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Um Avanço Diário no Conhecimento Maçônico

“VELADO EM ALEGORIAS e
ILUSTRADO POR SÍMBOLOS”

C
omo parte das perguntas ao candidato antes de passar para o segundo grau,
o Venerável Mestre pergunta:
“O que é a Maçonaria?”
O Candidato responde:
“Um sistema peculiar de moralidade, velado em alegorias e
ilustrado por símbolos.”

Após uma reflexão; este diálogo é muito marcante.


Em primeiro lugar, a pergunta é feita a um Irmão Maçom, cuja experiência
na Arte pode ser medida em meses.
Seu conhecimento de nossa ordem está restrito praticamente à Cerimônia de
Iniciação. Se lhe perguntassem: O que realmente aconteceu naquela memorável
ocasião? Sua resposta possivelmente não seria suficientemente abrangente nem
coerente.
Ser convidado a definir ‘O que é a Maçonaria?’ nesta fase de sua jornada
maçônica é, reconheçamos, difícil de expressar.
Não seria irracional supor que o Irmão responsável pela orientação do
candidato, ainda que fosse muito culto e experiente, necessitaria de muitas
instruções bem direcionadas para fazer justiça à resposta a ser dada. Mesmo assim,
o assunto certamente estaria aberto ao debate.
Direcionada ao Candidato ao Segundo Grau, que memorou seu primeiro
trecho do Ritual Maçônico, ele recita sua resposta:
“Um peculiar sistema de moralidade, velado em alegorias e ilustrado por
símbolos”.
Mas o que isto significa?

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Ainda que alegoria e simbolismo desempenhem um papel proeminente no


Craft; não estão de forma alguma restritos a ele.
Fazer uma análise desse tema permitirá que os Irmãos tenham uma ideia clara
de como esses termos são utilizados. Dessa forma será possível encontrar uma
compreensão mais profunda de como a Maçonaria opera e o que ela significa.
Comecemos com a frase “ILUSTRADO POR SÍMBOLOS”.
Um símbolo é “algo que representa ou denota alguma coisa - não devido a
uma semelhança precisa, mas por uma vaga sugestão”.
O simples ato, embora nem sempre seja simples, de dirigir um carro depende
da utilização e compreensão de símbolos para se chegar com segurança ao destino
pretendido. Os números no velocímetro são símbolos, vários desenhos em placas
ao longo das rodovias são símbolos; os pequenos botões no painel têm diferentes
símbolos.
Eles existem para garantir a compreensão, independentemente do idioma do
motorista. Portanto, pode-se concluir que os símbolos são um meio eficaz de
comunicação para garantir uma compreensão precisa, independentemente do
idioma, educação ou intelecto.
Outros símbolos em uso incluem os numerais, sinais matemáticos e
monetários, notação musical e fórmulas científicas. Símbolos como ícones de
computador são indispensáveis, pois sem eles as maravilhas da ciência moderna
nunca poderiam ter sido alcançadas.
Outro tipo de símbolo é encontrado nas artes, tanto gráfica quanto verbal.
Eles representam algo que é abstrato ou difícil de visualização.
Assim, a pureza é simbolizada pela cor branca, a paz pela pomba e o ramo
de oliveira. Veneno pelo crâneo e ossos cruzados. O Canadá pela folha de plátano;
o Cristianismo pela cruz do Calvário; o Judaísmo pela estrela de David.
Na Maçonaria, cada personagem, figura e emblema tem uma orientação
moral e serve para cultivar a prática da virtude em todas as suas múltiplas facetas.
A régua de vinte e quatro polegadas, o maço e o cinzel representam Precisão,
Trabalho e Perseverança. Os três grandes colunas são Sabedoria, Força e Beleza.
A estrela no pavimento mosaico representa a Providência Divina. As quatro
borlas representam Temperança, Fortaleza, Prudência e Justiça.

