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MAçonaria em doseS homeopÁTICAS

Adalberto Rigueira Viana


Maçonaria em doseS homeopÁTICAS

1
Índice

Preâmbulo.......................................................................................................... 3.
Dedicatória...........................................................................................................4
Fraternidade maçônica no Grau de Aprendiz..................................................... 5
A maçonaria verdadeira, uma esperança!.......................................................... 9
Meu nascimento para a maçonaria................................................................... 11
Lapidando minha pedra bruta.......................................................................... 14
Luz e sombra.................................................................................................... 16
Uma decisão justa e perfeita! ......................................................................... 17
Veneráveis e Veneralatos............................................................................... 20
Como era na vida profana............................................................................ 24
Coincidências do mitraismo com o cristianismo e a maçonaria e minha visão a
respeito............................................................................................................ 27
Considerações a um neófito............................................................................. 31
O fogo segundo a doutrina secreta....................................................................32
Masmorras ao vício............................................................................................34
Interstício.......................................................................................................... 35
O olho que tudo vê.......................................................................................... 37
Oficina de luz – o segredo maçônico............................................................... 39
As inspiradoras colunas Booz e Jakim............................................................. 42
Aclamação e não exclamação......................................................................... .47
Maçonaria em Loja........................................................................................... 50
Noaquitas: maçons e carpinteiros.................................................................... 52
Equinócio de outubro...................................................................................... .62
Maçonaria é caminhada............................................................................... 64.
O Maçom, esse desconhecido! ................................................................... 66.
Cicatrizes........................................................................................................ 71
Prumo maçônico............................................................................................ 73
Morte e renascimento...................................................................................... 74
Ver, ouvir e calar............................................................................................. 79
Desabafo contra o preconceito à maçonaria.............................................. 80
Cargos em Loja: O Orador......................................................................... 82
A música e a maçonaria............................................................................. 85
Em pé e à ordem............................................................................................ 88
Filho de maçom.............................................................................................. 91
Um lugar entre vós......................................................................................... 93
A indumentária maçônica................................................................................ 97
O Ritual é disciplina e ordem.......................................................................... 98
Maçonaria não é poder – Maçonaria é servir............................................... 100
A questão do gênero na maçonaria.............................................................. 102
Tríplice argamassa........................................................................................ 104
Maçonaria: uma escola de esperança ! ......................................................... 107

Preâmbulo

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Os irmãos não imaginam o quanto gosto de escrever sobre maçonaria, o
quanto gosto de compartilhar o pouco que sei com os meus irmãos mais
próximos.
Para mim é um momento de enlevo quando estou tirando da minha memória
lembranças, pensamentos e novas idéias que dali brotam, às vezes, com
enorme facilidade.
Aos irmãos que por minha loja-mãe passaram, aos que nela ainda
permanecem e àqueles que aqui um dia chegarão, o meu carinho, o meu afeto
e toda a minha humildade por, a cada dia, poder aprender um pouquinho mais
com cada um deles...
Assim, coloco para leitura e análise mais alguns singelos trabalhos que
escrevi e outros tantos de irmãos que não conheço pessoalmente, mas que
também exercem a dura missão de escrever sobre esta tão difícil instituição na
qual estamos em constante aprendizado.

Dedicatória

3
Com muita emoção e com muito carinho, dedico este trabalho a um irmão, de
quem sempre tive lindas recordações, um enorme irmão de ideal maçônico.
Embora não fosse membro ativo da nossa Loja, o era da Loja Maçônica
Fraternidade Riobranquense do Oriente de Visconde do Rio Branco-MG: e
esse ao qual me refiro era o irmão Augusto Faria de Souza.
Que exemplo de ser humano, de cidadão, de chefe de família, de homem e de
maçom.
Quantos e eloqüentes ensinamentos ele nos deixou com a sua simplicidade e
carisma, sempre com o semblante irradiando paz e tranqüilidade que a todos
contagiava com a sua humildade e a sua simpatia ímpar.
Quase não falava, mas quando o fazia, era com extrema e profunda
sabedoria...
Meu nobre irmão Augusto, quanta saudade tenho e sinto de você. Com certeza
um dia nos encontraremos no Oriente Eterno.

Fraternidade maçônica no Grau de Aprendiz

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No ritual do grau de Aprendiz Maçom do R∴E∴A∴A∴ as primeiras
palavras para o leitor são: O primeiro grau do simbolismo maçônico, Grau de
Aprendiz é consagrado a Fraternidade, tendo como objetivo principal a união
de toda a humanidade.
Já na constituição do Grande Oriente do Brasil – Minas Gerais, no
capitulo II, Art. 6 estabelece: “A maçonaria é uma instituição essencialmente
iniciática, filosófica, filantrópica e progressista, proclama a prevalência do
espirito sobre a matéria, pugna pelo aperfeiçoamento moral , intelectual e
social da humanidade por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática
desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade. Seus
fins supremos são: a liberdade, a igualdade e a fraternidade. E no terceiro
parágrafo do mesmo artigo define: a fraternidade, de que deva se alimentar o
homem, apenas é admissível como fruto espontâneo da alma e do coração”.
Do exposto acima vemos claramente que a Fraternidade faz parte dos
princípios filosóficos e doutrinários da ordem maçônica e o grau de aprendiz, o
primeiro degrau no aperfeiçoamento do iniciado é consagrado a fraternidade.
A proposta deste breve trabalho é discutir alguns aspectos. superficiais
da fraternidade maçônica e para compreendermos um pouco mais, vamos à
sua definição.Fraternidade: é um termo oriundo do latim “frater,” que significa
"irmão". Por esse motivo,fraternidade significa parentesco entre irmãos. A
fraternidade universal designa a boa relação entre os homens, em que se
desenvolvem sentimentos de afeto próprios dos irmãos de sangue.
Fraternidade também é o laço de união entre os homens, fundado no
respeito pela dignidade da
pessoa humana e na igualdade de direitos entre todos os seres humanos.
Sob o ponto de vista social, a fraternidade pode ser considerada
como a conduta que norteia a vida de um indivíduo. Ela é desejada, reclamada
e fixada como objetivo de todas as religiões, instituições sociais, partidos
políticos, etc., estabelecendo o altruísmo (amor desinteressado ao próximo)
contra o egoismo, a benevolência contra a malevolência, a tolerância contra a
intolerância, o amor contra o ódio. Na Declaração Universal dos Direitos
Humanos, o primeiro artigo afirma que “todos os homens nascem livres e iguais
em dignidade e direitos. São dotados de razão e de consciência e devem agir
uns para com os outros em espírito de fraternidade”.
Já de um ponto de vista iniciático a fraternidade é considerada o
complemento da liberdade individual e da igualdade espiritual, das quais
representa a adição prática. Em síntese, éa tolerância em relação à liberdade e
a compreensão em relação a igualdade.
O grau de aprendiz, que é consagrado a Fraternidade, tem como
objetivo principal a união de toda a humanidade porque todos somos filhos do
G A D U. Portanto, simbolicamente,historicamente e filosoficamente todos
somos irmãos. No sentido nato do termo, Fraternidade é o transbordamento
incondicional ao semelhante em qualquer situação imaginável ou inimaginável,
sem qualquer exagero, ela deve ser exercida igual ao amor de uma mãe pelo
seu filho.
Em loja maçônica em toda sessão do grau de aprendiz o irmão orador é
conduzido ao altar
dos juramentos pelo Mestre de Cerimônias e diante do livro da lei o abre e lê o
salmo 133 do Velho Testamento, lembrando o conceito de valor superior “Oh!
quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união”. Assim, o

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conceito de união entre os irmãos “fraternidade” já emerge no inicio dos
trabalhos na abertura da loja e dele não devemos nos esquecer jamais, pois
como bons maçons que pretendemos ser a Fraternidade é um elemento
essencial em nossas vidas.
A fraternidade entre os irmãos está também simbolizada na marcha do
aprendiz onde o terceiro passo da marcha simboliza a Fraternidade entre os
irmãos maçons (os dois primeiros a luta e a perseverança).
Não devemos confundir fraternidade com caridade ou com vaidade.
Quando se é fraterno, implicitamente poderá estar presente o sentimento de
caridade, uma caridade no puro sentido de ajuda ao próximo que estiver
necessitando dela e, a vaidade, jamais poderá se aliar à fraternidade pois,
nunca devemos ser fraternos por vaidade mas devemos sim ser gratos aos que
conosco são fraternos pois não existem perfumes mais inebriantes dos que os
exalados pela humildade, pela simplicidade e pela fraternidade. Mas, dentre
todos eles, não há um mais penetrante do que o perfume emanado pela
gratidão.
Ao falarmos sobre Fraternidade na Maçonaria somos inevitavelmente
reportados à trilogia maçônica de Liberdade, Igualdade e Fraternidade e
poderemos aqui fazer um questionamento: qual delas é a mais importante? As
três estão intrinsecamente interligadas embora possam ter sentidos
antagônicos. Poderiam sobreviver cada uma desempenhando a sua verdadeira
função na vida de cada ser humano? Pensamos e entendemos que não, pois
uma jamais conseguirá sobreviver sem o suporte da outra.
Para se exercer a fraternidade em toda a sua plenitude sempre haverá a
necessidade de se fazê-la observando a liberdade e, principalmente, a
igualdade. Lembremo-nos que aquilo que fazemos não é para o bem apenas
de um homem ou de uma pessoa, e sim para o bem de toda a humanidade.
Nenhuma instituição humana, até onde meu limitado conhecimento me
permite julgar, oferece oportunidade para a prática da fraternidade como a
Maçonaria. No entanto é preciso que o maçom tenha consciência do papel que
deve desempenhar, quer na sua Loja, no seio de sua família,no seu trabalho ou
onde se encontrar, agindo como verdadeiro artífice na consolidação da
fraternidade.
Fundamentada no Amor Fraternal e preocupada com o bem-estar da
Humanidade, a Maçonaria prepara o homem para participar, efetivamente, na
construção de uma Sociedade mais justa e equilibrada.
“A Maçonaria ensina que o mais sublime dos deveres do maçom
consiste na prática da solidariedade ou fraternidade maçônica, traduzida no
socorro aos Irmãos em suas aflições e necessidades; no encaminhamento dos
Irmãos na senda da Virtude, desviando-os da prática do Mal; no estímulo a
praticarem o Bem, dando exemplos de Amor, Tolerância, Caridade, Justiça e
respeito à liberdade individual, reconhecendo o Irmão e em todos os seres
humanos, como seu semelhante”.
Optar pela renúncia à prática da Solidariedade e da Fraternidade é
uma atitude que revela o quanto o iniciado ainda se encontra distante de
ser um homem de bem e, por conseguinte, um verdadeiro maçom.
A verdadeira fraternidade é um reflexo do caráter e da personalidade do
ser humano.

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Conectemos o nosso cérebro às ondas mais elevadas do conhecimento
superior e teremos como consequência ações cada vez mais voltadas para o
bem geral.
Historicamente, podemos voltar hà cerca de dois mil anos onde Jesus
deixou uma grande lição para a humanidade: “Ama o teu próximo como a ti
mesmo”. Muitos séculos se passaram e o homem ainda não conseguiu
entender os preceitos dessa lei divina, e continua a transgredir o que
não é de sua autoria, e sim, uma expressão real de uma particularidade
cósmica.
O resultado dessa transgressão, ao longo do tempo, vem
desencadeando graves problemas sociais no mundo profano que vivemos
onde as drogas, a violência, a impunidade, o poder, a fome, o descaso com a
saúde, a precariedade da educação e do conhecimento, são frutos do egoísmo
dominante que se opõe à fraternidade entre os homens que o habitam e a
Maçonaria, por sua força, sua doutrina, seus ensinamentos e sua filosofia tem
plenas condições de lutar e buscar por melhorias deste grave problema social.
A fraternidade pode ter uma influência benéfica e positiva sendo um fator
de crescimento e consolidação social da Maçonaria, mas para isso nos maçons
precisamos exercitá-la permanentemente.
Na Maçonaria podemos considerar que dois fatos estão intimamente
associadas ao verdadeiro significado de fraternidade, mesmo que para alguns
estes fatos jamais pareçam estar ligados a Fraternidade. O primeiro deles é
que se deve fazer sempre o bem sem olhar a quem, considerando que todos
serão considerados sempre em igualdade de condições.
O segundo é que a mão esquerda jamais deverá saber o que faz ou fez
a mão direita ou vice-versa. Ser fraterno é estar sempre ao lado do irmão e da
sua família, oferecendo-lhe o apoio e a solidariedade quando deles necessitar,
ao mesmo tempo participando do seu sucesso, como convivendo intimamente
com as suas alegrias e seus momentos de felicidade.
O simples fato ou gesto de nos preocuparmos com um irmão, perguntar a
ele como está, se passou bem, como está a família demonstra de maneira
simples e bela a fraternidade para com nossos irmãos.
Assim, renovemos a esperança com Amor a Deus, à Pátria, à Família e
ao próximo; com Tolerância, Virtude e Sabedoria; com a constante e livre
investigação da Verdade; com o progresso do Conhecimento Humano, das
Ciências e das Artes, sob a tríade – Liberdade, Igualdade e Fraternidade –
dentro dos princípios da Razão e da Justiça, para que o mundo alcance a
Felicidade Geral e a Paz Universal.
Que possamos com o auxílio do G∴A∴D∴U∴ sermos sempre, sempre e
cada vez mais fraternos. Que todos os maçons, livres e de bons costumes,
espalhados pela superfície da terra possam mudar os rumos da nossa história,
como incansáveis artífices do bem
fazer e que possam se orgulhar de se constituírem, eternamente, em fator de
crescimento e consolidação social da Maçonaria de todo o mundo.
Antes de finalizar pensemos um pouco sobre o seguinte: Ser fraterno é
estar sempre atento aos anseios do seu semelhante, é abraçá-lo
efusivamente ainda que dele muito distante estiver. Seria impossível ou
sem sentido prático o abraço em pensamento? Seria necessário o contato
corporal para caracterizar o abraço fraternal? Simbolicamente, como se
traduziria o termo quando se diz que temos que abraçar as causas

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maçônicas? Onde ficarão os nossos braços? Paremos para uma reflexão
momentânea, meus caros irmãos ...
Neste quase um ano de iniciado que tenho pude experimentar,
vivenciar e sentir muitas atitudes Fraternas entre os irmãos, o que me deixa
muito contente e feliz, pois conseguimos vencer nossas paixões, submeter
nossos vícios, fazer progressos na Maçonaria e ser Fraternos.
Concluo dizendo que o grau de aprendiz é consagrado à Fraternidade
pois um iniciado apenas conseguirá enxergar, sentir e vivenciar em sua
plenitude máxima o que a maçonaria pode lhe oferecer apenas se ele
compreender e exercitar, em seu sentido mais amplo a Fraternidade.
Lembremos sempre que: onde não se cultua a fraternidade, impera a
desigualdade e a escravidão.

Referências consultadas
Ritual do Grau de Aprendiz Maçom, GOB, R∴E∴A∴A∴ (2009).
Raimundo D'Elia Junios, Maçonaria: 100 Instruções de Aprendiz, Madras
(2012).
Rizzardo da Camino, Simbolismo do primeiro grau (Aprendiz),. Madras, 3
(2016).
Site da ARLS Alferes Tiradentes número 20: http://www.alferes 20. net
trabalho “A Fraternidade como fator de crescimento e consolidação
social da maçonaria”
Peça de Arquitetura de autoria do Irmão Jakson Miranda Fonseca - A∴M∴ CIM
301533, membro da Loja Maçônica Solidários da Liberdade, Oriente deTeixeiras-
MG

A maçonaria verdadeira, uma esperança!

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‘É verdade que a maioria dos homens, cegos e fascinados pelo poder,
se esquecem que as edificações destinadas à humanidade não podem
prescindir de certos valores, principalmente os valores espirituais.
Há muito temos procurado saídas para esse estado de coisas e a
construção de uma estrutura espiritual da Maçonaria, para que os verdadeiros
maçons, tomados de coragem, esperança e fé, deixem os limites de suas
oficinas e substituam a Maçonaria doméstica praticada, pela Maçonaria
Universal.
Analisemos duas frases gravadas na câmara das reflexões:
”Se sois capaz de dissimulações, tremei, porque penetraremos e leremos o
fundo do vosso coração”.
“Se temeis ter descoberto os vossos defeitos, sentir-vos-ei mal entre
nós. Afastai-vos!”.
Os vocábulos que compõem tais frases são claríssimos e representam a
base iniciática da Maçonaria, a base da iniciação verdadeira e o
autoconhecimento.
O idealismo sincero deve habitar e, até mesmo, inflamar o coração dos
maçons. É necessário que isso aconteça, mas não é suficiente. Apenas desejar
a verdadeira Luz e a assistência aos menos favorecidos é muito pouco para
nós. É imperativa a realização, a transformação da alma, conseqüência de um
trabalho árduo de reforma interior, resultante de novos hábitos, o que não se
consegue somente por esforço intelectual. Tais mudanças exigem coragem,
sacrifício e, sobretudo sinceridade consigo próprio, por sinal tarefa das mais
difíceis.
Para muitos, a Ordem tem crescido, e bem, porque consideram
crescimento o simples aumento quantitativo sem se questionar sobre a
qualidade dos novos maçons e porque não, também, sobre certo comodismo
por parte dos mais antigos.
A seleção deficiente, a preocupação com o status do candidato, a
ausência de instrução maçônica, o abandono do ritual, a indisciplina, os usos e
costumes, o desrespeito à hierarquia e a prevalência da lei da vantagem têm
transformado algumas lojas em ineficiente clube de serviços e assim,
estimulando os iniciados bem intencionados, desencantados, a deixarem nossa
Ordem.
O mundo de hoje é regido pelo materialismo; apesar do esforço e do
clamor das religiões, vivemos rodeados de espelhos a refletirem imagens
deformadas, que por um direcionamento habilmente manipulado pelos órgãos
de comunicação, formam mentalidades condicionadas, alcançando todas as
idades, principalmente as mais jovens.
Não é culpa do progresso científico e tecnológico, mas do seu mau uso,
não possibilitando um progresso espiritual paralelo, criando a cada dia, mais
necessidades materiais e tornando o homem um egoísta, um egocêntrico.
Mas sejamos otimistas! A Maçonaria talvez seja uma das únicas
instituições capaz de reverter esse panorama; para isso, basta devolvermos a
ela a sua real identidade.
Necessitamos readquirir as bases da verdadeira iniciação, perder as
vaidades, retirar todos os resquícios da intolerância, do egoísmo, do
radicalismo, da superstição e da ambição desmedida que nos cega e não
permite a renúncia.

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A tarefa principal da Maçonaria é oferecer a verdadeira educação
espiritual aos próprios maçons, educação esta, capaz de alterar profundamente
as bases de suas convicções profanas. Muitos hábitos terão que ser desfeitos
e substituídos por outros.
Os maçons no mundo profano, através de seus exemplos e
testemunhos, formarão outros homens à sua semelhança, estes formarão
outros e assim desenvolver-se-á uma reação em cadeia capaz de reformar a
sociedade.
Procuremos, então, conhecer os princípios básicos da Arte Real.
Aprofundemo-nos, passemos à ação!

Trabalho elaborado pelo Irmão Carlos Modesto Cabreira. Loja 22 de dezembro


nº 14 – Nova Andradina - MS

Meu nascimento para a Maçonaria

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Em continuidade ao tema anterior, que foi apresentado por nosso irmão
Marcelo, “Uma decisão justa e perfeita”, o intuito destas poucas palavras a
seguir é estudar um pouco mais a fundo o meu primeiro contato com a
Maçonaria, que foi durante a iniciação. Mesmo, ainda tendo sentimentos
profanos durante a iniciação e pouco entender do que estava acontecendo,
muitas das provas que passamos nos faz ter várias reflexões que foram
brevemente descritas neste humilde primeiro trabalho como aprendiz maçom.
Aceitar o convite para ingressar na sublime ordem não foi muito difícil
para mim. Após ser convidado, fiz inúmeras pesquisas. Com um pouco de
destreza, consegui filtrar da internet as informações que eu julguei que eram
verdadeiras e ao qual me identifiquei, pois, mesmo meu pai não sendo um
maçom, junto com minha mãe, sempre me criaram com inúmeros valores,
sendo sempre muito citado por eles: a honestidade acima de tudo, sempre
ajudar ao próximo da forma que puder, ser um homem sem preguiça de
trabalhar e acima de tudo sempre manter a união da família.
Sendo assim, passadas as três sindicâncias com meus futuros irmãos,
no dia 5 de novembro de 2016 ocorreu a minha iniciação na maçonaria. Fiquei
um pouco apreensivo por não conhecer ninguém que estaria presente. Um dos
meus padrinhos e quem me convidou, não esteve presente no dia devido
compromissos pessoais de última hora e meu amigo, que também passava
pelo mesmo processo para ingressar, não iria ser iniciado junto comigo. Sendo
assim confiei em meu padrinho que disse: “veste um terno preto, camisa
branca, gravata preta e esteja pronto as 14 horas em ponto que irão te apanhar
em sua casa!". Logo eu pensei: “ terno preto as 14 horas nesse calorão? ” Hoje
entendo perfeitamente o porquê de se utilizar estes trajes, que em suma
simbolizam que todos nós irmãos somos iguais em loja, não valendo em nada
a classe social e cargos que ocupamos na vida profana, nem mesmo a religião
que cada um pratica. No horário marcado um dos meus futuros irmãos me
conduziu a Loja e já fiquei menos apreensivo, pois fui muito bem recepcionado
por ele.
Ao chegar a entrada da Loja já fui orientado a entrar virado para a
parede e imediatamente fui vendado, pois, como profano ainda estava cego
intelectualmente e espiritualmente, me retirado todos os metais, que tem como
significado que devemos entrar na maçonaria sem nenhum bem e sim
humildemente oferecer aos meus irmãos uma vida fraterna e de muito trabalho
em conjunto e, por último, foram me retirada as vestes parcialmente, ficando o
meu lado esquerdo do peito nu e pé direito calçado apenas de uma rústica
sandália.
Como não conseguia ver nada, fui conduzido pelo Irmão Terrível a
câmara das reflexões, desvendado e sem saber ali naquele cubículoque já
estava passando pela primeira das quatro provas que estaria sendo submetido
no dia, a prova da terra. A câmara tem como significado a caverna que estive
recolhido para fazer as minhas deposições. A câmara toda negra e com vários
símbolos e frases inscritas nos leva a pensar profundamente na vida. A vida
não é simplesmente matéria e sim um período fugaz, onde existem valores
espirituais e obrigações morais e sociais a cumprir. Sendo assim devemos
viver uma vida livre de vícios e sempre potencializar as nossas virtudes, tendo
amor a família, fidelidade e devoção a pátria. Após a leitura das importantes

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frases inscritas nas paredes e todo o filme da vida que passou a mente tive que
responder o questionário onde possuíam alguns questionamentos do que já
havia refletido minutos antes, e assim foi fácil e rápido solucionar as
questões.O resultado da passagem pela câmara das reflexões é em suma a
morte para a vida profana e a preparação completa do coração e mente para a
entrada no templo para cumprir as outras provas que ainda faltavam.
Vendado novamente passei por longa espera, mas sempre amparado
por um irmão que passava por mim e cordialmente me perguntava se precisava
de algum auxílio, até o momento que fui conduzido, sem saber onde estava
ainda, a porta do templo. Já na porta achei estranho o fato de algumas frases
serem faladas por três vezes e o barulho de pancadas, sempre repetidas em
três golpes também. Ao fim de toda indagação do venerável do porque os
candidatos ali na porta queriam e ousavam a bater na porta do sagrado templo
(este foi o primeiro momento que percebi que não era só eu quem estava
passando por todo o processo),o Irmão Terrível responde com o venerável com
os nossos nomes e profissões e por último cita a frase: “porque são livres e de
bons costumes! ” A frase citada pelo Irmão Terrível é o que identifica o Maçom
e possui vários significados, mas naquele momento, ainda não sendo maçons,
caracteriza que os três profanos, parcialmente nus na porta do templo,
possuem uma vida que se identificam com a Sublime Ordem e se encontram
preparados a realizar todo o processo de iniciação e consequentemente a
juntarem aos irmãos de inúmeras virtudes e deveres para com a humanidade.
Então o venerável dá a ordem da entrada ao templo e já passa a palavra ao
Irmão Orador, que nos apresentou a Declaração dos Princípios da Maçonaria
Universal, enfatizando os fins supremos, que são a Liberdade, Igualdade e
Fraternidade.
Após a leitura de toda a declaração, seguindo o ritual, senti um
instrumento pontiagudo e gelado em meu peito. Era a ponta da espada portada
por um dos Irmãos, onde significa o remorso que irá me perseguir, se eu algum
dia ao menos pensar em trair a instituição. E seguiu-se com 777alguns
questionamentos referindo sobre nosso interesse coma Maçonaria. Perguntas
difíceis de serem respondidas naquele momento, onde muitas coisas
passavam a cabeça, porém demandavam rápidas respostas. Um dos meus
futuros irmãos, que estava ao meu lado e também passava por todo o
processo, inteligentemente respondia os questionamentos sempre com uma
palavra. Palavras que eram sempre certeiras e quando respondia primeiro
sempre me ajudava a elaborar as minhas respostas. O principal
questionamento era se acreditávamos em um ser supremo e as respostas
foram mais do que positivas. Como não existir um ser supremo que conduz a
nossa vida? Como estar ali naquele momento sem que ele traçasse isso em
meu destino? Me passou pela cabeça.
Antes ainda de fazer as três viagens para fechar as quatro provas, foi
realizado o juramento a ordem e a todos os irmãos presentes no altar do
venerável mestre. O juramento,relacionado ao silêncio sobre todas as provas
que já passamos e ainda iríamos passar. Simbolizando o momento, foi
apresentado na taça sagrada primeiramente uma bebida doce, como todos os
prazeres que a vida pode nos oferecer. Ao decorrer do juramento, a bebida da
taça sagrada tornou-se amarga, simbolizando que o homem sábio deve gozar
dos prazeres da vida com moderação, senão, ao fim de todos os prazeres

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demasiadamente conquistados, a vida lhe cobrará e se tornará dura e amarga
como a bebida. Por isso devemos viver uma vida sempre em pleno equilíbrio.
Enfim para finalizar todo o longo ritual de nascimento para a vida
maçônica realizamos as três viagens, representando as provas do ar, da água
e do fogo, nesta ordem. Durante os percursos das viagens vários obstáculos
são enfrentados e como estamos cegos devemos ter plena confiança no irmão
que nos conduz. Todas as três viagens nos trazem vários ensinamentos, como
a do ar, que é símbolo da vitalidade e emblema natural da vida humana, pois
com suas correntes demonstram as perturbações e equilíbrios, agitações e
estagnações, o cansaço e energias, tempestades e calmarias que a vida nos
proporciona. Pela prova da água passamos pela purificação, porém tem o
significado do vasto oceano que banham os continentes e devido a sua
imensidão representa também o povo. Todo maçom vem a dedicar o seu
trabalho geral a todo o povo de sua nação, sempre buscando a verdade e a
justiça acima de tudo. Na última viagem também passamos pela última
purificação, onde as chamas do fogo queimaram por fim qualquer nódoa e
vícios da vida profana, simbolizando também que nós devemos ter fervor e zelo
pelo compromisso que iremos iniciar para o resto de nossa para com o povo,
para os nossos irmãos e toda a nossa nação.
Enfim após todas as nobres e perigosas provas fomos retirados do
templo para nos recompor. Ainda vendados na volta ao templo enfim foi nos
dado a luz. Nascemos ali naquele momento para a vida maçônica, uma vida
muito diferente da vida profana. Uma vida com compromissos para todo o
povo, para a nação, para a família e principalmente para os irmãos. Foi nos
apresentado a pedra bruta e nos ensinaram a desbastá-la. De todo o ritual foi a
ação que mais compreendi no momento e que mais significou para mim. Vejo
hoje que todos nós somos uma pedra bruta em que o trabalho interno diário
nos faz buscar sempre a justiça e a perfeição. Homens livres e de bons
costumes buscam sempre trabalhar na pedra, para torná-la cada vez mais
polida, mas são humildes em aceitar que o trabalho em sua pedra é eterno e
sempre terão arestas, mesmo que pequenas, para acertar em sua vida.

Referências bibliográficas:
- Grande Oriente do Brasil. Rito Escocês Antigo e Aceito – 2009.
- DA CAMINO, Rizzardo. Simbolismo do Primeiro Grau – Aprendiz.

Peça de arquitetura traçada pelo irmão Walter Coelho da Rocha Neto Aprendiz-
maçom da Augusta, Respeitável e Benfeitora Loja Simbólica Acácia Viçodsense
nº 1808, Oriente de Viçosa – Minas Gerais

Lapidando minha pedra bruta

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Desde que me iniciei nesta Augusta Ordem, e desde que adentrei ao
templo em busca da verdadeira luz, me foi sempre dito que deveria lapidar
minha pedra bruta.
Disseram-me também que este lapidar seria um trabalho lento e
solitário, onde deveria aparar minhas arestas sem reparar nas imperfeições de
outras pedras.
Entretanto, a solidão na caminhada ao espiritual não significa viver
apartado das pessoas, pois o crescimento sem a companhia dos irmãos é
impossível, visto que desapareceriam os referenciais que servem de colunas
de orientação.
Da mesma forma, torna-se impossível lapidar minha pedra sem reparar
nas pedras a meu lado que me servem de vetor e por isso mesmo de
orientação em minha lenta lapidação. É muito fácil dizer que eu não reparo na
imperfeição da pedra alheia e por isso também não vou querer que reparem na
imperfeição da minha.
A Maçonaria é sábia e perfeita em seus ensinamentos e nada nos é
colocado sem que haja uma razão de ser. Se no primeiro grau simbólico a
pedra bruta tem que ser desbastada, ela terá sempre como molde a pedra
cúbica.
Para que possa o Aprendiz galgar sua subida na escada de Jacó, ele
sempre terá como modelo o Companheiro. Dá mesma forma, o Companheiro
no polimento de sua pedra cúbica aprimorando-se em busca da perfeição
maçônica, também o fará moldando-se no modelo da pedra polida, que por seu
polimento reflete a sabedoria e conhecimentos do Mestre.
Daí a importância em reparar nas perfeições e porque não dizer nas
imperfeições de outras pedras, pois até mesmo o errado nos é importante para
que saibamos o que vem a ser o certo. A maçonaria é perfeita, mas o homem,
este, está fadado à imperfeição, pois vive ainda em sua constante luta entre o
espírito e a matéria.
Vemos também a necessidade de um aprendizado em conjunto nas
palavras de Lev Vygotsky que particulariza o processo de ensino e
aprendizagem na expressão “obuchenie” própria da língua russa, que coloca
aquele que aprende e aquele que ensina numa relação interligada e diz ainda
que “na ausência de outro, o homem não se constrói homem”. Pois se de uma
forma devemos abrir nossos corações para o que nos ensinam, da mesma
forma quem nos ensina deve saber tocar nossos corações.
A grande importância de nos reunirmos está em revigorar nossas forças
para o solitário desbastar de nossas imperfeições, pois além do carinho, da
fraternidade, do amor que nos une e nos fortalece, está também o exemplo que
damos e que seguimos. Pois fica, assim, mais palpável para nós, tornarmos
pessoas melhores, se estivermos ao lado de pessoas que consideramos e
admiramos.
Jean Piaget, Emília Ferreira, Tânia Zagure, Paulo Freire, Rubens Alves,
entre tantos outros pedagogos e pensadores são unânimes em reconhecer que
aprendemos mais pelos exemplos que temos do que pelas palavras que nos
falam, ou seja, a máxima – faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço –
não funciona nem em nossa infância, quanto mais em nossa maturidade. E,
sendo assim, não adianta dizer que por ser um trabalho solitário, tal trabalho

14
não me dará responsabilidades para com as pedras a meu redor, não basta
polir somente a minha pedra, tenho que também servir de exemplo para o
polimento de outras a meu lado.
Todavia, inerente a tal afirmativa, o maçom está fadado a ser sempre um
exemplo a ser seguido, um exemplo de moral, virtude, sabedoria, instrução,
bondade, tolerância, ou seja, estará sempre sendo cobrado em sua luta eterna
na construção de castelos a virtudes e masmorras ao vício.
O Aprendiz vem a ser um exemplo de modelo ao profano, e terá o
Companheiro como modelo, que por sua vez se espelhará nos Mestres, pois a
Arte Real sabiamente dividiu os graus simbólicos em três da seguinte forma: no
primeiro conheça a ti mesmo, vença suas paixões e submeta suas vontades;
no segundo adquira conhecimento, através das ciências para que no terceiro já
esteja pronto para ministrar os conhecimentos adquiridos e venha a formar
novos Mestres.
Daí, a importância de nos reunirmos, tanto em loja, quanto fora dela em
nossos momentos de ágape, para que na troca de experiências possamos nos
aprimorar, e comungando, em fraternidade e harmonia, possamos revigorar
nossas forças para a árdua caminhada em busca de conhecimento e sabedoria
para nos tornarmos homens melhores, servindo de exemplo ao resto da
humanidade.

Autoria do Irmão Ivan Barbosa Teixeira - ARLS Vale do Itapemirim, encontrado


no blog Arte Real

Luz e sombra...

