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GEOFFREY HODSON
MEDITAÇÕES SOBRE A
VIDA OCULTA
Tradução
Beatriz Ricchiero
EDITORA PENSAMENTO
SÃO PAULO
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Título do original Meditations on the Occult Life
© The Theosophical Publishing House, Adyar, Madras, Índia.
Sinceros agradecimentos a
J. H., A. D. M., F. W. W., S. C., V. F., V. G. e M. S. S.
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SUMÁRIO
Introdução 05
Prefácio do Autor 07
I. O caminho da vitória acelerada. Vida espiritualizada. 08
A descoberta da verdade.
II. Cérebro e corpo. Sono: alimento puro. Vida diária 10
ordenada. Pureza de corpo necessária ao crescimento
espiritual. Meditação. As glândulas pineal e pituitária
III. As quatro tríades; suas correspondências. As sete 13
notas; suas expressões. O templo da Natureza.
IV. Vida e forma. A estrada ascendente. Irmãos mais 17
velhos e mais novos
V. O caminho da liberdade. A condição de mestre. 19
VI. A vontade do mestre. Seu amor. Seu conhecimento. 21
Seu trabalho.
VII. A natureza da condição de adepto. 24
VIII. A grande Irmandade Branca. Seu sétuplo trabalho. O 26
caminho para os mestres. Sua vida e atividade diárias.
IX. A vida do aluno. Sua aceitação e seu trabalho. 31
Ocultismo para o homem ocidental. Negócios, arte e
educação.
X. Discipulado. A vida mística e oculta do discípulo. A 35
visão do todo.
XI. Perfeição imperfeita. O trabalho do discípulo. A 40
necessidade de pureza. Amor universal.
XII. O valor da meditação. O caminho do desabrochar 44
imediato. Educação oculta.
XIII. O aluno aceito. O novo nascimento. Iniciação. A 47
corrente da vida. O trabalho do iniciado.
XIV. Atividades extraplanetárias do adepto. A vida 51
consagrada.
XV. Macrocosmo no microcosmo. A visão do todo. 54
XVI. O fragmento e o todo. A fonte da vida. A natureza da 56
beleza.
XVII. A guerra no céu. A guerra no homem. Vitória. 58
XVIII. Geometria divina. Símbolos espirituais nos reinos 61
mineral, vegetal, animal e humano.
XIX. Do homem ao super-homem. O símbolo do cone. A 63
mente abrangente.
XX. O ministério dos anjos. O ministério dos adeptos 65
Posfácio Paz. Beleza. O deus trino. 68
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INTRODUÇÃO
G. Hodson está certo quando diz que seu trabalho não é um livro didático. E eu duvido
que, exceto para um assunto limitado, possa existir um livro didático sobre Ocultismo.
Embora existam, sem dúvida, certos princípios fundamentais, que podem ser lidos por
aqueles que pesquisam, tais princípios constituem simples bases para esse estudo e
experiência, bases absolutamente individuais tanto para o instrutor quanto para o aluno.
Nenhum verdadeiro ocultista sonharia em escrever um livro descrevendo tal estudo e
experiência, pois ele sabe muito bem o mal irreparável que resultaria inevitavelmente de
tal procedimento.
Em suas Meditações sobre a Vida Oculta, G. Hodson procura mostrar alguns desses
princípios fundamentais, da maneira como os aprendeu de seus instrutores. Ele não
poderia ter feito mais do que isso num livro acessível ao público em geral, embora nesses
tempos de curiosidade desenfreada e de crença, em que basta viajar ao Oriente para se
penetrar profundamente nas verdades do Ocultismo, encontremos amadores ignorantes
publicando, até mesmo em jornais, métodos de supostas práticas de Yoga e receitas de
erudição ocultista.
A verdadeira Yoga e o verdadeiro Ocultismo são sempre para alguns poucos indivíduos,
para aqueles que buscaram seus instrutores através de vários anos de esforços, tentativas e
tribulações, que praticaram cada detalhe desse magnífico compêndio de princípios
ocultistas dado pela maior ocultista destes tempos - H. P. Blavatsky:
"Uma Vida casta, uma Mente aberta, um Coração puro, um Intelecto vivo e zeloso, uma
Percepção Espiritual vigilante, uma Fraternidade para todos, uma disponibilidade para dar e
receber Conselhos e Instruções, um senso leal de Dever para com o Instrutor, uma
obediência espontânea às Ordens da Verdade, uma vez que depositamos nela a nossa
confiança e acreditamos que o Instrutor está de posse dela, uma corajosa Tolerância para
com a injustiça pessoal, uma brava Declaração de Princípios, uma valente Defesa daqueles
que são injustamente atacados e uma constante observação do Ideal de Desenvolvimento
Humano e Perfeição descrito pela Sagrada Ciência - esses são os degraus da Escada
Dourada que o aprendiz deve galgar para chegar ao Templo da Sabedoria Divina."
Esses, na verdade, são os degraus da Escada Dourada, que o aprendiz deve galgar, de
forma a provar que é digno de ser iniciado nas glórias da eterna Ciência da Vida.
Atualmente, tais ideais podem bem ser chamados de desígnio de perfeição, pois
existem muito poucas pessoas que chegam a trazer suas vidas cotidianas para a luz de um
modelo tão elevado. Assim, desde que algo semelhante ao Ocultismo se torna necessário
para a satisfação de um paladar insensível e gasto pelas futilidades aparentes das filosofias
atuais, vemos que as superficialidades de certas posturas corporais, de certas formas de
respiração e transmutações de ideias temporais em suas contrapartes eternas são
avidamente tomadas como revelações da Yoga. E a criança vai brincando com seus
brinquedos.
Felizmente, G. Hodson nos traz para a terra e para o duro trabalho prático no curso da
vida diária, o que é necessário se quisermos iniciar nossos passos no caminho do Ocultismo.
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Ele nos deixa claro que podemos iniciar esse caminho de onde quer que estejamos e
em qualquer coisa que estejamos fazendo, por mais que pareçamos imersos em
trivialidades ou até mesmo na sordidez da vida material. Ele nos diz que os homens de
negócios são tão capazes de trilhar o caminho do Ocultismo quanto o recluso, e que
precisamos corresponder às expectativas do mundo se vamos conquistá-lo - a conquista do
mundo é o triunfo do iogue.
Antes de ousarmos pensar em estudar o Ocultismo como tal, temos que entrar no
jardim da infância, onde a natureza da vida simples e pura, da verdadeira Ordem, Lei e
Propósito da Vida, das Verdades Básicas da Existência, são reveladas ao aprendiz ansioso. O
iogue é um revelador da Lei, um agente da Lei, um mensageiro da Lei, pois através da Yoga
ele aprendeu a expressar e a personificar a Lei. Primeiro, ele tem de adquirir uma
percepção da natureza da Lei, não como ela é apresentada nas convenções do dia-a-dia,
mas como ela é, e com a ajuda daqueles que nela são iniciados.