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Uma espiga de trigo próximo a uma queda d'água denota Abundância. O


esquadro representa Moralidade, o nível Igualdade e o prumo Justiça e Retidão.
Portanto, a lista é infinita!
Os símbolos nem sempre precisam ser uniformes: o esquadro simboliza
Moralidade, mas também o Venerável Mestre.
No Primeiro Grau, a escuridão é o símbolo da Ignorância. No Terceiro Grau,
é a Escuridão da Morte.
Os símbolos do Craft nem sempre nos são explicados. Se você tem talento
para interpretá-los, haverá um amplo espaço para saciar seu talento. Não há mal
nisso; e isso pode auxiliar no seu desenvolvimento pessoal.
Harry Carr, Secretário da Loja de Pesquisa Quatuor Coronati por muitos
anos, disse que “cada homem tem todo o direito (e deve ser encorajado) de
desenvolver seu próprio simbolismo, e quando o faz para sua própria satisfação,
seu simbolismo é válido para ele”.
Concluamos com a frase “VELADO EM ALEGORIA”.
Uma alegoria é “uma descrição narrada de um tema, sob o disfarce de outro
sugestivamente semelhante” ou, ainda, “um tema artístico ou uma figura literária
que permite representar uma ideia abstrata através de outras formas, podendo estas
ser humanas, animais ou objetos”.
Em outras palavras, é uma história na qual os personagens são de fato
símbolos.
De início, o leitor ou ouvinte desavisado pode acreditar que está lendo um
romance ou ouvindo uma história verdadeira.
À medida que a informação se desdobra, gradualmente percebe que a
compreensão leva a algo muito diferente do que pensava inicialmente.
A alegoria mais conhecida na literatura inglesa é O Progresso dos Peregrinos,
de Bunyan.
Constitui-se, aparentemente, em uma série de aventuras aleatórias
enfrentadas por um herói chamado Christian em sua jornada para a Cidade
Celestial. No entanto, em outra dimensão, retrata as tribulações sofridas pela alma
de um crente no curso de sua vida.

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O leitor da série de histórias de “Nárnia”, de C. S. Lewis, chega gradualmente


à conclusão de que o leão compassivo, justo e maravilhoso é nada mais nada menos
que Deus!
A magnífica trilogia de J. R. R. Tolkien, o tema do premiado filme “O Senhor
dos Anéis” é, em certo sentido, um retrato da luta entre o bem e o mal.
Não raramente a alegoria é combinada com a sátira. Em “A Fazenda dos
Animais”1 de George Orwell, as feras assumem o controle e passam a se comportar
como vários tipos reconhecíveis de políticos.
A alegoria sempre se esforça em combinar entretenimento com instrução.
Como método de ensino, é consagrado por ser usado há muito tempo. Tipos
mais antigos e breves de alegoria são conhecidos por outras denominações. As
fábulas de Esopo, com suas lições morais, nada mais são do que alegorias.
O maior professor de todos os tempos ensinava por alegorias, mas ele as
chamava de “parábolas”. Todos se lembrarão de imediato da história do Filho
Pródigo.
Na Maçonaria, os três graus do Craft são em si alegóricos; e representam o
curso da existência humana:
O primeiro grau é o nascimento;
O Segundo Grau é a Maturidade;
O Terceiro Grau é a Morte.
Da mesma forma, a construção do Templo do Rei Salomão nos lembra da
construção de nosso edifício moral.
É claro que a Tradicional História do Terceiro Grau é de importância
cardinal. A mensagem apresentada é sobre “o triunfo do bem sobre o mal”. Por ser
alegórico, sua verdade não reside em sua narrativa factual.
É muito curioso observar que aqueles com espirito literal, e os historiadores,
sempre poderão encontrar falhas nela. Por exemplo, que “A história de Hiram
Abiff não pode ser confirmada pela Bíblia”.
A verdade da história deve ser buscada na lição moral que se procura ensinar,

1
NT: foi publicado pela primeira vez no Brasil com o título “A Revolução dos Bichos”

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não em sua exatidão histórica.


Na verdade, pode-se dizer que este ponto particularmente importante é na
realidade um dos “Segredos da Maçonaria”.
As palavras “veladas em alegoria” indicam que algumas das verdades da
Maçonaria estão ocultadas aos não iniciados, mas podem ser descobertas por
aqueles que tiverem o privilégio de ingressar na Ordem.
É preciso prática para aprender a reconhecer e compreender o Símbolo e a
Alegoria. Somente através de um esforço sincero, inteligente e sustentado,
reforçado pela sensibilidade imaginativa e emocional, a recompensa pode ser
colhida.
Isso é o que se pode chamar com justiça de “Um Avanço no Conhecimento
Maçônico”.

Fonte: A Daily Advancement in Masonic Knowledge - A


COMPILATION OF SHORT TALKSRESEARCHED AND EDITED
por R. J. Hollins - Past Grande Assistente de Diretor de Cerimônias da
Grande Loja Unida da Inglaterra - VOLUME ONE – 2003

Livre tradução: E. L. Madruga (Jan. 2022)

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