Você está na página 1de 8

Definir hormônio detalhando sua função, mecanismo de ação e classificação química.

Os hormônios são substâncias químicas que afetam a atividade de outra parte do corpo
(local-alvo). Em essência, os hormônios atuam como mensageiros que controlam e
coordenam as atividades em todo o corpo.

Hormônios são substâncias químicas (mensageiros) produzidas e secretadas pelas


glândulas endócrinas e que, lançadas na corrente sanguínea, coordenam o funcionamento
do organismo como um todo. Algumas funções que controlam são: atividades de órgãos
completos, níveis de sais, açúcares e líquidos no sangue, o uso e armazenamento de
energia, o crescimento e o desenvolvimento de um determinado organismo, sua
reprodução, suas características sexuais.

MECANISMOS DE AÇÃO DOS HORMÔNIOS (p. 930)

Receptores Hormonais e sua Ativação

Os hormônios controlam os processos celulares por meio da interação com os receptores


das células-alvo. Esses receptores estão (1) sobre ou no interior da membrana celular,
como no caso dos hormônios protéicos/peptídicos e das catecolaminas; e (2) no interior da
célula, no citoplasma ou no núcleo, como no caso dos hormônios esteróides e tireoidianos.
Geralmente, os receptores são específicos para determinado hormônio. A interação
hormônio-receptor está ligada a um mecanismo de geração de sinal que, então, causa uma
mudança nos processos intracelulares por meio da alteração da atividade ou da
concentração de enzimas, proteínas carreadoras e assim por diante.

QUÍMICA, SÍNTESE, ARMAZENAMENTO E SECREÇÃO DOS HORMÔNIOS (p. 925)

Hormônios Classificados de Acordo com a Estrutura Química (p. 927)

Quimicamente, existem três tipos de hormônios e neuro-hormônios.


● Proteínas e peptídios. Incluídos neste grupo estão os peptídeos variando de
pequenas, com três aminoácidos (p. ex., hormônio liberador de tireotropina) até
longas proteínas com quase 200 aminoácidos (p. ex. hormônio do crescimento e
prolactina).
● Esteróides. Os esteróides são derivados do colesterol e incluem os hormônios
adrenocorticais (cortisol, aldosterona) e os gonadais (testosterona, estrogênio,
progesterona)
● Derivados do aminoácido tirosina. Incluídos neste grupo estão os hormônios
tireoidianos (tiroxina e tri-iodotironina) e da medula adrenal (epinefrina e
norepinefrina).

Descrever sobre a regulação e controle da liberação hormonal em busca da


homeostasia.

MANUTENÇÃO DA HOMEOSTASIA E REGULAÇÃO DOS PROCESSOS CORPORAIS (p.


925)
Em muitos casos, o controle neural e endócrino dos processos corporais é alcançado por
meio das interações entre estes dois sistemas, que estão ligados por meio das células
neuroendócrinas localizadas no hipotálamo. Os axônios terminam na hipófise posterior e na
eminência mediana. Os neuro-hormônios secretados dessas células neuroendócrinas
incluem o hormônio antidiurético, a ocitocina e os hormônios hipofisiotróficos (que controlam
a secreção dos hormônios da hipófise anterior). Os hormônios e neuro-hormônios
desempenham um papel fundamental na regulação de quase todos os aspectos da função
corporal, incluindo o metabolismo, o crescimento e o desenvolvimento, o equilíbrio hídrico e
eletrolítico, a reprodução e o comportamento.

Mecanismos de regulação

Os processos da homeostáticos são controlados pelos mecanismos de feedback negativo e


feedback positivo, também chamados de retroalimentação. Eles são considerados como
uma mudança na condição dos componentes, gerando uma reação que reduz ou aumenta
a resposta do sistema onde ele está inserido.

Controle da Secreção Hormonal e Feedback Negativo (p. 929)

Na maioria dos casos, a taxa de secreção hormonal é controlada por feedback negativo. De
forma geral, as glândulas endócrinas tendem a hiper secretar o hormônio, o qual, por sua
vez, controla a função da célula-alvo. Quando há excesso de ações hormonais sobre a
célula-alvo, as condições ou os produtos resultantes dão feedback para a glândula
endócrina e causam um efeito negativo sobre a glândula, diminuindo sua taxa de secreção.