O início, o caminho e a chegada ao final são realmente duros. Mas tudo o que não é
conseguido por um alto preço não têm valor, e isso é especialmente verdadeiro no caso das
glórias do Ocultismo. Somente os que sabem perseverar, os que não se deixam dominar
pela derrota ou pelas dificuldades, os que não consideram nenhum obstáculo
intransponível, nenhum sacrifício demasiado, nenhum sofrimento insuportável, somente
esses são dignos de entrar na corte exterior do Ocultismo. E quando eles estiverem prontos
para a corte interior, deverão ter se tornado atletas espirituais, conhecedores da Sabedoria
abrangente e abnegados administradores do poder da Lei eterna.
GEORGES ARUNDALE
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PREFACIO DO AUTOR
Este trabalho não é um livro didático que oferece uma exposição completa de seus
assuntos. Consiste, sim, numa reunião de ideias que surgiram na mente do autor, durante
experiências feitas para comprovar certos ensinamentos ocultistas.
Como o título sugere, o método dessas experiências foi o da meditação, na qual a
atenção estava focalizada sobre fundamentos da ciência oculta, num esforço de traduzi-los
em experiência. O autor se dissocia das reivindicações ocultistas, particularmente daquelas
que possam ser inferidas de suas referências ao discipulado e à Iniciação. Pela meditação e
a aspiração, pode-se adquirir o conhecimento de futuros estágios da evolução. O aspirante
deve tentar encarar deliberadamente o caminho diante de si, de forma a obter uma
previsão dos conhecimentos elevados a que mais tarde espera ascender.
No caso do autor, a realização interior, na forma como lhe aconteceu, foi
acompanhada frequentemente por um fluxo de ideias luminosas. Ele oferece este livro para
a publicação na esperança de que possa servir como ponto de partida para viagens de
descoberta similares, empreendidas por outros.
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CAPÍTULO I
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CAPITULO II
Cérebro e Corpo.
Sono: Alimento Puro. Vida Diária Ordenada.
Pureza de Corpo Necessária ao Crescimento Espiritual.
Meditação.
As Glândulas Pineal e Pituitária.
2. De acordo com a ciência oculta, os átomos evoluem, sendo sua evolução acelerada como
resultado de seu uso pelo homem. Ver Occult Chemistry, de A. Besant e C. W. Leadbeater;
Um Estudo da Consciência, de A. Besant.
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CAPÍTULO III
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CAPÍTULO IV
Vida e Forma.
A Estrada Ascendente.
Irmãos Mais Velhos e Mais Novos.
Desde que na Natureza a forma é subordinada à vida, assim também deve ser no
homem. Ele deve viver buscando dentro de si mesmo a realização da vida em vez da
perpetuação da forma.
A forma é a serva da vida, embora, no mundo onde o aspirante vive, a vida tenha se
tornado subordinada à forma. Contudo, a vida é a grande conquistadora; e a forma, por
mais forte que seja, deverá ser destruída no final. A destruição traz tristeza para os que
depositaram sua confiança apenas na forma. Mas para aquele que aprendeu a confiar na
vida, a tristeza é estranha, pois ele encontrou o segredo da felicidade. Unido à vida e
confiando nela, ele compartilha sua liberdade e conhece a própria bem-aventurança. A dor
pertence à forma; o sofrimento é inevitável para os que se acham sob o seu domínio - pois,
sendo transitória, a forma inevitavelmente deve desaparecer; sendo mortal, deve perecer
um dia. A vida é eterna, imortal; os que nela depositam a sua confiança vencerão a morte e
conquistarão a bem-aventurança eterna.
Na verdade, a vida e a forma não são oponentes; são dois aspectos do 'Uno, de onde
ambas procedem. Através da experiência e da compreensão de ambas, o homem encontra
seu caminho para o Uno. Essa realização é a meta da vida humana.
A vida e a forma são os dois pilares do portão que leva à morada do Uno Supremo.
Entre ambos, ligando-os, está o Caminho, que deve ser visto concretamente como uma
estrada ao longo da qual todos os pés devem passar. Até mesmo os deuses mais altos - as
Sete Inteligências Superiores nas quais as sete notas ou modos estão perfeitamente
manifestadas - trilharam essa estrada. Mesmo o Uno Supremo conheceu suas alegrias e
misérias há muito, muito tempo, em universos agora transformados em poeira.
Bestas-feras, selvagens, homens civilizados e cultos, gênios, profetas, santos, juntam-se
na estrada que conduz à vida eterna, aproximando-se do portão da liberação dos opostos,
que é a meta. Além do portão, na morada do Supremo, habitam "os homens justos e
perfeitos", os Adeptos, os Reis Espirituais. Esses Seres poderosos também podem ser
encontrados na estrada, após terem retornado voluntariamente ao aprisionamento da vida,
de modo a 'ajudar', curar, guiar e inspirar os homens que lutam e se esforçam, Seus irmãos
mais novos.
Embora caminhem entre a multidão que avança lentamente, raramente eles são vistos
pelos homens, pois os olhos humanos, acostumados às diferenças e divisões dos modos de
manifestação do Uno, estão cegos para a luz Daqueles que habitam na unidade. Todavia, os
Grandes são percebidos pelos que começaram a reconhecer a unidade em meio à
diversidade, a vida dentro da forma e a viver de acordo com essa visão. Os Perfeitos sempre
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zelam por aqueles em quem essa visão desperta, aqueles que estão se empenhando para
trilhar o Caminho e, consequentemente, estão prontos para receber a Sua ajuda.
Na época atual, são muitos os homens inclinados à espiritual idade que, tornando-se
servos de suas raças, aproximam-nas dos Irmãos mais Velhos. Nesta época, o véu entre o
mundo exterior da forma e o mundo interior da vida está se tornando mais fino. Homens e
mulheres iluminados começam a romper esse véu e a ingressar no mundo da vida. Os
Perfeitos observam essas incursões, abençoam e inspiram seus irmãos mais novos, à
medida que se aproximam do reino interior no qual habitam.
O privilégio da confraternidade com os Homens Perfeitos sempre pôde ser atingido
pelos que são capazes de perceber a unidade de tudo o que vive, a verdade da Irmandade
Universal e, percebendo-o, vivem suas vidas de acordo com essa verdade.
