGF2 especialmente relacionada com a indução do par-
to (MENDES et al., 2012; MARZZOCO; TORRES, 2018).
Prostaciclinas (PGI2) são eicosanoides derivados da prostaglandi-
na, produzidos pelo endotélio dos vasos, tendo por função a inibição da
agregação plaquetária, impedindo a formação de trombos (PINTO, 2017).
Tromboxanos (TXA2), também produtos de ácido araquidônico, são
estruturalmente semelhantes às prostaglandinas, contudo, são produ-
zidos sobretudo nas plaquetas, tendo ação contrária às prostaciclinas,
agindo, assim, como fator de agregação plaquetária e vasoconstritor.
Prostaglandinas e tromboxanos são fundamentais para o processo de de-
fesa contra infecções no organismo, já que propiciam a manifestação de
selectinas, moléculas de adesão, pelo endotélio capilar, que funcionam
como marcadores para os leucócitos, propiciando a sua diapedese e a pos-
terior defesa imunológica (RODWELL et al., 2015; ABBAS; LICHTMAN;
PILLAI, 2015).
Os leucotrienos (LTA4, LTB4, LTC4, LTD4, LTE4), produzidos por
mastócitos e eosinófilos por via diversa dos demais eicosanoides, pela en-
zima LOX, estão envolvidos com processos alérgicos, como reações anafilá-
ticas, rinite, psoríase, quimiotaxia, adesão e ativação de leucócitos, e bron-
coconstrição (asma). Agentes terapêuticos que inibem a sua ação, evitando
a broncoconstrição e o excesso de muco, são medidas terapêuticas adota-
das no controle da asma, por exemplo (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013).
Saulo Bueno de Azeredo et al. 107
Aplicação do conhecimento
Tendo em vista o potencial patogênico que os eicosanoides em
situações não fisiológicas podem gerar, o uso de medicamentos com a fi-
nalidade de diminuir ou até inibir sua produção se torna mais relevante,
a estes damos o nome de anti-inflamatórios (Tabela 1). Dos fármacos com
ação anti-inflamatória disponíveis, vale citar os corticosteroides, como
a dexametasona, e os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) (KU-
MAR; ABBAS; ASTER, 2013).
Classes Mecanismo de
Nome comercial Efeitos
terapêuticas ação
Alívio de dor de baixa
Ácido acetilsalicíli- intensidade, ação
Inibição não
Salicilatos co (AAS), Difunisal, antipirética, efeitos em
seletiva da COX
Salicilato de sódio trato gastrointestinal
(TGI)
Potência moderada,
Diclofenaco sódico, efeito anti-inflamatório
Derivados do Inibição não
Indometacina, Ceto- comparável aos salicila-
ácido acético seletiva da COX
rolaco, Tolmetina tos, baixa ação em TGI,
potente analgésico
Derivados
Antagonista direto de Inibição não
do ácido Ácido mefenâmico
certas prostaglandinas seletiva da COX
fenilantranílico
Derivados da Modesta seletividade Inibição não
Nimesulida
Sulfonanilida para COX-2 seletiva da COX
Derivados do Ibuprofeno, Napro- Efeitos comparáveis a Inibição não
ácido propiônico xeno, Cetoprofano outros AINEs seletiva da COX
Derivados do Piroxican, Meloxi- Modesta seletividade Inibição não
ácido enólico can para COX-2 seletiva da COX
Inibição seletiva
Derivados Celecoxibe, Rofe- Menor índice de reações
para COX-2
coxibes coxibe adversas em TGI
(isCOX2)
Indicado para profilaxia
Montelucaste Inibição seletiva
Montelucaste sódico e tratamento crônico da
sódico para LOX
asma
Fonte: elaboração dos autores, 2019.
108 Capítulo 8 - Eicosanoides e os princípios da inflamação
Referências
ABBAS, Abul; LICHTMAN, Andrew; PILLAI, Shiv. Imunologia celular e molecular.
8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
KHANAPURE, Subhash P. et al. Eicosanoids in Inflammation: Biosynthesis, Pharma-
cology, and Therapeutic Frontiers. Current Topics in Medicinal Chemistry, Lexington,
v. 7, p. 311-340, 1. fev. 2007.
KUMAR, V.; ABBAS, A.; ASTER, J. C. Robbins – Patologia Básica. 9. ed. Rio de Ja-
neiro: Elsevier, 2013.
