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PCI II – Bloco Endócrino

Felipe Carvalho

Anatomia
O sistema endócrino, diga-se de passagem, as glândulas endócrinas e o sistema
nervoso são os dois principais mecanismos de comunicação e coordenação do corpo
humano. Eles regulam quase todos os sistemas, e apesar de trabalharem intimamente
em conjunto, eles possuem diversas diferenças.

O sistema nervoso se comunica através de sinais elétricos chamados impulsos


nervosos que transmitem a informação rapidamente e, geralmente, realizam efeitos
de curta duração. Já o sistema endócrino, ao contrário, a comunicação se faz por sinais
químicos, através de substâncias chamadas hormônios. O sistema endócrino responde
mais lentamente e normalmente causa efeitos mais duradouros.

Os hormônios são mensageiros químicos que influenciam ou controlam atividades de


outros tecidos ou órgãos, sendo em sua maioria transportados pelo sangue a outras
partes do corpo, exercendo efeitos mais distantes.

O sistema endócrino é formado pelas glândulas endócrinas, que irão produzir esses
hormônios que serão amplamente distribuídos pelo corpo. Essas glândulas não
possuem ductos, isto é, secretam hormônios diretamente no interior de capilares (
sanguíneos).

Principais glândulas:

• Hipófise

• Glândula Pineal

• Glândula Tireoide

• Glândulas Paratireoides

• Glândulas Supra-renais

• Pâncreas

• Gônadas ( Testículos e Ovários)

Hipófise

A hipófise é uma pequena glândula, um corpo ovoide também conhecida como


glândula pituitária. Ela está localizada abaixo do hipotálamo, posteriormente ao
quiasma óptico, em uma depressão do osso esfenoide, denominada fossa hipofisária
ou sela túrcica. Está ligada ao hipotálamo por uma haste, denominada de infundíbulo,
que atravessa a pequena abertura no diafragma da sela que é uma lâmina da dura-
máter que forma o teto da sela túrcica do osso esfenoide. A hipófise possui duas
partes: uma anterior, adeno-hipófise, e outra posterior, a neuro-hipófise. A hipófise
secreta oito hormônios e, portanto, afeta quase todas as funções do corpo.

*Tumores na hipófise em geral causam sintomas visuais


Adeno-hipófise: parte anterior da hipófise e sintetiza e libera alguns hormônios
importantes, tais como: Somatotropina(STH), Hormônio folículo estimulante (FSH),
Hormônio Luteinizante (LH), Tirotropina (TSH) e etc. Ela também influenciada por
hormônios sintetizados pelo hipotálamo ( libera seus hormônios numa rede capilar na
adeno-hipófise para aumentar a eficiência da captação dos hormônios).

Neuro-hipófise: parte posterior da hipófise sendo uma evaginação do assoalho do


diencéfalo. É composta de tecido nervoso e sintetiza dois hormônios:
Vasopressina(ADH) e Ocitocina. Os dois hormônios da neuro-hipófise são produzidos
no hipotálamo e transportados no interior do infundíbulo (haste hipofisária) e
armazenados na glândula até serem utilizados. Os impulsos nervosos para o
hipotálamo estimulam a liberação dos hormônios da neuro-hipófise.

Glândula(Corpo) Pineal

O corpo pineal ou epífise do cérebro, está localizado dorsalmente ao tálamo e está


situada na parede posterior do teto do diencéfalo. O corpo pineal modifica a atividade
da adeno-hipófise, neuro-hipófise, pâncreas endócrino, paratireoides, córtex e medula
da glândula supra-renal e gônadas. A glândula pineal secreta a melatonina, um
hormônio que altera o ciclo reprodutivo, influenciando a secreção de hormônios de
liberação do hipotálamo. As secreções pineais podem alcançar suas células-alvo via
líquido cérebro-espinal ou através da corrente sanguínea.
Glândula Tireóide

Está localizada na região ântero-inferior do pescoço, ântero-lateralmente à traqueia e


logo abaixo da laringe. A tireoide possui dois lobos (direito e esquerdo) que são
conectados entre si por uma parte central denominada istmo da glândula tireoide.
Secretam dois hormônios, T3 e T4 que são responsáveis por regular o metabolismo
basal das células, o T3 com uma ação mais poderosa e imediata.

Distúrbios:

- Hipertireoidismo: excesso de T3 e T4 ocorre o aumento do metabolismo ( prejudica o


coração), sente calor, ingere muito mas não engorda.

- Hipotireoidismo: produção insuficiente de T3 e T4 ocorre a diminuição do


metabolismo basal.
Glândulas paratireoides

As glândulas paratireoides são pequenas estruturas ovoides e geralmente se situando


na metade medial da face posterior dos lobos da glândula tireóide. Geralmente
existem duas de cada lado, superior e inferior. Regulam o metabolismo de cálcio,
secretam paratormônio, estimula a reabsorção do cálcio nos ossos e no intestino.

