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DADOS DO FORNECEDOR
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Código Penal.
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da
área de conhecimento trabalhada.
Introdução à reumatologia.................................................................................................. 13
Doenças reumáticas........................................................................................................ 13
Bases do sistema imunológico...................................................................................... 15
Anatomia e fisiologia osteoarticular essencial........................................................... 16
Semiologia reumatológica.................................................................................................. 18
Manifestações articulares.............................................................................................. 18
Manifestações extra-articulares................................................................................... 20
Interpretação de exames em reumatologia................................................................. 21
Envelhecimento celular....................................................................................................... 22
Teorias do envelhecimento celular............................................................................... 23
Consequências do envelhecimento celular................................................................. 25
Síndromes dolorosas............................................................................................................ 26
Síndromes dolorosas do ombro (SDO).......................................................................... 27
Epicondilite lateral (cotovelo de tenista)...................................................................... 30
Síndromes compressivas de membros superiores.................................................... 31
Sintetizando............................................................................................................................ 35
Referências bibliográficas.................................................................................................. 36
Sintetizando............................................................................................................................ 65
Referências bibliográficas.................................................................................................. 66
Artropatias na infância........................................................................................................ 70
Artrite reumatoide juvenil............................................................................................... 70
Febre reumática................................................................................................................ 75
Artrite séptica........................................................................................................................ 79
Artrite séptica crônica..................................................................................................... 80
Artrite séptica aguda não gonocócica......................................................................... 82
Artrite séptica aguda gonocócica................................................................................. 83
Espondiloartropatias soronegativas.................................................................................. 85
Espondilite anquilosante................................................................................................. 86
Artrite psoriásica.............................................................................................................. 90
Sintetizando............................................................................................................................ 94
Referências bibliográficas.................................................................................................. 95
Sintetizando.......................................................................................................................... 125
Referências bibliográficas................................................................................................ 126
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1116165438533227
1 INTRODUÇÃO À
REUMATOLOGIA
E ÀS DOENÇAS
REUMÁTICAS
Tópicos de estudo
Introdução à reumatologia Envelhecimento celular
Doenças reumáticas Teorias do envelhecimento celular
Bases do sistema imunológico Consequências do
Anatomia e fisiologia osteoarti- envelhecimento celular
cular essencial
Síndromes dolorosas
Semiologia reumatológica Síndromes dolorosas do ombro
Manifestações articulares (SDO)
Manifestações extra-articulares Epicondilite lateral (cotovelo de
Interpretação de exames em tenista)
reumatologia Síndromes compressivas de
membros superiores
EXPLICANDO
O termo “reumatismo” pertence a uma denominação médica antiga, tendo
se tornado obsoleto, porém ainda é bastante usado, empregando-se a
patologias dos sistemas mio-osteoarticular de etiologia não traumática.
Este emprego geralmente está relacionado a quadros de artrite, mas vale
ressaltar que há um número extenso de patologias que podem desenvol-
ver um quadro desse tipo, alcançando desde infecções a situações de
etiologia imunológica (PINHEIRO, s.d.).
Doenças reumáticas
As doenças reumáticas caracterizam-se por sua cronicidade e são, muitas
vezes, funcionalmente limitantes e até deformantes. É fato que o paciente aco-
metido por uma doença reumática pode não apresentar queixas articulares,
mas, sim, um quadro clínico relacionado a outros órgãos e sistemas. Outra ca-
racterística importante destas doenças é que podem acometer qualquer faixa
etária e ambos os sexos, com predomínio do sexo feminino.
Segundo a Sociedade Catarinense de Reumatologia (2019), além das dores
articulares, que é uma das manifestações mais comuns, outros sinais e sinto-
mas podem surgir, como: edema; rubor; aumento de temperatura articular;
limitação em movimentos; rigidez articular matinal; limitação na amplitude de
movimento e na flexibilidade da coluna; limitação para a realização de ativi-
dades de vida diária; fadiga muscular; alterações oculares, como vermelhidão
2. Osteoartrose
5. Artropatias reativas
6. Artropatias metabólicas
a. Osteoporose
b. Doença de Paget
7. Vasculites sistêmicas
8. Reumatismo extra-articular
a. Bursite
b. Tendinite
c. Fibromialgia
Linfócito
Erosão do osso
Citocina
Anticorpos
Deslocamento
do osso
Macrófagos
EXEMPLIFICANDO
De modo a exemplificar o acometimento do sistema osteoarticular com
o desenvolvimento da osteoartrite, vale mencionar que este é o tipo mais
comum de artrite, se devendo à ocorrência de degeneração cartilaginosa
associada a alterações das estruturas ósseas ao redor. Sua maior incidên-
cia se dá sobre as articulações das mãos, joelhos, coluna e coxofemorais
(FREITAS, 2016).
