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BIOESTATÍSTICA APLICADA A NEUROCIÊNCIAS

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SUMÁRIO

BIOESTATÍSTICA APLICADA A NEUROCIÊNCIASErro! Indicador não


definido.

NOSSA HISTÓRIA ................................... Erro! Indicador não definido.

Introdução ................................................................................................ 3

Doenças Neurológicas e Mentais: Aspectos Epidemiológicos e Impacto


Econômico ...................................................................................................... 6
A Neurociência no Brasil ...................................................................... 9
Integração Latinoamericana ............................................................... 16
O Futuro ............................................................................................. 17
Objetivo 1. Preservação e incentivo às linhas de pesquisa existentes
.................................................................................................................. 18

Objetivo 2. Incorporação da revolução trazida pela genética ......... 18

Objetivo 3. Incentivo à pesquisa clínica .......................................... 18

Objetivo 4. A incorporação de novas tecnologias ........................... 19

Bioética na Neurociência ....................................................................... 21

Fundamentação da Bioética – o valor da vida humana...................... 24


A pessoa humana ........................................................................... 25

O valor da vida humana.................................................................. 26

Os princípios da Bioética ................................................................ 27

Autonomia ...................................................................................... 28

Justiça ............................................................................................ 30

Ética e Ciência ....................................................................................... 32

REFERÊNCIAS ..................................................................................... 36

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NOSSA HISTÓRIA

A história do Instituto NOSSA HISTÓRIA, inicia com a realização do sonho


de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para
cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a NOSSA
HISTÓRIA, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A NOSSA HISTÓRIA tem por objetivo formar diplomados nas diferentes


áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Introdução

A bioestatística é usada rotineiramente para conduzir experimentos de


biologia. Os dados são coletados e analisados antes, durante e depois de um
experimento de biologia, com a intenção de chegar a alguma forma de conclusão
lógica sobre o que pode não ser exatamente um resultado empírico. Por outro
lado, um experimento de bioestatística pode ser inteiramente matemático; por
exemplo, a medição da temperatura de um animal em vários momentos do dia,
e o rastreamento subsequente de outras variáveis envolvidas nessas medidas
de temperatura, podem ser expressos em termos totalmente numéricos.

A bioestatística é, na verdade, duas palavras – e dois campos de estudo


– combinados. A parte bio envolve biologia, o estudo dos seres vivos. A parte de
estatísticas envolve o acúmulo, rastreamento, análise e aplicação de dados. A
bioestatística é o uso de procedimentos e análises estatísticas no estudo e na
prática da biologia. Como tal, possui muitas aplicações científicas e do mundo
real.

A neurociência compreende o estudo do sistema nervoso e suas ligações


com toda a fisiologia do organismo, incluindo a relação entre cérebro e
comportamento. O controle neural das funções vegetativas – digestão,

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circulação, respiração, homeostase, temperatura –, das funções sensoriais e
motoras, da locomoção, reprodução, alimentação e ingestão de água, os
mecanismos da atenção e memória, aprendizagem, emoção, linguagem e
comunicação, são temas de estudo da neurociência.

Modelos computacionais que simulam as funções acima mencionadas,


notadamente as funções locomotoras e sensoriais, a aprendizagem e a
memória, são objeto de pesquisa em inteligência artificial e visão artificial.
Ferramentas da informática são usadas para entender os sistemas biológicos e
soluções inspiradas na biologia e na psicologia são desenvolvidas para
aplicações que servem a diferentes ramos da engenharia, tais como
sensoriamento remoto, controle de sistemas de produção industrial, linha de
montagem de fábricas e muitas outras aplicações.

A neurociência está em grande expansão, e foi eleita com destaque pelo


Governo dos EUA como prioritária na década de 1990, que ficou conhecida como
a 'Década do Cérebro' (Library of Congress, 2010). Muitos também consideram
o século 21 o século do cérebro, no qual as grandes conquistas da humanidade
estarão dirigidas para a compreensão das funções neurais humanas.