A todos os que buscam a companhia Deles, que aspiram servir à humanidade sob Eles,
os Irmãos mais Velhos dizem: "Levantem-se! Despertem! E tornem-se os Deuses que vocês
são! Vivam como Deuses, puros, abnegados e fortes.
"O Deus, que no mundo real são vocês, brilha com uma pureza imaculada, irradia um
amor altruísta e começa a manifestar essa força que é promessa de onipotência.”
"Em meio à impureza do mundo, sejam puros; em meio ao egoísmo da humanidade,
sejam servidores; em meio à fraqueza do homem, sejam fortes.”
"Vivendo dessa forma, vocês encontrarão o portão da Vida Eterna. Servindo, acharão
Aqueles que vivem para servir. Sendo fortes, receberão a força Daqueles que se tornaram
Pilares do templo do Deus onipotente.”
"Quer dormindo, quer despertos, Nosso poder fluirá através de vocês para servir o
mundo. Em Nosso Nome e por Nosso Poder vocês se tornarão curadores do mundo,
consoladores de suas tristezas e inspiradores dos que são capazes de serem sensíveis ao
ideal da vida perfeita e à presença dos Homens Perfeitos.”
"Seu mundo é a sua messe; sua espécie são os seus feixes. Cabe a vocês juntá-los para
que o Divino Agricultor que semeou, possa colher em Si mesmo, não homens, mas Deuses.”
"Vivam de tal modo que todos os que virem suas vidas possam aspirar a imitá-los.
Sirvam de tal modo que aqueles que virem os seus serviços possam por sua vez servir. Sejam
fortes, de modo que aqueles que virem a sua força possam transformar o fracasso em
vitória.”
"Essas são as Nossas regras de vida. A obediência a elas trá-los-á para perto de Nós.
Um irmão mais Velho espera cada um de vocês, para transformá-los em Salvadores do
Mundo."
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CAPÍTULO V
O Caminho da Liberdade.
A Condição de Mestre.
O mundo é uma prisão; o coração do homem, uma cela na qual sua alma está
confinada. Através das grades da janela dos sentidos, a alma olha para o pátio da prisão,
buscando um modo de escapar. Para muitos, a hora da liberdade ainda não chegou, pois as
grades precisam ser quebradas, as portas destrancadas, e ainda há guardiães carrancudos
que obstruem o caminho. Desejo, paixão, sensualidade, astúcia, ganância, presunção,
egoísmo, ódio e orgulho - esses são os poderes que aprisionam. Na verdade, eles são
guardiães severos, cuja existência depende do aprisionamento da alma. Por isso, resistem
vigorosamente à destruição. Lutar contra eles aumenta-lhes a força, pois a atenção que lhes
é dada pela alma aprisionada é a fonte de sua vitalidade.
A maneira de escapar não é através do conflito com esses guardas. O caminho para a
liberdade não é para fora, passando-se pelos portões da prisão criados pela submissão às
falhas e vícios do eu inferior. O caminho se afasta do conflito exterior e leva para a paz
interior. O prisioneiro deve escapar para dentro. Deve parar de olhar para fora, através das
grades da janela dos sentidos, para o pátio onde existem apenas obstáculos à sua liberdade;
deve parar de lutar diretamente contra seus vícios. Em vez disso, deve afastar para longe
deles o pensamento e concentrar-se em suas virtudes e poderes. Assim, encontrará o
caminho dentro de si mesmo, passará para um nível mais alto de consciência, tornando-se,
dessa maneira, milagrosamente livre.
Esse caminho é encontrado e trilhado pela prática do domínio de si mesmo, pela
pureza de vida, pela aspiração, pelo idealismo e pelo sacrifício de si mesmo. Na presença da
pureza, o desejo morre. O amor puro destrói a paixão, vence o mal e liberta aqueles nos
quais tenha surgido. Este é o caminho de saída da prisão do mundo material, da tortura da
tentação, da escravização da sensualidade e do aprisionamento do ódio e da cobiça.
Esse caminho está aberto a todos; todas as almas livres o têm trilhado. Ele é chamado
de Caminho do Fio da Navalha, o Caminho da Santidade, o Caminho Reto e Estreito, e
"poucos são os que o encontram". Quase dois mil anos se passaram desde que essas
palavras foram pronunciadas. Durante esse período, a humanidade progrediu. Agora,
muitos percebem o caminho da saída, mas ainda são muitos os que, voluntariamente ou
por força do hábito, continuam aprisionados, submetendo-se à dominação do desejo. Esses
são os cegos que não verão, errando muito mais do que as almas jovens que ainda não
despertaram para o chamado da liberdade.
Embora, atualmente, o descontentamento divino seja sentido por muitas almas, seu
significado e importância ainda não foram compreendidos. O homem confunde essa ânsia
inexprimível de seu interior com prazer sensual, com satisfação física, e procura curar esse
sofrimento corrosivo mergulhando mais profundamente no abuso e no desregramento. Ele
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não a reconhece como o sinal de que está superando os prazeres que antes o escravizaram,
os brinquedos da infância de sua alma.
A adolescência espiritual foi atingida e exige mudanças radicais e positivas. O amor à
boa-vida deve dar lugar a um ascetismo sábio, e a sensualidade deve dar lugar à
austeridade. Motivos egoístas devem ser substituídos por altruísmo e o egoísmo por
filantropia. Assim, é encontrado e trilhado o caminho que leva à maturidade espiritual.
Ao longo desse caminho passaram os Homens Perfeitos que são os Diretores espirituais
do mundo, os verdadeiros Instrutores da raça humana. Eles são perfeitos na vontade, no
amor, no conhecimento, manifestações perfeitas que são desses três atributos do
Supremo.
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CAPÍTULO VI
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CAPÍTULO VIII
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CAPÍTULO IX
A Vida do Aluno.
Sua Aceitação e Seu Trabalho.
Ocultismo Para o Homem Ocidental.
Negócios, Arte e Educação.
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CAPÍTULO X
Discipulado.
A Vida Mística e Oculta do Discípulo
A Visão do Todo.
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CAPÍTULO XI
Perfeição Imperfeita.
O Trabalho do Discípulo.
A Necessidade de Pureza.
Amor Universal.
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CAPÍTULO XII
O Valor da Meditação.
O Caminho do Desabrochar Imediato.
Educação Oculta.
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CAPÍTULO XIII
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CAPÍTULO XIV
O Adepto vive além do plano do tempo. Cada ação sua no tempo é repleta de
significado por toda a eternidade. Seus planos no tempo incluem o conceito de
atemporalidade em suas derradeiras realizações. Ele vive no eterno, embora projete Sua
consciência no tempo, estando os dois estados combinados Nele. Ele projeta na eternidade
e age no tempo, pois dissolveu o mistério da relação desses dois estados, sendo Ele próprio
um elo, uma ponte entre atemporalidade e tempo.
