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ESTUDO BÍBLICO

TEXTO: Mt 5.17-20
TEMA: As Atitudes do Verdadeiro Cristão – introdução.

Introdução:
Vamos começar nos situando dentro desta série de mensagens, porque esta porção de Mateus 5.17-
20 abre uma nova sessão do Sermão do Monte.
Até aqui temos visto que o nosso Senhor se ocupou com a descrição do crente.
Primeiro, nós fomos lembrados nas bem-aventuranças daquilo que nós somos, do nosso caráter.
Depois, nós fomos informados acerca do nosso relacionamento com o mundo – (nós nos relacionamos com
o mundo sendo sal e luz do mundo).
Hoje nós vamos começar uma nova sessão no sermão do monte que vai nos falar como nós podemos
ser sal e luz do mundo. Quais as atitudes que nós devemos ter em nossas vidas para que possamos ser sal e
luz do mundo?
Vejam a estrutura do sermão de Jesus:
Primeiro – o caráter do crente – v. 1-12;
Segundo – a relação do crente com o mundo (sendo sal e luz) – v. 13-16;
Terceiro – as atitudes do crente como sal e luz do mundo – v. 17ss.

Mas antes de nós adentrarmos ao estudo das atitudes do cristão, nós vamos perceber que Jesus faz
uma introdução geral a este tema. Nos versos 17 a 20 Jesus apresenta alguns princípios para nortear o nosso
estudo.
Em primeiro lugar, nós vamos ver que Jesus fez duas afirmações categóricas.
A primeira está nos versos 17 e 18 onde Cristo afirma que tudo quanto ele ensinaria dali por diante
estava em absoluta harmonia com o ensino inteiro das Escrituras do Antigo Testamento.
O que isto significa na prática? Significa que a nossa relação com Cristo vai depender de nossa relação
com a lei de Deus – com a Palavra de Deus.
A graça de Deus, a salvação pela fé não anula a nossa responsabilidade com o cumprimento da lei de
Deus de da Palavra de Deus.
Jesus veio para cumprir a lei e os profetas e ele requer o mesmo de todos aqueles que fazem parte
do reino de Deus.
Primeiro, em razão que diz o Senhor que a lei de Deus tem um caráter absoluto. O que quer dizer
caráter absoluto? Que ela jamais poderá ser alterada, e nem mesmo modificada no mais leve grau. A lei é
absoluta e eterna.
Nem um “i”, ou um “til”, (menor ponto gráfico do alfabeto hebraico) da lei pode ser desconsiderado.
Enquanto houver céu e terra a lei deve ser obedecida – ou seja, enquanto não chegar o fim das eras, nós
devemos obedecer à lei de moral de Deus.
E em segundo lugar, Jesus requer a total obediência à lei de Deus porque, segundo Ele, este é o selo
de autoridade do reino de Deus na vida do crente. O crente é salvo não para viver uma vida de
desobediência, mas para viver uma vida de compromisso com a vontade de Deus.
Aplicação:
A segunda afirmação que Jesus faz neste texto, agora nos versos 19 e 20 é que o seu ensino está em
total dissonância com os ensinos dos fariseus.
O ensino de Jesus contradizia totalmente o ensino dos fariseus. Aí pode surgir uma dúvida na sua
cabeça:
Mas como pastor? Se o ensino de Jesus estava em consonância com as Escrituras, como o seu ensino
poderia estar em dissonância com o ensino dos fariseus, se eles, os fariseus, se diziam os fiéis expositores
das Sagradas Escrituras?
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Os fariseus não ensinavam as Escrituras? Jesus não ensinava as mesmas Escrituras? Como pode haver
contradição entre os dois? Queridos, é neste choque de ensino de Jesus com os fariseus que reside outra
lição Dele para nós nesta manhã.
O que Jesus quer mostrar é que existe uma forma superficial, medíocre de lidar com as Escrituras
Sagradas.
Os fariseus lidavam com as Escrituras, liam as escrituras e ensinavam as Escrituras – mas apenas de