Erosão do osso
Membrana
sinovial
inchada
inflamada
Artrite reumatoide
Figura 2. Sistema osteoarticular saudável e outro acometido por doença reumática. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/01/2021.
Semiologia reumatológica
As doenças reumáticas acometem não apenas o sistema musculoesque-
lético, mas também o tecido conjuntivo em sua totalidade. Portanto, de uma
maneira didática, as manifestações encontradas podem ser divididas em arti-
culares e extra-articulares.
Manifestações articulares
Artrites e a artralgia apresentam-se bastante recorrentes, porém, clinica-
mente, a artrite, por apresentar-se com maior especificidade para diagnósticos
e evidência, deve ser detectada no exame físico, que detém maior valor na ela-
boração do diagnóstico.
As artralgias indicam, geralmente, menor especificidade. Esses quadros ál-
gicos são caracterizados por dor articular inalterável ao exame físico; no entan-
to, se presentes em uma mesma articulação por um longo período começam a,
clinicamente, indicar um significado maior.
• Febre reumática;
Paciente jovem
• Leucose.
• Osteoartrose;
Paciente idoso
• Gota.
• Artrite séptica;
Sintomas gerais (febre,
• Microcristalinas;
emagrecimento, fadiga
• Artrite inflamatória;
e anorexia)
• Neoplasia (síndrome paraneoplásica).
• Microcristalinas;
Artrite recorrente • Hidroartrose intermitente;
• Sinovite eosinofílica.
• Trauma;
Artrite episódica
• Artrite séptica.
• Artrites microcristalinas;
• Artrites infecciosas e transinfecciosas;
Duração aguda
• Febre reumática inicial;
• Artropatias relacionadas a traumas.
• Artrite reumatoide;
Duração crônica • Artrites soronegativas;
(mais de seis semanas) • Doença difusa do tecido conjuntivo (DDTC);
• Artrite infecciosa (micobactérias, fungos, Lyme, HIV).
• Monoarticular - gota;
• Infecciosas;
• Osteoartrite;
• Oligoarticular - artropatias soronegativas;
Número de articu-
• Febre reumática;
lações envolvidas
• Poliarticular - artrite reumatoide;
• DDTC;
• Osteoartrite;
• Artropatias soronegativas.
Manifestações extra-articulares
Abordamos sobre o caráter sistêmico das doenças reumatológicas, com-
preendendo que podem apresentar tanto manifestações articulares como ex-
tra-articulares. Algumas delas estão expressas no Quadro 3, relacionadas aos
respectivos sistemas e diagnósticos.
• Ocorrem principalmente no
Gênito-urinário • Nefrites. lúpus, mas também em ou-
tras DDTC e vasculites.
• Conjuntivite/uveíte/irite/
• Artropatias soronegativas;
Visual iridociclite;
• AR.
• Episclerite.
• Anemia hemolítica/citope-
nias/plaquetopenia; • Lúpus e DDTC;
Hematológico
• Tromboses arteriais e veno- • Síndrome antifosfolípide.
sas/plaquetopenia.
Fonte: FULLER, 2008. (Adaptado).
Envelhecimento celular
O envelhecimento celular caracteriza-se como um processo que ocorre
em todos os níveis do organismo, porém cada tecido apresenta suas peculia-
ridades. Pode ser traduzido como a danificação molecular, celular e tecidual,
em que gradativamente há perda da capacidade de adaptação ou reparação
de algum dano.
O termo senescência faz alusão ao processo natural do envelhecimento
humano. Portanto, a senescência celular é o advento em que a divisão celular
estagna, e não existe mais a substituição das células que, por alguma razão,
cessaram seu metabolismo. Segundo Gava e Zanoni (2005, p. 41):
O envelhecimento pode ser definido como um processo deteriorati-
vo progressivo e irreversível, característico da maioria dos sistemas
EXEMPLIFICANDO
Em pacientes que sofreram acidente vascular encefálico (AVE) ou outra
doença que instigue perda progressiva de células nervosas, como as
doenças neurodegenerativas de Alzheimer e Parkinson, há grande perda
celular. Quando um órgão declina sua função, seja por algum distúrbio ou
pelo próprio envelhecimento, outros podem ser afetados. Um exemplo está
em pacientes com aterosclerose, em que os rins podem ter seus vasos
estreitados, tendo em vista que o sangue chega a ele de maneira reduzida
(GAVA; ZANONI, 2005).