As glândulas paratireoides secretam o hormônio paratireoideo (PTH) que está


relacionado com o controle do nível e da distribuição de cálcio e fósforo. O PTH atua
em três órgãos-alvo: ossos, trato digestório (intestino) e rins. O efeito geral do PTH é o
aumento dos níveis plasmáticos de cálcio e a diminuição dos níveis plasmáticos de
fosfato.

Hiperfunção da glândula: calcificação dos tecidos ( excesso de cálcio no sangue), em


geral por tumor benigno.
Glândulas supra-renais

São bilaterais, localizadas sobre a parte medial do pólo superior dos rins. Uma glândula
supra-renal seccionada revela um córtex externo, de cor amarela e formando a massa
principal, e uma fina medula vermelho-escuro, formando cerca de 10% da glândula. A
medula é completamente envolvida pelo córtex, exceto no seu hilo.

Medula: Armazena os hormônios que sintetiza para liberar em resposta a um estímulo


nervoso – adrenalina e noradrenalina

Córtex: Produz hormônios mineralocorticoides (aldosterona) responsáveis pelo


metabolismo de água e de sais , glicocorticoides (cortisol) responsáveis pelo
metabolismo de glicose e androgênios, responsáveis por hormônios de características
masculinas (tanto homem quanto mulher produzem)

Excesso de glicocorticoides inibe o crescimento e aumenta o deposito de tecido


adiposo. Excesso de produção de androgênios em mulheres masculinizarão do corpo.
Pâncreas endócrino

O pâncreas é achatado no sentido antero-posterior, ele apresenta uma face anterior e


outra posterior, com uma borda superior e inferior e sua localização é posterior ao
estômago. É dividido em cabeça (envolta pelo duodeno), corpo e cauda.

Divisão funcional do pâncreas:

• Parte exócrina: sintetiza bicarbonato + enzimas digestivas

• Parte endócrina: ilhotas pancreáticas ( de Langerhans) disseminadas pelo pâncreas


sintetizam insulina, glucagon, que são hormônios responsáveis pelo metabolismo de
glicose

Gônadas (Ovários e Testículos)

As gônadas são glândulas sexuais, que constituem nos ovários (mulheres) e testículos
(homens). Essas gônadas, além de produzirem os gametas (óvulos e espermatozoides),
também secretam hormônios.

Os ovários produzem os gametas femininos (óvulo) e estão sob influência dos


hormônios da hipófise para produzir dois hormônios: o estrógeno e a progesterona.
Esses hormônios participam do desenvolvimento e do funcionamento dos órgãos
genitais femininos e da expressão das características sexuais femininas.

Os testículos estão localizados dentro do escroto, produzem os gametas masculinos


(espermatozoide) e estão sob influência dos hormônios da hipófise para produzir
testosterona. O estímulo para secreção da testosterona é o hormônio luteinizante
(LH), proveniente da adeno-hipófise.

Histologia

Hipófise:

Adeno-hipófise: tecido epitelial glandular cordonal

Parte distal:

1) Cordões de células epiteliais

• Células cromófilas acidófilas

→ Somatatrofos: secretam somatrotrofina.

→ Lactotrofos: secretam prolactina.

• Células cromófilas basófilas

→ Gonadotrofos: secretam as gonadotrofinas (LH e FSH).

→ Tireotrofos: sintetizam e secretam TSH ( hormônio estimulador da tireoide)

→ Adrenocorticotróficas: secretam ACTH – cortisol

• Células cromófobas

2) Tecido conjuntivo de sustentação


3) Capilares fenestrados

Em geral, apresentam abundantes CG, RER, mitocôndrias, vesículas.

Parte intermediária:

Possui os cistos de Rathke que são remanescentes da bolsa de Rathke. São revestidos
por epitélio cúbico simples contendo coloide. A parte intermediária pode estar
separada da adeno-hipófise devido a presença da fenda hipofisária, resquício da bolsa
de Rathke.
Neuro-hipófise: possui coloração mais clara que a adeno-hipófise, pois possui uma
menor quantidade de núcleos(células da glia – pituicitos- , endotélio e tecido
conjuntivo) e feixes de axônios amielínicos.

A neuro-hipófise é formada por células neurogliais de sustentação – os pituícitos –


cujos prolongamentos circundam as fibras nervosas amielínicas originadas de
neurônios dos núcleos paraventriculares e supra-opticos. Os hormônios ADH e
ocitocina acumulam-se temporariamente nas dilatações dos axônios, formando os
corpos de Herring.

