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Objetivo da Unidade:
ʪ Contextualização
ʪ Material Teórico
ʪ Material Complementar
ʪ Referências
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ʪ Contextualização
Imagine que você saiu para trabalhar e esqueceu a janela do quarto aberta. Então começou a
chover! Você precisa fechar a janela, mas não está em casa. O que você faz? Pega o telefone, liga
para a sua mãe e pede para ela fechar a janela. Os hormônios, substâncias liberadas por
glândulas presentes em diversas regiões do nosso organismo, agem como o telefone dessa
pequena história, transmitindo informações entre órgãos, tecidos e células, controlando
diversas funções corporais.
É isso que acontece, por exemplo, durante a infância, em que o hormônio do crescimento atua
passando a informação de que “é necessário crescer” para as células de todo o corpo, ou então,
após uma sessão de treinamento, em que substâncias como a testosterona atuam na
contribuição do aumento de força a partir do aumento de massa muscular. O sistema endócrino
atua na produção, na secreção e na regulação desses mensageiros químicos, a fim de manter o
equilíbrio entre dose e resposta no organismo. Portanto, o entendimento desse sistema em
repouso e diante situações de maiores exigências físicas é relevante para os profissionais de
saúde intervirem de forma apropriada e eficiente em face das respostas hormonais do corpo
humano.
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ʪ Material Teórico
Hormônio
Existem três classes gerais de hormônios: (i) hormônios formados por proteínas e
polipeptídios, (ii) formados por esteroides e (iii) formados por derivados de aminoácidos de
tirosina. Os hormônios são produzidos em diversos órgãos (Figura 1) e possuem diversas
funções (Quadro 1). Nesse sentido, os hormônios endócrinos são liberados por glândulas ou
células especializadas no sangue e influenciam a função das células-alvo em outro local do
corpo; os hormônios neuroendócrinos são secretados por neurônios no sangue e influenciam a
função de células-alvo em outro local do corpo; os autócrinos são secretados por células no
líquido extracelular e afetam a função das mesmas células que os produziram; os parácrinos são
secretados por células também no líquido extracelular, porém, diferentemente dos autócrinos,
afetam células-alvo vizinhas de tipo diferente.
Figura 1 – Localização anatômica das principais glândulas
e órgãos produtores de hormônios
Fonte: Adaptada de GUYTON; HALL, 2011
Glossário
Membrana Celular: é a membrana que envolve a célula, delimitando-a
e protegendo-a;
Citoplasma: é o espaço interno da célula, onde estão localizadas as
principais organelas das células, como a mitocôndria, e o núcleo;
Núcleo Celular: é o compartimento celular onde as informações
genéticas são armazenadas.
A Glândula Hipófise
Hipófise Anterior
A hipófise anterior é responsável por secretar seis hormônios peptídeos que desempenham
papéis importantes no controle das funções metabólicas do organismo e outros hormônios de
menor importância. Os seis hormônios de maior importância são:
Para aumentar a síntese proteica, o GH potencializa vários mecanismos celulares que estão
ligados ao crescimento, aumentando o transporte de aminoácidos para dentro das células. Além
disso, o GH apresenta também capacidade de aumentar a síntese de proteínas pelos ribossomos,
porque aumenta a transcrição nuclear do DNA e, consequentemente, a formação de RNAm. A
produção de proteínas, se aliada a fontes de energia, vitaminas e outros requisitos, promove o
crescimento. Em resumo, o GH promove a captação de aminoácidos, aumenta a síntese proteica
e reduz a destruição das proteínas.
Saiba Mais
Os aminoácidos são essenciais na produção de proteínas, as quais são
uma junção de diversos aminoácidos, organizados estruturalmente.
Para que uma nova proteína seja produzida, é necessário que a parte do
DNA que codifica essa proteína, isto é, a parte do DNA que formará essa
proteína, seja ativada para formar RNA mensageiro (RNAm). O RNAm
irá para o ribossomo onde será transcrito e a proteína será formada.
Descobriu-se também que o GH faz com que o fígado forme diversas proteínas pequenas,
chamadas de somatomedinas. Essas proteínas apresentam o potente efeito de aumentar todos
os aspectos do crescimento ósseo. Até hoje, quatro tipos diferentes de somatomedinas foram
descobertas, a mais importante dela é a somatomedina C.