Síndromes dolorosas
As síndromes dolorosas são quadros muito comuns em membros superio-
res (MMSS), podendo decorrer de processos metabólicos, degenerativos, infec-
ciosos, inflamatórios, entre outros. Vários são os fatores para seu desenvolvi-
mento, que, em geral, afetam o sistema musculoesquelético, a derme, os vasos,
os nervos e a região cervical. Enfocaremos a abordagem em tendinite calcária
do ombro, capsulite adesiva do ombro, epicondilite lateral, as síndromes com-
pressivas de MMSS, como a síndrome do túnel cubital e túnel do carpo.
Alguns aspectos a serem considerados sobre este grupo de enfermidades é
que estas síndromes apresentam maior prevalência com a evolução da idade.
Infelizmente, acabam por não serem diagnosticadas corretamente e, em de-
corrência disto, são, geralmente, subtratadas. Sua prevalência é potencializada
com o envelhecimento e, prementemente, em pacientes com idade acima dos
60 anos, estes quadros chegam a duplicar.
Para o correto manejo da dor, provocada por estas síndromes na popula-
ção idosa, esta população esbarra em várias barreiras, como o descaso e a
Calcificação
Tendão
Imagem de calcificação
na ressonância magnética
Ombro congelado
Cotovelo de tenista
Úmero
Epicondilite
lateral
Músculos extensores Ulna Área de dor
e inflamação
Figura 6. Epicondilite lateral. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 01/02/2021.
Nervo médio
Úmero
Rádio
Nervo ulnar
Ulna
Figura 8. Síndrome do túnel cubital. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 01/02/2021.
2 DOENÇAS
VIDEOAULA
REUMÁTICAS Clique aqui
Tópicos de estudo
Alterações musculoesqueléti- Doenças metabólicas ósseas
cas (comprometimento axial) Raquitismo
Fibromialgia Osteoporose
Hérnia discal Doença de Paget
EXPLICANDO
Vamos explicar o significado da palavra “alodinia”, fenômeno que ocorre
na fibromialgia. Nessa patologia, um simples toque pode resultar em uma
dor intensa. Portanto, alodinia é uma maneira pela qual a pessoa sente
sua dor, quando um estímulo que não deveria provocar dor passa a causá-
-la. Podemos exemplificar como passar levemente uma pena na derme e
desencadear, assim, um grande desconforto.
Esses critérios são validados aqui no Brasil? Em 1999, concluiu-se que deve-
riam ser atribuídos à combinação de dor espalhada e crônica, além da presen-
ça de nove ou mais dos 18 tender points. Isso porque havia melhores proprie-
dades métricas com essa alteração, com a qual se demonstrou sensibilidade
1 2
5 6 3 4
Figura 1. Tender points relacionados aos critérios de classificação de fibromialgia estabelecidos em 1990 pelo Colégio
Americano de Reumatologia. Fonte: MARQUES; ASSUMPÇÃO; MAKSUTANI, 2015, p. 4.
CURIOSIDADE
A fibromialgia apresenta uma sintomatologia ampla; porém, muitos pa-
cientes procuram o neurologista apresentando queixas de cefaleia ten-
sional crônica e recebem tratamento para enxaqueca. Outros procuram
o otorrinolaringologista, queixando-se de tontura e zumbidos, e recebem
diagnóstico de labirintite. Finalmente, há os que recorrem ao cardiologista,
com queixas de dor torácica e palpitações, e, depois de realizados exa-
mes como a eletrocardiografia e ecocardiografia, estes se apresentam
normais. Fato é que todas essas manifestações podem estar presentes em
portadores de fibromialgia.
Hérnia discal
A hérnia de disco é uma das doenças degenerativas mais frequentes da
coluna vertebral lombar, representada pela falência mecânica do ânulo fibroso
em manter o núcleo pulposo no interior do disco intervertebral. Também é
bastante recorrente na coluna cervical, sendo esses dois segmentos os mais
afetados devido à maior amplitude de movimento que apresentam.
A hérnia discal ocorre em aproximadamente 2% da população geral e é um
pouco mais prevalente em homens do que em mulheres. Os episódios estão
Hérnia discal
Degeneração Protrusão
Extrusão Sequestro
Figura 2. Hérnia discal e respectiva classificação morfológica. Fonte: Smart Servier Medical Art, 2019.
Fascite plantar
A fáscia plantar é composta por uma banda fibrosa densa de tecido conjun-
tivo que se estende da tuberosidade medial do calcâneo (“osso do calcanhar”)
até as falanges proximais e é responsável pelo fornecimento de suporte ao pé.
