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Camada da Neurose

PRIMEIRA CAMADA – CAMADA DE CLICHÊS


A primeira camada é a camada de clichês ou camada postiça ou ainda de desempenho de papeis. É
uma camada cheia de jogo sociais, onde a pessoa quer se mostrar, aparecer dentro de um ideal e não
verdadeiramente o que ela é. É a camada da falsidade. A pessoa permanece dentro de certos clichês como
“bom dia”, “como vai”, apertos de mãos, mas a pessoa não passa disso.
SEGUNDA CAMADA – REPRESENTAÇÃO DE PAPEIS
Representação de papeis. Essa é a camada do “como se”, onde a pessoa foge do que é, e se empenha
em representar o que não é. Ela se esforça para parecer o que ela gostaria de ser ou o que imagina que as
pessoas esperam que ela seja (Kiyan, 2001). Os papeis são os mais variados possíveis: o bonzinho, o fortão,
o resistente, o piadista, o super sincero, o sempre simpático, o prestativo, o sedutor, a mãe protetora, o
sofrido, o impotente, dentre outros. Uma pessoa pode se fixar em um papel rígido, bem como pode alternar
em alguns específicos, como o caso da pessoa que adota a fragilidade em seu ambiente de trabalho e em
sua convivência familiar revela-se um tirano. A busca pelo olhar de aprovação do outro faz com que a pessoa
construa personagens, represente papeis com os quais consegue o aplauso social. E de tanto representar o
que não se é, perde-se.

TERCEIRA CAMADA – CAMADA FÓBICA


Nessa camada o sujeito evita o sofrimento. Esse modo de ser envolve o contato com os medos que
mantêm os comportamentos postiços. A atitude fóbica é ter medo de ser o que somos na realidade. Quando
o indivíduo se torna cônscio de seus papéis e manipulações, passa a entrar em contato com os próprios
medos. Nos relacionamentos afetivos, em geral esses medos se caracterizam como medo da solidão, da
rejeição ou de abandono, além do medo da perda do controle (se entregar). A grande maioria dos clientes
tem fantasias "catastróficas" de que se forem o que são, se disserem o que pensam ou sentem, serão
repudiados, agredidos, violados ou abandonados. O momento em que o cliente se depara com os próprios
medos é geralmente vivenciado com muito sofrimento e angústia, já que está "despido" das formas de
proteção obsoletas usadas até então. Nesse momento, para que o cliente possa vivenciar os medos e a dor
e manifestar as fantasias de "destruição", ele precisa contar com o amparo inicial do terapeuta, que o acolhe,
mas sem "poupá-lo". Esses medos mantêm a atitude de distanciamento da parte do cliente em relação a
outras pessoas, já que ele necessita dos mecanismos de autoproteção que se manifestam através de papéis
e jogos. Dessa forma, os medos não são resolvidos, apenas camuflados. Assim, as necessidades de proteção
e segurança permanecem sempre prioritárias na hierarquia de necessidades da pessoa, o que impede que
ela estabeleça relacionamentos de entrega plena.
QUARTA CAMADA – CAMADA DO IMPASSE
O cliente não tendo mais aquele apoio ambiental, não tendo mais como se apegar aquele apoio e ao
mesmo tempo ainda não possui o SELF-SUPORTE. Essa é a camada mais importante, onde o paciente
buscando a segurança recorre ao status quo, recorrendo aos papeis antigos. Ele fica num grande impasse.
Aquilo que ele já viveu já não faz mais sentido, e o novo papel, ele ainda não tem certeza, o que gera grande
ansiedade. Por isso é a camada conhecida como a camada da anti-existência. É quando o paciente sente o
vazio, o nada.
QUINTA CAMADA – CAMADA IMPLOSIVA
É nesse momento que a pessoa entra na camada implosiva, ou camada da morte. O neurótico sente como
se estivesse morrendo, perdendo o que ela entendia como sendo ela. Existe uma espécie de luta interna
entre a vontade de mudar, que significa “matar” a forma antiga e a tendência a permanecer na forma antiga,
o que proporciona uma espécie de paralisação. Como afirma Perls: “[…] Apenas se mostra como morte por
causa da paralisia causada por forças em oposição. É uma espécie de paralisia catatônica: nós nos agregamos,
nos contraímos e comprimimos, nos implodimos.” (Perls, 1977, p.85). Quando a pessoa se encontra na
camada da implosão, é comum que na terapia apareçam sonhos ligados a temática da morte. A pessoa pode
sonhar que está morrendo, ou que algo ou alguém que represente sua forma existência neurótica esteja
morrendo ou tenha morrido. Se a pessoa faz contato com essa “morte” e resiste ao processo sem retroceder,
ela pode se dar conta dos mecanismos que usa para se interromper, ou seja, o modo como se restringe e se
limita. O que representava uma implosão mortal pode, nesse momento, transformar-se em uma explosão
de vida. O ponto chave do processo alquímico da terapia pode acontecer nesse momento, uma vez que a
pessoa se liberta das amarras que impedem de ser quem é. É nesse momento que se abre a possibilidade da
paradoxal mudança existencial, que pode ser ilustrada na famosa frase do filósofo Frederick Nietzsche:
“Torna-te quem tu és”. Eis a camada da explosão.
SEXTA CAMADA – CAMADA DA EXPLOSÃO

Nessa última camada, a explosiva, a pessoa consegue expressar seu verdadeiro self, isto é, sua forma
autêntica. A energia bloqueada no impasse e paralisada na implosão pode finalmente ser liberada e
canalizada para a satisfação das necessidades genuínas. Perls fala de quatro tipos de explosão:
Existem quatro tipos básicos de explosões da camada da morte. Existe a explosão em pesar genuíno, se
trabalharmos com uma perda ou morte que não tenha sido assimilada. Existe a explosão em orgasmo, em
pessoas sexualmente bloqueadas. Existe a explosão em raiva, e também em alegria, riso, alegria de viver.
Estas explosões se ligam a personalidade autêntica, ao verdadeiro self. (PERLS, 1977, p.85.)
A pessoa se permite experimentar seus sentimentos, faz contato pleno com suas emoções. É o elo com a
pessoa autêntica, capaz de vivenciar suas experiências emocionais, o que faz diminuir sua ansiedade frente
as situações que se apresentam.

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