Você Sabia?
Os pigmeus, povo da África, apresentam uma incapacidade congênita
de produzir quantidades significativas de somatomedina C, e isso não
está ligado à produção do GH, já que esse povo possui concentrações
normais do hormônio, mas, aparentemente, há baixas quantidades de
somatomedina C no plasma.
Saiba Mais
Algumas pessoas têm problemas na produção do hormônio do
crescimento e, por isso, têm o desenvolvimento comprometido.
Cientistas editaram a informação genética de um tipo de bactéria para
esta passar a produzir e secretar o hormônio do crescimento. Esse
hormônio é, então, administrado para essas pessoas, e elas podem
fazer a reposição hormonal, evitando o comprometimento no
desenvolvimento.
A regulação da secreção do GH é mediada por diferentes fatores, mas os mecanismos ainda são
desconhecidos (Quadro 2).
Diminuição da Glicose no
Glicose Sérica Aumentada
Sangue
Hormônio do Crescimento
Exercícios
(Exógeno)
Somatomedinas (Fatores de
Testosterona, Estrogênio Crescimento Semelhantes à
Insulina)
Hormônio Liberador do
Hormônio do Crescimento
Grelina
Hipófise Posterior
A hipófise posterior é responsável pela liberação de apenas dois hormônios: a vasopressina e a
ocitocina. A vasopressina (também conhecida como hormônio antidiurético ou ADH) é
responsável pela reabsorção de água na filtração renal e, por isso, controla a quantidade de água
nos líquidos corporais. A ocitocina é um hormônio que estimula a ejeção de leite pelas mamas,
além de possuir importante papel no final da gestação e durante o parto por estimular as
contrações da musculatura lisa do útero. Esse último ocorre devido à posição do feto durante o
trabalho de parto, o que estimula o colo uterino, causando dilatação. Essa dilatação desencadeia
a liberação de sinais neurais que se dirigem para o hipotálamo e causam aumento da secreção de
ocitocina, levando ao aumento nas contrações (processo de feedback positivo). Por sua vez, o
efeito da ocitocina sobre a ejeção de leite ocorre por meio do estímulo mecânico gerado quando
o bebê suga e morde o mamilo, estimulando o hipotálamo, que, consequentemente, manda
sinais para a hipófise secretar ocitocina, a qual agirá nas células musculares galactóforas,
causando a liberação do leite.
A Glândula Tireoide
A tireoide é uma das maiores glândulas do organismo, pesa de 20 a 30 gramas e está localizada
abaixo da laringe, ocupando as regiões lateral e anterior da traqueia (Figura 1). A principal
função dessa glândula é controlar (aumentar) o metabolismo do corpo, por meio da secreção
dos hormônios tiroidianos tiroxina e tri-iodotironina (usualmente chamados de T3 e T4). A
Além disso, as células epiteliais da tireoide podem também secretar tiroglobulina para o folículo
que contém aminoácidos de tirosina a que o iodeto vai se ligar. Nesse sentido, o retículo
endoplasmático e o aparelho de Golgi produzem e secretam a glicoproteína tireoglobulina nos
folículos. Essa proteína apresenta grande quantidade de tirosina, molécula que se ligará ao iodo e
formará os hormônios tireoidianos. Após a entrada de iodeto na célula, ele precisa ser
convertido na forma oxidada do iodo. A ligação entre a molécula de tirosina e a forma oxidada do
iodo é chamada de organificação, em que o principal produto é a tiroxina.
Importante!
Em resumo, a liberação de hormônios pela tireoide acontece da
seguinte maneira: o hipotálamo produz o hormônio estimulador de
TSH, que estimula a tireoide a secretar o hormônio tiroxina (T4), que é
metabolismo.
Figura 4 – Corte histológico da tireoide, demonstrando os
diferentes compartimentos da glândula
Fonte: Adaptada de GUYTON; HALL, 2011
Glossário
Gliconeogênese: produção de energia por meio da lipólise e proteólise
(quebra de lipídeos e de proteínas) que acontece no fígado.