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Dois caminhos estão abertos aos olhos do mundo: Um é estreito e cheio
de espinhos; outro é largo e liso, são as duas Veredas, a da Luz e da Sombra,
ou melhor, a do Bem e do Mal, de acordo com a estreiteza de muitas
consciências ou a sublimidade de outras... A Luz não se manifesta sem a
sombra!Como poderíamos reconhecer o Bem se o Mal não existisse? Como
podemos encontrar beleza e perfeição numa tela que se diz de valor real, se
ela não possuir os indispensáveis contrastes, para que, através da nuance das
suas cores, todos os contornos se destaquem com vida e nitidez?
O segredo incomunicável e inexplicável é: a ciência do bem e do mal. A
ciência que o discípulo deverá compreender para palmilhar, com segurança, a
vereda da Iniciação até encontrar o Senhor, não mais à beira da estrada, mas
dentro do sacrário de sua Alma... "Quando tivermos comido do fruto proibido
dessa árvore seremos como deuses", disse a serpente. "Se o comerdes,
morrereis", responde a Sabedoria Divina. Sobre esse assunto Mme. Blavatsky
expressava-se da seguinte maneira: "Entre a mão direita e a esquerda existe
um tênue fio de teia de aranha". E J.H.S dizia: que o bem e o mal, frutificam
numa mesma árvore e saem de uma mesma raiz. E que reunir o bem e o mal,
é uma obra de alquimia difícil de ser resolvida, tal como juntar numa só fusão,
dois metais desarmônicos ou antipáticos, como sejam: Ouro e Mercúrio.
No entanto, ouro é mercúrio e mercúrio é ouro, se soubermos
interpretar a famosa formula mágica da Alquimia divina! V.I.T.R.I.O.L! Mais de
um mortal ousou erguer o Véu de ISIS (que é o da própria consciência), porém,
ofuscados, talvez pela Luz intensa de sua Face resplandecente e bela,
acharam-se no dever de compartilhar com seus irmãos em humanidade, das
delicias sublimes que aquele Corpo encerra.
Assim foram Krishna, Hermes, Budha, Jesus e tantos outros Mestres;
que se imortalizaram ao terem deixado para a humanidade um legado da mais
alta significância, que um grande filósofo sintetizou nas seguintes palavras: "Os
Homens são deuses embrionários". Palavras de uma realidade absoluta!
Pois, de fato, Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, em Espírito.
Que, a despeito das nossas faltas e dos nossos erros, permanece em nós a
Centelha Divina. Que perdoando-nos reciprocamente tais imperfeições,
mediante atos de Fraternidade, deixaremos de ser: "deuses maldosos", para
nos tornarmos: "homens perfeitos".Não será implorando a Deus que nos
assista nos momentos de amargura e desespero, rogando-lhe que desça até
nós, para nos prometer o triunfo nas Guerras ou fortalecer-nos o braço
homicida, levantado contra a vida, a honra e os direitos dos nossos
semelhantes na Paz.
Mas, sim, elevando-nos, subindo até as alturas onde aquele Deus se
encontra, para Lhe pedirmos com humildade sincera, que pelo Amor, nos
converta em Homens e pelo Perdão, nos transforme em deuses!. Daí a
necessidade que tem o homem, o pequeno arquiteto, de imitar o seu Criador, o
Grande Arquiteto, no seu eterno trabalho de construir e edificar coisas belas e
perfeitas...
Encontrado no site Comunicação ECMAB

Uma decisão justa e perfeita!

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Vividos 29 anos, os quais eu considerava ter inúmeras e variadas
experiências, e claro, muitas que foram ótimas e outras tantas que, mesmo se
foram ruins não merecem ser esquecidas pois, situações nem sempre
agradáveis também nos ajudam a pelo menos a entender o que não se deve
fazer ou mesmo agir de uma forma diferente em uma nova oportunidade. No
entanto, mesmo tendo familiares envolvidos com a francomaçonaria e outras
entidades paramaçônicas, este era um tema desconhecido por mim e que para
falar a verdade, não me despertava tanto interesse, e olha que sou daqueles
que prezam por saber ao menos palpitar sobre qualquer tipo de assunto. E em
meio a esse contexto, surge o chamado a ingressar nessa tão falada ordem e
sendo exigido um prazo de resposta do qual já estava bem acostumado: “hoje
você me fala”.
Confesso que a decisão não foi difícil e antes do fim do dia a
resposta ao futuro padrinho foi exposta, e em meio a vários critérios que
poderiam ser avaliados para ingressar ou não na fraternidade, apenas um foi
levado em consideração: o fato que os maçons que eu conhecia eram homens
“livres e de bons costumes”, alguns deles que eram inspiração para mim antes
de ser iniciado e outros tantos que passaram a ser depois de ser agraciado
com a possibilidade de chamá-los de “irmãos”.
Como exemplo disso, cito o momento em que a luz foi então dada
ao neófito, onde ali estavam mestres que durante minha jornada acadêmica
muito contribuíram para minha formação com seus vastos conhecimentos,
sabedoria e experiência repassadas. Eram professores que eu olhava e dizia:
será que um dia no desenvolvimento de meus trabalhos profissionais
conseguirei ter tanta competência?
Respeitando um pouco a cronologia dos fatos, lembro de minha mãe
ser completamente a favor à minha candidatura à ordem, visto os trabalhos
exemplares exercidos por meu tio, um formidável maçom. Posso dizer que ele
também muito me inspirou, principalmente pelo fato que, no espaço de tempo
em que era um candidato a candidato até ser iniciado, tive a maior tristeza da
minha vida, perder meu pai de forma bastante inesperada e ver sendo
cumprida à risca uma nobre função maçônica: amparar as viúvas.
Na rotina de minha mãe, desde o lamentável dia do falecimento de seu
companheiro de 33 anos, não houve um dia sequer que seu irmão de sangue e
meu irmão maçom não a visitasse ou pelo menos ligasse para saber o que ela
precisava.
Sendo assim, a esse mesmo tio perguntei sobre sua opinião a respeito
da possibilidade de minha entrada na maçonaria, e que ao ver um sorriso de
orelha a orelha, recebi a seguinte resposta: “será uma das melhores escolhas
da sua vida e também, uma grande felicidade poder tê-lo de irmão”.
Acompanhado disso, também concluiu: “quando for o momento de sua
iniciação, com certeza irei”, sendo que posteriormente fiquei sabendo da
priorização feita por ele nesse em dia em relação a inúmeros outros
compromissos do mundo profano, fato esse, o qual também me contagiou com
grande entusiasmo.
Diante disso, surge então uma grande expectativa para saber se seria
ou não aceito e logo recebemos as visitas de sindicância. Uma em especial,
achei que resultaria em uma negação à minha entrada, perante o jeito peculiar
que fui cumprimentado por um grande companheiro e que futuramente seria
também um irmão.

17
Assim, estudando algo sobre maçonaria, li um texto interessante: 5
motivos para não ser maçom, que por mais paradoxal que possa parecer,
muito incentiva a buscar no nosso interior os mais sublimes e sinceros motivos
a querer se tornar um maçom. Nesse artigo, de autor desconhecido, se
destaca que não se deve ser maçom por:
Poder político, pois ao contrário do que muitos pensam, a Maçonaria
nada tem a ver com política partidária, nem com os políticos inescrupulosos
que infestam a sociedade nos dias de hoje. A influência que a Maçonaria pode
exercer, nesse sentido, quando age e pensa como Maçonaria, é somente de
ordem moral, pelo exemplo efetivo dos seus membros, por meio da aplicação
dos seus princípios fundamentais, apregoados ao longo dos séculos. Engana-
se, pois, quem pensa que ao agregar-se à Maçonaria, através dela, pelo
respeito que ela inspira, terá livre acesso aos corredores do Poder.
Também não deve querer iniciar-se maçom para realizar bons negócios
e ganhar dinheiro, pois o Nesse tópico o autor diz: “Quem pensar que o
ingresso na Maçonaria possa representar uma “porta aberta” para se obter
contato com as pessoas economicamente influentes, realizar bons negócios e,
desse modo, propiciar condições para “subir na vida”, pense outra vez, pois se
esse for mesmo o seu propósito, poupe-se ao trabalho e às despesas
consequentes, porque dentro da Maçonaria jamais conseguirá fazer negócios
diferentes daqueles que faria estando fora dela.
O que todos lhe pedirão, aqui na Maçonaria é que dê algo de si,
continuadamente, em prol dos seus semelhantes, sem mesmo cogitar em
retorno algum de ordem material e benefícios de ordem pessoal ou de qualquer
natureza, porque todos os negócios praticados na Maçonaria estão sempre
relacionados com a elevação moral e espiritual dos seus membros, através da
busca incessante pela sublimação do espírito sobre a matéria e engajamento
efetivo dos seus obreiros, no projeto de se construir um mundo social melhor,
mais fraterno e mais justo.
Não se deve pretender ser maçom por Influência social, honrarias e
reconhecimento, pois ser reconhecido simplesmente como “Irmão maçom”, em
todos os casos, enfim, é a maior honraria recebida pelo obreiro,
independentemente do seu status social, profissional ou cargo Maçônico que
ocupe na instituição.
Deve-se também não pensar em adentrar a ordem por curiosidade em
conhecer o “Segredo Maçônico” e nesse sentido, ao contrário da ideia explícita
do texto mas fortalecendo sua proposta mais profunda, entrando na câmara de
reflexão, seus dizeres logo me mostraram muito do que poderia inspirar ou não
um profano a ingressar na maçonaria:
Se a curiosidade aqui te conduz, retira-te: assim, concluiu-se que a
Maçonaria não pode servir de campo experimental para satisfazer uma simples
necessidade humana, pois sendo manifesto o desejo da Maçonaria de
participar ao mundo sua utilidade por meio de sábios e discretos ensinamentos
e por elevados exemplos, ela reprime a louca afeição ao superficial, ao fútil,
engrandecendo no homem o desejo de instruir-se através de estudos sadios,
sérios e proveitosos.
Se tens receio de se descubram os teus defeitos, não estarás bem
entre nós: Lendo isso, percebi que a Maçonaria é perfeita mas nós somos
sujeitos ao erros e a busca por nosso crescimento espiritual deve ser
constante, pois o homem não pode alcançar um grau de elevada perfeição

18
senão pelo constante estudo de si mesmo e com o conhecimento mais amplo
de suas fraquezas.
Se tens medo, não vás adiante: já que o sentimento de medo faz com o
homem bloqueie seu caminho a ser triunfado, inibindo a sua coragem,
perseverança, auto-estima, valor e fé.
Se queres empregar bem a tua vida, pensa na tua morte: e nesse
momento lembrei somente de meu pai, que se foi em um instante mas deixou a
herança de bons exemplos e uma vida carregada de ações laboriosas dignas
sempre de lembranças.
E assim, recebendo a luz e nosso avental de aprendiz,passamos a
trabalhar na pedra bruta e perceber a importância da mesma ser lapidada para
fazer parte da construção do nosso edifício social, pois cada pedra bruta que é
lapidada está apta a contribuir na construção de um Templo interior de cada
Maçom.
Com o tríplice e fraternal abraço de nosso venerável, nos é passada
também toda a energia dos novos irmãos que como tal, nos reconhecem da
forma mais familiar existente.
E observando a forma como os irmãos aqui se cuidam e a inspiração da
maçonaria em preservar a luz fraterna que ilumina a loja, pude entender o fato
de São João, por ter absorvido do grande arquiteto do universo toda a filosofia
do amor, ser então nosso padroeiro.
Ressalto, enfim, que minha iniciação como maçom se fez também em
um momento em que mais precisava me unir a minha família, família essa
agora de três pessoas, como o número perfeito que simboliza a trindade; o
número que representa a força, beleza e sabedoria, essa última que eu tanto
precisava ao ser agora o líder da família; a onisciência, onipotência e
onipresença, que também me inspirava pois, precisava também estar bastante
cada vez mais presente em corpo na minha cidade natal.
Assim, sem sombra de dúvidas acredito que para quem possui a honra
de entrar para a Maçonaria uma escolha justa e perfeita foi realizada, e o
objetivo de ser maçom está no nosso mais profundo sentimento fraternal, pois
como diz um dos meus padrinhos, “a Maçonaria está no coração, basta deixar
ela se manifestar”.

Referências bibliográficas:
 Grande Oriente do Brasil. Rito Escocês Antigo e Aceito – 2009.
 DA CAMINO, Rizzardo. Simbolismo do Primeiro Grau – Aprendiz.
 Revista Universo Maçônico. Reflexões, 02 de dezembro de 2010.
 Revista Universo Maçônico. Tempo de estudos, 09 de junho de 2010.

Peça de arquitetura traçada pelo irmão Marcelo Carvalho de Souza, Aprendiz


Maçom da Augusta, Respeitável e Benfeitora Loja Simbólica Acácia Viçosense nº
1808, Oriente de Viçosa - Minas Gerais

Veneráveis e Veneralatos

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Tal como o Rui Bandeira sabiamente explanou nos seus últimos dois
textos e que se reportavam à vida interna das Lojas maçônicas, também é de
fulcral relevância salientar o contributo que os Veneráveis Mestres (VM)
("presidentes da Loja") têm em relação à vida interna destas Lojas.
A própria dinâmica da Loja depende grande parte da dinâmica imprimida
pelo seu Venerável Mestre bem como pela sua forma de gerir os "destinos" da
Loja.
Uma larga maioria não consegue separar - e isto não é crítica sequer - o
mundo profano do mundo iniciático, ou seja, por defeito profissional, muitos nas
suas vidas laborais gerem e dirigem pessoas, logo tenderão a agir na
Maçonaria da mesma forma que o fazem no mundo profano.
Sendo também, por isso mesmo, mais fácil para estes tomar a seu cargo
os destinos de uma Loja e a gerir o que lá se passa no seu interior. Mas não
releguemos também que a sua forma de agir e estar perante a Sociedade, a
sua Educação e Formação Acadêmica também auxiliam e muito o seu (bom!)
desempenho, nomeadamente na forma de lidar com a Loja e os seus
membros.
Não existem manuais de sobrevivência para um "VM", existirão sim
pequenos guias ou opúsculos que algumas Lojas ou Obediências tenham
escrito para facilitarem um pouco a vida de quem durante um ano (em média)
terá a responsabilidade de gerir a Loja, mas o essencial para a gestão da Loja
será a sua vivência e práxis maçônica. Sendo que uns serão mais "ritualistas" e
outros mais "administrativos" no cumprimento das suas funções.
- Cada um como cada qual... -
Mas não obstante, esta diferenciação da forma de gerir e de estar, pois a
cada identidade corresponderá uma forma de gerir, permite a vantagem
mesmo que uma Loja tenha uma prática de trabalho homogênea, esta será
sempre um pouco diferente de ano para ano, possibilitando aos seus membros
não ficarem reféns de certo marasmo que não lhes possibilite evoluir, seja
maçonicamente, quer pessoalmente.
Outra das vantagens que diferentes abordagens ou estilos de gestão
permite, é que pelo fato de a presidência da Loja ser quase sempre anual e
dependente de sufrágio pelos Mestres que compõem a assembléia da Loja,
impedirá, por certo (!), determinadas formas gestionais de cariz ditatorial
prolongadas no tempo; resultando que se um dado "VM" desempenhar mal ou

20
de forma nefasta o seu cargo, a Loja somente terá de o "aturar" um ano ou
menos! , mas possibilitando a alguém que desempenhou um bom ofício, que
soube conviver bem com as responsabilidades que lhe estavam inerentes,
e que num bom português eu possa dizer que tenha levado a Loja a "bom
porto", deixando saudades e inclusive "fazendo escola", criando assim alguns
seguidores que queiram prosseguir nessa forma de (bem) gerir.
- E cada Loja é uma Loja, tal como cada maçom é diferente do seu
semelhante.
Cada Loja tem a sua identidade própria, podendo ser parecida ou não
com as outras de uma mesma Obediência, até porque cada Loja é formada por
gente que também pode ser diferente entre si. A heterogenia dos
seus membros é uma das grandes qualidades que a Ordem Maçônica se pode
orgulhar e enaltecer.
Mas por outro lado, e porque nem tudo "são rosas...", nem sempre corre
tudo bem ou como deveria ocorrer dado existirem, por vezes, Lojas que não
deveriam estar sequer em funcionamento dado que o que se passa no seu seio
ser tudo menos maçônico, e quase sempre com a conivência do seu "VM". -
mesmo que ele não seja o responsável por tais atos, a Loja depende dele e ele
será sempre a pessoa que dará a cara pela Loja! - E por causa disto é que um
"VM" tem de ter características naturais de um Homem bom, Livre e com bons
costumes, - soa a "beato", mas é assim que tem de ser - para que tais
situações menos nobres não ofusquem a Luz que deve resultar da Maçonaria e
emanar na sociedade à sua volta.
Ser "VM" não é tarefa fácil, não é "bater o malhete" como se queira...
Existem determinadas regras a cumprir e a fazer por cumprir!
Logo, ser investido nas funções de Venerável Mestre não poder ser
encarado de forma singela, mas antes como uma demanda tanto pessoal como
coletiva. Pessoal porque tal é desempenhado através de um labor próprio e
que depende intrinsecamente de si mesmo, e coletivo porque é feito a bem da
Loja e da Obediência em geral.
Não é fácil esta tarefa, tal como salientei. E uma parte importante deste
trabalho também e que não pode ser esquecida é o apoio que os obreiros da
Loja dão ao seu "VM", auxiliando-o na condução dos "trabalhos", promovendo
iniciativas em prol da Loja, produzindo Trabalhos/Pranchas e debatendo
respeitosamente a vida interna da Loja.
Apenas uma Loja com obreiros ativo e cujo "VM" seja alguém que
possibilite a troca de idéias efetivas, terá um bom prenúncio na sua existência,
pois as boas decisões nunca estão sozinhas e muitas das vezes para serem
corretamente aplicadas dependerão daqueles que, por sinal, as terão de
cumprir...
E por isto que anteriormente afirmei é que considero que uma Loja não é
do seu Venerável Mestre, mas sim, que o Venerável Mestre é que é da Loja!
E quem não interiorizar isto, ou não sabe ao que se propõe ou não estará bem
na Maçonaria...
Mas nem sempre quem já foi "VM" quis despir o seu cargo, isto é, são
mestres que embora já não detenham essas funções, mas que mesmo assim
desejam e insistem em o a continuar a o ser... Obstaculizando de forma
premente o trabalho que o "VM" em exercício possa fazer.
Condicionando este com atitudes ou idéias suas e acicatando os demais
obreiros contra o desempenho do seu "VM"; considerando eu isto como uma

21
forma de rebelião que não deveria ter lugar num espaço onde a fraternidade
deveria ser um dos seus pilares fundamentais.
Mas pior que isto, serão aqueles que nunca cumpriram tal ofício, mas
que acham que o desempenharam ou que detêm o direito de vi-lo a ocupar de
forma unilateral, condicionando ativamente o desempenho que o "VM" deverá
levar a seu cargo...
Enfim, há de tudo um pouco... infelizmente! Até existem aqueles, sendo
mestres ou não, que se acham a "voz da razão" e assim se acharem os "donos
da Loja", bloqueando tudo (ou quase...) aquilo a que se propusera a fazer o
seu "VM". E esta forma de inquinar uma Loja não deveria ser aceite pelos seus
membros e muito menos ser feita com a complacência de um "VM", pois foi ele
o eleito para a direção da Loja e mais ninguém. Uma coisa é um
"VM" aconselhar-se, outra diferente, é deixar outros executarem o seu
trabalho.
E é por isto que amiúde existem cisões e/ou "abatimentos de colunas"
de Lojas com "adormecimentos" ou transferências de membros para outras
Lojas, porque já não é possível a convivência entre si. Deixando eu à reflexão
para os demais esta situação que é deveras importante para a sobrevivência
de uma Loja.
Um "VM" que saiba desempenhar bem o seu cargo nunca permitirá que
aconteça o que eu referi e saberá, ou pelo menos tentará gerir os egos e
diferenças de opinião que existem no seio da sua Loja. Essa sim será talvez a
maior dificuldade que poderá encontrar durante o seu veneralato, pois as
questões rituais ou administrativas, quando não são graves, são facilmente
tratadas ou ultrapassadas.
E regra geral são as Admissões de profanos com as suas Iniciações, os
"aumentos de salários/graus", gestão corrente da tesouraria da Loja e pouco
mais. Aqui sim, um "VM" pode pelas suas qualidades pessoais fazer diferente
dos restantes que passam por essa função; a tal "dinâmica" que abordei.
Felizmente que a Respeitável Loja a que pertencem os Mestres
"escritores" neste blogue conta nas suas colunas com gente com
conhecimentos suficientes para fazer prosperar a Loja. Apoiando-se nos seus
membros mais antigos que com a sua experiência e sabedoria corrigem
qualquer "desvio administrativo" ou erro ritual que possa surgir, bem como nos
seus membros mais recentes, gente pronta a "arregaçar as mangas" e se por a
trabalhar, assim os deixem.
É somente devido a esta complexão de "idéias e vontades", convergindo
numa ação perseverante e regular, é que uma Loja tem um bom futuro
assegurado.
Não basta viver à sombra de feitos do passado, e esta Loja os tem feito;
há que criar sempre novas dinâmicas e formas de gerir e a Respeitável Loja
Mestre Affonso Domingues nº5 conta já no seu historial de mais de 25 anos de
trabalho ininterrupto com gente capaz de fazê-lo por mais 25 anos e até mais...
E gente que pela sua forma de estar, pela sua sensibilidade pessoal e apoiada
nos vastos conhecimentos de alguns dos seus Irmãos, podem ser "herdeiros
naturais" da linha de sucessão criada há vários anos na Loja e que ainda hoje
em dia se utiliza.
E concluindo um texto que já vai longo, um Venerável Mestre como
sendo alguém com a responsabilidade da gestão anual da Loja, nunca poderá
pensar em curto prazo, apenas na gestão corrente, mas sempre com um

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pensamento a médio/longo prazo, para que a Loja não divirja nos seus
destinos, não se preocupando em deixar um "legado pessoal", mas sim, algo
sustentado pelo tempo.
E por isso mesmo, deve ser alguém com vontade de trabalhar e com
"espírito diligente" e rigoroso, sendo meticuloso e disciplinado no que faz,
devendo ser o melhor "relações públicas" da sua Loja, pois ele é que dará a
cara por ela; não devendo ter um perfil autocrático, mas antes um elevado
sentido fraterno.
Em suma, ser alguém que goste de trabalhar e que o faça pelos outros,
não esperando qualquer tipo de encômios à sua pessoa.
Somente tendo uma postura humilde perante os seus pares, pode um
"VM" ser exaltado pelos demais, e isto se assim o tiver de ser... - Para, além
disso, terá de ser alguém capaz de estabelecer pontes entre os Irmãos que
tenham divergências ou contendas entre si, sendo um bom ouvinte e
confidente, para além de ter a capacidade em aconselhar os obreiros naquilo
que necessitem do seu "VM", e que saiba agir com a "parcimônia" necessária
ao seu cargo, sem impulsos ou afins... pois terá de ter a ponderação
necessária a cada decisão que tenha de tomar ou que venha a ter de aplicar
em relação às funções a si designadas como representante da Loja na
Obediência onde esta se encontra filiada.
E chegando ao final do seu veneralato, ter a capacidade de fazer um
auto-exame de consciência e refletir no que se propôs a fazer no que fez e no
que poderia ter feito e extrair de aí as suas próprias conclusões, por forma a
que quando se sentar no Oriente ao lado do próximo "VM", poder ser ele,
também, uma "voz" de e em auxilio a este, porque a função de Past-Venerável
ou Mestre Instalado não é mais que isso, uma voz em auxilio do novo
Venerável Mestre.
E como "VM" reconhecer que recebeu a Loja com um determinado
funcionamento, em determinado momento, e que entregou ao seu substituto na
"cadeira de Salomão" uma Loja que deverá ser mais coesa e mais forte do que
aquela que terá recebido do seu antecessor, - esta é a sua obrigação! - o que
nem sempre é simples de ser feito.
Não deixando nunca de ter sempre presente a noção de que por qual forma
pretenderá ser (re) conhecido no final do seu ano de trabalho, se por ter sido
"Venerável" ou pelo seu "Veneralato"...

Autoria do Irmão Nuno Raimundo - Blogue A Partir Pedra

Como era na vida profana...

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Paulistano... filho de classe média alta... mimado desde criança.... 10
anos estudando com os jesuítas (Colégio São Luis), mesmo colégio que meu
pai e tios estudaram... ave-maria em francês...diversas vezes coroinha...
mesada polpuda...ç educação diferenciada... casa na praia... frequentador de
clubes esportivos e sociais... viagens freqüentes... acho que até mesmo por
esta “couraça” formada, desenvolvi uma auto-confiança exacerbada... muitas
vezes até arrogante... o que eu sempre procurava amenizar qualificando-me
como assertivo!
Neto de empreendedor do óleo (Óleobras) e baralhos (Copag)... filho de
advogado e empresário do ramo papeleiro (Durapel)... como autêntico
descendente de italianos compareciamos todos os domingos à casa da “nonna”
onde 20 a 30 familiares rodiziavam seus pratos de macarrão e “braciolla” com
garrafas de vinho, ao som de operetas romanas e napolitanas.
Aos 15 anos conheci o Rugby (esporte inglês, que lembra mo futebol
americano) ao qual comecei a me dedicar com entusiasmo... campeonatos
paulistas... evoluíram para brasileiros... chegando até aos “!sul-americanos”...
que se tornaram freqüentes.... começava aí um distanciamento familiar! Carro
zero aos 18 anos... as viagens com amigos se rodiziavam com os dias de
jogo... pouco tempo destinado à família.
Veio então a época da faculdade... entrei em Administração de
Empresas por achar um bom curso generalista... ao final do 1º ANP resolvi
prestar Educação Fisica, amante de esportes que era... entre... passei a
Administração para a noite...
Ao final do 2º ano de Administração e do 1º de Educação Física prestei
outro vestibular... agora para História... entre e comecei a cursar à tarde e
Administração d Empresas à noite. Treinava rugby às 2as, 4as e 6as das 14h
às 22.30h/23hs, após a faculdade, ia para a casa da minha namorada onde
ficava até as 2 ou 3 da manhã... sem limites: eu não achava!...
Fomos então, acometidos de uma tragédia, quando meu pai sofreu um
AVC fulminante aos 49 anos... este, se mostrou irreversível, vindo meu velho a
nos deixar... convenhamos, nervoso, sempre exagerou no copo... senti por
demais tamanha perda mas não queria enxergar esta nova realidade... tanto
que, 3 meses depois, faria uma festa para 400 pessoas..ç era como se não
quisesse pensar nos fatos... estava com 20 anos!
Minha mãe... família quatrocentona de MG (Brum-Soares de Azevedo)
sempre estudou com as Freitas no Maria Imaculada.... ficou viúva aos 45...
nunca trabalhou... e nunca se casou novamente... dedicação, mesmo que com
mais parcimônia, ainda sed manifesta nos dias de hoje... ela gora aos 80.
Tenho uma irmã.
Ainda aos 20 anos já havia montado uma pequena fabriqueta de
móveis... 12 funcionários... estagiado e trabalhado no departamento financeiro
de 2 bancos estrangeiros. Decidi então continuar os estudos e fazer um
mestrado em Marketing. Lá fui eu para Los Angeles na Califórnia... Me casei 2
anos depois com aquela mesma namorada de São Paulo, da juventude.
Trabalhei 10 anos em Los Angeles. Viajei a trabalho excessivamente por 39
estados norte-americanos e 30 países.
Fazia jornadas de duas e três semanas vendendo jóias por atacado a
Lojistas. Muito contato com nacionalidades e culturas diversas. Tornei-me um
auto-didata. Rigoroso, me impunha metas semanas de venda ($)! Relação

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conjugal? Insipiente! Resultado: separado aos 33! Voltei ao Brasil! Realimentei
antigos contatos... estava de volta! Rodas sociais... bebidas... noitadas.
Montei novo negócio, desdobramento do anterior... Conhecí, então
minha atual esposa... convivemos 2 anos em Belo Horizonte, até que decidi
voltar aos EUA... agora na costa leste, em Miami. Ela aceitou meu convite! Lá
se foram outros 13 anos...
Há 3 anos voltamos ao Brasil. Minha esposa foi quem escolheu Viçosa
(ela, nativa de Guaraciaba). Temos dois filhos, Pietro de 13 e Nicholas de 11
anos. Fiquei 6 meses me energizando e outros 12 pesquisando o que fazer...
Enveredei, então, por escolher um modelo de negócios existente...
EDUCAÇÃO era a minha opção... de forma que pudesse aplicar
características diversas empreendedoras, manifestadas, aprendidas, lapidadas
e praticadas na “terra do Tio Sam”.
Adquiri e estruturei parceria com a rede londrina Oxford er habilitei a
mais nova escola de idiomas de Viçosa, a “Achieve Languages”, que
completará 1 ano no final de setembro de 2017.
Meus irmãos... O objetivo desta pequena explanação fpoi me libvrar de
brios e retratar a dinamicidade da minha vida profana. Dentre a evolução dos
fatos, mencionei que muitas vezes me encontrei justificando o trocadilho
assertivo – arrogante, mas posso mencionar outros, os quais poderiam também
me descrever: entusiasta mas exagerado... muitas vezes até sem limites...
descabido... dedicado... extravagante... narcisista..., persistente... criterioso,
mas impaciente e impulsivo. Solidário sempre!
Este é o Beré... que poucas vezes se via avaliado por termômetros
alheios... a exagerada independência nos afazeres sociais e esportivos
diversos imperava!
Como ingressei na maçonaria?
Já tinha ouvido alguns relatos de um tio (hoje meu irmão) que meu avô
havia sido fundador de Loja (Loja Campos Sales em São Paulo) Tópico
dormente por décadas... até o que em que, já em Viçosa, passei em frente ao
prédio da Acácia. Anotei os poucos dados disponiveis. Pesquisei fone e
contato, sedm sucesso! Passei mais algumas vezes na frente da Loja e
lamentava o fato desta estar sempre fechada, não tinha noção alguma de
horários; até que uma 2ª feira à noite passei casualmente à frente da Loja e vi
um certo burburinho:... Pronto, começava aíi uma viagem sem volta.
Descrever entrada à Loja... “ciao bello!” Adiós Beré de Outrora...
arrivederci profano!!... Bem vindo irmão Beré!
E hoje, como me vejo?
Minha iniciação ocorreu em novembro de 2016, há 9 meses... Ironia?
Não!, mas certamente um nascimento junto aos irmãos gêmeos Walter e
Bruno...
De uma só tacada ganhei 50 irmãos! Eu que sempre achei que apenas
uma irmã (sanguínea) era muito pouco... Sempre fui ansioso;;; acredito ter
aprendido novos temperos para dosar este quesito! Venho praticando, me sinto
melhor!
Percepção... Antes eu tinha a necessidade de passar uma imagem, hoje
procuro ser uma pessoa melhor, sem me incomodar como sou visto. Antes eu
chegava em uma festa e pensava quanto o anfitrião gastou para fazer a festa...
hoje não mais... olhava a maneira como as pessoas estavam vestidas, hoje
isso não retrata a pessoa com quem quero passar bons momentos!

25
Não vejo as coisas como elas são, vejo as coisas como eu sou... como
penso, com os valores que EU desenvolvi. É o meu olho que vê, o ouvido que
escuta é meu, ou seja não existe uma percepção 100% pura, pois sempre vai
ter o nosso filtro, de como entendemos as coisas!
Hoje respiro antes de avaliar as situações... pior mesmo é a opinião de
quem somos... parte-se de visões estanques, o que é dito e percebido é o que
guardamos. Começamos de cedo a formar uma opinião sobre determinado
assunto. Temos uma opinião sobre nós mesmo que diverge da opinião de
como os outros nos vêem.
Livre e de bons costumes... livres para que? Estava me perguntando e
na hora me veio a resposta... livre para pensar, para comparar, para simular e
para agir, ou seja, “sou livre sim” mas a gama de conhecimento e informação
que flutua por este ambiente e que quase sempre nos favorece, nos habilita a
continuar sendo livres, porém, é como se uma lanterna nos sinalizasse por qual
via caminhar!
Desimpedido para agir! Não ser escravo de vícios ou paixões... Ser mais
humilde? Permita-me mencionar seu nome... irmão ( ) consigo fechar os olhos
e enxergá-lo!
Ser eficiente? Permitam-me fazer o mesmo com vocês, irmão..., irmão...
e irmão...
Ser companheiro... Tenho um staff de futebol com meus outros 11
irmãos aprendizes.
Orgulho de usar este avental branco, o mais simples possível!
Ser leal, não medir esforços para ajudar outro irmão. Ter prazer em
executar. Antecipação é uma palavra que pratico com freqüência!
Aos meus padrinhos Luciano e Adalberto, o meu muito obrigado por
estarem permitindo que este” paralelepido” continue almejando virar “lajota”,
cerâmica ou quem sabe até mesmo uma virtuosa “semi-preciosa”.
Aprender com as derrotas e não nos revoltarmos, aceitar = Serenidade!
Serenidade, tolerância, não ficar envaidecido, não denegrir a imagem do outro,
estes são alguns atributos quer ainda não encabeçam minhas rotinas. Preciso,
certamente praticá-los mais!
O profano já se foi. Relato que estou contente com a evolução dos fatos.
Percebo que estou satisfeito com o “pacote” que vem se apresentando.
As decisões futuras que vou tomar... deixando o passado para trás,
continuarão norteando o “futuro eu”.
Deixar os metais pra fora? Sim... E por que não aproveitar e me despir
de todos os brios que possam inibir ou limitar minha ascensão, nesta, que sem
sombra de dúvidas se tornou uma das etapas mais importantes deste aprendiz
participante e ávido por informação..

Peça de arquitetura traçada pelo irmão Carlos Alberto Beré Filho, Aprendiz-
Maçom da Augusta, Respeitável e Benfeitora Loja Simbólica Acácia Viçosense nº
1808, Oriente de Viçosa – Minas Gerais

Coincidências do mitraísmo com o cristianismo e a maçonaria e minha visão

26
Antes de iniciar gostaria apenas de contextualizar como defini o tema.
Na verdade foi uma coincidência. Quase que o tema que me escolheu.
Estava passeando em Roma com minha família, e ao visitar o Vaticano
com um guia, o questionei a respeito de algum detalhe maçônico que pudesse
me passar. Para minha surpresa ele se pôs a me dar sinais, inicialmente com
os pés em esquadria e posteriormente no toque de mãos, o qual correspondi.
Após mostrar-me vários sinais em obras no próprio Vaticano, indicou
que eu visitasse a Igreja de São Clemente, onde eu veria um tempo do
Mitraísmo no segundo subterrâneo.
Ao visitar a tal Igreja de São Clemente, realmente me surpreendi com o
que encontrei no subterrâneo. Nessa basílica é possível perceber três
momentos distintos de Roma:a basílica atual na superfície; uma igreja dos
anos 1000d.c. no primeiro subterrâneo; e no segundo subterrâneo, um templo
do Mitraismo também chamado de Mithareum, datado do primeiro século desta
era. Era uma câmara bastante antiga e rústica, com bancos de pedra de cada
lado, mas que lembrava muito as colunas de nosso templo.E ainda possuía
duas salas anteriores, uma maior e outra bem menor e fechada, que relacionei
com o nosso Átrio e Câmara das Reflexões, respectivamente.Inegável a
similaridade com nosso templo! Obviamente curioso, me pus a pesquisar sobre
o tema.
O mithraeum típico era uma pequena câmara subterrânea com um teto
abobadado em que se cultuava o Mitraísmo. Acomodava de 20 a 30 pessoas
dividido em duas colunas, sendo que ao centro, havia geralmente um relevo
esculpido, uma estátua ou pintura do ícone central do mitraísmo: a chamada
tauroctonia em que o deus do culto, Mithra, é mostrado no ato de matar um
touro acompanhado por um cão, uma cobra, um corvo e um escorpião.;
Esses Mithraeum eram decorados com várias representações e pinturas,
em sua maioria dxe corpos celestes, como zodíaco, os planetas, o sol, a lua e
as estrelas dentre outros.
E o que seria esse tal de Mitraísmo? Logo nos primeiros textos, me
deparei com a frase de um teólogo e filósofo francês chamado Ernest Rena:
“Se o cristianismo tivesse sido detido em seu crescimento por alguma doença
mortal, o mundo teria sido mitraísta” (Ernest Renan, MARC Aurèle).
O culto de Mitra era uma religião misteriosa e simbólica; só participavam
dos cultos os iniciados nos Mistérios de Mitra, não havendo distinção social
entre estes; possuía vários graus, num total de 7, tendo aprendizes,
companheiros e mestres; as mulheres ficavam excluidas das formas exteriores
e regulares da liturgia.
Sempre foi uma religião privada que jamais recebeu verbas públicas,
sendo os templos de Mitra singelos e despidos daquela ostentação que
caracterizava a maioria das outras religiões. Possuia grande tolerância em
relação a outros credos e devido a isso, nunca foi perseguido, mas por outro
lado nunca gozou da propaganda resultante de persecuções recorrentes.
Os primeiros registros de Mitra datam inicialmente de 1380 A.C., na
Índia védica mas posteriormente foi cultuado na Pérsia, chegando a Grécia e
Roma e com o Império Romano se espalhando por toda a Europa.
As similaridades com o Cristiano são muitas.

