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NOAM LEE

A REENCARNAÇÃO
E A DOUTRINA
DE JESUS

VirtualBooks Editora

© Copyright 2015, Emanoel de J. Holanda. (Noam Lee)


1ª edição

1ª impressão

(publicado em maio de 2015)

Todos os direitos reservados, protegidos pela Lei 9.610/98. Nenhuma


parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida, em qualquer
meio ou forma, nem apropriada e estocada sem a expressa autorização
do autor.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

HOLANDA, Emanoel de J.

A REENCARNAÇÃO E A DOUTRINA DE JESUS. EMANOEL DE


J. HOLANDA. Pará de Minas, MG: VirtualBooks Editora,
Publicação 2015.14x20 cm. 100p.

ISBN 78-85-434-0538-4

Cristianismo. Brasil. Título.


Hinduísmo —294.5 e
Filosofia Hindu —181.4

CDD- 230

_______________
Livro editado pela
VIRTUALBOOKS EDITORA E LIVRARIA LTDA.
Rua Porciúncula,118 - São Francisco
Pará de Minas - MG - CEP 35661-177 -
Tel.: (37) 32316653 - e-mail: capasvb@gmail.com
http://www.virtualbooks.com.br
Aos estudiosos cujos trabalhos eu tive o privilégio de
pesquisar para desenvolver o conteúdo deste livro.

Aos meus filhos:


Rodrigo, Aline, Leandro, Alene e Gabriel.
Sumário

Proêmio ......................................................................................... 9

Apresentação .............................................................................. 11

O Hinduísmo............................................................................... 15
1. O Universo o Cosmo e Homem..................................................... 15
2. O Espírito e a Reencarnação ......................................................... 22
3. A Dimensão do Pós-morte ............................................................ 36
4. Yoga — Um Caminho para Libertação .......................................... 43
5. O Limite da Reencarnação ............................................................ 47
O Cristianismo ........................................................................... 51
6. Xeol, Alma - Espírito ...................................................................... 51
7. Reencarnação e Ressurreição ....................................................... 67
8. Reencarnação e Escatologia ......................................................... 80
9. O Reino dos Céus .......................................................................... 90
Bibliografia ................................................................................. 99
..................................................

Proêmio

Neste livro confrontamos a proposição hinduísta da


reencarnação com a graça cristã da ressurreição, e nesse
cotejo demonstramos que a culminância reencarnacionista
assente ao prodigioso plano salvífico da doutrina de Jesus.
Foi a partir da salvação pelo martírio do Redentor, e do
aperfeiçoamento espiritual pela reencarnação, que desen-
volvemos o discurso do presente trabalho. Mas, pedimos
ao leitor para considerar este livro um ensaio amadorista e,
portanto, isento da corroboração erudita. Por isso, solícito,
pedimos escusas pelos hiatos deparados no misticismo
hindu e na hermenêutica convencional.
Procuramos, de forma bem acessível, num tom de con-
versa com alguém que gosta de falar sobre o fundamento
de sua fé, apresentar a nossa tese sobre o aspecto teleoló-
gico dos ensinamentos de Sri Krishna, na Bhagavad Gita,
e a doutrina de Jesus Cristo, no Novo Testamento. Pois
ambos tratam do destino humano após o fim do mundo.
Mas queremos evidenciar que discorrer sobre o tema da
reencarnação, no Brasil, é uma árdua tarefa. Porque é um
assunto que suscita polêmicas entre os cristãos em geral.
Em alguns casos por serem literais, e em outros, pela fide-
lidade devocional.
Apesar de o nosso subconsciente ter informações defi-
nidas pela teologia sobre a morte, ainda somos receosos
sobre o pós-morte. A convicção da realidade após a morte
fundamentada nos discursos dos doutores do cristianismo,

-9-
atualmente é dubitável para inúmeros cristãos.
Muitas pessoas optam pela opinião do senso comum a
respeito do além-túmulo, em vez de acatar os dogmas cris-
tãos que criaram o conceito paradoxal do pós-morte no
qual a nossa condição tem duas variantes: ressuscitar para
a vida celestial ao lado do Cristo; ou ser atormentado no
inferno para depois ser aniquilado num lago de fogo. Mas
esse paradigma, indiscutivelmente, está sobremaneira ar-
raigado ao psiquismo cristão, porque somos relutantes em
aceitar ideias alheias aos artigos de fé criados pelos bispos
nos diversos concílios, a partir do século quatro.
Porém desde o início do cristianismo alguns líderes vêm
acedendo à teoria da reencarnação. A maioria dos cristãos
atuais, conquanto a refutem, confirmam-na. Como, no
caso do livro “Réincarnation, Resurrection: Communiquer
avec l'Au-Delà” (1988), em que o autor, o cônego francês
Jean Vernette (1929-2002), objeta a ideia de reencarnação
e karma. Mas nessa mesma obra (p.72) ele escreve que a
Paixão de Jesus nos libertou da lei do karma.
Enquanto que o mago brasileiro Paulo Coelho, por in-
termédio de um sacerdote cátaro, personagem de “Brida”
(1990 p. 82), diz que graças a Jesus Cristo e ao Espirito
Santo os cátaros não reencarnam mais. Concordamos que
essa redenção vale para toda a humanidade.

Agosto de 2020, Castanhal-Pará.


Noam Lee

- 10 -
Apresentação

Proponho-me, nestas páginas, abordar uma das mais altas e


mais graves questões com que defronta o pensamento huma-
no.
Haverá em nós um elemento, um princípio que persista, de-
pois da morte do corpo? Haverá qualquer coisa da nossa cons-
ciência, da nossa personalidade moral, da nossa inteligência, do
nosso eu, que subsista à decomposição do invólucro material?

Com esse instigante tópico de abertura do seu livro “O


Além e a Sobrevivência do Ser” o espiritista León Denis
faz ostentoso encorajamento para o nosso trabalho. Então
vejamos: A esperança de lidar melhor com a morte, pela
compreensão e aceitação da inevitabilidade desse colapso
na existência do ser humano, sempre será uma constante
no pensamento das pessoas.
A perspectiva sobre o pós-morte e a natural curiosidade
levaram desde mais remota antiguidade o ser humano a
questionar o outro lado da sua efêmera existência. E dessa
maneira desenvolver a esperança de sobrepujar a morte e
desfrutar a vida eterna. Pois, segundo a antropologia, du-
rante o paleolítico os “neandhertalensis” sepultavam os
seus mortos com alguns utensílios pessoais. Levando-nos
a deduzir que florescia entre eles a crença na sobrevida
além-túmulo. Isso fez com que os povos originários do
neolítico, precursores da cultura mundial, perscrutassem
mais detalhadamente sobre o mistério da morte.
Os sumerianos, os assírio-babilônicos, os egípcios, os
árias e os gregos abordaram nos seus primórdios culturais

- 11 -
temas fascinantes a respeito da subsistência da alma em
algum lugar, após a morte do corpo físico.
A cultura mesopotâmica desenvolveu o mito, funda-
mentado em antigas narrativas sumérias, que falava em
uma região com águas subterrâneas. Era um lugar destina-
do para as almas dos mortos, no abismo do Apsu, o mar
de água doce, onde se encontra a câmara do deus Enki.
No antigo Egito os sacerdotes desenvolveram a ideia
em que antes de o espírito encontrar seu destino de felici-
dade, ou não, no além, deveria ser submetido à avaliação
da deusa Maat representante da verdade e da justiça. Mas o
veredito era do deus Osíris para determinar se o espírito
deveria compartilhar a felicidade dos deuses revividos. Ali
a crença predominante tinha Osíris como o senhor da
morte e da ressurreição, porque ele também fora ressusci-
tado pelo filho, Horus, na dimensão espiritual: “Osíris! Tu
partiste, mas retornaste; adormeceste, mas foste desperta-
do; morreste, mas de novo vives.”1
O primitivo povo que habitava no vale do rio Indo,
posteriormente teve sua cultura absorvida pelos árias que
desenvolveram o culto védico; depois os arianos instituí-
ram o bramanismo; e finalmente amalgamados em todo o
povo indiano estabeleceram o hinduísmo, enriquecido
com elementos do jainismo e do tantrismo. Estas culturas,
não são de origens védicas, mas foram fundamentais para
a composição do hinduísmo. No jainismo, por exemplo,
surgiu a teoria do renascimento e karma; enquanto no tan-

1
-O Livro das Pirâmides apud ELIADE, História das Crenças e das
Ideias Religiosas.

- 12 -
trismo, surgiu a ideia da união do homem com o cosmo.
Enquanto na Grécia antiga os pitagóricos acreditavam
na metempsicose, a qual ensinava que o espírito humano
reencarnava também nos animais. Atenas recebeu essa
doutrina graças ao intercambio cultural com a Índia, co-
meçado por Pitágoras (ca.571-500a.C.) e continuado pela
expansão e integração das conquistas do ousado Alexan-
dre Magno (356-323aC.). E com isso muitos outros povos
ocidentais acederam à metempsicose ou reencarnação em
suas diversas religiões.
Para o hinduísmo o homem é um espírito imortal, por-
que a sua essência é substrato do Altíssimo, porém a sua
consciência está restrita a existência de um semideus que
está sujeito aos períodos de criação e dissolução cósmica.
Considerando esse ponto de vista mostraremos quão
foi prodigiosa, para o homem, a missão de Jesus e dos
seus legítimos seguidores. Eles difundiram a doutrina da
sublimação radical da psique para moldá-la em consciência
transcendental. E dessa maneira transformar o homem
mortal em imortal, que no evangelho de Mateus, capítulos
3,2 e 4,17, é a conversão—“metanóia”.2 Pois antes do ad-
vento do tempo messiânico a imortalidade da alma era um
conceito explorado apenas pelos reencarnacionistas. Po-
rém na contemporaneidade, tanto no senso comum como
na ala da erudição, predomina o conceito da subsistência
da alma após a morte física. Portanto acreditamos que a
cultura mundial entrelaça-se nessas duas mais importantes
crenças: Ressurreição e Reencarnação. Se alguém está

2
-Termo grego que significa mudança radical de mentalidade.

