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Resposta ao “O Mago das Mil Faces”

Cara Amiga:

Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.


Terminei de ler o artigo intitulado “O MAGO DAS MIL FACES”,
enviado por você para minha apreciação.
Um trabalho longo, minucioso, bem escrito, mas nada trazendo de novo
no que concerne à “história” de Aleister Crowley e muito menos daquela de
Mestre Therion. Pesquisadores não iniciados sempre se inclinam para o
mesmo erro: confundem o homem com o Adepto. É mais um artigo se
desenvolvendo sob a visão bidimensional de todos que, não tendo alcançado
certo nível da verdadeira Iniciação, prendem-se a fatos corriqueiros do Plano
Material. Falta ao autor aquela visão que transcende o comum; a visão que vê
além das simples aparências. É mais um relato sobre um homem “esquisito”,
chamado Crowley. Porém, existe um grande perigo aqui, de que este tipo de
visão bidimensional propicie uma aceitação distorcida da carreira do Iniciado,
enfatizando os atavismos da personalidade dele como ser humano. Disto
Crowley ter recebido a alcunha de “O Pior Homem do Mundo” etc.
O intelecto, ou a razão, que o Sr. Articulista utiliza para seu escrito, é
um instrumento que todos nós possuímos, em maior ou menor grau, para
prover às necessidades mais exteriores de nossas vidas, à conservação do
indivíduo e da espécie. Este instrumento se perde, quando o lançamos no
oceano do Real Conhecimento Oculto. Neste campo, nossos sentidos, que nos
servem perfeitamente para as necessidades imediatas, tocam apenas a
superfície das coisas e logo percebemos sua incapacidade de penetrar na
essência. A Iniciação tem o poder de manifestar uma maturação que
transcende o intelecto, etc., então, e somente então, encontraremos nosso Eu

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Real e Eterno, o qual é confundido, pelo Sr. Articulista, com o eu exterior,


aquele eu que é filho do Plano Material (Sociedade, religião, etc., etc.)
Em resumo, é um ótimo trabalho, no que se propõe: informações
referentes à “vida de Crowley”, observadas sob o ponto de vista não
iniciado.
Não vou mais me aprofundar neste assunto, pois de nada adianta querer
descrever o nascer do sol a um cego.
Aqui somente irei tecer comentários concernentes a uma anotação (de
número 38) feita ao fim do artigo. Não me interessa muito a biografia de
Crowley, já existem milhares por aí, cada qual seguindo as tendências do
biógrafo. Minha atenção foi despertada para a anotação acima referida. Ela me
causou profunda tristeza pela ingratidão expressa nas entrelinhas. E outra
coisa: não entendo porque esta constante referência a Marcelo Motta. Não
desconheço que ele teve seus altos e baixos (como todo homem os têm), mas
se colocarmos na balança, seremos obrigados a reconhecer sua profunda
influência no despertar de Thélema no Brasil. Não podemos negar seu
pionerismo. Caso isso não fosse verdade, por que então esta contínua
referência a ele? Por que ele incomoda tanto? Por que, no Brasil, não se
consegue falar de Thélema sem citar Marcelo Motta? Hoje pessoas que nem
mesmo o conheceram superficialmente tentam causar ainda mais dor do que
foi causada, pessoas se aproveitando da falta do entendimento de profanos
tentam desmoralizar a ele e a nós que fomos seus discípulos, sem entender que
ele teve uma função especial traçada por algo muito além do que entendemos,
mas que ele soube compreender e impulsionar. Pessoas que, de uma forma ou
de outra foram, indiretamente, discípulos dele. Eu tive meu grande atrito com
Marcelo, causou-me grande mágoa e tristeza muitos de seus atos contra minha
pessoa. Hoje, esta ferida está cicatrizada em mim. Entretanto vejo, estarrecido,