MARZZOCO, Anita; TORRES, Bayardo Baptista. Bioquímica básica. 4. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
Saulo Bueno de Azeredo et al. 109
Exercícios
1. (Residência médica – HIAE 2018) Mulher, 20 anos, com história de asma des-
de a infância, procura atendimento ambulatorial porque apresenta crises de
dispneia e sibilância quase todos os dias. Refere despertar noturno por falta
de ar, pelo menos duas vezes por semana. Diversas medidas ambientais fo-
ram adotadas, todas sem sucesso. Está em uso de corticoide inalatório e beta
2 agonista de longa duração, ambos em dose baixa, além de medicação de
resgate. Quanto ao próximo passo, de acordo com o GINA (Global Initiative
for Asthma), uma opção é:
a) Aumentar a dose do corticoide inalatório e introduzir antagonista de
receptor de leucotrieno.
b) Reduzir a dose de beta 2 de longa duração e aumentar a dose do
corticoide inalatório.
c) Aumentar a dose de beta 2 de longa duração e diminuir a dose de
corticoide inalatório.
d) Introduzir anti-IgE.
e) Aguardar o resultado da espirometria para decidir o que fazer.
Gabarito: 1 – A; 2 – A; 3 – D; 4 – D.
Capítulo 9
Integração do metabolismo
Objetivos
Esclarecer as funções da insulina e do glucagon no organismo; elu-
cidar como o corpo maneja a falta de nutrientes em períodos de jejum;
compreender como os diferentes tecidos agem juntos para alcançar a ho-
meostase energética.
O encéfalo
Os livros de anatomia apontam que o encéfalo está acondicionado
dentro de “uma caixa fechada, com volume definido”: o crânio. Portanto,
qualquer sangramento importante dentro da cavidade pode mostrar-se
extremamente grave, pois, apesar de o encéfalo possuir certos mecanis-
mos compensatórios, ele não pode acomodar nenhuma quantidade muito
grande de volume extra. Por esse mesmo motivo, o encéfalo não possui
nenhuma reserva energética significativa e, desse modo, necessita que
sua alta demanda energética seja suprida por fontes externas a ele cons-
tantemente.
O fígado
Por sua posição anatomicamente privilegiada, recebendo via siste-
ma porta os nutrientes absorvidos pelo intestino, o fígado exerce uma
função importantíssima no metabolismo de diversas substâncias, ainda
mais no manejo que o corpo faz durante os períodos alimentado e de
jejum. Dependendo do momento, o fígado pode funcionar como centro
distribuidor, local de armazenamento ou gerador de energia a partir de
substâncias que outros tecidos não conseguem utilizar. Discorreremos
primeiro sobre o metabolismo dos carboidratos, tanto em jejum quanto
alimentado, e então sobre os lipídeos e as proteínas, de forma a dar uma
visão fluida e de conjunto sobre os tópicos.
de seu papel, possui baixa afinidade com a glicose. Graças a isso, o fígado
só será capaz de fosforilar e, assim, utilizar a glicose se houver um nível
sérico suficientemente elevado (MALHEIROS, 2006). Devido a esse me-
canismo, os hepatócitos não utilizam primariamente a glicose como fonte
energética, preferindo outros substratos, como ácidos graxos ou aminoá-
cidos, reservando a glicose para os tecidos que são mais dependentes
dela, como o encéfalo. Só haverá uso de glicose no tecido hepático se as
taxas de insulina estiverem bastante elevadas, associadas a um alto ní-
vel de glicose sérica, ativando a rota glicolítica e armazenando glicogênio.
Durante o jejum
Durante o jejum
Durante o jejum
Tecido adiposo
O tecido adiposo é, sem dúvida, o maior armazenador de energia
do corpo. Devido ao valor altamente calórico dos triglicerídeos, eles são
capazes de “guardar” a energia de forma muito mais eficiente do que
proteínas, por exemplo. Para se ter uma ideia, enquanto a média de 6 kg
de proteína que possui um indivíduo de 70 kg tem valor energético de,
aproximadamente, 24.000 kcal, seus 15 kg de lipídeo somam incríveis
35.000 kcal (HARVEY, 2015). Isso, somado ao fato de que não há limite
para o crescimento do tecido adiposo, o torna o silo de energia ideal. É
importante notar, no entanto, que, mais do que um mero tecido arma-
zenador de energia, o tecido adiposo tem revelado importante função
endócrina, produzindo, por exemplo, lectina, TNF-alfa, interleucinas e
angiotensinogênio (WAJCHENBERG, 2000).