A fascite plantar, segundo alguns estudos, pode ter sua causa pelo uso
excessivo, encurtamento da fáscia e/ou presença de um osteófito no calcâneo.
Fascite plantar
Calcâneo
Esporão do calcâneo
Também denominada síndrome do esporão do calcâneo, essa enfermi-
dade apresenta um crescimento ósseo “extra”, que, na síndrome dolorosa
subcalcânea (SDS), pode formar-se quando a fáscia plantar realiza uma tração
demasiada sobre o calcâneo.
O esporão do calcâneo emerge, normalmente, na base do osso calcâneo, ou
seja, na sola do pé, ou pode emergir na região posterior do calcâneo, próximo
ao local onde se insere o tendão de Aquiles. A Figura 4 ilustra os locais de aco-
metimento da patologia.
Esporão
dorsal
Esporão
plantar Ossos do pé humano (visão lateral)
DICA
Geralmente, apenas o espetamento de um esporão não é suficiente para
que os pacientes se queixem de dor, o que nos leva a concluir que as
dores, nessa patologia, estão associadas à fascite plantar. Dessa manei-
ra, o esporão é somente um indicativo de que aquele local do calcanhar
permaneceu, nos últimos tempos, exposto a microtraumas e estresses
constantes.
No caso de processos inflamatórios, o sintoma mais comum será a dor,
localizada ao redor da base do calcâneo e no arco plantar, caracterizada pela
piora quando se levanta da cama ou após um longo período em sedestação.
O diagnóstico do esporão do calcâneo é baseado na história clínica. O
profissional poderá também solicitar alguns exames de imagem, como a ra-
diografia convencional do pé, exame muito indicado para que se confirme
o diagnóstico.
Caso detectado o esporão, os procedimentos a serem adotados somente
serão necessários caso o processo inflamatório ao redor tenha se desenvol-
vido, prementemente na forma de fascite plantar, devendo ser adotada a
conduta já abordada nessa patologia. Intervenções cirúrgicas para retirar o
Raquitismo
Para que o osso creça normalmente, há necessidade da ingestão de dois
componentes: o cálcio adequado e níveis de fósforo normais. Isso faz com que
ocorra a mineralização óssea, que, caso se encontre deficiente, pode acarretar
o raquitismo e/ou a osteomalacia.
O raquitismo nada mais é do que uma mineralização deficiente localizada
na placa de crescimento, quando se rompe a arquitetura dessa estrutura no
Osteoporose
A denominação “osteoporose” foi introduzida no século XIX, na França e na
Alemanha, para fazer a descrição do achado histológico da porosidade óssea.
Mais tarde, com o surgimento da densitometria óssea, definiu-se osteoporose
como doença sistêmica esquelética, cuja característica principal é a baixa mas-
sa óssea e desorganização da microarquitetura desse tecido, aumentando, as-
sim, tanto a fragilidade quanto a propensão às fraturas (MARTINS et al., 2009).
Pela definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), densitometrica-
mente, a osteoporose apresenta densidade de massa óssea inferior a 2,5 des-
vios-padrão (SD) em relação à média para mulheres jovens brancas saudáveis,
conforme descreve o Quadro 1. Esse quadro se refere à densidade do sujeito
comparada a de adultos jovens normais do mesmo sexo (T-Score). Vale ressaltar
que ainda não há definição em como deveria ser aplicado esse critério diagnós-
tico para crianças e homens ou para distintos grupos étnicos.
ASSISTA
Para que você aprimore seus conhecimentos sobre a
fisiopatologia da osteoporose, assista ao vídeo Osteoporo-
se: como ocorre, que explica de maneira clara e objetiva a
participação das células ósseas no processo de remode-
lação – e quando esse processo deixa de acontecer.
Doenças endocrinológicas
Síndrome de Cushing
Hiperparatireoidismo
Hipertireoidismo
Hipogonadismo
Doença celíaca
Síndromes de má absorção
Doença pulmonar obstrutiva crônica
Doença neurológica crônica
Artrite reumatoide
Osteoporose secundária
Aids/HIV
Neoplasias
Mieloma múltiplo
Linfoma e leucemia
Doenças hereditárias do tecido conjuntivo
Síndrome de Ehlers-Danlos
Homocistinúria
Síndrome de Marfan
Osteogênese imperfeita
Medicações
Doença de Paget
A doença de Paget, também denominada osteíte deformante, constitui-se
em uma doença óssea localizada e crônica. Sua característica é a remodela-
ção óssea maior e a arquitetura anormal do osso, e pode ser encontrada nas
Figura 5. Arqueamento dos ossos longos. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 11/02/2021.