A vida do Adepto é, portanto, dual e ele é um ser dual. Sua manifestação no tempo
pode ser compreendida em parte, mas Sua existência na eternidade permanece para
sempre um mistério. No tempo, Ele possui individualidade, é um Ser; na atemporalidade,
não tem individualidade e nem é um Ser; mesmo assim, Ele é também todos os Seres, pois
é Um com o Todo. Ele tem uma existência planetária que, como foi mostrado, é sétupla,
constituindo o tempo de Sua manifestação na terra a Sua individualidade. Também tem
uma existência extraplanetária, na qual está unificado com o tríplice Guia interplanetário,
que se manifesta Nele e através dele, pois Suas individualidades são uma só.
Através dessa identificação com o Poder, com a Vida e com a Consciência
extraplanetários, Ele também está unido à tríplice existência cósmica, aumentando Seu
Poder de manifestação, à medida que prossegue o Seu desenvolvimento. Sua
individualidade terrestre é o menor aspecto de Sua natureza; o maior é o Seu Eu cósmico,
com a consciência interplanetária servindo de elo de ligação entre os dois.
O todo não é múltiplo, mas uno: uma consciência capaz de expressão e de atenção em
todo o campo de atividades. O Adepto é um Ser cósmico, não é um ser terrestre, embora
seja mantida uma individualidade terrestre com um corpo físico. A manutenção desse
corpo é uma questão de escolha, decidida em grande parte pelo modo de ascensão através
da humanidade. Aqueles cuja escolha não inclui uma existência física contínua entram em
Seus estados extraplanetários e cósmicos, cumprindo Seus destinos de Adeptos nesses
planos.
A consciência desses Adeptos, embora normalmente limitada aos campos
extraterrestres de sua escolha, pode a qualquer momento tornar-se manifesta em qualquer
nível, em qualquer planeta, mediante um processo de auto-projeção em veículos
temporários, materializados para esse propósito, ou emprestados a Eles por um habitante
do globo no qual a manifestação deve ocorrer. Isso pode tomar a forma de uma completa
troca de consciência no corpo emprestado, com a saída do dono e a entrada do visitante,
ou de uma cobertura ou inspiração como a de um Avatar.
Das reuniões da Hierarquia governante de Adeptos num planeta, frequentemente,
tomam parte Conselheiros e Embaixadores, representantes da Hierarquia governante de
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um sistema solar ou planetário. Assim como o Adepto tem Sua consciência e vida
extraplanetária, o mesmo ocorre com a Grande Irmandade Branca de cada planeta onde
existam homens. Juntos, eles formam o corpo governante de um grupo de planetas sob o
Logos Solar. Esse sistema se estende, por sua vez, para maiores grupos sistêmicos e
Cósmicos, estando o todo compreendido e tornando-se manifesto como uma unidade em
termos de consciência cósmica.
Assim, mantém-se um contato externo de direcionamento e proteção contínuas entre
o coração da criação, a vida central do Cosmos e a menor vida individual de um planeta.
Também existe uma união interna entre o mais alto e o mais baixo, entre o centro e a
circunferência da manifestação, pois a Vida que anima é Una em toda parte. Assim, a
dualidade do modo da manifestação, do ministério exterior e autoconsciente, observado
nos reinos mineral, vegetal, animal e humano do planeta, por um lado e, por outro lado, na
vida interior que jorra e desabrocha, tem sua aplicação em todo o Cosmo.
Desde que o princípio de ajuda dos mais evoluídos aos menos evoluídos é de aplicação
universal e é fundamental para a realização do plano mediante o qual o universo progride,
segue-se que aqueles que desejam cooperar inteligentemente com a Vontade Suprema
devem participar da operação desse princípio.
O primeiro passo rumo à união autoconsciente com o Supremo é sempre o mesmo -
uma ação não-egoísta que nasce do amor. Se, no começo, a ajuda é pessoal e o motivo é
individual e isolado, o ato, não obstante, é uma ajuda. Gradualmente, o motivo pessoal dá
lugar ao impessoal, o bem-estar individual ao bem-estar do todo. Dessa forma, o espírito de
filantropia é despertado e o segredo da felicidade descoberto. O espírito altruísta inclui não
apenas ações de utilidade e de ajuda, que não trazem retorno imediato, mas também ações
que podem causar uma perda total de esforços e de sacrifício. Gradualmente, ganha-se o
conhecimento de que perdas temporais trazem ganhos eternos, de que o sacrifício terreno
traz enriquecimento espiritual. A promessa de que "o que ama sua vida perdê-la-á; e quem
aborrece sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna," (S. João, 12,25), é agora
reconhecida como uma verdade profunda.
Tal conhecimento constitui a base sobre a qual se estabelece uma vida de ajuda e de
assistência. Trata-se de uma completa inversão da existência humana normal, pois seus
motivos são opostos aos que governam a vida comum. Tanto o indivíduo como a raça
humana devem completar essa inversão antes que a realização espiritual se torne possível;
devem crescer do pessoal para o impessoal; devem aceitar o altruísmo como o único
motivo válido e desenvolver a benevolência a um tal grau que o sacrifício traga apenas
felicidade. Essas são as qualidades necessárias para os que desejam cooperar
conscientemente com a Hierarquia de Adeptos na realização da Vontade Una.
Inspirados por esses ideais, o indivíduo e a raça humana começam conscientemente a
tomar parte na realização do Grande Plano do Supremo, a trabalhar a favor, e não contra a
evolução - embora inconscientemente trabalhem contra - e a verem a si mesmos como
ministros do Altíssimo. Uma mudança de atitude como essa introduz o elemento da
verdadeira santidade na vida e prepara o aspirante para a visão da divindade inerente a
todas as coisas, para a qualidade sagrada de todos os atos, qualidade que se baseia no fato
da existência da Vida Divina Una dentro de todas as coisas e da existência do Divino Agente,
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do Supremo, por trás de todas as ações.
A visão esplendorosa do Supremo é conseguida por adesão a essas regras de vida. Ela é
vivenciada primeiramente através de lampejos de inspiração, de percepções intuitivas e do
senso gradual de um destino maior que está sendo realizado. Então vem o conhecimento
da Inteligência Inspiradora atrás do universo, a visão da Mente Una, ordenando todas as
coisas, grandes e pequenas.
