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Da Sombra Para a Luz

DA SOMBRA PARA A LUZ

UMA COLETÂNIA DE TEXTOS ESOTÉRICOS


por
Frater Aster

(Euclydes Lacerda de Almeida)

 Sociedade Novo Æon

1999 e.v.

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Da Sombra Para a Luz

NÃO ACREDITE EM NADA E EM NINGUÉM

QUE A EXPERIÊNCIA SEJA TUA BÚSSOLA

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Da Sombra Para a Luz

INTRODUÇÃO

N
os dias atuais está se erguendo uma onda, como jamais houve antes, em
torno do Ocultismo: este fascinante e exótico Conhecimento, vindo de
uma Antiguidade desconhecida até nós atravessando milênios. E que,
embora tenha sofrido inúmeras quebras e distorções, manteve seu tronco principal intocável
– o que por si só já é um mistério.
Atualmente, certas práticas e ensinamentos pertencentes a esse Conhecimento
tomaram rumos completamente distantes da Corrente Original. O fato constitui sério
perigo; muito mais grave do julgado por uma maioria de pessoas não despertas para o que
realmente significa o Ocultismo. E, por esta razão, são enganadas e carregadas num
remoinho que, seguramente, levará a todos nós ao desastre físico e psíquico, senão pior.

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A tragédia, prevista por vários videntes, e à qual poucos dão ouvidos, consiste
exatamente nisso: “a desinformação e o engano propositais, ligados diretamente ao
“trabalho” de malévolas correntes atuando contra o homem neste momento de tão grande
significado par a evolução da raça humana.
Infelizmente, estou cônscio, por experiência pessoal, do fato de que tentar
apresentar a verdade sobre o que está acontecendo ao nosso redor será bastante difícil e
penoso. A imprensa, a televisão, as agencias de inteligência de todos os países, e outros
meios de comunicação e coerção, manietados por essas mesmas correntes retrógradas,
estupidamente apoiam o engodo e enaltecem o caráter duvidosos de certos indivíduos de
determinadas doutrinas e organizações, julgadas “do lado do bem e da luz”, por meio de
maciça propaganda e , não raras vezes, subsidiando obras “místicas” e “esotéricas” de
pretensos “magos”, os quais, mediante suas obras, disseminam inverdades e ensinamentos
altamente nocivos ao ser humano como entidade estelar que é. Mesmo entre estes
encontramos “ordens” ditas thélemicas, usando essa máscara para atrair os néscios. O que
estes “iniciados” apresentam não passa de lixo, rebotalho e cascões apodrecidos, expelidos
há muito tempo pela Ciência Real: tudo não passa do habitual “folclore”, envolvendo o
Verdadeiro Ocultismo, como uma concha de sujidade. E isso, os falsificadores da verdade,
o sabem muito bem, pois usam o pouquíssimo que aprenderam com legítimos thelemitas,
aos quais vieram mais tarde trair mediante um pagamento que jamais poderão usufruir com
tranquilidade. E para manterem suas posições assim adquiridas, usam a mentira para
explorar a ignorância daqueles que não têm acesso às genuínas fontes.
Estes mascarados “iniciados” sempre foram serviçais escravos da Loja Negra;
sempre se colocaram ao lado daquelas horrendas hordas que também vieram da
Antiguidade espreitando os Verdadeiros Filhos da Luz. Sendo o fito delas alienar a raça
humana de seu real Caminho Evolutivo, fazendo-a crer em um Universo imutável e numa
religião cristalizada.
Fazendo face a isso, existe uma organização, uma ordem, por assim dizer ( esses
termos são bastante imprecisos, não definindo, com clareza, a natureza destas
“organizações), cujo objetivo maior é propiciar a Evolução física, mental e espiritual do
planeta, e de oferecer combate sem trégua àquela Nossa Inimiga, através da destruição da
ignorância e do erro. Essa organização sempre foi aliada do homem (mas sem uma direta

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interferência nas decisões dele, a não ser quando extremamente necessária) e procura ajuda-
lo a atingir o Conhecimento, a Compreensão e a Sabedoria.

Há um ponto que tem sido posto a margem de discussões e reflexões, e que me


parece de grande importância. Falo da questão acerca do empenho de que cada um de nós
deve possuir no sentido de aperfeiçoar nosso caracter em um esforço consciente e
contínuo, no sentido de nos desfazermos de maus hábitos e paixões inferiores,
transmutando-as em virtudes.
Thelema ensina que o esforço individual é de grande importância nesta alquimia.
Não existindo vontade de melhorar-se, o indivíduo permanece estacionário no caminho
iniciático, ao sabor das idiossincrasias de sua personalidade. Como as coisas são colocadas
em determinada organizações esotéricas, pode parecer que a mudança individual é
suficiente para mudar-se a sociedade e o mundo, o que sabemos não ser possível na prática.
A influencia do meio, isto é, da “moral vigente” , das condições gerais da vida, da tradição
e dos costumes – sejam bons ou sejam maus – pesam sobre nós, influindo não apenas em
nossas decisões, mas também em nosso processo mental.
O fato de certos Adeptos não terem abordado de forma mais clara e desenvolvido
mais amplamente tal questão, não quer dizer que ela é, por isso, irrelevante; apenas quer
significar que este, como outros assuntos, demasiado complexos, não poderiam ser
abordados naquele contexto, porque tornariam os volumes enormes, numerosos e fora do
entendimento de muita gente. Essa é uma questão de natureza sociológica relativamente
recente que preocupou Adeptos mais modernos como, por exemplo, Marcelo Ramos
Motta. Que fazer quando o meio em que vive o indivíduo lhe é totalmente adverso no que
respeita seu desenvolvimento dentro das linhas thélemicas? Deve ele emigrar ou tentar
mudar esse embiente? A decisão deve ser pessoal. “Faze o que tu queres”.
Neste contexto, e devido esta situação em que se vê o indivíduo, vivendo sob o
poder coercitivo de uma tal sociedade e, por isso, sem poder desenvolver-se livremente,
encontramos casos de homens e mulheres de boa índole tornando-se feras movidos pelo
desespero; homens e mulheres honestos e íntegros tornando-se marginais. Basta estarmos

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mais atentos nas pequenas coisas do nosso dia a dia, para comprovarmos a importância da
mudança do meio ambiente no sentido que os seres que ali vivem possam se tornar
melhores e mais saudáveis.
Neste sentido, a própria Natureza nos oferece uma grande lição, pois quando um
ecossistema torna-se impróprio para a vida de determinadas espécies, estas mudam de
lugar, se adaptam ou desaparecem. No caso da raça humana, a adaptação a uma vida
estressante, como a que hoje vivemos, a tem levado a adaptar-se a um modo de vida onde
vemos predominar o individualismo, a insensibilidade, o egoísmo, o desamor, a prisão, etc.
Apesar de não possuirmos textos sobre a importância do meio para o completo
desenvolvimento moral-espiritual do homem, em Thélema vamos encontrar algumas
“dicas” da importância dessa questão, pois somente com um esforço de mudança das atuais
condições de vida da maioria da população teremos possibilidade de ver o aumentado o
número de verdadeiros homens. Marcelo Motta preocupado com o assunto, escreveu um
longo artigo a respeito sob o título “Moral e Cívica Thélemicas”, a leitura do qual sugiro a
todos quantos desejem, realmente, seguir o Caminho Thélemico. Penso haver muita
confusão quanto a Thélema. Tenhamos um pouco mais de bom senso e verdadeira
humildade, e reiniciemos os estudos básicos de Thélema, para que possamos, finalmente,
descobrir o que é Thélema.
Essa é ainda nossa grande dificuldade – usar o bom senso para direcionar o nosso
discernimento, as nossas escolhas; fazer de nossa Liberdade e da nossa Vontade
ferramentas efetivamente evolutivas ao invés de os conservarmos como grilhões que nos
mentêm presos a atavismos milenares. Agarramo-nos ainda hoje a um misticismo doentio e
castrador que embota e paralisa nossa capacidade de decisão e ação. O cerimonial
pomposo, a ritualística exagerada, a postura de “grandes iniciados”, camuflam muitas vezes
interesses pessoais inconfessáveis. Nossa infantilidade espiritual, alimentada por nosso
comodismo e pelo medo de assumir as responsabilidades que são nossas e intransferíveis
porque, mais cedo ou mais tarde, teremos que assumi-las, queiramos ou não, se encanta
com o espetáculo como crianças no circo diante de mágicos.
Aqui me proponho a colaborar na formação de uma mentalidade mais abrangente e
profunda no concernente ao Ocultismo, em seus vários aspectos e derivações.