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o quanto outros as querem reabrir. Para que? Qual a finalidade de tudo isso?
O Rei está morto. Viva o Rei!
Antes de entrar no cerne deste comentário, gostaria de lembra-lhe
certos fatos relativos à Iniciação, para que não haja dúvidas sobre em que
minhas palavras se apoiam.
“É do conhecimento de todos que os Mistérios Sagrados dos Antigos
Egípcios eram mantidos sob guarda dos Magi. Os Magi compunham um
Círculo Interno Iniciático de sacerdotes que se dedicavam ao estudo do
Universo. Tanto os Mistérios quanto os Mitos, rituais religiosos, Astronomia,
Geometria, Medicina e leis governamentais dos egípcios eram atribuídos ao
Deus Thoth, e todo esse Conhecimento era celebrado sob o nome genérico de
“Ciência de Thoth”. No Pantheon egípcio, Thoth, aparecia como o Escriba dos
Deuses, o Mensageiro Divino, o Senhor dos Livros, o Senhor da Lei, o Senhor
da Fala Divina, o Senhor da Inteligência e o Anunciador das Palavra de
Sabedoria. Os Magi também o consideravam como o Fundador da Ordem
deles. Thoth era tradicionalmente representado na forma do pássaro Íbis 1, ou
na forma do Babuíno. Os gregos o chamavam Hermes (O Três vezes Sábio), e
os Mistérios atribuídos a ele vieram a ser conhecidos como a Ciência
Hermética.
A Ciência de Thoth foi transmitida de geração a geração sob a máscara
de enigmas, alegorias e símbolos, cujos significados somente eram conhecidos
pelos Magi.
P.D. Ouspensky (místico russo) oferece a seguinte explanação para o
uso dos símbolos na transmissão desse conhecimento:
“Diferentemente da ortodoxia despótica, um símbolo favorece
independência. Somente um símbolo pode liberar um homem da escravidão
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Nota – Uma das características do Ibis é permanecer, por longos períodos de tempo, numa posição estática,
como que em meditação.

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de palavras e fórmulas, possibilitando-o a conseguir pensar livremente. É


impossível descartar o uso de símbolos se queremos penetrar nos segredos (ou
mistérios), isto é, nessas verdades que, facilmente podem ser transformadas
em ilusões monstruosas tão logo profanos tentem expressa-las em uma
linguagem direta sem a ajuda das alegorias simbólicas. O tão propalado
silêncio imposto à Iniciados tem aqui sua justificativa. Mistérios Sagrados
requerem, para seu entendimento, um esforço da mente em ultrapassar o
intelecto constritor, que somente serve até certos limites. Somente os símbolos
e a intuição podem iluminar a mente internamente, mas não podem servir
como um tema para argumentos teóricos. O Conhecimento Oculto não pode
ser transmitido, seja oralmente ou em escritos. Ele somente pode ser adquirido
pela profunda meditação. É necessário penetrar profundamente em si mesmo,
no fenômeno do Universo, no sentido de descobri-lo. E estes que o procuram
externamente, estão no caminho errado.”

O cerimonial da Real Autoridade, que transmitia os mistérios de uma


Dinastia para a seguinte, encontrou seu primeiro revés por volta de 2250 A.C.
O regime Heliopolitano, que declinou gradualmente, finalmente teve seu
colapso ao final da Sexta Dinastia, trazendo o Velho Reino a seu fim. Um
período de anarquia feudal dominou por várias gerações, acompanhada de
lutas de classes e invasões de tribos Asiáticas na região do Delta do Nilo. A
ordem foi restabelecida por volta de 2010 A.C. com o surgimento do Reino
Médio centralizado em Thebas.
Após o colapso do Velho Reino, o Ritual Osiriano para a transmissão da
Autoridade Real apresentava um futuro incerto, embora a paixão de Osiris
continuasse a ser representada em cultos populares para celebrar o nascimento
da alma na vida após a morte. Entretanto os sacerdotes entendiam que as