Osteoartrose
Iniciemos essa abordagem falando sobre a nomenclatura empregada
para a osteoartrose, que pode ser encontrada na literatura como osteoar-
trite, doença articular degenerativa, artrose ou osteoartrose. Trata-se da
doença reumática com maior prevalência na população idosa, principal-
mente acima dos 65 anos de idade.
Doença crônica, de etiologia multifatorial, evolui para incapacidade fun-
cional progressiva. Ocorre por insufi ciência cartilaginosa, desencadeada
CURIOSIDADE
Você sabia que o tão conhecido “bico de papagaio” nada mais é do que o
osteófito, formação óssea que caracteriza a osteoartrose? Dá-se por um
crescimento anormal do tecido ósseo ao redor de uma articulação verte-
bral, quando o disco intervertebral, que teria a função de amortecedor en-
tre as vértebras, está comprometido. Esses “bicos de papagaio” emergem
subsequentemente à desidratação discal, favorecendo a aproximação das
vértebras e tornando possível que raízes nervosas se comprimam.
Artrite reumatoide
A artrite reumatoide (AR) é uma doença reumática inflamatória crônica,
autoimune, ou seja, de etiologia desconhecida, caracterizada por poliartrite
simétrica perifé rica. Geralmente evolui para lesões articulares e incapaci-
dade física. Apresenta caráter sistêmico, com uma gama de manifestações
extra-articulares, que incluem fadiga, nódulos subcutâneos, acometimento
pulmonar, pericardite, neuropatia perifé rica, vasculite e anormalidades he-
matológicas (FAUCI; LANGFORD, 2014).
Sua incidência aumenta entre os 25 e 55 anos de idade, atingindo seu
platô até os 75 anos, regredindo após essa idade. Manifesta-se inicialmente
por quadro inflamatório em articulações, tendões e bursas. De modo geral,
os pacientes referem queixas de inchaço matinal articular, com duração de
mais de uma hora, melhorando com a atividade física.
Inicialmente, são acometidas as pequenas articulações das mãos e pés,
sendo o padrão inicial monoarticular, oligoarticular (≤ 4 articulações) ou po-
liarticular (> 5 articulações), que cursa distribuído simetricamente. Quando
o processo da AR se estabelece, as articulações cárpicas, metacarpofalan-
geanas (MCP) e interfalangeanas proximais (PIP) acabam tendo o maior aco-
metimento. A Figura 7 ilustra o acometimento da AR nas mãos.
3 DOENÇAS
REUMÁTICAS II
Tópicos de estudo
Artropatias na infância Espondiloartropatias soronega-
Artrite reumatoide juvenil tivas
Febre reumática Espondilite anquilosante
Artrite psoriásica
Artrite séptica
Artrite séptica crônica
Artrite séptica aguda não gono-
cócica
Artrite séptica aguda gonocócica
ASSISTA
A artrite reumatoide juvenil é um tipo de artrite que acomete crianças
até os 16 anos. O vídeo O que é Artrite Reumatóide Juvenil apresenta, de
modo bastante didático, o que é essa patologia, suas principais caracte-
rísticas e manifestações clínicas.
Formas de
Características
manifestação
CURIOSIDADE
Os quadros de uveíte, em geral, não manifestam sintomas. Entretanto
podem desenvolver complicações como glaucoma, catarata e, inclusive,
perda parcial da visão, principalmente se o diagnóstico da ARJ for tardio.
Isso justifica a relevância dos exames periódicos ao oftalmologista, como
a realização da biomicroscopia entre três e quatro meses. Interessante
que esse quadro de uveíte pode se manifestar associado ao quadro artríti-
co ou anos após estes terem se manifestado.
Normal Artrite
Febre reumática
A febre reumática (FR), descrita em algumas literaturas como febre reumá-
tica aguda, trata-se de uma doença multissistêmica, que resulta de uma reação
autoimune, mediada por uma infecção por estreptococo do grupo A em seu ca-
ráter multissistêmico. Quase todas as manifestações regridem completamente,
todavia há uma exceção que corresponde à lesão valvar cardíaca, denominada
cardiopatia reumática (CR), que pode permanecer depois que os outros achados
tenham desaparecido (FAUCI; LANGFORD, 2014).
A FR acomete, via de regra, crianças na faixa etária entre 5 e 14 anos, sendo
que os eventos iniciais são incomuns em adolescentes mais velhos e adultos
jovens e são raros em pessoas na faixa etária dos 30 anos de idade.