- 13 -
convicto da ressurreição e critica a crença na reencarnação,
confirma inconscientemente a autenticidade desta última.
As estatísticas mostram que no Ocidente as pessoas, em
geral, estão cada vez mais se envolvendo com as religiões
reencarnacionista, aumentando, dessa maneira, as opiniões
do senso comum. Por isso, neste livro somos cuidadosos
em apresentar argumentos sobre essa crença, fundamenta-
dos no hinduísmo, em uma linguagem simples e natural.
Da mesma forma, somos cautos ao tratarmos sobre a
doutrina de Jesus. Porque dos seus ensinamentos surgiram
os cristianismos esotérico,3 romano e os ortodoxos. E o
Brasil, em grande percentual, está habituado com a Igreja
Católica Romana; em outro considerável índice populaci-
onal, com as dissidentes Evangélicas.
O evangélico segue fielmente o texto bíblico, enquanto
o católico segue algumas tradições dos pais da Igreja e
dogmas conciliares. Mas ambos contestam, com energia,
as teorias referentes à reencarnação e ao karma, porque
dizem que não encontram nos Evangelhos nada a respeito
dessa doutrina. Contudo, de acordo com muitos estudio-
sos, ao organizarem o Novo Testamento, para chegar à
composição atual, aconteceram mudanças. Entre elas, se-
gundo os reencarnacionistas, a exclusão dos textos alusi-
vos—e até explicativos—ao fenômeno da reencarnação.
Sobre isso tratamos em trechos oportunos deste livro.

3
-O cristianismo esotérico se alicerça na oração de Paulo em que se
refere ao “eso antropo”–homem interior–, em Efésios 3,14-21.

- 14 -
Primeira Parte

Hinduísmo*

1. O Universo, o Cosmo e o Homem

Tratar da reencarnação requer estudos preliminares so-


bre o homem e sua relação com o cosmo. E neste livro
eles são feitos pelo enfoque hindu, mesmo que sejam ob-
servações em tópicos concisos para a familiarização do
leitor com a teoria da criação e da extinção do cosmo, de-
nominada “samsara”. E aqui também são feitos esboços
sobre a teoria do “punarjanma”, que diz respeito ao renas-
cimento do espírito humano em uma sequência de muitos
corpos—reencarnação, segundo Allan Kardec.
A extinção do cosmo tornou-se a proposição funda-
mental no contexto reencarnacionista, porque reputa a
condição perecível do homem e dos deuses. Para concei-
tuarem sobre a reencarnação os “rishis”, sábios da antiga
Índia, desenvolveram a teoria do “karma”—que consiste
nos atos e consequências nos relacionamentos interpesso-
ais. A observação sobre o karma norteia o comportamento
de todo indivíduo em direção à liberdade do ciclo de reen-
carnações. Porque na tradição hindu a conduta humana, o

*
Os termos sânscritos estão grafados pela primeira vez entre aspas;
depois, sem aspas. Excetuados nomes próprios, tratamento e título
literário. Às vezes o significado de um vocábulo está em seguida entre
travessões; em outras vezes o termo sânscrito segue o seu significado
entre vírgulas ou travessões.

- 15 -
renascimento do espírito, a perfeição espiritual, a criação e
extinção do cosmo, estão todos correlacionados dentro do
grande plano da evolução universal e existencial.
O hinduísmo recebeu influência de diversas culturas e
encerrou todos os elementos numa doutrina universal com
ampla tolerância a outros credos. Não obstante, mantém
uma característica indene que adveio de outras religiões
indianas mais antigas, em que o espírito do ser humano é
uma emanação do “Atman”—o Ser universal.
E essa consciência é o fundamento metafísico que ins-
pira e mantem a devoção do hinduísta à sua deidade, que é
o deus libertador de “maya”—a ilusão que traz o espírito
humano aprisionado no mundo das reencarnações.4
A tradição filósofo-religiosa hindu, conhecida como
Sanatana Dharma—Religião Perpétua—, dispõe de seis
escolas, ou sistemas teóricos e transcendentes, conhecidos
por “darshanas”, que são derivados dos textos anônimos
das Upanishads. Estes são um conjunto de comentários
dos Vedas—os livros da ortodoxia hindu. Os darshanas
mais conhecidos no Ocidente são o Vedanta, o Yoga e o
Samkhya. Dentre eles destaca-se o Vedanta pela sua abor-
dagem sobre a reencarnação e pela fascinante visão uni-
versal a respeito da Realidade do Absoluto. Fundamentado
nessa visão, o Vedanta encerra consideráveis teorias sobre
a manifestação do Universo, a criação dos deuses, a for-
mação dos cosmos, a criação do homem e a doutrina dos

4
-Essa índole religiosa favorece o surgimento de inúmeros “gurus” que
são apenas sacrílegos e picaretas. Eles, lamentavelmente, invadem o
Ocidente em busca de enriquecimento fácil explorando as pessoas se-
dentas de espiritualidade.

- 16 -
renascimentos. Dessa maneira, por ser um elevado sistema
idealista hindu, o Vedanta é essencial para as religiões e
filosofias reencarnacionistas. Mas os estudantes “vedan-
tins” não são unânimes nos seus arrazoamentos, porque a
partir do século nove esse sistema sofreu variante doutri-
nária. Veja, por exemplo, as teorias das três escolas pilares
do Vedanta:
Sri Shankara (788-820) criou o elevado sistema Adwaita
— monismo. Para esse sábio, Deus e a alma individual são
uma só realidade. O Universo é o efeito de uma projeção
ilusória produzida pela energia de Deus. Para Shankara só
Deus é Real; ao passo que o Universo é irreal—maya.
Sri Ramanuja (1037-1137) desenvolveu a teoria do sis-
tema Vishishtadwaita — monismo qualificado. Para ele
Deus, o Universo e a alma são três realidades distintas.
Porque o Universo é produto da energia de Deus, e a alma
é um reflexo do Espírito divino intrínseco ao íntimo dos
seres sencientes. Nesse contexto, o homem externamente
é formado da energia de Deus; e internamente é a reverbe-
ração do Espírito divino.
Sri Madhwa (1199–1278) criou o sistema Dwaita —
dualismo. Essa doutrina diz que Deus é independente. E o
Universo, condicionado; mas, criado por Deus. O homem
como produto da matéria coexiste com a dependência do
Universo, porém sua alma é a individualização de uma
partícula de Deus. Ou seja, o homem tem luz própria por-
que, alegoricamente expressando, recebe uma centelha da
luz divina, mas ela é acondicionada à matéria. Assim, para
Madhwa há duas realidades: o espírito do homem, restrito;

- 17 -
e o Espírito de Deus, pleno. Esse argumento forma a base
de todas as religiões: tanto no Oriente, como no Ocidente.
Alguns mestres do hinduísmo moderno analisam essa
tríplice ideologia vedantin5 como degraus de acesso à Rea-
lidade Una: Deus. Porém neste livro o autor ressente-se
por não poder tratar pormenorizadamente das doutrinas
dos mestres citados. Mas nos capítulos seguintes obser-
vam-se os pontos de vista vedantins sobre a cosmologia e
a antropologia hindu, de modo compatível com a teoria
dos renascimentos do espírito humano em diversos corpos
e sobre o karma.
Inicialmente deve-se saber que no contexto filosófico
do Vedanta, Deus, como Construtor do Universo e Dador
da Vida, basicamente tem três aspectos:
Abscôndito: O Estado pleno e inconcebível, Causa de
tudo que se manifestará. A Consciência e Essência de
Deus em estado absoluto—Brahman.
Transcendente: O Supremo Criador que preside a
manifestação do Universo e que também se transforma no
Deus pessoal—Ishwara.
Imanente: O Espírito pleno que é a própria essência
do Universo—“Atman Swarupa”. E ainda o doador da
vida, por isso é o Ser; o Espírito universal—Atman.

5
-Vedantin: relativo ao sistema Vedanta.

- 18 -
Cosmologia
Aspectos gerais

No conceito absoluto do Vedanta, o Universo con-


siste na própria energia e ideação divina, porque Deus não
forma todas as coisas de algo que esteja fora do seu Ser.
Caso a essência universal fosse encontrada ao alcance de
Deus, isto é, fora dele e não nele mesmo, sua categoria
não seria mais de Deus único: assim haveria outras fontes
de elemento e força para construir o Universo, além de
outro dispensador da vida para os seres. Isso seria incon-
gruente, portanto inconcebível pela filosofia e pela religião
hindu, porque ambas convencionaram a ideia monista do
Deus Absoluto, portanto Uno.
Na cosmologia personalista vedantin, o Altíssimo
Inominado para poder criar o Universo, ou maya—forma
e nome—se transforma em Ishwara, o Senhor Deus, e
modifica sua força em duas energias: Superior e Inferior.
A energia superior, “svarupa-shakti”, é a própria essên-
cia de Ishwara. Ela faz surgir o mundo transcendente e os
céus para a morada divina; e também produz o hiperespa-
ço, ou a matriz universal. Enquanto que a energia inferior,
denominada de “jiva-shakti”, produz o abismo quântico
para a formação e aniquilamento dos incalculáveis cosmos
ou universos, como preferem chamar algumas pessoas.
No início de cada cosmo, “Atman” e “Prana”—
consciência e energia—se mantêm em perfeita coesão em
uma dimensão do “mahakasha”—vácuo universal. Mas o
Logos por trás daquela dimensão, que é imaginado como
um deus criador e denominado de Brahma, desequilibra

