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1 – Os Hormônios
- Classificação
De acordo com a natureza ou estrutura química da molécula. Existem três classes gerais em
função da estrutura química do composto:
1. Hormônios peptídicos
São de origem proteica, formados a partir de sequências de aminoácido. Conservam as
mesmas propriedades das proteínas. São compostos por sequências de aminoácidos
menores.
A maioria dos hormônios está nessa categoria e podem variar muito de tamanho.
Proteínas – geralmente tem mais de 100 aminoácidos.
Hormônios peptídicos – menos de 100 aminoácido.
Em geral são solúveis em água e ainda incluem outros hormônios, dentre eles a
insulina e o glucagon produzidos pelo pâncreas, os hormônios secretados pela hipófise
anterior, como o hormônio antidiurético e o hormônio do crescimento (GH),
adipocinas, como a adiponectina e a leptina.
- Síntese
1. Primeiro ocorre a transcrição gênica do núcleo, que consiste na cópia de um trecho
do DNA conhecido como gene e resulta na formação de um RNA mensageiro (RNAm)
2. Em linhas gerais, atravessa a carioteca, que é o envelope nuclear, através de poros
nessas membranas e geralmente é direcionado ao retículo endoplasmático rugoso.
3. Em seguida, por meio da ação dos ribossomos, irá passar pelo processo de tradução
gênica, quando os ribossomos decodificam o RNAm e constroem uma cadeia de
aminoácidos correspondente.
É comum que esses hormônios sejam produzidos como proteínas maiores, sem
atividade biológica, conhecidos como pré-pró-hormônios, que, ainda dentro do
retículo, serão quebrados e transformados em pró-hormônios. Empacotados em
vesículas, serão exportados ao aparelho de Golgi, onde serão acondicionados em
vesículas secretoras na presença de enzimas que quebrarão os pró-hormônios em
hormônios no estado ativo.
As vesículas produzidas pelo aparelho de Golgi podem ficar armazenados no
citoplasma ou aderidas à membrana plasmática. A secreção dos hormônios na corrente
sanguínea geralmente é do tipo regulada, ou seja, para que os hormônios peptídicos
sejam secretados, há a necessidade de a célula receber algum sinal que provoque a
liberação. Normalmente, esses sinais envolvem a modificação dos níveis de cálcio no
ambiente intracelular que, por sua vez, induz a exocitose do conteúdo dessas vesículas.
2. Hormônios esteroides
Inclui os produzidos e secretados pelo córtex adrenal, como o cortisol e a aldosterona,
hormônios sexuais produzidos pelos ovários e placenta, como o estrogênio e
progesterona, além da testosterona produzida pelos testículos. São derivados do
colesterol e, por terem natureza química lipídica, são hidrofóbicos.
- Síntese:
A matéria-prima é o colesterol, portanto, a estrutura molecular é semelhante. São
lipossolúveis e não se misturam na água facilmente. Não ficam armazenados nas
células secretoras. São secretados em um mecanismo chamado de secreção
constitutiva, que pode ser compreendido como uma secreção imediata à síntese, ou
seja, são produzidos quando necessários, sendo logo em seguida secretados no
sangue. Embora não fiquem estocados, as células são capazes de armazenas grandes
depósitos de ésteres de colesterol em vacúolos no citoplasma, que podem ser
rapidamente mobilizados para a síntese hormonal.
- Transporte plasmático
Existem duas formas, que são explicadas pela natureza química do composto.
Os hormônios peptídicos e as catecolaminas são hidrossolúveis, portanto, se dissolvem
facilmente em água. Assim, já que o plasma sanguíneo é feito à base de água, esses hormônios
se solubilizam e são transportados até as células-alvo livremente.
Em contrapartida, os hormônios hidrofóbicos, como os esteroides e os hormônios da
tireoide, não se diluem em água e por essa razão precisam se associar a transportadores para
chegarem aos seus alvos, mais ou menos como se essas substâncias precisassem pegara uma
carona. As proteínas plasmáticas representam esses transportadores.
- Depuração de hormônios
Existem diferentes maneiras de depuração dos hormônios do plasma, incluindo a
metabolização pelos tecidos, quando a própria célula-alvo pode realizar a endocitose do
complexo receptor-hormônio e degradar o hormônio por meio da ligação com estruturas
celulares, inativando-o, através da excreção renal pela urina ou hepática, através da bile.
O tempo entre a liberação e a depuração também varia entre os hormônios:
Hormônios hidrossolúveis – em geral têm meia vida curta, que, em alguns casos, pode
durar menos de um minuto.
Hormônios que se associam às proteínas transportadoras – podem ficar na circulação
por várias horas ou até mesmo dias.
Esteroides – ficam na circulação por 20 a 100 minutos.
Hormônios tireoidianos – podem ficar na circulação por até seis dias.
A premissa básica para que um hormônio possa exercer efeito em uma célula é a presença ou
expressão de um receptor nesse tecido ou nessa célula. Sem um receptor presente na célula
não há ação hormonal. É como um sistema de rádio, no qual é necessária uma antena
receptora, o sinal de rádio é propagado e a antena receptora vai captar esse sinal e, além disso,
deve existir um sistema de interpretação ou transdução desse sinal para que se possa
amplificar o som na caixa de som e, assim, ouvir a música. Portanto, pode-se traçar um paralelo
com a ação hormonal. Existem receptores nas células-alvo que são capazes de perceber, se ser
sensibilizados pela ação hormonal.