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Não entrarei em detalhes teológicos, mas resumidamente, Mitra agia
com,op mediador entre a humanidade e o Ser Supremo. Era conhecido como o
deus Sol. Encarnou-se para viver entre os homens e enfim morreu para que
todos fossem salvos. Era o deus protetor dos justos, o deus das vitórias
militares, das colheitas, da caça, o deus que espantaria o mal.
Os fiéis comemoravam a sua ressurreição durante cerimônias onde
erram proferidas, cânticos e alguns mantras e palavras, como as seguintes por
exemplo: “Aquele que não irá comer o meu corpo e beber o meu sangue, assim
que ele seja em mim e eu nele, não será salvo”.
Mitra encarnou no dia 25 de dezembro, data que na antiguidade
correspondia ao solstício de inverno. Ele nasceu de uma rocha e pregou numa
caverna, assim como que Jesus veio ao mundo numa gruta.
Mitra fora gerado por uma virgem denominada “Mãe de Deus” e
manteve-se casto durante sua vida terrena. Pregou a irmandade universal e
operou inúmeros milagres.O acontecimento mais marcante foi a luta simbólica
de Mitra contra o touro sagrado que ele derrotou e sacrificou (taurotonia) em
prol da humanidade.
Os iniciados de Mitra eram batizados com borrifos de sangue do touro e,
finalmente, purificados com água. Em épocas romana o touro podia ser trocado
por um carneiro, sendo que no século VII, a a Igreja Católica tentou sem êxito
suprimir a representação de Cristo como carneiro, justamente por ser esta uma
imagem de origem pagã.
Existem relatos que atestam que fiéis de Mitra compartilhavam pães
redondos e água sagrada, simbolizando, respectivamente, a carne e o sangue
do deus encarnado. Este ritual ocorria aos domingos, similar à missa cristã.
Os primeiros contatos entre o mundo romano e mitraistas persas datam
do século I antes de Cristo, e teriam, sido trazidos pelos soldados que lutavam
no oriente, e também por prisioneiros destas guerras. Ganhou grande prestígio
entre estes por ser um deus militar, provedor das vitórias. Tanto que o iniciado
nos Mistérios de Mitra recebia o título de milites, ou soldados.
Era um deus das classes mais humildes, mas ascendeu junto a recém
formada classe média romana, à medida que Roma crescia como potência
mundial, chegando até a corte, tendo vários imperadores iniciados em seus
mistérios. Destaque para Nero e Constantino, dentre outros., Chegou até ser
instituído como religião oficial de Roma no ano 270-275. Dizia-se haver
milhares de templos de Mitra espalhados pelo Império romano..
No entanto, com Constantino, surgiu o interesse de trer uma religião
legitimamente romana, que ajudasse a controlar as massas e unificasse o
vasto e diversificado Império Romano que representasse o orgulho romano em
vez i de cultuar uma religião importada de um de seus principais rivais, que a
era a Pérsia.
Assim, no século III, Constantino usa todo seu poder para implantar o
Cristianismo, adotando grande parte dos ensinamentos do Mitraísmo no intuito
de ficar mais simpático ao povo e conquistar a simpatia do exército, crucial ao
sucesso do projeto.
Convenientemente formou-se um Cristianismo mais popular, aberto a
todos, aceitando inclusive as mulheres. Igrejas e basílicas suntuosas foram
construidas em cima de templos mitraicos subterrâneos, impedindo que
pessoas ali entrassem secretamente. Somente no reinado de Teodósio (375-
395) o Cristianismo torna-se religião de Estado.

28
Enumerando resumidamente algumas coincidências ente o Mitraismo e
o Cristianismo, podemos citar:
- Mitra nasceu no dia 25 de dezembro
- Mitra nasceu em uma gruta
- Sua mãe é uma virgem imaculada
- Um cometa passa por cima da gruta do nascimento de Mitra, similar à estrela
que anunciou o nascimento de Jesus
- Pastores estavam presentes em seu nascimento, assim como Jesus
- Seu dia é o domingo
- Mitra ´[e o deus solar, sendo representado pelo ouro, assim como o ouro está
presente como símbolo da divindade de Cristo
- Mitra era casto e celibatário, pregava a ressurreição, a fraternidade e
comunhão; assim como no Cristianismo
- A oblação do pão e vinho, o sangue do touro purificando com a água, remete
à Santa Ceia e ao batismo cristão
- O Mitraísmo já pregava a dualidade entre o bem e o mal, ; Deus e o Diabo
para os cristãos
- Pregava a alma imortal, assim como o cristianismo em seus ensinamentos
prega a vida eterna- O Mitraísmo acreditava na batalha final, enquanto o
Cristianismo fala em Apocalipse.
Já com a Maçonaria, diversos autores citam as reais influências que p
Mitraísmo teria causado na nossa Ordem. Destacando algumas coincidências
podemos citar:
- Só podia ser frequentado por homens e com o estímulo ao desenvolvimento
de forte fraternidade entre estes, inclusive chamando uns aos outros de
irmãos
- Pregava por parte de seus iniciados a conduta moral, da ordem politico-social
e a vontade de defender de maneira ativa e não contemplativa, o bem e a
virtude
- Caridade e ajuda eram universalmente praticadas
- Tinha característica secreta e iniciática, sendo seus rituais e ensinamentos
somente passados a estes
- Fazia parte do ritual,de sua iniciação o juramento do segredo, purificação
pelos quatro elementos, além de oferendas como a do mel e outros
elementos reconhecidos hoje em rituais maçônicos
- Possuia palavras de passe
- Similaridade entre os templos e símbolos
- Possuia vários graus num total de 7, sendo que o primeiro era simbolicamente
a morte para o mundo “profano”
- Cada methareum tinha seus próprios funcionários, seu presidente,
conselheiros, comissões permanentes, tesoureiro e assim por diante, e havia
graus superiores que garantiam privilégios para alguns poucos
- O Deus Mitra representava a Luiz, o deus Sol, similar à luz que emana do
Oriente pelo Venerável
- As chamadas criptas de Mitra têm bastante semelhança com a câmara de
reflexão das iniciações maçônicas
- Muita influência astrológica em sua teologia
- Segundo alguns autores, assim como as Lojas Maçônicas, possuía
personalidade jurídica e até mesmo propriedades civis

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- Dentre outras coincidências que se manifestam principalmente aos graus
superiores, com destaques para o grau 28 da maçonaria.
Importante dizer, que não quero, de forma alguma, ofender a religião de
ninguém. São fatos históricos levantados por pesquisadores científicos.
São inegáveis as benesses que o Cristianismo e as religiões trouxeram
à humanidade. Mas, por outro lado não podemos fechar os olhos para os
interesses políticos existentes em quase todas.
Citando um pensamento de Buda (Siddhatha Gautama)que sempre
gostei muito, ele diz:
“não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo
simplesmente porque todos falam, a respeito. Não acredite em algo
simplesmente porque está escrito em seus livros religiosos. Não acredite em
algo só porque seus professores e mestres dizem que é,verdade. Não acredite
em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois
de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão e
que conduz ao bem e em benefício de todos, aceite-o e viva-o”.
Poderia terminar meu trabalho por aqui. Mas por ser meu primeiro
trabalho, peço licença aos irmãos para colocar uma reflexão pessoal que o
tema e o início na maçonaria me proporcionaram.
Como as religiões, na maçonaria ou quaisquer práticas, penso que o
importante é para onde vos leva e o quer nos traz, como pessoas.
Uma das minhas primeiras impressões ao adentrar na maçonaria, foi em
quão bem tratado fui por todos, sem exceções!. Cada um à sua maneira,
obviamente, mas sempre tratado como IRMÃO.
Fiquei realmente lisonjeado e impressionado. Até entender que isto é um
sentimento que acaba se desenvolvendo naturalmente no maçom, e quando se
percebe, estamos praticando o mesmo em nossa vida profana.
A oportunidade da beneficência, a energia agradável e a mim perceptível
de nossa egrégora, o estímulo ao zelo pela família e aos bons costumes, os
símbolos para me lembrar de tudo isso, me fez concluir que compõem uma
poderosa ferramenta para nossa evolução como homem.
O meu Deus é composto desta energia. Impregnada de amor puro,
crescimento e amadurecimento em toda a sua pureza. Seja qual deus for, que
templo for.
Internamente, todos temos parte deste Deus. Cabe a nós nos auto-
conhecermos e nos aprimorarmos parta ficarmos em contato com isso e o
máximo de tempo possível e, realmente, conseguir colocar em prática no
tempo real da vida, que é o MUNDO PROFANO., de forma ativa e não
contemplativa.
Nossos templos não devem ser nossas Igrejas, nossas salas de
meditação, nossas Lojas Maçônicas. O real templo da vida estala fora!
Não devemos nunca nos esquecer do real propósito de aqui estarmos: buscar
inspiração e ferramentas para nos aprimoramos e aplicarmos no seio de nossa
família e da sociedade em que vivemos. Somente assim seremos justos e
perfeitos em nossas vidas!. O nosso templo, em última instância, somos nós
mesmos. Que O G.A.D.U. nos dê clareza, força er sabedoria para trilharmos
este caminho. Amérm.
Peça de arquitetura traçada pelo Irmão Bruno Castro Janotti Santana, Aprendiz-
Maçom da Augusta, Respeitável e Benfeitora Loja Simbólica Acácia Viçosense nº
1808, Oriente de Viços,m Minas Gerais.;

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Considerações a um neófito

(Recém iniciado)

PARABÉNS, IRMÃO!
Seja bem-vindo a uma das mais antigas fraternidades iniciáticas do
mundo, a qual esteve sempre, discretamente, presente nos importantes
momentos históricos da Humanidade e permanentemente, ajudando a
sociedade ter evolução positiva. Isso tem sido uma tarefa árdua, pois as forças
involutivas tentam, a todo custo, e com diversas “armas”, impedir qualquer
progresso contra a mediocridade reinante, e o panorama sombrio da conduta
humana no Mundo.
Saiba, porém, que o seu maior inimigo poderá ser você mesmo, caso
não se empenhe ou deixe de incorporar os altos valores que a nossa Ordem
defende.
Agora, sobre sua pessoa, repousam a honra e a responsabilidade da
Maçonaria definida, classicamente, como “Corpo institucional de busca
permanente da verdade e sistema de moralidade ilustrado por símbolos e
velado por alegorias.”
Lembre-se sempre, em sua participação, do que falou Confúcio (551-479
a.C) filósofo chinês: “Para onde quer que vá, vá de todo coração!”
As orientações a seguir destinam-se a tornar seu caminho iniciático mais
fácil e prazeroso em busca da verdade, de sua origem, de quem você é e para
onde está indo.
ENTRADA E CONDUTA NO TEMPLO MAÇÔNICO
O Aprendiz, mantendo uma reverência profunda, deixando de lado
problemas do mundo profano, ingressa no Templo em primeiro lugar e coloca-
se no Ocidente, na Coluna do Norte, região à esquerda da porta de entrada,
onde permanecerá em silêncio, sentado com a coluna vertebral ereta, mãos
sobre os joelhos, pés descruzados. Falará apenas quando a fala lhe for
permitida, batendo palmas, ficando de pé e à Ordem, cumprimentando a seguir
as autoridades e participantes da Sessão Maçônica.
Ao falar deve respeitar o tempo regimental, não comentar tema fora da
etapa em que se encontra não abordar política e religião, não realizar
pronunciamentos enfadonhos nem muito longos e prolixos; não demonstrar
postura de superioridade e lembrar-se que o Templo é local sagrado e
simbólico.
Ocorrendo algo que o impeça de continuar participando da cerimônia,
proceder da seguinte forma: Pedir permissão ao Vigilante da sua coluna para
poder ausentar-se, depositar o óbolo no Tronco de Solidariedade, prestar
juramento de sigilo, entre as colunas J e B. Ter sempre presente em sua
participação a tríade ”Ver, Ouvir e Calar!”.

Autoria do Irmão Dilson C.A. Azevedo, encontrado no Blog Arte Real.

31
O fogo segundo a doutrina secreta

O fogo não é um elemento, e, sim, um princípio divino. A chama física é


o veículo objetivo do espírito supremo.
Os elementais do fogo são os de maior categoria. Todas as coisas
desse mundo têm a sua aura e o seu espírito. O granito não arde porque sua
aura é ígnea.
Os elementais do Fogo carecem de consciência física, porque são muito
elevados e refletem a natureza humana. O éter é fogo. A parte ínfima do éter é
a chama que fere nossa vista.
O fogo é a presença subjetiva da Divindade no universo. O fogo
universal, em diferentes condições, converte-se em água, ar e terra. É o
“Kriyashakti” de todas as formas de vida. Dá calor, luz, vida e morte. É o
próprio sangue em todas as suas diversas manifestações, é o fogo
essencialmente uno.
No fogo, sintetizam-se os Sete Cosmocratores. Na mais grosseira
modalidade de sua essência, o fogo é a primeira forma e reflete as formas
inferiores dos primeiros seres objetivos do universo. Os elementais do fogo são
os primeiros pensamentos caóticos divinos.
Na terra, eles tomam a forma de salamandras ou elementais inferiores
do fogo, que revoluteiam nas chamas. No ar, existem milhões de seres vivos e
conscientes, que se apoderam de nossos emitidos pensamentos, também, ali
existentes.
Os elementais do fogo estão relacionados com o sentido da vista e
absorvem os elementais dos demais sentidos. Assim, só com o sentido da
vista, podemos ouvir cheirar e saborear, posto que todos os sentidos
sintetizam-se no da vista. Segundo Simão, o Mago, toda a criação culmina no
fogo. Este era para Ele, como para nós, o princípio universal, a infinita potência
emanada da oculta Potencialidade.
O fogo era a primitiva causa do manifestado mundo da existência e tinha
duplo aspecto: manifesto e secreto. O aspecto secreto do fogo está oculto em
seu aspecto objetivo, que, do primeiro, dimana. Para Simão, era inteligência
tudo quanto se podia pensar e tudo aquilo sobre que se podia atuar. O fogo
continha o todo. E como todas as partes do fogo eram dotadas de inteligência e
de razão, eram suscetíveis de desenvolvimento por emanação e extensão.
Essa é, precisamente, a nossa doutrina do Logos manifestado, e as
partes, primordialmente, emanadas são os nossos “Dhyan Chohans”, os “Filhos
da Chama e do Fogo” ou os Eões Superiores. Esse fogo é o símbolo do ativo e
vivente aspecto da Natureza Divina. Nele, subjaz a “infinita potencialidade na
Potencialidade”, que Simão chamava “o que existiu, existe e existirá”, ou a
estabilidade permanente e a imutabilidade personificada.
Da Potência Mental, a Divina Ideação se tornava concreta em ação.
Donde as séries de emanações primordiais do pensamento engendram o ato,
cuja mãe é o aspecto objetivo do fogo, e cujo pai é o aspecto oculto. Simão
denominava “sicigias” (unidades pares) tais emanações, porque emanavam de
duas em duas, uma como Adão ativo e outra como Adão passivo. Assim,
emanaram três pares (seis Eões no total, que, com o Fogo, eram sete), aos
quais Ele nominou: “Mente e Pensamento; Voz e Nome; Razão e Reflexão”,
sendo o primeiro de cada par masculino, e o segundo feminino.

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O direto resultado desse poder é produzir emanações, possuir o Dom de
“Kriyashakti”, cujo efeito depende de nossa própria ação. Portanto, esse poder
é inerente ao homem, como o é aos Eões Primordiais e, também, às
secundárias emanações, posto que, tanto eles como o homem, procedem do
único e primordial princípio da Potência infinita.
No “Philosophumena”, Simão compara os Eôes com a Árvore da Vida.
E, na “Revelação”, disse: “Escreveu-se que há duas ramificações dos Eões
universais que não têm princípio nem fim, como diamantes ambas da mesma
raiz, a Invisível e Incompreensível Potencialidade, cujo nome é Sigê (o
Silêncio). Uma dessas séries de Eões procede de cima.
É a Grande Potência, a Mente Universal (Ideação Divina ou “Mahat” dos
hindus). É masculina e regula todas as coisas. A outra procede de baixo. É o
grande Pensamento Manifestado, o Eão Feminino, gerador de todas as coisas.
“Ambas se correspondem mutuamente, acoplam-se e se manifestam à meia
distância (a esfera ou plano intermediário) no Ar Incoercível, que não tem
princípio nem fim”.
Este Ar Feminino é o nosso éter, é a luz astral dos cabalistas; portanto,
corresponde ao Segundo Mundo de Simão, nascido do Fogo, ou o princípio de
todas as coisas.
Nós o chamamos de Vida Una a Onipresente, a Infinita, a Inteligente e
Divina Chama.

Autoria do Irmão Hernani M. Portela, encontrado no blog Arte Real.

33
Masmorras ao vício

A palavra masmorra é de origem árabe, que na época dos Mouros


designava o celeiro subterrâneo, que também servia de cárcere. Com o contato
com a civilização européia a palavra perdeu o sentido de “depósito de
alimentos” para ser usada somente como ergástulo, enxovia, calabouço,
cárcere, cadeia, masmorra e prisão.
É neste sentido que realmente os Maçons devem utilizar a pá da
vontade, a picareta da determinação e a alavanca da moral para cavarem, o
quanto mais fundo poderem, um aposento sombrio e triste para tudo aquilo que
avilta o homem.
Não devemos nos preocupar com o mal, mas com os HÁBITOS que
desgraçadamente nos arrastam até ele. O vício é uma impetuosa propensão
que nos atormenta e insufla nossas vis paixões.
Sem a menor intenção de ser moralista, mas alertando que ser um
“Homem Livre e de Bons Costumes” exige a prática da Virtude. Que nada mais
é do que o oposto ao Vício (do latim "vitium", que significa "falha" ou "defeito").
Se o Irmão tem algum hábito repetitivo que degenera ou lhe causa
algum prejuízo e aos que com você convivem, está passando da hora de
compreender que em nossos labores trabalhamos para adaptar nosso espírito
às grandes afeições e a só concebermos idéias sólidas de virtudes, porque
somente regulando nossos hábitos pelos princípios da moral, é que poderemos
dar à nossa alma o equilíbrio de força e de sensibilidade que constitui a Ciência
da Vida.
Nos arredores da cidade de Patrocínio há uma enorme cratera de
aproximadamente 16 km de diâmetro. Durante muito anos, especulou-se que
sua origem era vulcânica, contudo, não existem provas concretas de atividade
vulcânica. Observando melhor as características geologicas, surge a
possibilidade da cratera ter sido formada pelo impacto de um asteroide.
De maneira simbólica vejam um asteróide como um “pequeno vício”,
afinal está tão distante de nós que parece pequenininho. O “hábito repetitivo”
ou simbologicamente – o tempo - vai aproximando este asteróide/vício de nós e
quando menos esperamos, ele (vício/asteróide) está enorme e preste a nos
causar um “grande buraco” (cratera). Faltam apenas 3 semanas para
completarmos o ano de 2011. Tempo mais que suficiente para iniciarmos a
construção de Templos pessoais à Virtude e Masmorras profundas aos nossos
vícios. Margaret Mead foi uma antropóloga norte-americana, nascida em 16 de
dezembro de 1901 que resumiu a relação virtude e vício com a seguinte frase:
“A virtude é quando se tem a dor seguida do prazer; o vício é quando se tem o
prazer seguido da dor”.

Autoria do Irmão Sérgio Quirino Guimarães, encontrado no blog Arte Real

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Interstício

Interstício quer dizer solução de continuidade, o intervalo entre duas


superfícies da mesma ou diferente natureza.
A Maçonaria utiliza a expressão em termos de tempo. Interstício é o
intervalo de tempo que deve decorrer entre dois fatos. Designadamente,
interstício é o intervalo de tempo que deve decorrer entre a Iniciação do
Aprendiz e a sua Passagem a Companheiro e também o tempo que se impõe
decorra entre essa Passagem e a Elevação do Companheiro a Mestre.
O interstício é uma regra que admite exceção: o Grão-Mestre pode
dele dispensar um obreiro e passá-lo ou elevá-lo de grau sem o decurso do
tempo regulamentar ou tradicionalmente observado. No limite, a Iniciação,
Passagem e Elevação podem ocorrer no mesmo dia. Mas a dispensa de
interstícios é rara – deve ser verdadeiramente excepcional – e só por razões
muito fortes deve ocorrer.
Assim sucede genericamente na Maçonaria Européia. Já a Maçonaria
norte-americana é muito menos exigente neste aspecto, sendo corrente a
prática de conferir os três graus da Maçonaria Azul num único dia. Esta é, aliás,
uma conseqüência e também uma causa das diferenças entre as práticas e as
tradições maçônicas em ambas as latitudes.
Mas impõem-se observar que algumas franjas da Maçonaria norte-
americana, designadamente nas Lojas que se consideram de Observância
Tradicional, se aproximam neste como noutros aspectos, da prática européia.
A razão de ser do interstício é intuitiva: a que dar tempo para o obreiro
evoluir, para obter e trabalhar os ensinamentos, as noções, transmitidas no
grau a que acede, antes de passar ao grau imediato. Em Maçonaria busca-se o
aperfeiçoamento e este não é, nem instantâneo (instantâneo é o pudim...), nem
automático. Depende de um propósito, de um esforço, de uma prática
consciente e perseverante.
É um processo. E, como processo que é, tem fases, tem uma evolução
que se sucede ao longo de uma lógica e de um tempo. Por isso, em Maçonaria
não se tem pressa. O tempo de maturação, o tempo de amadurecimento, a
própria expectativa, são essenciais para um harmonioso desenvolvimento
individual.
Os graus e qualidades maçônicos não constituem nada, apenas ilustram,
representam, emulam a realidade do Ser e do Dever Ser. Não se tem mais
qualidades por se ser maçom (embora se deva ter qualidades para o ser...). Há
muito profano com mais valor e maior desenvolvimento espiritual e pessoal do
que muitos maçons, ainda que de altos graus e qualidades.
Para esses os maçons até criaram uma expressão: maçom sem avental.
Mas procura-se ilustrar com a qualidade de maçom a tendência para a
excelência, a busca do aperfeiçoamento.
O Mestre maçom não é, por decreto ou natureza, necessariamente
melhor ou mais perfeito do que o Companheiro ou o Aprendiz. Mas com os
graus a maçonaria ilustra um Caminho, um Processo, para a melhoria de cada
um. Há por aí muito Aprendiz que é mais Mestre de si próprio que muito Mestre
de avental com borlas ou dourados. Mas o mero fato de ter de fazer a normal
evolução de Aprendiz para Companheiro e de Companheiro para Mestre

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potencia o que já é bom, faz do bom melhor, do melhor, ótimo e do ótimo
excelente.
Assim, em Maçonaria consideramos profícuo e valioso que o profano que
pediu para ser maçom aguarde, espere, anseie, pela sua Iniciação. E que o
Aprendiz tenha de o ser durante o tempo estipulado e tenha de demonstrar
expressamente estar pronto para passar ao grau seguinte, por muito evidente
que essa preparação seja aos olhos de todos; e o mesmo para o Companheiro
passar a Mestre; e idem para o Mestre começar a ver serem-lhe confiados
ofícios; e também para o Oficial progredir na tácita hierarquia de ofícios e um
dia chegar a Venerável Mestre.
Tempo. Paciência. Evolução. De tudo isto é tributário o conceito de
interstício, tal como é aplicado em Maçonaria. O interstício pode ser diretamente
fixado, regulamentar ou tradicionalmente, estipulado indiretamente de outras
estipulações. Por exemplo, na Loja Mestre Affonso Domingues consideramos
que não é o mero decurso do tempo que habilita um obreiro a aceder ao grau
seguinte. Mas reconhecemos que o decurso de um tempo razoável é
necessário.
Estipulamos, assim, no nosso Regulamento Interno, que o interstício
para que um obreiro possa aceder ao grau seguinte seja constituído pela
presença a um determinado número de sessões.
Com isso, estipulamos que certa assiduidade é condição de acesso ao
grau seguinte e, como a Loja reúne duas vezes por mês, onze meses por ano,
indiretamente fixamos um período de tempo mínimo de permanência no grau.
Os nossos Aprendizes, quando passam a Companheiros, merecem-no! E
os nossos Companheiros, quando são elevados a Mestres estão em perfeitas
condições de garantir a fluente persecução dos objetivos da Loja, incluindo a
formação dos Aprendizes e Companheiros.
Nós não temos pressa...
Autoria do Irmão Rui Bandeira, encontrado no blog Arte Real.

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O olho que tudo vê

Dentre os símbolos da maçonaria, ganha destaque o “Olho que tudo vê”,


por se tratar de um símbolo muito antigo e, ao lado do Esquadro e do
Compasso, ser o mais conhecido e identificado pelos profanos como símbolo
maçom.
O Olho que tudo vê surgiu no Egito antigo onde também ficou conhecido
como o Olho de Hórus. Hórus é uma divindade do Panteão Egípcio que
compõe a Trindade, juntamente com seus pais: Osíris e Ísis. Ele é
personificado por um falcão e esta ave, como é sabido, é reconhecida pela sua
excelente visão.
Segundo o mito, Hórus luta com Seth, a divindade do mal que matou seu
pai. Nessa luta Seth arranca o Olho esquerdo de Hórus que simbolizava a Lua,
enquanto o direito simbolizava o Sol. Esta é a razão porque o Olho que tudo
vê, é um olho esquerdo. Anteriormente, ele foi chamado de o olho de Rá,
simbolizando a realeza.
O Olho que Tudo Vê também era o símbolo da Casa da Luz, onde se
praticava os mistérios, a religião esotérica dos egípcios. Os mistérios eram
ensinados e praticados na Casa da Luz, onde se formava a casta sacerdotal.
A família real também era iniciada nos mistérios onde aprendiam a Arte
Real, enquanto os sacerdotes aprendiam a Arte Sacerdotal. A importância do
que ali se praticava nos é mostrado pela Bíblia Sagrada, Moisés por ter sido
adotado por uma princesa, era membro da família real.
Nessa qualidade, ele foi iniciado nos mistérios, mas como não estava na
linha sucessória, ele aprendeu os mistérios da Arte Sacerdotal. Durante o
episódio conhecido como as Pragas do Egito, Moisés se apresenta perante o
Faraó exigindo a libertação do seu povo.
Ele ameaça o Faraó e este para mostrar o seu poder chama o seu
sacerdote. O sacerdote atira o seu cajado no chão e ele se transforma numa
serpente, Moisés atira o seu cajado ao chão e ele se transforma numa serpente
que engoliu a serpente do sacerdote. Perante a Bíblia, o ato do sacerdote é
feitiçaria enquanto o de Moisés é milagre. Na verdade, ambos vieram da
mesma escola e nela aprenderam a Arte Sacerdotal.
No Cristianismo e, especialmente na Igreja Católica, o símbolo do Olho
que tudo vê é estampado dentro de um triângulo, que simboliza a Santíssima
trindade e é reconhecido como o olho de Deus. A identificação com o símbolo
egípcio soa evidente!
‘Na Maçonaria este símbolo está dentro de um delta, conhecido como o
Delta Radiante. Numa outra composição, o olho é substituído pela letra Yod,
que é a inicial do nome inefável de Yahvé, ou Javé na forma aportuguesada.
Javé é para nós o Grande Arquiteto do Universo e, sendo ele a sabedoria
suprema, tem todo o conhecimento. Daí porque a sua substituição pela a do
Olho que tudo vê representa a mesma coisa.
O supremo conhecimento divino é para os gregos a Gnose, o que nos
leva à identificação dos símbolos: o Olho que tudo vê com a letra G
estampada dentro do Esquadro e do Compasso entrecruzados, simbolizando
outro símbolo, o dos dois triângulos entrecruzados do axioma de Hermes
Trimegisto, cuja tradução é: Assim como é em cima é em baixo; o microcosmo
é como o macrocosmo. Isso nos lembra a semelhança da configuração do

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átomo (micro) e o sistema solar (macro): elétrons e nêutrons girando em torno
de um núcleo e os planetas e satélites girando em torno do sol.
Também nos lembra a criação do homem, quando Deus diz: Façamos o
homem à nossa imagem e semelhança, o micro (homem) semelhante ao
macro (Deus). O que também é dito no Livro dos Salmos 81:6 e confirmado
por Jesus Cristo no Evangelho de João 10:34: Vós sois deuses.
O Olho Que tudo Vê, ilustra o Grande Selo dos EUA e a cédula de 1
dólar. Nestes é visto uma pirâmide cortada no topo e mais acima um delta com
o Olho Que Tudo Vê em seu interior.
O símbolo está a significar que a obra ainda não está concluída; a
matéria ainda domina o espírito e só após a sua lapidação, livre das impurezas
da matéria é que o homem poderá ascender, limpo e puro até a divindade de
onde faz parte, unindo a pirâmide ao seu topo. Esta também é a obra que ficou
inconclusa na construção da Torre de Babel, quando o homem, ainda impuro,
pretendeu ascender até o Grande Arquiteto do Universo.
Na religião egípcia, o Deus Osíris presidia o julgamento dos mortos.
Hórus era incumbido de lhe fornecer todos os registros dos atos daquela alma.
Dessa forma, era possível sopesar o que ela fez de bom e o que fez de ruim
durante a sua existência terrena. Isso iria decidir se a alma seria condenada ou
estaria salva. O coração do falecido era pesado na balança de Osíris e o peso
de suas más ações ou das boas decidiriam o seu destino final.
O Olho Que tudo Vê mantém os homens informados das ações
escondidas dos seus semelhantes, tal fato se dá mediante o que nós
conhecemos por intuição. Através dela, aquilo que é feito às escondidas acaba
sendo descoberto e trazido à luz. Isso nos trás a certeza de que nunca
estamos sós.
Na Maçonaria ele nos recorda a vigilância que é mantida sobre a nossa
conduta. Ele nos esclarece que podemos enganar os homens, mas jamais
enganaremos o Grande Arquiteto do Universo. O Olho Que tudo Vê nos
acompanha, mantendo a vigilância sobre nós. Ele simboliza a Divina
Providência e, por isso mesmo também registra o que fazemos de bom e vela
pela nossa justa recompensa.
Maçonicamente falando, as nossas boas ações é que irão nos indicar
para o aumento de salário como operários da grande obra do Grande Arquiteto
do Universo.
Autor: Antônio Amâncio de Oliveira, trabalho encontrado no blog Arte Real

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Oficina de luz – o segredo maçônico

A observação atenta e cuidadosa da prática ritualística numa Sessão


Maçônica só é possível em uma atmosfera de respeitoso silêncio, pois assim
despertamos na alma o desejo de praticá-la também. E ao praticá-la em prol da
coletividade de maçons presentes em Loja adquirimos afinidade com a
Consciência Superior, nos afastando do ego humano e tornando-nos
merecedores de continuar recebendo a Luz da Verdade e da Sabedoria, para a
qual todo ser humano foi criado.

Este é o verdadeiro segredo maçônico: o desejo de receber é legítimo,


pois foi para isso que encarnamos, mas desde que sejamos merecedores. A
oração de São Francisco de Assis nos ensina que “é dando que se recebe, é
perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a vida eterna”.

Doar, perdoar e morrer. Verbos são palavras que exprimem ação. O ato
de perdoar nada mais é que uma resistência aos sentimentos de cólera e
vingança que associado a atitude de doar, no sentido de partilhar, proporciona
ao indivíduo a condição de morrer para a uma vida imersa na materialidade e
renascer para uma nova vida mais espiritualizada, permitindo-se, assim, se
deixar iluminar. Depende apenas de nosso firme propósito de praticarmos
pequenos gestos que nos conduzem a Luz. Temos basicamente dois caminhos
a seguir:

Um em direção a Luz e outro em direção ao nosso próprio ego. “Faça se


a Luz”. Fazer a Luz é “abrirmos as portas de nosso coração para a Luz do Céu
entrar”. Estamos imersos neste oceano de intensa Luz Divina e, no entanto,
nos comportamos como um ponto de escuridão que caminha pela vida sem
deixar que Ela nos traspasse. Temos a chave nas mãos e não a utilizamos
para abrir as portas do coração. Por que será que isso acontece?

Por que insistimos tanto em girar essa chave no sentido horário,


cerrando ainda mais esta porta e impedindo que qualquer fresta de Luz possa
alcançar nosso Santuário Interior? O mundo material no qual vivemos nos
impõe uma existência sub-humana, predominando um modo de vida que super
valoriza.

Valoriza os instintos de sobrevivência e reprodução, com uma educação


formal que não consegue nem preparar o indivíduo adequadamente para o
mercado de trabalho e nem garantir uma formação humanística a ele. Assim, o
que acaba prevalecendo mesmo é a indecisão, favorecendo a difusão de idéias
radicais que encarceram a alma em dogmas, ideologias e comportamentos
consumistas, que conspiram contra a liberdade de ação, tão necessária para a
realização no mundo profano das condutas retas e disciplinadoras
depreendidas da ritualística praticada nos Templos Maçônicos.

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Sem um norte seguro para prosseguir, preso a uma dinâmica fuga de si
mesmo, o indivíduo vaga pelo mundo sem rumo e sem perceber que sua vida
poderia ser bem diferente e muito melhor.

Em uma situação de quase caos em que vivemos hoje em dia, com uma
esgarçadura excessivo do tecido social, cabe ao homem, enquanto indivíduo
dotado de raciocínio lógico, tomar todo cuidado para construir uma “forma-
pensamento” dirigida para a doação, com a deliberada intenção de sintonizá-lo
com a Luz Divina e ajudá-lo a construir valores que o deixem blindado contra
as investidas do mal. “Pensamos, logo existimos”.