A secreção hormonal envolve a síntese ou a produção do hormônio e sua liberação da


célula. Em geral, a discussão da regulação da liberação hormonal nesta seção refere-se
tanto à síntese quanto à secreção; os aspectos específicos relativos ao controle diferencial
da síntese e da liberação de hormônios específicos serão discutidos nos respectivos
capítulos, onde será considerada sua relevância. Os níveis plasmáticos hormonais oscilam
durante o dia, exibindo picos e depressões específicos de cada hormônio. Esse padrão
variável de liberação hormonal é determinado pela interação e pela integração de múltiplos
mecanismos de controle, os quais incluem fatores hormonais, neurais, nutricionais e
ambientais que regulam a secreção constitutiva (basal) e estimulada (níveis máximos) dos
hormônios. A liberação periódica e pulsátil dos hormônios é de suma importância na
manutenção da função endócrina normal e nos efeitos fisiológicos exercidos sobre o
órgão-alvo. O papel importante do hipotálamo e, em particular, do sistema foto
neuroendócrino no controle da pulsatilidade dos hormônios. Embora os mecanismos que
determinam a pulsatilidade e a periodicidade da liberação hormonal não estejam totalmente
elucidados para todos os diferentes hormônios conhecidos, podem ser identificados três
mecanismos gerais como reguladores comuns da liberação hormonal.
Caracterizar o mecanismo de regulação dos receptores hormonais

Os hormônios exercem seus efeitos biológicos por sua ligação a receptores hormonais
específicos nas células-alvo, e o tipo de receptor ao qual se ligam é determinado, em
grande parte, pela estrutura química do hormônio. Com base em sua localização celular, os
receptores hormonais são classificados em receptores de membrana celular ou receptores
intracelulares.
Os peptídeos e as catecolaminas são incapazes de atravessar a bicamada lipídica da
membrana celular e, em geral, ligam-se a receptores de membrana celular, com exceção
dos hormônios da tireoide, conforme assinalado anteriormente. Os hormônios tireoidianos
são transportados para dentro da célula e ligam-se a receptores nucleares. Os hormônios
esteróides, que são lipossolúveis, atravessam a membrana plasmática e ligam-se a
receptores intracelulares.

Os hormônios podem influenciar a responsividade da célula-alvo pela modulação da função


dos receptores. As células-alvo têm a capacidade de detectar alterações no sinal hormonal
em uma variedade de intensidades de estímulo. Isso requer que a célula seja capaz de
sofrer um processo reversível de adaptação ou dessensibilização, por meio do qual a
exposição prolongada a determinado hormônio diminui a resposta a mudanças na
concentração hormonal (mais do que à concentração absoluta do hormônio) ao longo de
uma faixa muito ampla de concentrações hormonais. Diversos mecanismos podem estar
envolvidos na dessensibilização a um hormônio. Por exemplo, a ligação do hormônio a
receptores de superfície celular pode induzir a endocitose e o sequestro temporário em
endossomas. Essa endocitose de receptores induzida pelo hormônio pode levar à
destruição dos receptores nos lisossomos, um processo conhecido como dowregulation do
receptor. Em outros casos, a dessensibilização resulta de uma rápida inativação dos
receptores, como, por exemplo, em consequência da fosforilação do receptor. A
dessensibilização também pode ser causada pela alteração em uma proteína envolvida na
transdução de sinais após a ligação do hormônio ao receptor, ou pela produção de um
inibidor que bloqueia o processo de transdução. Além disso, um hormônio pode exercer
uma dowregulation ou diminuir a expressão dos receptores de outro hormônio e reduzir a
eficiência deste último hormônio. Os receptores hormonais também podem sofrer
upregulation. A upregulation dos receptores envolve um aumento no número de receptores
hormonais específicos e, com frequência, ocorre quando os níveis prevalentes do hormônio
se encontram baixos durante certo período. O resultado consiste em aumento de
responsividade aos efeitos fisiológicos hormonais no tecido-alvo, quando os níveis dos
hormônios são restaurados, ou quando se administra um agonista do receptor. Um
hormônio também pode prejudicar os receptores de outro hormônio, aumentando sua
eficiência no tecido-alvo. Um exemplo desse tipo de interação é a upregulation dos
receptores adrenérgicos dos miócitos cardíacos após elevação sustentada dos níveis de
hormônio tireoidiano.

Citar as principais glândulas endócrinas, localização, hormônio secretado e os


mecanismos de ação.

O sistema endócrino é constituído por um conjunto de glândulas localizadas em diferentes


áreas do corpo, como a tireóide, as gônadas e as glândulas supra-renais, e pelos
hormônios por elas sintetizados, tais como a tiroxina, os estrogênios e progestagênios, a
testosterona e a adrenalina.