- 19 -
necessariamente essa coesão. Isso origina “mahat”—a
mente cósmica—, que como um extraordinário afluxo de
felicidade, inteligência, vontade, vida e energia, ela se or-
ganiza como a causa de todas as coisas. Mahat dirige a
sucessão de mudanças para formar o espaço, o cosmo, os
céus, o espírito, a psique, as galáxias, os sistemas solares…
E o planeta terra com toda sua diversidade biológica.
Entretanto, toda a criação cósmica deixará de existir ao
final de um imenso período, que segundo os cálculos do
mestre Sri Yukteswar, corresponde à perturbável cifra de
314, 159 trilhões de anos solares, que é a duração da mani-
festação do Logos, ou da vida de Brahma.
E, ainda tratando da mesma matéria, o físico Stephen
Hawking teorizando em um modelo para formação dos
universos6 associa a matriz quântica a água fervendo. E as
borbulhas que surgem, aos universos. Nesse modelo al-
guns dos universos expandem, mas outros tendem a para-
lisar-se e desaparecer. Mas possivelmente cada um dos
universos irá se contrair e formar uma singularidade.
Portanto quer se refira à cosmologia hindu, quer à aca-
dêmica o cosmo atual cessará. O físico Michio Kaku diz
que o cosmo vai expandir imensamente e se transformará
“… numa insólita poeira de partículas atômicas, gelada,
escura e mais rarefeita que o vácuo.”7
Esse é sem dúvida o ponto crucial do hinduísmo e de

6-
O termo “universo” neste livro traduz-se por “cosmo”, isso porque o
Universo é absoluto e eterno; é o poder criador de Deus manifestado,
infinitamente. O cosmo perfaz a conglomeração das galáxias.
7-
Apud Dieguez, Flávio: Muito Além do Big-Bang. Revista Superinte-
ressante nº 166, julho, 2001.

- 20 -
religiões correlatas, no conceito do homem e sua relação
com a eternidade, porque fundamentam a perfeição espiri-
tual na doutrina reencarnacionista, sem considerar que o
cosmo e todos os céus dos semideuses desaparecerão. E
assim não há vantagem alguma para o espírito que se liber-
tar da reencarnação para desfrutar de um período em
“vaikuntha”, o paraíso de Brahma,8 porque esse paraíso se
desfará juntamente com o seu criador. E desse modo não
há existência eterna para os espíritos, na doutrina reencar-
nacionista. Portanto é necessário um estudo sobre a con-
dição do espírito do homem no cosmo perecível, para po-
der se comparar a graça salvífica concedida por Jesus com
a libertação reencarnacionista. Isso porque Jesus oferece o
descanso pleno e definitivo do ser humano, livre, portan-
to, do ciclo de criação-dissolução cósmica—samsara. Mais
a frente, em detalhes, essa questão está comentada, no
entanto convém esboçar ligeiramente os conceitos de cor-
po, alma, espírito e reencarnação no hinduísmo.
Antes, porém, deve-se ter em mente que o modelo tri-
cotômico que as religiões cristãs fazem das realidades invi-
sível e visível do homem, não se verifica no pensamento
vedantin. Para o Vedanta corpo, alma e espírito é uma só
coisa. Porém “corpo” compreende o conjunto de todas as
envolturas que revestem o “jivatman”, para formar o ser
humano completo denominado de “vaishwanara”, o cor-
relato físico do Supremo Ishwara. A ideia de alma está
associada ao que se chama de “antahkarana”—órgão in-
8
-No hinduísmo, Brahma é o princípio criador; Vishnu, o conservador e
Shiva, o destruidor. Essa trindade representa a manifestação de
Ishwara. Enquanto que Brahman é o Absoluto.

- 21 -
terno—intuição, intelecto, ego e a mente. O conceito de
espírito para o vedantin compreende o jivatman, que quer
dizer: consciência viva individualizada.

2. A Mônada—Espírito e a Reencarnação

Aquele que não tem compreensão, cuja mente é inconstante


com o subconsciente impuro, nunca alcança a meta, e nasce
sempre de novo. Mas aquele que é esclarecido e tem a mente
firme e o subconsciente é puro, atinge a libertação. E, após al-
cança-la, não nasce nunca mais.
Yamaraja (ca. 800 aC.)9

A imanência do poder transformador de Ishwara, na


formação do Universo, denominado Espírito universal,
em seu contexto de possibilidades multidimensionais é a
causa primária de tudo. Nessa qualidade Ele é também a
consciência divina, Atman, de quem surge o princípio hu-
mano denominado jivatman—o fundamento do ser e da
vida transcendente que forma a vida biológica. Esse prin-
cípio, na religião cristã, é o espírito do homem.10 Porém
nesta primeira parte deste livro denomina-se mônada.
Jivatman, ou mônada, é a completa realidade humana,
com os dois aspectos da consciência: psíquica e espiritual.
Em vista disso os mestres ensinam que a missão do ser
humano na terra é a nobre tarefa da educação pessoal para
9—
Katha Upanishad, 3,6-7: Tradução do autor, adaptada de Sri Swami
Krishnapriyananda Saraswati—<http://www.yogadevi.org/>
10
-Romanos 8,16; 1Coríntios 2,11. E Zacarias 12,1.

- 22 -
alcançar a libertação, e o jivatman possa abismar-se na real
natureza do Espírito universal. Porque a condição original
e paradisíaca do espírito humano é ser integrado ao divino
mundo celestial na morada refulgente de Brahma.
Observação: conquanto jiva-shakti configura a energia
inferior de Ishwara, é intrínseco ao Atman supremo. Por
isso, jiva enquanto Brahma denomina-se paramatman; e
quando se manifesta no ser humano chama-se jivatman.
A raiz “jiv” significa a energia-vida em sua plenitude; e
quando se manifesta em quaisquer circunstâncias se torna
jiva. Todo e qualquer ser vivo, na terra, é um jiva. Exce-
tua-se o espírito humano que é um jivatman. Isso porque
o homem tem consciência da sua essência divina e reco-
nhece que tem o seu ser em Deus. E esse imo divino o
vedantin chama de “adhyatman”, o princípio imperecível
que para o cristão é o “eterno”. E assim, o homem inte-
grado em seus estados espiritual e biológico é conhecido
por vaishwanara. Porém a consciência transcendental que
transmite vida aos seus diversos corpos biológicos é cha-
mada jivatman, ou mônada11 como se opta neste livro.
A crença popular na reencarnação, erroneamente, traz a
imagem de um ectoplasma, ou “espírito”, que abandona o
corpo de um moribundo e passa um longo tempo numa
dimensão invisível para depois vir habitar em outro corpo
que lhe é destinado na terra. Essa mesma crença ainda
acrescenta outras ideias em que o espírito de uma pessoa

11
-Termo desenvolvido pelos matemáticos pitagóricos. Mas foi o alemão
Gottfried Wilhelm Von Leibniz (1646-1716) que concebeu a mônada
como essência espiritual, base para todos os fenômenos psíquicos e
orgânicos. Refere-se também ao espírito após a morte da pessoa.

- 23 -
falecida possa ocupar junto à outro espírito um mesmo
corpo vivo. Isso não é apenas opinião do senso comum.
Entre os eruditos que abordam o tema da reencarnação
predomina a assertiva de uma nova vida depois da morte
pela transmigração do espírito, ou alma, para diversos cor-
pos. Mas essas opiniões não têm fundamento. Veja-se:
Ao emergir do estado de pureza no seio do Espírito
universal, o espírito humano, ou mônada, por sua própria
categoria original é a antítese de um agente que reencarna
em uma sucessão de diversos corpos adensados no mundo
físico. Não há compatibilidade entre as causas espirituais e
as causas biológicas, porque são consciências, forças e
energias em graus de vibrações diferentes; os valores não
são iguais. Nesse caso como se explica a reencarnação?
Por analogia, pode-se tomar o caso do sol e sua relação
com a vida na biosfera. Todos os seres animados depen-
dem terminantemente da energia solar—luz, calor e outras
radiações—que se transforma em vida nos seus organis-
mos. Todos os seres vivos nascem e morrem, mas o sol
está indiferente ao nascimento e a morte de qualquer pes-
soa, ou animal: assim também é com a mônada. Ela conti-
nua impassível em seu estado originário enquanto a sua
imagem virtual se reverbera como vontade, afeto, inteli-
gência e vida para interagirem com a mente e o corpo da
pessoa. O indivíduo como ser biológico, é um produto da
terra e da energia solar: nasce, cresce e morre; se decom-
põe na litosfera e se transforma em cargas elétricas na io-
nosfera. Contudo a mônada que lhe configura não sofre
alterações essenciais, apenas modifica seus contextos exis-

- 24 -
tenciais por causa das novas propensões assimiladas pela
vida que esvaeceu. Nesse sentido entende-se a reencarna-
ção como a repetência do processo de renovação virtual,
da mesma mônada, modificado para formar outro corpo
biológico. Porém, esse novo corpo no aspecto psíquico,
tem a índole acrescida das experiências anteriores: esse é o
conceito hinduísta de punarjanma—renascimento. Porque
essa ideia pressupõe a formação de outro ser humano
germinado pelas informações oriundas da virtualidade da
mônada, numa nova sistemática em diferentes graus de
vibração: espiritual, mental, emocional e física. Porém nes-
sas informações está codificada toda a experiência de vida
anterior, que se acondiciona à nova psique. Por exemplo,
sabe-se que todo estado emocional, quando é estimulado
por motivo exterior, provoca diferentes reações psicológi-
cas. Essas reações acontecem porque os eventos atuais
identificam-se com os momentos que já foram vivenciados
em outras vidas passadas, porquanto o mesmo motivo não
produz reações iguais em vários indivíduos. Entre essas
reações, a fobia e o pânico.
Uma digressão: Dizer que os genes transmitem memó-
rias de antecessores para justificar as tendências em uma
criança é afirmar cientificamente a reencarnação. Porque
por isso os hindus desenvolveram a teoria do karma fami-
liar, quando as propensões de um indivíduo vieram de
algum de seus ancestres e consequentemente ressurgirão
em qualquer um dos seus descendentes. Ou seja, alguém
pode ser a reencarnação de algum antepassado, e ainda,
reencarnar em um dos seus descendentes.