3 componentes histológicos:

1) Pituícitos: são células da glia semelhantes aos astrócitos. Servem de


sustentação (formam uma bainha que envolve o axônio e suas terminações)
para os axônios provenientes de neurônios do núcleo supra-otico e
paraventricular do hipotálamo.
2) Axônios amielínicos: são derivados das células neuroendócrinas proveninente
dos núcleos supra-otico e paraventricular do hipotálamo. Eles compõem o
infundíbulo formando o trato hipotalâmico hipofisário. Ao longo desses
axônios, na parte nervosa, existem dilatações com acúmulos de grânulos de
secreção ao longo do axônio ( com hormônio e a neurofisina transportadora)
chamadas corpos de Herring.
3) Capilares fenestrados:
Vascularização da hipófise ( circulação porta hipotálamo-hipofisária): A artéria carótida
interna origina a artéria hipofisária superior que está localizada na eminência mediana
e na parte superior do infundíbulo. Ela forma o plexo capilar primário que recebe os
produtos das células neuroendócrinas dos núcleos hipotalâmicos. Esses capilares se
projetam em direção a adeno-hipófise, formando veias porta que se conectam com o
plexo capilar secundário. Esse plexo irá irrigar a adeno-hipófise e recebe os hormônios
que serão liberados pela adeno-hipófise que atingirão o sangue. A neuro-hipófise é
irrigada pelo terceiro plexo capilar proveniente da artéria hipofisária inferior que se
conecta com a superior através da artéria trabecular. Conclui-se que a adeno-hipófise
não possui nenhum suprimento arterial direto.

Veias portas
Adeno-hipófise: artéria hipofisária superior → plexo capilar primário → plexo capilar
secundário
Artéria trabecular
Neuro-hipófise: artéria hipofisária inferior → terceiro plexo capilar
O tamanho dos folículos (ep. Cúbico simples) varia:

Hipoatividade: muito coloide, folículo aumentado e epitélio folicular com células


cubicas altas.

Hiperatividade: pouco coloide, folículo diminuído e epitélio folicular com células


cúbicas baixas.

Fase exócrina: epitélio simples pavimentoso

Fase endócrina: epitélio cúbico alto


A glândula paratireoide possui tecido epitelial glandular cordonal e é circundada por
uma cápsula de tecido conjuntivo que a separa da tireoide. Seu parênquima (parte
funcional) é dividido em dois tipos celulares que podem estar organizados em cordões
ou em aglomerados como cachos de uva:

• Células principais: São basófilas. São as mais numerosas, possuem grânulos de


secreção com paratormônio (importante para aumentar a [Ca 2+] no sangue). Possui
mitocôndria alongada e RER abundante.

• Células oxífilas ou acidófilas: são grandes, menos numerosas, coram intensamente


com eosina, possuem muitas mitocôndrias e pequenos CG e RER. Função
desconhecida.
A suprarrenal possui tecido epitelial glandular cordonal.

Todo o córtex produz hormônios esteroides (presença de muitos lipídios) e a medula


produz catecolaminas.

Histologia da supra-renal

Córtex → origem mesodérmica

Zona Glomerulosa: células colunares ou piramidais organizadas em cordões dispostos


em arcos que envolvem os capilares fenestrados que produzem mineralocorticoides (
aldosterona). Possui RER abundante, CG e REL bem desenvolvido. É a camada mais
corada.

Zona Fasciculada: células poliédricas organizadas em cordões retos e regulares –


espongiócitos que produzem glicocorticoides e andrógenos (ACTH- cortisol). REL bem
desenvolvido.
Zona Reticulada: células cúbicas com citoplasma acidófilo organizadas em cordões
irregulares e que produzem glicocorticoides e andrógenos (ACTH)

Medula → origem neuroectodérmica

Células cuboides chamadas de cromoafins com citoplasma basófilo e que produzem


catecolaminas: adrenalina e noradrenalina.

Ilhotas de Langerhans: cordões de células entre capilares, possui uma cápsula de


tecido conjuntivo rico em fibras reticulares. Existem alguns tipos celulares:

Alfa (15-20%) – glucagon

Beta (70-80%) – insulina

Delta (10%) – gastrina e somatostatina

F (2%) – polipeptídeo pancreático


Histologia da glândula pineal

Ela é formada por dois tipos celulares:

1- Pinealócitos: mais abundantes, são células secretores organizadas em cordões


revestidos por tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e nervos – amielínicos.
Possuem um núcleo grande e esférico, pequenas vesículas de secreção e
mitocôndrias em abundância. São levemente basófilos e produzem melatonina
e para que essa se espalhe eles possuem as junções do tipo GAP.
2- Células intersticiais: menos abundantes, são células gliais, semelhantes aos
astrócitos. Com núcleo mais alongado e mais corado e RER bem desenvolvido.
Essas células juntamente com o tecido conjuntivo da pineal forma o estroma de
sustentação para os pinealócitos.