Tecido muscular
O músculo estriado esquelético difere um pouco dos outros tecidos,
por ser influenciado não apenas pelo estado alimentar do organismo,
como também por seu nível de atividade. No metabolismo basal, o tecido
muscular é responsável por cerca de 30% do nosso consumo de oxigênio,
enquanto que em momentos de intensa atividade, como corridas de ex-
plosão, natação e musculação intensa, esse nível de consumo pode chegar
a até 90% (HARVEY, 2015).
O músculo tem a capacidade de utilizar corpos cetônicos e ácidos
graxos, além da glicose, para manter seu metabolismo. Em momentos de
atividade física de alta intensidade e curta duração, ele passa a dar prio-
ridade para a glicólise anaeróbia, pois sua velocidade é maior do que do
ciclo de Krebs. Para tanto, o tecido deve manter uma reserva de glicose,
para que possa desempenhar suas atividades mesmo quando esta não
estiver corrente no sangue. É por isso que possuímos em nossos múscu-
los aproximadamente 400 g de glicogênio muscular, que, diferentemente
do glicogênio hepático, não será transportado para outros tecidos (CURI
et al., 2003).
120 Capítulo 9 - Integração do metabolismo
Aplicação do conhecimento
Caquexia
Resistência insulínica
Cetoacidose diabética
Referências
BARONE, Bianca et al. Cetoacidose diabética em adultos: atualização de uma com-
plicação antiga. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, [s. l.], v. 51,
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CURI, Rui et al. Ciclo de Krebs como fator limitante na utilização de ácidos graxos du-
rante o exercício aeróbico. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, [s. l.],
v. 47, n. 2, p. 135-143, 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0004-27302003000200005&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 17 ago. 2018.
DAVIS, Mellar P. et al. Appetite and cancer-associated anorexia: a review. Journal of
Clinical Oncology, [s. l.], v. 22, n. 8, p. 1510-1517, 2004.
HARVEY, Richard A. Buiquímica ilustrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
MALHEIROS, Sônia Valéria Pinheiro. Integração metabólica nos períodos pós-pran-
dial e de jejum - um resumo. Revista Brasileira de Ensino de Bioquímica e Biologia
Molecular, [s. l.], n. 1/2006, 2006.
POLONSKY, Kenneth S.; LARSEN, P. Reed; MELMED, Shlomo. Wiliams Tratado de
Endocrinologia. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
SILVA, Manuela Pacheco Nunces da. Síndrome da anorexia-caquexia em portadores
de câncer. Revista Brasileira de Cancerologia, Rio de Janeiro, v. 52, n. 1, p. 59-77,
2006.
VILAR, Lúcio. Endocrinologia clínica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2016.
VOET, D.; VOET, J. G.; PRATT, C. Fundamentos da Bioquímica. 4. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2002.
WAJCHENBERG, Bernardo Léo. Tecido adiposo como glândula endócrina. Arquivos
Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, São Paulo, v. 44, n. 1, p. 13-20, 2000.
124 Capítulo 9 - Integração do metabolismo
Exercícios
1) Levando em conta seus conhecimentos, assinale a alternativa correta:
a) O encéfalo, por sua extrema importância no corpo, é capaz de usar
muitas substâncias como substrato energético;
b) Os hormônios são substâncias proteicas;
c) Insulina é produzida nas células alfa das ilhotas pancreáticas, en-
quanto o glucagon é produzido nas beta;
d) O glucagon é um hormônio catabolizante, enquanto a insulina é ana-
bolizante.
e) Nenhuma das afirmativas acima;
Gabarito: 1 – D; 2 – B; 3 – E; 4 – C; 5 – A.
Capítulo 10
Função hepática e
metabolismo da bilirrubina
Objetivos
Compreender como se dá o metabolismo da bilirrubina; diferenciar
os tipos de icterícia; avaliar as condições associadas à icterícia; descrever
o sistema p450, como ele funciona e qual sua importância; caracterizar
os principais biomarcadores de função hepática e o que cada um deles
significa; demonstrar situações clínicas em que se aplicam os conheci-
mentos deste capítulo.