- 25 -
Retornando ao texto: Para a mônada interagir com a
pessoa espiritual e biologicamente formada são necessários
os princípios desenvolvidos em cada um dos planos cós-
micos relativos à sistemática humana, que de acordo com
o Vedanta são denominadas envolturas. Mas na prática são
funcionalidades do ser humano no devenir dos sete planos
cósmicos, do invisível até o visível. Elas estão agrupadas
em três estágios denominados de corpo monádico, corpo
psíquico, e corpo denso, que correspondem ao trinômio
da teologia: espírito–alma–corpo. Os rishis usaram o nú-
mero sete na formação do cosmo porque é um número
que sempre esteve presente no pensamento da antiguidade
e posteriormente no cristianismo. No Antigo Testamento
tem muitas referências ao número sete, e no Apocalipse
encontram-se várias citações desse número. E curiosamen-
te os sistemas anatômicos do corpo humano, são sete:

1 Sistema nervoso
2 Sistema endócrino
3 Sistema respiratório
4 Sistema cardiovascular
5 Sistema digestório
6 Sistema muscular
7 Sistema ósseo

No gráfico a seguir o quaternário inferior representa a


parte biológica da constituição humana que na morte se
transforma nos elementos químicos, íons e em energias
mais sutis. A mônada permanece na díade superior, consi-

- 26 -
derado pelos teóricos do transcendente como a parte
imortal do homem, que é conhecido pelo cristianismo
como corpo espiritual. Aqui se chama corpo monádico,
porque se trata da base em que a mônada subsiste durante
todo o tempo da sua duração na mente cósmica.
No quadro abaixo o nome das envolturas estão em
vernáculo, mas nos comentários apresentam-se os termos,
respectivamente, em sânscrito.

MAHAT — MENTE CÓSMICA


MÔNADA — ESPÍRITO
Envolturas Corpo
Espiritual Monádico ou
Supramental Espiritual
Mental
Emocional Psíquico
Energética
Material Físico

Mônada, no sistema vedantin, se explica pela teoria do


“swarupa bheda”—a natureza real do Ser, porém diversifi-
cada nos indivíduos. É a primeira emanação de mahat para
formar o ser humano; assemelha-se ao sistema nervoso
com relação ao corpo. A mônada constitui o substrato do
espírito individual, em perfeita identificação com a mente
cósmica e o Espírito universal. É algo como um ponto
translúcido entre a divindade e a humanidade. Portanto ela
é considerada como o espírito imortal, ou jivatman, por-
que se trata de uma “ressonância” do Atman.
Envoltura espiritual — “Anandamayakosha”, corpo

- 27 -
ilusório feito de felicidade. É o estágio da mônada em que
ela assimila a consciência transcendental, e se relaciona
com a suprema felicidade propagada por todas as religiões.
É o plano do êxtase que arrebata os santos. A beatitude
última alcançável pelo homem; o coração espiritual onde
vibra a potência da fé e da devoção. Está em afinidade e
correlação com a mente cósmica, que é a base essencial da
aspiração à vida eterna, nos discursos teológicos.
Envoltura supramental — “Vijñanamayakosha”, cor-
po ilusório feito de intuição. É o estágio que proporciona
a contemplação. Induz ao idealismo, ao altruísmo e a de-
voção. Nesse plano se manifesta os insights, a capacidade
de encontrar respostas mediante os princípios que fogem à
intelectualidade e ao pensamento direcionado, porque é a
zona da memória monádica, o arquivo transcendente. É
também o nível supraconsciente que permite a visão da
essência das coisas e conduz à espiritualidade, porquanto
está associado ao conhecimento real para elevar o espírito
à perfeição. Aqui desponta o antahkarana.
Essas três primeiras dimensões são as formadoras dos
elementos que constituem o homem espiritual que acumu-
la as experiências das vidas passadas e da vida atual. É o
grau de consciência que manifesta no novo sistema psicos-
somático a experiência evolutiva e condicionamento indi-
vidual. Algumas escolas esotéricas modernas chamam a
essa tríade de corpo causal. Enquanto que o apóstolo Pau-
lo chamou “corpo espiritual” – 1Cor 15,44.
Envoltura mental — “Manomayakosha”, corpo ilusó-
rio de matéria mental. Essa envoltura compreende o men-

- 28 -
tal superior—“buddhi”—no qual se encontra o intelecto e
a ligação com o inconsciente da dimensão dos sonhos; o
mental inferior—“manas”—que perfaz o subconsciente, o
consciente e o instintual; e chitta—memória. As religiões
chamam a essa envoltura de alma, porque ela corresponde
a inteligência e a faculdade assimiladora de todas as per-
cepções vindas do mundo exterior. E, simultaneamente,
motivadora das relações interpessoais, mediante a tríplice
estrutura psíquica: cognição, volição e afeto.
Envoltura emocional — Ideia que não consta das
principais Upanishads,12 porém é chamado “kamamaya-
kosha”, corpo ilusório feito de emoções. O corpo emoci-
onal é próprio da dimensão do desejo, da paixão egoísta e
dos sentimentos nobres. Virtudes e vícios são incitações
do corpo emocional, que está contido no mental.
Envoltura energética — “Pranamayakosha”, corpo
ilusório feito de bioenergia. Prana é a energia cósmica que
surge do Atman, como diz o Prasna Upanishad (3.3). O
Prana é considerado, pelo Yoga,13 como a causa de todos
os eventos quânticos e dos fenômenos naturais. É também
descrito como os nexos entre os planos cósmicos e as en-
volturas da mônada que se entrelaçam no ser humano. No
entanto, para a formação do ser humano trata-se do prana
solar, que atuando também no metabolismo revigora as

12-
Os tratados sobre a constituição humana, no hinduísmo, baseam-se no
Taittiriya Upanishad que só descreve cinco envolturas, porque inclui
o emocional na envoltura da mente.
13
-É o darshana que cuida do corpo e da mente, que de maneira errônea
é tomado como religião pelos leigos ocidentais. Isso porque os mes-
tres vedatins consideram o Yoga como dádiva dos deuses.

- 29 -
células e mantém saudável o sistema psicossomático. Sua
ação é responsável pelas funções do intelecto, da inteli-
gência e da razão; e também move os sentimentos e as
aspirações.
Envoltura material — “Annamayakosha”, designa o
corpo ilusório feito de alimento. Compreende o organis-
mo e a nutrição para a sobrevivência biológica. De acordo
com o Yoga, o corpo humano é formado a partir da ener-
gia cósmica denominada “kundaliní”, de natureza telúrica,
libidinosa, genética e neurológica.
No hinduísmo, a filosofia do Yoga classifica o prana e a
kundaliní como dois tipos de energias que atuam no ma-
crocosmo, nas galáxias, nos sistemas solares e nos sistemas
psíquico, sensorial e endocrinológico.
Harmonizar essas energias em benefício do homem em
sua estrutura psicossomática é a proposta do Yoga cujas
práticas visam proporcionar o equilíbrio mental, emocio-
nal e físico para chegar ao aprimoramento integral do in-
divíduo. Por isso os vedantins têm as técnicas do Yoga
como preceitos absolutamente sagrados, revelados aos
homens por Sri Krishna.

Aditamento Religioso — Os Espíritas

O espiritismo é a maior religião cristã reencarnacionista


do Brasil. Em seus ensinamentos a reencarnação perfaz o
processo de purificação espiritual, portanto cogente ao
espírita. É a grande oportunidade de o espírito humano
alcançar a perfeição na moral e na caridade cristã. E quan-

- 30 -
do ele alcançar essa culminância ética e espiritual será acei-
to de volta ao lar eterno. Para o espiritismo a reencarnação
não é considerada uma medida punitiva, mas um processo
salutar à condição humana, facultado por Deus como jus-
tiça para que todos os espíritos alcancem a pureza espiritu-
al. Veja, por exemplo, o excerto abaixo:

Todos os Espíritos tendem à perfeição e Deus lhes fornece


meios pelas provas da vida corpórea; mas, em sua justiça, lhes
faculta realizar, em novas existências, o que não puderam fa-
zer ou concluir numa primeira prova.
Não estaria de acordo com a equidade, nem com a bondade
Deus, castigar para sempre aqueles que encontram obstáculos
em seu progresso, independentemente da sua vontade, no
próprio meio onde foram colocados. Se o destino do homem
está irrevogavelmente fixado após a sua morte, Deus não teria
pesado as ações de todos na mesma balança, e não os teria tra-
tado com imparcialidade.
A doutrina da reencarnação, isto é, aquela que admite para o
homem várias existências sucessivas, é a única que responde à
ideia que fazemos da justiça de Deus em relação aos homens
colocados em condição moral inferior,…14

Por ser gradativo e progressivo, no Brasil o espiritismo


teve consideráveis avanços doutrinários. O médium Chico
Xavier e os seus confrades doutrinadores, com as psico-
grafias de preleções dos mensageiros do além, contribuí-
ram eximiamente para ampliar os conhecimentos dos espí-
ritas brasileiros sobre a estrutura sutil do homem e sua
relação com as forças cósmicas. Mas foi o psiquiatra Jorge
Andréa, um renomado escritor entre os espíritas, o autor
do modelo da formação invisível do ser humano que, em

14
-Alan Kardec: Livro dos Espíritos. IDE – 98ª Edição, 1995, pg. 105.