A hipófise ou pituitária é a principal glândula do sistema endócrino, localizada na base do crânio,


embaixo do cérebro. Influi direta ou indiretamente na produção e liberação de outros hormônios
e está sob controle do sistema nervoso central. É dividida em duas partes: a adeno-hipófise
(anterior), que é responsável pela produção de hormônios que regulam as atividades de outras
glândulas endócrinas, como o hormônio estimulador do folículo (FSH) e o hormônio luteinizante
(LH), produzindo também um hormônio responsável pelo crescimento; e a neuro-hipófise
(posterior), responsável pela produção do hormônio que controla a retenção e excreção da água
pelos rins.

As paratireóides constituem quatro pequenas glândulas localizadas no pescoço, atrás da


tireóide. Secretam o hormônio responsável pelo equilíbrio metabólico de cálcio e fósforo no
organismo. Já a tireóide está localizada em volta da traquéia, sendo dividida em dois lóbulos.
Regula o metabolismo, ou seja, a proporção e a maneira pela qual os alimentos são
transformados em energia. É responsável também pela produção de calor corporal e energia
muscular, pelo crescimento e desenvolvimento, e pela distribuição e reserva de água e sais no
corpo. Secreta os hormônios tiroxina e triiodotironina, que controlam o crescimento e a taxa
metabólica, e a calcitonina que canaliza o cálcio no sangue para ser armazenado nos ossos.

O timo é a glândula associada ao sistema linfático, responsável por recolher os dejetos da


atividade celular, pela distribuição de nutrientes (principalmente gorduras), e pelo transporte dos
glóbulos brancos (leucócitos). Ajuda a "treinar" os glóbulos brancos na luta contra as infecções,
através do reconhecimento dos germes e outros invasores do corpo.

As supra-renais ou adrenais são as glândulas localizadas acima dos rins. São divididas em duas
camadas distintas: medula (parte interna) e córtex (parte externa). A medula é responsável por
secretar, na corrente sanguínea, os hormônios adrenalina e noradrenalina. Também prepara o
corpo para a ação em uma situação de perigo ou estresse. O córtex é o responsável pela
produção de hormônios corticóides como a aldosterona, que mantém o equilíbrio de água e sais
nos rins (íons K+ e Na+), os glucocorticóides, que aceleram o metabolismo e atuam no
armazenamento dos açúcares, proteínas e gorduras, e também auxilia a produção de hormônios
sexuais.

O pâncreas atua tanto como uma glândula exócrina quanto endócrina. Como glândula exócrina
produz vários sucos digestivos, ricos em enzimas, que passam do canal pancreático para o
intestino delgado e atuam na digestão dos alimentos. Como glândula endócrina produz
hormônios que fluem diretamente para a corrente sanguínea. O pâncreas é pontilhado por
pequenos aglomerados de células (ilhotas de Langerhans) que secretam dois tipos de
hormônios: a insulina e o glucagon. O equilíbrio entre estes dois hormônios é que controla o
nível de glicose no sangue.

Os testículos são os responsáveis pela produção de espermatozóides e andrógenos, os


hormônios sexuais masculinos. Os espermatozóides são produzidos durante toda a vida e,
quando não são liberados, morrem e são reabsorvidos pelo organismo. A formação dos
espermatozóides é controlada pelo hormônio estimulador do folículo (FSH), hormônio
luteinizante (LH) e pela testosterona, principal androgênio. Ela é responsável pelo
desenvolvimento do órgão reprodutor masculino, desde a gestação, além de aumentar a síntese
de proteínas, especialmente nos músculos, e contribuir com as funções anabólicas.

Os ovários são responsáveis por produzir e expelir o óvulo, após o seu amadurecimento.
Também produzem os hormônios sexuais, regulam a ovulação e a menstruação, garantem a
manutenção da gravidez e são os responsáveis pelo desenvolvimento dos caracteres femininos,
influenciando no crescimento dos órgãos reprodutivos. O ciclo menstrual é controlado por quatro
hormônios: o hormônio estimulador do folículo (FSH), o hormônio luteinizante (LH), os
estrogênios (como o estradiol, que estimula o desenvolvimento do endométrio e influencia a
libido) e a progesterona, essencial para o desenvolvimento do embrião (placenta e glândulas
mamárias).