O fígado
O fígado é a maior glândula do corpo, com função tanto endócrina
quanto exócrina, localizando-se no hipocôndrio direito, protegido pelo re-
Thiago de Bittencourt Buss et al. 127
Metabolismo da bilirrubina
Os eritrócitos, popularmente conhecidos como hemácias, possuem
um papel fundamental na manutenção da homeostase do corpo humano,
levando o oxigênio coletado nos pulmões até todos os tecidos do corpo e
fazendo o caminho inverso, carregando o gás carbônico, produzido pelos
tecidos, para que possa ser exportado. Após 120 dias, no entanto, essas
células devem ser captadas e degradadas, principalmente no fígado e no
baço, e novas células devem tomar seu lugar.
A hemoglobina é a principal proteína eritrocitária e responsável
pelo transporte de oxigênio, sendo constituída de uma parte proteica (a
globina) e de uma parte não proteica: a heme. Por sua vez, o agrupa-
mento heme é constituído de um agrupamento prostético tetrapirrólico
(protoporfirina) e um átomo de ferro.
Em sua degradação, a hemoglobina é separada em três partes: glo-
bina, ferro (que são reciclados) e o agrupamento tetrapirrólico, que será
clivado oxidativamente em biliverdina, um pigmento verde e hidrossolú-
vel. A biliverdina é, então, reduzida enzimaticamente em bilirrubina, um
128 Capítulo 10 - Função hepática e metabolismo da bilirrubina
b) Icterícia hepática:
Geralmente provocada por uma lesão nos hepatócitos, como na
cirrose ou pelas hepatites, a icterícia hepática causa um aumento da
bilirrubina não conjugada, pela incapacidade do fígado de realizar pro-
priamente a conjugação, e da bilirrubina conjugada, por não escoá-la
130 Capítulo 10 - Função hepática e metabolismo da bilirrubina
Aplicação do conhecimento
Colestase
Cirrose
Encefalopatia hepática
Referências
ALCÂNTARA, Luciana Inácia de. Avaliação dos níveis de gama-glutamil transpep-
tidase sérica em pacientes hepatopatas e sua utilização como marcador bioquímico
para consumo de álcool. Dissertação (Mestrado em Toxicologia) – Faculdade de Ciên-
cias Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
BANCROFT, J. D.; KREAMER, B.; GOURLEY, G. R. Gilbert syndrome accelerates
development of neonatal jaundice. Journal of Pediatrics, v. 132, n. 4, p. 656-660, 1998.
BAYNES, John W.; DOMINICZAK, Marek H. Bioquímica médica. 4. ed. Rio de Ja-
neiro: Elsevier, 2015.
BLEI, Andres T.; CÓRDOBA, Juan. Hepatic Encephalopathy. The American Journal
of Gastroenterology, [s. l.], v. 96, n. 7, p. 1968-1976, 2001. Disponível em: https://msu.
edu/~ferrervl/ACG/ACGLBP/assets/HepaticEncephalopathy.pdf. Acesso em: 21 out.
2018.
COELHO, Júlio Cezar Uili. Aparelho digestivo - clínica e cirúrgica. 4. ed. São Paulo:
Atheneu, 2012.
FRANCHI-TEIXEIRA, Antonio Roberto et al. Icterícia obstrutiva: conceito, classifi-
cação, etiologia e fisiopatologia. Medicina, [s. l.], n. 159, p. 159-163, 1997.
GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew I. Goldmand Cecil Medicina. 24. ed. [S. l.]:
Elsevier, 2014.
138 Capítulo 10 - Função hepática e metabolismo da bilirrubina
Exercícios
1) Em relação à bilirrubina, é correto afirmar que:
a) Sua porção direta é assim chamada pois é formada diretamente no
sangue, sendo carregada até o fígado por proteínas, onde sofrerá
conjugação;
b) A bilirrubina indireta é polar, não necessitando de proteínas para seu
transporte;
c) A bilirrubina conjugada é excretada primariamente pelos rins;
d) A acolia é causada pela falta de bilirrubinas, enquanto a colúria é cau-
sada pelo excesso dela;
e) Nenhuma das alternativas acima é verdadeira.