A forma correta ou incorreta de pensar é que nos determina uma


existência próspera e produtiva ou cheia de privações e excluída do meio
social. Ao mesmo tempo em que semelhante atrai semelhante, para se fazer
cumprir a Lei de Causa e Efeito, se conseguirmos transmutar as farpas
desferidas sobre nós por esses nossos semelhantes, primeiramente resistindo
a elas e num segundo momento, quase simultâneo, partilhando e
compartilhando afeto para exprimirmos gestos de boa vontade, estaremos
tendo a coragem de sermos prudentes e criando assim as condições mínimas
necessárias para abertura das portas de nosso santuário interior, permitindo
que a Luz Divina entre e ocorra a plena integração entre Criador e criatura.

Esta é a iluminação e que todos vamos um dia alcançar, mais


rapidamente ou mais devagar, dependendo exclusivamente de nós mesmos.
Porém um irmão mais desavisado poderia perguntar o porquê de se perseguir
a iluminação, já que uma vida material sem sobressaltos seria o suficiente para
termos uma existência tranqüila aqui na terra?

Para que então a iluminação? Para o deleite do espírito. Assim como


uma vida financeira estruturada é garantia de uma sobrevivência tranqüila para
o corpo físico a iluminação é a realização total naquilo que todo mundo busca,
consciente ou inconscientemente: uma vida plena.

Como nos lembra o poema de Fernando Pessoa: “... o segredo


maçônico... é um espírito, um sopro posto na Alma, e, por conseguinte, pela
sua natureza... incomunicável.” A vida é ação, mas somente a ação praticada
com a disciplina de uma ritualística espiritualizada como a maçônica, tem o
condão de por em nossa alma o entendimento que utilizaremos como uma
espécie de Chave para decifrar não só o Simbolismo Maçônico, mas, também
os impenetráveis desígnios de Deus para nossas vidas. Atingiremos a
comunhão com a Consciência Superior e tornaremos um só com Ele.

Compreenderemos como pensa o Pai em relação ao seu filho e como a


prática reiterada de um trabalho disciplinado em prol da sociedade é a mola
propulsora do progresso material e espiritual dessa sociedade e, também, do
próprio indivíduo que a realizou.

A busca da realização financeira e material através do trabalho honesto e


dedicado em favor da sociedade em que vivemos nos proporciona a

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possibilidade de colocar em prática o legítimo direito de receber em troca uma
recompensa: a compreensão do plano divino para nossas vidas.

Passamos a entender melhor qual o nosso lugar no mundo quando


temos a oportunidade de produzir um trabalho que nos gratifica e realiza. É
assim a vida. Ação disciplinada e produtiva em favor da libertação material e
espiritual de todos.

E isso conseguimos aprender claramente dentro de um templo maçônico


através de sua ritualística. E, ao assimilarmos bem este conhecimento e o
colocarmos em prática no mundo profano, estaremos dando uma enorme
contribuição para nossa elevação moral e espiritual através da elevação moral
e espiritual do outro.

Esse é o exercício correto da dualidade, mesmo que não tenhamos,


ainda, consciência do que estamos fazendo, intuitivamente percebemos que
estamos no caminho certo quando ao proporcionamos oportunidades materiais,
educacionais e culturais a outros nos sentimos tomados de uma paz profunda e
com a sensação do dever cumprido.

Se déssemos a devida atenção a esta profunda paz de espírito que


sentimos toda vez que ajudamos alguém a galgar mais um degrau na escada
de Jacó perceberíamos a Lei de Ação e Reação em curso nos devolvendo,
com abundância, tudo aquilo que proporcionamos ao outro e seríamos muito
mais cuidadosos com o que viermos a fazer ao próximo no futuro, pois
poderemos impedir, com atitudes egoístas, a nossa própria evolução espiritual.

Assim meus irmãos, a prática deliberada do Bem em prol do outro,


encerra o uso racional de todos os elementos da natureza que precisamos para
colocar em prática os Dez Mandamentos, até que eles façam parte de nosso
próprio ser.

Autoria do Irmão Bráulio Castro Dutra, encontrado no blog Arte Real

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As inspiradoras colunas Booz e Jakim

Sinopse: Especulação a respeito da função das colunas Booz e Jaquin


com uso da física quântica.
O significado simbólico maçônico das duas colunas é controverso e
confuso se comparado ao que diz a bíblia judaico-cristã, em I Reis 7:13-22. Em
essência elas decoram e demarca a entrada do templo, o portal do iniciado no
caminho da luz, do conhecimento gradativo de seu eu, de seu interior, do seu
templo, da sua espiritualidade.
Pesquisando diversos autores maçônicos respeitados, eles também têm
inúmeras explicações que conduzem a um intrincado labirinto de justificativas
aonde algumas delas são baseadas em postulações herméticas ocas, tão
vazias como o próprio interior das colunas, inaceitáveis ao cético e filósofo que
adota o princípio heurístico da pesquisa científica que concebe a natureza
como máquina, que debita tudo à matemática e casualidades estatísticas
previsíveis.
Entretanto, esta visão mecanicista do século passado aos poucos vai
cedendo espaço a teoria da física quântica. A cada instante, novos conceitos
antigos desabam na presença de novos conceitos e provas científicas que, da
mesma forma em que o mecanicismo derrubou velhas crendices místicas, este
mesmo mecanicismo é hoje criticado e tem seus conceitos derrubados na
edificação de novas conceituações científicas da física quântica. Porque não
reunir todo o conhecimento antigo e o novo? As duas colunas não estariam
colocadas à vista dentro do templo maçônico exatamente para materializar a
possibilidade de novo salto do pensamento?
Se tomadas com o propósito de apenas representarem a porta de
entrada para o conhecimento, desconsideradas as características que lhe
desejam debitar os que defendem interpretações místicas, alquímicas e

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mágicas, as colunas nada mais são que a delimitação do lado externo e o
interno do templo. São construídas com metal nobre porque o portal separa
dois mundos, e é importante, de um lado o mundo profano e do outro o templo,
a representação de algo maior, que o iniciado vai garimpar com suas bateias
mentais dentro de si mesmo.
Desconsiderando o que foi omitido em relação ao original descrito pela
bíblia judaico-cristã, para cada componente hoje existente no símbolo que
representam as colunas, inúmeras são as explicações criadas pelas
especulações dos livres pensadores e nada disso deve configurar verdade
absoluta, final. Assim como a física quântica desbanca o mecanicismo e este
derrubou o misticismo.
Cada elemento da composição artística do símbolo está aberto para
estudos predominantemente teóricos do raciocínio abstrato de cada maçom.
Dar como terminada a sua função especulativa é desrespeitar o símbolo e
impor ditadura dogmática. A cada maçom é dada a oportunidade de postular
suas próprias conjecturas sobre o significado de cada componente das colunas
que decoram a entrada do templo, o seu próprio templo. Ademais, o obreiro é
quem mais conhece daquele corpo, daquele templo, pois o usa como
receptáculo de seu próprio sopro de vida.
Para lojas, como as do Rito Escocês Antigo e Aceito da Grande loja do
Paraná, onde as colunas Booz e Jaquin estão locadas dentro do templo, no
extremo ocidente, cerca de dois metros da porta, onde existe este espaço, sua
locação é comumente confundida com as colunas norte e sul.
A interpretação mais usual da ação de ficar entre colunas é considerada
postar-se entre as colunas Booz e Jaquin, e isto é uma interpretação incorreta.
Ficar entre colunas é postar-se entre as colunas norte e sul, entre irmãos, entre
pessoas de carne e ossos, sobre uma linha imaginária que une o altar do
primeiro vigilante com o do segundo vigilante e no local onde cruza com o eixo
longitudinal do templo.
A abrangência de encontrar-se entre as colunas norte e sul só termina
no primeiro degrau que separa oriente do ocidente. Ali o obreiro tem a certeza
que não será interrompido em sua oratória e seus irmãos têm certeza que tudo
o que for dito é a verdade da ótica daquele que fala, pois uma mentira ali tem
graves consequências.
Estar locado entre colunas, entre irmãos, obriga o obreiro a responder
todas as perguntas que lhe forem dirigidas com sinceridade, sem omissão, sem
reserva mental.
A loja maçônica não é representação real, maquete, cópia fiel do Templo
de Jerusalém, e sim, representação simbólica de alguns aspectos físicos
daquele. Estarem às colunas Booz e Jaquin no átrio ou dentro do templo seria
indiferente, não fosse o propósito a que servem.
Na bíblia judaico-cristã elas são designadas como colunas vestibulares,
de vestíbulo, algo locado entre a rua e a entrada do edifício, portanto,
colocadas fora da edificação, ao lado das portas, formando portal de acesso ao
interior.
No templo real é assim, mas no simbólico isto não se aplica. Se for para
colocar rigidez neste raciocínio de fidedignidade com o templo real, que se
retirem de dentro da loja maçônica as colunas zodiacais, a mobília, altares,
balaustrada, pisos, diferença de nível entre oriente e ocidente, decoração do
teto, sólio, enfim, tudo o que não existe no templo de Jerusalém; podem ser

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levantadas especulações as mais diversas, mas o lugar das colunas num
templo maçônico é em seu interior.
Por questão de coerência com a bíblia judaico-cristã elas poderiam ficar
fora do templo, mas elas devem estar locadas dentro do templo porque todos
os objetos e elementos decorativos em loja no Rito Escocês Antigo e Aceito
têm finalidade educacional.
Participam dinamicamente da metodologia para ensinar aos obreiros as
verdades necessárias para sua escalada na construção de sociedade justa.
Colocar as colunas Booz e Jaquin fora de vista não faz sentido propedêutico na
instrução maçônica.
Considerando a utilização como instrumentos de trabalho, as
ferramentas devem estar à vista do estudante, do obreiro que trabalha na
pedra bruta. Principalmente se na parte oca das colunas Booz e Jaquin estão
guardadas outras ferramentas de trabalho.
As colunas, todas as ferramentas e objetos utilizados têm significado
simbólico, são parte da lenda materializada como método iniciático,
propedêutico, introdução ao caminho que cada maçom deve encetar para
entender o que a filosofia da Maçonaria deseja incutir em sua mente. As
colunas fazem parte da ficção inventada ao redor da vida de Hiram Abiff, figura
referenciada na bíblia judaico-cristã, cuja estória constitui lenda dentro da
Maçonaria.
É ficção, mas transmite conceitos profundos de moral e ética até para
pessoas sem formação escolar básica, que não têm vivência com o abstrato.
Esta limitação do trabalhador da pedra com respeito ao abstrato é o que exige
a presença física das colunas dentro do templo. Com isto a Maçonaria
transmite conceitos filosóficos profundos para qualquer pessoa, independente
de sua formação intelectual.
É o princípio da igualdade em ação. É dentro do templo que o maçom
procura ser amigo da sabedoria, "phílos" + "Sophia", filosofia que visa o
desenvolvimento do filósofo especulador simples e não o erudito ou homem de
instrução vasta e variada.
Ao maçom basta o conhecimento que propicie liberdade independente
de formação ou berço.
O resultado almejado é a geração de sociedade onde a fraternidade,
mesmo em presença de rusgas características das relações interpessoais, é de
fato praticada indistintamente por todos os seus membros.
Um símbolo não observável é o mesmo que um ato de fé e acreditar no
inexistente; este não é o caso da Maçonaria que rechaça dogmas com
veemência. Reportar-se às colunas de bronze Booz e Jaquin fora de vista são
o mesmo que dizer: - Acreditem, elas existem lá fora! - Ou ainda: - irmão
aprendiz vá lá fora buscar maço e cinzel para trabalhar na pedra bruta. - Todas
as ferramentas devem estar dentro do templo depois que a loja estiver aberta.
Ninguém sai ou entra no templo sem uma razão muito forte depois que
os trabalhos começaram. Não é lógico o pedreiro adentrar a oficina sem suas
ferramentas.
Acreditar que as colunas existem lá fora tornaria a sua existência em
algo assemelhado aos dogmas que as religiões impingem aos seus fiéis para
forçá-los a aceitarem postulações que não podem ser vistas, não tem lógica, ou
realmente são apenas lendas. A ordem maçônica usa lendas, mas ela informa

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claramente, explicitamente, que tudo não passa de ilustração, a materialização
de ficção para fins exclusivamente educacionais.

As colunas Booz e Jaquin são verdadeiras e físicas dentro da loja e


devem estar lá para objetivo que pode numa primeira instancia fugir ao
entendimento. Será que elas não têm outros significados que simplesmente
albergar as ferramentas e suportar romãs e globos?
Todos os símbolos usados pela pedagogia da ritualística maçônica
devem ficar ao alcance da vista para permitirem sua utilização material e
propiciarem, a partir disto, a construção, a concepção de pensamentos
abstratos sem adentrar na seara pantanosa dos dogmas; apresentar algo
duvidoso como certo e indiscutível, cuja verdade se espera que as pessoas
aceitem sem questionar.
No passado, quando não existia explicação para determinado fenômeno,
creditava-se este a influências misteriosas e mágicas, o mesmo ocorre com um
símbolo fora da vista em qualquer era. Os homens são limitados por seus
sensores e em função de sua clausura no planeta Terra.
Na escola primária, na fase concreta dos métodos de ensino, os
conceitos abstratos são transmitidos via materialização, por exemplo: como
explicar o zero para uma criança? Colocam-se dois objetos a vista e depois se
subtrai estes da visão, ficando o nada, definindo o vazio; gravando na mente o
conceito de zero.
Para usar um símbolo ele deve ser visto, ao menos numa primeira
instância; depois de firmado o conceito abstrato, o cérebro se encarrega de
completar o que fica invisível aos olhos.
A ciência avança nas áreas da física quântica, cosmologia, psicologia
transpessoal e revela continuamente a existência e ação de energias, verdades
e realidades que colocam em xeque crenças e ideias a respeito do Universo. É
isto que a Maçonaria visa com sua motivação à auto-educarão e o despertar
dos imensos potenciais que até o momento existem apenas em resultado de
experiências empíricas transmitidas pelos sentidos.
Aos poucos, os maçons de formação mecanicista, influenciados pelos
místicos e sensitivos passam a entender ou absorver o funcionamento destas
energias, não como mágica, mas com alicerce científico. Partindo da
especulação incutida pela física quântica especula-se em torno das
possibilidades de sentir e usar das energias que constituem o Universo, ou
Universos.
É a razão de manter as colunas Booz e Jaquin dentro do templo, como
modelo de dipolo energético de campos elétricos, magnéticos e gravitacionais,
ou quem sabe, portal para outros Universos, talvez concentradores das
energias da cosmologia quântica de que o homem é feito.
É o mesmo que ensinar o conceito do zero para as crianças do jardim da
infância há necessidade de manter o modelo, o inspirador de novos
pensamentos até o instante em que o mais cético venha a entender o que os
outros irmãos sentem e interpretam de forma empírica. Os exercícios
especulativos podem então inspirar novos modelos e, quem sabe, surjam
novas ciências e conhecimentos que projetem o homem ao encontro de seu
futuro.
Ao passar pelas colunas Booz e Jaquin o obreiro entra na oficina
recheada de ferramentas de trabalho em direção à luz, a sabedoria necessária

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para burilar a pedra bruta. Trabalha nele próprio até obter uma linda e bem
formada pedra cúbica polida, isto é o resultado da polidez e educação
maçônica que honra o Grande Arquiteto do Universo e que toma seu lugar de
destaque na sociedade humana.
Peça de arquitetura traçada pelo irmão Charles Evaldo Boller, publicada no blog
Arte Real.

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Aclamação e não exclamação...

Existem momentos fortemente marcantes na Iniciação e nas sessões


Maçônicas normais. Um deles é a aclamação: “Huzzé, Huzzé,
Huzzé”, firmemente pronunciada e três vezes repetida. Aclamação e não
exclamação de alegria entre os Maçons usual no R.E.A.A..
A palavra HUZZÉ tem origem hebraica, embora em árabe seja
pronunciada “HUZZA”, para os antigos árabes ‘HUZZA” era o nome dado a
uma espécie de acácia consagrada ao sol, como símbolo da imortalidade, e
sua tradução significa força e vigor, palavras simbólicas que fazem parte da
tríplice saudação feita na Cadeia de União: Saúde, Força e Vigor. Na Inglaterra
a aclamação “HUZZÉ” tem a pronúncia UZEI, tomada do verbo TO HUZZA
(aclamação) como sentido “viva o rei”.
Existe mesmo na língua inglesa o verbo to huzza, que significa aclamar.
A bateria de alegria era sempre feita em honra a um acontecimento feliz para
uma Loja ou para um Irmão. Era natural que os Maçons escoceses usassem
esta aclamação. O dicionário “Michaelis” diz: huzza, interj. (de alegria) – v.
gritar hurra, aclamar. Traduzindo corretamente do árabe “Huzzah” (Viva),
significa Força e Vigor.
“Huzzé, Huzzé, Huzzé” por constituir uma aclamação, é pronunciada
com voz forte. Ela é feita apenas por duas vezes em cada reunião, por ocasião
da abertura e do encerramento dos trabalhos. Trazemos às Sessões as
preocupações de ordem material que podem criar correntes vibratórias que
põem obstáculos e restringem nossas percepções. Ao contrário, no decorrer
dos trabalhos, o esforço constante para o bem e o belo, forma correntes que
estabelecem as relações com os planos superiores. Nesse sentido,
a aclamação Huzzé, Huzzé, Huzzé, na abertura do trabalho oferece passagem
à energia habilitando-nos a benefícios ( saúde, força e vigor ) bem mais
consistentes e duradouros.
O importante é que, ao iniciar a Sessão, tenhamos presente que, em
Loja, tudo, verdadeiramente tudo, tem uma razão para sua existência. Nada,
absolutamente nada, se faz no interior de um Templo por acaso.
O valor do HUZZE está no som, à energia provocada elimina as
vibrações negativas. Quando em Loja, surgirem discussões ásperas e o
Venerável Mestre receiar-se que o ambiente possa ser perturbado suspenderá
os trabalhos, e comandará a expressão HUZZÉ, de forma tríplice, reiniciando
os trabalhos, o ambiente será outro, ameno e harmônico.
Ao se aproximar do objeto mais sagrado, existente no Templo Maçônico
– o Livro da Lei ( A Bíblia Sagrada ), os maçons lembram pelo nome de Huzzé,
expressando com essa aclamação alegria e contentamento, por crerem que o
Grande Arquiteto do Universo se faz presente a cada sessão de nossos
trabalhos.
E é a ELE que os Maçons rendem graças pelos benefícios advindos de
Sua infinita bondade e de Sua presença que, iluminando e espargindo bênçãos
em todos aqueles que ali vão imbuídos do Espírito Fraterno, intencionados a
praticar a Tolerância, subjugar as suas Intransigências, combater a Vaidade e,
crentes que assim procedendo, estarão caminhando rumo a evolução
espiritual do Homem, meta do Maçom.

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A Maçonaria é uma Obra de Luz; a prática da saudação está arraigada
nos ensinamentos Maçônicos. A consideração da saudação Huzzé na abertura
dos trabalhos está relacionada ao meio-dia, hora de grande esplendor de
iluminação, quando o sol a pino subentende que não há sombra, tornando-se
um momento de extrema igualdade – ninguém faz sombra a ninguém. Lembra
também as benesses da Sabedoria, representada pelo nascer do sol, cujos
raios vivificantes espalham luz e calor, ou seja, a Sabedoria e seus efeitos.
qQuando do encerramento dos trabalhos, a saudação está relacionada à meia-
noite, nos dando o alento de que um novo dia irá raiar, pois quanto mais escura
é a madrugada, mais próximo está o nascer de um novo dia.
A aclamação ao sol no seu ocaso lembra-nos que a Luz da Sabedoria
irradiou os trabalhos, agora prestes a terminar, em alusão ao fim da nossa vida
(meia-noite) quando devemos estar certos de que nossa passagem pelo plano
terreno fora pautada por atos de Sabedoria.
No Rito Moderno a aclamação é “Igualdade, Liberdade e Fraternidade”;
no Adoniramita é “Vivat, Vivat, sempre Vivat”; no Brasileiro “Glória, Glória,
Glória!” E nos ritos de York ( Emulation ) e Schroeder não existe aclamação.
Huzzé! é, pois, a reiteração que os Irmãos fazem de sua fé no Grande
Criador, que tudo pode e tudo governa. E só através DELE encontram o
caminho para a ascensão.
A primeira reflexão, portanto, em torno da aclamação sugere que
analisemos nossa vida e verifiquemos se sustentamos os propósitos de paz ou
espalhamos a agitação.
O Mahatma Gandhi dizia que alguém capaz de realizar a plenitude do
amor neutralizará o ódio de milhões. Certamente estamos distanciados de suas
realizações. Não obstante, podemos promover a paz evitando que
ressentimentos e mágoas fermentem no coração dos que conosco congregam
e se transformem nesse sentimento desajustaste que é o ódio.
Certa feita o Obreiro de uma Loja queixava-se do Mestre de Cerimônias
ao Venerável por sempre lhe oferecer, na falta dos titulares, os cargos que,
segundo ele, eram de mais difícil desempenho ou de menor evidência. O
Venerável, um semeador da paz o desarmou.
- Está enganado, meu Irmão, quanto ao nosso Mestre de Cerimônias.
Ele o admira muito, sabe que é eficiente e digno de confiança. Por isso o tem
encaminhado para desempenho das funções e encargos onde há problemas,
consciente de que sabe desempenhá-los e resolvê-los melhor que qualquer
outro Obreiro do quadro da Loja.
Desnecessário dizer que com sua intervenção pacificou o Irmão que
passou a ver com simpatia as iniciativas a seu respeito. Desarmou, assim, o
possível desafeto passando a ideia de que o Mestre de Cerimônias não tinha a
mesma opinião a seu respeito, fazendo prevalecer à sugestão de Francisco de
Assis: “Onde houver ódio que eu semeie o Amor”.
Existem aqueles que entendem huzzé como força poderosa, ou seja, um
mantra, que deve ser com a consciência de quem a empregua direcionada no
sentido do bem. Seria essa a razão e significação da palavra Huzzé como
proposta na ritualística Maçônica?
Devemos acrescer, ainda, que Cristo, em várias oportunidades,
saudava os Apóstolos com um “Adonai Ze” (O Senhor esteja entre vós). Essa
aclamação os deixava mais alegres e confiantes, formando uma corrente de
otimismo. Na Idade Média quando um católico encontrava-se com outro, dizia:
48
DOMINUS VOBISCUM ( O Senhor esteja convosco); PAX TECUM (A paz
esteja contigo ).
Até pelo exemplo citado, façamos tudo ao nosso alcance para que reine
em nossa Loja uma atmosfera de carinho, afeição, tranquilidade, paz, amor e
harmonia para nossa constante elevação e glória do Grande Arquiteto do
Universo.
O emprego da aclamação Huzzé na Maçonaria tem também o sentido
esotérico numa indução moral a que se busque o prazer no que se pratica,
para o bem da humanidade ( isto no começo ) e, no final, a mesma alegria pelo
bem praticado, não sem também invocar particularmente o duplo sentido do
“Ele é ou ele está...” ( com todos, evidentemente ).
O importante é que, no momento exato, gritemos de alegria sempre que
pudermos estar reunidos em Templo e rendermos graças por estarmos juntos
mais uma vez.
Huzzé, Huzzé, Huzzé!

Fonte: web, encontrado no blog Arte Real.

49
Maçonaria em Loja

A organização da Maçonaria Regular tem uma base de sustentação, a


Loja. E a Loja tem como base os Obreiros que a compõem.

Quero eu acentuar com este começo de texto que os Obreiros, ao nível


das Lojas, são os alicerces sobre os quais toda a estrutura se levanta. Bom…,
mas sendo os Obreiros homens, seres humanos com pernas, braços e o resto,
como todo o outro interessa discorrer um pouco sobre o relacionamento entre
os componentes desta estrutura que assume uma tão grande responsabilidade.

Quando alguém é proposto para iniciação na Maçonaria,


necessariamente em nível de loja, é-lhe feito um inquérito e sobre isso já se
escreveu aqui neste blog o suficiente para justificar que não gaste agora mais
espaço com o porquê e o como do inquérito.

Mas interessa notar que sendo o inquérito, ele também, feito por
homens, é evidentemente um exercício de conclusões falíveis, e pode
acontecer que seja proposto para iniciação alguém que realmente não esteja
em condições de admissão na Maçonaria.

Em boa verdade as exigências são absolutamente humanas, isto é, na


prática apenas se exige que o candidato seja um Homem, assim com
maiúscula, o que neste caso se resume no nosso dizer, “livres e de bons
costumes” e queira verdadeiramente pertencer a esta estrutura. Apenas isso.

Ainda assim pode acontecer um erro de apreciação, por parte de quem


faz a inquirição ou da parte do profano que se apresenta a candidato, e quando
isso acontece todos perdem.

É uma óbvia desilusão para todos, desencantamento para o candidato


que só tarde percebe que afinal a Maçonaria não responde às suas
interrogações e aos Irmãos que com ele contataram porque, à alegria de
receber mais um membro na Família se segue a tristeza de verificar que afinal
todos estavam enganados.

O relacionamento entre obreiros da Loja constitui o betão que garante a


força da estrutura, de forma a que o “prédio” resista aos temporais que de
tempos a tempos acontecem, tal qual na Natureza, e do qual a história da
nossa Loja Mestre Affonso Domingues, também já contada aqui, pode bem
servir de exemplo.

Este relacionamento tem por base duas variáveis, a saber, os


procedimentos rituais (o “Ritual” como conjunto de regras formais que regulam
a vida em Loja) e a Amizade entre os Irmãos membros daquela comunidade.

É no Ritual e na Amizade entre os Irmãos que assenta tudo o resto. Se


alguma destas variáveis falha, falha a Maçonaria!

50
Relativamente ao Iniciado muito pouco se sabe, habitualmente. A Loja
sabe que é conhecido do padrinho que o propõe e esse, sendo
necessariamente um Mestre Maçom, merece a confiança dos restantes
membros da Loja.

Depois, durante o inquérito, algo mais se fica sabendo, mas são


conversas curtas, 1 hora ou 2, o tempo de um almoço ou algo assim, o que é
manifestamente pouco tempo para conhecer alguém com pormenor.

Quando o Profano se apresenta para iniciação raramente a generalidade


da Loja conhece detalhes da sua vida profana, nomeadamente a profissão,
onde trabalha o que faz qual o grau de formação e por aí fora. De fato não é
isto que consta por aí, mas é isto o que acontece na verdade!

O que se pede a todos os Maçons quando em Loja é que deixem “os


metais à porta do Templo”, e este pedido/exigência é frequentemente mal
entendido por muitos, interpretando os “metais” como sendo a bolsa com os
valores que eventualmente contenham (aquilo com que se compram os
melões…).

Ora os “metais” que devem ficar à porta do Templo são muito mais subjetivos
do que isso. Esses metais devem ser entendidos como os valores aos quais a
profanidade dá importância grande, mas que em vivência Maçônica não só são
dispensáveis como totalmente desajustados aos valores que a Maçonaria
cultiva. São a arrogância, a vaidade e a ambição.

Esses são os metais que, de todo devem ficar à porta, para que lá
dentro reine verdadeiramente, e naturalmente, a igualdade e a fraternidade
objetivos finais do nosso trabalho. Sem isso surgirão as disputas por interesses
particulares, a arrogância da saliência, a ambição por lugares de destaque.

Recordo palavras do nosso companheiro de blog Templum Petrus,


“quem se humilha será exaltado, mas quem se exalta será humilhado”.

Pois saibamos verdadeiramente, convictamente, deixar à porta do


Templo os nossos metais, principalmente aqueles, porque eles são o fruto da
grande maioria (totalidade?) dos desencontros entre Maçons, tal como afinal
são a razão de todas as guerras.

Cultivemos e levemos conosco a capacidade de compreender as


diferenças. Porque afinal, ser amigo do que gostamos ou do que nos é igual é
fácil.

O que pode ser desafio interessante é a amizade com a diferença. E para isso
a abertura de espírito e a capacidade de aceitação é uma exigência.

Texto de J. P. Setúbal, Outubro de 2007, do Blog A Partir Pedra

51
Noaquitas: maçons e carpinteiros

Nas Constituições de Anderson, edição de 1738, é introduzida uma


alteração em relação a primeira versão, de 1723: “Um maçom é obrigado a
obedecer a lei moral…… como um verdadeiro Noaquita”

A temática principal deste artigo é fácil de expressar: O argumento é


que, ao tentar resolver algumas questões de longa data, relativos ao nosso
Ofício, sempre nos encontramos limitados a buscar respostas orientadas ao
material da construção em pedra.

Quando aceitamos que os carpinteiros e marceneiros, assim como


outros artesãos, também eram considerados “verdadeiros maçons”, podemos
vislumbrar novas soluções.

O principal segredo será resolvido quando descobrirmos por que se dizia


que nós, os maçons, éramos “Noaquitas” ou “Filhos de Noé”.

Embora esta tese seja simples de expressar, pode não ser tão simples,
desvendar e obter provas, isso porque devemos superar quatro obstáculos:

1 – Precisamos de uma redefinição de termos, como o de “Mestre” ou de


“Maçom”, que adquiriram uma identidade que parece apenas com “trabalhador
da pedra”.

2 – Temos que considerar alguns pontos de vista existentes, que podem


ser vistos como fora do âmbito desta discussão, por exemplo, as tradições
anteriores a 1717, que são irrelevantes.

3 – Temos que admitir alguns fatos novos, tais como pinturas murais de
Tudor, que à primeira vista tem aparência interessante, mas podem ser
inadequados ou desnecessários.

4 – Temos de desfazer erros que desafiam os esforços do estudioso


mais paciente.

Enfrentando uma série de obstáculos, parece que o melhor caminho é


recuar e aceitar a derrota, enquanto a escolha óbvia seria deixar tudo como
está, exceto quando vale a pena verificar. Eu acho que esta é uma daquelas
ocasiões.

O que buscamos é a solução para as seguintes perguntas: – Em que


contribuiu o Manuscrito Graham, para a maçonaria Inglesa?

Qual é a base provável da lenda de Hiram no terceiro grau?

O que James Anderson estava tentando dizer, ao chamar os maçons de


Noaquitas?

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No que se segue, vou adotar uma linha de argumentação com base em
evidências, a fim de procurar responder às questões levantadas, e ainda, tentar
demonstrar como elas estão interligadas.

Começamos com uma experiência baseada em relatos de uma visita em


1997, sobre arquitetura histórica, onde ocorreu uma série de palestras e
atividades organizadas pelo chanceler da Catedral de York.

O objetivo era revelar ao público algumas das histórias e relatos


relacionados com a construção da igreja. O item que mais atraiu a imaginação
foi uma visita ao Capítulo da Catedral, incluindo o que é conhecido como a
Câmara do Maçom, incluindo os andaimes de madeira que apoiam o telhado
deste local de reunião.

Ao visitar esses lugares se adquire uma impressão permanente – uma


íntima conexão do ofício dos carpinteiros com o dos pedreiros.

A Câmara do Maçom era a sala onde os desenhos para o trabalho em


pedra eram desenhados no chão pelo Mestre Arquiteto e vestígios de alguns
desenhos ainda estão conservados lá. Pendurados no teto, estão fileiras e
mais fileiras de modelos de madeira que serviram de guia para os pedreiros na
tarefa de preparar as costelas das abóbadas, janelas redondas, pedestais,
cabeças dos pilares, picos e fachadas.

Todos estes itens da arte dos construtores da pedra, dependiam, para


sua correta execução, de projetos de madeira feitos pelos carpinteiros sob a
direção do Mestre Arquiteto.

Você pode imaginar que esta sala era uma colméia em plena atividade.
Agora, subindo uma escada em caracol, se alcançava uma sala octogonal.

Acima da cabeça, se tem um conjunto de grandes vigas de madeira, em


forma cônica, arrumados para ajustar a marcação do ápice no telhado do
Capítulo, chanfradas e revestidas de lâminas de chumbo para impermeabilizar
e sobre a qual as camadas de telhas são colocadas.

Aqui em uma das exposições mais complexas e impressionantes de


carpintaria e montagem de toda a Europa, se pode apreciar o verdadeiro
esqueleto e fundação que permitia que o trabalho de pedra abaixo,
permaneceria seguro, seco e estável.

E isso não é tudo. A partir do ápice do telhado desce uma coluna de


madeira, como o mastro de um navio antigo, formado com três grandes
pedaços de madeira, como se uma única não fosse possível cobrir tal
comprimento.

Essa grande coluna se funde com a base e a fundação do edifício, como


uma enorme âncora. Compreendemos que há uma realidade interior deste
edifício medieval, uma união inseparável de pelo menos dois ofícios, para

53
produzir a maravilha da “Chapter House of York”: Pedreiros e carpinteiros
trabalharam lado a lado.

Na maioria das vezes, esquecemos esta colaboração no período de


funcionamento desses ofícios, mas com certeza os nossos antepassados não
cometiam o mesmo erro.

Em um memorando de Dublin, datado de 1797, está registrado “… nós,


a companhia de carpinteiros, pedreiros, construtores…” e “a verificação da
altura de uma parede da Torre de Londres, foi realizada na presença de
William Ransey, Mestre Pedreiro, e de William de Hurley, Mestre Carpinteiro.

E é precisamente deste tipo de inter-relação que se reflete nas


Constituições da Primeira Grande Loja dos Maçons Livre e Aceitos ou maçons
especulativos, de Londres e Westminster, em 1722-1723, compiladas pelo
célebre Dr. James Anderson.

Ali primeiramente expressa:“… os maçons sobre todos os outros


artistas, eram os favoritos do Eminente e se fizeram imprescindíveis por seus
grandes conhecimentos de todos os tipos de materiais, não só de pedra, tijolo,
madeira, cal, mas também em tecidos e sedas usadas para as tendas e para
vários tipos de arquitetura”.

“Não nos esqueçamos, também, dos pintores e escultores que eram


reconhecidos como bons maçons, tais como cortadores de pedra, fabricantes
de tijolos, carpinteiros, montadores, construtores de tendas e um grande
número de artesãos que não podemos nomear, e que trabalhavam de acordo
com a Geometria e Regras de Construção; mas nenhum desde Hiram Abiff foi
reconhecido por dominar todas as partes da Maçonaria.

Neste caso podemos chegar à conclusão de que não eram apenas os


trabalhadores “da pedra” que seriam considerados “maçons”.

Se podemos garantir que para a nova classe de maçons especulativos,


pelo menos os carpinteiros eram vistos como pertencentes ao círculo da
Maçonaria geométrica, não é de estranhar que, na história lendária dos
maçons, aparecem histórias relacionadas com outros ofícios.