Uma vez que haja a interação entre o ligante, entre o hormônio e o seu receptor, estaremos
sensibilizando a célula e, agora, esse sinal será interpretado por essa célula. Essa interpretação
envolve uma série de cascatas de sinalização, como em uma corrida de bastão, em que a
mensagem, ou bastão, vai passando de um intermediário para o outro até que uma resposta
celular possa acontecer. Esse tipo de mecanismo é muito importante porque garante a
diversificação e amplificação das respostas celulares. Mas, ele pode ser muito diverso e vai
depender, muitas vezes, do mecanismo de ação do receptor.
Os receptores serão classificados de acordo com o tipo de mecanismo de ação que ele exerce.
Os receptores de adrenalina são proteínas de membrana, a adrenalina também é solúvel em
água, são proteínas que atravessam a membrana de cinco a sete vezes, ou seja, a cadeia
polipeptídica tem alças transmembranas que atravessam a membrana sete vezes, tem um
domínio extracelular onde a adrenalina vai se ligar e tem um domínio intracelular que está
acoplado a um sistema proteico chamado de proteína G. A proteína G será ativada quando
esse receptor for sensibilizado e vai ativar uma enzima na membrana plasmática chamada
adenilato ciclase, que é capaz de produzir em grande quantidade uma substância chamada
AMP cíclico, que atua como segundo mensageiro, que vai espalhar o sinal hormonal, agora no
ambiente intracelular. Então, o tipo de receptor, que é dito receptor acoplado à proteína G.
Temos esse mecanismo de ação atribuído à adrenalina, ao glucagon, à serotonina. São
hormônios que, classicamente atuam dessa forma.
Existem hormônios intracelulares, como é o caso do hormônio testosterona, que pode estar
acoplado a fatores de transcrição do próprio núcleo, e esse hormônio vai ativar a transcrição
gênica e, depois, a tradução e a síntese de proteínas. Existem receptores de membrana que
são canais, quando o ligante se associa, esses canais se abrem. A insulina atua sobre um tipo de
receptor especial, um receptor que, quando está ligado com a insulina, ele, na verdade, é
composto de duas unidades proteicas, que se juntam e se autoestimulam. O domínio
intracelular dessa proteína tem atividade enzimática intrínseca e se autofosforila em resíduos
de um aminoácido conhecido como tirosina, e, depois, essa fosforilação, de novo, como em
uma corrida de bastão, esse fosfato vai sendo passado adiante pelos seus intermediários
metabólicos.
Hoje, o estudo sobre a ação dos hormônios permite que compreendamos uma série de
doenças, como é o caso da resistência à insulina. Sabemos que a resistência à insulina é um
quadro clínico que envolve um prejuízo ou a falta de uma ação correta da insulina, que leva a
um quadro clínico chamado de diabetes tipo 2. A etiologia, a origem, da resistência à insulina
não é completamente compreendida, mas temos o entendimento de vários fatores que podem
estar envolvidos para explicar essa não ação da insulina, inclusive, fatores associados aos
mecanismos de interpretação do sinal hormonal. Sabemos, por exemplo, que a resistência à
insulina acontece simultaneamente com o acúmulo de peso, de massa gorda. Sabemos,
também, que o tecido adiposo é um tecido vivo, no sentido endócrino. Ele é capaz de produzir
várias substâncias que são conhecidas como adipocinas e essas substâncias têm uma
concentração na corrente sanguínea proporcional à quantidade de tecido adiposo que um
indivíduo tem no corpo. Essa inflamação sistêmica, provocada pelo acúmulo de gordura é
proveniente, justamente, da liberação excessiva de adipocinas. Então, teremos um excesso de
adipocinas proporcional al excesso de gordura corporal.
Temos o exemplo do TNF Alfa, que é uma das adipocinas pró inflamatórias, que é capaz, por
exemplo de controlar, no tecido muscular e no próprio tecido adiposo, a sinalização
insulinêmica. Sabemos, por exemplo, quando a insulina interage com o receptor de insulina,
ela estimula o receptor, que, por sua vez, ativa uma proteína conhecida como IRS, que é o
substrato para o receptor de insulina. O receptor de insulina vai transferir fosfato em resíduos
de tirosina do IRS e o IRS estará ativo e vai mediar toda a cascata de sinalização insulinêmica. O
TNF alfa é capaz de inibir o IRS, ele vai fosforilar essa proteína em outro resíduo de
aminoácido, inibindo essa proteína e, assim, iremos interromper o sinal insulinêmico, ou, se
alguma forma, diminuir a ação da insulina, mesmo que seja parcialmente. Voltando à analogia
do sistema de rádio, é como se tivéssemos o rádio, temos a antena, mas entre a antena e o
rádio temos um fio cortado. Então, temos um sistema quase todo completo, mas, em algum
momento ali a informação vai se perder ou estará suprimida, e assim, temos uma resistência à
ação desse hormônio.