- 31 -
muitos pontos, se aproxima do Vedanta na sua conceitua-
ção do homem interior. Nesse modelo Andréa aplica o seu
conhecimento em psiquiatria para explicar as forças e as
energias formadoras do ser humano.
O que se denomina de corpo monádico, e o Vedanta de
karana sharira, Andrea chama de inconsciente dividido em
três categorias: inconsciente puro, inconsciente passado e
inconsciente atual. As definições para essas categorias sutis
do ser humano são admiráveis. Veja no quadro abaixo:
MÔNADA E AS ENVOLTURAS
Vedanta Jorge Andréa
Mônada Inconsciente Puro
Espiritual Inconsciente Passado
Supramental Inconsciente Atual
Mental Corpo Mental
Emocional Períspirito
Energética Duplo Etérico
Corpórea Corpo Físico

Inconsciente Puro — A teoria do Dr. Jorge Andréa


pressupõe a dimensão da energia cósmica que flui para o
indivíduo e compreende o Eu essencial. Designa-lhe o
pulsar mais íntimo do espírito humano de quem emanam
forças desconhecidas pela intelectualidade. São os objeti-
vos transcendentais do plano criador, mas a cognição só
pode inferir como o impulso da evolução codificado em
um imensurável potencial de realizações futuras. Esse po-
tencial se transformou da transferência de informações
dos núcleos que armazenam os registros de todas as expe-

- 32 -
riências dos níveis perfeitos de espiritualização, oriundos
do plano subsequente, no devenir.
Inconsciente Passado — Do ponto de vista de Andréa
determina o plano circundante do Inconsciente Puro. É
onde os núcleos virtuais da dimensão anterior se desdo-
bram em dois vetores para a evolução do ser humano:
1) – As experiências acumuladas, por força da necessi-
dade, se transformam nas propensões e nas aptidões que
serão intrínsecas ao Eu substancial; e
2) – O Eu desperta a tendência inata para o desenvol-
vimento das capacidades e potencialidades de todos os
níveis do ser: emocional, mental e espiritual para a realiza-
ção do bem.
Numa ação mútua entre esses dois níveis de inconscien-
te, as experiências do sujeito mudam de estados, quando
ele apreender o mundo objetivo, ou manifestar seu critério
subjetivo. Esta dimensão representa o aspecto psicológico
que forma as motivações biológicas, tanto das funções
orgânicas como das relações interpessoais e comporta-
mentais.
Inconsciente Atual — As experiências passadas são
somadas às experiências apreendidas da personalidade pre-
sente. Compreende a causa mental onde atua a intuição
acima do intelecto e da memória consciente, que permite o
discernimento entre o bem e o mal. E rechaça todos os
impulsos contrários a perfeição espiritual exigida pelos
planos anteriores, fazendo surgir os conflitos e as neuroses
por essa repressão. Esse plano estrutural também é depu-
rativo das energias que não ultrapassam a barreira censora.

- 33 -
E essas energias são devolvidas para o plano mental sob a
forma de sonhos, fobias, neuroses e histerias; ou em forma
de outros símbolos afetivos.
Corpo Mental — Esse plano se caracteriza por qualida-
de de invólucro de todos os outros princípios anteriores, é
a base originária do comando de funcionamento dos ór-
gãos vitais, porque se posiciona em um elevado grau vibra-
tório acima do campo eletromagnético da energia subatô-
mica. Por isso, situa-se como interface entre o espírito e o
perispírito. Sua potência energética permite a manifestação
da vontade, da criatividade, da inteligência, da percepção
do mundo objetivo e de todas as outras funções sensoriais.
Perispírito — No mundo sutil do homem é o canaliza-
dor de todas as energias e volições originárias da realimen-
tação experiencial do corpo mental. É o veículo sincrônico
das propensões e aptidões que fluem do conjunto dos in-
conscientes para memória subconsciente e para o intelec-
to; e simultaneamente, das experiências que fluem dos
sentidos para o intelecto, e via subconsciente se aprofun-
dar na zona inconsciente. O períspirito cria o protótipo de
energia solar denominado duplo etérico, modelador do
corpo físico para somatizar os fenômenos de natureza
emocional, e finalmente alojar todas essas complexas re-
verberações da energia cósmica, desde o inconsciente puro
até as mitocôndrias no interior das células do corpo físico.
Por isso quando a mônada descarta o corpo físico e o du-
plo etérico, imediatamente surge outro perispírito de ener-
gias compatíveis ao plano onde a mônada se localizará,
seja no astral inferior ou, no astral superior.

- 34 -
Duplo Etérico e Corpo Físico dispensam conferições.
Antes dessa organização feita pelo Dr. Andréa os espíri-
tas brasileiros tinham apenas a versão tríplice de: Espírito,
Perispírito e Corpo Físico. E a classificação do guia André
Luiz, que é: Espírito; Corpo Mental; Perispírito ou Psicos-
soma; Duplo Etérico ou Biossoma; e o Corpo Físico.
Essa classificação está harmonizada com a Taittiriya
Upanishad que, partindo do denso ao espiritual, é a se-
guinte: Annamaya kosha; Pranamaya kosha; Manomaya
kosha; Vijñanamaya kosha; Anandamaya kosha.
O modelo espírita de cosmo–espírito–homem funda-
menta-se em sete princípios básicos que são:

1. Existência de Deus.
2. Existência e imortalidade do espírito
3. Evolução infinita
4. Lei da Causa e Efeito.
5. Pluralidade das existências (reencarnação).
6. Pluralidade dos mundos habitados.
7. Comunicação necrodúlica (mediunidade).

Apenas o sétimo item não faz parte do hinduísmo, por-


que ele não tem fundamentação nas Upanishads. Aliás, a
Chantogya Upanishad registra que os sábios iluminados ao
desejarem ver seus entes queridos no mundo espiritual os
atraem ao seu encontro.
Na Bhagavad Gita, Sri Krishna diz que quem cultua os
espíritos e fantasmas se unirão a eles – BG 9,25.

- 35 -
Os hinos védicos reverenciam os espíritos dos mortos,
pelo respeito aos ancestres. Mas os mortos não se comu-
nicam com os seus parentes através de qualquer pessoa
desconhecida, como no privilégio da mediunidade espírita.

3. A Dimensão do Pós–morte

Nas religiões reencarnacionistas tudo gira em torno do


corpo monádico cuja natureza constante sobrepuja a mor-
te biológica e, de acordo com o hinduísmo, se mantém nas
formas de energias geradas por outros potenciais cósmi-
cos. Porque a energia solar que forma o corpo físico e a
mente se dissipa pela ocasião da morte natural. E sem du-
vida, a questão do campo multidimensional onde atua a
mônada após a morte é muito polêmica e tem oferecido
vasto material para o surgimento de diversas teorias.
Para a Tradição hindu, entretanto, no momento que an-
tecede a morte, a mônada desfaz sua identificação contí-
gua à sistemática biológica, para se amoldar somente ao
corpo monádico, no plano transcendente. E nesse ato, em
um procedimento alheio a ciência e a religião, de acordo
com Amit Goswami, as reminiscências arraigadas no sub-
consciente do moribundo, denominadas de “samskaras”,
se transformarão em propensões no corpo espiritual do
seu nascituro da existência seguinte. E assim sucessiva-
mente até que a mônada desperte e alcance a libertação—
“moksha”— pela prática das disciplinas do Yoga.
Com o fenecer do corpo psicossomático as propensões
atuais são codificadas no corpo monádico em um proces-

- 36 -
so denominado “karmasaya”, com o sentido de acúmulo
de mérito e demérito das ações. Porque todas as impres-
sões do inconsciente atual que não puderam ser resolvidas
antes da morte física serão transferidas para a vida futura,
porquanto são os frutos latentes das ações semeadas.

O Mundo Invisível

Esse tema compreende uma grande variedade de opi-


niões entre as escolas místicas, porque elas apresentam
versões diferentes pelo simples fato da diversificação cul-
tural entre as pessoas. De sorte, que aqui se apresenta, da
melhor maneira possível, tópicos concisos de alguns as-
pectos do além-túmulo de acordo com as teorias deixadas
pelo indiano Swami Paramahansa Yogananda (1893-1952),
e pelo brasileiro Caio Miranda (1909-1969).
O misticismo ocidental convencionou o Plano Astral
para o estado sutil onde atuam as mônadas após a morte.
Segundo os místicos é um plano refulgente devido à natu-
reza da matéria que constituem seus elementos. Daí o no-
me “astral” derivado do grego áster—astro, estrela, corpo
celeste de luz própria, explica Caio Miranda. E ainda, que
esse plano sutil é o habitat de inúmeros seres nas mais va-
riadas condições de existência. No Vedanta esse plano
denomina-se “svaha loka”, onde os seres são formados de
matéria mental, emocional e bioenergética. Sua base é o
“sukshma sharira”—corpo sutil. Mas na cultura ocidental
denomina-se de psiquismo, ou alma.
Na ocasião da morte da pessoa, a mônada descarta os

- 37 -
corpos biológico e mental. E se não alcançar a libertação
ela “renasce” no plano astral, onde a consciência será con-
dicionada a um lugar determinado pelo karma.
Quando a pessoa morre em total ignorância a respeito
da matéria sutil desse plano, continuará vivenciando o
mesmo modo de vida que tinha na terra. Isso porque a
mônada moldará a substância astral de acordo com as
propensões que foram codificadas no karmasaya. Nesse
caso a mente cósmica—mahat—imita o mundo visível, e
dessa forma a mônada “renascerá” em um modelo de
convivência exatamente igual à maneira que era na terra.