2) Levando em conta seus conhecimentos clínicos sobre a icterícia, qual das as-
sertivas a seguir é verdadeira?
a) A icterícia só é perceptível nas mucosas a partir de valores séricos de
5 mg/dl na mucosa e a partir de 7 mg/dl na pele;
b) Consideramos como icterícia obstrutiva apenas os casos causados
por litíases biliares;
c) A icterícia observada em casos de erros de transfusão sanguínea é
devido ao aumento da bilirrubina direta;
d) O kernicterus é uma afecção benigna, comum em neonatos, e que
pode ser tratada apenas com a fotoexposição;
e) Nenhuma das alternativas acima é verdadeira.
Gabarito: 1 – D; 2 – C; 3 – C; 4 – A; 5 – B.
Capítulo 11
Função renal
Objetivos
Definir os principais marcadores bioquímicos envolvidos na análi-
se da função renal; compreender como a depuração (clearance) renal é
útil na análise clínica; definir marcadores específicos e sensíveis a al-
terações renais; compreender como a dosagem de ureia sérica renal é
analisada clinicamente; entender a importância clínica da dosagem de
creatinina; compreender como a dosagem de cistatina c é analisada cli-
nicamente; conceituar proteinúria; diferenciar hematúria glomerular e
não glomerular; conceituar albuminúria; conceituar fração hepática de
proteínas ligadas a ácidos graxos; exemplificar possíveis falsos-negativos
e falsos-positivos nos exames.
142 Capítulo 11 - Função renal
Função renal
Cada rim contém aproximadamente um milhão de néfrons – sua
unidade funcional e estrutura capaz de formar a urina (HALL; GUY-
TON; ARAUJO FILHO, 2017). A principal e mais importante função dos
rins é a filtração do plasma sanguíneo, para a excreção de substâncias
tóxicas e indesejáveis. No entanto, define-se que as funções do rim são:
filtração, reabsorção, secreção e excreção.
No exame clínico de uma patologia ou anormalidade do sistema
urinário, a análise da função renal por meio de exames laboratoriais é
um fator decisivo e uma importante ferramenta tanto para o diagnós-
tico quanto para o acompanhamento de doenças renais pré-existentes
(RIELLA, 2010). Durante o exame da função renal, diversos biomarcado-
res são utilizados a fim de se verificar três possíveis e principais altera-
ções no funcionamento adequado dos rins: análise da filtração glomeru-
lar, da função renal e de lesão renal.
Depuração (clearance)
D= U.F
P
Ureia
Creatinina
te nos homens; porém, isso não é uma regra. Em atletas que praticam
exercício físico intenso, é esperado que a creatinina esteja aumentada no
plasma após o desporto, tendo em vista possíveis traumas musculares
decorrentes da atividade. Por essa razão, é aconselhado evitar a prática
de atividade física por no mínimo 8 horas antes da coleta do sangue para
dosagem, de modo a não alterar o resultado. O mesmo ocorre com o consu-
mo de carne vermelha cozida (deve-se evitar a ingestão nas 24 horas que
antecedem a coleta), já que o processo de cozimento converte a creatina
da carne em creatinina, que, posteriormente, será absorvida na digestão,
aumentando a concentração sérica (ABENSUR, 2011; PINTO, 2017).
Por esses motivos, é preciso ficar atento a pacientes com pouca mas-
sa muscular, uma vez que seus níveis de creatinina podem estar normais
ou abaixo da referência e mesmo assim apresentarem um quadro de dano
glomerular com filtração diminuída. Além disso, em diversas outras si-
tuações, a baixa concentração sérica de creatinina não representará uma
atividade renal adequada: em pacientes com perda muscular, seja por
um quadro de desnutrição, seja após a amputação de algum membro,
a taxa de creatinina no plasma poderá ser menor que o esperado para
o nível de filtração glomerular, podendo ocultar alguma nefropatia no
exame bioquímico.
O aumento da concentração plasmática de creatinina pode ser de-
corrência de três causas majoritárias: pré-renais, renais e pós-renais.
a) pré-renais: o aumento de creatinina não indica dano renal,
como nos casos de rabdomiólise ou trauma muscular;
b) renais: por lesões no glomérulo ou nos túbulos, há uma redu-
ção da capacidade dos rins de filtrar o plasma – uma redução
de 50% da taxa de filtração glomerular dobra a concentração
plasmática de creatinina, ou seja, um pequeno aumento de
creatinina já significa uma grande alteração da função renal;
c) pós-renais: em casos de cálculos nas vias de excreção ou de
hipertrofia prostática.