maneira superficial.
Eles se relacionavam com as Escrituras apenas de maneira epidérmica, nas bordas, apenas na
superfície.
E quando a gente lida com a Palavra de Deus apenas de maneira superficial isso não produz vida
reta, vida santa, não produz justiça. E o que Jesus quer ver em nós é justiça do reino de Deus – olhem o
v.20: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais
entrareis no reino dos céus”.
E o que é uma relação superficial com as Escrituras? É quando nós lemos a Bíblia, mas relativizamos
a autoridade da Bíblia.
Os fariseus eram professores da lei, ensinavam a Palavra de Deus, mas eles relativizavam a
autoridade da Palavra de Deus.
O que determinava as suas ações, a conduta deles na prática não era só as Escrituras – não era como
diziam os reformadores sola scriptura.
Tinha algo mais – eles usavam também as tradições. Eles ensinavam que para ser salvos os judeus
tinham que cumprir uma carga de tradições de mais de 600 mandamentos.
E assim a Palavra de Deus ficava soterrada debaixo de uma carga de tradições de homens, e sua
autoridade relativizada, dividida – era a Palavra mais as tradições.
Aplicação:
Muitas vezes nós também, ao nosso próprio modo, mantemos essa relação relativizada com a
Palavra de Deus. Lemos a Palavra de Deus, pregamos a Palavra de Deus, dizemos que cremos na Palavra de
Deus, mas nem sempre é só a Palavra de Deus que determina o nosso agir, o nosso procedimento.
Nem sempre a Palavra de Deus é o único juiz a decidir o que devo ou não fazer.
Muitas vezes são os nossos sentimentos, muitas vezes é o nosso coração. Muitas vezes é a nossa
necessidade imediata.
O que você está fazendo é certo? Não! É errado à luz da Palavra? Sim é errado. Mas então por que é
que você faz?
Sabe por que? É porque muitas vezes o que determina o meu agir não é a palavra de Deus. São meus
sentimentos, é o meu coração. Muitas vezes somos guiados pela nossa necessidade imediata e não pelo que
Deus diz em sua Palavra. Relativizamos a Palavra.
Ilustração
A tentação de satanás a Eva no jardim, e a tentação de Jesus no deserto: ele tentou relativizar a
Palavra de Deus.
Agora, Jesus está pronto a dizer a vida reta, a vida de justiça que ele espera de cada um de nós. Mas
antes disso, ele faz um break, uma pausa e vai nos dizer o que é que nós temos que nos despir da justiça dos
fariseus para que nós possamos nos vestir da justiça do reino.
Vamos ver qual o perfil da justiça que procedia dos fariseus.
Em primeiro lugar, a justiça dos fariseus era uma justiça inteiramente externa e formal.
Em Lucas 16, verso 15 Jesus declarou sobre eles: “Mas Jesus lhes disse: Vós sois os que vos justificais
a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece o vosso coração; pois aquilo que é elevado entre
homens é abominação diante de Deus”.
Diante dos homens eles se apresentavam cheios de justiça, cheios de santidade, mas por dentro
estavam com o coração cheio de abominações.
Por fora pessoas religiosas, por dentro pessoas reprovadas por Deus.
E ainda em Mateus 23, versos 25-28, o Senhor diz acerca deles:
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Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque limpais o exterior do copo e do prato, mas
estes, por dentro, estão cheios de rapina e intemperança!Fariseu cego, limpa primeiro o
interior do copo, para que também o seu exterior fique limpo! Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos,
mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! Assim também vós
exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de
iniqüidade.

