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Coordenação das funções corporais por mensageiros químicos Editar

Vários sistemas de mensageiros químicos são responsáveis pela coordenação de múltiplas


atividades corporais. Dentre estes mensageiros, podemos citar:

-Neurotransmissores: liberados pelos terminais axonais nas fendas sinápticas. Controlam


localmente a atividade neuronal.

-Hormônios endócrinos: liberados por células especializadas ou glândulas na corrente


sanguínea, atuando em locais distantes. Ex: hormônio do crescimento e tiroxina.

-Hormônios Neuroendócrinos: semelhantes aos endócrinos, porém são liberados por


neurônios.

-Parácrinos: secretados por células no líquido extracelular, influenciam células vizinhas, de tipo
diferente.

-Autócrinos: semelhantes aos parácrinos, porém influenciam as próprias células que os


produziram.

-Citocinas: peptídeos secretados por células no líquido extracelular, funcionando como


hormônios autócrinos, parácrinos ou endócrinos. Ex: interleucinas.

Os múltiplos sistemas hormonais atuam na regulação de quase todas as funções corporais,


como crescimento, desenvolvimento, metabolismo, reprodução, comportamento, equilíbrio
eletrolítico, etc.
HALL, John E.; GUYTON, Arthur C. Tratado de Fisiologia Médica. Elsevier, 12ª edição, RIO DE
JANEIRO, 2011

Estrutura química e síntese de hormônios Editar

Existem três classes de hormônios:

1. Proteínas e polipeptídeos (ex. insulina, glucagon).

2. Esteroides (ex. cortisol, testosterona, estrogênio).

3. Derivados de tirosina (ex. tiroxina, epinefrina).

*Não existe hormônio conhecido com ácidos nucleicos ou polissacarídeos.

Hormônios polipeptídicos e proteicos: Editar

São armazenados em vesículas secretoras. Uma vez que sejam necessários são secretados.
Constituem a maioria dos hormônios no corpo, sendo produzidos no retículo endoplasmático
rugoso, sob a forma de moléculas maiores, ainda inativas, os pré-pró-hormônios, que
posteriormente são clivados em pró-hormônios no retículo endoplasmático. Posteriormente
são transportados até o complexo de Golgi, onde são armazenados em vesículas e clivados em
hormônios ativos. Ficam então aprisionados nestas vesículas até que sejam exocitados no
líquido intersticial ou na corrente sanguínea, chegando até seu local de ação.
Os hormônios peptídicos são hidrossolúveis, e sua secreção se dá pela despolarização celular
(aumento da concentração citosólica de cálcio) ou por estimulação endócrina da superfície
celular (aumento do AMPc e ativação de proteinocinases).

Hormônios Esteroides: Editar

São sintetizados a partir do colesterol ou ésteres de colesterol. Não são armazenados depois
de produzidos, sendo liberados por difusão através da membrana celular devido ao fato de
serem lipossolúveis. O colesterol que serve de matéria-prima para a síntese dos hormônios
esteroides provém do plasma ou de depósitos celulares de ésteres de colesterol.

Hormônios aminados: Editar

Derivados da tirosina, constituem dois grupos: os hormônios da tireoide e os da medula


adrenal. São formados por enzimas dos compartimentos citoplasmáticos.

Os hormônios da tireoide são armazenados em folículos e, uma vez liberados na corrente


sanguínea, ligam-se a proteínas plasmáticas, sendo assim gradualmente liberados para seus
tecidos-alvo ao se desligarem destas.

As catecolaminas produzidas na medula adrenal são armazenadas em vesículas até que sejam
secretadas para a corrente sanguínea, onde pode existir de forma livre no plasma ou
conjugadas a outras substâncias.

Secreção hormonal, transporte e depuração de hormônios do sangue: Editar

O início da secreção hormonal depende de um estímulo e a duração da ação de cada hormônio


é variável. Alguns hormônios, como a epinefrina, tem sua liberação logo após a produção e
sua ação dura de segundos a minutos; já hormônios como a tiroxina, por exemplo, podem
exigir meses para que seu efeito se complete.

As concentrações necessárias dos hormônios no sangue para que estes exerçam suas funções
são muito pequenas, variando de picogramas (grama x 10-12) a microgramas (grama x 10-6), já
que mecanismos especializados nos tecidos-alvo permitem que diminutas quantidades de
hormônio sejam suficientes para desempenhar o controle fisiológico. Desta forma, a produção
e liberação diária de hormônios segue a mesma ordem de grandeza.

Controle da secreção hormonal por feedback: Editar

Após a liberação de um hormônio, os produtos ou condições resultantes da ação deste


hormônio irão gerar a supressão da liberação adicional do mesmo. Tal processo é chamado
feedback negativo.
Surto de secreção hormonal: Editar

Ocorre quando a ação biológica do hormônio atua estimulando mais secreção hormonal.
Como exemplo, podemos citar o hormônio luteinizante (LH). A produção deste é estimulada
pela secreção de estrogênio, porém a própria ação do LH provoca mais secreção de estrogênio,
gerando então o chamado feedback positivo, que estimula mais produção e liberação
hormonal. Este estímulo só é contraposto quando as concentrações de LH atingem nível
adequado.

*Variações cíclicas nas concentrações hormonais sobrepõem os feedbacks negativo e positivo.


Variações essas que são sazonais, influenciadas pelo ciclo circadiano, etapas do
desenvolvimento do organismo e sono, geradas por alterações da atividade das vias neurais.