A creatinina é amplamente utilizada clinicamente para análise de
função renal por três fatores:
Francisco Costa Beber Lemanski et al. 147
Clearance de creatinina (mL/min) = (140 – idade) x peso (kg) x (0,85 se for mulher)
72 x creatinina sérica (mg/dL)
148 Capítulo 11 - Função renal
Cistatina C
Proteinúria
Tabela 1 – Comparação entre o exame de urina com hematúria glomerular e não glomerular
Hematúria glomerular Hematúria não glomerular
Cor Amarela Avermelhada
Aspecto Límpido Turvo
Concentração de hemácias Baixa Alta
Aspecto das hemácias Dismórficas Isomórficas
Presença de proteínas Positivo Negativo
Presença de albumina Positivo Negativo
Presença de cilindros Positivo Negativo
Fonte: elaboração dos autores.
152 Capítulo 11 - Função renal
Albuminúria
Aplicação do conhecimento
Depuração (Clearance)
Ureia
Creatinina
Cistatina C
Proteinúria
Albuminúria
Referências
ABENSUR, H. Biomarcadores na Nefrologia. 2011. Disponível em: https://arquivos.
sbn.org.br/pdf/biomarcadores.pdf. Acesso em: ago. 2018.
ALMEIDA, F. A. Microalbuminuria como marcador precoce de comprometimento da
função renal. Revista Brasileira de Hipertensão, São Paulo, v. 8, n. 3, 2001.
BRITO, Tereza Neuma de Souza; OLIVEIRA, Arthur Renan de Araújo; SILVA,
Adrielly Karingy Chaves da. Taxa de filtração glomerular estimada em adultos: ca-
racterísticas e limitações das equações utilizadas. Revista Brasileira de Análises Clí-
nicas, Rio de Janeiro, v. 48, n. 1, p. 7-12, 2016.
COCKCROFT, D. W.; GAULT, M. H. Prediction of creatinine clearance from serum
creatinine. Nephron, v. 16, n. 1, p. 31-41, 1976.
HALL, John E.; GUYTON, Arthur C.; ARAUJO FILHO, Joaquim Procópio de (rev.).
Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
HERGET-ROSENTHAL, S. et al. Early detection of acute renal failure by serum
cystatin C. Kidney International, v. 66, p. 1115-1122, 2004.
PERKINS, B. A. et al. Detection of renal function decline in patients with diabetes
and normal or elevated GFR by serial measurements of serum cystatin C concentra-
tion: results of a 4-year follow- up study. Journal of the American Society of Nephro-
logy, v. 16, p. 1404-1412, 2005.
PERLEMOINE, C. et al. Interest of cystatin C in screening diabetic patients for early
impairment of renal function. Metabolism, v. 52, p. 1258-1264, 2003.
PINTO, Wagner de Jesus. Bioquímica clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2017.
RIELLA, Miguel Carlos. Princípios de nefrologia e distúrbios hidroeletrolíticos. 5. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
SODRÉ, Fábio L.; COSTA, Josete Conceição Barreto; LIMA, José Carlos C. Avalia-
ção da função e da lesão renal: um desafio laboratorial. Jornal Brasileiro de Patolo-
gia e Medicina Laboratorial, Rio de Janeiro, v. 43, n. 5, p. 329-337, 2007.
VASCONCELLOS, Leonardo de Souza; PENIDO, Maria Goretti Moreira Guimarães;
VIDIGAL, Pedro Guatimosim. Importância do dismorfismo eritrocitário na investi-
gação da origem da hematúria: revisão da literatura. Jornal Brasileiro de Patologia
e Medicina Laboratorial, Rio de Janeiro, v. 41, n. 2, p. 83-94, 2005.
ZANELLA, Maria Teresa. Microalbuminúria: fator de risco cardiovascular e renal
subestimado na prática clínica. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabolo-
gia, São Paulo, v. 50, n. 2, p. 313-321, 2006.
156 Capítulo 11 - Função renal
Exercícios
1. Indique substâncias que, por serem livremente filtradas no glomérulo e não
serem reabsorvidas, são totalmente depuradas pelo rim, sendo, assim, bons
marcadores para avaliar filtração renal:
a) Creatinina e ureia.
b) Creatinina e inulina.
c) Ureia e inulina.
d) Cistatina C.
e) Creatinina, apenas.
Gabarito: 1 – B; 2 – D; 3 – A; 4 – C.