Nas Constituições de 1723 tem o seguinte texto: “Noé o nono desde


Seth, recebeu a ordem de Deus para construir uma grande arca, de madeira,
certamente fabricada com geometria e de acordo com as regras da maçonaria.
Noé e seus três filhos, Jafé, Sem e Cam, todos verdadeiros maçons, trouxeram
com eles depois do dilúvio, as tradições e artes dos antediluvianos (sic)…”

A história de Noé e sua família construindo a Arca foi especialmente


conectada com o ofício dos carpinteiros medievais, e sublinhado por duas
coisas: A primeira foi revelada no livro de Jasper Ridley, History of the
Carpenters Company of London (1995), que reproduz quatro pinturas murais
do século 16 (1545), que foram descobertos no Carpenter Hall durante a
metade do século 19, por ocasião da sua restauração.

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A primeira dessas pinturas mostra o patriarca Noé, orando diante do
Altíssimo, enquanto seus três filhos trabalham no navio (e se nota também uma
escadaria que levaria para a glória do Senhor, que lembra o painel do primeiro
grau).

Noé e a construção da arca. Em 1845, os trabalhadores no Hall


descobriram a pintura mural. Este, se encontra nas paredes do local de
encontro oficial dos Carpinteiros de Londres, confirma a associação dos ofícios.

O segundo fato refere-se à escolha de papéis, nos ciclos de mistérios


que foram celebrados em muitas cidades na Inglaterra desde o século 14 a 16.

Sabe-se que, em Chester, Newcastle e em York, a representação de


Noé era reivindicada pelos construtores navais pois eles estavam envolvidos
na construção de um casco de madeira, anunciando suas habilidades.

Os Carpinteiros de York e de Chester encenavam a ressurreição. Nesta


representação, Cristo se elevava de um caixão de madeira, do qual era
suposto ter sido depositado na sepultura.

O vínculo entre este incidente e a história bem-conhecida por nós como


a lenda do terceiro grau, não requer qualquer comentário especial se você
considerar alguns painéis ou tapetes de grau, muito antigos.

Mas isso não é toda a evidência que temos. Há pelo menos três
assuntos adicionais que merecem nossa atenção.

O próximo fator em comum entre os dois ofícios é a escolha de um


patrono em comum. Era a Virgem Maria, mãe de Jesus. Para os maçons, a
escolha se torna evidente. Pintura de Maria no Carpenters Hall

Jesus era a pedra angular do Templo e a chave para o seu arco. Maria
era simbolicamente conhecida como “templo” do qual a glória do Senhor
emergiu e, portanto, como a mãe de Jesus, era natural que fosse escolhida por
aqueles que fizeram surgir formas das pedras.

A ela também se referiam os escritores medievais, como “uma torre”,


símbolo que aparece no brasão de armas dos construtores, apoiando este
vínculo.

Para os Carpinteiros, não menos importantes do que Maria (enquanto


esposa de um carpinteiro e mãe de Jesus que tinha servido como um aprendiz
e treinados na arte) era José, tornando sua escolha como padroeiro dos
trabalhadores de madeira, absolutamente óbvia.

Assim, outras pinturas Tudor no Carpenter Hall (Salão dos Carpinteiros),


mostra Maria (sem auréola), Jesus como uma criança aprendiz (com auréola)
praticando com pedaços de madeira e José como Mestre Carpinteiro com
chapéu, vara, túnica e luvas vestidos como um Mestre dos maçons da pedra da
época.
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O Mestre e Vigilantes da Companhia dos Carpinteiros usavam tais
chapéus, conforme revelado em uma das fotografias de Jasper Ridley,
mostrando uma cabeça real com algo desgastado do período Tudor.

Quando se teve uma dedicação patronal comum aos dois ofícios, que
tinham o mesmo dia Santo (ou festivos, quando os aprendizes eram liberados
de seu trabalho) e as mesmas tradições religiosas e lendárias, a conexão entre
Pedreiros e Carpinteiros aparece com mais força ainda.

E mais uma: as guildas tinha patronos secundários que também eram


santos e suas apresentações teatrais, eram realizadas antes mesmo do dia de
Corpus Christi.

Os Pedreiros tinham como patronos os dois São João, enquanto que os


Carpinteiros honravam São Lourenço. Jasper Ridley nos diz que a escolha de
um Mestre Carpinteiro era realizada no dia de São Lourenço, onde também se
realizava uma peça representando o mistério deste santo.

Não é possível fazer aqui uma descrição completa da história desses


personagens, mas um dos fatos simbólicos intrigantes: que antes de ser morto,
Lourenço foi amarrado a uma grade quadrada (da mesma forma do Palácio de
Felipe II no Escorial em Madrid dedicada ao santo) e os gestos adotados
nestas representações, são baseados em esquadros.

Assim, quando o santo está diante de seus acusadores, tinha os braços


em jarro, ou seja, as mãos nos quadris e braços em ângulo reto aos ângulos do
corpo, e para emitir parecer favorável a qualquer pergunta, estendia o braço
direito da frente em um ângulo reto em relação ao corpo.

Hoje em dia, os maçons atuais dão o seu de acordo a qualquer questão


desta forma.Este antigo uso dos carpinteiros, foi “absorvido” no sistema
maçônico especulativo. Portanto, parece que desde o início do
desenvolvimento do nosso ritual e lenda, desde os dias da primeira Grande
Loja em Londres em 1717, se contava com uma dupla fonte de material, da
qual se recorria.

Os irmãos que projetaram as cerimônias que se tornariam o padrão para


a prática na Inglaterra do século 18, foram capazes de usar ecos não só
tradicionais que ligavam o novo ofício com o dos pedreiros, mas também com
os trabalhadores de madeira, carpinteiros.

O que é mais natural, então, que na formação de nossa prática


maçônica do século 18, apareceria duas lendas sobre fundamentos da história
bíblica.

A primeira é a história novamente relatada por Anderson em suas


Constituições, a preservação das Sete Artes e Ciências Liberais da
humanidade para a criação e proteção dos dois grandes pilares que ligam
Adão, através de Lameque, com Hermes e no período pós dilúvio. É útil
revermos algumas dessas histórias como foram inicialmente contadas:

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… Lameque teve duas esposas, uma chamada Ada e outra Zila; com
Ada teve dois filhos, Jabal e Jubal; com Zilla um chamado Tubalcaim e uma
filha, Naamá.

Estes quatro filhos foram os iniciadores de todos os ofícios do mundo …


Tubalcain fundou o ofício do ferro, ouro, prata, cobre e aço. E eles gravaram
estas ciências, que tinham fundado, em dois pilares de pedra que poderiam ser
redescobertos depois de Deus se vingar; Um deles era de mármore que não
poderia ser queimado, e o outro de um material que não seria afetado ao ser
submerso em água…

Imediatamente se nota uma diferença perceptível nas substâncias que


formam os pilares, pela introdução do termo “pedra”, obviamente na intenção
de reivindicar aos pedreiros maior importância.

A lenda passou por muitas variações, mas foi finalmente consagrada da


maneira que normalmente é afirmada, onde se lê: “Estes pilares eram ocos,
para servir como arquivos da maçonaria e onde os rolos das constituições
foram depositados. Eles eram de bronze.

Também deve-se notar que temos a palavra “Tubalcain” criando uma


ligação com as tradições antigas e enfatizando o lugar de outros ofícios, dentro
da Maçonaria.

A segunda lenda se refere a anterior, uma vez que é baseado em Noé e


seus descendentes na preservação dos “verdadeiros segredos” do ofício.

Após a passagem citada anteriormente sobre Noé, nas Constituições de


1723, lemos: “Noé e seus filhos comunicaram (Artes e Ciências) aos seus
descendentes. Por cerca de 101 anos depois do dilúvio, encontramos um
grande número de descendentes da raça de Noé, no vale de Sinar … que mais
tarde foram conhecidos como Caldeus e Magos, que preservaram a boa
ciência, a Geometria, que grandes Reis e grandes homens aplicaram à Arte
Real. Mas não podemos falar mais a respeito, exceto em uma loja constituída
….”

Esta afirmação em negrito, indica que não estamos na presença de uma


forma simples de um registro histórico, mas uma parte do que se chama “ritual”
na forma das palavras usadas em cerimônias da loja.

E precisamente por esta razão que somos cativos de atividade


maçônica, o ritual, que identifica e distingue a maçonaria de outras formas de
associações sociais ou de intercâmbio, e precisamos reexaminar um
documento ritual familiar que não só lança luz sobre a história de Noé e seus
filhos, mas os liga as práticas semelhantes que têm sido desde o século 18, a
principal característica do que chamamos de “Maçonaria livre e aceita”.

O documento é o Manuscrito Graham com data ambiguamente


registrada como sendo 1726 ou 1672. Não há uma conclusão firme sobre a
datação correta, mas em um exame pericial do documento original, se pôde

57
afirmar que vem do século 17 e que 1726 seria a data em que teria sido
copiado.

O Ir∴ Herbert Pool, que foi o primeiro a chamar a atenção do mundo


maçônico para o manuscrito Graham, apresentou sua opinião de que a história
de Noé já era conhecida do ofício “em sua ampla forma, pelo menos 21 anos
antes da formação da (primeira) Grande Loja”. Isso o tornaria contemporâneo
do período em que algumas das nossas práticas especulativas maçônicas
estavam se formando.

O que é relevante é o fato de que termos aqui a história de Noé, o


guardião dos segredos dos sete Artes e Ciências Liberais, declarando que a
descoberta de tais segredos só pode acontecer quando há três presentes (uma
voz tripla), mas ele morreu antes de revelá-los…

Seus filhos tentaram levantá-lo por cinco pontos, de tal forma a descobrir
os segredos de sua sepultura, mas sem sucesso e a busca do objetivo
desejado deverá ser feito por outros meios.

A proximidade dessa história ao posterior “ritual” do terceiro grau, não


pode ser ignorado e uma vez que não tem qualquer outro material existente
que explique de onde surgiu a lenda de Hiram, sendo assim, convém investigar
possíveis ligações entre o manuscrito Graham e sua contraparte.

Observamos, que em 1738, outra edição das Constituições da Grande


Loja tem uma referência direta aos maçons como Noaquitas ou “filhos de Noé”,
assim, devemos reconhecer que esta forma de nomear a nova forma de ofício
especulativo era normal e aceitável.

A utilização do termo “Noaquita” naquela época, significa que pelo


menos até então havia algum tipo de associação entre “maçons” no sentido
amplo e a história ou lenda de Noé. O Manuscrito Graham dá forma e realidade
para essa associação.

Em um texto da AQC (1967), podemos considerar e fazer três


comentários sobre o conteúdo principal que tem alguma relevância para este
trabalho. Parece ser um documento para uso em uma loja, em vez de uma
produção literária para o estudo privado. Ele tem ligações óbvias com as
chamadas Old Charges, e fizeram observações em 1967 (AQC 80. p100).

Harry Carr escreveu:. Parece provável que a coleção de lendas Graham era de
uma tradição herdada e não uma invenção de quem as transcreveu…

Coletivamente (como nas Old Charges) parecem ter uma história


separada das tradições, desconectadas das práticas rituais originais, mas
estava disponível para ser adotadas em algum ritual, quando surgisse a
necessidade ou oportunidade.

Deve-se notar que nem Harry Carr, nem ninguém em 1967, poderia
sugerir de onde vinham essas tradições. Mas estas lendas podem ter

58
começado a ser usadas no ritual, confirmada na introdução ao manuscrito, que
afirma que a pessoa que se beneficiaria de seu conteúdo era um maçom livre e
aceito, de boa fé.

Citando:

A saudação é a seguinte: – De onde vindes?

– Venho de uma mui venerável loja de Mestre e Companheiros…. que


são todos verdadeiros e perfeitos irmãos de nossos segredos sagrados, que os
darei se comprovar que é um deles…

Como foste feito Maçom…?

Estas e subsequentes perguntas e respostas, tudo na forma de um


catecismo primitivo, ressaltam a antiguidade da forma e do conteúdo deste
manuscrito, mas sugere que estamos no início de nossa viagem através do
século 18.

Vejamos, algumas partes do manuscrito.

A primeira e mais marcante observação é que se mostram três estágios


de conhecimento maçônico. Eles estão conectados com Noé, Moisés e
Salomão. É realmente uma coincidência que todas estas fases incluem uma
estreita ligação entre os trabalhadores de pedra e de madeira.

Noé, como se vê, herda os pilares de pedra com o conhecimento


“secreto”, que como a Arca, vai sobreviver ao dilúvio, enquanto sua
descendência, os construtores babilônicos, constroem a sua torre.

Bezaliel, o artesão escolhido por Moisés, surge como o criador de outra


arca de madeira que será o símbolo da salvação dos últimos descendentes de
Noé, vagando no deserto e está alojado em uma “tenda” de madeira e tecido,
com dois grandes pilares na entrada.

Salomão aparece agora e erige sua mansão do Senhor, com paredes


permanentes de pedra e pilares com câmaras e painéis de cedro e um
santuário de ouro da mesma madeira da Arca da Aliança.

A união dos dois grandes ofícios de carpintaria e pedra não podem ser
apresentados de forma mais dramática.

O segundo ponto seria que estes estágios estão presentes na história


tradicional de James Anderson e confirma que ele não estava fantasiando
quando disse, em 1738, que “os maçons foram os primeiros Noaquitas”.

Pode muito bem ser o registro da sentença de morte da antiga lenda dos
carpinteiros, como parte do progresso incessante da maçonaria especulativa
Inglesa, mas pelo menos estava apontando uma era de evolução da lenda, que
forma parte de nossa herança. O aspecto Noaquita da nossa cultura maçônica

59
tem sido minimizada, tendo um paralelo notável com outras tendências
artísticas.

Cito uma passagem de um romance de 1989 (Julian Barnes, História do


Mundo em 10 capítulos e meio, p 137f) : “Para os primeiros doze séculos
cristãos ou mais, a Arca (geralmente representado como uma simples caixa ou
sarcófago, para indicar que a salvação de Noé era uma pré demonstração da
saída de Cristo de sua sepultura) aparece abundantemente nos manuscritos
iluminados; esculturas e vitrais das catedrais. Noé era uma figura muito popular
… mas onde estão as grandes pinturas, as imagens famosas que o
inspiraram?

A Arca finalmente chegou ao seu horizonte e desapareceu. ”Na pintura


de óleo sobre tela de Nicolas Poussin, chamada de “O dilúvio” (primeira parte
do século 18) o navio ainda podia ser visto. O velho Noé já tinha saída da
história da arte.

A terceira observação apresenta uma pergunta: Por que Noé, seus filhos
e descendentes, apareceram na lenda maçônica e no ritual?

Vamos ver o que o Ir∴ Harvey, autor de AQC (1967) tem a dizer:… nos
primeiros anos da Grande Loja, entre 1722 e 1725, Desaguliers e seus amigos,
consideraram conveniente reformar o que eles viam como marcante no ritual,
aparentemente, as lendas Graham ou algo semelhante.

Por razões práticas, conservaram os Pilares em uma legenda dramática


de fidelidade. Para ganhar consistência, toda a ação se mudou para Jerusalém.
Hiram, o filho da viúva e Bezaliel, se confundiram facilmente em um só
personagem.

O principal problema era a busca dos segredos substituídos e a


transformação do falecido Noé, no Hiram vivo, mas esta invenção não parece
ter causado muitas dificuldades a estes homens instruídos. (P.85-86).

Posso concordar com tudo isso, mas ainda resta uma pergunta, por que
fariam algo que sairia, mas não deixaria o tema central de Noé?

Porque eles eram teólogos que conheciam a tradição de Noé, não eram
os maçons de pedra, porque a tradição de Noé tinha uma ligação prolongada
com um motivo da ressurreição de Cristo e que também tinham fortes laços
com Nemrod e a Torre de Babel e associação “oculta” de Cam. Ao transferir a
história para um filho médio de Israel, menos conhecido, resolveram muitos
problemas em um só golpe. Tudo isso mostra o quão valioso e útil para eles, foi
a lenda do manuscrito Graham.

O Irmão Bathurst, no entanto, faz um outro comentário:“O que é muito


estranho é que Noé, Bezaliel e a abertura dos Vigilantes (todos elementos da
história Graham) estavam no esquecimento, mas não ficaram lá. Homens que
mal tinham ouvido falar de Thomas Graham, o desenterraram anos mais tarde
como base para cerimônias adicionais” (p.91, AQC 80). É aí que surge o grau

60
de Royal Ark Mariner e porque estes primeiros protagonistas, no final do século
18, afirmaram ele sendo como uma linhagem de um século antes, que foi
julgado como excessivo e até mesmo absurdo, um julgamento que agora
deveria ser reavaliado.

O que também é interessante é que nas formas mais primitivas do “grau


da Arca” não é a história da Arca de Noé o foco do grau, mas sim a construção
e destruição da torre de Babel.

A referência de James Anderson, para os maçons como “Noaquitas” não


era simplesmente para voltar a uma antiga tradição. Como uma “base da
religião natural”, no qual todos os homens coincidem, ele está sugerindo que
somos aqueles que aceitaram as Leis Noaquitas como o nosso padrão.
(p.353).

E para reforçar a influência persistente da tradição de Noé no Ofício


Inglês, foi que o pombo substituiu as figuras do Sol e da Lua – figuras de
Hermes e emblemas rosacrucianos – nas hastes dos Diáconos, depois da
União de 1813.

A lenda dos Carpinteiros ainda segue no trabalho dos maçons da pedra.”

Há ainda um aspecto desta tese para elucidar. Como os segredos


prometidos no manuscrito Graham, permanecem ocultos, apesar de terem sido
divulgados por Bezaliel aos Príncipes de St. Alban, então teve que haver uma
nova maneira de recuperar e revelar completamente aos Mestres.

Isso exigia novas formas para as lendas antigas. Dr. Oliver mostrou que
o símbolo do arco-íris era parte de uma antiga cerimônia do Real Arco e como
mostrado na Torre de Babel, toda a comunicação tornou-se impossível entre os
construtores, foi assim que a partir de Babel ou Babilônia é que deveria vir a
restauração do edifício contendo segredos.

Bezaliel com a “Arca” Mosaica também aparece como tendo


redescoberto a verdadeira “palavra” do Todo-poderoso sob o Templo.

Não é de se surpreender que outras pinturas Tudor que adornam o


Carpenters Hall (Hall dos Carpinteiros), mostram o Rei Josias instruindo seu
povo a reconstruir o templo em Jerusalém.

Podemos sugerir que, assim como os Carpinteiros, outras pinturas e


lendas influenciaram as histórias em nosso Ofício, a ponto de ter impacto sobre
o desenvolvimento dos rituais.

Bibliografia:

Trabalho baseado no texto do Ir∴ Neville Barker Cryer, publicado pelo


Cannonbury Masonic Research Center, em fevereiro de 2000.

61
Equinócio de outubro

Mais 7uma vez a Grande Loja Maçônica do Estado da Bahia se reúne


em Assembleia Geral Ordinária para celebrar o equinócio de outono em nosso
hemisfério que corresponde ao equinócio da primavera no hemisfério norte.
A palavra equinócio vem do latim, aequus (igual) e nox (noite), e significa
“noites iguais”, ocasiões em que o dia e a noite, duram o mesmo tempo, ou
seja, durante os equinócios o dia e a noite tem igualmente 12 horas de
duração.
Equinócio é um fenômeno astrológico definido como o instante em que o
Sol em sua órbita aparente (como vista da terra), cruza o plano do equador
celeste (a linha do equador terrestre projetada na esfera celeste) em sua
marcha do sul para o norte e do norte para o sul. Mais precisamente é o ponto
em que a eclíptica cruza o equador celeste.
Caracteriza-se pela distribuição igual da luz solar nos dois hemisférios,
pois é quando os raios solares incidem perpendicularmente sobre eles e
diretamente sobre o equador.
Isto ocorre duas vezes por ano. Numa dessas vezes, a órbita aparente
do sol corta a linha do equador do sul para o norte no dia 20 de março, o que
aconteceu às 08hs02min (horário de Brasília) de quarta-feira passada.
Os equinócios ocorrem nos meses de março e setembro quando
definem mudanças de estação. Em março, o equinócio marca o inicio da
primavera no hemisfério norte como na Europa, Estados Unidos e do outono no
hemisfério sul como no Brasil, Argentina, Austrália, Nova Zelândia.
Mas por que celebramos os equinócios e os solstícios e quais suas
relações com a maçonaria?
O homem primitivo distinguia a diferença entre duas épocas: uma de frio
e outra de calor que eram atribuídas à ação do sol. Graças a isso surgiram os
cultos solares, sendo o Sol proclamado fonte da vida, com influencia marcante
sobre todas as religiões e crenças da época, pois o Sol na sua trajetória
aparente determina a mudança das estações climáticas, nos equinócios e nos
solstícios, quando a natureza passa por formidáveis transformações.
Por este fato as religiões de então consideravam os dias de equinócios e
solstícios como dias mágicos em virtude das transformações da natureza
nestes dias.
E assim os antigos povos realizavam rituais a cada mudança de ciclo da
natureza sempre com um grande significado esotérico e místico, pois
acreditavam em bênçãos divinas que decorriam principalmente do Equinócio
de Outono, quando depositavam as maiores esperanças na concretização dos
mais puros desejos para o homem, as bênçãos do equilíbrio, da equidade e da
justiça.
Nossos precursores, os membros das organizações de ofício, também
realizavam essas celebrações, as quais chegaram à maçonaria operativa, e
desde a instituição da maçonaria especulativa, os maçons continuaram a
celebrar as festas equinociais e as solsticiais, reconhecendo o simbolismo e
misticismo delas.
Diversas são as relações do equinócio de outono. Segundo a astrologia
o ano realmente começa quando o sol, na sua trajetória anual, encontra-se no

62
grau zero de Áries. É o equinócio de outono no Hemisfério Sul (Brasil), e de
primavera no Hemisfério Norte, 21 de março.
Segundo o cristianismo todo o calendário cristão baseia-se no equinócio.
A Páscoa, por exemplo, ocorrerá no 1º domingo de lua cheia após o equinócio
de outono (Brasil), nunca devendo ser antes do dia 22 de março e nunca após
o dia 25 de abril.
A tradição diz que o Ano Maçônico no hemisfério sul inicia-se no
equinócio de outono que hoje celebramos mais precisamente no dia 21 de
março, quando o Sol ingressando no primeiro signo do Zodíaco, Áries, inicia
um novo ciclo e que a Abóboda Estrelada do teto da Loja, representa o céu
durante o equinócio da primavera no hemisfério norte no dia 21 de março.
Todos nós já ouvimos falar de Verdadeira Luz-VL- época em que
começa a contar a era maçônica. Mas como definir a data da VL? Para tanto a
maçonaria adotou o calendário do Rito Adonhiramita que se inicia no dia 21 de
março, equinócio da primavera no hemisfério norte, juntando 4.000 anos aos
da EV.
Na elaboração das pranchas é costume constar a data da EV e ainda,
se, se, desejar, a data da VL, que se obtêm acrescentando 4.000 ao ano do
calendário Gregoriano que desejamos. Por exemplo, hoje são 23 de março de
2013 da EV e 6013 da VL.
Muito ainda poder-se-ia dizer sobre este fenômeno astrológico que para
nós maçons contem relevantes ensinamentos esotéricos. Aos irmãos que
desejarem conhecer mais sobre as festas da maçonaria, existe vasta literatura
escrita por respeitáveis maçonólogos.
Esperamos, no entanto, que com estas poucas informações possamos
perceber as inter-relações e influencia dos corpos celestes sobre a vida em
geral e o comportamento dos homens em particular e, saibamos entender por
que a GLEB, ou seja, a maçonaria celebra e comemora, anualmente, os
equinócios e os solstícios.
E, por fim, que consigamos, todos nós, inspirados no significado e
simbolismo do equinócio de outono, demonstrar por palavras e pelo exemplo,
que a Maçonaria e os Maçons no mundo de hoje, estejam onde estiverem,
sejam quais forem às condições ou situações, continuem sendo, como sempre
foram instrumentos de paz, de equilíbrio, de tolerância, de libertação e
principalmente de transformação social.

Autoria do Irmão Ubaldo Santos - M.’.Gr.’.Orador – Grande Loja Maçônica do


estado da Bahia (GLEB)

63
Maçonaria é caminhada

Sinopse: Incentivo a caminhada maçonicamente orientada.


Pode-se descrever a Maçonaria como instituição de formação cívica,
moral, escola de deveres, ciência de busca da verdade divina, instituição
orgânica de moralidade com objetivo de eliminar ignorância, realizar filantropia,
combater vícios e inspirar amor na humanidade. Mas Maçonaria não é
definível. Isto porque abrange todo o conhecimento humano conhecido e
desconhecido.
A marcha do simbolismo representa esta diversidade do pensamento
como o sair da reta e retornar para ela. Cabe ao maçom duvidar de verdades,
modificá-las e retornar fortalecido para a reta, em direção à sabedoria. O
vaivém da dúvida define a Maçonaria Especulativa, a especulação do
pensamento lato, a busca na racionalidade em respostas a questões que
orientam e constroem o homem.
Inicialmente o maçom lida com o "conhece a ti mesmo", de Sócrates.
Caminha na reta, busca conhecer-se. Aperfeiçoa o intelecto na materialidade
onde se identifica como indivíduo. Desbasta a pedra bruta em sua
manifestação material.
Especula em torno de um espírito de condição melhorada onde
desenvolve a admiração ao conceito de Grande Arquiteto do Universo. É
caminhada para a espiritualidade. Vê a luz da sabedoria que solicitou ver e
inicia uma amizade com esta sabedoria. Num segundo estágio trabalha o
"penso, logo existo", de Descartes. Pensar é ser. O pensamento vai mais
longe. Diagnostica o ser, transcende a si mesmo. Busca metas e
conhecimentos fora da reta.
Começa a especular e, com isso, adivinha outras belezas que o
conhecimento ainda não determinou. Descobre que o pensamento busca a luz
que solicitou e consubstancia riquezas que o tirano não pode usurpar.
Busca o conteúdo interno da pedra que tende a transformar-se em
pedra polida na relação direta com que especula sua realidade e razão de ser.
Torna-se ainda mais amigo da sabedoria. A Maçonaria Especulativa tem por
objetivo espalhar os pensamentos da ordem maçônica para todos os cantos da
Terra e é essencialmente conspiratória.
Conspirações que, pelo pensamento especulativo iluminista mudou
profundamente o desenho político nos séculos dezessete e dezoito onde
promoveu a independência de países e fomentou a Democracia.
Maçons especularam em templos maçônicos e realizaram magníficas
obras em prol da sociedade. Não guardaram segredo da ação maçonicamente
orientada. Divulgaram e agiram conforme o que debateram nos templos.
Maçom! Não permita que o fogo da Maçonaria Especulativa se apague dentro
de ti.
Não te restrinja ao cumprimento automático de rituais e estudos
obrigatórios ou esqueça-se da essência do pensamento especulativo de onde
nasce a capacidade de mudar a si mesmo e à sociedade. Teu dever é opor-se
a obscurantismo, despotismo e tirania. Coloque em prática o que desenvolve
em loja.
Continue cada vez mais amigo da sabedoria, do grego "philos" "sophia".
Ser maçom é filosofar! Para divulgar a filosofia da Maçonaria use de todos os

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meios disponíveis de comunicação. Os pensamentos que iniciam dentro de loja
devem continuar em todos os recantos e até no espaço cibernético.
Não divulgar o que se especula e conspira em loja torna sem propósito o
reunir-se em templos maçônicos. O maçom especulativo livre não permite que
lhe calem ou subjuguem o direito de pensar e expor seus pensamentos
especulativos onde quer que seja!
Romper com esta obrigação tomada por juramento é falhar consigo
mesmo e a sociedade. A caminhada pelo simbolismo da Maçonaria é o ensino
fundamental no Rito Escocês Antigo e Aceito. Outras portas são abertas, numa
preparação que pode levar até quinze anos para se chegar ao doutorado e
então iniciar outra caminhada, com outros alvos de servir a Maçonaria
Especulativa, a si mesmo, aos irmãos e a sociedade.
A caminhada para manter vivas as três colunas do simbolismo que
suportam o Rito Escocês Antigo e Aceito honram e glorificam a criação do
Grande Arquiteto do Universo. Isto não se faz sem tornar-se amigo íntimo da
sabedoria e divulgar a filosofia da Maçonaria a todos os cantos da Terra.

Sinopse do autor: Charles Evaldo Boller, autor, engenheiro eletricista e maçom


de nacionalidade brasileira. Nasceu em 4 de dezembro de 1949 em Corupá,
Santa Catarina. Com 61 anos de idade.Loja Apóstolo da Caridade 21 Grande Loja
do Paraná.

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O Maçom, esse desconhecido!

O Homem é um ser complexo, estranho e imperfeito.

Às vezes se julga senhor do mundo e às vezes em depressão, ou


quando algo em sua vida não está bem se sente muito pequeno inútil e
destruído.Em seus momentos de fantasia, aspira ser Deus, sendo que jamais
poderá vir a sê-lo.
Quer ser imortal, pois não admite a morte, mas nunca se lembra que se
perpetua através de seus gens em seus descendentes.
É um ser gregário, aliás, condição vital para sobreviver. Desde os
tempos das cavernas ele aprendeu a viver em grupo.
É curioso. Pergunta muito, muito embora não tenha respostas para
causas maiores de sua existência. Isto lhe traz um conflito existencial muito
grande. Quer conhecer a todo custo o que se passou com as civilizações
anteriores e quer entrar em contato com seres inteligentes do Universo.
Explora o Cosmo como um todo e em particularidades, explora a própria
Terra, em busca de suas raízes, suas origens, sem tê-las conseguido até a
presente data.
Desconhece a razão da vida e da morte, e temeroso diante das forças
telúricas e universais passou a respeitar venerar e até idolatrar o criador
invisível de tudo. Ai reside o princípio religioso da maioria dos Homens, mais
pelo temor da grandiosidade que o cerca, que pela sua inteligência, a qual é
limitada.
É um ser vicissitudinário. Em sua mente existem milhões de fantasmas
de ideias, de sonhos, de tal forma que ele muda sempre, para uma evolução
maior ou menor, mas amanhã nunca será o mesmo de hoje. Nunca será o
mesmo em todas as épocas de sua vida, embora mantenha suas
características de personalidade.
Nos últimos séculos e especialmente no último, sofreu todas as
influências possíveis e imagináveis quer pela evolução do próprio pensamento
humano quer pelos verdadeiros saltos científicos dados pelas invenções e
pelas tecnologias modernas.
O meio intelectual e moral foi mergulhado e envolvido por estas
descobertas. No último século o desenvolvimento científico da Humanidade foi
maior que em toda a história da atual civilização e civilizações anteriores. As
descobertas científicas aconteceram e acontecem sem qualquer antevisão do
futuro.
As suas consequências não previsíveis dão forma para a nossa atual
civilização. Quer dizer, não há uma programação objetiva e direta direcionada a
um ponto futuro para conduzir a Humanidade. A ciência empurra o homem. Às
vezes ele não sabe aonde irá parar.
Os cientistas não sabem para onde estão indo e nem aonde querem
chegar. São guiados por suas descobertas, às vezes imprevistas e, grande
parte por acaso. Cada um destes cientistas representa o seu próprio
pensamento estabelece suas próprias diretrizes para si e para a sociedade.

Por analogia, o mesmo caso acontece com a Internet. Não sabemos o


que irá acontecer. Teremos que “pagar” para ver.

66
O Homem estuda desesperadamente as leis da natureza, estas,
deveriam só ter valor quando chegassem até ele diretamente, não filtradas pelo
véu intelectual repleto de costumes incorretos e tendenciosos, chegando assim
a sua mente sem preconceitos, consumismos, conformismos e distorções. Aí
ocorrem os sofismas, especialmente dirigidos por interesses financeiros
manipulados por grupos multinacionais.
O comportamento humano em função destes fatores muda verticalmente
de tempos em tempos, ao sabor de uma mídia controlada por estes grupos,
que explora as invenções da maneira que mais lucro lhes dá, dando uma
direção equivocada à Humanidade em muitos setores. E esta praga ataca o
Homem na política, na religião, no comércio e em todos os segmentos da vida,
e ainda no que é mais complexo, no seu relacionamento.
O Homem é um ser emocional, agressivo, intuitivo e faz pouco uso da
razão para resolver seus problemas. Age mais pela emoção.
Konrad Lorenz, prêmio Nobel de 1973, zoologista austríaco admite que a
agressividade do Homem seja uma herança genética de seu passado animal e
que o Homem não seria fruto do meio em que vive. As guerras para ele serão
inevitáveis por maiores que sejam as conquistas sociais e científicas da
Humanidade.
Apesar de ter sido combatido pela maioria dos psicólogos do mundo
inteiro, ele parece ter razão. As guerras continuam existindo e a forma de
destruição do próprio Homem cada vez mais sofisticada. A invenção mais
moderna de autodestruição chama-se terrorismo.
Os Homens para se organizarem criaram regras disciplinares e entre
elas a Ética e a Moral, que tanto se escreve a respeito e há autores que as
consideram a mesma coisa.
Anatole France em seu livro “Os deuses têm sede”, cita que o que
chamamos de Moral não passa “de um empreendimento desesperado de
nossos semelhantes contra a ordem universal, que é a luta, a carnificina e jogo
cego dos contrários”.
“A Moral varia na cronicidade das épocas, pois o que serviu para nossos
pais, não serve para nossos filhos” (Mazie Ebner Eschenbach).
A Moral seria, pois, para entendermos melhor, o estudo dos costumes
da época e a Ética, a ciência que regula as regras pertinentes.
Os Homens ditos civilizados costumam afirmar que a Ética é um princípio sem
fim.
Mas o mesmo Homem que é um ser competitivo, agressivo, emocional e
que seria capaz de destruir a si e ao mundo em determinadas situações, ele
também é em outros momentos bom, caridoso, compreensivo, leal, capaz de
gestos de desprendimento em favor de seus semelhantes
Dentro desta dualidade se procura ainda que de forma muito superficial,
traçar uma pálida silhueta do Homem, já que é impossível descrevê-lo
profundamente como um todo.
Todo Maçom é um Homem, pelo menos no sentido genérico e, como tal
não escapa as especificações boas ou más citadas na descrição deste perfil
traçado.
A Maçonaria traz a esperança de mudar os Iniciados para melhor. Isto
até chega acontecer verdadeiramente para poucos, e estes entenderão que a
Ordem é antes de tudo uma tentativa de levar os adeptos ao seu

67
autoconhecimento e ao estudo das causas maiores da vida e que também sua
função no mundo atual será político-social.
Entenderão que a Maçonaria é para eles uma forma de evolução ética,
moral e espiritual.
Outro grupo de Maçons vive nesta ilusão, mas não vai de encontro a ela.
É medíocre e conformado, aceita tudo, mas sabe muito bem a diferença.
Apenas por uma questão de não duvidar, aceitar as coisas erradas
passivamente, e por preguiça mental letárgica não luta e espera que as coisas
aconteçam. Porem, a maior parte dos Maçons jamais entenderá o desiderato
verdadeiro da Ordem.
Jamais entenderá esta meta, mas acreditará equivocadamente de que a
está conseguindo. A maioria dos Maçons não lê, não estuda, critica os que
querem produzir algo de bom, quer saber quem será o próximo venerável, e
quer que a sessão termine logo, para “demolirem os materiais” e sorverem o
precioso líquido que traz eflúvios etílicos, das “pólvoras amarela e vermelha”,
nos “fundões” das lojas, onde excelentes Irmãos cozinheiros preparam iguarias
divinas.
Até nem podemos condená-los, já que são Homens e como tal não são
perfeitos. Os Maçons de um modo geral trazem para dentro das Lojas, todas as
transformações e influências que existem no mundo profano, e sem se
aperceberem, tentam impor suas verdades como se fossem as verdades
ditadas pela Ordem.
Está havendo um grande equívoco na Maçonaria atual, pois esta tem em
seus princípios valores antigos tradicionais aparentemente conservados
através dos rituais, costumes escritos, constituições etc., que muitos Maçons
têm a pretensão de está-los seguindo, sem que isto seja verdade.
O que acontece em realidade é que a maioria destes valores acabam
sendo letras mortas, pois o Maçom na sua condição de Homem que recebe
todas as influências citadas do mundo profano, especialmente no terreno das
comunicações, informações e do moderno relacionamento humano, traz para o
seio da Maçonaria, tudo o que ele está sofrendo e se envolvendo fora das
lojas, tais como a competitividade desleal, o consumismo exagerado, a
agressividade incontida, a ganância pelo poder, a vaidade auto idólatra, enfim
uma série de situações que ele mais cedo ou mais tarde, quando fizer uma
análise de consciência, se o fizer, pois a maioria nem isso faz, ele verá que não
foi bem isso que ele pretendia da Ordem. Então vem a desilusão total, uma das
causas de esvaziamento das nossas lojas.
Fala-se em tradição na Maçonaria, mas em realidade esta foi se
distorcendo aos poucos, pois os tempos são outros e tudo muda, e as
mudanças ocorrem sem se as apercebê-las, pois muito embora aparentemente
ligado ao passado, o Maçom vive o tumultuado mundo presente.
A Maçonaria a exemplo da nossa civilização atual foi, organizada sem o
conhecimento da verdadeira natureza do Maçom. Embora feita só para Maçons
não esteja ajustada ao real espaço que ela deveria ocupar.
O modernismo, como não podia deixar de ser também chegou a Ordem.
Hoje, em muitas lojas não se usam mais as velas e sim lâmpadas elétricas. Os
rituais foram acrescidos de práticas que não existiam na Maçonaria primitiva.
Os templos se tornaram suntuosos e ricas colunas os adornam. Acabou-se a
simplicidade de outrora. Apareceram cerimônias enxertadas, inventadas,
rebuscadas.