A neurociência estuda também as doenças do sistema nervoso e seus


reflexos em todas as funções do indivíduo, procurando métodos de diagnóstico,
prevenção e tratamento, além da descoberta das causas e mecanismos. Desde
uma dor de cabeça até a doença de Alzheimer, o custo social e econômico
dessas afecções é imenso, e é também muito grande a parcela da economia
dedicada ao desenvolvimento e à produção e comercialização de fármacos e de
equipamentos de diagnóstico. O aprofundamento da pesquisa traz o
reconhecimento de novas doenças, permitindo seu estudo e tratamento. São
muitos os exemplos de novas descobertas. No século XIX, Freud descreveu a
paralisia cerebral, tendo usado esse nome para distingui-la da paralisia infantil.
Nas últimas décadas foi reconhecida a síndrome do pânico e há menos de 10
anos, a morte súbita, as graves consequências de distúrbios do sono e os príons
e seu possível envolvimento em patologias neurológicas ementais. É
surpreendente pensar que as doenças do sono, que sempre afligiram a
humanidade, só tiveram reconhecimento muito recentemente.

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A neurociência no Brasil está representada principalmente pela
Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC), que
congrega a pesquisa básica da área. A produção neurocientífica está também
presente nas Sociedades Brasileiras de Psicologia, de Farmacologia, de
Fisiologia, de Bioquímica, e na Brazilian Research Association on Vision and
Ophthalmology. Na área clínica, a neurociência brasileira é apresentada nas
Sociedades Brasileiras de Neurologia, de Psiquiatria e de Neuropsicologia.

A SBNeC, originalmente Sociedade Brasileira de Psicobiologia, tem 34


anos de existência. Foi fundada por Elisaldo Carlini, que reuniu um grupo de
psicólogos, psicofarmacólogos, neurofisiologistas, psiquiatras e outros
especialistas. A ata de fundação gerada nessa reunião histórica mostra a
argumentação desses pesquisadores na época, muito interessados em
promover a integração entre psicologia e neurociência. Esse grupo decidiu pela
fundação da nova sociedade a partir da Sociedade Latinoamericana de
Psicobiologia, cujo sucesso tinha sido comprometido pelas dificuldades políticas
dos países da região na década de 1970. O nome Sociedade Brasileira de
Psicobiologia perdurou até os anos 1990, quando, para evitar a criação de uma
segunda sociedade na mesma área, dedicada à neuroquímica, decidiu-se mudar
o nome da entidade para Sociedade Brasileira de Neurociências e
Comportamento. A manutenção da palavra comportamento como parte do nome
tem grande relevância para a área de Psicologia, pois constitui a forma de
integrar os psicólogos experimentais na sociedade, valorizando o enfoque no
estudo do comportamento. Essa ênfase espelha a motivação original do grupo
fundador de integrar psicólogos, estudiosos do comportamento, com os demais
ramos da fisiologia, farmacologia, morfologia, e outras áreas de estudo do
sistema nervoso.

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Doenças Neurológicas e Mentais: Aspectos
Epidemiológicos e Impacto Econômico

A pesquisa em neurociência visa, dentre seus objetivos, esclarecer os


mecanismos das doenças neurológicas e mentais por meio do estudo do sistema
nervoso normal e patológico.

As funções do sistema nervoso podem ser alteradas por eventos


ambientais como trauma, agentes infecciosos ou tóxicos; por tumores, mutações
gênicas e defeitos congênitos; por eventos vasculares e deficiências nutricionais,
e por muitos outros fatores. Muitas doenças do sistema nervoso são totalmente
incapacitantes, outras provocam prejuízos de diferentes níveis de gravidade.
Infelizmente, não temos acesso a dados de prevalência brasileiros. Para
exemplificar alguns números mais relevantes são citadas a seguir informações
dos EUA.