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lendas e rituais somente eram preservados onde também o eram os símbolos


para sagrados conceitos metafísicos.
Portanto, Iniciação não se trata de entrarmos para uma organização, ou
clube, ou fazermos parte de um rebanho, ou sermos uma ovelha com as
iniciais do dono no traseiro. O importante é a Mensagem dada. Não importa
como está escrita ou quem a escreveu. Mas em nosso meio há aqueles que se
apegam ao estilo literário da mensagem, ou aos erros de vocabulário, ou aos
erros de concordância para criticá-la, esquecendo-se do conteúdo. São pavões
desejando mostrar as cores de suas penas, mas se esquecendo da feiura de seus
pés. Usam esse artifício para desviarem a atenção das coisas realmente úteis,
das verdades que desejam esconder dos demais, pois elas revelam a
fragilidade de sua pseudo-sabedoria ou de sua fraquíssima experiência no
campo do oculto. Não desejam que seus pares percebam o quanto eles estão
longe dessas verdades simples e libertadoras. A mentalidade desses pavões
encara os ensinamentos das reais mensagens como nocivos à sua posição de
“grandes conhecedores”. Posição que defendem com unhas e dentes, e até
mesmo com sarcasmo, ironia e ódio velado à exatamente aqueles aos quais
deveriam mais respeitar. Eles querem que você “ganhe o diploma de bem
comportado”, isto é, que você se submeta aos padrões deles. Eles querem que
você, como dito por Gonzaguinha, “reze pelo bem do patrão e esqueça que
está desempregado”, ou que você “deve aprender abaixar a cabeça e dizer
muito obrigado”. Eles continuamente criticam, ridicularizam e acusam os
verdadeiros Iniciados de várias coisas, até mesmo de “tolos” ( não sabendo
que, inconscientemente, estão dizendo uma verdade, um elogio ). Mas, esses
mesmos, que se dizem Thelemitas ou que se afirmam “iniciados” (não sei em
que), jamais procuraram, em outros planos (porque não sabem como o fazer e,
diga-se de passagem, não se interessam em saber) os motivos do

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comportamento daqueles aos quais criticam - apenas se limitando, como já


disse, à visão bidimensional de seus intelectos.
O autor do trabalho intitulado “O Mago das Mil Faces” pode, a meu
ver, ser encaixado perfeitamente no que diz respeito ao intelecto. Ele escreve
bem, é bastante detalhista, e “sabe” muito bem a “história” do “Pior Homem
do Mundo” – não é necessário dizer que esta frase sempre foi usada pelo
inimigos de Crowley. Outra frase que não me soa bem é dizer-se que Crowley
reviveu “O Culto da Sombras”. Esta frase me cheira a Cristismo e baseia-se
na Doutrina Maniqueista, quando todos nós sabemos ser Thelema a união das
três teorias do Universo, e que esta unidade transcende a razão e está acima
de toda divisão, isto é, do intelecto.
Como fruto deste mesmo intelecto, o trabalho se desenvolve
bidimensionalmente. Entretanto, todo pensamento iniciático ultrapassa este
ponto de vista. A visão do Iniciado viaja em outras dimensões, e por isso esta
visão não pode ser compreendida pelos não-iniciados, muito embora eles
procurem de toda forma suprir esta deficiência com sua verborréia. Lembre-se
que a Díada é chamada Caos.
Vamos agora dar uma lida no trabalho. Não no atual que, segundo dito
pelo próprio articulista, é uma “revisão” feita, em 23/09/99”, de um anterior,
quando o articulista ainda não havia se afastado daquele que o introduziu no
Sistema Thelemita.
Na página 22, de “Safira Estrela” Ano I - N 0, temos uma nota (n.
35) que diz textualmente: “Marcelo Ramos Motta (Frater Parzival),
discípulo e grande amigo de Karl J.Germer, então líder da O.T.O., é o
responsável pela vinda de Thelema para nosso país. Foi, no início dos anos
70, um dos instrutores de Raus Seixas e Paulo Coelho.” (Os grifos dão
meus).