Nesta conjuntura, perigos esperam pelo individuo e pela raça, pois, a menos que
prevaleça a atitude de impessoalidade e de humildade, uma interpretação pessoal é
colocada sobre a experiência e o que é de aplicação universal é erroneamente interpretado
como individual. Isso leva a uma perspectiva pessoal e estreita e ao orgulho - dois grandes
perigos contra os quais o aspirante deve estar sempre alerta, a fim de não obscurecer sua
visão nem estragar seu trabalho.
Evitando essas armadilhas, indivíduo e raça finalmente consagram seus seres e suas
vidas ao encorajamento do crescimento, à realização do Plano, à cooperação harmoniosa
com a Vontade Una.
Esse é o caminho - não há outro - para a realização individual e racial, para a felicidade
e a paz. Esse é o Caminho da Vida Divina, o único caminho no qual essa Vida pode
expressar-se perfeitamente. Esse é o caminho trilhado por todo filho livre do homem. O
Adepto, tendo trilhado esse caminho até o fim, permanece na felicidade eterna e na paz
que nada pode perturbar.
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CAPÍTULO XV
O sistema solar é uma unidade individual, no meio das muitas unidades sistêmicas
similares que compõem o sistema sideral. É uma entidade evolutiva, uma consciência
grupal, movendo-se firmemente para a frente, rumo à autoconsciência, à "individualização"
ou entrada autoconsciente numa ordem mais elevada de ser.
Em qualquer ponto do sistema solar, a vida é um epítome do todo. Os processos vitais
que ocorrem em qualquer reino da Natureza são reflexos daqueles que ocorrem por toda a
Natureza. A evolução da consciência grupal do mineral, do vegetal, do animal e dos
espíritos da natureza rumo à individualidade constitui uma manifestação planetária de uma
evolução similar de todo o sistema solar rumo a um estado mais elevado. A individualização
dos espíritos da natureza para um estado angelical (23) e do animal para um estado
humano (24) é o reflexo microcósmico de uma realização macrocósmica. De modo similar,
a libertação atingida pelo Adepto é apenas parte de uma libertação maior a ser atingida
pelo sistema solar em sua totalidade. Segue-se daí que cada realização microcósmica
favorece o progresso de todo o sistema.
Como isso é também apenas uma parte de um todo ainda maior, esse todo maior
também é ajudado, e assim ad infinitum, pois a totalidade dos sistemas siderais é
imensurável, ilimitada e incognoscível. Imensurável, por estar sempre se movendo;
ilimitada, por estar sempre aumentando; incognoscível, por estar sempre mudando.
Embora possua essas três características, ela é compreensível como um todo pois, apesar
de múltipla, ela é Una. Embora um planeta seja infinitamente pequeno quando comparado
a esse todo, mesmo assim é infinitamente valioso para o todo, pois nele o todo se
manifesta em miniatura; o todo está indissoluvelmente ligado a ele; através dele, o todo
evolui. Nos domínios da vida infinita, o todo e a parte constituem uma coisa só.
Assim também o homem que habita na Terra, perfeito em seu próprio estágio,
imperfeito num estágio mais alto, é um epítome do Homem Celestial, do Pensador, do
Logos, que habita dentro do Sol e dos planetas que giram em torno dele. O homem
terrestre e Celestial também são um, e compartilham a mesma vida, progredindo através
das conquistas de cada um, companheiros inseparáveis de peregrinação, diferindo apenas
no grau de habilidade de autoexpressão. Assim, todo o sistema, de que são partes esse
planeta e seus diversos habitantes, move-se como um todo e progride como uma unidade,
sendo que o movimento de sua menor parte afeta o todo.
Desde que, com esse todo, um todo maior está do mesmo modo se movendo rumo a
uma extensão infinita de ser, cada ação da menor parte exerce influência sobre o todo
infinito. Embora descrito como infinito, ele não está de forma alguma distante no tempo ou
no espaço, pois no infinito, tempo e espaço são insignificantes; tudo está aqui e agora. A
estrela mais distante deixa de ser distante do ponto de vista do infinito, pois no infinito a
distância não existe.
Nos confins do tempo e do espaço, o pensamento gerado por um homem emite uma
onda para o plano mental. Quando essa onda encontra as barreiras de pensamento que
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envolvem a vida mental solar, seu curso é interrompido. Em planos mais elevados, onde
tais barreiras são desconhecidas, a vida por trás do pensamento, do movimento e da
essência espiritual do pensador são instantaneamente refletidas e repetidas pelo todo, por
causa da unidade ou Unicidade que é a sua natureza fundamental. Nela não há tempo,
espaço ou barreira.
A visão que não inclui a concepção do todo é imperfeita; o conhecimento que não se
baseia na concepção da unidade é incompleto. Embora o todo não possa ser visto pelo
homem mortal, nem a unidade possa ser percebida, mesmo assim, o princípio da existência
do todo e da unidade deve ser compreendido por todos os que verão e conhecerão a
verdade. No reflexo do macrocosmo no microcosmo está a chave de todo o conhecimento
pois, através da parte, o todo pode ser percebido; através do individual, o universal pode
ser compreendido.
No estudo do espiritual e do oculto esse princípio deve ser aplicado. Sem ele, todo
conhecimento é como a casca que cobre a semente do fruto da Árvore da Vida. Por essa
razão, o estudante do ocultismo deve meditar a respeito da unidade, até que uma certa
medida de experiência do todo tenha sido alcançada. A partir da experiência do fato
essencial interior, ele pode continuar a estudar com compreensão as partes externas e
relativamente não-essenciais do todo.
A mente tanto obscurece quanto ilumina, de acordo com o desenvolvimento da
evolução do pensador. Na infância e na adolescência mentais, a mente divide; na
maturidade, ela une. Na análise, a verdade é perdida; na síntese, é redescoberta. Mas a
mente infantil e a adolescente precisam analisar para que a síntese seja alcançada de forma
consciente. O perigo surge apenas quando a análise é levada para a maturidade mental,
onde a síntese deve ser a meta. Uma mera coleção de fatos não pode iluminar a mente; o
pensador deve tornar-se o intérprete do fato antes de poder perceber a verdade. A partir
dos fatos, ele deve seguir para os princípios e destes para a verdade subjacente. Uma
interpretação verdadeira requer um pensamento sintético baseado na compreensão do
todo.
Presentemente, a humanidade está passando da adolescência mental para a
maturidade intelectual. Cientistas importantes estão começando a interpretar
espiritualmente fatos materiais, e isso é um sinal dos tempos. Líderes religiosos, políticos e
sociólogos devem seguir esse exemplo, tendo em vista não uma seita ou fé particular, não
uma única nação ou estrutura social, mas o todo.