Capítulo 12
Déborah Glimm
Luciano de Oliveira Siqueira
Luísa Fanton Pelle
Vanessa Guse
Objetivos
Caracterizar o mecanismo de funcionamento da resistência insulí-
nica, definir e conhecer as propriedades do teste oral de tolerância à gli-
cose (TOTG), diagnosticar os sinais clínicos da hipoglicemia, analisar as
características clínicas e laboratoriais da síndrome metabólica e definir
o pré-diabetes.
Aplicação do conhecimento
O conhecimento sobre resistência insulínica e obesidade é muito im-
portante, visto a epidemia de obesidade que vem crescendo exponencial-
mente na sociedade atual. Entender seu mecanismo de funcionamento é
imprescindível para que se trate e previna essas doenças e todas as suas
comorbidades.
Referências
HALL, John E.; GUYTON, Arthur C.; ARAUJO FILHO, Joaquim Procópio de (Rev.).
Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
NELSON, David L.; COX, Michael M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2014.
PINTO, Wagner de Jesus. Bioquímica clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA. Exame
para obtenção do título de especialista em endocrinologia e metabologia. 2008. Dispo-
nível em: https://www.endocrino.org.br/media/fotos/TEEM-2008.pdf. Acesso em: 19
ago. 2018.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA. Exa-
me para obtenção do título de especialista em endocrinologia e metabologia. 2015.
Disponível em: https://www.endocrino.org.br/media/uploads/PDFs/teem2015_prova_
te%C3%B3rica_vers%C3%A3o2.pdf. Acesso em: 19 ago. 2018.
VILAR, L. Endocrinologia clínica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
166 Capítulo 12 - Obesidade e resistência insulínica
Exercícios
1. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA, 2008) Com
relação a fisiopatologia e diagnóstico da síndrome metabólica, é incorreto
afirmar que:
a) níveis elevados da enzima 11β-hidroxiesteroidedeidrogenase tipo 1
na gordura visceral podem levar a maior produção local de cortisol a
partir da cortisona;
b) pessoas com sobrepeso já podem apresentar resistência insulínica e
síndrome metabólica;
c) na população de origem asiática, a obesidade abdominal é definida
por uma circunferência de cintura maior ou igual a 90 cm nos ho-
mens e 80 cm nas mulheres;
d) o processo lipolítico é mais ativo na gordura subcutânea do que na
gordura intra-abdominal;
e) níveis séricos de leptina e interleucina-6 correlacionam-se direta-
mente com a quantidade de gordura corporal, ao contrário do obser-
vado com os níveis de adiponectina.
Gabarito: 1 – D; 2 – A; 3 – B; 4 – A.
Capítulo 13
Diabetes
Déborah Glimm
Luciano de Oliveira Siqueira
Luísa Fanton Pelle
Vanessa Guse
Objetivos
Diferenciar os tipos de diabetes, conhecer as características e o ma-
nejo de cada classificação da doença, definir as complicações tardias do
distúrbio, analisar o impacto do estresse oxidativo, da hiperosmolarida-
de e da glicação não enzimática de proteínas no desenvolvimento do dia-
betes e compreender neuropatia, nefropatia e oftalmopatia.
OMS: Organização Mundial da Saúde; HbA1c: hemoglobina glicada; DM: diabetes melito.
Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2017-2018).
Aplicação do conhecimento
As informações advindas da leitura e compreensão deste capítulo
são de suma importância e de cunho essencialmente prático. Ao se in-
terar sobre os tipos de diabetes, suas classificações e características, a
identificação da doença se torna mais fácil, podendo auxiliar melhor os
pacientes. Além disso, entender a fisiologia da doença faz com que se
possa explicar ao portador como o diabetes funciona e suas complicações,
aumentando as chances de adesão do paciente ao tratamento, visto que
há um maior entendimento da situação. Assimilar os riscos da doença e
entender que a prevenção é o melhor cenário é imprescindível para que
as complicações ocorram em menores número e gravidade.
Referências
BENDER, D. A.; MAYES, P. A. Bioquímica do Envelhecimento. In: KENNELLY, P. J.
Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017a. p. 755-767.
BENDER, D. A.; MAYES, P. A. Radicais livres e nutrientes antioxidantes. In: BEN-
DER, D. A. et al. Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017b.