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O objetivo principal será orientar aos leitores desejosos em conhecer o Ocultismo


naquilo que apresenta de mais puro, de maneira clara, concisa e objetiva, fugindo dos
mistérios e segredos, evitando, logo de início, que eles gastem dinheiro e tempo,
adquirindo e estudando obras inadequadas, mentirosas, sem qualquer valor, e cujo lugar
mais indicado seria a lata de lixo e não a biblioteca do legítimo estudioso do Oculto. Disse
“seria”, porque não posso intervir na vontade alheia. Somente posso oferecer algumas
pistas para que as pessoas, por si mesmas, tomem suas próprias metas e decisões.
Procurarei usar uma linguagem acessível ao leitor médio, ou àqueles iniciando seus
primeiros passos no estudo do tema. Mas se mesmo assim surgirem dúvidas quanto ao
significado de determinadas palavras, anexo pequeno glossário ao final do trabalho, onde
serão encontrados esclarecimentos sobre várias delas, principalmente as mais dificilmente
“traduzíveis” para o linguajar comum ou “profano”, como dito por alguns: palavras ligadas
à conceitos e consecuções ainda não corriqueiros à consciência do homem “normal”.

Como primeiro cuidado a tomar, ao nos lançarmos nestes labirintos, será fugir dos
“caminhos fáceis” apregoados por “místicos”, “gurus” ou “magos”, prometendo o céu e a
terra, e dos “milagreiros”. Positivamente, esses “caminhos fáceis” nos reservam surpresas
nada agradáveis no futuro.
Jamais devemos nos esquecer em submeter a rigorosos testes todos esses “mestres”
e seus ‘ensinamentos’ alardeando panacéias milagrosas, passes de mágica, talismãs
cabalísticos, sortilégios e facilidades na senda oculta. Tais FACILIDADES NÃO
EXISTEM, a não ser na maliciosa mente desta gente. Constituem pura EMBROMAÇÃO.
Como dito por Somerset Maughan, “O CAMINHO É MAIS FINO QUE O FIO DA
NAVALHA”. E ele sabia o que dizia... Sendo mais claro; fujam dos PCs da vida, dos
swamis vestidos à modo oriental (barba, turbante, etc) e, também daqueles alegando grande
intimidade com anjos, etc. Não caiam nesse “papo furado”. Anjos não são exatamente o
que falam por ai. Mais à frente, o assunto será abordado com maiores detalhes, e o leitor

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terá oportunidade de compreender o que realmente um Anjo é. Anjos ou Demônios não


têm asas, nem de penas nem de morcego, e nem são “bonzinhos” ou “mauzinhos”.
Eles( se é que existem “eles”, no sentido comumente entendido pelo pronome) são o que
são, seguem suas próprias naturezas intrínsecas, da mesma forma que a eletricidade não é
boa nem má: ela tanto pode nos fornecer luz, mover motores, quanto nos matar,
dependendo de como utilizada.
Atirar-se entusiasticamente ao estudo e práticas ocultas pode ser uma moda atual.
Pode ser bastante interessante, louvável para alguns e atrativo para outros; mas também
pode significar uma disfarçada fuga de frustrações pessoais: um meio de esconder-se de
seus próprios problemas. Eu jamais incentivei alguém a procurar o Ocultismo como uma
forma de refúgio de seus atritos com a vida, ou de problemas podendo ser resolvidos no
próprio plano a que pertencem. Usar o Conhecimento a nós cedido pelo Ocultismo para a
resolução fácil e rápida de dificuldades financeiras, amorosas, ou das lutas diárias que
qualquer indivíduo deve enfrentar em sua vida é, sem sombra de dúvida, aquilo que se
convencionou chamar-se de MAGIA NEGRA. E, diga-se de passagem, da pior espécie –
porque inadvertidamente estamos misturando os planos e tentando fazer com que o curso
natural de nossas vidas (ou de nosso “karma”, usando o termo técnico) seja aliviado por
interferência de ‘poderes alienígenas’, os quais, por meio dessas prestações de serviço nos
escravizarão. Disto a razão porque Thelemitas se opõem totalmente contra qualquer tipo de
“promessas” a “santos” (católicos ou não) e dos “milagres” subsequentes.
Se você deseja ganhar dinheiro, não use magia para isso, e nem peça auxílio à
espíritos ou santos. TRABALHE! É A MELHOR FORMA. Se você deseja conquistar uma
mulher (ou homem), use os meios normais aos quais a própria natureza lhe dotou. Mas se
assim você não conseguir seu intento amoroso, não interfira na vontade alheia através a
magia. Se assim agir, você estará apenas glamourizando o próximo e se entregando à
egregoras vampirescas, e isto não é conquistar mas sim usar ILUSÃO, MAGIA NEGRA.
Lembre-se da alegoria contada por Eliphas Levi sobre o homem que serrava o próprio
galho da árvore onde estava sentado; ou aquela do gato que lambia uma lixa deliciando-se
com o próprio sangue de sua língua, muito embora penso não haver um gato tão estúpido.
O chamado Caminho Iniciático, que é o Caminho do Conhecimento do Universo e,
portanto, de Nós Mesmos, é apenas para os fortes moralmente, para os equilibrados física e

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mentalmente, e é para aqueles sentindo a Vida como puro deleite: uma aventura a ser vivida
com alegria, amor e liberdade. É para aqueles vendo nas dificuldades da existência apenas
obstáculos a serem suplantados para valorizarem nossas vitórias.
Jamais execute quaisquer práticas sem antes estudá-las exaustivamente, procurando
os objetivos subjacentes nelas. O aparato de nosso psique é um “equipamento”muito nobre
e delicado para arriscarmos compromete-lo com nossas tolices e arroubos de entusiasmo
infantil. É um aparato magnífico que necessitou milhões de anos de penosa evolução para
atingir o nível atual. Ele é infinitamente superior a qualquer computador existente ou que
venha a existir futuramente. Jamais devemos nos esquecer que o computador é uma criação
deste aparato, não o contrário.
Existem pessoas tão sensíveis, tão frágeis, tão impressionáveis emocionalmente, tão
inclinadas a devaneios e emoções desequilibradas que jamais deveriam sequer se
aproximar desses estudos e, por razões maiores, muito menos das práticas da magia.
A maioria das pessoas necessitam de sério treino no tangente ao controle e domínio
de suas emoções, reações, desequilíbrios, traumas, pensamentos e fantasias, antes de se
dedicarem ao Ocultismo. Elas devem, antes de mais nada, fazer as pazes com a Vida e com
a Morte.
Reais ocultistas têm um sério compromisso com a verdade. E a verdade assusta.
Ao homem fútil e profano torna-se difícil conceber aquilo que manipula sua vida e
que tenta assumir inteiramente o controle do planeta.
O que está desviando o homem da estrada em direção à Luz? À Evolução?1
A Mentira. O Engano. A Falsa Religião. O Falso Ocultismo.
Todos nós estamos equivocados, terrivelmente equivocados, ao julgarmos que o ser
humano exerce a plena liberdade, individual ou coletiva, conscientemente. Como nos
afirma Ouspensky: “a maioria de nós ainda está dormindo”.
O livre arbítrio, do qual tanto se fala e discute, é um dom nosso ainda não
totalmente exercido. Nós abrimos mão dele quando, tolamente, nos entregamos às
falsidades e mentiras em todos os ramos da atividade humana, principalmente em se
tratando de religião.