Nenhuma religião contém toda a verdade com exclusividade: nenhuma raça ou ordem
social apresenta todas as virtudes, mas um conhecimento da relação entre religiões
particulares e a própria religião, entre uma raça ou ordem social e a humanidade como um
todo, revelará os princípios sobre os quais todas as religiões e ordens sociais estão
baseadas. Na luz dessa totalidade de conhecimento, o sistema perfeito de crenças
religiosas e a perfeita ordem social podem ser baseados.
(23). Ver O Reino das Fadas, The Coming of the Angels, e As Hostes Angélicas, do autor.
(24). Ver Um estudo da consciência de A. Besant.
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CAPÍTULO XVI
O Fragmento e o Todo.
A Fonte da Vida.
A Natureza da Beleza.
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CAPÍTULO XVII
A Guerra no Céu.
A Guerra no Homem.
Vitória.
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CAPÍTULO XVIII
Geometria Divina.
Símbolos Espirituais nos Reinos Mineral, Vegetal, Animal e Humano.
A simetria é uma expressão da unidade da vida e de sua igual distribuição como uma
essência onipresente que penetra todas as formas. A configuração é uma expressão da
interação entre a vida e a matéria. Todas as formas naturais são configuradas
simetricamente.
A esfera é a mais perfeita expressão dinâmica, em figura, da relação da vida com a
forma. O cubo é a sua expressão estática perfeita; girando sobre um de seus pontos, ele
produz a esfera, símbolo da vida e da forma unidas.
A pirâmide exprime a evolução da primeira dualidade rumo a uma manifestação
perfeita. O vértice é o ponto primordial, a válvula através da qual a vida eterna passa para o
universo. Ao passar por ali, ela se submete ao condicionamento da matéria. Seu fluxo para
fora é quádruplo e é expresso simbolicamente pelos lados expansíveis da pirâmide. A base
representa o mundo físico. O vértice, um ponto, representa a mais alta região manifestada,
a fonte da existência. A simetria perfeita de toda a figura expressa a lei perfeita pela qual a
vida se manifesta na forma. Os lados infinitamente extensíveis indicam as possibilidades
ilimitadas da evolução da vida e da forma.
Vista dessa maneira, a pirâmide simboliza a verdade por trás da manifestação. Ela é um
símbolo do Terceiro Aspecto do Supremo, a interação entre vida e forma, a relação entre
espírito e matéria.
A vida perfeita, em qualquer reino da Natureza, exprime essa relação tão
completamente quanto o faz a pirâmide. O mineral é composto de cristais formados e
dispostos com precisão geométrica. O vegetal cresce de acordo com princípios
geométricos, enquanto as flores são modeladas sobre formas geométricas fundamentais,
tais como a cruz e a estrela. Em seu modo de crescimento, elas apresentam.a espiral e o
cone.
Por meio de símbolos, a vida vegetal retrata à perfeição, em seu estado natural, o
principio de sua própria existência, a lei de seu ser, que é o que governa a relação entre a
vida vegetal e a forma vegetal.
No reino animal, onde há uma consciência coletiva, mas onde ainda não existe uma
completa consciência individuai, a individualidade tem de ser atingida. Aqui, aparecem
modificações e imperfeições na forma; mas, mesmo assim, pode-se observar um
simbolismo completo. A coluna vertebral e as pernas formam os três lados de um quadrado
ou paralelograma, completando-se o quarto lado pela superfície do solo e pelas linhas de
força que ligam as pernas dianteiras e traseiras. O pescoço e a cabeça, proeminentes,
simbolizam o resultado do esforço da vida interior para encontrar novos modos de
expressão através de novos tipos de forma. Esse principio, que na planta era a flor, é
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expresso como a cabeça do animal; o que eram as raízes, é agora simbolizado pelos pés -
ainda presos à terra, mas móveis. A coluna vertebral e as costelas representam uma cruz
com muitos braços, enquanto o contorno e os cortes transversais de cada osso indicam
símbolos fundamentais.
A cabeça do animal, projetada para diante do corpo, reflete de forma microcósmica a
existência de vida e consciência extra - sistêmica. Ela corresponde ao vértice da pirâmide, à
válvula através da qual a vida que está fora pode alcançar a vida que já está dentro. Assim
como o sistema tenta alcançar a vida que corre para dentro, também o animal projeta sua
cabeça para a frente, tentando alcançar a experiência individual, a sensação, o pensamento
e a vida.
O fato de a matéria estender-se em direção à vida é uma verdade fundamental; apesar
da sua resistência, ela sempre evoca a vida, pois essa é a sua resposta ao impulso evolutivo
- o impulso da vontade criativa rumo à perfeição. No mineral, esse impulso aparece como
afinidade química: no vegetal, como crescimento para cima e como polaridade e atividade
sexual elementar; no animal, como projeção da cabeça, como sexo e como reação à
emoção e ao pensamento.
Nos vertebrados, a medula espinhal é o símbolo físico da Vontade Una, direta, porém
flexível, em sua ação. No homem, a postura ereta e os braços estendidos formam a cruz,
que representa a vida manifestada na forma. Com as pernas afastadas, os braços esticados,
a cabeça e a coluna retas, o homem retrata o pentágono, símbolo da vida libertada. Como
já foi mencionado, este é um símbolo predominante no reino vegetal, no qual a vida atingiu
uma libertação em relação à inércia mineral. O homem, libertado da consciência instintiva
do animal para uma individualidade autoconsciente, também mostra o sinal de vida
libertada. Não inconscientemente, como nas plantas, nem em seu comportamento normal,
mas apenas quando seus braços estão estendidos para ajudar seus irmãos, fazendo desse
modo o símbolo da cruz sacrificial. O símbolo augusto brilha dentro do homem interior,
assim como o símbolo sacrificial aparece no exterior.
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CAPÍTULO XIX
Do Homem ao Super-homem.
O Símbolo do Cone. A Mente Abrangente.
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CAPÍTULO XX
Em Seus trabalhos eternos, o Supremo, como Pai, Filho e Espírito Santo, como Criador,
Preservador e Produtor da Forma, é assistido pelas hostes angélicas que desempenham a
dupla tarefa de estimuladores da vida e construtores da forma. Em todas as coisas vivas, os
três Aspectos do Supremo estão representados em diversos graus de consciência
despertada. No reino mineral, Eles estão adormecidos no que toca à atividade externa; no
reino vegetal, estão sonhando; no animal, estão acordados e, no homem, atingem a
autoconsciência mental. No Adepto, Eles estão totalmente desenvolvidos e perfeitamente
manifestos.