Temos outros fenômenos que também vão explicar essa resistência à insulina, como, por
exemplo, uma disfunção na própria liberação da insulina, uma redução dos níveis do GLUT4,
que é uma proteína transportadora de glicose, sabemos que em um quadro inflamatório
sistêmico existe uma redução na expressão de GLUT4, especificamente no músculo esquelético
e no tecido adiposo, quanto menos GLUT4 existe nesses tecidos menor a capacidade desses
tecido de captar glicose e, assim, essa glicose acaba acumulando na corrente sanguínea
criando um quadro de hiperglicemia, que é marcante no quadro de diabetes tipo 2, em função
da resistência à insulina.
Essa independência não significa autonomia, ou seja, é como se nossas células soubessem
como fazer suas funções, porém sem saber em que extensão devem fazer, ou até mesmo
quando trabalhar e quando parar de trabalhar.
Essa falta de autonomia é resolvida em boa parte pelas funções do sistema endócrino,
mediada pela ação dos hormônios.
Essa diferença metabólica é explicada pelo fato de que as enzimas responsáveis pela
degradação estão presentes no fígado e no músculo. As da síntese, só o fígado possui e o
eritrócito não expressa nenhum dos dois conjuntos enzimáticos.
Os hormônios só são capazes de exercer efeitos sobre o metabolismo das células-alvo e que
uma célula só é alvo para a ação dos hormônios, quando esta expressa ou possui receptores
específicos para captar o sinal hormonal.
Os hormônios de ação endócrina são aqueles secretados para a corrente sanguínea e que
através da circulação podem mediar efeitos sobre o funcionamento de alvos metabólicos,
distantes do local de produção. Esse sistema de comunicação é a forma que denomina esse
sistema fisiológico.
A maior parte dos hormônios atua dessa forma, por exemplo, o cortisol é secretado pelo córtex
adrenal. Através da corrente sanguínea ele é capaz de controlar funções no fígado, tecido
adiposo e músculo esquelético.
Nem todos os hormônios liberados por um tecido precisam ser levados através da corrente
sanguínea para atingirem seus alvos. As células-alvo, em alguns casos, são células vizinhas e,
quando um hormônio atua controlando o funcionamento de células vizinhas, você pode
denominar essa ação de atividade parácrina.
Exemplo: muitos hormônios produzidos pela mucosa gástrica atuam em outras células da
própria mucosa, sem a necessidade de entrar na circulação sanguínea. Outro exemplo é a ação
dos neurotransmissores nas sinapses químicas que atuam em células vizinhas.
Geralmente são proteínas grandes expressas de forma tecido-específica, ou seja, eles podem
estar presentes em um tecido e ausente em outro.
Estima-se que uma célula possua de 2.000 a 10.000 receptores. Cada receptor é altamente
específico para um único tipo de hormônio, assim, podemos correlacionar a expressão do
receptor à ação hormonal. É a presença de um receptor específico, em um tecido, em
particular, que irá determinar que tipo de hormônio é capaz de sinalizar sua mensagem.
A quantidade de receptores não é fixa e pode variar minuto a minuto. Os receptores podem
ser destruídos, inativados de forma transiente ou definitiva, podem ser sequestrados para o
interior celular ou sua produção pode diminuir.
Por outro lado, a síntese de receptores pode ser estimulada e o número dessas proteínas pode
crescer, aumentando também a sensibilidade da célula ao hormônio.
Exemplo: o efeito da adrenalina sobre os vasos sanguíneos – Durante uma sessão de exercícios
físicos, as glândulas suprarrenais são estimuladas a secretar adrenalina na corrente sanguínea.
Essa adrenalina tem diversas funções que incluem o aumento da frequência cardíaca, a
degradação do glicogênio hepático e o controle do fluxo de sangue para os músculos
esqueléticos.
Nesse contexto, é razoável pensar que os músculos esqueléticos ativados para sustentar o
exercício irão necessitar de mais oxigênio, nutrientes e ouras substâncias, entregues pela
corrente sanguínea e, de forma lógica, podemos deduzir que é necessário aumentar o aporte
de sangue a esse tecido. Acontece que todo o sangue no nosso corpo está dentro do sistema
circulatório, que é fechado, de forma que, tecnicamente, não existe uma reserva de sangue.
Assim, para ser possível aumentar o fluxo sanguíneo para uma região, é necessário diminuir de
outra.
E certa forma, os receptores são “antenas” nas células que captam o sinal hormonal e, assim,
reforçamos a ideia de célula-alvo apresentada anteriormente.
Um hormônio se liga e ativa um receptor seletivo, que, por sua vez, desencadeia uma resposta
de interpretação ou transdução e amplificação desse sinal.
Receptores ligados a canais iônicos – são típicos nas sinapses químicas. Uma das
características de uma sinapse química é o fato de que a comunicação é feita pela ação
de um mensageiro químico, chamado de neurotransmissor, que apresenta as mesmas
propriedades dos hormônios.
Praticamente todos os neurotransmissores, como a norepinefrina, a dopamina e a
serotonina atuam através desse tipo de receptores. Receptores acoplados a canais
iônicos atuam como comportas que podem ser abertas ou fechadas, a partir da
recepção do sinal. A abertura ou fechamento desses canais envolve a mudança na
forma da proteína receptora e, assim, altera a permeabilidade da membrana para
determinados íons.