Com relação à sua patogenia, a FR apresenta evidências de ser exclusivamen-
te causada por infecção do trato respiratório superior com estreptococos
do grupo A. Quando um hospedeiro susceptível encontra um es-
treptococo do grupo A, ocorre uma resposta autoimune, causan-
do danos aos tecidos humanos em decorrência de reatividade
cruzada entre epítopos no microrganismo e no hospedeiro.
Fatores do hospedeiro
determinados
geneticamente
Fêmur
Ligamento
Cartilagem colateral
articular medial
Ligamento
colateral Glóbulos
lateral brancos
Ligamento
cruzado Ligamento
anterior cruzado
Menisco posterior
Fíbula Tíbia
CURIOSIDADE
De modo geral, as infecções que ocorrem imediatamente após a implanta-
ção da prótese podem ser tratadas preservando a prótese, todavia, quan-
do a infecção ocorre tardiamente, pode ser necessário substituí-la. Alguns
pacientes podem desenvolver quadros de infecção até dois anos após a
implantação protética.
CURIOSIDADE
O diagnóstico precoce é imprescindível para o êxito do tratamento da
artrite séptica. A demora em iniciar o tratamento por antibioticoterapia
apropriada e realizar o debridamento necessário resulta, na maioria dos
casos, em consequências deletérias. Os dois componentes principais
do tratamento são drenagem e antibióticos intravenosos. A mobilização
articular progressiva também ajuda a prevenir algumas complicações
crônicas da artrite séptica.
Espondiloartropatias soronegativas
As espondiloartrites contextualizam um conjunto de alterações que com-
partilham algumas manifestações clínicas e associações genéticas, autoimunes.
Espondilite anquilosante
Destaca-se que espondilite faz menção ao quadro inflamatório da coluna e
anquilosante quer dizer fusão (solda) de dois ossos em um único. A espondili-
te anquilosante (EA) é um distúrbio inflamatório sem causa conhecida, ou seja,
uma doença autoimune que acomete o esqueleto axial, as articulações perifé-
ricas e estruturas extra-articulares. Seu início ocorre na segunda ou terceira dé-
cadas, prevalecendo no sexo masculino, com incidência de 2:1 e 3:1 em relação
ao sexo feminino.
Corpo da
vértebra
Disco
Figura 4. Espondilite anquilosante (coluna de bambu). Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/03/2021.
Artrite psoriásica
Segundo a SBR (2021), a doença psoriásica é uma condição inflamatória de
caráter crônico, sistêmico e recorrente, onde ocorre hiperplasia epidérmica me-
diada por estimulação imune inapropriada, que ocorre por fatores ambientais e
genéticos que ainda são obscuros, atingindo a derme, mucosas, fâneros (anexos
da pele) e articulações. Acomete de 2 a 3% da população mundial, sendo que, no
Brasil, a prevalência aproximada é de 1,33%.
Sobre a artrite psoriásca (APs), destaca-se que o acometimento dérmico pre-
cede o comprometimento articular na maioria dos casos.
As manifestações musculoesqueléticas da doença psoriásica são muito va-
riáveis. A SBR utilizou a classificação da APs em cinco subtipos, descritos, em
Apresentação clínica da artrite psoriásica em cinco subtipos descritos por Moll e Wright (1973)
Figura 5. Encurtamento do quinto quirodáctilo (telescopagem digital). Fonte: SHINIO; MOREIRA, 2021.
Com relação a manifestações que acometem o esqueleto axial, essas são ra-
ras, acometendo 5% dos pacientes, no entanto, quadros de lombalgia inflama-
tória e alterações radiológicas podem ser verificadas em até um terço dos casos,
demonstrando tendência a aumentar conforme a evolução da doença.
Outros sinais clássicos são a dactilite ou “dedo em salsicha”, que pode se de-
senvolver em mãos e pés, sendo caracterizado por edema difuso de toda a ex-
tensão do dedo, e pode ocorrer em 30 a 40% dos pacientes durante o curso da
doença; e as entesites, inflamação no sítio de inserção de tendões, ligamentos,
cápsula articular e fáscias, afetando, de modo sintomático, de 20 a 40% dos pa-
cientes, desenvolvendo-se na fáscia plantar, tendão do calcâneo, ligamentos pa-
telares superior e inferior e inserção de ligamentos dos ossos pélvicos (SHINIO;
MOREIRA, 2021).
Na APs, bem como em outras espondiloartropatias, pode ocorrer manifesta-
ções oculares, como conjuntivite e uveíte. A proporção desse acometimento se
dá em um percentual estimado de 20% de conjuntivite e 7% de uveíte.