O Astral Inferior

Ao deixar o mundo físico com o subconsciente turvo e


sobrecarregado pelas impressões negativas causadas pelo
ressentimento, pelo ódio e pela inveja, a mônada “renasce-
rá” em um plano do astral denominado “avichi”. Este é
um lugar destinado ao estado de consciência restrito à
transcendência do mal, em que a mônada passa por expe-
riências perturbadoras devido às consequências do mau
karma. Somente quando ela aniquilar o estado negativo
pela absorção dos valores positivos dos seus atos compas-
sivos na terra passará para o “svarga”, que é equivalente ao
céu cristão. Ali o estado da mônada será de plena felicida-
de, totalmente contrário dos pesadelos do avichi. Esses
eventos acontecem numa dimensão alheia ao espaço e ao
tempo. É importante lembrar que o tempo é um produto
da relatividade do mundo físico, não existe na esfera espi-

- 38 -
ritual. O espírito não teve princípio, tampouco terá fim;
seu habitat é eterno – Bhagavad Gita 2,20 e 15,5.
Mostra-se com essa analogia poética o estado extático
da mônada no astral. Onde não há o tempo, nem a per-
cepção e o intelecto; mas sim, a contemplação. No plano
astral, os eventos são apenas reflexos dos samskaras, ou as
impressões do moribundo que foram codificadas no kar-
masaya—inconsciente. Não se tratam de castigos ou re-
compensas divinos entre a morte e outro renascimento
biológico, mas de pesadelo ou de sonho da mônada que se
projetam no mundo transcendente: nada é real.
Essas miragens transcendentais são frutos do supra-
mental, que também produz os sonhos durante o sono, as
aspirações e os insights das pessoas no mundo objetivo. O
supramental por se intuitivo, quimérico e ilógico é oposto
à mente racional, que é outra forma da consciência huma-
na sujeita ao sensório e a cognição.
As pessoas não se lembram de suas vidas passadas por-
que a memória mental acaba com a morte física, tampouco
se lembram das experiências no astral porque são eventos
“extrapsíquicos”. O olvido é o resultado das diferenças de
graus de consciência em dimensões de vibração alterada.
Mas para a mônada tanto a experiência no astral quanto na
matéria são simplesmente os percursos de um aprendizado
rumo à perfeição. As experiências transcendentes são fun-
damentais para irem lapidando a rudeza espiritual do indi-
víduo. Porém elas não são memorizadas como acontece
no processo natural da psique, porquanto fazem parte do
inconsciente profundo.

- 39 -
O Astral Superior

Quem alcançou méritos pela disciplina do Yoga, pelo


altruísmo e pela devoção à divindade, ao morrer emergirá
no plano superior do astral. Onde subsistirá em um lugar
que Sri Yukteswar denominou de “hiranyaloka”—planeta
iluminado. Ali a experiência será de felicidade transcen-
dente. Isso porque mônada despertará em sua consciência
espiritual na beatitude do deleite edênico, pois se tornou
um “paramukta”—aquele que pelo seu bom karma se li-
bertou do ciclo renascimento-morte.
No astral superior existem muitos planos em graus cada
vez mais elevados, onde a mônada libertada continuará sua
ascendência para a plenitude espiritual e ascenderão até ao
céu de Brahma. Ela projetará “swarupa”, a sua própria
forma, ou o corpo transcendente sem as envolturas—ver
o quadro de envolturas acima.
Ao alcançar este estado de libertação absoluta, a môna-
da se torna “nitya mukta”—um ser eternamente livre das
consequências do karma. E assim, os sonhos que tivera
das várias viagens pelos mundos visíveis e todas as quime-
ras astrais serão esquecidos. É algo análogo a um paciente
que estivera em estado comatoso, saíra da letargia e recu-
perou a consciência, regressando ao aconchego do lar para
desfrutar a delícia de estar com seus familiares. No astral
superior, são recebidas as mônadas que se libertaram do
plano inferior do astral, e também as que chegam da terra
e de outros planetas, graças à sublimação do karma.

- 40 -
O Karma

Ao nascer, o homem está indelevelmente marcado por


três forças deveras importantes para sua sobrevivência:
desejo, conhecimento e atividade, que são inerentes aos
atos pessoais—karma. No hinduísmo o karma traz tam-
bém o sentido da Lei de causa e efeito na esfera espiritual,
em que o agente da causa colherá, incontestavelmente,
mérito ou demérito como consequência. Por isso para o
hindu o karma é o pressuposto da reencarnação, porque o
modo de vida atual é produto dos atos realizados pela pes-
soa em existências passadas, e na vida presente; e mais
ainda: está gerando consequências tanto para o futuro des-
ta vida, como para a próxima reencarnação. Destarte, toda
vida humana está restrita a dupla ação do karma: vivenciar
os frutos das ações passadas e causar outros frutos para o
futuro. Isso porque toda ação humana gera samskaras, que
são as propensões que modelam o caráter da pessoa. Con-
tudo Deus não interage com aflições e nem com prazeres
atraídos pelo karma de ninguém, veja o que diz o vedantin
Swami Bhaskarananda sobre o karma:

De acordo com esta doutrina, Deus não é responsável pelo


prazer e dor de Suas criaturas. São as criaturas que são respon-
sáveis por sua própria felicidade ou sofrimento. Eles sofrem
ou gozam devido às consequências de suas próprias ações, bo-
as ou más. De acordo com o Hinduísmo, Deus é aquele que
dá os frutos da ação. Ele é o Dispensador Definitivo da justi-
ça. Ele se certifica de que todos obtenham o fruto do seu pró-
prio karma, e de ninguém mais.

- 41 -
São várias as teorias apresentadas sobre o karma, e em
muitos casos elas foram desenvolvidas ao extremo da in-
congruência que ainda levam alguns indivíduos emotivos a
abandonar completamente o convívio com os familiares e
com a sociedade em busca de ascese. Todavia há teorias
mais coerentes que são elucidativas e de fácil compreen-
são. Porém, todas as escolas hinduístas apresentam a ideia
embasada no conceito de que o karma resulta em três mo-
dalidades de ações as quais qualquer indivíduo está sujeito.
Compreende as seguintes classes: 1)As ações passadas que
ainda irão manifestar as suas consequências na vida atual;
2)As ações das vidas passadas e da vida atual que já estão
manifestando as consequências; e 3)As ações atuais e de
vidas passadas que irão manifestar as suas consequências
somente na vida futura.
Por ser a vivência de todas as atitudes pessoais, o karma
reflete as ações condicionadas cujos resultados determi-
nam o ambiente e o modo de ser da pessoa em sua vida.
Por isso há o karma negativo que é chamado “vikarma”,
resultado de atos proscritos pela Lei divina cujas conse-
quências trazem péssimas situações para a pessoa nesta
vida e em outras vidas. Muitas pessoas tornam-se presas
ao vikarma até o ponto de nascerem entre os indivíduos
brutais, sanguinários, ladrões e assassinos. Tipos que pas-
sam a maior parte de suas vidas em cadeias, em fugas, ou
em esconderijos, alheios ao convívio social salutar.
Mas a pessoa pode praticar ações livres de quaisquer
consequências negativas. E nesse caso transforma o karma
em “dharma”, ou seja, toda ação é feita com a consciência

- 42 -
do dever para a sociedade e para com Deus. Essa atitude é
denominada de “akarma”, e, portanto, todos os atos são
objetos dos puros serviços devocionais. A filantropia, a
caridade e o altruísmo; a devoção à divindade e qualquer
ação desinteressada, são referentes ao dharma.
Quando alguém está em conformidade com o dharma
se torna uma pessoa virtuosa e livre do karma. Está har-
monizado com seu tema original do propósito de sua vida
terrestre, em sânscrito “swadharma”, o correto proceder
determinado pelo estatuto da Lei eterna que o liberta da
ignorância espiritual.

4. Yoga – o Caminho para a Libertação

O Yoga é um sistema filosófico e comportamental que


visa à integração pessoal por meio de atitudes físicas e téc-
nicas meditativas, que são modos salutares para o sistema
psicossomático. Entretanto as escolas de orientação espiri-
tual que se fundamentam no Vedanta usam os métodos do
Yoga para os devotos despertarem os “siddhis”—poderes
extrassensoriais que levam ao êxtase místico. Isso acontece
porque a cessação da turbulência dos pensamentos servirá
para conectar a mente com mahat. O professor Jayadvaita
Das depreende que “Yoga é a ciência que nos leva a resta-
belecer nosso eterno relacionamento com o Supremo”.
Essa restauração pessoal junto à mente cósmica traz o es-
tado de moksha—o estado da consciência eterna, onde
está a libertação. Grau que a pessoa conquista pela sabe-
doria e pela serenidade desenvolvidas com a prática das té-

- 43 -
cnicas do Yoga, que despertam a pessoa do letargo espiri-
tual e proporcionam a lucidez mental e a visão interior.
Em Raja Yoga, o sistema mais difundido no Ocidente,
codificado por Sri Pátañjali, todo processo começa em
“chitta”, termo alusivo a “consciente-subconsciente”, que
em maior profundidade é o reflexo de “chid”, um dos as-
pectos do Ser universal.15 Por isso o sistema de Pátañjali se
identifica com o Yoga místico,16 a serviço do teísmo, em-
basado no Vedanta. Esse sistema inicialmente fora ensina-
do na Índia antiga por Sri Krishna, personagem lendário
que em algumas escolas é a personificação de Ishwara, e
em outras, é a manifestação de Vishnu, a deidade que
sempre desce a terra para reavivar a Lei eterna.
A palavra yoga traz o significado de síntese; de união.
E no contexto vedantin trata-se de um processo que visa à
integração do indivíduo com a sua real natureza e, conse-
quentemente, com mahat. Apenas nesse estágio é que al-
guém se torna uma pessoa realizada no Yoga, porque su-
blima a energia do karma pela pureza mental e alcança a
libertação; o estado do ser em que estabiliza os “gunas”.
No Yoga e no Samkhya, os gunas são os modos da natu-
reza denominados “sattwa”, “rajas” e “tamas”. A definição
clássica do Yoga, por Pátañjali, é: “Yogah Chitta Vritti
Nirodhah.” Sentença que se traduz em português próximo
da acepção no sânscrito, como: “A união se faz com a ha-

15
-Sat-chid-ananda, essência-consciência-beatitude. Estes são os atri-
butos de Ishwara, o aspecto transcendente do Absoluto.
16
-Existe outro ramo de Yoga que foi ensinado por Sri Shiva. É um Yoga
ateísta, puramente natural e racional, mas que também desperta os
siddhis.