Geralmente, os canais iônicos são específicos aos íons que podem ser canalizados
através do receptor, como canais de sódio, cálcio ou potássio. Quando fechados,
impedem a passagem desses íons e, quando são abertos, permitem a passagem do íon
correspondente sempre a favor do gradiente de concentração, ou seja, do lado mais
concentrado para o lado menos concentrado da membrana, em um tipo de transporte
conhecido como transporte passivo facilitado.
Receptores ligados à proteína G – A ciência já descreveu mais de 1000 receptores
acoplados à proteína G, que sinalizam suas mensagens dessa forma e que podem ser
ativados por diversos hormônios, como a epinefrina, a glucagon, a serotonina e outros.
Existem duas formas básicas dessa proteína:
A estimulatória (Gs)
A inibitória (Gi)
A estrutura desses receptores é descrita como uma cadeia de proteínas com sete alças
transmembrana. Uma cadeia única de aminoácidos que atravessa a membrana sete
vezes em direção, ora ao citoplasma, ora ao meio extracelular, com algumas partes em
protrusão para cada lado da membrana. No ambiente extracelular, o ligante se associa
a uma região do receptor para sinalizar seus efeitos.
No ambiente intracelular, a cauda dessa cadeia de aminoácidos encontra-se associada
a uma proteína G. Essa proteína é composta por três subunidades (α, β e γ). No estado
inativo, essa proteína está ligada a uma molécula de difosfato de guanosina (GTP). Esse
evento é capaz de provocar o destacamento e deslocamento de subunidades α da
proteína G, através da membrana, para que outras proteínas sejam ativadas.
Esse mecanismo pode abrir canais iônicos, ativar ou inibir outras proteínas
intracelulares da comunicação celular, como a Adenil ciclase e as fosfolipase, para que
os hormônios exerçam seus efeitos.
Receptores ligados a enzimas – Esse tipo de receptor também é conhecido como
aquele com atividade enzimática intrínseca; quando ele é ativado se comporta e
funciona como uma enzima. Neste caso, o receptor é capaz de se ligar a outras
proteínas intracelulares que são consideradas substratos para sua ação e, assim, passa
adiante a sua mensagem.
Esses receptores são proteínas que geralmente têm uma estrutura que atravessa a
membrana apenas uma vez, apresentando um domínio ou região extracelular onde o
hormônio se liga e a porção intracelular é exatamente a região que atua de forma
enzimática. O receptor de insulina se enquadra nessa família de proteínas e, dessa
forma, a insulina é capaz de mediar seus efeitos em células-alvo.
Em outros casos, o receptor em si não atua como uma enzima, mas está diretamente
acoplado com alguma enzima intracelular que tem atividade enzimática. Existem
alguns exemplos de proteínas que atuam, dessa forma, como é o caso da sinalização da
leptina, um hormônio liberado pelo tecido adiposo que controla o apetite e o balanço
energético. Esse mecanismo foi descrito em células de câncer de mama, onde a
serotonina é capaz de ativar seu receptor que está acoplado a essa mesma enzima
chamada Janus quinase (JAK), que, por sua vez, pode desencadear os efeitos
hormonais que incluem o deslocamento de sinais até o núcleo celular e controlar a
expressão de proteínas.
Receptores intracelulares – A classe de receptores intracelulares está associada à
ativação mediada por hormônios de natureza química lipossolúvel, pois assim eles
podem atravessar a membrana plasmática e atuar sobre alvos intracelulares, como no
caso dos receptores dos hormônios esteroides e tireoidianos.
A partir da interação do hormônio com o receptor, muitos dos sinais estão envolvidos
na ativação da transcrição de genes e, consequentemente, regulam a síntese das
proteínas. Assim, esses receptores podem ser encontrados no citoplasma ou até
mesmo no núcleo associado a regiões promotoras da transcrição nos cromossomos.
- Sinalização celular
É comum observarmos que cada um deles pode passar adiante o sinal para mais de um
intermediário nessa cascata de eventos. É como se um intermediário ativasse dois ou mais
intermediários na fila. Essa característica é muito importante e explica por que os níveis
hormonais são tão baixos; graças a esse mecanismo é possível amplificar de forma muito
importante a resposta a partir do sinal hormonal.
Exemplo: a ação da epinefrina sobre a degradação do glicogênio hepático, estima-se que para
cada molécula de epinefrina que ativa o hepatócito são liberadas 10.000 moléculas de glicose,
ou seja, o sinal é amplificado dez mil vezes.
Segundos Mensageiros
Também são proteínas inseridas nas membranas que podem ser ativadas ou inibidas pela
proteína G. Existem diferentes isoformas de fosfolipase, cuja função envolve principalmente a
quebra de fosfolipídios de membrana, especialmente o fosfatilinositol bifosfato (PIP2), em dois
segundos mensageiros.
Sistema Cálcio-Calmodulina
Quando três ou quatro íons cálcio se ligam à proteína calmodulina, essa proteína é ativada e
pode atuar controlando vários intermediários da comunicação celular, resultando no controle
de várias respostas metabólicas.
- Controle dos alvos metabólicos e resposta celular
Em síntese, perceba que os hormônios são mensageiros químicos do sistema endócrino, que
atuam em alvos específicos a partir da interação com receptores seletivos, cuja localização
celular depende da natureza química do hormônio. A partir da formação do complexo
hormônio-receptor, a célula é capaz de interpretar os sinais hormonais por meio de uma
cascata de sinalização, que garante a diversificação e amplificação de respostas, culminando
com o controle do metabolismo, através do controle da atividade ou expressão de enzimas-
chave de diferentes vias metabólicas.