Nos reinos mineral e vegetal, as hostes angélicas suprem de modo vicário a
autoconsciência, até então adormecida, dos três Atributos. Os que se encontram nas
fileiras mais elevadas dos "Brilhantes" tornam-se a encarnação perfeita desses Atributos,
que eles transferem, através de suas ordens graduadas, até os espíritos da natureza que
auxiliam a consciência adormecida e assistem à construção das formas do reino mineral da
Natureza. Através das hostes angelicais, o poder acelerador do Supremo age sobre a
consciência adormecida na pedra, no metal, na pedra preciosa, induzindo-os a sonhar e
ajudando seu progresso rumo ao nascimento da autoconsciência. A hierarquia dos anjos
presta esse serviço de tempos em tempos, desde o surgimento da vida solar e da existência
planetária até o seu término, fornecendo indiretamente o elo entre a triplicidade universal
de poder nos planos mais elevados da consciência e o Deus Trino, aprisionado,
inconscientemente adormecido no reino mineral.
No reino vegetal, os resultados desse serviço aparecem mais imediatamente do que no
mineral. A consciência e a forma da planta reagem mais aos estímulos do que no reino
mineral. Neste, a resposta liga-se quase inteiramente ao aspecto de força do Supremo e das
hostes angelicais. Na evolução vegetal, que produz sensibilidade, o aspecto de sabedoria,
tanto o intrínseco quanto o angelical, está implicado. A influência dos anjos do reino
emocional é aplicada e ocorre um despertar emocional.
No reino animal, onde a resposta aos estímulos é ainda maior, a influência da mente é
aplicada através do aspecto de inteligência ou consciência, tanto o intrínseco como o
angelical. Essa influência mais alta age, primariamente, desde o nível causal, sobre o reino
animal, através da consciência coletiva, mas de dentro da corrente vital monádica e através
dos átomos permanentes.(28) Isso inclui o ministério dos anjos no nascimento da
individualidade.
Nesses três reinos, os espíritos da natureza estão especialmente ativos, embora com
resultados amplamente diversos. Os gnomos do elemento terra, juntos com as variadas
subdivisões, raças e tribos de espíritos terrestres, representam o aspecto de força do
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Supremo e da hierarquia dos anjos. Isso eles transmitem e aplicam instintivamente, através
de suas operações de· construção sob a influência produtora de formas da Mente
Universal. A Inteligência Una ordena e dirige suas várias atividades, enquanto a Vontade
Una estimula-as a uma ação constante.
Devido ao poder criativo da Vontade Una, do qual, em seu reino, essa ordem das
hostes angelicais é uma incorporação, cada ato seu contém uma potência produtora de
formas naturais e libera uma força aceleradora, estando sua influência fora de toda
proporção em relação à sua inteligência e ao seu lugar na evolução. As construções básicas
moleculares e as formações cristalinas do reino mineral constituem, em parte, o resultado
da ação da energia criativa ou força mundial sobre a matéria livre e, em parte, o resultado
da massa de "poder do pensamento" de grupos ou tribos de espíritos da natureza terrestre.
Sua força de pensamento, um "substituto" instintivo da Mente Universal e dos membros
mais altos da sua hierarquia, é altamente formativa, produzindo formas nos mundos
emocional e etérico. Tais formas constituem os modelos dos últimos minerais sólidos. Elas
surgem na consciência coletiva dos espíritos da natureza a partir da Mente Universal, na
qual esses modelos existem como arquétipos. Elas são poderes vivos, forças modeladoras
que estão associadas com uma ordem de anjos, de cuja natureza a nota vibratória ou
acorde é o arquétipo.
A preparação e o aperfeiçoamento desses arquétipos ocupam um vasto período de
tempo na abertura de cada novo esquema de evolução. Durante épocas sucessivas, eles
são projetados para fora, plano após plano, em direção ao mundo material. Essa projeção
consiste na colisão de suas energias, emitidas em ondas de comprimento características
sobre a matéria de planos sucessivamente mais densos. Os anjos construtores absorvem e
transmitem a força mundial ou som criativo que, batendo na matéria dos planos, induzem-
na a assumir formas típicas ou correspondentes. Essa transmissão do Mundo convoca
ordens adequadas de anjos construtores e de espíritos da natureza para a tarefa de dar
assistência na produção e, mais tarde no aperfeiçoamento das formas. No final, o plano
mais denso é alcançado e a sua matéria, que não reage, assume lentamente a forma
desejada.
Temos de admitir que, sem o auxílio das hostes angelicais e dos espíritos da natureza, o
processo de criação seria realizado sob a lenta e automática ação da lei da ressonância; mas
o tempo exigido seria muito maior. Esquemas de evolução podem ser imaginados nos quais
esse auxílio está ausente, e outros nos quais seu desempenho é mais efetivo. Por isso, é
verdade que, quando perfeitamente planejados, os processos da Natureza são perfeitos em
si mesmos. Mas, pelo menos neste planeta e, sem dúvida, neste sistema solar, o ministério
dos anjos ocorre, acelerando a realização do plano divino.
Após o atingimento dessa individualidade, que é a meta da evolução animal e marca o
nascimento do ego humano, o ministério dos anjos no reino humano é amplamente
limitado à construção e à manutenção de corpos e à construção e ajuste do mecanismo da
consciência. O homem tem o poder de continuar sozinho até a próxima fase de sua
evolução; nenhum agente externo não-humano pode dar-lhe assistência interior. A
diferença intrínseca de vibração entre o indivíduo humano e o anjo é normalmente muito
grande para permitir uma sincronização.
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No nascimento da individualidade, é tocada a inconfundível nota humana. Embora os
anjos ajudem no nascimento e assistam na construção e na afinação do instrumento,
mesmo assim, quando a primeira nota é tocada pela Mônada humana - positivamente
humana por escolha - só então o homem pode vibrar em sincronia com o homem. Assim,
quando o ego humano é formado, o auxílio espiritual torna-se responsabilidade daqueles
que estão mais adiantados no caminho da evolução humana.
Assim como, por toda a eterna evolução de poder, de vida e de consciência, através
dos reinos mineral, vegetal e animal, é dada uma assistência, assim também, no reino
humano, a humanidade criança é orientada e inspirada por seus Irmãos mais Velhos.
Durante sua infância na Terra, grandes Senhores, altos Adeptos, desceram com bandos de
alunos do planeta Vênus (29) para encarregar-se dessa tarefa. O estágio humano foi
atingido através da vida animal, a forma humana bípede foi desenvolvida com a ajuda dos
anjos, mas faltava ainda o elo do intelecto despertado, essencial para o sucesso da auto-
expressão pelo Eu trino recém-nascido.