Diferente da neuro-hipófise, a pineal possui núcleos de neurônios.


Embriologia

Hipotálamo

• Origem: diencéfalo

Proveniente de um neuroectoderma.

Na 5º semana o sulco hipotalâmico se forma e divide o tálamo do hipotálamo.

Hipófise

• Origem: adeno-hipófise: origem neural (ectoderma cutâneo)

neuro-hipófise: origem epitelial (ectoderma neural)

Na 4º semana, o divertículo formado no teto da cavidade oral (ectoderma oral) irá se


desenvolver para cima em direção ao assoalho do diencéfalo, e ele formará a Bolsa de
Rathke ou Divertículo hipofisário, através de uma evaginação. Na 5º semana, ocorre o
alongamento do divertículo formado no assoalho do diencéfalo em direção á bolsa de
Rathke formada. Na 6º semana ocorre a degeneração do pedículo que conecta a bolsa
de Rathke com a cavidade oral. Essa degeneração é importante para que a formação
óssea que envolve a hipófise, a sela túrcica, possa ocorrer de forma completa.

Dessa forma, a adeno e a neuro-hipófise possuem origens embriológicas distintas e,


apesar de serem unidas, elas possuirão células e funções diferentes. A adenohipófise
tem origem no teto da cavidade oral ou ectordema oral (bolsa de Rathke = evaginação
do ectoderma oral) através de uma evaginação ou divertículo do mesmo. Já a neuro-
hipófise tem origem no assoalho do diencéfalo ou neuroectoderma através de uma
evaginação ou divertículo do mesmo. O divertículo que se constitui no tubo neural, no
teto do diencéfalo, passa a se chamar processo infundibular e mantém conexão com o
hipotálamo, em extremidade irá se desenvolver a parte nervosa da neuro-hipófise. As
células da bolsa de Rathke irão se aderir ao processo infundibular e se desenvolver
parcialmente entorno dele, formando a parte tuberal da adenohipófise. O restante da
bolsa de Rathke forma a parte intermédia e a parte distal da adenohipófise. O lúmen
da bolsa de Rathke forma a fenda hipofisária.

Tireoide

A tireoide é formada a partir de uma invaginação endodérmica ( espessamento do


assoalho da faringe), entre a 1º e a 2º bolsa faríngea. Essa invaginação cresce em
direção a faringe ( divertículo tireóideo) formando o ducto tireoglosso e na
extremidade desse ducto a glândula tireoide se desenvolve. Logo, o ducto tireoglosso
conecta a glândula tireoide com seu ponto de origem, o forame cego. Isso ocorre na 4º
semana e no início da 5º. No final da 5º semana, o ducto tireoglosso começa a se
degenerar, e na 7º semana o ducto tireoglosso desaparece completamente deixando a
tireoide se desenvolver como uma glândula sem ducto. Assim, a glândula tireoide já
aparece formada envolvendo a faringe.

Paratireoides

Se originam da 3º e 4º bolsas faríngeas. As paratireoides superiores se originam da 4º


bolsa e as inferiores junto com o timo, da 3º. As células do 4º par de bolsas faríngeas
migram para a região superior da tireoide enquanto as células do 3º par de bolsas
faríngeas migram para a região inferior da tireoide
Pineal

Se originam nas células neurais do 3º ventrículo. A glândula pineal se desenvolve a


partir de uma evaginação do teto do diencéfalo ( divertículo no teto diencefálico do 3º
ventrículo)

Suprarrenal

Córtex: originado do mesoderma da parede abdominal posterior

Durante a quinta semana, células em proliferação derivadas do mesotélio infiltram na


extremidade cranial do mesonéfron e dão origem ao córtex primitivo da suprarrenal.
Uma segunda proliferação de células derivadas do mesotélio circunda o córtex
primitivo e forma o córtex da futura glândula no adulto.

Quando o córtex da suprarrenal é formado ele começa a enviar informações para


auxiliar na formação da DHEA que será convertida em estradiol pela placenta. Desse
modo, o embrião para de depender do corpo lúteo para a manutenção do útero e,
assim, da gestação.

Medula: crista neural diferenciada em células cromoafins ( neurônios simpáticos)

Na última semana de desenvolvimento, a massa celular mesotelial é invadida na sua


região medial por cromofinoblastos derivados da crista neural os quais se diferenciam
em duas classes de células cromafins da medula suprarrenal.

As células mesenquimais que circundam o córtex fetal se diferenciam em fibroblastos


e formam a cápsula da suprarrenal

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