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CONTROLO HORMONAL DA ACTIVIDADE REPRODUTIVA DOS

ANIMAIS DOMÉSTICOS
Introdução
O sistema reprodutivo dos mamíferos é regulado por dois sistemas: o sistema hormonal e o
sistema nervoso. Cada um destes sistemas, tem um funcionamento específico, e a interação entre
os dois é fundamental para o conjunto de eventos/fenómenos fisiológicos que resultam na
reprodução.

Sistema hormonal
As hormonas são substâncias fisiológicas, orgânicas e químicas, sintetizadas e armazenadas em
células especializadas ou glândulas anatomicamente definidas. Estas hormonas são libertadas
para a corrente sanguínea e transportados (geralmente associadas a proteínas específicas) para
um órgão ou células onde estimulam ou inibem o seu funcionamento ou atividade.

Sistema nervoso e sistema hormonal


O sistema nervoso recebe estímulos do ambiente através de terminações sensoriais e convergem
ao hipotálamo. Nesta região do cérebro, a informação e processada e transformada em sinal
humoral (neurossecreções/neurohormonas/mensageiros hormonais) e transmitida a hipófise
anterior onde é de novo processada e enviada via hormonas gonadotroficas para as gonadas que
por sua vez reagem de varias formas sendo uma delas, a secreção de hormonas sexuais. Após
atingir célula alvo, a hormona provoca uma reação, activada pelos receptores específicos. Os
receptores são estruturas moleculares com alta afinidade específica para uma determinada
configuração hormonal. O complexo formado pela ligação entre o receptor e a hormona, activa a
resposta biológica específica da célula, a qual geralmente envolve a activação ou desactivação de
enzimas nas células alvo.

Nos mamíferos, a maioria das hormonas intervém directa ou indiretamente no processo


reprodutivo. A intervenção directa é quando estes intervêm por Ex: na espermatogênese,
manutenção da gestação, lactação, comportamento sexual, fertilização, implantação ou no parto.
A participação indirecta é dada por aquelas hormonas que criam ambiente interno no
organismo do animal que seja compatível com a reprodução.
As hormonas da reprodução derivam do hipotálamo, da hipófise, das gônadas, da placenta e
do útero. Estas hormonas podem ser divididas, consoante a sua constituição química, em: (i)
proteínas ou polipeptidos, (ii) esteróides e (iii) ácidos gordos. É consoante estas características
químicas que se baseia o seu mecanismo de acção. Basicamente todas actuam no interior das
células alvo estimulando a síntese de enzimas específicas. Contudo, a forma como atingem o
interior da célula varia.
Os receptores de hormônios esteróides são geralmente encontrados no citosol e no núcleo das
células alvo, onde interagem diretamente com o DNA. Já os receptores para polipeptídeos e
proteicos geralmente se localizam na membrana externa da célula. A maioria dos receptores,
especialmente os da membrana celular, requer um segundo mensageiro para transmitir a
mensagem. Um dos segundos mensageiros mais conhecidos é o AMP cíclico. Após ligar-se ao
receptor, a hormôna activa o sistema adenil-ciclase na membrana celular. O ATP é então
convertido em AMP cíclico. O segundo mensageiro cAMP, por sua vez, ativa a cAMP-
proteínaquinaseA que se torna uma unidade catalítica activa.

Hipotálamo
O hipotálamo é uma região do cérebro, situado no diencéfalo. E limitado anteriormente pelo
quiasma óptico e posteriormente pelos corpos mamilares, dorsalmente pelo tálamo e
ventralmente pelo osso esfenóide. E um centro importante de regulação e integração de vários
processos orgânicos, tais como: apetite, frequência cardíaca, temperatura corporal, sede,
comportamento sexual, actividade neuroendócrima, centro da actividade das glândulas, entre
outras. O hipotálamo actua como um centro de processamento e integração da informação
recebida que a transforma em sinais neurohormonais que vão evocar uma resposta fisiológica
específica. A informação chega ao hipotálamo por duas vias: (i) estímulos externos, através dos
órgãos dos sentidos, e (ii) estímulos internos, representados pelas hormonas e impulsos nervosos.
Dentro dos estímulos externos, são muito importantes aqueles que chegam pelo sentido do
olfacto. (por exemplo as ferohormonas, substâncias que são produzidas por glândulas/ células
glandulares, que tem influencia no comportamento sexual). Também pelo sentido da visão,
chegam os estímulos luminosos de grande importância, nas espécies de ciclicidade estacionária.
Os estímulos internos mais importantes, são dados por ex., pelas hormonas do ovário
(estrogénios, androgénios e progesterona), que intervêm na fêmea na regulação do ciclo estral,
mediante mecanismos de retroalimentação positiva ou negativa.