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Tem templos para todos os lados. Um templo às vezes fica ocioso por
vários dias da semana, onde poderia ter uma loja funcionando a cada dia e os
demais templos construídos com muito sacrifício de alguns, poderiam ser uma
escola, um lar de velhinhos, ou qualquer outra modalidade de prestação de
serviços enfim, uma obra que depois de construída seria doada a sociedade.
As pendengas políticas entre os lideres da Ordem, chegam a tal
rivalidade que com frequência são levadas às barras dos tribunais na Justiça
comum.
A ganância pelo poder é um fenômeno bastante frequente na mente de
alguns Maçons. Um simples cargo de venerável, às vezes é disputado de
forma bastante ignóbil, não maçônica, pelos oponentes. Imaginem então, o que
ocorre quando de trata de eleição para o cargo de Grão-Mestre.
Não se concebe e não se justifica que este poder temporal maçônico
que em realidade não significa coisa alguma em matéria do Conhecimento que
a Ordem pode proporcionar, cause tanta cobiça, tantas situações
antimaçônicas, as quais observamos com frequência, sendo que a maioria dos
Maçons fingem que não as estão vendo.
Sábio foi um juiz profano que não acatou uma ação de um líder
maçônico contra outro, alegando que os problemas de Maçons fossem
resolvidos dentro da própria Maçonaria já que a Justiça tinha coisas mais
importantes a tratar.
A Maçonaria foi exposta nesta situação, ao ridículo.
Como é triste, como é doloroso, como doe no fundo da alma quando um
Irmão torna-se falso, difama, conspira e tenta destruir outro. Às vezes seu
próprio Padrinho é o atingido ou um Irmão que tanto lhe queria. E isto sempre
ocorre não pela Dialética que é adotada pela Maçonaria que é a arte de poder
se expressar e alguém contrariar ou contraditar uma opinião para se chegar a
uma verdade, mas tão somente por inveja doentia ou vaidade.
Porém existe o reverso desta análise. Não podemos afirmar que o
Maçom como o Homem em si seja totalmente mau. Ele é dual. Foi criado
assim. Ele tem o seu lado mau, mas luta desesperadamente para ser bom,
sendo que maioria das vezes não consegue. É a eterna luta do Homem. O
ofendido altruísta costuma usar a qualidade cristã do perdão e ai volta a
abraçar o Irmão que lhe ofendeu. E tudo acaba em fraternidade, às vezes
sincera e às vezes falsa.
“A mão que afaga é a mesma que apedreja”. (Augusto dos Anjos)
Não podemos negar que nos causa tanta alegria, quando ficamos
conhecendo um Irmão que nos é identificado como tal, onde quer que se
esteja. Especialmente longe da cidade onde moramos. E comum este Irmão
abrir seu coração, sua residência sua loja. Isto é realmente lindo na Ordem.
É uma satisfação muito grande e uma realidade inconteste.
Outra situação boa que costuma acontecer na Ordem é a hospitalidade
fraterna com que somos recebidos em outras lojas não importando a
Obediência. Esta situação acontece nas lojas-base, não havendo mais
atualmente a discriminação que havia outrora determinada pelos líderes das
ditas Obediências. Foi um avanço social dentro da própria Ordem muito
importante. Já não existem mais primos, agora somos irmãos de verdade.

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O dualismo no Maçom continuará, ele é genético, mas a Maçonaria
espera que seus adeptos desenvolvam somente o lado bom. Sua doutrina é
toda voltada para esse fim. Então, não culpemos a Ordem, por distorções ou
digressões, estas são inerentes ao Maçom, ao Homem imperfeito.
Entretanto, a Ordem deveria mudar o esquema de suas sessões
imediatamente. Gastamos parte de uma sessão com problemas
administrativos. . Aí está o grande mal. É aí que reside a nossa grande falha.
Se houvesse uma sessão administrativa mensal, onde uma diretoria
capaz resolvesse todos os problemas rotineiros, e as demais sessões fossem
abertas e fechadas ritualisticamente, mas sua sequência fosse tão somente de
trabalhos apresentados, debates, instruções, doutrinação, temos certeza de
que mesmo aqueles Maçons que não lêm, não estudam, aprenderiam muito e
tomariam gosto pela leitura, pois seriam despertos de um sono que talvez a
própria maneira atual de ser da Ordem seja responsável.
Temos acreditar no Homem, no Maçom, mesmo ele não sendo um ser
perfeito. Ele desde que devidamente preparado poderá ainda a vir a ser o
esteio da Humanidade.
Estamos no momento mal doutrinados. Temos que nos rever e
modernizar, o futuro já é hoje. Vivemos num mundo de informações. Estas não
podem ser sonegadas ou deixar de serem assimiladas. Já estamos ficando
para trás em muitos segmentos da sociedade.
Não aguentaremos por muito tempo o modelo anacrônico que estamos
seguindo se não nos atualizarmos. Isto qualquer Maçom poderá deduzir, se
refletir um pouco sobre a Ordem.
Acreditamos que a Maçonaria redespertará, e que em num futuro bem
mais próximo do que imaginamos tudo mudará para melhor. Porque, apesar de
todas as influências negativas ou não ela conservou sua essência Iniciática.
E este fator manterá sua unidade simbólica e espiritual perene. Assim
acreditamos...

(*) Autor: Hércule Spoladore – Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil” - Primeiro


Membro Correspondente da Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas
Maçônicas

70
Cicatrizes...

Um menino tinha uma cicatriz no rosto, as pessoas de seu colégio não


falavam com ele e nem sentavam ao seu lado, na realidade quando seus
colegas de colégio o viam, franziam a testa porque a cicatriz era muito feia
Então a turma se reuniu com o professor e foi sugerido que aquele
menino da cicatriz não frequentasse mais o colégio. O professor levou o caso à
diretoria do colégio.
A diretoria ouviu e chegou à seguinte conclusão: que não poderia tirar o
menino do colégio, e que conversaria com o menino e ele seria o último a
entrar em sala de aula e o primeiro a sair, desta forma nenhum aluno via o
rosto do menino,a não ser que olhassem para trás.
O professor achou magnífica a idéia da diretoria,sabia que os alunos não
olhariam mais para trás.
Levado ao conhecimento do menino a decisão, ele prontamente aceitou
a imposição do colégio,
com uma condição:
Que ele compareceria na frente dos alunos em sala de aula, para dizer o
por quê daquela CICATRIZ.
A turma concordou,e no dia marcado o menino entrou, dirigiu-se à frente
da sala de aula e começou a relatar:
- Sabe turma, eu entendo vocês,na realidade esta cicatriz é muito feia,
mas foi assim que eu a adquiri: minha mãe era muito pobre e para ajudar na
alimentação de casa e passava roupa para fora,eu tinha por volta de 7 a 8 anos
de idade...
A turma estava em silêncio atenta a tudo.
O menino continuou: Além de mim, havia mais 3 irmãozinhos, um de 4
anos, outro de 2 anos e uma irmãzinha com apenas alguns dias de vida.

71
Silêncio total em sala.-... Foi aí que não sei como, a nossa casa que era
muito simples, feita de madeira, começou a pegar fogo. Minha mãe correu até
o quarto em que estávamos, pegou meu irmãozinho de 2 anos no colo, eu e
meu outro irmão pelas mãos e nos levou para fora. Havia muita fumaça, as
paredes que eram de madeira pegavam fogo e estava muito quente...
Minha mãe colocou-me sentado no chão do lado de fora e disse-me para
ficar com eles até ela voltar,
pois tinha que pegar minha irmãzinha que continuava lá dentro da casa em
chamas.
Só que quando minha mãe tentou entrar na casa em chamas as
pessoas que estavam ali não deixaram. Eu via minha mãe gritar:- Minha
filhinha está lá dentro!
Vi no rosto de minha mãe o desespero, o horror e ela gritava,
mas aquelas pessoas não deixaram minha mãe buscar minha irmãzinha...
Foi aí que decidi.
Peguei meu irmão de 2 anos que estava em meu colo e o coloquei no
colo do meu irmãozinho de 4 anos e disse-lhe que não saísse dali até eu voltar.
Saí por entre as pessoas sem ser notado e quando perceberam eu já
tinha entrado na casa. Havia muita fumaça, estava muito quente, mas eu tinha
que pegar minha irmãzinha.
Eu sabia o quarto em que ela estava.
Quando cheguei lá ela estava enrolada em um lençol e chorava muito...
Neste momento vi cair alguma coisa,então me joguei em cima dela para
protegê-la,e aquela coisa quente encostou em meu rosto...
A turma estava quieta atenta ao menino e envergonhada. O menino
continuou:- Vocês podem achar esta CICATRIZ feia, mas tem alguém lá em
casa que acha linda e todo dia quando chego em casa, ela, a minha irmãzinha,
me beija porque sabe que é marca de AMOR.
Vários alunos choravam, sem saber o que dizer ou fazer,
mas o menino foi para o fundo da classe e quietamente sentou-se
Para você que LEU esta história, pense o seguinte: o mundo está cheio
de CICATRIZES.
Não falo da CICATRIZ visível mas das cicatrizes que não se vêem.
Estamos sempre prontos a abrir cicatrizes nas pessoas, seja com
palavras ou nossas ações.
Autor Desconhecido

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Prumo maçônico

O Livro da Lei, fonte inesgotável de aprendizado maçônico, apresenta


símbolos que devem inspirar os Irmãos, independente dos graus, a refletirem
sobre seus significados.
Em Amós; capítulo 7, versículos 7 e 8, encontramos: “Ele me mostrou
ainda isto: o Senhor, com um prumo na mão, estava junto a um muro
construído no rigor do prumo. E o Senhor me perguntou: O que você está
vendo, Amós? Um prumo, respondi. Então disse o Senhor: Veja! Estou pondo
um prumo no meio de Israel, o Meu povo; não vou poupá-lo mais".
O prumo, jóia do Segundo Vigilante, é usado para conferir a
verticalidade nas obras da construção civil. Na Maçonaria, ele nos remete à
retidão e à integridade que devem reger nossas condutas.
Amós foi um profeta (palavra do grego, que significa aquele que
proclama). Os profetas bíblicos falavam principalmente dos males de sua
época. Amós viveu aproximadamente 800 anos antes de Cristo, teve CINCO
visões do Senhor Deus, mas foi na TERCEIRA que viu o prumo e o juízo do
Criador perante os descaminhos.
Pela leitura do Livro de Amós conhecemos a história de um homem
simples, que, motivados por valores superiores, resolveu combater a
iniquidade. Ele denunciou a inversão de valores da sociedade, o uso idólatra da
religião e, principalmente, a desigualdade social.
Na época de Amós, o povo de Israel acreditava haver abundância e uma
pseudo prosperidade material. Ele proclamou críticas ao Governo e aos
governados sobre o enriquecimento de parte da sociedade à custa dos pobres
e contra a própria nação, os descalabros ocorridos nos tribunais, à opressão e
a violência reinantes.
Sejamos na Maçonaria como Amós em Israel!
Nós como “Amós maçônicos”, devemos primar pela qualidade na retidão
e na integridade. É preciso por fim às injustiças. Esta é a essência da
mensagem de “por um prumo no meio do povo”. Que a sociedade que
aspiramos construir seja edificada com o “rigor do prumo”.
Ao procurarmos a correta verticalização, ou seja, o prumo da nossa vida
e da sociedade é bom lembrarmo-nos de que os únicos e verdadeiros
caminhos para a ascensão moral e espiritual da nação estão no trabalho
honesto e na conscientização popular.

Autoria do Irmão Sergio Quirino Guimarães, encontrado no blog Arte Real.

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Morte e renascimento...

Crenças, ideais e opiniões servir para fugir da realidade, para iludir o que
é. E, longe de nossa própria realidade, é impossível trabalhar corretamente.
Então nos afundaria no caos e na miséria. É importante descobrir o que
cada um de nós entende a morte e reencarnação, a verdade, não o que nós
gostamos de acreditar, não o que alguém disse ou o que algum instrutor
ensinou-nos sobre isso.
É a verdade que liberta que quebra as cadeias e as restrições que nos
ligam à confusão, desordem e dor. É a verdade que nos liberta, nenhuma
conclusão pessoal próprio, a própria opinião
Queremos garantir que não há morte e viver outra vida, mas que não há
nenhuma felicidade ou sabedoria. A busca pela imortalidade através da
reencarnação é essencialmente egoísta; por conseguinte, não é apropriado.
Nossa busca pela imortalidade é apenas outra forma de desejo de
continuar nossas reações autodefesa contra a vida, é simplesmente um desejo
que vai contra a inteligência.
Tal desejo só pode levar a ilusão. O que importa, então, não é se existe
reencarnação, mas para compreender a plenitude da realização no presente,
se estivermos conscientes e agimos corretamente. E que só se pode fazê-lo se
a sua mente e seu coração já não são contra a vida.
A mente é astuta e sutil em autodefesa, e deve discernir por si só a
natureza ilusória de autoproteção. Isso significa que é preciso pensar e agir de
uma forma completamente nova. Você deve se livrar da rede de falsos valores
que o ambiente impôs. Deve haver uma nudez interna total. Depois, há a
imortalidade, a realidade desconhecida.
Para entender a questão da morte e reencarnação deve nos libertar do
medo, que inventa várias teorias da vida após a morte ou a imortalidade ou
reencarnação. Assim, diz-se que há reencarnação, renascimento lá, a
renovação constante que continua e continua e continua o que é a alma, que
chamamos de alma.
Apesar de não termos visto, nós gostamos de pensar que existe,
porque dá prazer, porque é algo que nós colocamos além do pensamento,
além das palavras, além.
Nós conceber a alma como eterna, "espiritual", que nunca pode morrer,
e então pensei que se apega a isso. Mas poucas pessoas sabem ao certo se é
que existe tal coisa como a alma, algo que está além do tempo e do
pensamento, algo que não é inventada pelo homem, algo que está além da
natureza humana, que não tenha sido tornada pela mente astuta.
Porque a mente vê que grande incerteza, essa confusão, você vê que
não há nada permanente na vida, nada. A relação que temos com nossas
esposas, nossos maridos, nossos filhos, nossos empregos, nada disso é
permanente.
Então a mente inventa algo que é permanente, e chama-lhe alma. Mas
desde que a mente pensa sobre isso, tal coisa ainda está dentro do campo de
tempo e pensamento. É óbvio. Se eu pensar em alguma coisa, isso é parte do
meu pensamento. E o meu pensamento é o resultado do tempo, experiência,
conhecimento e é sempre limitado. Assim, a alma ainda está dentro do domínio
do tempo. Assim, a idéia de continuidade de uma alma renasce uma e outra
vez não fazem sentido, porque é a invenção de uma mente assustada, uma

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mente que deseja e procura duradoura através de permanência, que anseia
por uma certeza, porque em que há esperança.
Nós tememos a morte, porque não sabemos como viver. Se
soubéssemos como iríamos viver plenamente medo de morrer. Se nós
amamos as árvores, o sol, a folha que cai, se nós amamos as aves; se
estivermos atentos aos homens e mulheres que choram os pobres, se você
realmente amor em nossos corações, sentimos que não teme a morte.
Nós não vivemos felizmente, não estamos felizes, não são de vital
sensível às coisas, então nós queremos saber o que vai acontecer quando
morremos.
A vida é dor para nós, e estamos muito mais interessados em morte.
Nós sentimos que talvez não haja mais felicidade após a morte. Mas
isso é um problema enorme, e uma enorme paixão é necessária para
investigar.
No final do dia, na parte inferior de tudo isto é o medo: medo de vida,
medo da morte, o medo de sofrimento. Se você não pode entender o que é o
que dá origem a medo e sofrimento, bem como a sua compreensão se dissipar,
não importa muito se você está vivo ou morto.
Se alguém diz: "renascer" tem que saber o que é o "eu". Quando
falamos de uma entidade espiritual, portanto, que entendemos algo que não
está dentro do reino da mente.
Mas o "eu" não é entidade espiritual. Se uma entidade espiritual seria
além de todo o tempo e, portanto, não poderia renascer e continuar. O
pensamento não pode pensar em qualquer entidade espiritual, porque o
pensamento é dentro da medida do tempo, o pensamento vem de ontem, a
memória é um movimento contínuo, a resposta do passado.
Assim, o pensamento é, na sua essência, um produto do tempo. Se o
pensamento pode pensar sobre o "eu", é a tempo parcial; consequentemente,
o "eu" não é tempo livre e, portanto, não é espiritual, o que é óbvio. Assim, o
"eu" é apenas um processo de pensamento; e nós queremos saber se esse
processo de pensamento, continuando para além do corpo físico, é nascido de
novo, ele é reencarnado em uma forma física.
Aquilo que continua não pode encontrar, de forma alguma, o real, o que
está além do tempo e medida. Esse "eu", entidade, que é um processo de
pensamento, não pode ser novo.
Se você não pode estar fresco, novo, então deve haver uma terminação
para o pensamento. Qualquer coisa que continua é inerentemente destrutiva, e
que tem continuidade jamais pode renovar. Enquanto pensamento continua
através da memória, desejo, experiência, nunca ser renovada;
consequentemente, o que é contínua não pode saber o real. Um pode renascer
mil vezes, mas nunca pode saber o real, porque só o que morre que chega ao
fim, você pode encontrar o desconhecido e renovado.
No morrendo sem renovação. Apenas na morte algo novo vem a ser.
Com esse conhecimento não estamos dando conforto, isso não é algo que nós
podemos acreditar ou pensar, ou que nós consideramos e aceitamos
intelectualmente, porque então ela se tornaria outro consolo, já que agora
acredita em reencarnação ou a continuidade do ali, etc.
Mas a verdade é que para o que continua, não há renascimento,
nenhuma renovação. Portanto, renovação, renascimento está a morrer
diariamente, de momento a momento. Essa é a imortalidade.

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Na morte é a imoralidade; não a morte que nós e medo, mas na morte
das anteriores conclusões, memórias, experiências, na morte de tudo o que
temos identificado como o "I" assusta. Na morte do "eu" em cada momento não
a eternidade, não imortalidade, há algo a ser experimentando; não é para
especular ou palestras sobre ele, como fazemos com reencarnação e todos
esses tipos de coisas.
Quando não se tem medo, porque há uma morte a cada minuto e,
portanto, uma renovação, em seguida, é aberta ao desconhecido. A realidade é
o desconhecido. A morte também é desconhecida. Mas dizer que a morte é
lindo, maravilhoso, porque vamos continuar na vida após a morte e todo esse
absurdo, nenhuma realidade.
Adequadamente ver a morte como um fim, um final em que não há
renovação, renascimento, sem continuidade. Pois o que continua se deteriora,
e você tem o poder de renovar-se é eterno.
Consideramos algo diferente do que a morte da Vida. Nós criamos uma
fronteira entre a vida e a morte e sem entender a vida, nós tememos a morte.
Mas, na realidade, não há uma divisão entre a vida ea morte, exceto na ilusão
da própria mente.
Quando falamos de vida, entendemos viver como um processo contínuo
no qual nenhuma identificação. Eu e minha casa, eu e minha esposa, eu e
minha conta bancária, eu e minha experiência bancária ... isso é o que
queremos dizer com vida.
Viver é para a maioria de nós um processo de continuidade na memória,
tanto consciente e inconsciente, com as suas várias lutas, brigas, incidentes,
experiências, etc.
Tudo isso é o que chamamos de vida; e em oposição a tudo o que é a
morte que termina tudo. Depois de criar o oposto da vida, morte e como o
medo, começamos a olhar para a relação entre ela e a Vida; Tentamos
preencher essa lacuna com alguma explicação, com a crença na continuidade,
no passado, e assim ficamos satisfeitos.
Nós acreditamos na reencarnação ou alguma outra forma de
continuidade de pensamento e, em seguida, tentar estabelecer uma relação
entre o conhecido e o desconhecido.
Procuramos construir uma ponte entre o conhecido e o desconhecido,
tentou encontrar a relação entre passado e futuro. Isso é o que fazemos
quando investigar se existe alguma relação entre a vida e a morte.
Queremos saber como ligar o viver e morrer. Esse é o nosso desejo
básico.
Vivendo como é agora, envolve tortura, desordem contínua, contradição;
portanto, a nossa vida é conflito, confusão e miséria. O trajeto diário para o
trabalho, a repetição de prazer, com as suas dores e ansiedade, tateando,
incerteza, isso é o que chamamos de vida. Que tipo de vida que se
acostumaram. Nós aceitamos isso, nós envelhecemos e morremos com ele.
Para descobrir o que é viver e descobrir o que está morrendo, é preciso
entrar em contato com a morte. Ou seja, é preciso terminar cada dia com tudo
o que você conhece. Você deve acabar com a imagem que tem atraído sobre
si mesmo, sua família, seus relacionamentos, a imagem formada no prazer, a
sua relação com a sociedade, ainda. Isso é o que vai acontecer quando a
morte ocorre.

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Podemos saber o final, que é a morte, como vivemos. Se nós podemos
saber o que é a morte enquanto estamos vivos, não haverá problema para nós.
Já que não podemos experimentar o desconhecido, enquanto vivemos,
estamos com medo.
Nós somos o resultado do conhecido e nossa luta é para estabelecer
uma relação com o desconhecido, o que chamamos de morte. Mas pode haver
uma relação entre o passado e algo que a mente não pode conceber, que
chamamos de morte.
Separado entes coisas porque nossas mentes só podem trabalhar no
reino do conhecido, de continuidade.
Sabe-se apenas como um pensador, como um ator com certas
memórias de miséria, de prazer, de amor, de afeto, de diferentes tipos de
experiência. Sabe-se apenas como uma entidade permanente, porque senão
eu não teria memória de si mesmo, não teria memória de ser algo.
Agora, quando algo que chega ao fim, o que chamamos de morte, medo
do desconhecido surge. Queremos, portanto, para superar a angústia, o medo
da morte, desenhe o desconhecido para o conhecido, e todo o nosso esforço é
para dar continuidade ao desconhecido. Ou seja, nós não sabemos a vida, o
que inclui a morte, mas queremos saber como continuar e não chegar ao fim.
Nós não queremos saber sobre a vida ea morte, mas apenas como
continuar sem fim.
O que permanece desconhecido renovação. Nada de novo, nada pode
ser criativo no que está abaixo. Somente quando a continuidade termina há
uma possibilidade de que o que é sempre novo a se manifestar, decorrentes da
nossa consciência.
Mas esse final é o que nos dá medo, e vemos que no final só pode ser
renovado, o criador, o desconhecido, não guardar um dia para o outro as
nossas experiências, nossas memórias e infortúnios.
Só quando morrem todos os dias para o velho, pois o passado é quando
ele pode emergir novamente.
O novo não pode estar onde houver continuidade, porque o novo é o
criador, o desconhecido, o eterno, Deus ou o que você quiser chamar. A
pessoa, a entidade sucessora que busca o real, o eterno, nunca mais encontrá-
lo, porque você só pode encontrar o que se projeta, e isso não é real.
Só você está terminando, morrendo, você pode conhecer o novo. O
homem que tenta ver a relação entre a vida e a morte, o continuum de ponte e
que ele acredita que está além da vida em um mundo fictício e irreal que é uma
projeção de si mesmo, de sua própria mente.
Agora, podemos morrer em vida, isto é, finalmente, sendo que nada.
Vivemos em um mundo onde tudo está em fluxo, onde tudo é carreirismo e luta
para o sucesso superficial e rápido, e em tal mundo que conhecemos morte.
Temos que acabar com todas as memórias, não a memória dos fatos, a
caminho de casa, como consertar uma máquina, etc.
Mas com o acessório interno à segurança psicológica através da
memória, completo com memórias que você recolheu, armazenados, e em
busca de segurança, prazer e felicidade.
Nós podemos pôr fim a tudo isso, ou seja, morrem todos os dias para que
amanhã eu possa ser a renovação.

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Só então saberemos a morte em vida, e só então morrer naquela
extremidade, em seguida, acabar com a continuidade, há renovação, que a
criação é eterna.

Autoria do Irmão Tonu Iniguez, encontrado no blog Arte Real

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Ver, ouvir e calar

Adalberto Rigueira Viana

A maçonaria como uma escola de sabedoria que é, nos ensina,


principalmente ao Aprendiz, na medida do possível, ouvir muito, prestar a
atenção e falar o mínimo possível
O maçom deve aprender em todos os dias exercitar o seu olhar para as
coisas que possam fazê-lo crescer, olhar sem criticar o comportamento às
vezes inadequado de vários irmãos em Loja e fora dela.
Exercitar constantemente o sentido da audição, pois ouvirá muitas
palavras estimuladoras, porém ouvirá muita coisa que deveria permanecer em
silêncio absoluto.
Por que deve assim agir? Porque não estando amadurecido nos
meandros de uma Loja Maçônica correrá o risco de em ouvindo algum
segredo, passá-lo para frente criando alguns problemas irreversíveis para uma
Loja e para a maçonaria de modo geral.
Ao Aprendiz, que tem assento na coluna do norte recomenda-se ouvir
mais do que falar (não é proibido a ele o uso da palavra). Com sua perspicácia
selecionará as mensagens que puderem lhe proporcionar engrandecimento,
crescimento e aprendizado moral e espiritual. Sabe-se que uma palavra mal
pronunciada, pode deixar marcas que jamais serão apagadas. Por isso,
devemos que ter o cuidado de não denegrir a imagem de um irmão, de uma
cunhada ou de um sobrinho ou sobrinha, sempre enaltecendo e respeitando o
sentido pleno da fraternidade maçônica.
Existe um ditado popular que diz: quem fala muito dá bom dia cavalo,.
Outro também que sempre ouvimos é que quem fala o quer, certamente ouvirá
aquilo que não desejaria ouvir.
Poderiam perguntar diante de tudo isso que aqui foi dito: então os
maçons devem ser surdo-mudos?. Claro que não, porque se assim o fossem
estariam inabilitados para a entrada como membro da a maçonaria.
O maçom inteligente, íntegro e responsável saberá distinguir os
momentos de utilizar estes sentidos, procurando ainda, de forma didática
ensinar aos mais novos como proceder diante de uma situação complicada,
não se deixando levar pela emoção, mas, fazendo prevalecer a luz da razão.
Penso que a nossa audição nos foi proporcionada para ouvir canções e
melodias enternecedoras, para pronunciar palavras de afeto e encorajadoras,
enquanto que a visão nos foi dada para apreciar a boas ações dos irmãos e a
beleza que nos proporcionada a natureza humana.
Em momentos da repressão política e social que o país vivenciou por
longo e triste tempo havia um símbolo que mostrava uma pessoa vendada,
outra com a venda prendendo a boca e outra circulando a cabeça e passando
sobre o nariz e as orelhas para não se ver, não se falar e não se ouvir...
Foi um dos instantes mais tristes e de extrema covardia e crueldade que
ficarão gravados na memória do povo brasileiro, acreditamos, para sempre,
quando pessoas inocentes simplesmente desapareceram ou foram covarde e
friamente assassinadas sem qualquer prova que os condenasse, deixando
para trás viúvas indefesas e filhos sofredores.
Mas, o que mais nos preocupa não é o barulho dos maus. É o silêncio dos
bons".

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Desabafo contra o preconceito a maçonaria

Caros amigos.
Vou escrever um breve texto, espero que não seja muito "chato e
extenso"....
Há poucos dias vi uma postagem de uma pessoa altamente educada,
inteligente, culta, elegante, "do bem", e infinitamente respeitada (com todo
mérito, e com toda a minha concordância, aliás!), em que foi citada a Ordem
Maçônica, e uma "proibição" de uma determinada vertente religiosa (que tem
todo o meu apreço e o meu respeito, inclusive) de seus membros pertenceram
à Maçonaria.
Não vou entrar no mérito dessa "proibição", vou apenas me atrever a
tecer alguns comentários... Bem, como alguns devem saber, sou maçom há
cerca de 7 anos, e vou dizer apenas algumas breves palavras aqui sobre essa
Ordem, e sobre seus "conflitos" com religiões ao longo da história.
Em épocas remotas, as igrejas, principalmente a católica romana,
entraram em conflito radical contra a então "Ordem dos Pedreiros Livres", a
Maçonaria. Havia uma intolerância religiosa, época da "Inquisição", e não vou
me aprofundar nesta questão, para não me alongar mais ainda (há farta
literatura sobre o assunto).
O fato é que a Ordem teve que se manter "sigilosa e escondida" para
sobreviver, pois foi cruelmente perseguida como se seus componentes fossem
"hereges". Muitos erros a "igreja oficial" cometeu, e hoje inclusive vê-se o
Vaticano "pedindo perdão" por atrocidades cometidas durante sua história,
principalmente na época citada, da "Inquisição".
Como em tempos antigos, a Igreja e o Poder do Estado "se confundiam
e se misturavam" no comando das nações, então muitos governos também
perseguiram a Maçonaria. A Maçonaria existe "oficialmente" desde o início de
1700, mas seu verdadeiro início, segundo alguns estudos, pode remontar a
muitos séculos antes.
Trata-se, basicamente, de uma fraternidade de pessoas supostamente
"do bem", de bons costumes e de retidão de caráter (embora esse julgamento
de "quem é quem" é feito pelo homem, e pode ser falho, assim como é falho o
ser humano, e certamente existam maçons sem este perfil citado).
A principal exigência para que alguém seja admitido em nossa Ordem é
"acreditar num Ser Supremo" (que nós chamamos de Grande Arquiteto do
Universo, que é Deus). E também crer na imortalidade da alma. Não somos
uma religião, e nossos membros (que chamamos de irmãos) são de várias
vertentes religiosas.
Reunimos-nos periodicamente para debater assuntos, trocar idéias,
glorificar o Grande Arquiteto do Universo, sempre pensando no bem da
humanidade, seguindo nosso lema histórico "Liberdade, Igualdade e
Fraternidade".
Nada fazemos de mal, e hoje, sem as "perseguições" acima citadas,
não há mais necessidade de nos mantermos "escondidos". Há apenas uma
"discrição" de nossa parte, muito até por questões culturais de "manter a
tradição".
Nunca houve nada que denegrisse a imagem da Maçonaria, exceto
"tresloucadas teorias de conspiração" espalhadas por "anti-maçons" no

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decorrer da história (sem nenhum fundamento, e sem nenhuma confirmação
histórica!). Pelo contrário, nossa Ordem sempre esteve ligada a movimentos
que ajudaram a mudar o rumo da humanidade, sempre com questões altruístas
e humanitárias (no Brasil, podemos citar rapidamente a Inconfidência Mineira, a
Independência e a Proclamação da República).
Portanto, caros amigos, a intenção deste texto não é "bater de frente"
com ninguém, nem criar nenhum tipo de polêmica. O intuito é apenas
ESCLARECER. Vivemos numa época em que preconceitos estão caindo. Não
há porque ter "preconceito" contra a Maçonaria.
Observem seus membros. Observem seus atos. Reflitam. Não quero
aqui convencer ninguém a querer entrar para a Maçonaria.
Somos discretos e reservados, não fazemos isso. Quero apenas que as
pessoas deixem seus preconceitos de lado, preconceitos estes baseados em
antigas "idiotices" que a humanidade já superou.
Somos todos irmãos. Somos todos filhos do Pai.

Autoria do irmão Cléber Capella – MM – ARLS Cedros do Líbano, 1688 – Miguel


Pereira-RJ, encontrado no blog Arte Real.