Há muitos hormônios recentemente descobertos, como a irisina, que é uma miocina produzida
pelo músculo, algumas adipocinas produzidas pelo tecido adiposo, como a leptina,
adiponectina, são hormônios peptídicos e, enquanto hormônios peptídicos, cadeias de
aminoácidos, eles são sintetizados como qualquer proteína, ou seja, toda proteína precisa
passar pelas etapas de transcrição gênica e tradução, para que ela possa ser sintetizada e
assim, também, podemos entender isso para a síntese dos hormônios peptídicos. Todo aquele
conteúdo que discutimos em relação à síntese de proteínas podemos extrapolar para a síntese
dos hormônios peptídicos. Assim, vamos depender de uma ativação gênica, que vai envolver a
transcrição de uma sequência no DNA, a que chamamos de gene e essa transcrição leva à
formação de um RNA mensageiro, esse é um processo que acontece no núcleo celular. O RNA
mensageiro sai do núcleo através dos poros presentes na carioteca, vai para o retículo
endoplamático, onde com a ação dos ribossomos, no retículo endoplasmático rugoso vai haver
a tradução desse RNA mensageiro em cadeia poilpeptídica, contendo 3, 8, 10 aminoácidos. Por
exemplo, o hormônio antidiurético tem 8 aminoácidos na sua cadeia, a insulina humana tem
51 aminoácidos em sua cadeia. Então, o número de aminoácidos pode variar entre esses
hormônios. Uma vez que eles tenham sido produzidos, eles serão processados e podem ficar,
em alguns casos, armazenados em vesículas intracelulares antes de serem secretados.
Os hormônios esteroides são derivados do colesterol. Eles não passam pelo mecanismo de
transcrição e tradução gênica. Ainda assim, o colesterol, que é a matéria-prima para fazer
cortisol, testosterona, estrogênio, precisa ser transformado através de reações enzimáticas
nesses compostos e assim teremos, então, processos enzimáticos ocorrendo, normalmente no
retículo endoplasmático liso, e aí não há a dependência dos ribossomos, mas depende da ação
de enzimas para que o colesterol seja transformado em hormônios esteroides. A mesma coisa
acontece para hormônios derivados de aminoácidos. A síntese da serotonina envolve três
reações enzimáticas para que o triptofano seja transformado em serotonina e depois no
produto que será metabolizado e eliminado depois do uso da serotonina. Então, teremos o
envolvimento de reações enzimáticas e geralmente esse é um processo que acontece no
retículo endoplasmático.
Uma vez que os hormônios tenham sido sintetizados, eles serão processados pelo aparelho de
Golgi, serão empacotados em pequenas vesículas e estarão prontos para serem secretados.
A secreção pode ser de dois tipos: secreção constitutiva, cujo exemplo mais clássico são,
essencialmente, os hormônios esteroides, como o cortisol e a testosterona. Nesta secreção, tão
logo o hormônio esteja pronto, ele é imediatamente secretado. Então, essa vesícula se desloca
para a membrana plasmática e no mecanismo de exocitose ela libera o conteúdo na corrente
sanguínea, mas a vesícula não fica armazenada para que esse hormônio seja secretado em um
momento específico. Ele é normalmente produzido e, tão logo ele seja produzido, ele será
secretado. O outro tipo de secreção é a regulada, que também passa pelo processamento no
aparelho de Golgi, o empacotamento em vesícula, só que essas vesículas armazenam
hormônio pronto e esse hormônio fica armazenado no ambiente intracelular até que haja um
sinal para que ele seja, então, secretado, como é o caso da maioria dos hormônios peptídicos.
Eles são pré fabricados, ficam armazenados, e quando vem um sinal qualquer, por exemplo, a
insulina está pronta nas células β pancreáticas, o sinal para que ela seja secretada é a elevação
da glicemia, que acaba refletindo em uma entrada de glicose nas células β pancreáticas, a
entrada de glicose vai ser consumida pelas células β pancreáticas, vai haver a síntese de ATP, o
aumento dos níveis de ATP intracelular vão inibir uma bomba específica da membrana
plasmática das células β pancreáticas, que vão alterar a voltagem no ambiente intracelular,
abrindo canais de cálcio voltagem dependente, o cálcio entra nas células β pancreáticas e vai
deflagrar a exocitose. Então, o cálcio vai ser, essencialmente, o motor primário para que as
vesículas que contém insulina se desloquem para a membrana e a exocitose resulte na
secreção desse hormônio.
Uma vez que esses hormônios tenham sido secretados, eles serão transportados na corrente
sanguínea e o transporte dele também é dependente da natureza química do hormônio.
Hormônios peptídicos são hidrossolúveis, então se misturam no plasma sanguíneo e são
transportados livremente no plasma. Hormônios esteroides são lipossolúveis, não vão se
misturar muito bem no plasma, então vão depender de mecanismos de transporte. Hormônios
como a testosterona e estrogênio precisam se associar a proteínas transportadoras para serem
transportadas através da corrente sanguínea.