Histologicamente, o hipotálamo é constituído por vários elementos estruturais que incluem


neurónios hipotalmicos com os seus axónios e terminações, axónios e terminações nervosas de
neurónios localizados fora do hipotálamo. Também contem as células da glia que servem de
estruturas de suporte para os neurónios. Os corpos das células dos neurónios Hipotalâmicos estão
organizados corpos dos sem grupos chamados núcleos ou áreas. Algumas dessas estruturas são
muito importantes como centro de controle da actividade reprodutiva. Assim, são conhecidos os
seguintes: (i) núcleos preopticos e (GnRH) e (ii) núcleos supraópticos e paraventriculares ,
responsáveis pela produção de Oxitocina e Vasopressina, que são armazenados na neuro-
hipófise. Os corpos celulares dos núcleos hipotalamicos através dos seus axónios interligam se
com outras áreas do cérebro, com outros núcleos, com a eminencia media e com o lóbulo
posterior da hipófise. Estas ligações permitem com que se estabeleça uma complexa interligação
neural e endócrina.
A eminencia media é uma região importante por ser a área de confluência dos estimulos neurais
e humorais que regulam função da hipófise anterior, forma a base do hipotálamo e continua com
o infundíbulo hipofisário. Basicamente é constituído por estruturas neurais e por uma complexa
rede capilar que conecta com o sistema porta hipotalamo-hipofisario.

Hormonas do hipotálamo.
GnRH
Na reprodução, a hormona mais importante produzida pelo hipotálamo é a hormona de libertação
das gonadotrofinas (Gonadotrophin Releasing Hormone, GnRH), que actua na hipófise anterior
estimulando a produção da FSH e da LH.

Oxitocina e Vasopressina.
Estas hormonas, são produzidas pelas células nervosas dos núcleos supraópticos e
paraventriculares do hipotálamo e transportados através dos axónios até ao lóbulo posterior da
hipófise. A hormona mais importante para a reprodução é a oxitocina. A oxitocina é um
octopéptido, é, contém na sua estrutura oito aminoácidos. A oxitocina também pode ser
produzida pelo C.L. da vaca, da ovelha e da mulher. Esta hormona provoca contrações do útero
(miómetro) durante o parto e da musculatura do oviducto e é responsável pela libertação do leite.
A libertação da oxitocina, ocorre por via reflexa na altura do parto, possivelmente devido a
pressão no cérvix uterino que leva a um reflexo estimulante no hipotálamo e a subsequente saída
da oxitocina que origina as contrações uterinas. O efeito de saída do leite, é devido á acção da
oxitocina nas células mioepiteliais da glândula mamária. Estas células, sofrem contrações
quando estimuladas pela oxitocina. Os estímulos provocados pela sucção ou mungição, activam
os nervos sensitivos que conduzem esta sensação ao hipotálamo, originando a saída da oxitocina
do lóbulo posterior da hipófise. As contrações uterinas provocadas pela oxitocina, servem
também para o transporte dos espermatozoides ate oviducto após a cópula. A sensibilidade do
miométrio à oxitocina aumenta quando há uma grande quantidade de estrogênios no sangue. A
oxitocina (produzida e libertada de forma pulsátil também no corpo lúteo), também participa na
libertação da PGF2alfa a partir do endométrio.

Outras hormonas do hipotálamo


 PIH (Hormona Inibidor da Prolactina), identificado desde há alguns anos como a
Dopamina (DA).
 TRH (Hormona Libertadora da Tirotropina).
 GH-IH (Somatostatina ou Hormona Inibidora da Hormona de Crescimento).
 GH-RH (Hormona Libertadora da Hormona de Crescimento).
 CRH (Hormona Libertadora da Corticotropina).
Ainda, no hipotálamo são segregadas outras neurohormonas conhecidas como péptidos opioides
endógenos tais como as enkefalinas e as endorfinas. Dentro delas, a beta-endorfina, tem muita
relação com as funções reprodutivas.
Hipófise
A hipófise ou glândula pituitária, fica situada na “sella túrcica “do osso esfenóide, na base do
cérebro. Esta glândula produz hormonas de acção específica, que exercem por um lado, o
controle da função de outras glândulas e por outro, relacionam-se com o sistema nervoso,
regulando todo o sistema neuro endócrino. É composta por 2 partes principais: (i) lóbulo
anterior ou adeno-hipófise, altamente vascularizada e constituída por células que produzem as
hormonas gonadotróficas (ii) lóbulo posterior ou neuro-hipófise, que por sua vez esta
subdividida em pars nervosa e pars intermédia.