Os Senhores de Vênus eram super-homens nos quais a evolução mental estava
completa. Por conseguinte, podiam acender em outros o fogo da mente, já totalmente
aceso em Si mesmos. O instrumento mental humano foi construído com a ajuda dos anjos a
partir do modelo do arquétipo; mas nenhuma música proveio da lira de quatro cordas do
veiculo mental, pois o ego recém-nascido não sabia como tocá-la. Os Senhores da Chama
de Vênus desempenharam um duplo ministério: afinaram a lira da mente humana na Terra
e, tocando a primeira nota, despertaram o ego humano para o conhecimento do
instrumento da mente. Daí em diante, Orientadores Adeptos guiaram a raça nascente e
ainda a guiam. Sua Presença visível, não sendo mais necessária, retirou -se há muito tempo
e, desde então, exceto pelas raras visitas do Senhor do Amor.(30) Eles têm guiado a
humanidade invisivelmente.
O progresso humano segue um caminho em espiral, e quando o ciclo do
desenvolvimento material se aproxima de sua realização, o homem entra num novo ciclo
de crescimento espiritual, no qual, espiritualmente, ele é "como uma criança pequena". Em
sua infância espiritual, como antigamente em sua infância racial, material, ele recebe ajuda
exterior, e torna a ver cara a cara o seu Mestre. A orientação externa é renovada no ciclo
do desabrochar espiritual, estabelecendo-se o relacionamento entre discípulo e Mestre.
"Quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece."
(28). Átomos isolados dos sete planos ligados a cada Mônada. Ver Um Estudo da
Consciência, de A. Besant.
(29). Ver O homem: donde e como veio e para onde vai? de A. Besant e C. W.
Leadbeater (Ed. Pensamento).
(30). Como Fundadores das grandes religiões mundiais.
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POSFÁCIO
Paz.
Beleza.
O Deus Trino.
Pureza, força, estabilidade - estas são as características da tríplice base sobre a qual a
paz inabalável pode ser estabelecida na alma. A paz, a serenidade e o equilíbrio - são
essenciais para o bem-estar da alma. Sem eles, a vida é vã, a realização é aniquilada, o
sucesso é apenas um sonho. Somente na quietude a alma pode ser alimentada; somente no
silêncio a união pode ser alcançada. A quietude interior proporciona um retiro seguro, um
porto seguro, uma defesa invencível contra o barulho exterior. O ruído externo deve servir
como um estímulo constante para a realização da paz interior.
Na escuridão da noite universal, nasceram os mundos solares. Na escuridão da terra,
ocorre a germinação da semente e o nascimento das plantas. Na escuridão do útero
materno, forma-se o corpo da criança. Da escuridão absoluta, sóis, planetas, plantas e
homens emergem para a luz. Depois disso, cada um produz sua luz própria, que foi acesa na
escuridão da noite criativa. O mesmo ocorreu com a iluminação silenciosa da alma pois, do
ponto de vista espiritual, escuridão e silêncio são a mesma coisa.
No Ocidente, o crescimento da alma é perturbado pelo ruído. No Oriente, onde se
conhece o valor do silêncio e o poder da paz, a vida silenciosa ainda pode ser vivida. No
Ocidente, cada alma deve criar o silêncio para si mesma e aprender a viver no silêncio. O
ruído perturba a harmonia, essencial à beleza da alma. Ele distorce o modelo de todas as
formas em desenvolvimento, destrói-lhes o encanto, estragando a "afinidade" entre o
modelo arquetípico na Mente Universal e a forma a ser desenvolvida na oficina do mundo.
As diversas forças. que o Artista Supremo emprega, os espíritos auxiliares que dirigem seus
cursos - inteligências grandes e pequenas, autoconscientes e instintivas, construtores
cósmicos e atômicos - todos dependem do ritmo e da completa sintonia para a perfeição de
seus trabalhos.
A desarmonia produz a feiura. Não a doce harmonia da vida humana vivida
pacificamente, o som do trabalho humano, a música das vozes, nem o som dos
instrumentos e ferramentas feitos pelo homem, usados pacificamente e dirigidos por uma
mente tranquila em paz com Deus. Isso tudo forma um doce acompanhamento para a
música alegre da alma. Os ruídos artificiais de uma vida artificial, os sons dissonantes de
uma atividade inquieta, febril e não-natural, isso produz a fealdade e destrói a paz. Os que
são forçados a viver nessas condições devem aprender a manter o equilíbrio, desenvolvendo
uma paz interior, firmemente fundada na pureza, na força e na estabilidade.
Não pode haver iluminação espiritual sem silêncio, recolhimento e paz interior. O
aspirante deve ser puro, estável, pois a paz reside na pureza e na estabilidade.
Embora a vida eterna seja a real e a vida diária, atemporal, a irreal, os que desejam
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trilhar o caminho espiritual não estão, de forma alguma, livres da obrigação de tornar a vida
diária e seu mundo imediato extremamente belos. Eles devem ver a vida como uma obra de
arte, e todos os dias fazê-la mais bela.
Cada vida humana é parte de uma grande obra de arte que o Supremo Artista está
criando continuamente. A perfeição de Seu Trabalho depende da perfeição da vida
humana. Quando o homem arruína a vida com a feiura, a vida do Artista Supremo também
é arruinada. Quando o homem se degrada, Ele também é degradado, pois há apenas Uma
Vida, Um Artista e Uma Obra de Arte.
Por conseguinte, a conduta não pode ser ignorada, nem a ética negligenciada. A ética é
de suprema importância, pois não pode haver beleza perfeita sem conduta perfeita,
baseada nos mais nobres ideais éticos. Essa verdade aplica-se a todas as coisas da vida, da
maior à menor, ao trabalho de toda uma vida como à rotina diária, aos sessenta ou setenta
anos que constituem uma vida, como aos dias e às horas de cada dia desses anos todos.
A beleza é essencial à livre expressão da vida; a feiura impede a sua realização. A beleza
deve se manifestar e tornar-se a nota predominante da nova era. Ela é a chave da felicidade,
e sem ela a vida fracassa, as civilizações desintegram-se, as raças morrem e as pessoas
definham.
A beleza é a verdade do dia que está para vir. Para o artista, esse conhecimento não é
novo; para o político, o educador, o cientista e o sacerdote ele ainda é apenas um ideal
distante. Esses modeladores da vida das nações precisam ver a necessidade profunda de se
estabelecer a beleza no centro e na circunferência de toda comunidade civilizada. Assim, as
nações poderão ser levadas do materialismo para o espiritualismo. A beleza deve conduzi-las
pela mão. O Real é essencialmente belo e a procura da beleza deve ser um trampolim para a
procura da Realidade.
A beleza é uma manifestação universal da vida do Supremo, que é onipresente, que é a
Unidade por trás da diversidade, a fonte original da Verdade.
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