Glândulas Adrenais
As glândulas adrenais (suprarrenais) estão localizadas no interior do rim, mais especificamente
em seus polos superiores. Cada glândula se divide fisiologicamente em duas partes: medula
adrenal e córtex adrenal e cada uma possui uma função fisiológica diferente (Figura 5). A medula
adrenal funciona como uma glândula neuroendócrina e é funcionalmente relacionada com o
sistema nervoso simpático. Nesse sentido, a medula secreta hormônios da classe de
catecolaminas, como adrenalina e noradrenalina, que atuam de forma independente em
resposta ao estímulo simpático. Enquanto a adrenalina atua no mecanismo de defesa, a
noradrenalina está relacionada com o raciocínio e as emoções. Por sua vez, o córtex produz
hormônios denominados corticosteroides, que são sintetizados a partir do colesterol esteroide
e, por isso, possuem estrutura química parecida, mas desempenham papéis diferentes no
organismo.
Já os glicocorticoides recebem esse nome por exercerem efeitos importantes que aumentam a
concentração sanguínea de glicose. O principal hormônio glicocorticoide é o cortisol. Esse
hormônio produz efeito hiperglicemiante, ou seja, aumenta a hiperglicemia porque impede que
a glicose entre na célula; além disso, o cortisol também é um importante estimulador da
gliconeogênese. O cortisol possui diferentes mecanismos para estimular a gliconeogênese:
estimula o aumento de enzimas hepáticas responsáveis pela transformação de aminoácidos em
glicose nas células hepáticas e provoca a mobilização de aminoácidos a partir de tecidos extra-
hepáticos (principalmente o músculo hepático). Outra função importante do cortisol é seu papel
anti-inflamatório, isso acontece porque o cortisol (i) impede que enzimas que provocam
inflamação sejam liberadas pelas células lesionadas, (ii) altera a permeabilidade dos capilares,
evitando a perda de plasma para os tecidos (e consequentemente o edema), (iii) reduz a
migração de leucócitos para o tecido inflamado, (iv) suprime a proliferação de linfócitos (em
especial o linfócito T) e, com isso, suprime também as reações teciduais que causam inflamação
e (v) diminui a febre. Outro glicocorticoide que existe é a cortisona, que, assim como a
aldosterona, atua na reabsorção de água, porém em um nível muito menor.
Glossário
Hiperglicemia: aumento de glicose no sangue.
Os hormônios produzidos pela glândula suprarrenal, como mencionado, têm como composição
química o colesterol. O colesterol ingerido por intermédio da alimentação chega ao córtex
suprarrenal por meio da corrente sanguínea. O colesterol é armazenado em pequenas vesículas
de colesterol que são transportadas para a mitocôndria quando é necessária a produção de
mineralocorticoides. É na mitocôndria que diversas atividades enzimáticas acontecem e é nela
que ocorre a transformação de colesterol em hormônio. Para que a vesícula de colesterol entre
na mitocôndria, são necessários dois hormônios: o hormônio liberador de corticotrofina (CRH)
e o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). O primeiro é produzido pelo hipotálamo e estimula a
hipófise a produzir o ACTH, este, então, permite o transporte do colesterol do citoplasma para a
mitocôndria.
O Pâncreas Endócrino
O pâncreas, assim como os rins, possui mais de uma função principal. As principais funções do
pâncreas são produzir as enzimas necessárias para a digestão dos alimentos e produzir dois
importantes hormônios, a insulina e o glucagon. Por ter duas funções principais, o pâncreas é
dividido fisiologicamente em duas partes também, digestório e endócrino, e é formado por dois
tipos principais de tecidos, os ácinos e as ilhotas de Langherans. O primeiro é responsável por
secretar suco pancreático; e o segundo, por secretar insulina e glucagon no sangue. As ilhotas
de Langherans possuem três tipos celulares principais, as células alfa, beta e delta, que se
distinguem entre si pelas suas características morfológicas (Figura 6). As células beta secretam
principalmente insulina e amilina, as células alfa secretam glucagon, enquanto as células delta
secretam somatostatina.