Estrutura histológica do lóbulo anterior


De acordo com as características histológicas e histoquímicas, podemos considerar dois grupos
de células: 1º grupo – constituída por células que tem afinidade pelos corantes, que são
designadas por cromófilas. 2º grupo – que são células que não tem afinidade pelos corantes, são
as cromófobas.
O primeiro grupo de células é o mais importante e divide-se por sua vez, em dois subgrupos: (i)
células com granulações que tem afinidade pelos corantes básicos – basófilas e (ii) células
com granulações que tem afinidade pelos corantes ácidos, em particular a eosina –
eosinófilas. Tanto as células eosinófilas como as basófilas, produzem hormonas muito
importantes para a reprodução. As células cromófobas não produzem hormonas, mas
desempenham um papel muito importante como reserva das células cromófilas em caso de
doença ou prenhêz.

Estrutura histológica do lóbulo posterior (neuro-hipófise).


O lóbulo posterior ou neuro-hipófise (pars nervosa), é constituída basicamente por células do
sistema nervoso (pituicitos e axónios), que são prolongamentos dos núcleos supraópticos e
paraventriculares do hipotálamo. As células destes núcleos, produzem hormonas que chegam
através dos axónios dos nervos do tracto hipotálamo – hipofisiário e acumulam-se no lóbulo
posterior.
A pars intermédia, é de reduzidas dimensões e aparentemente sem muita importância.

Principais hormonas da hipófise anterior (adenohipofise)


A hipófise anterior, segrega 3 tipos de hormonas: hormona foliculoestimulante (FSH), hormona
luteotrófica (LH / I.C.S. H) e a prolactina (PRL).

Hormona foliculoestimulante (FSH)


É uma glicoproteína. Nas fêmeas, estimula o crescimento e maturação dos folículos no ovário.
Em sinergismo com a LH, estimulam a secreção dos estrogênios através do ovário (teca interna
do folículo de Graaf). Nos machos, actua nas células germinais dos túbulos seminíferos
(espermatogónios) e é responsável pela espermatogênese até a fase de espermatócito secundário.
Depois desta fase, os androgênios são responsáveis pelas fases finais.
Hormona luteotrófica (LH / I.C.S.H):
É também uma glicoproteína. As suas moléculas, variam consoante as propriedades físicas e
químicas nas diferentes espécies. Na fêmea, a LH conjuntamente com a FSH, actua na
maturação e rotura do folículo de Graaf (ovulação). Está envolvida também na formação do
corpo lúteo e estimula a produção e libertação do progesterona na vaca, na porca e na mulher.
No macho, a LH é designada por Hormona Estimuladora das Células Intersticiais, (I.C.S.H).
Actua nas células de Leydig provocando a produção de androgêneos.

Prolactina.
É uma hormona de origem protéica (polipéptido). A função mais importante da prolactina nos
animais domésticos é a de estimular o desenvolvimento da glândula mamária e manutenção da
lactação. Mantém a actividade do corpo lúteo, isto é, exerce acção luteotrófica nas espécies como
a rata, cobaia e provavelmente na ovelha. Noutras espécies domésticas, esta acção é menos
importante e é assumida pela LH. É responsável também pelo comportamento materno (instinto
materno) e participa na actividade matabólica do organismo.

Glândula Pineal ou Epífise


Tem origem neuroepitelial, provem do tecto do terceiro ventrículo. Nos mamíferos é um órgão
endócrino. A actividade hormonal desta glândula e regulada pela iluminação do ambiente. A
glândula converte os estímulos luminosos captados pela visão em sinal endócrino (produz a
hormona melatonina), que é depois lançada para a corrente sanguínea. A síntese e secreção da
melatonina é elevada no período do ano em que os dias são curtos. Períodos longos de elevada
secreção da melatonina, são responsáveis pela ciclicidade das ovelhas e anestro das éguas. A
glândula pineal produz indoleaminas, das quais a melatonina é a mais importante. A melatonina
é produzida e secretada durante a noite (escuro). Conforme os dias começam a ficar mais curtos,
a exposição dos animais à melatonina aumenta. Por alguns mecanismos não totalmente
elucidados, isto exerce um efeito estimulante na secreção de GnRH pelo hipotálamo nos
reprodutores de dias curto, como é o caso dos ovinos. Em reprodutores de dias longos, como os
equinos, o aumento da exposição à melatonina tem efeito oposto, inibindo a secreção de GnRH
pelo hipotálamo. Assim, diferenças na extensão do dia são reconhecidas e transformadas em
sinais capazes de ligar ou