A justiça dos escribas e fariseus era uma justiça hipócrita, teatralizada pra impressionar as pessoas.
Mas por dentro, na intimidade eles estavam cheios de pecados, cheios de iniqüidade.
E a justiça que Deus quer não é essa performática – que não passa de uma performance, um teatro,
representação. A justiça que Deus busca em nós é aquela que se revela no coração.
O reino de Deus se revela no coração. O reino de Deus não muda a nossa aparência, ele muda os
nossos conteúdos. Não muda o nosso invólucro, ele muda o produto que está dentro do pacote.
No reino de Deus que importa não é o que as pessoas pensam de nós, mas o que nós pensamos de
nós mesmos.
Aplicação:
Nós podemos enganar as pessoas, mas não podemos enganar nem a Deus e nem a nós mesmos.
O que importa para Deus é o que somos no nosso íntimo, no nosso mundo particular. O que importa
para Deus são as coisas que agitam o nosso interior, que estão às ocultas do mundo externo porque temos
vergonha delas.
É por isso que Deus rejeita esse tipo de justiça que nos apresenta bonitos por fora, mas podres por
dentro.
Em segundo lugar, a justiça dos fariseus era uma justiça que se preocupava mais com os aspectos
cerimoniais do que com os aspectos morais.
Os fariseus eram também extremamente meticulosos na observância das cerimônias da lei.
Lá em Mateus 15, verso 1 até o verso 6, nos diz a Palavra que os fariseus ficaram escandalizados com
o fato dos discípulos não terem lavado as mãos antes de comerem. Porque era a tradição dos anciãos que se
fizesse a lavagem das mãos antes de comer.
E Jesus os acusa de estarem muito preocupados com aspectos cerimoniais da religião, enquanto
desprezavam princípios morais e eternos da lei de Deus.
Jesus diz: “lavar as mãos é importante, e desonrar os pais e assim invalidar a Palavra de Deus não
era”.
O que Jesus está dizendo é que essa justiça não serve, para quem quer servir a Deus. Porque nenhum
ritual, nenhuma cerimonialismo, nenhum hino, nenhuma santa ceia, nenhuma ida na igreja, nenhum dízimo,
nenhuma oração, substitui a obediência a Palavra de Deus.
Aplicação:
Nós temos que tomar cuidado, irmãos, para que muitas vezes, nós venhamos a achar que o fato de
nós fazermos isso tudo, cantar hino, dar o dízimo, participar da santa ceia, fazer orações bonitas, isso nos faz
justos, retos diante de Deus e sem perceber nós vamos trocando a obediência por essas coisas externas da
religião.
“ah, eu dou dízimo, eu participo da ceia do Senhor..., então eu estou bem diante de Deus, não
importa o que eu faça, se eu xingo, se eu brigo, se eu não pago as contas – o fato de eu fazer todas essas
coisas da igreja me garante, a bênção de Deus.”
Não é bem assim não. Nenhuma dessas coisas tem o poder de nos trazer compulsoriamente a
bênção de Deus, se minha vida não está de acordo com a Palavra de Deus, se eu estou desprezando a
Palavra de Deus como os fariseus.
Em terceiro lugar, a justiça dos fariseus era uma justiça que consistia em religiosidade sem amor.
Eles tinham religiosidade, eles eram extremamente religiosos, mas não tinham amor.
Não tinham amor pelos da própria casa, pelos próprios pais – essa era a acusação que Jesus fez a
eles. Vejam novamente Mt 15:1-6: “Ele, porém, lhes respondeu: Por que transgredis vós também o
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mandamento de Deus, por causa da vossa tradição? Porque Deus ordenou: Honra a teu pai e a tua mãe; e:
Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte. Mas vós dizeis: Se alguém disser a seu pai ou a
sua mãe: É oferta ao Senhor aquilo que poderias aproveitar de mim; esse jamais honrará a seu pai ou a sua
mãe. E, assim, invalidastes a palavra de Deus, por causa da vossa tradição”.
O que é que estava acontecendo aqui? É que o tempo funcionava naquela época também como uma
espécie de banco. E para arrecadar mais dinheiro, os sacerdotes criaram o corbã.
O que é o corbã? Era um voto em que se a pessoa não quisesse ajudar seus pais carentes de
recursos, era só separar as suas economias e pronunciar “corbã” e entregá-la aos sacerdotes.
Quem fizesse esse voto de corbã, ela estava desobrigada de cuidar de seus pais quando na velhice ou
na enfermidade. E quando os seus pais morriam, a pessoa poderia pegar o dinheiro de volta – desde que
deixasse uma ofertinha de agradecimento.
O que significa isso? Religiosidade, mas desprovida de amor, era uma religiosidade sem misericórdia,
sem compaixão.
E para Jesus de nada vale ser religioso – se não tem amor, se não tem compaixão, se não é capaz de
sociabilizar amor, carinho, afeto, bondade, respeito ao outro.
De nada vale ser religioso – se não tem amor pelo esposo, se não tem amor dentro de casa pela
esposa, se não tem amor pelos filhos...
Tiago 1:27 diz: “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e
as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo”.
Em outras palavras a religião pura, genuína sempre desemboca em atos de amor e de pureza.
Aplicação:

Em quarto lugar, a justiça dos fariseus era uma justiça que visava apenas a sua própria glória.
Em outras palavras, o objetivo final dos fariseus não era o de glorificarem a Deus, mas a si mesmos.
Quando eles executavam as normas de sua religião não faziam pensando em Deus, mas só em promover o
seu próprio nome, em glorificar o seu ego. Portanto uma justiça ostentosa e orgulhosa.
Em Lucas 18.9-14, o Senhor Jesus denunciou essa faceta da justiça farisaica quando contou a história
do fariseu e do publicano. Diz assim o texto:
Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem
justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar:
um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta
forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e
adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de
tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os
olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que
este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será
humilhado; mas o que se humilha será exaltado.

Meus irmãos, Jesus rejeita a justiça do fariseu porque era uma justiça ególatra, era só pra arrancar
aplausos dos homens.
Meus queridos, Jesus quer que nossa motivação em servir a Deus e fazer todas as boas obras seja a
glória de Deus. “É para que os homens vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso pai que está nos
céus” – disse Jesus.
A justiça de Jesus é diferente – é despretenciosa e humilde. A justiça de Jesus nos liberta do nosso
egoísmo.
Aplicação:

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