Fazem parte dos critérios de diagnóstico para a APs, a presença de doença
infamatória articular (artrite periférica, axial ou nas enteses) e pontuação igual
4 DOENÇAS
REUMÁTICAS III
Tópicos de estudo
Síndrome de Reiter Artropatias microcristalinas
Formas epidemiológicas da Gota
síndrome de Reiter Pseudogota
Manifestações articulares
Manifestações extra-articulares
CURIOSIDADE
Em relação às duas denominações encontradas na literatura (síndrome
de Reiter e artrite reativa), é importante destacar que o nome síndrome de
Reiter é atribuído à tríade de uretrite/cervicite, conjuntivite e artrite. O que
ocorre é que as pesquisas atualmente têm evidenciado que nem todos os
pacientes com síndrome de Reiter apresentam essa tríade sintomática,
o que fez com que a enfermidade passasse a ser denominada de artrite
reativa, tornando a nomenclatura anterior inapropriada.
Manifestações articulares
As manifestações articulares se iniciam geralmente como uma oligoartrite
assimétrica aguda em articulações periféricas, as quais surgem após muitas
semanas do momento em que a infecção ocorreu.
Manifestações extra-articulares
As manifestações mucocutâneas fazem parte da tríade da SR e se eviden-
ciam por muitas alterações, as quais variam em 8% a 32% dos pacientes (IMBO-
DEN; HELMANN; STONE, 2014). Entre elas, temos:
• Balanite circinada: lesão inflamatória da glande ou corpo do pênis (Fi-
gura 2), característica da SR. Se apresenta de duas maneiras: em homens não
circuncidados como úlceras superficiais, úmidas, serpiginosas e indolores com
elevação das bordas, e em homens circuncidados como placas hiperceratóticas
secas semelhantes à psoríase, sendo dolorosas em alguns casos;
CURIOSIDADE
É imprescindível ressaltar que a utilização de algumas medicações, em es-
pecial a hidralazina e a isoniazida, poderão desencadear sintomas seme-
lhantes ao LES, assim como ter impacto de gatilho para as manifestações
da enfermidade. Já o tabagismo, atuando como o segundo fator ambiental
mais atrelado ao desenvolvimento de LES (sendo o primeiro a luz UV), atua
reduzindo os efeitos terapêuticos da hidroxicloroquina, uma vez que esta
medicação atua reduzindo as manifestações da doença.
1. Lúpus cutâneo agudo: inclui rash malar, lúpus bolhoso e rash fotossenssível;
5. Sinovite de duas ou mais articulações, com edema ou derrame articular (ou artralgia, e
rigidez matinal maior que 30 minutos);
6. Serosite: dor pleurítica típica por mais de um dia ou derrame pleural ou atrito pleural;
dor pericárdica típica por mais de um dia ou efusão pericárdica ou atrito pericárdico ou
eletrocardiograma com sinais de pericardite;
7. Renal: relação entre proteina e creatinina urinárias (ou proteinúria de 24 horas) com mais
de 500 mg de proteínas nas 24 horas, ou cilindros hemáticos;
9. Anemia hemolítica;
Figura 5. Foto de mãos e raio X de paciente com Artropatia de Jaccoud. Fonte: CAZNOCH, 2006, p. 263.
Neuropsiquiátricas Psicoses;
Esclerose Sistêmica
Considerada rara, a Esclerose Sistêmica (ES) ou esclerodermia é uma doen-
ça multissistêmica, crônica, causada por uma alteração endotelial e imunológi-
ca que compromete o tecido conjuntivo da pele, o sistema musculoesquelético
e os órgãos internos, em particular coração, rins, pulmões e trato gastrointes-
tinal. A denominação esclerodermia significa “pele dura”, termo que traduz o
acometimento clínico mais dramático desta enfermidade, a fibrose cutânea.
Esta apresenta como características alterações inflamatórias, fibróticas e
atróficas acompanhadas de endarterite proliferativa e lesões capilares obstru-
tivas, sendo que os mecanismos que envolvem sua fisiopatologia ainda são
pouco conhecidos. Isso posto, é possível afirmar que as alterações vasculares,
o acúmulo de colágeno e a ativação do sistema imunológico representam suas
principais características (SHINIO; MOREIRA, 2021). No Brasil, esta doença atin-
ge aproximadamente 11,9 pessoas por milhão de habitantes, e é mais prevalen-
te no sexo feminino, variando de 3 a 15:1. A doença surge em média entre os 45
e 64 anos de idade, sendo rara na infância.