Placenta
Hormonas da placenta
Durante a gestação, a placenta dos animais domésticos, elabora substâncias que podem ter
actividade biologicamente activa idêntica a das outras hormonas. Pode-se considerar então a
placenta como uma glândula endócrina. Na placenta, são produzidas as seguintes hormonas:
PMSG ( Pregnant Mare Serum Gonadotrophin) ou eCg ( equine corionic gonadotrophin); hCG
(human Corionic Gonadotrophin ); PL ((Lactogenio Placentário) e a Proteina B.

PMSG (eCG)
É uma glicoproteína produzida pelas capas endometriais da égua prenha. Pode ser isolada
no sangue por volta dos 40 dias (com as máximas concentrações entre 60-70 dias) e permanecem
até mais ou menos 85-90 dias de gestação. A sua acção é idêntica a da FSH. Portanto, estimula o
crescimento dos folículos acessórios no ovário durante a prenhez na égua. Muitos destes
foliculos ovulam, mas alguns luteinizam devido ao efeito desta hormona. Os foliculos
luteinizados, produzem depois progeserona que é muito importante para a gestação. Pode ser
isolado no sangue e não na urina, devido ao tamanho das suas moléculas que não podem
atravessar as cápsulas dos glomérulos renais.

hCG
E uma glicoproteína produzida pela placenta da mulher. Ao contrário da PMSG, esta pode
ser encontrada na urina. Fisiologicamente tem acção idêntica a da LH, mas com uma vida
biológica muito mais longa, devido ao maior conteúdo em carbohidratos (glicidos). A presença
desta hormona na urina da mulher, pode ser detectada apartir dos 16 dias pós fecundação,
alcançando o pico de produção entre os dias 30 e 60 de gestação.
O conhecimento das características das hormonas da placenta, tem grande importância prática. A
sua deteção e quantificação, permitem realizar o diagnóstico da gestação, para além de que, a
obtenção mais fácil e em grandes quantidades, permitem o seu processamento para serem
utilizadas como terapia de substituição em diversos transtornos hormonais na mulher e nas
fêmeas domésticas.

Lactogênio placentário (PL)


Tem acção idêntica do ponto de vista químico á da prolactina e hormona de crescimento. Já foi
isolada na placenta de várias espécies, tais como: mulher, rata, cabra, ovelha e vaca. Pode ser
isolada no soro sanguíneo de animais na última fase da gestação. As funções exactas são ainda
desconhecidas, mas parece ter mais funções como hormona de crescimento do que como da
prolactina. As possíveis funções são a regulação dos nutrientes do feto e portanto participa no
controle do crescimento do feto. Participa também na produção de leite.

Proteina B
Tem sido isolada na placenta dos bovinos e pode ser detectada no sangue 22 dias depois da
concepção. Não se isola na urina nem no leite. Tem uma certa importância no fenómeno do
reconhecimento materno da gestação.
Útero
Hormonas do útero.
Prostaglandinas (PG)
São chamadas parahormonas. Diferem das outras hormonas porque: (i) Não são produzidas
por nenhum tecido específico ou glândula; (ii) muitas actuam no seu local de produção, mas
também podem ser transportadas pelo sangue para actuarem em células distantes e específicas.
Do ponto de vista químico, existem vários tipos de prostaglandinas com várias funções
orgânicas. As PG têm na sua estrutura química, 20 carbonos e pertencem ao grupo dos ácidos
gordos insaturados. São percursores do ácido aracnóide. As PGs relacionadas com a reprodução
são duas: PGE2 e PGF2alfa.
A PGF2alfa tem um grande efeito luteolítico. A vida média no sangue da prostaglandina F2α é
de aproximadamente oito minutos, sendo metabolizada uma grande proporção nos pulmões. A
forma em que a PGF2α exerce a sua função luteolítica ainda é discutida. No entanto parece ser
que é uma mistura de acção de restrição do fluxo sanguíneo (causa constrição dos vasos
sanguíneos) e de estimulação e activação de padrões enzimáticos. A síntese de PGF2α começa
no útero e termina no próprio ovário. Os precursores uterinos da PGF2α, atingem o ovário por
um mecanismo a contracorrente desde a veia uterina ate a artéria ovárica, devido a justaposição
destes vasos. A PGF2alfa estimula a contração do útero e ajuda no transporte dos
espermatozoides no tracto genital masculino e feminino.
A PGE2 estimula a contração do útero, dilata os vasos sanguíneos e não tem efeito luteolítico.