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Na versão atual (com revisão, etc.) temos a nota de número 38, dizendo
o seguinte: “Marcelo Ramos Motta (1931-1987) – também conhecido como
Frater Parzival – que nunca obteve Iniciação regular na O.T.O. (ou em
qualquer ramificação desta), teve como Instrutor na A.’.A.’. Karl J.
Germer. Na mesma época Germer já era líder da O.T.O.. Marcelo Motta é
erroneamente considerado como sendo o responsável pela vinda de Thelema
para nosso país, fato que ocorreu nos anos 30, com a chegada de F.R.A. no
Brasil. Motta foi, no início dos anos 70, um dos instrutores de Raul Seixas e
Paulo Coelho. (Idem)

Sentiu a diferença? Sentiu a malícia? Sumiu a frase “e grande amigo


de Germer”. Por que?
Mas vamos deixar isto de lado pois a verdade está acima disto tudo, e a
carruagem prossegue seu caminho. Muitos anos virão e muita água correrá
sob a ponte, como já tem corrido, é só esperar. Voltemos, portanto, às duas
notas para uma análise de seus dizeres.

Na primeira o autor diz que Marcelo Motta era discípulo e grande


amigo de Germer. Aqui não aparece a informação, da segunda versão, de que
Motta nunca obteve Iniciação regular na O.T.O.. E então, pergunto, isto é
necessário? Havia na época alguma “Loja” da O.T.O. funcionando, nos
U.S.A., para se realizar esta Iniciação? Isto aconteceu somente com Marcelo
Motta? E com Germer? Foi ele iniciado “regularmente” na O.T.O.? A
resposta é NÃO. Germer jamais foi Iniciado regularmente na O.T.O. E
não foi somente com ele, e com Motta, que isto ocorreu. Também é fato com
Crowley, Papus, Grant, McMurtry e Breeze. Estou mentindo? O Autor do
trabalho sabe que digo a verdade, muito embora, ele, por circunstâncias que

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Resposta ao “O Mago das Mil Faces”

não consigo atinar, possa afirmar ao contrário. Mas, vamos aos fatos. Em 25
de maio de 1951, Germer, escreveu a Kenneth Grant: “ “... Em primeiro
lugar, não se dirija a mim como seu superior. Isto é verdade em um estrito e
limitado senso. O que eu pareço ser na O.T.O. me foi empurrado contra
minha vontade. Eu farei o que posso, mas recuso fazer declarações que vão
contra minha índole. Estritamente falando eu sou o Grande Tesoureiro
Geral da O.T.O. nem mais nem menos! A total situação clama por alguém
que tenha a vontade e a firmeza e a capacidade para crescer como líder
supremo. Se ele aparecer terá meu total apoio. Mas pessoalmente não irei
clamar falsas pretensões. Já disse a todos que nunca aprendi os Rituais,
nem os vi serem executados; nem mesmo a Missa; em resumo, não tenho
qualquer atração para organização da ordem.” (Os grifos são meus).
E em 18 de janeiro de 1952, escreveu: “... Eu nunca passei
sistematicamente pelos graus, etc. Portanto, não posso instruí-lo neste
particular trabalho...”(Idem).
Porque, então, você perguntaria, é Germer considerado membro da
Ordem, sem passar por uma formal Iniciação em seus graus? A resposta é
simples: porque não necessitava. Ele havia atingido um grau iniciático que
prescindia dessas formalidades puramente executadas no plano material. E
Crowley sabia disso O mesmo se deu com Marcelo Motta e, diga-se de
passagem, com o próprio Crowley. Lembra-se de como foi ele admitido na
O.T.O. através Theodor Reuss?
Diz também o Sr.Articulista que “Marcelo Motta é erroneamente
considerado como sendo o responsável pela vinda de Thélema para nosso
país.”

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Resposta ao “O Mago das Mil Faces”

Vejamos, entretanto, o que este mesmo senhor escreve, em “Safira


Estrela” Ano I N. 2, outono de 1996 E.V., pag. 29, com referencia a
Marcelo Motta: “Assim, no mês de abril do ano de 1962 da era vulgari, no
dia do aniversário de Liber AL vel Legis, foi publicado um memorável livro
de nome Chamando os Filhos do Sol. Tratava-se então de uma publicação
oficial da A.’.A.’., classificada como “B”, sendo este o primeiro real esforço
no sentido de se apresentar em terras brasileiras, a Lei de Thelema”. ( bem
diferente, não é verdade? E por que esta diferença? Penso não ser necessário
dizer...). Além do mais existe uma clara contradição entre o dito na nota do
artigo atual e na nota do artigo original.