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Nota: Quando digo Evolução não quero me referir a desenvolvimento tecnológico, ou poder em criar armas,
utensílios, etc. Mas a algo muito além disso.

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Todas as religiões organizadas não passam de mentiras bem elaboradas e com


requintes maliciosos enganando a todos: são imitações grotescas de um Conhecimento que
existiu num passado remotíssimo, quando a humanidade realmente vivia num Paraíso,
participando e usufruindo deste Conhecimento. Podemos afirmar, sem medo de erros, que
tanto as religiões organizadas quanto “ocultismos” são ilusões inculcadas em nossas
mentes por um “Poder” situado muito acima de nossas mais ousadas especulações e
fantasias. O mundo, cada vez mais, encontra-se manietado por esse “Poder” 2, cujo fito
principal é destruição do homem como entidade consciente. E é a consciência que nos torna
livres e divinos.
Em cada mil ordens ou fraternidades “iniciáticas”, novecentas e noventa e nove é
puro engodo. Ou trabalham contra a evolução humana ou são organizações criminosas ou
estão voltadas apenas para o bem estar de seus membros – o que vem a dar no mesmo.
Constituem egregoras formadas e alimentadas com conhecimento de causa, pois
manipuladas por seres de grandes conhecimentos mágicos. Egregoras vampirescas,
“vivendo” através a energia a elas doadas por seus adorantes. 3 Sim! Esta é a verdade! Uma
verdade que deverá “sacudir” (para acordar) ou “irritar” “ocultistas”, espiritistas e carolas
romanos, ou àqueles pertencendo a qualquer tipo de “círculo” (religioso ou não)
formulado nas bases do Aeon Antigo. Que posso fazer? Calar seria mentir...
A Tradição Arcana, também conhecida como Ocultismo ou Esoterismo,
apresenta-se como uma árvore, de cujo tronco derivam-se vários ramos. Infelizmente,
muitas das vezes esses ramos são tomados como o tronco.
Este estudo trata dessa Ciência, vista de um ângulo bastante diferente do usual,
porque não a olha como uma fazedora de milagres, mas como uma Tradição Milenar,
contendo sugestões que poderão mudar o pensamento de muita gente a respeito de nossa
História; principalmente naquelas pessoas que, no curso de seus estudos ocultos, tiveram
algumas dessas sugestões “murmuradas” no fundo de suas mentes: sugestões ou visões

2
- Nota: Por favor não confundir isso com especulações teológicas referidas a um hipotético “Diabo”, que é
mais uma das artimanhas usadas pelo “Poder” acima referido.
3
- Nota: Por “egregora” defino a forma etérico-astral gerada por pensamentos, desejos, emoções, etc. de uma
coletividade agrupada por leis de afinidade. Egregoras são concentrações de energia, podendo ser utilizadas
por aqueles que sabem como usá-las. Quando um egregora, saturado de energia, liberta-se de seus adoradores
a, ao invés de ser manipulada começa a manipular, torna-se um vampiro, mil vezes mais maligno daquele
explorado em filmes de terror. Temos vários exemplos desse tipo de vampirismo. Somente que as pessoas que
os “adoram” se recusam a admitir sua manifestação. No entanto...

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bastante embaraçosas principalmente no referido à antigas crenças, e que em nada se


aproximam do ponto de vista “normal” ou da idéia que geralmente temos do ocultismo.
Como um conhecimento dinâmico, a Tradição Arcana inclui grande número de
novas descobertas oferecidas àqueles que a ela se dedicam com desvelo e constância,
independentes de qualquer fé religiosa ou política.
A primeira questão erguida quando me dispus a escrever este estudo foi bastante
pensada. Refleti demoradamente sob qual modo eu o faria; como escreveria essas reflexões
de tão complexo assunto? Como fornecer dados à profanos e “iniciados” sem infringir
meus juramentos? Como destruir certos preconceitos e superstições tão enraizadas nas
mentes das pessoas? Pessoas que apenas executam práticas automaticamente sem nunca
parar, pensar e questioná-las. Para que servem ? Como funcionam? De onde se originaram,
etc., etc.? Pessoas que apenas acompanham instruções dadas em livretos e “manuais”, os
quais quaisquer outros podem comprar em livrarias ou mesmo em bancas de jornais.
Existem também a dispor de qualquer um, livretos se apresentando como “altos tratados
mágicos”, elaborados por “grandes iniciados”, mas que realmente não passam de
compilações baratas, mal feitas, truncadas e, diga-se de passagem, perigosas.
Decidi, então, por começar a discutir o assuntos bem rasteiros. Quebrando
inicialmente lendas e preconceitos a respeito da “magia”, do uso do Tarot, de cristais, etc.
etc.; muito embora reconhecendo que os temas estejam demasiadamente enxertados na
mente das pessoas e, por isso, julgam ter bastante conhecimento a respeito. Não é fácil falar
sobre uma idéia geral de todas as fases do desenvolvimento no qual as deturpações destes
tópicos foram originadas.
Como dever-se-ia saber, muitos foram aqueles devotando suas vidas ao assunto,
praticamente exumados do monturo do passado; monturo formado de mentiras, invenções,
erros de tradução, de interpretação, etc. A maioria ali colocada propositadamente para
desviar a todos nós, já que não podiam esconder a Ciência de maneira total.
Sendo a Ciência Arcana tremendamente obscurecida por autores, dela tratando sem
conhece-la bem, o estudante desejoso em penetrar neste campo, deverá desenvolver estudos
paralelos a maioria bastante enfadonhos. Portanto, essa minha introdução carrega a
esperança de que seja permitido ao estudioso uma melhor penetração na matéria e perceber
a dificuldade de faze-lo bem para que, ao ler os textos de magia, misticismo, qabalah, etc.,

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tenha uma base para entende-los mais corretamente, percebendo ser eles um código
ocultando aquilo a que realmente se referem.
Como acontece com a maioria das organizações esotéricas, das quais não se
conhece, ou, pelo menos não de maneira suficientemente clara, acurados e consistentes
dados históricos, o mesmo se verifica com o Ocultismo. Isso pode ser constatado
facilmente, porquanto a existência de inúmeras “estórias” conflitando entre si, torna, quase
impossível, a garimpagem da verdade.
Por outro lado vamos encontrar a nosso dispor enorme volume de referências e
citações. O número apresenta-se tão volumoso que, evidentemente, desconfiamos desses
dados: são muito fáceis de serem encontrados (pobre quando vê muita esmola desconfia).
De início verificamos ser a maioria destas referências e citações distorções, especulações e
desvios em nada ajudando ou esclarecendo as principais dúvidas. Muito pelo contrário,
leva-nos a confusões ainda maiores.
Podemos garantir que todo esse amaranhado, toda essa teia, toda essa camada de
sujidade envolvendo o Ocultismo, somente serve para nos desviar do veio de ouro, dos
pontos mais importantes; inclusive da História da Raça Humana.
Evidentemente, reconheço existirem véus sobre específicos temas mas, então,
perguntamos: por que os iniciados teimam em manter esses véus? A humanidade não já
evoluiu para que alguns deles sejam desvelados? Supomos já ter chegado o tempo deles
serem esclarecidos. A humanidade merece – tem direito de – conhecer a verdade.
Reconheçam os leitores que as origens do Ocultismo, o processo de seu surgimento
e consequente desenvolvimento no mundo, permanece, em vários níveis, altamente confuso
e indeterminado.
No Brasil, o problema ampliou-se devido a inúmeros fatores, entre os quais
apontamos a péssima formação escolar de nosso povo, cuja maioria não atinge o ginasial. A
mim parece-me bastante claro que a maioria dos governos passando por esse país tudo
fizeram para manter o povo ignorante em vários apectos. Por outro lado também podemos
assinalar a grande interferência de políticas externas. Mais adiante assinalamos também a
grande mistura de crenças e cultos existentes em nossa terra, o que veio a eclodir numa
impossibilidade em indicarmos onde começa tal crença e onde termina aquela. Umbanda,