Ovários
Hormonas dos ovários
Os ovários produzem 4 tipos de hormonas: os estrogênios, a progesterona, a relaxina e a
inibina.

Estrogénios
O Estradiol e o principal estrogênio produzido pela teca interna do folículo de Graaf. Este
tecido é rico em estrogênios e atinge a sua actividade máxima durante a fase estrogénica do
ciclo. O fluido folicular também é rico em estrogênios. Há muitas substâncias com actividade
estrogénica tanto no reino animal como no reino vegetal. O ovário segrega dois tipos de
estrogênios: Estradiol e a estrona. O mais importante é o Estradiol 17B. O estriol e outros tipos
de estrogénio (como a equilina e a equilenina na égua) são produto da degradação do estradiol e
a estrona. As vias de eliminação dos estrogênios são a urina e as fezes.
A maior parte dos estrogénios circula no sangue em forma conjugada a proteínas específicas
(estroproteínas conhecidas também como SBP pelas siglas em Inglês de Sex Binding Proteins), o
que tem una grande importância para o seu transporte e para a própria actividade biológica destas
hormonas. Esta propriedade de associação a proteínas, também tem um grande interesse para a
determinação quantitativa dos estrogénios. A libertação dos estrogênios é estimulada pelas
gonadotrofinas do lóbulo anterior da hipófise e a sua secreção é regulada pelo mecanismo de
retroalimentação.
Os estrogênios têm as seguintes actividades biológicas: causam a proliferação do endométrio
assim como do miométrio; estimulam as contrações uterinas, por potenciar os efeitos da
oxitocina e da PGf2alfa, (importante para o transporte do ovócito e do zigoto e no momento do
parto).
Na vagina os estrogênios estimulam o crescimento do epitélio vaginal e potenciam a
actividade muscular do oviducto. Durante o cio, os estrogênios permitem a dilatação do colo
uterino e a secreção do muco cervico-vaginal (muco estral). Estimulam a dilatação da sínfise
púbica e o aumento do tamanho do ligamento interpúbico durante o trabalho de parto. É
responsável pelo desenvolvimento das características sexuais secundárias. Participa no
metabolismo dos minerais. Estimulam o crescimento do ductus lactífero da glândula mamária e
induz o comportamento de cio.
Os estrogênios jogam, ademais, um papel importante nos mecanismos neuro-endócrinos de
regulação da actividade sexual nas fêmeas (retroalimentação).

Progesterona
É uma hormona esteroidal, é segregada pelo corpo lúteo, pelas adrenais e pela placenta. A
progesterona prepara o endométrio para a implantação do ovo e manutenção da gestação por
causar a sua proliferação e estimular a actividade glandular. No miométrio, ao contrário dos
estrogênios e da oxitocina, inibe as contrações uterinas. Actua em conjunto com os estrogênios
na indução do comportamento de cio. Participa na actividade anabólica do organismo.
Conjuntamente com os estrogênios, actua na glândula mamária e favorece o seu crescimento.
Os níveis altos desta hormona, inibem a libertação de gonadotrofinas hipofisária.
Na vaca, os níveis de progesterona no sangue durante o ciclo estral, aumentam com o
desenvolvimento do corpo lúteo. Nos primeiros 5 dias após o cio, as células da granulosa
transformam-se em células luteínicas, dando inicio a produção de progesterona que atinge o seu
máximo por volta do 14º ao 16º dia. Em vacas, o nível de progesterona mantem-se constante até
por volta do 8º mês de gestação, baixando rapidamente na altura do parto.