Afirmar que a FRA divulgava a Lei de Thélema em época anterior a


1962, e mostrar-se totalmente ignorante dos fatos e desconhecer o ambiente
em que a sociedade brasileira vivia naqueles tempos no tangente à doutrinas
que não fossem cristãs (ou melhor, Católicas Romanas), ou usar de uma
malícia sem a mínima consideração aos verdadeiros thelemitas. Isto para mim
é uma ofensa misturada com ódio e ingratidão. Não ingratidão somente à
Marcelo Motta, mas a todos quantos trabalharam inicialmente em prol do
estabelecimento de Thélema em nossa terra, muitos dos quais sofreram duras
penas por esta determinação.
Será que o Sr. Articulista apagou de sua memória e coração tudo que
escreveu anteriormente sobre Marcelo Motta e sobre a minha pessoa?
A FRA, fundada por A.Krumm Heller (Frater Huiracocha), adotava, é
verdade, a Lei de Thélema. Mas isto, no Ramo da FRA no Brasil, era feito de
maneira extremamente velada, distorcida e restrita à membros já iniciados em
certos graus. Tanto isto é verdade que os rituais iniciáticos dos três graus
daquela fraternidade ‘rosacruciana’, reportam-se à Thélema muito sutilmente (

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Resposta ao “O Mago das Mil Faces”

e com várias salvaguardas “morais”) e, em sua totalidade permanecem, até


hoje, dentro dos padrões maçônicos osirianos. A revista GNOSE, editada há
vários anos pela FRA, era distribuída (ou vendida, não me lembro agora)
somente a membros reconhecidamente iniciados na organização. Digo isto
porque eu o sei, como um ex-membro daquela fraternidade. Se alguns
exemplares da GNOSE foram encontrados em algum sebo de nossa cidade, é
porque quem os tinha (fosse o possuidor original, ou algum parente ou
herdeiro deste) desejou se desfazer deles. Eu mesmo possuo alguns
exemplares editados entre 1949 e 1973. Comprei-os num sebo existente na
Rua República do Líbano, há alguns anos atrás. Por coincidência, ou não, na
página 207, em uma das revistas em meu poder (Vol. X N. 7, Outubro-
Novembro-Dezembro – 1949) consta um poema, “Flor de Pedra”, (escrito
por Marcelo Ramos Motta, na época em que ele era membro da F.R.A.).

Eis o poema:

Flor de Pedra

Há uma flor que solitária medra


No mais oculto de encantadora pedra
E cresce lenta em solidão.

Tímida e pálida a surgir começa,


Rompe através daquela pedra espessa,
Brilha, a tremer, à viração.

E um dia explode desta flor mirrada

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Resposta ao “O Mago das Mil Faces”

Qual tempestade, uma paixão sagrada:


O amor ao Todo em erupção.

E a luzinha é um clarão profundo


Que cresce, fulge e ilumina o mundo...
A Flor em LOTUS se tornou então.
Rio, 8/11/1949
Marcelo Ramos Motta