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por exemplo, misturou-se de tal forma com as superstições crististas que, dificilmente,
poderíamos recuperar os originais cultos africanos, a não ser através homérico trabalho.
O grande problema com os “ocultistas” é que falam mas não apresentam, ao
público, meios de testificar suas afirmativas. Tudo é, como dizem, questão de fé. Mas
acontece que a fé é crença em algo sobre o qual nada sabemos ou nenhuma prova temos.
Isto é idiotice. É subserviência à dogmas. É o reino do contra senso. É o oposto à
inteligência a qual, segundo o afirmado, é uma dádiva de “Deus” para nós. E, se assim
“ele” o fez, foi para que nós a usássemos, e não para continuarmos como imbecis crendo
em tudo que nos é dito, desde as palavras dos mais baixos feiticeiros até os “mais altos
iniciados”, ou pelos superiores na hierarquia das igrejas ou das “ordens secretas”.
Escrever-se um estudo de tal natureza não é fácil. Principalmente quando se propõe
desnudar mazelas ocultas por detrás do ocultismo.
Sempre ficamos ansiosos e preocupados quando estamos juntando idéias e questões
para elaborar pensamentos numa pequena carta, ou em uma palestra, ou em um estudo.
Sentimos o quanto de responsabilidade existe nessas ações. Influenciar pessoas, e/ou
desviá-las, consciente ou inconscientemente, de suas crenças, é assumir enorme
responsabilidade kármica. Entretanto, por outro lado, será também adquirir karma
abandoná-las em ignorância. Estamos plenamente seguros de nossas questões, pois são, de
maneira geral, as questões de quase todos. Somente que grande parte das pessoas temem
expressa-las abertamente, porque elas atingem e abalam os alicerces de suas mais queridas
quimeras, ou as fazem entrar em conflito com o “status quo” vigente: O pior resume-se no
fato que os ‘ocultistas’ em geral desfrutam grande simpatia nos meios sociais e na mídia,
pois afagam os egos e incentivam as fantasias das pessoas. Além do mais, os “ocultistas”
criam uma fonte de consumismo, e o fato agrada (claro) comerciantes ávidos de lucros
fáceis. Vocês já se deram conta do quanto se vende de velas, incenso, patuás, horóscopos,
imagens de “anjos”, livros e revistas esotéricas, etc.? Vocês já repararam como no Brasil se
faz miscelânea de todas essas coisas?
Tradicionalmente, “católicos romanos” vão a missa aos domingos, mas não deixam
de frequentar a “tenda” umbandista nas sextas-feiras. Conheci mações ateus, “rosacruzes”,
kardecistas e teosofistas rezando para a “Virgem Maria”. Dá para entender? E não nos

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venham com aquela história de que não há qualquer incompatibilidade nestas coisas. Ou
você é mação ou é católico romano. Não há como conciliar as duas coisas.
Ao escrever nosso estudo “ALÉM DA TORRE DE BABEL”, um intróito sobre
vários temas existentes no contexto ocultismo, muita coisa foi tratada superficialmente.
Agora daremos maior ênfase a determinados itens.
Em uma crítica àquele estudo, percebemos não existir um perfeito alinhavo entre os
diversos temas abordados. Evidentemente, as idéias ali expostas concretizam rapidamente o
produto de nossa particular interpretação a respeito do discurso bíblico, dos enunciados dos
ocultistas, e do resultado da maturação espiritual que qualquer um pode almejar e alcançar
depois de algum esforço pessoal na pesquisa do Ocultismo em geral e da Magia em
particular.
Tentamos naquele ensaio demonstrar, embora muito superficialmente, que a
chamada Ciência Oculta procede de conhecimentos e técnicas importadas de “outras
paragens” , mas que aqui, entre nós homens, com o passar dos séculos, foram totalmente
deturpadas e misturadas com superstições, sentimentos religiosos e misticismos – uma arma
nas mãos dos “vendilhões do templo”. Que esta visível deturpação representa, em sua
grande maioria, articulações de “seres” mais poderosos que nós (em certos pontos), cujo
único fito é manter a humanidade ignorante e perdida, tanto de suas origens quanto de sua
evolução e destino no contexto universal. Seres que talvez queiram, de um certo modo,
destruir nossa espécie. Estas “inteligências” nos faz lembrar os Grandes Anciões de H.P.
Lovecraft, que tinham criada a vida na Terra por erro ou divertimento. Esta trama adquiriu
muitos aliados durante sua estabilização em nosso planeta desde milênios atrás até os dias
de hoje.
“Além da Torre de Babel” apresenta uma tese que pode ser considerada fruto de
uma imaginação negativista. Mas não é. E somente poderá ser contestada com
argumentações ultrapassando e explicando claramente as várias questões ali expostas.
Deverá também elucidar as anacronias encontradas em inúmeros textos antigos ( religiosos,
esotéricos e mesmo históricos) e fatos conhecidos por esse mundo à fora aos quais os
doutos “homens da Ciência Oficial” não querem dar consideração, porque fogem de “seus
padrões científicos”.

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Já afirmamos alhures que os sutis e sofisticados conceitos e idéias altamente


abstratas, apresentadas na maioria desses textos, jamais poderiam ter nascido de brutos
ainda recem-saídos do nível troglodita, a não ser que concebamos várias altas civilizações
sucessivas e desaparecidas nos torvelinhos dos séculos. Portanto, fora essa hipótese,
somente podemos conceber que as doutrinas esotéricas foram transmitidas à raça humana
por seres grandemente evoluídos (os chamados “deuses” dos antigos) e possuidores de
uma técnica avançadíssima, em comparação a nossa, tanto material quanto mental.
Em resumo: o presente estudo amplia o dito em “Além da Torre de Babel”, e não é
somente para ser lido como agradável devaneio, ou para ser aceito prioristicamente, É para
ser estudado, meditado, pesquisado nas entre linhas, e sobretudo debatido em todos seus
níveis.
Euclydes Lacerda de Almeida
Equinício de Primavera, 1997

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O DEUS HERMES

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E
m se tratando e Ocultismo é sumamente difícil transmitir pensamentos de
maneira clara, concisa e perfeitamente compreensível, e essa tem sido a
“maldição” da maioria escrevendo sobre o tema. Entretanto, não devemos deixar
que isso limite nosso trabalho, ou nos faça desistir dele. Devemos levar a nossos
semelhantes tudo aquilo que passamos, aprendemos e acumulamos nos anos de nosso
experiência pessoal. Não é justo deixar que todo esse patrimônio venha a ser perdido com
nosso último alento. Ele deverá permanecer e seguir crescendo e se desenvolvendo através
as gerações futuras.
Seria inerente ao homem que todas suas experiências pessoais, suas vivências mais
profundas tenham que desaparecer com sua morte? Penso que não.