Dados do National Institute of Health - NIH (2002) mostram que, na


população dos EUA, dentre as doenças neurológicas que em geral se instalam
na infância: (1) a epilepsia afeta cerca de 2,5 milhões de norte-americanos; (2)
a paralisia cerebral ocorre em 750.000 nascimentos; (3) o autismo atinge
400.000 crianças; e (4) os tumores cerebrais são a segunda causa de morte por
câncer em crianças até 15 anos. Dentre as doenças que afetam adultos,
causando anos de invalidez, perda de vida e impacto econômico, os dados do

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NIH indicam que: (1) acima dos 60 anos, a demência do tipo Alzheimer, o
acidente vascular encefálico e a doença de Parkinson são frequentes; (2) os
acidentes vasculares encefálicos (cerebrais) são a terceira entre todas as causas
de morte e uma causa importante de invalidez (mais de 700.000 americanos são
afetados); (3) o trauma cerebral e as lesões medulares ocorrem principalmente
antes dos 30 anos, sendo o trauma cerebral responsável por mais de 5,3 milhões
de comprometimentos e mais de 50.000 óbitos; (4) a esclerose múltipla começa
por volta dos 30 anos de idade. Finalmente, a dor é a principal queixa para a
procura de atendimento médico em geral. A prevalência de dor crônica é alta e
suas causas difíceis de tratar.

A neurociência contribui também para o esclarecimento das doenças


mentais. O National Institute of Mental Health - NIMH (2002) define doenças
mentais como aquelas em que há alteração no pensamento, humor ou
comportamento (isoladamente ou combinados), acarretando sofrimento e/ou
prejuízo funcional. Dados daquela agência mostram que durante um período de
um ano, 22% da população americana adulta (44 milhões de pessoas) têm
alguma doença mental diagnosticável por critérios confiáveis; dentre essas
pessoas, 3% associam o abuso de drogas à doença mental.

O prejuízo causado por uma patologia pode ser calculado de várias


formas. O índice AVAI (Anos de Vida Ajustados por Incapacidade, do inglês
Disability Adjusted Life Years - DALY) computa os anos de vida com saúde
perdidos por causa da doença, seja por morte prematura ou incapacitação, e
leva em conta a gravidade da incapacitação. Por exemplo, depressão profunda
compara-se, no AVAI, à cegueira ou paraplegia, enquanto a psicose ativa na
esquizofrenia equivale à tetraplegia. Dados da Organização Mundial da Saúde -
OMS (do inglês World Health Organization – WHO; 2002) mostraram que dentre
as patologias de maior prevalência, os prejuízos acarretados por doenças
mentais são superiores aos das doenças cardiovasculares (ver Tabela 1). Além
do sofrimento e incapacidade do indivíduo, essas doenças também representam
custos diretos em recursos médicos e custos indiretos em perda de
produtividade.

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As doenças do sistema nervoso são muito difíceis de serem tratadas, mas
têm havido progressos notáveis nos últimos anos, decorrentes do grande esforço
de pesquisa em neurociência. Os progressos mais significativos são destacados
pelo NIH (2002), em sua justificativa orçamentária: melhores técnicas
diagnósticas a partir da genética molecular e neuroimagem; tratamentos para
acidente vascular encefálico e para lesões da medula espinhal; novas drogas
para esclerose múltipla, epilepsia e doença de Parkinson; aparelhos
eletromecânicos para deficiências sensoriais e motoras; prevenção de acidente
vascular encefálico e defeitos neurológicos congênitos. São, ainda, listados pelo
documento do NIH tratamentos promissores para doenças do sistema nervoso
em estudo, incluindo drogas, vacinas, estimulação elétrica, transplantes
celulares, fatores de crescimento naturais, próteses neurais, terapia gênica e
intervenções comportamentais. Verifica-se, com esses progressos, que a área
de neurociência é importante para a Psicologia, tanto na pesquisa básica como
na atividade clínica.