Relaxina
É um polipéptido solúvel em água , composto por duas cadeias de aminoácidos. É segregado
pelo corpo lúteo durante a prenhêz. Em algumas espécies é a placenta e possivelmente o útero
que a segregam. A acção da relaxina esta relacionada principalmente com o parto. A sua
relação está intimamente também ligada aos estrogénios. Em condições fisiológicas, muitos dos
seus efeitos são obtidos somente após uma pré sensibilização pelos estrogênios. A relaxina
provoca a separação da sínfise púbica em algumas espécies depois de ter sido sensibilizada pelos
estrogênios, isto facilita a saída do feto. Provoca a dilatação do cérvix e relaxamento dos
ligamentos sacroiscquiáticos no momento do parto na porca e na vaca em sinergismo com os
estrogênios e progesterona. Inibe tanto a actividade do miométrio com as contrações uterinas.
Aumenta a quantidade de água no útero e em conjunto com os estrogênios, provoca o
crescimento do útero. Na glândula mamária, causa o seu crescimento.

Inibina
é uma hormona de origem proteica produzida pelas células de Sertoli no macho e da
granulosa na fêmea. Desempenha um papel importante na regulação hormonal da
foliculogenese durante o ciclo estral. Inibe a libertação da FSH sem alterar a secreção de LH.
Deve ser a responsável pela libertação diferenciada de FSH e LH pela hipófise. Regula também a
função das células de Leydig.

Adrenal e Tiróide
A adrenal e a tiroide, produzem hormonas que de certa forma afetam o processo reprodutivo. A
tiroide, sob estimulação da hipófise, produz a Tiroxina (T4) e a Triiodothyronina (T3). O modo
de acção destas hormonas, é idêntico ao dos esteróides hormonais. Algumas das funções das
hormonas da tiroide: (i) maturação do sistema nervoso do embrião; (ii) estimula a produção da
prolactina e da hormona de crescimento pela hipófise; (iii) estimula a produção de enzimas
importantes para a produção de leite.

Testículos.
Androgénios
Os testículos são o local de produção de androgênios. O androgênio mais importante é a
testosterona. Além de hormonas os testículos produzem espermatozoides. Quantidades muito
pequenas de androgênios também são produzidas pelo córtex das adrenais. Os androgênios são
produzidos pelas células intersticiais de “Leydig” e no organismo encontram-se ligadas ás
substâncias proteicas especiais que são glubulinas específicas de transporte conhecidas com a
sigla ABP – Androgen Bindig Protein.
A libertação da testosterona é regulada pela hormona LH. A acção da testosterona é
particularmente evidente na estimulação do aparecimento das características sexuais secundárias.
Para além disso estimula a espermatogêse. Prolonga a vida dos espermatozoides no epidídimo.
Estimula o aparecimento das características sexuais secundárias que são específicas do
macho tais como: a configuração do corpo, vocalização etc. É responsável pelo comportamento
sexual do macho (libido). Promove o desenvolvimento e actividade dos órgãos sexuais
acessórios.

Mecanismo de regulação das hormonas.


A síntese, armazenamento e libertação das hormonas hipotalámicas, é regulada por hormonas
da hipófise e pelos esteróides através de dois tipos de retroalimentação. Dependendo da sua
concentração no sangue, os esteróides podem exercer um efeito estimulante (retroalimentação
positiva) ou um efeito inibidor (retroalimentação negativa).
A retroalimentação positiva, é quando o aumento do nível de uma determinada hormona, causa
um subsequente aumento de uma outra hormona. Por ex., o aumento dos níveis de estrogênios
durante a fase pré ovulatória, provoca uma subida brusca de LH. É esta subida da LH que e a
responsável pela rotura do folículo de Graaf.
O exemplo da retroalimentação negativa é dado pelo facto de que, o aumento dos níveis de
estrogênios no sangue, provocar necessariamente um declínio dos níveis de FSH. Também
quando as hormonas da hipófise atingem um certo nível, o hipotálamo responde reduzindo a
produção das hormonas libertadoras das gonadotrofinas.

Métodos de determinação das hormonas.


Há muitas técnicas que são usadas para determinação dos níveis hormonais no organismo e
estudo dos seus efeitos. A determinação quantitativa das hormonas, baseia-se em bio
análises, análises imunológicas e análises usando substâncias radioactivas (RIA).
A bio análise tem sido usada para medir a actividade das hormonas. Consiste na administração
da hormona no animal para induzir uma resposta biológica mensurável.
O uso de substâncias radioactivas (RIA – Radio imuno análise) é o método mais avançado e
largamente usado. Tem a vantagem de permitir a medição de hormonas em amostras com baixas
concentrações. A técnica é baseada no principio da competitividade dos locais de ligação dos
anticorpos entre hormonas não marcadas e hormonas marcadas com substâncias radioactivo

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