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Durante décadas dedicamos nossa vida na busca da verdade, tal qual os antigos
Cavaleiros da Távola Redonda procuraram o Santo Graal. E no decorrer de todo esse tempo
apenas deslumbramos algumas luzes aqui e ali. A total e magnífica visão do Cálice ainda
continua a nos fugir. Mas isto não quer significar que devemos nos furtar em registar, para
aqueles que haverão de nos seguir, todas nossas vivências, caso contrário nossa vida não
teria qualquer sentido.
Rogamos, portanto, a Grande Deus Thot que se volte para nós – pelo menos por
breves instantes – e nos inspire com o Dom da comunicação, no sentido de conseguirmos
transmitir as experiências vivificadas durante todos esses anos em contato com o
Ocultismo.
De início verificamos que o Ocultismo tanto nos abre os Alçapões das Regiões
Qliohoticas (Infernais 4), como Os Dourados Portais das Paragens Divinas. E, neste
particular aspecto, compreendi, após tanto tempo de erros, desvios e enganos, que uma
coisa não pode existir sem a outra. Falando mais claro: Céu e Inferno são inseparáveis
como as faces de uma mesma moeda. Se complementam como Sombra e Luz.
No Ocultismo, tanto se misturam idéias científicas quanto teorias fantasiosas; tanto
se discute sobre dimensões, planos, arquétipos, adivinhação, etc., quanto sobre seres
divinos, demoníacos, civilizações perdidas (ou ocultas), gigantes, etc. Até mesmo os
“modernos” UFOS e alienígenas fazem parte do rol.
O oculto, o misterioso, o desconhecido, possui como uma de suas características
uma infinita gama de assuntos entrelaçados. Eles nos envolvem, nos atraem e nos
glamourizam de todas as formas; excita nossa imaginação e faz com que nossos corações
batam mais fortes, almejando um dourado e maravilhoso mundo de aventuras inimaginadas
nos acenando lá do fundo de nossas mentes: um mundo vivo, colorido e vibrante,
inspirando a todos.
Ufólogos, místicos, religiosos, arqueólogos, pesquisadores dos mais variados
campos, se misturam nestas paragens, nestas viagens ultrapassando o corriqueiro, o
enfadonho, o repetitivo. Visões nos libertando, mesmo que por alguns fugazes instantes, da
pesada “realidade” em que transformamos nossas “existências”. É a Ponte Luminosa nos

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-Nota: Esta palavra não deve ser compreendida aqui no mesmo sentido que lhe dão os católicos romanos

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Da Sombra Para a Luz

conduzindo para o Infinito ao comando de nossas vontades, quando, como e com quem
quisermos.
Aqui devermos questionar a razão desta atração pelo oculto. Evidentemente, não
poderemos responder a questão de modo definitivo. Seria presunção nossa. Mas é nosso
pensamento que toda esta aquarela possui uma fonte bastante “real”, caso contrário não
estaria tão arraigada em nossas mentes; caso contrário não teríamos a capacidade de
“imagina-la”. E se, por acaso, estas coisas não são inatas na mente do homem, então foram
ali colocadas de algum modo. Resta-nos descobrir o porque e por quem.
Ë crença dos ocultistas (e de muitas outras correntes de pensamento) que, certa vez,
em um passado remotíssimo, existiu uma “Idade de Ouro” sobre a Terra. Um tempo,
“perdido no tempo”, quando a felicidade era total, e a humanidade partilhava de
conhecimentos muito, mas muito, além dos nossos atuais. O homem de então vivia em
eterno paraíso, e o clima da Terra era uma luminosa Primavera. Era o tempo em que os
“deuses” viviam entre os homens: “E os Elohim viram que a filhas do homem eram
belas...”. Também é crença que os Conhecimentos (a Ciência) desta Era Perdida seria a
fonte comum de todas as disciplinas esotéricas. Provavelmente, também a origem
desconhecida das religiões.
Naturalmente, isto não será encontrado nos livros oficiais das escolas e faculdades.
Entretanto, seria bastante interessante observar-se a enorme importância que os mais bem
estruturalizados sistemas esotéricos e correntes religiosas dão a esta Idade Dourada; e que a
própria Histórica Oficial não pode deixar de citá-la, embora de modo muito rápido, porque
foram as “lendas” desta Idade que impulsionaram todas as descobertas e incentivou todas
as invenções humanas. A cidade de Tróia foi assim encontrada. Ícaro deu a idéia do homem
voar. Por que Colombo aventurou-se no Mar Tenebroso? Por que Pinzon e Cortez
arriscaram suas vidas e reputação nas Américas em busca do Eldorado? O que encorajou
aos Bandeirantes a se embrenharem no interior do Brasil? Porque queremos viajar a outros
planetas?
Marxistas procuram tudo explicar baseando-se na questão econômica: Colombo
procurava um novo caminho para as Índias, em virtude dos Turcos Otomanos haverem
tomado Constantinopla, cortando assim o fácil fluxo do comércio entre a Europa e o
Oriente. Cortez e Pinzon buscavam ouro e prata para enriquecer o Reino de Castela, etc...

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Da Sombra Para a Luz

Não discordo inteiramente desta teoria. Mas ela representa uma meia verdade.
Sentimos que por detrás dos bastidores existe um incontido desejo, e incontrolável impulso
aventureiro de encontrar algo muito além de posses materiais: a procura de uma felicidade e
riquezas perdidas, mas ainda vivas no coração do homem. O Eldorado era uma palavra
mágica movendo os mais audazes empreendedores... uma vaga lembrança, mas quase
concreta, removendo-se no íntimo da raça. Que era o Eldorado, ou Shangri-La, ou Agharta,
ou Eden, senão uma outra forma, um outro nome, daquele Paraíso Perdido, tão comentado
em todas as Escrituras Sagradas de todos os povos? Não indicariam estes nomes fabulosos
a mesma coisa, a mesma lenda comentada em regiões diferentes?
Inúmeras religiões e mitos do mundo mencionam uma ou várias Altas Civilizações
florescendo no passado distante, quando os homens e os deuses viviam em harmonia.
Alguns calculam este passado em torno de 50.000 a 150.000 anos. Outros em muito mais.
Algumas correntes afirmam que estas civilizações existiram fora da Terra. Mas um
elemento comum liga todas estas lendárias civilizações: o desaparecimento de todas elas
sempre é catastrófico: seja por cataclismos naturais (terremotos, maremotos, estrondosa
atividade vulcânica, etc.) ou por causas não naturais (guerras inimagináveis [atômicas?],
conflitos entre raças de mundos distantes, etc.). Muitos atribuem como causa destas
cataclismos à castigo “divino”, porque muitas destas civilizações “usaram” seus
Conhecimentos de maneira “pecaminosa”. De qualquer forma, os desastres destas
civilizações sempre estiveram ligados ao mau uso dos “segredos da natureza”, manuseados
pelos homens daquelas épocas. No Mahabharata encontramos o relato destas “guerras”. No
Antigo Testamento vemos Sodoma e Gomorra serem destruídas por Deus, e assim por
diante.
Os nomes de algumas destas proto-históricas culturas chegaram até nós,
transmitidos de geração a geração, por meio de tradições e de contos folclóricos. Thulle,
Hyperbórea, Lemúria, Mú, Atlantida, Agharta, etc. E em todas estas tradições é citado o
Nome de algum Herói ou Rei, tendo grande influência na “criação”e evolução destas
civilizações: Rama, Poseidonis, Chrishna, Arjuna, Huiracocha, Osíris, Thor, etc.
Nestas lendas e narrativas folclóricas também encontramos menções diretas a
Grandes Fraternidades, algumas boas, outras más. Suas doutrinas citam Mestres de Grandes
Poderes, vivendo em magníficas cidades inacessíveis ao homem comum.