Em sua patogênese há interação entre célula-célula, célula-citocina e célu-
la-matriz, e cada uma destas interações contribui para o processo patogênico;
ademais, acredita-se que a vasculopatia pode originar-se depois da lesão e ati-
vação das células endoteliais por aspectos desconhecidos. Subsequentemente,
esta lesão endotelial crônica acarreta em adesão de plaquetas e ativação do
sistema fibrinolítico somadas a um aumento da permeabilidade vascular e ade-
são leucocitária à parede vascular. Todo este processo leva à síntese e deposi-
ção de moléculas da membrana extracelular, ocorrendo então a fibrose, com
Classificação Comprometimento
Distal às articulações
Espessamento cutâneo dos dedos (só computar o maior 4
metacarpofalângicas
escore) 2
Edema de mãos
Úlceras digitais 2
Lesões de polpa digital (só computar o maior escore)
Microcicatrizes 3
Fenômeno de Raynaud 3
Telangiectasias 2
Gota
A gota é uma artropatia inflamatória decorrente da formação de cristais de
urato monossódico di-hidratado nos tecidos articulares, sendo esta a forma de
enfermidade articular inflamatória mais comum da espécie humana.
Cristais de urato
monossódico
di-hidratado
Figura 7. Cristais de urato monossódico di-hidratado nos tecidos articulares. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/03/2021.
6 meses a 2 semanas a
2 anos 4 meses
Número de articulações
afetadas
1a2 4a5 Tofos
Figura 8. História natural da gota em três estágios. Fonte: IMBODEN; HELMANN; STONE, 2014, p. 358.
A artrite gotosa aguda tem início entre 10 a 30 anos após o início da hipe-
ruricemia assintomática. Em um período de 8 a 12 horas, a dor progride de
leves pontadas até seu nível mais intenso. Via de regra, o primeiro episódio
acomete apenas uma articulação, e em 50% dos casos, envolve a primeira arti-
culação metatarsofalangiana, denominada podagra.
Também podem ser comprometidas, na fase inicial, articulações da região
intermediária do pé, tornozelo, calcanhar e joelho. Os punhos, os dedos e os
cotovelos são as articulações comprometidas em casos típicos da doença mais
evoluída. A intensidade da dor é tamanha que o paciente sequer pode supor-
tar o peso do lençol do leito incidindo na região afetada, quanto mais andar
quando há acometimento dos membros inferiores, majoritariamente as arti-
culações dos pés (SHINIO; MOREIRA, 2021).
Na artrite gotosa crônica ou artrite tofácea crônica a manifestação se
apresenta pela formação de tofos em forma de caroços (nódulos
cutâneos) que rodeiam as articulações, comprometendo tecidos
moles e causando alterações destrutivas em ossos e tendões.
Os tofos gotosos localizam-se preferencialmente sobre dedos,
joelhos, pavilhão auricular e cotovelos.
9. Hiperuricemia;
12. Cultura negativa do liquido articular para microrganismos durante o episódio de inflamação
articular
Pseudogota
A pseudogota é uma artropatia microcristalina associada à deposição de
cristais de pirofosfato de cálcio di-hidratado (CPPD), podendo se apresentar as-
sintomaticamente ou evoluir com várias manifestações clínica. O termo “pseu-
dogota” foi concebido a partir da descoberta de que alguns pacientes que apa-
rentemente tinham gota apresentavam cristais de CPPD no líquido sinovial, ao
invés de cristais de ácido úrico (IMBODEN; HELMANN; STONE, 2014).
A etiologia desta deposição de cristais não é conhecida, mas recentemente
descobriu-se que mutações do gene ANKH, do cromossomo 5p, relacionam-se
à condrocalcinose familiar, supostamente classificada como um distúrbio dos
mecanismos de transporte do pirofosfato inorgânico (PPi). Os percentuais bai-
EXPLICANDO
Embora muitas literaturas utilizem o termo pseudogota e condrocalcinose
como sinônimos, atribui-se a nomenclatura condrocalcinose para desig-
nar “calcinose” ao depósito dos cristais e “condro” por se depositarem na
cartilagem articular. Portanto, a condrocalcinose é detectável em exames
de imagem da articulação, sendo comumente observada na radiografia de
indivíduos com pseudogota.
Critérios
1. Demonstração dos cristais de CPPD nos tecidos ou no líquido sinovial por técnicas
definitivas (p. ex., padrão típico na difração de raios X ou análises químicas);
3B. Artrite crônica, principalmente joelho, quadril, punho, carpo, cotovelo, ombro ou
metacarpofalangeanas, especialmente se houver exacerbações agudas associadas. A artrite
crônica tem as seguintes características, que ajudam a diferenciá-la da osteoartrite:
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