- 44 -
bilidade de restringir as ondas mentais.” Isso porque a
mente, como base da consciência, está sujeita aos gunas.
Na índole humana o guna tamas é a ignorância, o tor-
por; enquanto o guna rajas, é a criatividade, o frenesi; e
satwa, é paz, serenidade, reverência e atitude contemplati-
va. Dessa forma, no caso de autores sacros e as pessoas
com tendência espiritual, filosófica, filantrópica e devocio-
nal são influenciados por sattwa. Enquanto que políticos,
comerciantes, publicitários; os investidores, atores e des-
portistas são influenciados por rajas. Ao passo que tamas
induz às pessoas a preguiça, a sonolência, a obtusidade;
inibe a iniciativa própria, a capacidade criativa e a solidari-
edade. Assim, a observação das tendências dos gunas na
índole do indivíduo é fundamental nas disciplinas das es-
colas de Yoga.
Com referência a reencarnação, Sri Krishna ensina que
a sabedoria origina-se de sattwa; a cobiça, a argúcia e a
ambição, de rajas; e tamas é a causa da ilusão e da ignorân-
cia. Em sequência a essa observação, continua ensinando
que a pessoa de predominância sáttivica, ao morrer vai
para as esferas superiores e liberta-se progressivamente;
aquele de tendência rájasica reencarna como homem nor-
mal; enquanto que o tamásico vai para baixo, reencarnan-
do como pessoa desprezível, pelas suas péssimas qualida-
des.17 Veja algumas referências sobre Yoga, reencarnação e
libertação nos ensinamentos de Sri Krishna:

17
-Bhagavad Gita 14, 17-18.

- 45 -
Certamente, o yogi que pratica assiduamente, se purifica de su-
as faltas e aperfeiçoando-se durante várias vidas, ao final logra
a meta suprema.18

Em outra ocasião, Sri Krishna, faz um notável discurso


que parece com a mensagem de Jesus, Veja-se:

As grandes almas, depois de chegar a Mim, não estão mais su-


jeitas ao renascimento, que é a morada do pesar e de tudo que
é transitório, pois já lograram a mais alta perfeição.
Os seres de todos os mundos, ó Arjuna, incluindo a esfera de
Brahma, (o Logos cósmico), estão sujeitos ao renascimento.
Mas, ó filho de Kunti, não renascem mais os que chegam a
Mim.19
Continuando, em outro capítulo, Sri Krishna oferece o
Yoga da iluminação do intelecto para o devoto obter o
conhecimento que lhe dará a total redenção do karma e o
conduzirá a felicidade eterna:

Aqueles que em realidade conhecem estas Minhas divinas ma-


nifestações e Meu poder yogi, se estabelecem firmemente no
Yoga; não existe nenhuma dúvida a respeito disto.
Sou a origem de tudo, tudo evolucionou de Mim; conhecendo
isto, os sábios Me adoram com amor e conhecimento.
Com a mente e os sentidos absortos em Mim, instruindo-se
mutuamente a respeito de Mim, conversando sobre Mim, eles
estão sempre felizes e satisfeitos.
A eles, que estão assim dedicados a Mim e Me adoram com
devoção total, Eu lhes dou o Yoga da compreensão, pela qual
vêm a Mim.
Para fazê-los bem-aventurados, morando em seu intelecto,
destruo a escuridão da ignorância mediante a resplandecente

18-
Bhagavad Gita 6, 45.
19-
Bhagavad Gita 8,15-16. Essa é a mensagem salvífica de Jesus, pois
ele diz em Jo 6,37: ”Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem
a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.”

- 46 -
luz do conhecimento.20

Portanto o objetivo elementar do Yoga é erradicar os


samskaras—estados ou marcas do psiquismo—que perfa-
zem a ignorância espiritual latente que está arraigada no
subconsciente do indivíduo. E dessa maneira proporcionar
a chance de libertação do ciclo renascimento-morte.

5. O Limite da Reencarnação

Quando o dia de Brahma se manifesta, esta multidão de seres


vivos vem a existir, e com a chegada da noite de Brahma eles
são todos aniquilados.21

Cabe a essa altura, a respeito do que foi exposto mais


acima sobre a criação do Universo e a formação do cos-
mo, recordar que no abismo quântico universal surgem e
desaparecem miríades de cosmos. E, portanto, no início
do ciclo nictemeral brahmanico surgem, necessariamente,
inumeráveis Logos cósmicos, ou Brahmas criadores.
E ainda lembrar que uma partícula do Espírito univer-
sal, para se manifestar como humano, torna-se a mônada
que necessita das experiências nas dimensões cósmicas, a
partir da biosfera ascendendo à morada de Brahma, um
contexto divinamente excelso—vaikuntha.
Para vivenciar as inúmeras experiências do seu propósi-

20
-Bhagavad Gita 10, 7-11.
21-
Bhagavad Gita 8,19.

- 47 -
to de vida—swadharma—, a mônada, reveste-se das três
bases que, necessariamente, são formadas para sua exten-
são no mundo objetivo: Espiritual, ou monádico — O
amor, a devoção, a adoração, a filantropia, e o êxtase mís-
tico são proporcionados por esse corpo transcendente.
Psíquico — Responsável pelas funções afetivas, intelectu-
ais, emocionais e volitivas; e Físico — Sistema de contato
com o mundo por intermédio dos sentidos para expressão
e percepção.
Os dois últimos estados prendem a consciência ao
mundo fenomênico e a mônada fica restrita a sensualidade
e a reencarnação até conseguir se desvencilhar dos atrati-
vos emocionais, das paixões sensuais e do apego ao mun-
do objetivo que lhe entorpecem os sentidos.
A missão da mônada consiste em “nascer” na matéria
descobrir o propósito de sua existência e “ascender” ao
estado puro do eu real, ou o “si mesmo” em sua transcen-
dência. Então despertará no reino da felicidade inefável de
vaikuntha, no sublime e majestoso plano da expansão de
“brahmajyoti”—a glória, ou a refulgência de Brahma.
A trilha superior para alcançar a meta do Ser supremo
denomina-se “bhagavad dharma”. Mas o hinduísmo rami-
ficou o dharma em três caminhos, ou vias, denominados
“bhakti marga”, “jñana marga” e “karma marga”, que sig-
nificam: via da devoção, via da ciência e via do altruísmo,
respectivamente. Marga provém da raiz “marg” que signi-
fica perscrutar no sentido de sempre está buscando, e
quando se refere as três vias é alusivo ao despertar da vi-
são interna da pessoa para que ela possa buscar a sabedo-

- 48 -
ria divina. Por isso, no Ocidente, marga traz o sentido de
Yoga. Mas essa sabedoria propagada pelo hinduísmo só
conduz os seus devotos até o céu de Brahma. Além do
mundo, ou cosmo, de Brahma tudo é ignoto e niilista para
a consciência humana. A fagulha de consciência inerente a
mônada conquanto desprendida da pura Energia Superior
do Altíssimo, está limitada a existência de Brahma. E este
Logos cósmico, apesar da toda sua longevidade, se dissol-
verá quando chegar o final da sua existência. Então o
cosmo e tudo o que é dependente dele também fenecerá,
perdendo a consciência no abismo quântico.
Os estágios espirituais que são propagados pelas religi-
ões reencarnacionistas estão restritos aos céus da mente
cósmica—mahat—que age sob as influências dos deuses
Brahma, Vishnu e Shiva. Eles representam os poderes de
Ishwara, o Supremo Deus Pessoal Criador, Conservador e
Renovaddor dos cosmos.
A morada de Ishwara denominada “paramdhama” está
muito além do céu espiritual de Brahma. E ninguém che-
gou ao elevado estado espiritual de paramdhama além das
fronteiras de Brahma, o Logos cósmico.
Os mais audacíssimos mestres de quaisquer escolas
hindus de espiritualidade, jamais ousaram a imaginar disci-
plinas que proporcionasse a união da mônada individual—
jivatman—com o Espírito universal—Atman: a união do
homem com Ishwara. Portanto, fica patente que a perfei-
ção fundamentada na reencarnação está inelutavelmente
restrita a existência de Brahma. Cessando este Logos, a
mônada—jiva—abisma-se na essência eterna, como a gota

- 49 -
da chuva se dissolve no oceano, mas sem a consciência
individualizada. Essa realidade está descrita em metáfora,
no livro Apocalipse, como o “lago de fogo”. Ali figura a
segunda morte, quando toda mônada que não alcançar a
salvação anunciada por Jesus se dissipará no seio de Deus.
Nesse ponto a promessa salvífica de Jesus sobrepuja a
metafísica hindu e de outras religiões fundamentadas no
perfeccionismo oriental, pois o Mestre Galileu revela para
o seu povo, e para o resto da humanidade, a via que leva o
espírito individual para glória do Espírito universal. Este é
o caminho que o Pai determinou para quem O busca, pois
Ele preparou uma nação de videntes para anunciar essa
via, como diz um deles: “E ali haverá uma estrada, um
caminho, que se chamará o caminho santo” – Is 35,8. En-
tão, seguindo esse caminho o ser humano se salvará do
samsara, que é a grande dissolução cósmica. E em seu
corpo beatífico ele habitará em um lugar santo, além das
manifestações cósmicas dos Brahmas.
Sobre aquele lugar preexcelso o Senhor Sri Krishna se
refere nos seguintes termos: “Nem o sol, nem a lua, nem o
fogo podem iluminar a esta meta que é meu supremo es-
tado.”22 Essa narrativa parece muito com Apocalipse que
diz: “A cidade não precisa do sol ou da lua para a ilumina-
rem, pois a glória de Deus a ilumina” – Ap 21,23

22
-Bhagavad Gita 15,6.

- 50 -
..................................................