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Da Sombra Para a Luz

Naturalmente, segundo essas narrativas, Deuses e Mestres sempre estiveram


conosco, nos observando, nos aconselhando e, algumas vezes, interferindo em nossas vidas
quando urgentemente necessário, Alguns de seus nomes ficaram gravados na História:
Atlas, Votan, Shiva, Kulkucan, Gilgamesh, Prometeus, etc. Porém, como toda moeda
possui dois lados, existiram, ou ainda existem, Fraternidades, Poderes, Mestres e
Inteligências combatendo os “Senhores da Luz”. São os heróis do “Lado Negro – os
inimigos da Raça Humana.
Estamos tão condicionados a ver a evolução humana como uma constante
progressão, e o desenvolvimento do conhecimento como um contínuo movimento através
dos séculos, que algumas vezes temos dificuldade em perceber que forças contrárias
também existem e que elas, periodicamente, fazem civilizações retornar ao estado de
barbarismo.
Segundo algumas tradições, a presente humanidade apareceu há mais ou menos
58.000 anos. Mas “homens”, ou seres similares, existiram muito antes da atual
humanidade.
De acordo com as tradições Shaiva, desde o momento em que o mundo foi habitado,
existiram várias civilizações. Cada qual teve seu período de glória, de desenvolvimento
tecnológico, então declinaram para encontrar o fim em grandes cataclismos.
Os Assuras, por exemplo, alcançaram uma altíssima civilização. Eles conseguiam
mesmo controlar a “luz solar” e tinham uma grande variedade de usos para essa energia.
De acordo com o Shiva Purana: “Os príncipes Assuras eram homem moderados,
disciplinados, decentes, corajosos e perseverantes. Segundo certas tradições, eles podiam
sobreviver mesmo no fundo dos oceanos sem qualquer problema, usando uma roupagem
semelhante a seda. E aqui vamos encontrar a lenda de Oannes. Aquele ser que durante o dia
transitava entre os homens, mas a noite mergulhava no mar, onde permanecia até o dia
seguintes.
Eles praticavam o Culto do Lingan, o Divino Phallus, e viviam em Três Cidades.
Uma, no solo, era de cobre; outra, flutuando acima do solo era de prata, e a terceira, elevada
nos céus era de puro ouro e, à noite, brilhava como imensa estrela.. Esta maravilhosa
civilização foi destruída em uma terrível guerra contra os “bárbaros invasores arianos”
auxiliados por determinados “deuses” inimigos dos Assuras.

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Da Sombra Para a Luz

A mais fraca literatura no campo do Ocultismo é aquela tratando de suas origens.


Tem sido um tema muito pouco discutido. Praticamente, todo estudo a respeito segue os
mesmos padrões. Invariavelmente começando com aquela velha “estória” do misterioso
Egito. Mas ninguém deu-se ao trabalho de questionar de onde, ou de quem, ou quando, os
egípcios obtiveram este conhecimento. Nasceu ele no próprio Egito? Muitos neste ponto se
calam. Outros, mais audazes, apontam as origens desse Conhecimento na antiguíssima
Atlântida5. Porém, do mesmo modo, pouquíssimos se dão ao trabalho de perguntar: “DE
ONDE, OU DE QUEM, OS ATLANTAS HERDARAM SEUS CONHECIMENTOS?” . E
mais uma vez, da mesmíssima forma, ninguém percebe, ou se dá conta, de que a questão
vai sucessivamente se transferindo, para um passado remotíssimo, de civilização a
civilização “ad infinitum”. Ninguém percebe ou questiona o paradoxo que se abre para
nosso espanto: “Que os povos mais recuados no tempo possuíam maiores conhecimentos
do que os povos de períodos históricos posteriores. E que existiam coisas que eram
conhecidas muitos séculos antes do Babilônios, Egípcios, Hindus, e de nós mesmos.
Como exemplo disso, podemos citar Robin Robertson (“Introdução ao
Apocalipse”)6: “Os Hopis são um povo isolado, introvertido e misterioso que vive sozinho
nas pradarias do Arizona...” . “De acordo com Waters, eles afirmam ter feito um longo
cruzamento do oceano, tendo passado por inúmeras pedras (ilhas) há milhares de anos 7”.
“..... disse-me o curandeiro com quem estudei (em relatos não revelados por Waters) que os
hopis fazem referência a uma época anterior a essa migração, quando ocorreu um outro
movimento migratório, procedente das estrelas. Disse também que seus ancestrais vieram
de Sírio, estrela da Constelação de Cão Maior, há 180 mil anos”.
É digno de nota o fato de que uma tribo africana, sem nenhum vínculo com os hopis
– os dogons – também acreditar que seus ancestrais vieram dessa mesma estrela. Os dogons
também sabem que Sírio é uma estrela dupla, sendo que sua irmã gêmea não é visível a
olho nu. Um fato que a astronomia moderna somente constatou em 1862. (Vide “El
Mistério de Sírio” – Robert K.G. Temple - Ed. Martinez Roca , S.A.).

5
- Nota: Vários autores têm afirmado que os Atlantas seriam os mais obscuros “magos negros” que já se teve
notícia.
6
- Nota: Robin Robertson é Doutor em Psicologia Clínica. Foi um dos editores da revista junguiana
“Psicological Perspectives”.
7
- Nota: Aqui, oceano e “pedras” podem ser interpretados como Espaço e Planetas.

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Da Sombra Para a Luz

Como puderam, portanto, povos e civilizações antiquíssimas (e mesmo povos


considerados não “civilizados” por nossos padrões), alguns dos quais nem mesmo sabemos
como localizá-los no tempo e no espaço, possuir determinados conhecimentos
transcendendo, em muito, os nossos? Não me refiro tão somente a aspectos tecnológicos,
mas também àqueles direcionados aos mais profundos segredos da natureza e da própria
mente humana, nos quais nossos ancestrais, em vários pontos, nos superavam; e dos quais,
atualmente, não possuímos a menor noção de como o conseguiram.
Outro exemplo: Como conseguiu-se, no passado construir-se objetos de ferro que,
após séculos, não apresentam o menor indício de oxidação, como aquele “poste” de ferro
no interior das ruínas de uma antiga mesquita em Nova Deli? Ou como conseguiu-se polir
lentes ou colossais blocos de pedra (alguns pesando toneladas) sem quaisquer dos recursos
que dispomos atualmente? Ou como mumificou-se corpos que permaneceram até hoje
quase que perfeitamente conservados? Ou como chegou-se ao conhecimento dos
“arquétipos” milhares de anos antes de Jung?
Outro fato surpreendente., neste contexto, é o rigoroso alinhamento das Pirâmides
de Gizé (Queops, Quefren e Miquerinos), o qual reflete na Terra exatamente o mesmo
alinhamento do Cinturão de Orion. A constelação de Orion era considerada, pelos egípcios,
como a “morada” de Osíris. Segundo o pesquisador R. Bauval, Gizé sendo considerada a
morada do deus Osíris na Terra, o Nilo era um “reflexo” da Via Láctea. Segundo este
mesmo pesquisador a saída da Câmara Real, na Grande Pirâmide de Queops, fora
concebida como um “canal” para projetar a alma do faraó morto em direção a Orion. Ora,
se aquelas pirâmides são o reflexo das estrelas que compõem o Cinturão de Orion, então,
todas elas devem ter sido projetadas ao mesmo tempo. Quando? Segundo R. Bauval,
fundamentando-se na Precessão dos Equinócios, isto teria ocorrido em 10.500 A.C. , o que
derruba toda teoria da Ciência Oficial a respeito. Portanto, aquelas pirâmides jamais foram
construídas por aqueles três faraós a cujos nomes estão ligadas. A propósito, podemos
acrescentar que nenhuma múmia foi encontrada no interior do sarcófago construído em
basalto na Câmara Real.
Entre várias correntes ocultistas, Sírius é uma das estrelas mais discutidas, sendo
considerada como a “Sede da Verdadeira Ordem Rosa Cruz”. No Sistema Thelemico, como
desenvolvido por Kenneth Grant, Sirius ou Sothis seria uma estrela de grande importância:

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Da Sombra Para a Luz

“No Antigo Egipto, Sothis era a Estrela que abria o ano, “erguia-se” na época da inundação
do Nilo. Disso ela era considerada a Estrela da Anunciação”. Repare-se que esta noção da
Estrela da Anunciação foi copiada pelos católicos romanos na narrativa do “nascimento de
Jesus de Nazaré”.
“Sírius também é considerada, na Antiga Tradição, como o SOL por detrás do Sol;
quer dizer, o verdadeiro Pai de nosso Universo.
“”Sírius ou SET é uma estrela da Constelação do Cão Maior. Cão em egípcio é AN.
Assim, quando um egípcio queria se referir àquela estrela Sothis da Constelação de AN
(Cão), ele a designava como SET-AN, isto é, SATAN. Disso os crististas também
chamarem o “diabo” de Cão.
Também o problema das mumificações torna-se um assunto deveras interessante e
importante, e esoteristas deviam examiná-lo com maior atenção. Devemos observá-lo sob
dois aspectos.
A primeira questão a ser levantada é a seguinte: por que o mais desenvolvidos
povos do passado (Egípcios, Maias, Aztecas, etc.) mumificavam seus mortos? Qual relação
pode existir entre o corpo mumificado e a idéia de vida após a morte? Que queriam eles
preservar com a manutenção desses corpos? Magicamente falando poderia se dizer que o
corpo mumificado manteria um elo com o corpo astral da antiga personalidade viva, dando
a esta uma base material para sua manutenção por anos a fio. Isso é: a personalidade se
manteria viva enquanto o corpo material durasse. Isto é o mesmo que criar um vampiro.
Esoteristas de certas escolas compreenderão perfeitamente o que quero dizer. De certa
forma, a utilização da lei que estabelece existir um “elo” entre o corpo astral e o corpo
material – uma técnica dirigida no sentido de manter o corpo astral do morto preso ao
ambiente no qual vivera o falecido, facilitaria uma mágica comunicação com este
(mediunidade).
Segunda: Seria por acaso a mumificação um ato imitativo de algo que os
antepassados dos egípcios teriam visto, sem compreender corretamente? Não seria a
mumificação o indício de um conhecimento (já perdido nos tempos do faraós) da
hibernação para atravessar as grandes distâncias temporais ou estelares? Ou seria tentativas
de imitar a técnica da criogenia, tão falada atualmente?

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Da Sombra Para a Luz

De qualquer maneira, fosse qual fosse o intuito, a mumificação aponta para uma
técnica somente conhecida por Iniciados em Alta Magia.
Suponho que tais questões são necessárias para sacudirmos um pouco do pó sobre o
atual pensamento de que os antigos eram dominados por superstições e crenças religiosas.
Pesquisando detidamente o tão divulgado politeísmo dos antigos, verificaremos que os
“deuses” daqueles povos (principalmente os egípcios) nada tinham a ver com “adoração”
no sentido que damos hoje a essa palavra. Talvez, concordo, isso fosse verdade em relação
à população menos esclarecida, mas não às classes sacerdotais e as mais abastadas e
instruídas. É necessário observarmos que os “deuses” egípcios representavam arquétipos,
os quais somente vieram a ser estudados e compreendidos através a teoria jungueana do
Inconsciente Coletivo. Mas Jung é um cientista moderno e, um entre muitos, cujas
descobertas no campo da Psicologia ainda não foram bem entendidas pelo homem comum.
É fato estabelecido, por várias correntes esotéricas, que um tal “Conhecimento
Oculto” viera aos egípcios muitos séculos antes do histórico ápice de sua civilização. Se
derivado dos Atlantas, ou daquela outra civilização conhecida pelo nome de Lemúria, ou de
outros “lugares”, torna-se difícil de se responder. Mas, referências contidas nos escritos e
nas atividades desses povos antigos nos atestam isto. O mesmo podemos dizer com respeito
às várias civilizações do Oriente, principalmente aquela da Índia.

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Da Sombra Para a Luz

Atlântida
(Comentários)

Agora, um pequeno comentário a respeito da Civilização Atlantida. Aqueles que tiverem


maior interesse no assunto indico a leitura de “The Lost Continent” de Aleister Crowley, onde o
grande esoterista descreve aquela civilização com detalhes concernentes à religião, costumes, etc.
do famoso continente (perdido) da Atlântida tem despertado grande interesse e curiosidade desde
sua menção nos “Diálogos de Platão”. As lendas à esta quase perfeita civilização mexe com os
mais recônditos estratos de nossas mentes, como se fossem recordações de um Paraíso Perdido, o
qual muitos de nós gostaríamos de reencontrar.
Ninguém sabe exatamente onde aquele continente situava-se, ou como foi destruído,
embora todos comentaristas a respeito sejam unânimes sobre um grande cataclismo que o fez
desaparecer após formidável explosão (Vulcânica? Impacto de um meteoro gigantesco? Ou um
holocausto nuclear?). Fala-se também sobre uma guerra total entre a Atlantida e o Império de
Rama.
Arqueólogos, filósofos, místicos e pesquisadores de variadas correntes ( e atualmente
ufólogos ) devotam-se a localizar esta civilização e os tesouros que supostamente ainda existam em
suas ruínas no fundo do Oceano Atlântico. Mas até hoje nada foi encontrado que pudesse, de
maneira definitiva, apontar o local deste proto-histórico continente.
As mais recentes pesquisas indicam uma região do Atlântico próximo a Ilha Bimini (150
km ao largo da Flórida).8
Como referências históricas somente podemos nos reportar aos escritos de Platão e
algumas lendas Aztecas sobre um grande e benévolo povo situado além mar que teria dado início às
civilizações do Yucatan. O relato de Platão em “Diálogos”, remonta a 400 A.C.

8
- Nota: As descobertas em Bimini foram possíveis somente a partir de 1968, usando-se o Remorra M-114-E,
um pequeno veículo submarino provido de câmaras fotográficas automáticas. Com este moderno equipamento
tornou-se possível aos exploradores dirigirem seus esforços numa estrutura submersa, cuja existência
assinalou-se à noroeste de Bimini. Bimini é um a ilha do Arquipélago das Bahamas.