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Cargos em Loja : O Orador

Um dos mais belos e importantes cargos de uma Loja Maçônica é o


cargo de Orador, ou, como agora também é denominado, o cargo de Membro
do Ministério Público Maçônico na Loja.
A importância do Orador é fundamental na performance de toda e
qualquer Oficina e os requisitos essenciais para o seu bom desempenho são
múltiplos, devendo a escolha dos Irmãos recair, sempre que possível, em um
Mestre Instalado que, pela sua vivência e experiência maçônicas, já enfrentou
e solucionou praticamente todos os problemas que as Lojas costumam
apresentar.
Também é desejável, embora não seja obrigatório, que o Irmão
escolhido para esse cargo eletivo seja versado em ciências jurídicas, que tenha
familiaridade com leitura e interpretação de textos legais, leis, regulamentos e
regimentos, e que saiba diferenciar, por exemplo, o que vem a ser uma lei, um
ato ou um decreto.
O Orador, nos Ritos que dispõem desse cargo, é a quarta Dignidade na
hierarquia da Loja, toma assento no Oriente, à direita ou à esquerda do V.’.M.’.,
conforme o Rito e pede a palavra diretamente a ele.
Apenas para fins didáticos, vamos dividir as funções do Orador em três
grandes grupos:
Primeiro: como membro do M.’.P.’. Maçônico.
Segundo: como Orador propriamente dito, isso é, como aquele Irmão
encarregado de discursar, ou, como se diz no linguajar maçônico, de
apresentar peças de arquitetura nas solenidades da Loja, sessões magnas,
festivas e públicas.
Terceiro: como partícipe das atividades ritualísticas nas sessões
litúrgicas, na abertura e fechamento do L.’.L.’., na conferência do saco de PP.’.
e Inf.’. e na Cadeia de União. Esses procedimentos ritualísticos, diga-se de
passagem, variam de acordo com o Rito adotado pela Oficina.
Vamos examinar, agora, essas funções separadamente:
Primeira:
O Orador, como membro do M.’.P.’., tem suas atribuições definidas no
art. 122 do RGF.
São elas:
I – Observar, promover e fiscalizar o rigoroso cumprimento das leis
maçônicas e dos rituais, lembrando que, tal como no mundo profano, não há
crime sem lei anterior que o defina.
II – Cumprir e fazer cumprir os deveres e obrigações a que se
comprometeram os membros da Loja, à qual comunicará qualquer infração e
promoverá a denúncia do infrator. Percebam aqui que o Orador não pode coibir
o erro eventualmente cometido, mas apenas advertir e, em último caso,
denunciar.
III – Ler os textos de leis e decretos, permanecendo todos sentados,
inclusive o Orador.
IV – Verificar a regularidade dos documentos maçônicos que lhe forem
apresentados, inclusive conferir a assinatura, ou ne varietur, dos visitantes,
apostas no livro de presença, com os documentos profanos que esses deverão
lhe apresentar.

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V – Apresentar suas conclusões no encerramento das discussões, sob o
ponto de vista legal, qualquer que seja a matéria.
VI – Opor-se, de ofício, a qualquer deliberação contrária à lei e, em caso
de insistência na matéria, formalizar denúncia ao poder competente. Cabe aqui
lembrar que, ao constatar um erro, ou uma decisão equivocada da Loja, ele
deverá se opor, não de um modo brutal ou prepotente, mas de uma maneira
esclarecedora e fraternal, dizendo um não tão delicadamente como se dissesse
um sim.
VII – Manter arquivo atualizado de toda a legislação maçônica.
Lembrando aqui da importância de estar sempre atualizado o seu arquivo com
as emendas constitucionais e alterações do RGF publicadas nos boletins
oficiais.
VII – Assinar as atas da Loja, tão logo sejam aprovadas.
IX – Acatar ou rejeitar denúncias formuladas à Loja, representando aos
poderes constituídos. Em caso de rejeição, recorrer de oficio ao tribunal
competente.
Para o bom desempenho dessas atribuições específicas, é sim
necessário que aquele que a exerça tenha amplo conhecimento de todo o
arcabouço legal da Maçonaria, ou seja:
 Constituição do GOB
 RGF
 Código Eleitoral Maçônico
 Código Penal Maçônico
 Lei Penal Maçônica
 Constituição Estadual do G.’.O.’. Estadual à que pertença sua Loja
 Regimento Interno de sua própria Loja
No desempenho dessas atribuições, o Irmão que ocupa esse cargo
deverá ser ponderado, sereno, conciliador e justo.
Para isso, é importante e necessário que conheça alguns princípios
jurídicos básicos, tais como a hierarquia das leis, isto é, quando conflitantes,
leis federais prevalecem sobre as estaduais, e ambas prevalecem sobre o
Regimento Interno da Loja.
Como Membro do M.’.P.’.M.’. o Orador pode e deve falar sentado, por
analogia com o Secretário da Loja, pois sua fala é quase sempre acompanhada
de consultas ou citações das leis ou dos rituais.
É oportuno esclarecer também que o Membro do Ministério Público
pertence ao Poder Executivo e não ao Judiciário, como equivocadamente
alguns imaginam.
Finalizando essa primeira parte, é bom lembrar que o Guardião da Lei
deve ser um dos espelhos da Loja, esforçando-se por apresentar uma conduta
impecável e um compromisso inarredável com a verdade e a lei.
Examinemos, agora, a segunda função do Orador de Loja, ou seja, como
Orador propriamente dito:
Segundo os dicionários, orador é aquele que ora ou discursa em público
e aqui cabe uma primeira observação: quando discursa, o Orador deve
permanecer em pé, como sempre o fizeram os grandes oradores.
Falando em pé, o Orador pode utilizar melhor seus braços e suas mãos
para dar ênfase e dramatização à sua fala, além de melhor aproveitar a sua
aparelhagem respiratória e vocal. O bom Orador saberá ser eloqüente em seus
discursos e conciso em suas conclusões como guardião da lei. Para isso, a

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nobre arte da oratória exige, daqueles que a ela se dedicam, o domínio de três
grandes ciências e artes: a lógica, a gramática e a retórica, o trivium. (os
Irmãos ainda se lembram das sete ciências e artes liberais da antiguidade,
ministradas no grau de companheiro?)
Vamos recordar?
A lógica, que nos ensina a pensar corretamente.
A gramática, que nos ensina a escrever corretamente.
E a retórica, que nos ensina a falar corretamente.
Somente quem pensa e escreve corretamente conseguirá se expressar
corretamente, desenvolvendo um raciocínio e uma seqüência lógica na
exposição de suas idéias, fazendo com que elas tenham clareza e se
organizem linearmente, tendo princípio, meio e fim.
A terceira atribuição do Orador é participar de atividades ritualísticas,
como já foi mencionado. Nessas atividades, ele deverá ser um verdadeiro
exemplo e espelho para a Loja, obedecendo rigorosamente ao que prescreve o
Ritual, nada lhe acrescentando ou suprimindo. Nas Lojas que adotam o
R.’.E.’.A.’. A.’. o Orador tem, ainda, outra atribuição, quase esquecida, mas que
consta nos rituais:
O Tempo de Estudos será preenchido pelo V.’.M.’. ou pelo Orador, ou
ainda por um Irmão previamente designado.Mas dificilmente vemos na prática
isso acontecer. O V.’.M.’. ou o Orador preenchendo o Tempo de Estudos.
E muito difícil ser Orador de Loja? É difícil! Vale à pena? Vale.
Como disse Fernando Pessoa: “tudo vale a pena, quando a alma não é
pequena.”

Enviado pelo Ir.’. Carlos Basílio Conte - Autor de: “O Livro do Orador”
Madras Editora, encontrado no blog Arte Real.

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A música e a maçonaria

A música é a arte de produzir sons e acordes combinar todos os


elementos da criação de instrumentos de som; ritmos, sons, toques, timbres,
organizações de série, melodias, harmonias, etc. No seu sentido mais primitivo.
É a arte de produzir sons que combinem de forma tão agradável ao
ouvido, que suas modulações agitem a alma.
Em todas as civilizações, a música assume um papel importante nos
eventos mais relevantes, sociais ou pessoais, onde tem um papel de mediador
entre o diferenciado (material) e o indiferenciado (a vontade pura), ou entre o
intelectual e espiritual. Por conseguinte, assume especial importância nas
cerimônias ritualísticas, além de sua capacidade de promover as emoções.
A música representa o equilíbrio e ordem, é uma linguagem universal.
Na Maçonaria, a música representa uma das sete artes liberais, simbolizando a
harmonia do mundo e especialmente a que deve existir entre os maçons.
Através da beleza dos sons e da harmonia dos ritmos chegarem à sabedoria
do silêncio.
A música é a arte de organizar sons. Toda arte consiste em organizar
um material de acordo com as “leis” e um propósito.
A música é em si mesma e na sua essência, uma maçonaria, uma
construção de um caráter inicia tico. Os elementos que a componentes não são
os sons, pedras brutas, mas as notas, pedras polidas.
Os três parâmetros que especificam o talhe da pedra, o som preciso:
A Força, que reside na densidade. A Sabedoria, no seu ‘tempo’ ou
comprimento. A Beleza, na sua altura ou freqüência.
As pedras do edifício justo e perfeito musical devem ser montados: a
música é uma construção, arquitetura, uma “Arte Real” que revela as leis
universais da “Grande Obra” que organizamos em três etapas.
O silencio, vácuo necessário antes do evento, é o estado de
aprendizagem. O som, a manifestação, a consciência, o despertar do
companheiro. A melodia, a organização do som pelo mestre.
Outra analogia pode ser encontrada em três etapas, entre o método de
formação do músico e Maçom:
O Aprendiz: Estudar a música em si (canta). Aprende a decodificar
símbolos ou sinais (solfejo) e escolhe o seu/s instrumento/s. Isso requer um
mestre ou instrutor.
O Companheiro: concedido a facilidade na interpretação de sinais e uso
de seu/s instrumento/s. Colaborar com outros colegas no canto e da
interpretação (polifonia, conjuntos instrumentais). Estudar a história, os estilos
e os grandes mestres. Nesta fase, a companhia entra em um processo de auto-
formação.
O Mestre: Sua tarefa é conseguir uma interpretação pessoal, uma
experiência que permite a transmissão dos trabalhos. O mestre trabalha
sozinho, mas exige um aprendiz, que aprende tudo o necessário para alcançar
a verdadeira mestria. Essa relação se fecha o ciclo.
A música na Loja é representada pela Coluna da Harmonia, que é o
conjunto instrumental ou reprodutor musical destinado a execução da música
maçônica durante cerimônias rituais.
Nas Lojas, até que no século XVIII, começou a introduzir instrumentos de
cordas, trompetes e tambores, só se empregavam vozes. A designação de
85
“Coluna de Harmonia” aparece no final do reinado de Louis XV para se referir
ao conjunto de instrumentos que soavam nas cerimônias, que teve um máximo
de sete instrumentistas: 2 clarinetes, 2 trompas, 2 fagotes e 1 tambor.
Então, a concorrência entre as lojas pelos instrumentistas mais virtuosos
ter originado que foram admitidos sob os mesmos músicos, que isenta de
qualquer contribuição, de serviços (embora ele só pudesse aspirar ao grau de
Mestre), e compunham obras para várias cerimônias maçônicas (trabalhos,
banquetes, funerais, iniciações, etc.) estes irmãos artistas, tinham o mesmo
direito de voto como o resto dos irmãos e em grandes cerimônias, festas e
banquetes eram obrigados a contribuir com sua arte.
A Coluna da Harmonia tinha como missão de proporcionar um
complemento para o ritual, a música é uma forma funcional, cujo valor não
depende principalmente do seu valor intrínseco, mas a sua importância para o
destino designado.
Talvez a maior representação da música maçônica corresponda a
Wolfgang Amadeus Mozart, que foi iniciado como aprendiz de maçom, em 14
de dezembro de 1784, na Loja A Esperança Coroada e para esta finalidade se
interpretou na Loja, sua cantata “Alma do universo para ti, oh Sol” (K. 429), é
um hino ao sol e a luz; cantata duplamente adaptada a celebração Maçônica
da grande festa de São João do verão (mais conhecido como o solstício de
verão) e ponto culminante do ano maçônico; e também se encaixa na
cerimônia de iniciação maçônica.
Grato e apaixonado pela sua Loja escreveu para ela as canções mais
notável, no que não se limito apenas a expressar um simples e belo sentido de
palavras, mas nota-se que ele deu todo o calor de sua fantasia, e esperanças
suscitadas de uma alma movida pelo bom e do belo, de amor para a
humanidade.
Na ocasião da cerimônia da passagem de seu pai para o grau de
companheiro, colocou música em um poema de Joseph Von Ratschky, “A
viagem do Companheiro” (K 468) de voz e acompanhamento de piano.
Poucos meses antes de entrar no terceiro grau da Maçonaria, participou
em 11 de Fevereiro de 1785, na Loja vienense “A autêntica harmonia”, a
iniciação maçônica de seu amigo Joseph Haydn no grau de aprendiz, a quem
Mozart, por esse motivo lhe dedicou a “Seis quartetos de cordas”.
Pouco antes da investidura dupla que Mozart e seu pai receberam como
mestres maçons em 2 de abril de 1785, na Loja vienense ‘A Esperança
Coroada’, compôs para esta Loja duas de suas composições mais importantes
maçônicas ‘ A alegria maçônica’ (K 471) e “Musica Fúnebre Maçônica’ (K 477).
Em 1786, durante uma reorganização das lojas de Viena ordenada pelo
imperador Joseph II, Mozart escreveu para sua Loja ‘A nova Esperança
Coroada’ duas cantatas maçônica: “Para a abertura da Loja” (K 483) e o
‘Encerramento da Loja’ (K 484).
Encontramos-nos ainda com três obras de Mozart ligada à Maçonaria, e
em que nós descobrimos a Mozart comprometido com a liberdade e os ideais
da Revolução Francesa, especialmente em “Vocês os que honram o Criador do
Universo Infinito” (K 619), que é uma mensagem para a juventude alemã na
época em que compôs a ópera de fraternidade universal.
As outras duas composições estritamente maçônica as que Mozart pus
música foi uma pequena cantata maçônica, “Elogio da amizade” (K 623),
datada em Viena, em 15 de novembro de 1789 e “Entrelacemos nossas mãos’

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(K 623) e que é cantada, para formar o elo da Cadeia de União. Sua obra
póstuma, seu canto do cisne, foi o intitulado “Pequena Cantata Maçônica”, o
que deu em uma reunião realizada em sua loja, executada por ele mesmo, dois
dias antes de se sentir atacado pela misteriosa doença que o levou para o
túmulo.
É emocionante ver Mozart no limiar da morte, esquecendo-se de seu
sofrimento e angustia física, cantando a fraternidade unida no trabalho, e na
presença de luz no impeto e no calor da esperança.
Três semanas depois, morreu.
A lista de músicos e música inspirada por ideais maçônicos seria
interminável, mas talvez a mais representativa são: J. Haydn, I. S. Bach, L. W.
Beethoven e F. Liszt

Obra de autor desconhecido encontrada no blog Arte Real.

87
Em pé e à ordem

A Maçonaria é uma instituição admirável. Pelos seus princípios, pela sua


história e pela sua razão de ser.
Dentre os princípios que lhe asseguram a existência, destacam-se como
fundamentais o culto permanente à virtude e o combate sem trégua a toda
sorte de vícios.
Do ponto de vista de sua história, pode-se afirmar que nenhuma nação
do planeta pode se jactar de não lhe dever a consolidação de suas conquistas,
sobretudo no que respeita à defesa de seus direitos fundamentais,
sobremaneira a liberdade.
A luta permanente em defesa da fraternidade universal e o combate sem
trégua a todas as ideologias e ações que atentem contra a dignidade do
homem e à ética nas relações de convivência, dentre outras, justificam,
cabalmente, sua razão de ser.
É dever fundamental de todos aqueles que por meio da Iniciação
penetram, ainda que superficialmente, nos mistérios da Maçonaria, conhecer e
interpretar seus símbolos e alegorias. Não se pode entender que o Maçom não
saiba o significado da ritualística que pratica e da liturgia dos diversos atos
maçônicos.
Se o Maçom não sabe o significado real de sua Iniciação e o que
significam os símbolos que ornamentam o interior de uma Loja Maçônica;
jamais poderá fazer progresso na Sublime Ordem e o que é pior
inapelavelmente, por não saber o que está fazendo na Maçonaria, seu
desinteresse e sua inércia só concorrerão para a fragilização da Instituição.
A obediência cega, sem curiosidade aos comandos daqueles que
dirigem as Lojas, é perniciosa e inglória. Não se trata aqui de aplaudir o velho
chavão sem lógica, mas usado com freqüência, de que FULANO ENTROU
NA MAÇONARIA, MAS A MAÇONARIA NÃO ENTROU NELE .
Não é isso, quem entra para a Maçonaria tem que conhecê-la para
poder amá-la e contribuir para o fortalecimento de sua existência. Quem entra
para Maçonaria tem que honrar os sagrados juramentos que faz e os
compromissos a que se submete. Quem entra para a Maçonaria tem que tomar
posse de seus postulados, estes sim devem penetrar no território de seus
conhecimentos.
A Maçonaria, já se prega com freqüência, não é mais aquela sociedade
secreta que, pelos segredos de suas ações despertou intrigas, inveja,
perseguição dos déspotas e até a condenação da Igreja Católica Apostólica
Romana.
O que ainda se consegue, de algum modo preservar, a despeito das
atitudes estúpidas dos boquirrotos que conseguiram ludibriar nossa vigilância e
iniciaram na sublime Instituição, é a forma de comunicação entre os Maçons.
De igual modo, apesar da devassa da Internet, o ritual e o desenrolar
das sessões ainda estão, de algum modo, preservados.
A Maçonaria, segundo palavras do saudoso Irmão Octacílio Schuller
Sobrinho, é uma Escola de Conhecimento.
Os conhecimentos adquiridos conduzem o Maçom à senda da Perfeição,
da Justiça, da Moral e dos Bons Costumes; se praticados dentro de um Templo
interior, que denominamos de Cátedra Maçônica, que em nossa interpretação é

88
o Templo Sagrado onde o Irmão eleva-se espiritualmente, em presença do Ser
Onisciente e Onipotente, e isso é o que difere de uma cátedra comum no
mundo profano.
O que significa estar o Maçom DE PÉ E À ORDEM? Qual a definição da
expressão DE PÉ E À ORDEM?
Significa o Irmão de forma digna, séria, elegante, com o corpo ereto,
erguido verticalmente, estando de pé ou sentado no interior de um Templo
Maçônico;
Significa que, estando o Maçom em Loja “de pé e à ordem” ele estará
fazendo o sinal do grau em que a Oficina da Arte Real está funcionando; de
forma absolutamente correta.
Que o Irmão ao dizer-se “de pé e à ordem” para outro irmão, seu Grão-
Mestre, Grão-Mestre Adjunto, Venerável Mestre, 1º Vigilante, 2º Vigilante, etc.
ele está dizendo que está pronto para receber e cumprir ordens e,
principalmente,
Que o Maçom diz-se DE PÉ E À ORDEM por estar cônscio de suas
obrigações para com a Sublime Ordem, a Família, a Pátria e a Humanidade.
DE PÉ E À ORDEM o Maçom é elegante, ou seja, é aquele que
demonstra interesse por assuntos que desconhece; quem cumpre o que
promete; quem retribui carinho e, primordialmente, solidariedade; é muito
elegante não falar de dinheiro nos bate-papos informais. Sobrenome, jóias e
nariz empinado não substituem a elegância!
O primeiro ensinamento que nos passam na Iniciação diz respeito ao
sinal de ordem, cuja interpretação tem conexão com o juramento que
prestamos. Aprende-se também, no mesmo momento, que o dito sinal não se
faz quando se estiver sentado e nem quando nos movimentamos em Loja.
Ensina-se na mesma ocasião que o sinal de ordem deve ser usado
quando de pé, sempre de pé, quando se pede a palavra ou se está entre
colunas.
E quando aquele que preside a sessão (Grão Mestre, Venerável
Mestre, etc.), determina, às vezes tem o som do autoritarismo, até porque
alguns ao invés de pronunciarem DE PÉ E À ORDEM pronunciam,
erradamente, DE PÉ É A ORDEM.
Mas por que de pé? Porque sem dúvida alguma em todos os costumes
conhecidos o gesto de FICAR DE PÉ, expressa RESPEITO, REVERÊNCIA,
CONSIDERAÇÃO e em alguns casos quer significar FORTE HOMENAGEM. É
o caso, por exemplo, quando se aplaude de pé alguém que pronunciou um belo
discurso, ou que adentra a um determinado recinto…
DE PÉ E À ORDEM, sem embargo de melhor entendimento, para mim
significa que estamos aguardando ordem, à disposição, tanto individual quanto
coletivamente. Pronto para receber e procurar cumprir as ordens emanadas de
quem pode dar.
Pode, ainda, expressar um gesto de humildade, dado que, a humildade
é uma das muitas virtudes cultuadas pelos Maçons e pela Maçonaria.
Finalmente, toda organização se rege por normas, por regras que se
destinam a assegurar a hierarquia e a disciplina.
DE PÉ E À ORDEM é mais do que uma mera passagem ritualística; é
um ato que homenageia a LITURGIA MAÇÔNICA. Faz lembrar que nas
missas, em alguns momentos fica-se de pé, em outros de joelho, tudo para
obedecer à liturgia.

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Faz lembrar também que, em algumas solenidades, fica-se de pé,
quando certa autoridade chega; fica-se de pé, quando se executam ou se
cantam os hinos oficiais.
Nos nossos Templos Maçônicos, quando neles adentram certas
autoridades, fica-se de pé, ainda que para isso seja necessária a ordem do
dirigente.

Enviado pelo Irmão Montecarmelo – Ven.’. da Loja Voluntários da Perfeição –


Or.’. Gov. Valadares – MG e adaptado pelo Ir.’. Jupiaci Ramalho, da Loja Luz e
Caridade 1398 – Or..’. Mantena-MG, em setembro/2010, encontrado no blog Arte
Real.

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Filho de Maçom...

Até onde consigo recordar e ter consciência de minhas recordações a


Maçonaria faz parte delas.Com 5, 7 anos de idade lembro que perguntava ao
meu pai aonde ele ia já que havia acabado de chegar do trabalho e sua
resposta, semana após semana, ano após ano era sempre a mesma: "Vou à
loja".Mas que diabo de loja é esta que não conheço! Pensava. Meu pai tem
escritório (de contabilidade), ele não tem loja nenhuma! Continuava meu
raciocínio.
Mesmo não entendendo a resposta tinha uma tremenda raiva da tal
"Loja" pois tirava meu pai de casa e eu ficava sem sua companhia.
Poços naquela época fazia muito frio no inverno e mesmo assim meu
pai ia na 'Loja'. Ele tinha um sobretudo que chamava de 'capote'. Quando ele
perguntava para minha mãe do 'capote' eu pensava: Lá vai ele de novo para a
tal 'Loja'!
E assim os anos foram passando.
Quando tomei consciência do que era o dia de Finados e que neste dia
íamos a um lugar chamado Maçonaria, onde várias pessoas com espadas,
com gravata, um caixão com várias flores sobre ele, e uma cerimônia onde
todos participavam quietos e só alguns falavam e que estes que falavam
usavam aventais e que uma destas pessoas usando avental era meu pai,
compreendi que ele era 'da Maçonaria'. Não pela boca de meu pai, mas desta
forma, descobri que ele era Maçom.
Vim a saber que ir 'na Loja' era ir à Maçonaria, anos depois destas
cerimônias de Finados, mais precisamente durante a cerimônia de adoção de
'Lowton' da qual fiz parte. E de novo não pela boca dele. Esses maçons
antigos!
Enfim sempre fui filho de maçom até o dia que um bom amigo que mais
tarde reconheci como irmão, convidou-me também a participar da Ordem (Meu
pai já havia passado para o Oriente Eterno). Minhas lembranças como filho de
maçom são ao mesmo tempo de ser 'importante' e de incompreensão porque
nada sabia sobre a Ordem. Em mim foram sentimentos antagônicos.
Meu pai além de nunca ter comentado nada sobre Maçonaria e hoje
entendo sua postura, nunca intercedeu junto a Ordem para que eu fosse
convidado e isto eu não entendo. A melhor explicação que tenho para este fato
é que como ele nunca falava sobre maçonaria eu também nunca perguntava e
como eu nunca perguntava talvez ele tenha concluído que eu não me
interessava. Enfim, sou “filho de maçom” e hoje meu filho também é 'filho de
maçom' como eu.
Quais são as respostas que devo a ele para que um dia a Maçonaria que
indiretamente já faz parte da vida dele não seja o que foi para mim?
Quando saio para ir a 'Loja' digo ao meu filho, hoje com 11 anos, que vou
a uma reunião na Maçonaria. E ele já sabe que sou maçom.
Uma vez escutei "Pai, você vai de novo à reunião? O que é que vocês
conversam lá?”
Tal como eu, meu filho também não tem as respostas que o satisfaça,
pois o que ele quer é que eu não saia de casa, ele quer minha companhia!
Ensaio algumas respostas mas percebo que não é o que ele quer ouvir.
Concluo que como meu pai, eu ao falar com meu filho 40 anos depois
não estou sendo muito diferente dele. Aliás ele também já participou da

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cerimônia de adoção de Lowton. Esta é uma das faces da Maçonaria.
Ano após ano e no meu caso décadas, permanece firme em seus
anseios de melhorar o homem e por conseguinte a humanidade e com a
mesma essência em seus ensinamentos. Presumo que desde o ano de 1700 e
pouco vem se falando a mesma coisa. Posso concluir que: ou somos
incapazes de compreendê-la tal quais as crianças que nada sabem mas são
curiosas, ou seus ensinamentos são utópicos, justos e perfeitos, portanto
inatingíveis e a busca constante deles recomeça a cada novo Aprendiz que
admitimos.
Ao tempo certo, pretendo interceder junto a Ordem para que meu filho
um dia torne-se maçom e espero que meu neto também.

Peça de arquitetura traçada pelo Irmão José Sólon de Oliveira, encontrada no


blog Arte Real

92
Um lugar entre vós

A Maçonaria "nada" faz! Quem faz é o obreiro. E se ele assim o desejar.


A Maçonaria, com sua filosofia, doutrina, estrutura, enfim, com seu sistema,
apenas apóia o processo de mudança a que cada um se submete. Ilude-se o
cidadão que entra na ordem maçônica aguardando dela a ação de educá-lo;
existe apenas autoeducação. Razão de se afirmar que a Maçonaria não é
"reformatório". O maçom já vem pronto, cabe a ele utilizar-se do sistema da
Maçonaria para melhorar-se, e isto só é possível com árduo trabalho. Na busca
por novos, se realmente se desejar que a ordem mude no aspecto de albergar
em suas colunas homens de escol, que façam a diferença, deve-se prospectar
por aqueles que já são "maçons" quando profanos.
Iniciação é formalidade. Tais homens são imberbes no que diz respeito
aos ritos e a doutrina maçônica; o objetivo é fazer estes homens ainda
melhores que já são. O que atua para mudar tais bons homens para melhor? É
a convivência com outros homens de semelhante característica e
determinação.
É da convivência, do constante roçar de uns nos outros em termos
intelectuais e é abordando problemas da sociedade que se propicia a
possibilidade de aportarem insights que possam mudar a sociedade pelo
desenvolvimento do humanismo.
O maçom não vai mudar os outros homens da sociedade, longe disso, é
falácia dizer que o maçom deve voltar para a sociedade e mudar criaturas
brutas e abestalhadas que lá se encontram em resultado de suas lides
materialistas, oportunistas e viciadas.
O bom homem que adentra às portas do templo vai melhorar a si
mesmo; e só! Quanto mais personalidades adentrarem nesta sublime
instituição por amizade e politicagem, em detrimento de qualidades que o
revelem "maçom" ainda não iniciado, pior fica o ambiente, corrompem-se
relacionamentos, situações surgem onde a tolerância é colocada à prova, até o
momento em que a própria tolerância fenece e surge tirania.
O insight da afirmação a respeito do "nada" que a Maçonaria oferece
tem por base a conhecida resposta de Pitágoras momentos após sua iniciação;
ele teria dito: - simplesmente nada encontrei! - E que depois disso partiu em
busca do significado deste "nada". É o que o maçom deve fazer na Maçonaria,
buscar respostas deste "nada".
Ao maçom cabe reunir-se com outros maçons que igualmente buscam
escapar por alguns instantes da semana do mundo dos desejos e das ilusões e
desenvolver sabedoria. Isto pode ser um excelente exercício discursivo se
remanescer apenas no plano das ideias, retórica que nada constrói de prático
sem o concurso de exemplos e a influência do grupo social.
O homem, criatura social por excelência, carece da convivência, do
elogio, da aprovação, da continua provocação para melhorar-se. O maçom
usufrui de convivência, emoção, amizade, para mudar a si mesmo no processo
de autoeducação onde atua a doutrina maçônica. Muitos se afastam das lojas
porque os maçons lá recebidos nada encontram para dar respostas ao "nada"
que trazem em si. Encontram "nada" porque a maioria dos que deveriam ser
seus iguais, "nada" portam igualmente e "nada" trocam com ele.

93
Em todo canto encontram-se maçons que com empáfia falam de
simbolismo do alto de suas "cátedras" quando sequer entendem o significado
do compasso e os sucessivos círculos concêntricos que com ele podem ser
produzidos; os infinitos pensamentos.
Limitam-se os maçons iniciados a repetir rituais automáticos e muito
bem ensaiados sem lhes determinar o sentido, a doutrina maçônica. Sentem
que participam de associação de amigos que se reúnem para comer macarrão
e churrasco, tomar cerveja e verbalizar causos do cotidiano.
Fica pior quando as sessões arrastam-se monótonas e sem gosto, onde
fica evidente a perda de tempo. Como uma sessão sem atividade intelectual
pode corroborar para o desenvolvimento do maçom? Trabalhos são lidos e mal
discutidos. Instruções são lidas e não interpretadas passo a passo.
Quando surge expoente entre os aprendizes, sua capacidade de
participação é desprezada por aqueles que se assenhoraram da verdade
absoluta e se consideram donos destas; ou desestimulam o aprendiz com
frases de efeito; quando ignoram questionamentos, fazem troça e dizem que
ele vai aprender isto em graus superiores; estes manifestam o "nada" de que
são constituídos.
O materialista questiona: - Como nada? Não vê os adornos do templo,
ferramentas e estrelas no teto? O maçom torto apenas vê o esquadro e não
imagina que aquele significa retidão de proceder; talvez o saiba, mas não o
coloca em prática em sua vida e logo o esquece. Porque faz assim? Porque
não era "maçom" antes de ser iniciado. Um ponto de entrada na doutrina
maçônica é a capacidade de abstração para converter o simbolismo em
raciocínios práticos e os colocar em uso na vida. Para isto ocorrer com
eficiência concorre elevada capacidade espiritual. Não há necessidade de ser
acadêmico!
O simbolismo é simples, mas é preciso pensar, trabalhar e entender.
Observa-se que os melhores maçons são em sua maioria pessoas humildes
que debatem com ardor idéias novas sem se ferirem.
São aqueles que alimentam seus pensamentos com novas idéias de
forma permanente, que afiam suas espadas, suas línguas, em exercícios de
retórica refinada para convencer seus pares de suas idéias e do que é objeto
da sua mais alta aspiração. Que escrevem com denodo e capricho peças de
arquitetura para transmitir com clareza seus pensamentos aos outros.
Que permanecem calados quando percebem que o outro demonstra
verdades de outra forma e ótica que a sua. Pensar de forma proativa é raro
entre os entorpecidos pela preguiça de estudar, pensar e que balbuciam
palavras desconexas e repetitivas semelhante ao rito. Rito é repetição,
pensamento não! E é divertido brincar com pensamentos! De todas as
propostas de iniciação que li em minha loja simbólica, li a maioria das que
remanescem nos arquivos, os maçons iniciados buscam na Maçonaria
condição de aperfeiçoamento.
A intenção pode estar velada por motivos estritamente materialistas,
encontrar protetores ou ganhar mais dinheiro, mas no papel registraram em
sua maioria que desejam melhorar.
Outros, no andar da carroça, enquanto as abóboras vão se
acomodando, despertam em si os mais elevados sentimentos humanistas.
Depois que a curiosidade está alimentada é necessário ingerir novos alimentos
mentais, cada vez mais consistentes, senão desaparece o interesse. Cabeça

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vazia é oficina do diabo! Outra falácia imposta pela errônea interpretação e uso
de antigos maçons é o que deve ser mantido em segredo para o não iniciado.
O cidadão bate às portas do templo sem conhecer rudimentos do que o
espera- e isto segue adiante nos graus filosóficos. Alguns aguardam da
realidade maçônica a consecução de ilusões díspares, inadequadas, absurdas.
Maçonaria não é reformatório nem atende às ilusões dos homens nem é
remédio para ilusões.
É possível criar mais expectativa por revelar detalhes e comportamentos
do maçom, o que é Maçonaria e de como ela funciona, sem revelar segredo
algum. Na Grande Loja do Paraná é usual entregar um livreto ao pretendente,
mas ainda é pouco. Já vivenciei cerimônia de iniciação que mais parece trote
universitário que reflexão da gravidade e sacralidade do ato de morrer para
uma condição anterior.
O cidadão é iniciado, mostram-lhe ferramentas e determinam que
trabalhe na pedra bruta. Se trabalhar recebe aumento de salário, se não,
recebe também. O que se vê com frequência são peças de arquitetura toscas,
meras cópias de rituais e textos obtidos na Internet e livros de origem duvidosa.
É feita a leitura, o vigilante pede aumento de salário e pronto! O maçom
ascende um grau. Chega à plenitude da Maçonaria simbólica e nada
desenvolveu da doutrina contida nos rituais.
Não aprendeu a pensar e interpretar a doutrina da Maçonaria. A base é a
doutrina o rito a ferramenta. Doutrina exige pensar, rito é repetição mecânica,
provocação ao ato de pensar. Os aprendizes não pensam porque seus pares
também não o fazem; não debatem, não analisam, não debulham os meandros
das idéias desenvolvidas ou copiadas pelo irmão.
Copiar não é pecado, o erro está em não pensar e detalhar o que se
copiou. E se o oficial resolve endurecer já apontam padrinho e outros irmãos a
demovê-lo de seu intento: - não faça isso, você vai espantar o obreiro.
São realidades que confrontam o novo irmão com o mesmo "nada" que
o levou a pedir a luz. É lógico que procure motivos urgentes para despedir-se.
Qual o motivo dos maçons não oportunizarem o trabalho no campo do
pensamento. Preguiça? Ou seria porque trabalho carrega em si conotação de
negação do ócio, de castigo? O maçom operativo trabalhava de sol a sol em
atividade que lhe rendia momentos de êxtase e concretização de belezas,
algumas delas constante de arte fútil, mas que rendia prazer.
Cada pedreiro preocupava-se com o detalhe que tinha a seu cargo, a
pedra que esculpia; dificilmente olhava a obra inteira, mas sabia que trabalhava
na construção de uma catedral; o pedreiro especulativo olha apenas a sua
pedra, ele mesmo, sem olhar para o resto da sociedade, que é a catedral da
qual faz parte.
É só olhar para imagens das catedrais erigidas por aqueles vetustos
profissionais para deduzir que a maior parte daquele árduo trabalho era
desnecessária, mas era arte; igualmente o especulativo deve desenvolver
atividade que lhe dê prazer, arte, diversão pelo pensamento. Dizer para um
irmão que ele deve produzir trabalho intelectual reflete nele com conotação de
escravidão, tarefa a ser realizada para satisfazer necessidades fisiológicas ou
atender a exploração do sistema.
Muitos não vêm a hora de sair do templo, olham o relógio com
frequência, para dirigirem-se ao bar para "tomar umas e outras" e "jogar
conversa fora". Não poderiam canalizar este "jogar conversa fora" para debates

95
de temas úteis em direção ao humanismo e assim mesmo desfrutar prazer? O
homem de hoje procura prazer imediato sem ter de investir.
Poucos destilam prazer do trabalho. Os objetivos das sessões devem
ser tais que transformem trabalho em momentos de ócio criativo, assim como
explicado por Domenico de Masi e Bertrand Russell. O maçom, o homem de
hoje não entende como alguém pode desfrutar prazer no trabalho.
O trabalho em loja deve se converter em diversão; deve ser encarado
como um imenso playground do pensamento para tornar-se agradável e atrair
os irmãos reiteradas vezes às atividades intelectuais. Defendo a idéia de
transformar as reuniões em encontros prazerosos e ao mesmo tempo
edificantes, sem prejudicar o rito.
Como descobrir a veia artística de cada maçom em loja e ao mesmo
tempo conduzir as atividades para aprimorar o humanismo?
Temos necessidade de compreender o que existe escondido nos ritos e
transformar isto em atividade prazerosa, algo que resulte em satisfação;
atividade criadora assemelhada ao trabalho dos antigos pedreiros da guildas.
Que as sessões não sejam apenas um amontoado desconexo de
palavras e sim prateleira organizada de pensamentos e idéias. Que o "nada"
ceda lugar ao desejo de participar cada vez mais. Que cada sessão fique com
aquele gostinho de "quero mais", onde os próprios debatedores e participantes
solicitem prolongamento dos trabalhos com vistas a aumentar o prazer
desfrutado para convivência prazerosa na obra do grande templo da
sociedade.
Desenvolver o gérmen de algo inusitado para preencher o "nada" de
cada um deve ser a mola mestra das atividades. Como fazê-lo? É simples,
nivele a loja e coloque os irmãos a debater temas onde eles próprios são as
personagens; onde eles possam solucionar a angústia de preencher o vazio do
"nada" que portam e com isto justificar o dom do livre-arbítrio atribuído pelo
Grande Arquiteto do Universo as suas criaturas e com isto dar glória para obra
criativa.