MÓDULO 3
O hipotálamo recebe sinais vindos de várias partes do sistema nervoso, que podem estar
associados à fome, saciedade, dor, pressão, volemia (volume sanguíneo), concentração de
nutrientes no sangue e vários outros estímulos que requeiram ajustes fisiológicos. Neste
sentido, o hipotálamo pode ser considerado como um centro de controle o bem-estar interno
do organismo, controlando diversos aspectos do equilíbrio fisiológico.
A partir desses sinais, o hipotálamo libera hormônios ou fatores hipotalâmicos, liberadores ou
inibidores, que irão controlar respostas na glândula hipófise, estimulando ou inibindo a
liberação dos hormônios hipofisários na corrente sanguínea. Praticamente toda excreção
hipofisária é controlada pelo hipotálamo e essa comunicação representa um eixo de ligação
neuroendócrina, capaz de controlar inúmeras funções fisiológicas.
Hormônios hipotalâmicos
- Glândula hipófise
A hipófise é uma pequena glândula, com cerca de 1 centímetro de diâmetro, que pesa entre
0,5 e 1 grama. Também conhecida como glândula pituitária, está localizada na base do cérebro
e ligada ao hipotálamo através do pedúnculo hipofisário. Fisiologicamente, a hipófise pode ser
dividida em duas porções:
1. Ocitocina;
2. Hormônio antidiurético (ADH) – também conhecido como vasopressina.
Ambos são hormônios peptídicos muito semelhantes, contendo nove resíduos de aminoácidos
cada um, dentre os quais apenas dois são diferentes e todos os iguais estão exatamente na
mesma posição da cadeia.
Uma das funções fisiológicas do ADH para contrapor essas mudanças é o seu controle sobre a
diurese renal. Os túbulos e ductos coletores dos néfrons são quase impermeáveis à água,
contudo, o ADH é capaz de provocar a exocitose de vesículas contendo poros de água
chamados de aquaporinas, que se deslocam para as membranas, provocando a reabsorção de
água do filtrado glomerular e exercendo seu efeito antidiurético, que contribui para a
manutenção da volemia e da pressão arterial.
Adeno-hipófise
É também conhecida como hipófise anterior e, embriologicamente, suas células são
desenvolvidas a partir da invaginação embrionária do tecido faríngeo e, assim, apresentam
uma composição epitelioide. Essa porção é altamente vascularizada e quase todo sangue que
chega a essas células passa primeiro pela porção inferior do hipotálamo, onde os fatores
hipotalâmicos são secretados. Esse sistema é conhecido como porta hipotalâmico-hipofisário.
A adeno-hipófise é uma glândula formada por vários tipos celulares diferentes e cada
hormônio é produzido e secretado por uma célula específica. Seis hormônios proteicos ou
glicoproteicos são produzidos e secretados pela adeno hipófise, na circulação sanguínea, em
resposta aos fatores hipotalâmicos:
O GH ou somatotropina, é uma molécula proteica com 191 aminoácidos que, ao contrário dos
demais hormônios da adeno-hipófise, não age indiretamente por meio de outras glândulas,
mas age diretamente sobre quase todos os tecidos do organismo. Apesar disso, ele também
exerce efeitos indiretos ao estimular a liberação de fatores de crescimento semelhantes à
insulina (o IGF, ou somatomedinas) no fígado, que exercem grande parte das funções do GH.
Controle de secreção de GH
A redução dos níveis de glicose, ácidos graxos livres e proteínas no sangue, o jejum, o
exercício físico, outras situações de estresse e o sono profundo promovem a liberação
do GH.
Por outro lado, o aumento da glicemia, dos ácidos graxos livres no plasma, a
obesidade, o envelhecimento, a somatostatina e o uso de GH exógeno, como no
doping, reduzem a liberação de GH.
- Eixo adrenocorticotrófico
Glândulas adrenais
As glândulas suprarrenais estão localizadas na região superior dos rins e são formadas por duas
partes distintas:
Mineralocorticoides
Sistema renina-angiotensina-aldosterona
O organismo envolve vários sistemas, órgãos, tecidos e respostas para controlar a pressão
arterial e como todas elas, em conjunto, se somam, cada qual contribuindo para o equilíbrio
fisiológico. Esse é um ótimo exemplo de integração fisiológica.
Glicocorticoides
O cortisol é responsável por 95% da atividade glicocorticoide. O restante dos efeitos é mediado
principalmente pela corticosterona. A secreção do cortisol é estimulada pelo ACTH da adeno-
hipófise que, por sua vez, é secretado em resposta ao CRH do hipotálamo.
O cortisol é regulado por diferentes tipos de estresses fisiológicos, como um trauma, uma
infecção, calor ou frio intensos, o jejum, o exercício físico, o estresse mental, levando à
secreção de ACTH que pode elevar os níveis de cortisol em até 20 vezes. Outro fator de
controle dos níveis de cortisol é o ritmo circadiano, as taxas de CRH, ACTH e cortisol podem ser
até quatro vezes maiores no início da manhã em comparação com o final da noite.
Assim como todos os controles hormonais, as ações do cortisol são extremamente lógicas e
harmônicas, seus efeitos fazem todo sentido quando analisados em conjunto e ainda em
função das condições em que o eixo endócrino é estimulado. A liberação do cortisol ocorre em
diferentes situações de estresse fisiológico; uma característica comum dessas situações é a
necessidade de manter o equilíbrio da disponibilidade de nutrientes. Tanto o jejum quanto o
exercício físico, ou até o estresse mental, de alguma forma, sobrecarregam o seu organismo,
seja pela escassez ou pelo aumento da necessidade energética que impõem um controle mais
fino sobre a disponibilidade dos nutrientes. Veja a seguir.