Os dirigentes da FRA sempre temeram que se evidenciasse a ligação


desta fraternidade com Aleister Crowley. E até hoje existem, na ordem,
“iniciados” bem graduados que, por pura manipulação de informações, não
relacionam Therion com Crowley. Portanto não é verdade dizer-se que a FRA
foi a primeira a divulgar, ou que divulga, Thélema em nosso país.
Na época, Marcelo Motta, foi a única voz a levantar-se contra esta
“timidez” da F.R.A. (Vide Chamando Os Filhos do Sol).
Na nota do trabalho “revisado”, o autor afirma que Marcelo Motta foi
um dos instrutores de Raul Seixas e Paulo Coelho. Quem foi o outro? Será tão
difícil para ele dizer que fui eu? Que também fui o dele? Ou da Sra. M...? Ou
da maioria daqueles que estão em Thelema atualmente? Pelo menos os mais
antigos?
Perguntem ao Sr. Articulista quem o introduziu no Sistema Thelemico,
ou quem, de braços abertos, recebeu a Sra. M... em Thélema?
Por que ele não acrescenta, em seu trabalho, que Marcelo Motta foi
também o Instrutor do Sr. Willian Breeze (Hymenaeus Beta), Martin P.
Starr, Bill Heidrick, B. Stone, Ray Eales, Barden, David Berrson e outros

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Resposta ao “O Mago das Mil Faces”

tantos? Porque não interessa a ele, esta é a verdade. E porque não interessa?
Porque isto demonstraria a grande influência de Marcelo Ramos Motta em
Thelema em geral e na O.T.O. em particular.
Ainda em “Safira Estrela” Ano I N. 2 – pag. 31: “Em 1975, no ano
do centenário de Aleister Crowley, Euclydes Almeida funda a Sociedade
Novo Aeon, a S.N.A.
A Sociedade Novo Aeon, foi a primeira organização de cunho
Thelêmico fundada no Brasil. Ela também era o aspecto externo de uma
Ordem idealizada por Euclydes Almeida, cujo principal objetivo consistia
Iniciar homens e mulheres ao Sistema Thelêmico, preparando-os para a
correta divulgação da Lei de Thêlema.”

E mais adiante na página 33 : “Assim, entre erros e acertos, Marcelo


Ramos Motta e Euclydes Lacerda de Almeida se transformaram nos
principais personagens ao longo da história de Thelema em nosso país e
muito, praticamente tudo, do que se vê hoje no Brasil relacionado com
Thelema está vinculado aos nomes desses dois personagens.” (Os grifos são
meus)
É verdade também que Marcelo Motta e eu nos separamos por volta de
1976. É também verdade que ele chegou a me suspender da Ordem (O.T.O.).
Mas o Sr. Articulista jamais, em tempo algum, me ouviu dizer que Marcelo
Motta não era o Iniciador de Thélema no Brasil. Eu posso ter feito inúmeras
críticas a ele, jamais esta. Entretanto, também é verdade que o Sr. Articulista
jamais procurou pesquisar nos Planos Internos para saber os verdadeiros
motivos pelos quais Marcelo Motta agiu desta maneira. O mundo dá muitas
voltas...recentemente, um documento, vindo de certa região do Brasil
confirmou aquilo que eu, intuitivamente, já sabia há muitos anos. Quando me

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Resposta ao “O Mago das Mil Faces”

for permitido eu publicarei o documento integralmente, juntamente com


outros.. No caso de minha morte já existe alguém indicado para esta missão.
Eu sei que estou envelhecido, doente e cansado, mas ainda estou vivo.
Porém minha mão ainda tem força para defender aqueles que me são caros...
Julgo que não ser necessário dizer mais alguma coisa, por enquanto...

Nota Final. Para não se dizer que estou sendo demasiadamente severo em
minhas observações quanto a F.R.A., transcrevo aqui parte de um artigo
existente no exemplar de GNOSE de 1949, pag. 197, sob o título Natal:

“O Natal de Jesus, filho de José e Maria, nascido em Nazaré, na


Galiléia, o Messias anunciado pela clarividência dos profetas, o Salvador do
Mundo, o Redentor da Humanidade, o Mártir do Calvário que transmitiu ao
povo hebreu a sublime doutrina do Cristo, comemora-se, todos os anos, a 25
de dezembro.....”

Dá para acreditar que esta seja uma “Ordem Thelemica”, ou que trouxe
Thélema para o Brasil, ou que divulgou Thélema em nosso país? Só na
cabeça do Sr. Articulista.

Rio de Janeiro, 06 de dezembro de 2000

Euclydes L. de Almeida

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