Segunda Parte

Cristianismo*

6. Xeol, Alma-Espírito e Novíssimos

A tradição de todos os povos da antiguidade registra


que desde épocas imemoriais eles criam na subsistência da
alma em alguma dimensão, depois da morte física. Quer
fossem em lugares subterrâneos, quer nas águas, ou nos
céus. Entre esses povos havia os antigos hebreus que, de
acordo com a Torah, tinham um plano no interior da ter-
ra, para o lugar dos mortos. Como no caso de Jacó que,
pranteando José, disse: “É em luto que descerei ao Xeol
para junto do meu filho.” – Gn 37,35.
Mas, será que entre os hebreus a existência humana li-
mitava-se apenas aos três estados de nascer, viver, e mor-
rer, como ainda é corrente entre a maioria das pessoas?
Isso é questionável.
Os hebreus, no tempo de Moisés, era uma população
de escravos incultos sob o domínio egípcio. Eles haviam
perdido até mesmo o direito de ir ao deserto cultuar o
Deus dos seus ancestrais, a divindade da montanha—El
Shaddai. Mas sob a influência e orientação de Moisés eles
evadiram-se dos domínios do Faraó e se refugiaram no
deserto, onde formaram a ordem sacerdotal em que sele-

*
Os Termos hebraicos e gregos estão grafados em fonte normal. As
citações bíblicas são da BÍBLIA DE JEUSALÉM - BJ

- 53 -
tos anciãos receberam parte do conhecimento facultado a
Moisés pelos sacerdotes egípcios. Então, eles desenvolve-
ram uma forte teocracia que organizou as suas tribos co-
mo nação. Contudo continuaram crendo que o destino do
ser humano no pós-morte era o Xeol, no interior da terra,
pois registraram que alguns rebeldes “Desceram vivos ao
Xeol… A terra os recobriu e desapareceram do meio da
assembleia”. – Nm 16,32-34. Com essa lenda eles ratificam
a crença dos cronistas a serviço dos sacerdotes hebreus.
Depois, com a emancipação do regime teocrático, eles
atingiram elevado nível cultural e distinguiram outros esta-
dos da alma após a morte. Mas dentre esses estados desta-
cavam-se o Xeol e Abaddon. Este seria a perda total da
individualidade, em que o corpo físico se decompõe nos
elementos da terra e a vida retorna para Deus – Ecl 12,7.
Enquanto que no Xeol os mortos subsistiriam, ainda que
incônscios, por isso aqueles que se consideravam justos
morriam com a esperança de ressurgirem em um mundo
vindouro. A esse respeito exprimem os salmos: “Pois não
abandonarás minha vida no Xeol.” – Sl 16,10. E outra vez,
em Sl 116,1-9 diz:

Cercavam-me laços de morte, eram redes do Xeol: caí em an-


gústia e aflição. Então invoquei o nome de Iahweh: “Ah!
Iahweh, liberta minha vida!” Iahweh é justo e clemente, nosso
Deus é compassivo; Iahweh protege os simples: eu fraquejava
e ele me salvou. Volta ao repouso, ó minha vida, pois Iahweh
foi bondoso contigo: libertou minha vida da morte, meus
olhos das lágrimas e meus pés de uma queda. Caminharei na
presença de Iahweh na terra dos vivos.
.

- 54 -
Além do Xeol e do Abaddon os sábios hebreus conce-
beram outros lugares além-túmulo, como o “repouso” e a
“terra dos vivos”. Estes, são ideias que denotam o lugar
originalmente concedido ao homem, é a vida eterna que
eles intuíram a sua realidade e associaram-na à residência
divina. E, ainda, é o deleite para as almas que se libertam
das “redes do Xeol”, pois diz o salmista: “Ela é meu re-
pouso para sempre, aí vou habitar, pois eu a desejei.” – Sl
132, 13-14. Essa é a Jerusalém esperada por todos.
Os hebreus descaíram em poder por consequência da
divisão do reino em duas dinastias, e por isso foram com-
batidos e vencidos. O reino de Israel foi deportado para a
Média (ca.722 a.C.), por Salmanasar, rei da Assíria. E Judá
degredada para a Babilônia (ca.586 a.C.), pelo rei Nabuco-
donosor. Os sábios de Judá e Israel antevendo o êxito dos
invasores mantiveram a essência da sabedoria hebraica sob
o véu dos simbolismos próprios daquela época. E quando
os judeus voltaram do exílio babilônico os rabinos sob a
orientação de Esdras reuniram antigos escritos sagrados
para formarem a Torah do segundo Templo, porém o fi-
zeram em linguagem restrita e alegórica. E, além disso, eles
mantinham a Torah Shebealpeh: a tradição oral, que origi-
nou a Mishnah e o Talmud. E posteriormente na Idade
Média um novo código, hoje chamado de Cabala.
E como o judaísmo do livro não trata do mundo astral,
ficou difícil para os teólogos ocidentais interpretarem os
ensinamentos daquele povo acerca dos eventos após mor-
te. Apesar de a tradição rabínica falar no mundo das almas,

- 55 -
e no mundo vindouro fica subtendido que o Xeol encerra
todo conceito sobre o além-túmulo.
A religião hebraica remanesceu da cultura egípcia, a
fonte de Moisés, em que a reencarnação era assunto restri-
to a cúpula dos altos sacerdotes. E tudo indica que Moisés
manteve essa tradição dos egípcios, e não tratou da reen-
carnação nos seus livros às massas, antes cuidou de proibir
qualquer assunto além-túmulo e induzir os hebreus à anti-
patia por esse tema. Assim, para o povo em geral, o tema
do além ficaria restrito apenas ao silêncio da cova. Todavia
mais tarde os hebreus mudaram essa ideia, pois Ana, em
louvor – 1Sm 8,6 – diz: “É Iahweh quem faz morrer e
viver, faz descer ao Xeol e dele subir.”
Quando o reino de Israel perdeu a identidade nacional
disperso nas terras da Média, e posteriormente Judá se
lamentava no exílio da Babilônia, surgiu a grande esperan-
ça para eles em outra realidade: O mundo vindouro, onde
Judá e Israel se unificariam para sempre—Is 65,17-18: “…
vou criar novos céus e nova terra; as coisas de outrora não
serão lembradas, nem tornarão a vir ao coração.”
Continuando com o profeta Isaías – Is 66,22:
...da mesma maneira que os novos céus e a nova terra que eu
estou para criar subsistirão na minha presença—oráculo de
Iahweh—assim subsistirá a vossa descendência e o vosso no-
me.
E finalmente a recompensa eterna na Jerusalém espiri-
tual muito além do Xeol, pois outro vidente disse: “Os que
ensinam a muitos a justiça hão de ser como as estrelas, por
toda a eternidade.” Dn 12,3.

- 56 -
Alma e Espírito
Do Judaísmo ao Helenismo

Você gostou do texto e quer a continuação, fale com o


autor.
Dê sua opinião sobre esta primeira parte no endereço:

Noamlee5108@gmail.com

Obrigado,

E J Holanda.

Castanhal-Pa.
Estação de verão norte - Brasil 2020

- 57 -
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Somos gratos às traduções livres usadas da Bhagavad Gita cujas


citações neste livro são dos seguintes conteúdos;

1):Dr. Ramananda Prasad— © Tradução de Swami Krishnapriyananda


Saraswati, (Dr. Olavo O. Desimon).
2):Traduzido do original (com notas) para o espanhol por Swami Vijoyananda,
monge da Ordem Ramakrishna, Edição em espanhol de responsabilidade
do Hogar Espiritual Ramakrishna (Ramakrishna Ashrama) Buenos Aires
— Argentina. Traduzido para o Português por um estudante dos ensina-
mentos de Sri Ramakrishna, Swami Vivekananda e Vedanta.
3):Texto completo disponível no site Shri Yoga Devi —— Tradução de
Roberto A Martins.
4):Por Paramadvaiti, Swami B. A. & Acharya, Sripad Atulananda. Instituto
de Estudos Védicos - Vrinda do Brasil Rua Botucatu, 481 – Vila Maria-
na 04023-061 - São Paulo - SP-Brasil (55 11 5908-1361).

As citações das Escrituras Sagradas neste livro são créditos de:

BÍBLIA DE JERUSALÉM — BJ—tifsa.


BOA NOVA – BÍBLIA CATÓLICA—BNBC – Copyright© 2003–2004, por
Antônio Clébio Costa e Felix.
BÍBLIA SAGRADA — Traduzida em Português por João Ferreira de
Almeida, Corrigida fiel ao Texto Original. Versão Digital 6.7 BSVD, por
Marcelo Ribeiro de Oliveira.

E ainda agradecemos aos autores de MidiaNet seguintes:

<www.blasterbit.com;>
<www.boanova.rg3.net,>
<http://br.groups.yahoo.com/group/sabedoriadacabala>

-4-
A Reencarnação e a Doutrina de Jesus

<https://drive.google.com/file/d/0Bzh9viT4NH21anhtYkpiMUdrSDA/edit
Novaes;>
<http://ebiblioteca.org/>
<http://www.estudantedavedanta.net/A%20DOUTRINA%20DO%20KARMA.pdf>
(Excerto de Swami Bhaskarananda).
<www.gerbras.com.br>
<http://groups-beta.google.com/group/digitalsource>
<http://groups-beta.google.com/group/Viciados_em_Livros >
<www.Kabbalah.info/brazilkab/index/braz.htm>
<www.librodot.com>
<http://marie.roca.over-blog.com/article-christianisme-et-reincarnation-
65470810.html>
<http://www.nea.uerj.br/Anais/coloquio/brunamoraes.pdf>
<http://www.noticias.uff.br/noticias/2012/12/manual-de-redacao-scs.pdf>
— Citação de Antístines, por Sonia de Onofre.
<http://pixabay.com/pt/cristo-religi%C3%A3o-jesus-mosaico-ouro-361581/>
<http://www2.pucpr.br/reol/index.php/2jointh?dd99=pdf&dd1=7453>
<http://semeadoresdapalavra.top-forum.net/portal.htm>
<http://super.abril.com.br/>
<www.tifsa.com.br>
<http://www.vedantacuritiba.org.br/site/txt/doutrina_reencarnacao.pdf>
<http://www.yogashala.com.br>
<http://www.yogadevi.org>

-5-

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