Peça de arquitetura do Irmão Charles Evaldo Boller, encontrada no blog Arte


Real.

96
A indumentária maçônica

Basicamente, a uniformização da indumentária visa a harmonização do


ambiente e das pessoas, gerando um clima psicológico favorável à integração
e ao controle. As diversas organizações uniformizam as pessoas na busca da
disciplina, do controle e da integração. É o caso das Forças Armadas, dos
Estudantes, das Polícias Militares, das grandes corporações de operários etc.
No caso da Maçonaria, a uniformização tem os mesmos benefícios já
citados, além de naturalmente, os aspectos que se somam e que dizem
respeito ao uso da cor preta. Na prática dos trabalhos em nossos Templos,
buscamos dentre outras coisas, esotéricamente, captar energias cósmicas ou
fluidos positivos ou forças astrais superiores para nosso fortalecimento
espiritual. Da física temos o conceito de que o preto não é cor, mas sim um
estado de ausência de cores. As superfícies pretas são as mais absorventes de
energias de qualquer natureza.
Então, a indumentária preta nos tornará um receptor mais receptivo e
mais que isso, nos tornará também um acumulador, uma espécie de
condensador deste tipo de energia. Por outro lado, a couraça formada pela
nossa roupa preta, faz com que as eventuais energias negativas que
eventualmente possam entrar no Templo conosco, não sejam transmitidas aos
nossos Irmãos. Por isso o Maçom veste-se de roupas pretas para participar
dos trabalhos em Loja.
A indumentária recomendada para as Sessões Magnas é o terno preto,
com camisa branca e gravata preta ou branca. Para as Sessões Econômicas,
admite-se o uso do Balandrau, que deve ser comprido e preto, complementado
pelo uso obrigatório de calças, meias e sapatos pretos.
A comodidade que oferece ao usuário fez com que o Balandrau se
difundisse rapidamente, mas é preciso salientar, ele deve ser comprido e ficar a
um palmo do chão, pois é uma veste talar, ou seja, que vai até ao calcanhar.
Desta forma, também não são indumentárias maçônicas as "mini-saias"
que alguns Irmãos usam como se fosse um Balandrau. Importante observar
que, tanto do ponto de vista lingüístico como do ponto de vista maçônico, preto
e escuro não são sinônimos, conforme muitos querem. E, em assim sendo,
toda indumentária que não seja preta, embora escura, não é maçônicamente
adequada.
Alguns autores são de opinião de que o rigor do traje preto deve ser
exigência para as Sessões Magnas, podendo ser livre quanto à cor nas
Sessões Ordinárias, mas mesmo assim todos são unânimes de que é
indispensável o uso do paletó e da gravata.
Cabe ao Venerável Mestre decidir, dentro dos princípios do bom senso e
da tolerância em torno das exceções, caso algum Irmão visitante em viagem ou
mesmo de algum Irmão do quadro, que por alguma razão plenamente
justificável, se apresentar ao trabalho com roupa de uma outra cor.

Autoria do Irmão Pedro Juchem, - Loja Venâncio Aires II, nº 2369, GOB RS , Or.'.
Venâncio Aires, RS, Brasil, encontrado no blog Arte Real.

97
O Ritual é disciplina e ordem

Consola-me é saber que maçom não morre; vai para o oriente eterno.
A sessão maçônica é sempre uma ocasião especial, e deve ser regida
pelo cumprimento inflexível do ritual, que é simplesmente a maneira como as
coisas devem ser feitas. O ritual é um procedimento padrão para impor a
ordem, disciplina e respeito aos trabalhos. Até nas atividades diárias existe
uma ritualística que precisa ser obedecida por todos para que haja ordem.
Numa reunião empresarial deve haver uma norma ritualizada que
discipline a sequência dos trabalhos, para discussão de cada item agendado,
sem isso haveria falta de ordem na condução dos assuntos, gerando uma
preciosa perda de tempo. Assim haveria um mal resultado, e o que se discutiu,
seria até questionável.
E o Ritual, na Loja, como tem sido tratado? Muito mal às vezes. Fico
desconsolado, quando vejo um Venerável, sem que o irmão tenha direito, o
autorize a baixar o sinal de ordem ao falar. Aliás, esta “gentileza” às vezes, é
só aos irmãos postados no Oriente, nem sempre aos do Ocidente, criando
assim duas classes de irmãos no templo, os que obedecem ao ritual, e os que
pela “bondade” do venerável não obedecem).
Desinformados e maçonicamente incultos, ou por desconhecerem a
ritualística, alguns Mestres, não sabem o significado esotérico que é “Estar de
Pé e à Ordem”, esquecendo-se que isso é uma exigência do ritual. Poucos são
os casos em que se tolera dispensar o maçom do Sinal de Ordem, entre eles;
para altas dignidades maçônicas, para irmãos em idade provecta e para irmãos
que estejam com algum problema de saúde. Pasmem irmãos, até aos
aprendizes tem sido dispensado à obrigatoriedade de falar de pé e a ordem.
Não vêem esses Veneráveis, que nessa posição (de pé e à ordem), em
relação aos demais que estão sentados, o irmão pode mais facilmente ser visto
e ouvido, e pelo sinal que faz, mostra o grau em que a Loja está trabalhando.
Mais ainda, assim postado, a palavra mal pronunciada, a idéia mal explicada
soam mais altas e claras, sendo necessário todo o cuidado ao enunciá-las. E
não é só isso, estar de pé e à ordem, nos faz lembrar que o sinal gutural é o
compromisso de honra de guardar segredo, que juramos no dia de nossa
iniciação.
O ritual serve para organizar, e ordenar os trabalhos em Loja, garantindo
a todos igualmente a participação, à seu tempo. Outro ponto importante, é que
o irmão não pode fazer apartes, caso a palavra já tenha passado
ritualisticamente pela sua coluna, e somente na sessão seguinte, ele poderá
tratar do assunto.
As normas contidas no ritual são sábias, pois passada uma semana,
ambas as partes terão meditado e a solução surgirá de maneira conciliadora e
racional. A Maçonaria usa o ritual de forma a expor seus ensinamentos
filosóficos, seguindo passo a passo, esse conjunto de normas que é muito rico
e antigo, remontando aos primórdios da secular criação da Ordem.
Não pode nossa geração, deturpar esse conjunto de regras, criado por
Elias Ashmole, há quase quatro séculos, que nos tem guiado por todo esse
tempo.

98
Se a Bíblia é o Livro da Lei, nosso código de moral, ética e religiosidade,
O Ritual, é o manual que nos ensina a maneira correta de falar, caminhar, se
portar, ouvir e falar em Loja. É um conjunto perfeito que deve ser obedecido
“ipsis literis”, como está.
A Ordem Maçônica se mantém justa e perfeita no caminho reto e plano,
pavimentado com pedras ritualisticamente desbastadas e polidas, como exige
o ritual. Se executado corretamente, nem notamos seu desenvolvimento na
sessão, pois o ritual é vida, é o coração que pulsa enviando sangue para todo o
corpo maçônico, reunidos em Loja na mais perfeita e harmoniosa Egrégora.

Autoria do irmão Laurindo Roberto Gutierrez


Loja de Pesquisas Maçônicas Brasil- Londrina-PR
Loja de Pesquisas Maçônicas Chico da Botica- Porto Alegre-RS

99
Maçonaria não é poder – Maçonaria é servir

Servir é trabalhar como servo de uma justa e boa causa em favor da


humanidade. É ser útil, prestar serviço voluntário. No sentido material da
palavra poder é mandar, dominar e na definição sociológica poder é habilidade
de impor a sua vontade sobre os outros, mesmo se estes resistirem de alguma
maneira, maçonaria não é poder.
O maçom não deve praticá-lo e ao contrário, rejeita-lo.
Milenar como é, a maçonaria está presente em todos os países do mundo,
permitida ou não, em democracias e governos totalitários, sempre atuando
socialmente.
Valho-me da Loja Maçônica “São Paulo” 43, para identificar homens que
fizeram da virtude, sua principal causa de vida, tornando-se merecedores da
gratidão e reconhecimento por tudo o que realizaram em prol da humanidade.
São milhares. Muitos anonimamente, outros desconhecidos e centenas
cravados nas histórias de seus países, das quais retiro alguns poucos nomes,
sintetizando suas lutas e conquistas.
Na África do Sul, o símbolo da libertação e da luta contra “apartheid”,
Nelson Mandela. Na Alemanha, Beethoven, um dos mais célebres
compositores clássicos, Pestallozzi, fundador da moderna pedagogia. Ludwig
Mendelssohn, gênio criador de sonatas, concertos e sinfonias, Thomas Mann,
premio Nobel de Literatura de 1929, Bach, compositor da era clássica, Johann
Wolfgang von Goethe, autor do poema dramático “Fausto”, considerado uma
das maiores obras literárias. É o maior poeta da Alemanha.
Na Argentina, José de San Martin, libertador de Argentina, Chile e Peru;
José Ingenieros, autor de numerosos trabalhos no campo da psiquiatria e
criminologia.
Na Áustria, o gênio da música clássica, maior de todos os compositores
clássicos, Wolf Gang Amadeus Mozart, Schuber, gênio imortal dos grandes
clássicos. Na Bélgica, Lafontaine, defensor dos direitos humanos e prêmio
Nobel da Paz de 1913.
No Brasil a lista é imensa, pois os maçons estão presentes em toda a
história do país, em movimentos regionais e nacionais, como Inconfidência
Mineira, Libertação dos Escravos, Proclamação da República, movimentos
políticos em favor da democracia, fundação de Brasília, centenas de obras
sociais, defesa do meio ambiente, prevenção ao uso de drogas e sobretudo,
neste momento, posição nítida com o movimento “A Favor da Moralidade –
Contra a Corrupção”.
Precisaríamos de inúmeros artigos para destacar a importância dos
maçons brasileiros. Alguns como padre Diogo Feijó, jornalista Menotti Del
Picchia, político pernambucano Saldanha Marinho, Antônio Carlos Gomes,
autor da Opera “O Guarani”, músico Luiz Gonzaga, Joaquim Gonçalves Ledo,
figura principal da Independência do Brasil, presidente Deodoro da Fonseca,
Francisco Jê de Acayaba Montezuma, um dos fundadores do Instituto da
Ordem dos Advogados Brasileiros e fundador do Supremo Conselho do Grau
33 do Rito Escocês Antigo e Aceito, Visconde de Taunay, membro fundador da
Academia Brasileira de Letras, Hypólito da Costa, fundador do primeiro órgão
da imprensa brasileira, Correio Brasiliense.

100
Jornalista e orador sacro Cônego Januário da Cunha Barbosa, artista
circense “Carequinha”, que alegrou pais e crianças pelo Brasil inteiro, militar e
estadista Duque de Caxias, Bento Gonçalves da Silva, comandante da
Revolução Farroupilha, Evaristo da Veiga, autor da letra do Hino da
Independência, José do Patrocínio, Evaristo de Moraes, Senador Vergueiro,
ator e teatrólogo João Caetano dos Santos, poetas Tomás Antonio Gonzaga,
Casimiro de Abreu e Castro Alves, Benjamin Constant, a quem se deve a
adoção da divisa “Ordem e Progresso”, na bandeira brasileira, patriarca da
Independência José Bonifácio de Andrada e Silva.
Criador da União dos Escoteiros do Brasil, Benjamin de Almeida Sodré,
historiador Rocha Pombo. Fundador do Instituto Butantã, Fernando Prestes de
Albuquerque, Senador Ubaldino do Amaral Fontoura, entre outras figuras tão
importantes quanto estas.
Na Inglaterra, Alexander Fleming, Shakespeare, Rudyard Kipling, ator
Michael Caine, compositor Sullivan, Arthur Conan Doyle, criador do mais
famoso detetive da história, Sherlock Holmes e Peter Sellers, genial ator
cômico e de sua filmografia podemos citar “A pantera cor de rosa”, entre
outros.
No Canadá, uma carreira e uma missão de determinação e tenacidade,
instituindo o voto para população indígena, John George Diefenbaker. No
Chile, Bernardo O’Higgins e Salvador Allende.
Em Cuba, José Julián Marti Y Perez, patriota e mártir. No Egito, o
fundador da Universidade do Cairo em 1906, Ahmed Fuad Pasha.
Na Escócia, o ministro da Igreja Presbiteriana, James Anderson.
Na Espanha, o filósofo José Ortega y Gasset.
Nos Estados Unidos George Washington, Benjamin Franklin, Roosevelt,
Louis Armstrong, King Camp Gillett, este inventor da lâmina de barbear, Martin
Luther King, líder dos movimentos de direitos civis, Truman, Lindon Johnson.
Na França, filósofo Voltaire, químico Lavoisier, autor da famosa frase: “Na
natureza nada se cria, tudo se transforma”. Frederic August Bartholdi, escultor
da Estátua da Liberdade, doada aos Estados Unidos pelo governo francês,
astrônomo Laplace, escritor Alexandre Dumas, Charles Richet, prêmio Nobel
de Medicina em 1913 e Marios Lepage, precursor da reaproximação entre
maçonaria e a Igreja.
Poderia citar outros importantes nomes de maçons históricos da Costa
Rica, Dinamarca, Finlândia, Filipinas, Gana, Grécia, Guiana Francesa, Itália,
Japão, Jordânia, México, Mônaco, Nicarágua, País de Gales, Rússia, Suíça,
Suécia, Tunísia, Ucrânia e outros muitos. Concluo citando de Portugal, escritor
Antero de Quental e jornalista Camilo Castelo Branco.
Esta é a maçonaria, que procura formar-se com homens de todas as
raças, credos e nacionalidades que se reúnem com a finalidade de construírem
uma sociedade humana fundada no amor fraternal, na esperança com amor à
Deus, à pátria, à família e ao próximo, com tolerância, virtude e sabedoria, não
lutando e nem querendo poder material, mas em missão de servir.

Autor, irmão Barbosa Nunes, advogado, ex-radialista, delegado de polícia


aposentado, professor e Grão Mestre da Maçonaria Grande Oriente do Estado de
Goiás

101
A questão do gênero na Maçonaria

O século XX estreia-se com um acontecimento importante por seus


efeitos ao interior da ordem: a mulher se incorpora de cheio aos trabalhos da
Maçonaria especulativa em igualdade de condições com o homem.
Embora o fenômeno não era novo. Já existiam antecedentes
importantes na maçonaria especulativa desde o século XVIII, especialmente
em França e Espanha e contava com precedentes inegáveis de 6 séculos de
antiguidade na maçonaria operativa o manuscrito régio de 1380 menciona as
características, a força e a Divulgação maciça que cobrou a iniciação feminina
ao longo do século XX, o torna o grande acontecimento do século.
O gatilho desta nova adaptação da Maçonaria às novas condições
sociais, o constituiu a iniciação da prestigiada jornalista e feminista Marie
Desraime no Grêmio os pensadores livres de Perq, localizada em Perq, uma
pequena cidade perto de Paris, França, 14 De Janeiro de 1882.
Quatro meses depois, perante a polêmica provocada pela novidade se
lhe suspendia a qualidade de MAÇOM.'.
Perante isto, Marie Desraime de 68 anos de idade com a colaboração
do Dr. George Martin, médico e Conselheiro Municipal de Paris por o
radicalismo, de 48 anos, fundou em 4 de abril de 1893.
A Ordem Maçônica Mista Internacional o direito humano, que hoje
conta com cerca de 30.000 membros pertencentes a quase 2.000 lodges, em
75 países de todos os continentes; e que por outro lado, gerou quase um
milhão de maçons E Maçônicas partidários da mixticidad trabalhando sem
problemas em múltiplos obediências mistas e femininas, nos principais ritos
maçônicos.
A primeira grande loja de mulheres criada no mundo foi a grande loja
feminina da Romênia, em 1922, e a segunda, a grande lodges feminina de
França em 1945, de muito maior projeção e atividade internacional, pelo que
Costuma ser encontrada na literatura histórica da ordem que a francesa foi a
pioneira.
Grêmio dos pensadores livres de Perq, era uma das doze lodges que
retiraram-se do Grande Oriente de França em 8 de agosto de 1880 para a
fundação da grande loja simbólica escocesa. Inicialmente redigiu seus
regulamentos de tal forma que permitissem a iniciação de mulheres, mas ao
não ser autorizados estes regulamentos por sua obediência, em um ato de
rebeldia decidiu iniciar a Marie desraime, mudando para sempre o rumo da
Maçonaria.
A Ordem Maçônica Mista Internacional o direito humano, deixa a
opção de seus lodges jurisdiccionadas o trabalhar. À Glória do grande arquiteto
do universo e / ou ao progresso da humanidade, e se declara respeitadora do
laicismo e de todas as crenças relativas à eternidade ou não eternidade da vida
esclarecendo que os seus membros procuram acima de tudo, concretizar na
terra
E para todos os humanos o máximo desenvolvimento moral e
intelectual.
Igualmente têm elevado ao mandato constitucional o que os princípios e o
método de trabalho adotado são os das grandes constituições de 1786,
revistas pela convenção dos nove supremos conselhos do rito escocês antigo e

102
aceito que foram representados em Lausanne, Suíça, O 22 de setembro de
1875 (Ordem Maçônica Mista Internacional o direito humano. Constituição
Internacional, arts. 3 A 8, 2002).
No auge da estrutura organizacional da Ordem Maçônica Mista
Internacional o direito humano, encontra-se o SUPREMO CONSELHO DE
SOBERANOS GRANDES INSPETORES GERAIS DA ORDEM MAÇÔNICA
MISTA INTERNACIONAL
O direito humano fundado em 11 de maio de 1899, constituído por
maçons e maçônicas detentores do grau 33° do Rito Escocês antigo e aceito,
por um dignitário com o título de tão ilustre presidente Grão-Mestre da ordem e
Também muito poderoso soberano grande comendador.
As lojas não se federan em grandes lojas, mas sim em jurisdições, sob
a direção de um delegado do supremo conselho, se a circunstância de que
trabalhem, num mesmo país, pelo menos duas lojas e 20 Mestres Maçons.
Mas se auxiliar em uma mesma nação um mínimo de cinco lodges
simbólicas com cem membros então se constitui uma federação.
Em 1902 foi fundada a primeira ordem do. Direito humano. Na Grã-
Bretanha, em 1903 nos Estados Unidos e em 1919 na América Latina, o
impacto da adesão maciça da mulher à ordem a partir da iniciativa de perq foi
tal, que, um século depois, em pleno Século XXI, muitas grandes lojas e
grandes correntes masculinos ainda não sobrepõem-se, nem aceitam a
realidade de um facto que já está consumado.
Para citar apenas um exemplo, no século XXI da não aceitação da
experiência maçônica feminina, pode trazer conto um artigo publicado na
Secção Nacional da edição de domingo do jornal o mercúrio o de maior
circulação no Chile correspondente ao dia 23 De maio de 2004, em que
aparece uma entrevista, com foto incluindo, Jorge Carvajal Muñoz
Grande Mestre da grande loja do Chile que é a que observa neste país as
regras diplomáticas anglo-Saxónicas no qual ressalta com orgulho, como
conclusões da VII Conferência de Grandes Lojas regulares do mundo, a
necessidade de ampliar os horizontes da tolerância em O mundo; de aumentar
os direitos do laicismo com um estado neutro em matéria religiosa; e a de
humanização da globalização.
Ao final da entrevista, o jornalista traviesamente interroga ao grande
mestre carvajal acerca do encontro internacional de Grandes Lojas Masculinas,
femininas e mistas, que teve lugar em Santiago desde o dia 19 até 23 de maio.
Referia-se à 43 ª Assembleia geral de clipsas. E o único que sabe responder
tão alto dignitário da Maçonaria chilena, perante um público de várias centenas
de milhares de leitores deste século XXI, como se dependesse dele que a
mulher entre a Maçonaria, é fazer entrar a mulher Na Maçonaria seria fazê-la
viver sob a sombra de uma árvore muito frondoso.
É difícil de definir exatamente a que árvore frondosa fazia referência,
mas assiste o consolo aos maçons progressistas, para não sofrer de pena
alheia, de que a sociedade civil, perante tamanho anacronismo, devia pensar
que esta é mais uma daquelas declarações encriptadas dos Maçom que só
eles entendem.
Quem me dera que fosse assim..

Autor desconhecido

103
Tríplice argamassa

Conceda-nos o auxílio de Tuas Luzes e dirige os nossos trabalhos a


perfeição. Concede que a Paz, a Harmonia e a Concórdia sejam a tríplice
argamassa com que se ligam nossas obras. [...].”
Por que começo o trabalho pelo final da ritualística meus Irmãos? Por
que se pretende fechar a Oficina? Não, de maneira alguma faria tal violação
aos nossos mandamentos. É necessário começar pelo fim, pelo encerramento
dos trabalhos da Loja por conta da importância da das palavras e do sentido
“tríplice argamassa”.
A própria ritualística nos traz que a “tríplice argamassa” é composta por
3 (três) elementos que são: a “paz, a harmonia e a concórdia”. Mas por que
escolher um tema desses para apresentar em Loja? Para responder tal
questionamento necessário trabalhar um pouco a simbologia e o significado
desses elementos tão importantes.
No Livro escrito por Raymundo D’Elia Júnior, intitulado “Maçonaria: 100
instruções de aprendiz” há o ensinamento de que uma Loja deve ser edificada
a um “templo Interior” diferente do que ocorre com os profanos, ou seja, um
Templo onde prevaleça sempre a piedade, a amizade e, ,”sobretudo,
extremamente Justo.” Para o exercício da justiça Irmãos é necessário que
tenhamos “paz, harmonia e concórdia”.
Ao longo dos trabalhos que são realizados em grupo, onde cada irmão
Mestre tem seu papel fundamental na composição da Oficina, fazendo com que
assim, mesmo com o trabalho individual seja composto o “todo”, sendo neste
“todo” que as energias começam a fluir e por meio desta energia conseguimos
enriquecer o nosso “templo interno”.
O fato dos trabalhos serem em grupo se respeita assim um dos
mandamentos da Maçonaria chamado de Landmark. Ainda, não haveria a troca
de energias se não existisse o trabalho em grupo, não enriqueceríamos com as
experiências dos Irmãos se não estivéssemos em grupo.
Como ensina D’Elia Júnior, os trabalhos em Loja, em grupo, vertem do
Landmark de número 9, com redação da seguinte forma, conforme o referido
doutrinador: “Os Maçons se ‘congregam’ em Lojas Simbólicas.” Logo, toda a
Loja deve os Irmãos congregarem e esta congregação deve se dar por conta
da argamassa composta pelos 3 (três) elementos, sendo eles: “Paz, Harmonia
e Concórdia” que unidos e misturados torna-se a “tríplice argamassa” que une
os nossos trabalhos, que une nossas energias, e que une os nossos
conhecimentos tirando-nos das trevas.
Se tivéssemos como sociedade o mesmo proceder que temos em Loja
teríamos menos problema, menos desigualdades sociais, menos violência,
menos conflito, as relações entre as pessoas seriam mais tranquilas, com base
na “Paz, Harmonia e Concórdia”. Essa ‘tríplice argamassa” nos faz crescer,
nos faz termos tolerância e senso de justiça.
Para que os trabalhos ocorram de forma “Justa e Perfeita” é necessário
que os Irmãos estejam entrelaçados, unidos por meio da “tríplice argamassa”,
pois sem ela não há Loja, se não houver a comunhão em Loja, por meio da
União, não há "egrégora", e não fluindo a energia não passamos de simples
(re)produtores de um ritual como tantos presentes na vida profana.

104
Sem esta União e a mistura não há a troca de energias e por conta
disso não ocorre o aprimoramento individual, não ocorre o “desbastar a pedra
bruta” inclusive.
Vejam Irmãos que o V.’.M.’. evoca ao G.’.A.’.D.’.U.’. que una as nossas
obras com a “tríplice argamassa”, sendo ingredientes dessa “argamassa” a
“Paz, Harmonia e a Concórdia”, elementos faltantes em nossa sociedade.
Vivemos um tempo de preocupação, um tempo de discórdia e de
(des)harmonia, um tempo de desencontros e de individualismo intenso.
Estamos na era do consumismo, ou seja, da valorização das pessoas pelo o
que elas tem sempre vinculado a um patrimônio ou até mesmo a estética de
um poder aquisitivo, isso sempre em detrimento ao que a pessoa é como ser
humano, como ser no mundo.
No contexto social atual por conta da sensação de insegurança, por
conta da globalização das informações por meio da tecnologia, vivemos uma
relativização do tempo estático e com isso surge também a sensação de que
tudo está perdido e que estamos em desordem total.
Não podemos esquecer que Illa Priggogine, físico contemporâneo, em
seus estudos aponta para ordem inclusive no caos o que é desconhecido por
muitos e por conta deste desconhecimento cada vez mais as sensações em
sociedade são mais intensas de que vivemos um tempo perdido.
Na contra mão da atualidade percebemos o significado magnífico que
tem a evocação antes relatada que é parte do Ritual, ou seja, o pedido para
que o Grande Arquiteto, que é Deus, nos una por meio das nossas obras, bem
em um momento que os profanos parecem estar desencontrados e
desorientados.
É nesse momento que lembro a aclamação feita por meio de Carta da
Poderosa Assembléia Legislativa Maçônica do Estado do Rio Grande do Sul,
que clamada para que nós tomemos as nossas posições neste mesmo Estado
No entanto, os irmãos podem estar se perguntando e a dúvida pairando
sobre os seus pensamentos, pois a aclamação foi para aqueles que possuem
um lugar ou tem a possibilidade de tomar seus lugares em uma posição social
de relevância no poder estatal.
Entendo que a aclamação da Poderosa Assembleia foi ao sentido mais
lato sensu do que stricto sensu, pois todos nós possuímos uma posição de
destaque no seio social no qual estamos inseridos, desde a simples (que não é
tão simples assim) posição de pai, chefe de família, empresário, educador,
político e etc.; não importa a posição que temos ou podemos exercer, podendo
inclusive ser várias ao mesmo tempo.
É por meio destas posições e dos atos que delas decorrem que
podemos plantar nas pessoas, com nossos exemplos de vida, princípios
diferentes do que estes do consumo, do tirar proveito das pessoas, da
(in)volução presente na sociedade.
É evidente que falta na sociedade “paz”, bem como também falta a
“harmonia”, sem contar a falta de “concórdia”, pois aparentemente tenho a
sensação de que estamos na era da discórdia, ou seja, é moda discordar
mesmo que não se tenha fundamentos plausíveis e razoáveis para
fundamentar tal discordância. Quando não vemos pessoas discordar uma das
outras e chegar no calor da problematização partirem para a violência física e
verbal.

105
Fraternos Irmãos são necessários e importantes para a evolução de
nossa sociedade que passemos exemplos de “paz”, de “harmonia” e de
“concórdia”, buscando o consenso e o auxílio do nosso próximo profano. É
necessário que venhamos a nos importar com o que acontece em sociedade
sob pena de sucumbirmos os mesmos males que vem sofrendo a nossa
sociedade, sucumbirmos por valores perdidos.
Bertold Brecht, em um dos seus poemas, retrata da seguinte forma a
necessária posição de tomar parte do problema e não ficarmos de braços
cruzados para eles, quando necessário for tomemos a dos direitos
estabelecidos sob pena de perdermos eles por falta de seu regular exercício, o
poema diz o seguinte:
Primeiro levaram os negros, mas não me importei com isso eu não era
negro.
Em seguida levaram alguns operários, mas não me importei com isso
eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis, mas não me importei com isso
porque eu não sou miserável.
Depois agarraram uns desempregados, mas como tenho meu emprego
também não me importei
Agora estão me levando, mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo.
Fraternos Irmãos cada vez mais estou certo de que temos que (re)passar a
“paz”, a “harmonia” e a “concórdia” que temos entre nós em Loja para a
sociedade que vivemos.
Esta (re)passagem se dará por conta dos nossos atos, na nossa
probidade, dos nossos ensinamentos aos nossos filhos, aos nossos
companheiros de labuta, aos nossos vizinhos, este será o nosso legado e por
ele seremos lembrados.

Autoria do IrmãoTiago Oliveira de Castilhos - A. M.'. - A.'.R.'.L.'.S.'. Sir Alexander


Fleming 1773, OR.'. de Porto Alegre/RS (Brasil), encontrado do blog Arte Real

106
Maçonaria: uma escola de esperança !

“Todo homem que tenha que talhar para si um Caminho para o Alto
encontrará obstáculos Incompreensíveis e constantes” - Fernando Pessoa.
A Maçonaria tem procurado, através dos tempos, conscientizar o
Homem de sua origem e de seu destino, preocupando-se em fazer com que
todos os seus adeptos estudem a natureza da alma humana imortal,
entendendo que o corpo tem um início e um fim e que este corpo só é ativo
enquanto a alma nele permanece.
E para onde vai a alma depois que ela deixa o corpo? Indagações
inúmeras tem feito o homem a respeito disso e embora as respostas
apresentem diversas variáveis, todos os que acreditam na imortalidade da alma
sabem que ela se apresentará, após permanência em um corpo, a poderes
supraterrenos criados pelo Grande Arquiteto do Universo para recebê-la e
orientá-la com relação ao que terá de fazer para aperfeiçoar-se.
Mas quem é esse Grande Arquiteto do Universo? É o mesmo Deus que
uns conhecem como Tupã, como Viracocha, como Alá e sobre muitos outros
nomes. Mas como a Maçonaria define o GRANDE ARQUITETO DO
UNIVERSO? Nossa instituição ensina-nos que ele é um ser incriado, do qual
viemos e para o qual voltaremos quando conseguirmos o aperfeiçoamento
final. Ele é a plenitude do amor e até a sua justiça infalível é exercida sob a
égide do amor.
A Maçonaria consagra o homem que vive do fruto de seu trabalho,
cumpre os seus deveres morais, familiais, sociais, honrando seus pais, à sua
esposa, a seus filhos, à sua pátria e à humanidade. Nossa Ordem aconselha-
nos a acalentar o sonho de fazer feliz a humanidade. Fala-nos que devemos
perseguir tal sonho diuturnamente. Enfim, ela nos recomenda a adoção de
postura que poderão levar-nos do vale à montanha, isto é, do zero ao infinito.
Não é à toa que sempre falamos na Escada de Jacó, a qual nos incentiva a
subir pelo menos um degrau a cada dia na escalada evolutiva.
Amando a criatura estaremos honrando o Criador. Mas, para amar a
criatura temos que, primeiro, ornamentar o nosso templo interior com a paz,
com a doçura, com o conhecimento. Aí, será fácil conseguirmos a instalação do
amor dentro de nós.
Naturalmente nos despontarão benefícios exteriores, pois estaremos
totalmente preocupados em ser e não em ter. Todos conhecem os símbolos da
Fé, da Esperança e da Caridade. Mas, quantos conseguem transformar o
sentido de tais símbolos em ações efetivas? A Maçonaria utiliza-se de vários
símbolos, obrigando, com isso, os Maçons a estudarem continuadamente seus
desdobramentos numa realidade capaz de incluir os filhos do nosso Pai
Celeste no contexto da felicidade. Mas para conseguirmos isso precisamos
submeter nossas emoções à razão.
A inteligência vale-se, muitas vezes, das emoções para dirigir-nos ao
que chamamos mistério ou plano místico e/ou celestial. Nunca devemos nos
esquecer de que o Grande Arquiteto do Universo nos dotou de um
equipamento sensorial chamado razão, o que vale dizer que nossas emoções
precisam passar pelo crivo desse departamento. E por falar em razão vejamos
o que nos ensinou Benedictus de Spinoza, cognominado de o filósofo da
autonomia da razão, em seu “Tratado Político, cap. II parágrafo 8º”.

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“Então, quando qualquer coisa na Natureza parece-nos ridículo, absurda
ou má, é porque não temos senão um conhecimento parcial das coisas e
ignoramos em geral a ordem e a coerência da Natureza como um todo e
porque desejamos que tudo se arrume conforme os ditames de nossa própria
razão; apesar de que, de fato, o que nossa razão considera como mal, não é
um mal em relação às leis de nossa natureza, tomada separadamente”.
"Um Irmão pode não ser um amigo, mas um amigo será sempre um
Irmão" - Benjamim Franklin

Matéria veiculada no "Jornal o Tempo" em 17/08/2007


Trecho da Obra “Arte Real” Autor: Pedro Campos de Miranda ( GLMMG )
"TERMINE COM A VAIDADE E A MAÇONARIA SERÁ PERFEITA"

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