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Da Sombra Para a Luz

Tendo sido iniciado nos mistérios egípcios (Templo de Sais), Platão, ouviu do próprio
sacerdote deste centro iniciático o relato da história da Atlântida. Os altos sacerdotes egípcios
haviam conservado a tradição iniciática da existência de um vasto continente situado em meio ao
Oceano Atlântico, e alem das “Colunas de Hércules” ( Estreito de Gibraltar).
Eis como Platão descreve a história ouvida dos sacerdotes de Saís: “O Atlântico era então
navegável, e havia, diante do estreito que denominamos Colunas de Hércules 9, uma ilha maior que
a Líbia e que a Ásia. Dessa ilha podia-se facilmente passar para as demais, e destas a todo
continente que acompanha em toda sua volta o mar interior. Porque o que fica aquém do estreito de
que falamos, parece um porto tendo uma entrada estreita, mas é um verdadeiro mar, e a terra que o
cerca é um verdadeiro continente... nessa ilha Atlântida reinavam reis de grande e maravilhoso
poderio; tinham sob seu domínio a ilha inteira, bem como várias outras ilhas e algumas partes do
continente. Além disso, aquém do estreito, reinavam ainda sobre a Líbia até o Egito e sobre a
Europa até a Tirrênia (“Timeu”).
Mas isto não estaria completo, pois em “Crítias” está a descrição de uma cidade de
Atlântida: Poseidonis, uma cidade com enormes portas de ouro, templos magníficos, e uma rede de
canais. Poseidonis era construída em degraus. O sistema de governo desta cidade era dirigido por
Reis-Sacerdotes, que detinham em suas mãos leis ditadas pelos “deuses”. Cujo líder maior era
Poseidonis (Netuno, para os Romanos). Por isso o símbolo da cidade era o Tridente.
Segundo os comentaristas de Platão, a ilha, o último fragmento da Atlântida, submergiu no
oceano 9000 anos antes da época de Sólon, ou seja, há 12.000 anos.
Annie Besant (substituta da Mestra Blavatsky) nos descreve a catástrofe da Atlântida:
“Então as palavras de condenação foram pronunciadas pelo Chefe da Hierarquia e, como nos diz “o
comentário oculto”: O Grande Rei de Rosto Luminoso, o Imperador Branco, mandou dizer aos
chefes seus irmãos: “Preparai-vos, levantai-vos, súditos da Boa Lei, e atravessai o país enquanto
ele ainda está seco. O “Açoite dos Quatro” (os Kumaras) está levantando. Soou a hora, a noite está
negra e prestes. Os ‘Servidores dos Quatro Grandes Seres’ advertiram seu povo e muitos foram os
que escaparam. ‘Seus reis reuniram-se em seus Vimanas 10
e conduziram-nos para os países do ferro
e dos metais. Explosão e gazes, inundações e tremores de terra destruíram Ruta e Daytia, as imensas
ilhas da Atlântida que haviam sido deixadas pela catástrofe de 200.000 anos A.C., mas a Ilha de
Poseidonis subsistiu como único resto do enorme continente da Atlântida. Essas ilhas foram
destruídas em 75.025 A.C. Poseidonis sobreviveu até 9.564 A.C., data em que foi também
9
- Nota: Diz a lenda que, em épocas remotas, a África era ligada à Europa. Foi Hércules, o grande herói
grego, quem separou os dois continentes, formando, assim, o Estreito de Gibraltar, ligando o Mar
Mediterrâneo ao Oceano Atlântico. O Estreito de Gibraltar é uma “estreita passagem” entre a Espanha
(Cidade de Gibraltar) e Marrocos (Ceuta).
10
- Nota: Vimanas: veículos voadores. Verdadeira astronaves. (Vide Mahabharata)

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mergulhada no oceano” (Annie Besant – “L’Homme, dóu il va” – Publications Theosophiques –


Paris, 1917, pg. 146).
A história da Atlântida, uma entre muitas outras do mesmo teor, chegando da antiguidade,
mostra um fator comum ligando-as entre si: uma catastrófica destruição. Todas estas catástrofes
estão relacionadas à algum erro, ou ao indevido uso das energias utilizadas por esses povos, ou por
alguma fantástica guerra, onde potentíssimas armas são descritas com detalhes. Armas que, em
muitos desses detalhes descritos sobre elas, se parecem com os atuais mísseis, aeronaves invisíveis,
submarinos, etc.
Quanto mais nos aprofundamos na pesquisa dessas “lendas”, mais ficamos espantados com
a semelhança entre as descrições das ocorrências daquelas remotas eras e os eventos em curso
atualmente. Só não vê quem não quer...
O continente desaparecido da Atlântida tem sido um dos marcos mais nobre conhecido que
despertou a imaginação dos homens em todos os séculos: a idéia de uma glória primordial perdida.
Ela tem inúmeras formas e ali se enredam dois sonhos: a Idade de Ouro e a Antiga Sabedoria.
Como já dito acima, todas as culturas falam de uma Idade de Ouro onde florescia uma humanidade
antes do surgimento dos “deuses”. Esta humanidade ou este povo, ou esta raça, vivia livre de
doenças e decrepitude. Ali não existia qualquer tipo de governo como nós conhecemos, e a Deusa
da Justiça (Maat para os egípcios) vivia entre eles. Foi então que Zeus tomou o poder pondo fim à
Idade Dourada.. Porém um deus antigo, da raça dos Titães, Prometeus, ensinou aos homens as artes
da vida, tal qual os “Beni Helohim” na tradição Enoquiana. Por isso, Prometeus, foi castigado
por Zeus, da mesma forma que Lúcifer (O Portador da Luz) foi expulso do “céu” governado por
Iavé. A “história” me parece a mesma. Cada povo narra semelhante lenda de maneiras diferentes,
mas contendo a mesma essência. Na tradição da Índia, esta idade dourada é conhecida sob o nome
de Krita Yuga, e ocorreu há muitos milhares de anos. A Krita Yuga originou uma série de Yugas
inferiores. Todo conhecimento adquirido pelo homem vindo dos Sete Rishis, sábios ou profetas
semi-divinos, descritos como “seres misteriosos”.
Na Babilônia o mesmo drama é expresso com histórias de reis vivendo e reinando durante
milhares de anos, e de heróis realizando façanhas sobrehumanas. Os babilônios atribuíam o
surgimento da civilização aos Sete Sábios que fundaram as mais antigas cidades.
Na tradição Judaica-cristã temos o Paraíso Terrestre ou Éden, onde nossos ancestrais
habitavam antes da ‘Queda’.
Da mesma forma que nas outras tradições a humanidade contra-atacou, por assim dizer,
desenvolvendo as artes da agricultura, da metalurgia, da arquitetura e ciências como a astronomia.
Entretanto, segundo a tradição difundida, todas estas artes e ciências expressavam a Antiga

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Da Sombra Para a Luz

Sabedoria, possuindo um caracter “sobrenatural”, já que foram ensinados por “deuses”, “anjos”,
“heróis” que vieram a Terra em épocas diferentes.
Continuamente, aparece o mesmo tema em que a humanidade, de um modo ou de outro,
sempre supera a ira dos deuses e os desastres apocalípticos; seja ela ajudada por heróis, semi-
deuses, anjos caídos, ou mesmo seres superiores vindos do espaço exterior há milhares de anos,
como nos leva a crer as teorias de Erich Von Daniken ( e outros mais). Sob meu ponto de vista, tais
teorias não são tão fantasiosas quanto querem alguns nos fazer crer.
A procura destas civilizações ancestrais têm seus antecedentes na crenças sobre o Éden
perdido. Mas também podem ser lembranças que ficaram gravadas no subconsciente coletivo da
humanidade O Paraíso se perdeu, sim, mas ... onde estava?

O IMPÉRIO DE RAMA

Para nossa sorte, os antigos livros do Império de Rama foram preservados, e diferentemente
daqueles do Egipto, do Império Maia (Azteca, etc.) e do Império Inca (Peru) não puderam ser
destruídos ou deturpados pelas mãos dos agentes da Loja NEGRA. Várias destas antiguíssimas
civilizações estão agora ou sob as ondas de algum oceano, ou sob as areias de desertos, ou cobertas
por florestas impenetráveis. Assim somente sabemos delas através as lendas e descrições esotéricas.
Mas, felizmente, a despeito das devastações causadas por inúmeras guerras e invasões, em várias
regiões e inacessíveis mosteiros do Continente Hindustânico conseguiu-se preservar grande parte da
história antiga.
Por longo tempo acreditou-se que a civilização da Índia (Bharatha) datava de 500 anos
A.C. Entretanto, no século passado, as altamente sofisticadas cidades de Mohenjo Daro e Harappa,
foram descobertas no Vale do Indus, no moderno Pakistão.
A descoberta dessas cidades forçou a arqueologistas a recuarem as datas da origem da
civilização Indú milhares de anos atrás. Descobriu-se também que aquela civilização havia
atingido um desenvolvimento muito além do imaginado pela ciência oficial. Não irei aqui fazer uma
detalhada narrativa a respeito desta civilização que nos antecedeu em muitas de nossas mais
ousadas descobertas e invenções. Indico aos leitores o estudo do Mahabharata, do Dronaparva e do
Ramaiana.
Nestas obras, iremos encontrar referências assustadoras a guerras jamais presenciadas pelo
homem. Por exemplo: Blavatsky afirma que o Mahabharata indica a guerra entre os Suryavansas

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(adoradores do Sol) e os Indavansas (adoradores da Lua). Na minha opinião isto talvez seja uma
outra forma de descrever a luta entre Atlantida e o Imperio de Rama.

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