Descrever o eixo hipotálamo hipófise e o mecanismo de interação para as principais


glândulas endócrinas

Os órgãos endócrinos estão distribuídos por todo o corpo, e sua função é controlada por
hormônios liberados no sistema circulatório ou produzidos localmente, ou por estimulação
neuroendócrina direta. A integração da produção hormonal pelos órgãos endócrinos é
regulada pelo hipotálamo. ACTH, hormônio adrenocorticotrófico, de adrenocorticotropic
hormone; CRH, hormônio de liberação da corticotrofina, de corticotropin-releasing hormone;
FSH, hormônio folículo-estimulante, de follicle-stimulating hormone; GHRH, hormônio de
liberação do hormônio do crescimento, de growth hormone-releasing hormone; GnRH,
hormônio de liberação das gonadotrofinas, de gonadotropin-releasing hormone; LH,
hormônio luteinizante, de luteinizing hormone; MSH, hormônio melanócito-estimulante, de
melanocyte-stimulating hormone; TRH, hormônio de liberação da tireotrofina, de
thyrotropin-releasing hormone; TSH, hormônio tireoestimulante, de thyroid-stimulating
hormone; T3, triiodotironina; T4, tiroxina.

A glândula hipófise é uma estrutura pequena, que se projeta do encéfalo para baixo,
conectada a ele por uma fina haste e repousa em uma cavidade óssea protetora. Já de
forma embrionária, sabe-se que ela é a junção de dois tecidos embrionários. A glândula
hipófise é dividida em duas estruturas, a adeno-hipófise, localizada anteriormente, é uma
glândula endócrina, de origem epitelial, derivada do tecido embrionário que forma o teto da
cavidade oral. Já a neuro-hipófise, também conhecida como hipófise posterior, por estar
localizada posteriormente, é uma extensão do tecido neural do encéfalo. Ela é a
responsável por secretar neuro-hormônios produzidos no hipotálamo, a região do encéfalo
que controla diversas funções homeostáticas.

A neuro-hipófise é responsável pelos neuro-hormônios

Em áreas do hipotálamo conhecidas como núcleo paraventricular e núcleo supraóptico


estão agrupados os neurônios que produzem a ocitocina e vasopressina, neuro-hormônios
armazenados e liberados pela neuro-hipófise. Uma vez que esses neuro-hormônios são
empacotados em vesículas secretoras, eles são transportados até a neuro-hipófise, por
longas projeções de neurônios, conhecidas como axônios. Quando um estímulo chega ao
hipotálamo, os conteúdos das vesículas são liberados na circulação, onde viajam até seus
alvos. Assim, é importante pontuar que a vasopressina, também chamada de hormônio
antidiurético ou ADH, atua sobre os rins, regulando o balanço hídrico do corpo. Ademais,
nas mulheres, a ocitocina controla a ejeção de leite, durante a amamentação, e as
contrações do útero durante o parto.

A adeno-hipófise e seus seis hormônios

A adeno-hipófise é uma glândula endócrina muito importante que secreta seis hormônios
fundamentais para a manutenção da vida, sendo eles a prolactina, a tireotrofina, a
adrenocorticotrofina, o hormônio do crescimento, o hormônio folículo-estimulante e o
hormônio luteinizante. Assim, ressalta-se que a secreção desses hormônios da
adeno-hipófise é controlada por neuro-hormônios hipotalâmicos. Eles são, geralmente,
identificados como hormônios liberadores ou inibidores.

A conexão se dá pela circulação sanguínea. Há uma rede de capilares que levam os


hormônios liberadores produzidos pelo hipotálamo até o lobo anterior da hipófise. E, ao
chegar na adeno-hipófise, a estimulam a produzir e secretar o hormônio.

Sete hormônios são liberados pelo hipotálamo para atuar na adeno-hipófise. Desses, cinco
são hormônios estimulantes de liberação, sendo eles:

1. PRH – Hormônio liberador de prolactina


2. GHRH – Hormônio liberador de hormônio do crescimento
3. CRH – Hormônio liberador de corticotrofina
4. TRH – Hormônio liberador de tireotrofina
5. GNRH – Hormônio liberador de Gonadotrofina.
O hipotálamo secreta também outros dois hormônios que atuam na adeno-hipófise, mas
esses têm função de inibição:

1. Dopamina (inibe produção de prolactina)


2. Somatostatina (inibe produção de GH)

Sendo estimulada pelos cinco hormônios liberadores descritos acima, a adeno-hipófise faz
secreção de seis hormônios:

1. Prolactina
2. GH (Hormônio do Crescimento)
3. ACTH (Hormônio Adrenocorticotrófico)
4. TSH (Hormônio estimulante da Tireoide)
5. LH (Hormônio Luteinizante)
6. FSH (Hormônio Folículo estimulante)

Você também pode gostar