Transporte de hormônios no sangue: Editar

Os hormônios hidrossolúveis encontram-se dissolvidos no plasma, de modo que são


transportados aos seus locais de ação e se difundem dos capilares para o interstício e
posteriormente para suas células alvo. Já os hormônios lipossolúveis são transportados, em
grande parte, ligados a proteínas plasmáticas, fato que impede sua livre difusão através dos
capilares. Sendo assim, os hormônios ligados são uma forma biologicamente inativa e de
reserva (tornam-se ativos após desligamento das proteínas).

Depuração de hormônios do sangue: Editar

Determinada pela razão entre a velocidade de desaparecimento do hormônio do plasma e a


concentração do hormônio no plasma (medidas obtidas com auxilio de técnicas com uso de
marcadores radioativos). Os hormônios são depurados principalmente por destruição
metabólica, ligação com os tecidos, excreção na bile e excreção na urina.

*Os hormônios ligados a proteínas plasmáticas sofrem depuração do sangue com velocidade
muito menor, apresentando meia-vida mais longa.

Mecanismos de ação dos hormônios: Editar

Receptores hormonais: Editar

São encontrados nas células dos tecidos-alvo. Podem estar na membrana celular (ex.
catecolaminas), no citoplasma (ex. esteroides) ou no núcleo (ex. hormônios da tireoide) e
apresentam alta especificidade.

Número e sensibilidade dos receptores hormonais: Editar


O número de receptores é regulado de acordo com as necessidades do tecido num
determinado período de tempo, que pode ser de um dia para o outro ou até minuto a minuto.
Quando se necessita de uma diminuição da ação dos hormônios no tecido, os receptores
podem sofrer o que se chama de down-regulation , por meio de inativação de moléculas do
receptor, inativação de sinalizadores intracelulares, “sequestro” temporário do receptor,
destruição dos receptores internalizados ou diminuição da produção dos receptores. Em todos
estes casos, a responsividade do tecido-alvo diminui. Já em situação contrária, chamada up-
regulation, aumenta o número de receptores da célula e sinalizadores intracelulares. Quando
isso ocorre, aumenta a responsividade da célula a determinados hormônios.

Sinalização intracelular: Editar

Após a ligação hormônio-receptor, o receptor ativado irá iniciar as ações na célula por meio de
modificações em sua própria estrutura ou por meio de sinalização intracelular, dependendo
do tipo de receptor. Os receptores ligados a canais iônicos provocam a abertura destes
canais, permitindo o influxo ou efluxo de íons na célula. Já receptores ligados a proteína G
(proteína transmembrana) podem tanto gerar abertura de canais da membrana quanto
uma resposta por sinalização intracelular (direta o por meio de segundo mensageiro);
diferentes tipos de proteina G podem gerar sinais tanto estimulatórios quanto inibitórios.

HALL, John E.; GUYTON, Arthur C. Tratado de Fisiologia Médica. Elsevier, 12ª edição, RIO DE
JANEIRO, 2011

Receptores hormonais ligados a enzimas: Editar

Estes receptores transmembrana de passagem única podem apresentar atividade enzimática


intrínseca ou podem agir por meio de ligação estreita a enzimas intracelulares.
HALL, John E.; GUYTON, Arthur C. Tratado de Fisiologia Médica. Elsevier, 12ª edição, RIO DE
JANEIRO, 2011

Receptores hormonais intracelulares e ativação de


genes: Editar
Os hormônios lipossolúveis, como os esteróides e os hormôniosda
tireoide, atravessam a membrana celular para ligarem-se a
receptores citoplasmáticos ou nucleares. Após este evento, o
complexo hormônio-receptor liga-se a uma sequência específica
do DNA promotor de modo a ativar ou reprimir a transcição de
determinados genes, produzindo proteinas que passam a controlar
funções celulares novas ou alteradas. Ainda que células diferentes
possam apresentar receptores idênticos, o genes ativados não
serão os mesmos, levando a produção de diferentes proteinas.

Hormônios que atuam sobre a maquinaria


genética da célula: Editar

Esteróides: Editar
Atuam pelo mecanismo de transcrição gênica citado
anteriormente. Tal fato implica em uma resposta mais demorada
quando comparada àquela obtida por ligação de peptídeos e
hormônios derivados de aminoácidos aos seus receptores
específicos (ex. vasopressina e noreprinefrina).

Hormônios da tireoide: Editar

Tiroxina e tri-iodotironina ligam-se, no núcleo, a fatores de transcrição ativados, localizados no


complexo cromossômico. Essa ligação controla promotores genéticos e promove a formação
de proteinas que levam ao aumento da atividade metabólica celular. Tal controle pode
perdurar por dias ou até semanas.

Referências: Editar

HALL, John E.; GUYTON, Arthur C. Tratado de Fisiologia Médica. Elsevier, 12ª edição, RIO DE
JANEIRO, 2011

ANTUNES-RODRIGUES, J; DE CASTRO, M; ELIAS, LL; et al. Neuroendocrine Control of Body Fluid


Metabolism. Physiol Rev, 2004.

XAVIER, Tiago V. Anotações da aula da Disciplina de Fisiologia. UNIVILLE. 30/07/2013.

CONSTANZO, Linda S. Fisiologia. Guanabara Koogan, 4ª edição, RIO DE JANEIRO, 2008.

Links Externos: Editar

http://www.afh.bio.br/endocrino/endocrino2.asp

http://www.youtube.com/watch?v=k8bcqL-3zPg

http://www.icb.ufmg.br/biq/biq038/sinal.ppt

http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/6508/1/Tese_doutorado_Rut_vf.pdf

http://pt-br.aia1317.wikia.com/wiki/Introdu%C3%A7%C3%A3o_%C3%A0_Endocrinologia

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