DCCT RESEARCH GROUP. Diabetes Control and complications Trial (DCCT). The
effect of intensive treatment of intensive treatment of diabetes on the development
and progression of long-term complications in insulin-dependent diabetes mellitus.
N Engl J Med, n. 329, p. 977-986, 1993.
HALL, John E.; GUYTON, Arthur C.; ARAUJO FILHO, Joaquim Procópio de (Rev.).
Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
MELMED, S. et al. Williams Textbook of Endocrinology. 13. ed. United States of
America: Elsevier, 2016.
NELSON, David L.; COX, Michael M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2014.
OLIVEIRA, José Egídio Paulo de; MONTENEGRO JUNIOR, Renan Magalhães;
VENCIO, Sérgio. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018. São Pau-
lo: Clannad, 2017.
PINTO, Wagner de Jesus. Bioquímica clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
VILAR, L. Endocrinologia clínica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
180 Capítulo 13 - Diabetes
Exercícios
1. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA COMISSÃO
DO TÍTULO DE ESPECIALISTA) Assinale a alternativa correta com relação ao
diabetes tipo 1:
a) O diabetes tipo 1B corresponde a pacientes com diabetes tipo 1 sem
marcadores indicativos de processo autoimune destrutivo das célu-
las beta.
b) A maioria dos pacientes com diabetes tipo 1 tem história de parente
de 1º grau com a doença.
c) O distúrbio auto-imune mais comumente associado com diabetes
tipo 1 é a Doença de Addison.
d) A presença de obesidade afasta a possibilidade do diabetes tipo 1A
em crianças e adolescentes.
e) Diabetes tipo 1A se desenvolve antes dos 30 anos de idade.
Gabarito: 1 – A; 2 – A.
Capítulo 14
Equilíbrio ácido-base
Objetivos
Conhecer os mecanismos de controle acidobásico corpóreo e enten-
der os principais distúrbios ácido-base e suas correlações clínicas.
Metabolismo ácido-base
Entende-se por ácido as substâncias que, em uma reação, doarão
íons H, como o ácido clorídrico (HCl) ou o ácido carbônico (H2CO3). Já as
bases são substâncias capazes de receber o íon H+, reagindo e removen-
do-o do meio – bicarbonato (HCO3) ou amônia (NH3), por exemplo. Os
íons hidrogênio são altamente reativos e interferem, principalmente, no
funcionamento das proteínas, as quais estão envolvidas em praticamen-
te todos os sistemas enzimáticos corporais. Como será mostrado a seguir,
em nosso organismo há uma predominância de mecanismos que promo-
182 Capítulo 14 – Equilíbrio ácido-base
Controle renal
Aplicação do conhecimento
Principais distúrbios de pH
Quadro 1 – Roteiro de diagnóstico dos distúrbios acidobásicos pela análise do pH, PCO2
e HCO3-
Distúrbio pH PCO2 HCO3-
Acidose metabólica Diminuído Diminuída (secundário) Diminuído (primário)
Alcalose metabólica Aumentado Aumentada (secundário) Aumentado (primário)
Acidose respiratória Diminuído Aumentada (primário) Aumentado (secundário)
Alcalose respiratória Aumentado Diminuída (primário) Diminuído (secundário)
Fonte: adaptado de Riella (2010).
Acidose metabólica
Alcalose metabólica
Acidose respiratória
Alcalose respiratória
Referências
HALL, John E.; GUYTON, Arthur C.; ARAUJO FILHO, Joaquim Procópio de (Rev.).
Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
KASPER, Dennis L. et al. Medicina Interna de Harrison. 19. ed. Rio de Janeiro: Mc-
GrawHill, 2017. v. 2.
LOPES, A. C.; LOPES, R. D.; VENDRAME, L. S. Equilíbrio ácido-base e hidroeletro-
lítico. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
RIELLA, Miguel Carlos. Princípios de nefrologia e distúrbios hidroeletrolíticos. 5. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
190 Capítulo 14 – Equilíbrio ácido-base
Exercícios
1. (VUNESP - 2015 – HCFMUSP) A Hipoxemia aguda de qualquer causa, levando
à estimulação reflexa da ventilação, é indicativo de:
a) acidose metabólica.
b) alcalose respiratória.
c) acidose respiratória.
d) cetoacidose respiratória.
e) cetoacidose metabólica.
Gabarito: 1 – B; 2 – D; 3 – C.
Sobre os autores