Um efeito suporta o outro. Ao mesmo tempo em ele “manda” construir algum produto, ele
também “manda” buscar e entregar a matéria-prima para essa produção. Adicionalmente, os
efeitos sobre a gliconeogênese, a cetogênese e a mobilização de triglicérides se completam, no
sentido de manter a disponibilidade energética para o organismo superar o estresse fisiológico.
Glândula Tireoide
Apesar disso, no plasma, uma grande parte de T4 é deionizado, ou seja, perde um iodo e, assim,
é transformado em T3.
A manutenção dos níveis normais da atividade metabólica requer uma quantidade precisa
desses hormônios e esses níveis são controlados por mecanismos específicos de feedback no
hipotálamo e na hipófise. Dessa forma, são os próprios níveis plasmáticos de T3 e T4 que
controlam o eixo neuroendócrino.
Quando os níveis tendem à redução, o hipotálamo irá secretar o hormônio tireotrópico (TRH)
que, por sua vez, estimula os tireotropos – células adeno-hipofisárias que secretam o
hormônio tireoestimulante (TSH), também controlado por feedback que, então, irá atuar na
glândula tireoide. De forma oposta, os níveis satisfatórios desses hormônios inibem a atividade
hipotalâmica-hipofisária em um mecanismo de feedback negativo.
Produção e armazenamento de T3 e T4
Os hormônios tireoidianos são formados a partir do aminoácido tirosina, mas requerem iodo
para sua produção, que deve ser obtido pela alimentação. O retículo endoplasmático e o
complexo de Golgi das células da tireoide secretam uma grande glicoproteína chamada
tireoglobulina, que contém cerca de 70 resíduos de tirosina. Esses aminoácidos serão
combinados ao iodo para a formação dos hormônios T 3 e T4 na própria tireoglobulina. Ao final
do processo de síntese, cada tireoglobulina contém, aproximadamente, 30 moléculas desses
hormônios, que podem ficar armazenados por até três meses.
Contudo, os efeitos de T3 são até quatro vezes mais potentes do que os de T4 e o tempo de
permanência na corrente sanguínea também é maior.
O crescimento da taxa metabólica basal requer uma série de outros ajustes fisiológicos, que,
mais uma vez, nos serve de exemplos interessantes da harmonia no controle das funções
fisiológicas.
O débito cardíaco;
A frequência cardíaca;
A força do miocárdio.
Isso garante a distribuição do fluxo sanguíneo sem aumentar a pressão arterial, em função de
uma redução da resistência vascular periférica, o que tem dois efeitos importantes: o primeiro,
garantir que o fluxo de sangue atinja todos os tecidos e, o segundo, ampliar a troca de calor
para manter a temperatura corporal em um cenário em que está havendo acréscimo da
termogênese.
Os hormônios T3 e T4 ainda exercem efeitos sobre o sistema digestório. Além disso, exercem:
Eixo gonadotrópico
O hipotálamo, através da liberação do hormônio liberador da gonadotropina (GnRH), regula a
liberação dos hormônios luteinizantes (LH) e o folículo estimulante (FSH) pela adeno-hipófise.
Estas duas gonadotropinas são glicoproteínas com duas subunidades (α e β) que regulam a
função secretora das gônadas.
Gônadas masculinas
Função da testosterona
Gônadas femininas
Na mulher, os ovários são estimulados da mesma forma que os testículos masculinos, através
do eixo hipotálamo-hipófise, por meio da ação dos hormônios LH e FSH e, assim,
desempenharão suas funções reprodutivas, como a ovulação e a secreção dos hormônios
ovarianos, estrógenos e progestinas.
Hormônios ovarianos
Ambos são hormônios esteroides e, pela mesma razão que a testosterona, requerem
transportadores plasmáticos e atuam através de receptores intracelulares.
O controle das taxas de secreção hormonal feminina é determinado pelo ciclo sexual mensal
feminino, um ciclo que dura em média 28 dias e tem a função primordial de produzir um único
óvulo por mês, além de preparar o endométrio uterino para a implantação do óvulo fertilizado.
Os efeitos dos estrógenos sobre o metabolismo ósseo passam pela inibição da atividade dos
osteoclastos, estimulando o crescimento ósseo. Por outro lado, os estrógenos têm um potente
efeito na calcificação das epífises dos ossos longos e, após rápido crescimento em estatura
durante a puberdade, a mulher para de crescer. Em comparação com a testosterona nos
homens, esse efeito é mais potente, o que justifica a menor estatura média das mulheres em
relação aos homens.
Vários efeitos metabólicos dos estrógenos são semelhantes aos relatados para a testosterona,
porém, com menor potência, como é o caso do efeito anabólico sobre a síntese de proteínas e
o aumento da taxa metabólica basal, que resulta em uma ligeira redução da gordura corporal.
De forma parecida, os efeitos sobre a distribuição de pelos são menores e mais restritos às
áreas do corpo.