Após ser liberada na corrente sanguínea, a vida média da insulina dura aproximadamente seis
minutos. A insulina que não se ligar ao receptor nas células-alvo será degradada pela enzima
insulinase. Essa degradação ocorre principalmente no fígado, mas também, em menor
quantidade, nos rins e músculos e, menos ainda, em outros tecidos. Após a ligação da insulina
ao seu receptor específico, a célula responde ao sinal e (i) aumenta a sua captação de glicose em
até 80% (a glicose é fosforilada, gerando substratos para o metabolismo de carboidratos); e (ii) a
membrana celular fica permeável, aumentando a entrada de aminoácidos, íons de potássio e
fosfato na célula.
Você Sabia?
A reserva de glicose em forma de glicogênio é especialmente útil em
momentos de necessidade energética extrema como, por exemplo,
durante o pico de energia anaeróbica.
Por outro lado, durante a maior parte do dia, o tecido muscular utiliza a glicose e outra fonte de
energia, os ácidos graxos. Isso ocorre, porque, em estado de repouso, os níveis de insulina são
baixos e as células são apenas ligeiramente permeáveis à insulina. Porém, quando a quantidade
de glicose é superior à capacidade do fígado de produzir glicogênio, a insulina promove a
transformação de glicose em ácidos graxos, que serão, posteriormente, transformados em
triglicerídeos. O triglicerídeo é, então, armazenado em forma de gordura no tecido adiposo.
Saiba Mais
Diferentemente das células de outros tecidos, as células do sistema
nervoso não precisam de insulina para o transporte de glicose porque
são altamente permeáveis à glicose. Porém, essas células utilizam a
glicose como fonte de energia principal e, em pouca quantidade, a
gordura. Se a concentração de glicose cair muito, começam a se
desenvolver os sintomas do choque hipoglicêmico, como a
irritabilidade nervosa progressiva, resultando na perda de consciência
(em casos mais graves, até coma).
Além de promover o armazenamento da glicose, a insulina também promove o armazenamento
de proteínas e gorduras que estão em grande quantidade na corrente sanguínea logo após as
refeições. Em relação às proteínas, o papel da insulina no seu armazenamento não é totalmente
elucidado, mas sabe-se que a insulina estimula o transporte de aminoácidos para o citoplasma
celular, inibe o catabolismo das proteínas e também diminui a gliconeogênese.
Por outro lado, a secreção do glucagon ocorre quando a concentração da glicose na corrente
sanguínea diminui. Os principais efeitos do glucagon são a quebra do glicogênio hepático e a
gliconeogênese no fígado, ou seja, o papel do glucagon é inversamente proporcional ao da
insulina. A insulina trabalha armazenando a glicose e tirando-a da corrente sanguínea,
enquanto o glucagon trabalha fornecendo glicose e liberando-a na corrente sanguínea. Em
geral, a insulina trabalha logo após as refeições e o glucagon durante o jejum, a fim de promover
o fornecimento de glicose para o organismo o tempo todo, mantendo, assim, a homeostase.
Diminuição da Glicose
Aumento da Glicose Sanguínea
Sanguínea
Aumento de Aminoácidos no
Somatostatina
Sangue
Hormônios Gastrointestinais
(Gastrina, Colecistocinina,
Atividade α-adrenérgica
Secretina, Peptídeo Inibidor
Gástrico)
Glucagon, Hormônio do
Leptina
Crescimento, Cortisol
Estimulação Parassimpática;
Acetilcolina
Estimulação -adrenérgica
Resistência Insulínica;
Obesidade
Medicamentos do Grupo
Sulfonilureia (Glyburide,
Tolbutamida)
Além disso, exercícios físicos de longa duração e com intensidade alta induzem uma maior
produção dos hormônios da tireoide, os quais possuem ação na mobilização e na oxidação de
ácidos graxos durante o exercício prolongado.
Assim como a insulina, o exercício físico estimula a captação de glicose (por isso recomenda-se
o esforço como tratamento para diabéticos e indica-se comer apropriadamente antes da
prática), a síntese proteica, a hipertrofia e o crescimento de músculos esqueléticos. Durante o
exercício físico, a secreção de glucagon também é aumentada, intensificando a quebra do
glicogênio, isto é, as respostas de ambos os hormônios ocorrem de modo coordenado para
manter os níveis de glicose no sangue apropriados para o exercício físico.
ʪ Material Complementar
Vídeos
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ʪ Referências
CURI, R.; ARAÚJO FILHO, J. P. Fisiologia Básica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.