Funções da progesterona
Durante a última metade do ciclo sexual feminino mensal, o endométrio uterino sofre
mudanças em suas propriedades secretórias para preparar o útero para a implantação do
óvulo fertilizado.
Essa função é estimulada pela progesterona e você pode considerar como a função mais
importante desse hormônio. Nessa fase, a progesterona reduz as contrações uterinas,
contribuindo para aumentar a chance de fixação do óvulo implantado.
- Pâncreas endócrino
O pâncreas pode ser fisiologicamente dividido em exócrino e endócrino. Os ácinos são células
que secretam o suco digestivo no duodeno e representam o pâncreas exócrino, enquanto as
ilhotas de Langherans secretam, principalmente, insulina e glucagon na circulação sanguínea e,
assim, você tem a porção endócrina da glândula. Há também outros fatores hormonais, como a
amilina, a somatostatina e o polipeptídeo pancreático.
Controle da secreção da insulina
Uma vez que a glicose tenha sido internalizada nesses tecidos, ela será metabolizada por meio
do estímulo da insulina sobre o controle de várias vias metabólicas. Nesse sentido, a insulina
provoca o aumento da síntese de glicogênio no fígado e no músculo, para promover os
estoques de glicose nesses tecidos.
O nosso organismo é fruto de dezenas de milhares de anos de evolução e, apenas nos últimos
150 a 200 anos, temos acesso a alimentos em cada esquina e ainda alimentos hipercalóricos.
Dessa forma, nosso organismo desenvolveu estratégias metabólicas de armazenar todo o
excedente da dieta.
É aqui que entra o papel da insulina sobre o controle do metabolismo de lipídeos. Veja, a
seguir, o processo:
Esse mesmo efeito de estimulação da síntese de ácidos graxos a partir de glicose ocorre no
tecido adiposo. Entretanto, o fígado não armazena a gordura que produz, assim, esses ácidos
graxos são associados a lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL) e exportados para a
circulação, levando os ácidos graxos a serem estocados no fígado. Para você ter uma ideia, os
níveis de VLDL no sangue aumentam mais após uma dieta rica em açúcar, do que após uma
dieta rica em gorduras.
Funções do glucagon
Uma das glândulas mais estudadas é o pâncreas, que tem um conjunto de células, que pode
ser dito pâncreas-endócrino, que atribui a ele a capacidade endócrina, na medida que células
pancreáticas localizadas nas ilhotas de Langerhans são capazes de produzir substâncias
químicas que atuam de forma sistêmica, são secretadas na corrente sanguínea e vão atuar de
forma sistêmica. Basicamente o pâncreas endócrino é compreendido por células que secretam
insulina, glucagon e somatostatina, que vão atuar em praticamente todos os tecidos do nosso
corpo.
Um outro eixo muito clássico de estudo da fisiologia endócrina é o eixo entre o hipotálamo e a
hipófise e vários órgãos-alvo periféricos. O hipotálamo é capaz de receber sinais periféricos de
diversas fontes, diversas origens, como sinais envolvendo o controle de homeostase, de
pressão arterial, de volemia, de osmolaridade, de fome e saciedade e, através dessas respostas
que ele recebe, ele percebe a necessidade fisiológica e, na medida em que ele percebe essa
necessidade, ele exerce efeito sobre a hipófise, que é uma pequena glândula localizada na base
do cérebro, imediatamente abaixo do hipotálamo e é dividida em duas porções: a
adenohipófise ou hipófise anterior e a neurohipófise ou hipófise posterior. A adenohipófise é
formada por células endócrinas e é irrigada por uma rede de capilares especiais que é
proveniente da circulação hipotalâmica. Quando o hipotálamo recebe esses sinais periféricos,
como, por exemplo, um sinal de estresse, o indivíduo está em jejum e o jejum, em função da
tendência à redução da glicemia vai ser percebido pelo hipotálamo que vai liberar um fator
capaz de cair no sistema circulatório próprio, chamado de porta-hipofisário, o fator CRH ou
hormônio liberador de corticotrofina, e esse hormônio cai na circulação porta-hipofisária, vai
atuar na adenohipófise, especificamente em células especializadas em secretar outro fator
hormonal, conhecido como ACTH ou hormônio adrenocorticotrófico. Esse fator vai cair na
corrente sanguínea sistêmica e vai atuar sobre o córtex da suprarrenais promovendo a
liberação do cortisol, que, caindo na corrente sanguínea sistêmica pode contribuir para evitar
que essa glicemia tenda a uma redução, a uma hipoglicemia, provocando, no fígado, por
exemplo, um estímulo sobre a gliconeogênese, sustentando essa gliconeogênese através do
catabolismo de proteínas no tecido muscular, ou seja, ele estimula o tecido muscular a quebrar
as suas proteínas para liberar aminoácidos, que são destinados ao metabolismo hepático e as
enzimas da gliconeogênese, que estão sendo estimuladas pelo próprio cortisol vão transformar
esses aminoácidos em glicose e assim conseguimos manter a glicemia mesmo em períodos de
jejum muito longos. E, dessa forma, temos um ótimo exemplo de integração metabólica em
que temos o hipotálamo controlando a hipófise, por sua vez controlando uma glândula
endócrina periférica e essa glândula endócrina secreta um fator hormonal, o cortisol, que atua
em diferentes tecidos para garantir a homeostase fisiológica.