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A Neurociência no Brasil

A pesquisa em neurociência tem sólida tradição e ampla representação


em nosso país (Silveira, 2004; Timo-Iaria, s.d.; Ventura, 1997). A partir das
décadas de 40 e 50 do século passado, a área recebeu grande impulso com
Aristides Pacheco Leão e Hiss Martins Ferreira estudando o fenômeno de
depressão cortical alastarante na Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ); Carlos Ribeiro Diniz isolando e caracterizando o veneno de escorpião
na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); e Miguel Covian
estabelecendo um grupo de pesquisa em eletrofisiologia do sistema nervoso na
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto (USP-
RP).

Na década de 1970, outros grupos iniciaram novas direções de pesquisa


em neurociência: Carlos Eduardo Rocha Miranda e Eduardo Oswaldo Cruz
fundaram seus laboratórios para o estudo do sistema visual na UFRJ, Cesar
Timo-Iaria iniciou trabalhos no controle neural do metabolismo e em mecanismos
de atenção e sono, Elisaldo Araújo Carlini criou um grupo de psicofarmacologia
na Escola Paulista de Medicina e psicólogos experimentais e etólogos, em torno
de Carolina Bori e Walter H. A. Cunha, começaram a trabalhar na USP e na

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Universidade de Brasília (UnB). Essas origens se refletem nos grupos de
neurociência que existem hoje.

Os temas de pesquisa dos principais grupos de neurociência no Brasil são


apresentados a seguir (e resumidos na Tabela 2):

• Memória em humanos e não humanos, investigada por pesquisadores


do Centro de Memória do Departamento de Bioquímica da UFRGS, do Instituto
de Biociências da USP, dos departamentos de Psicobiologia e de Fisiologia da
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e do Departamento de
Psicologia da USP-RP. Esses grupos integram neuroquímica, fisiologia,
farmacologia, neuroimagem e comportamento para estudar como humanos e
não humanos adquirem, armazenam e recuperam informações.

• Ansiedade e depressão, estudadas principalmente pelo grupo do


Departamento de Psicobiologia da USPRP, focalizando o papel da serotonina na
modulação das respostas de medo e ansiedade em humanos e não humanos.
Os trabalhos básicos do grupo constituíram referência para toda uma geração
de drogas serotonérgicas. Com o mesmo tipo de metodologia, outros aspectos
de ansiedade e estados emocionais, como a depressão, têm sido estudados
pelos grupos do Departamento de Psicobiologia da UNIFESP, da Faculdade de
Medicina da Universidade de Campinas (UNICAMP) e do Departamento de
Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia da USP. Outros aspectos da
psicofarmacologia são estudados por grupos das universidades federais do
Espírito Santo (UFES), Paraná (UFPR), Rio Grande do Norte (UFRN) e Santa
Catarina (UFSC).

• Etologia, pesquisada pelo Departamento de Psicologia Experimental do


Instituto de Psicologia da USP, pelo Instituto de Biociências da UNICAMP, pelo
Departamento de Zoologia da UFMG e pelo Departamento de Psicobiologia da
UFRN.

• Epilepsia, investigada no Departamento de Neurologia e Neurocirurgia


da UNIFESP, o que resultou na criação de um novo modelo animal de crises
epilépticas espontâneas recorrentes, agora amplamente utilizado em todo o
mundo. Posteriormente, passou a ser estudada também no Departamento de
Fisiologia da UNIFESP, nos departamentos de Fisiologia e Neurologia da

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Faculdade de Medicina da USP-RP e nos departamentos de Fisiologia da UFPR
e da UFMG. Epilepsia é também estudada por meio de análise neuroetológica
no Departamento de Psicobiologia da USP-RP.

• Sistema visual, incluindo aspectos morfológicos, neuroquímicos,


eletrofisiológicos, de psicofísica (humana e não humana) e genéticos, estudado
por um dos mais numerosos conjuntos de pesquisadores. Os estudos de
desenvolvimento do sistema visual no gambá e de eletrofisiologia e morfologia
da visão em primatas, realizados no Departamento de Neurobiologia do Instituto
de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ, deram origem a outros grupos no
Centro de Ciências Biológicas da UnB, no Núcleo de Medicina Tropical e no
Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará (UFPA), e no
Departamento de Neurobiologia da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Outros aspectos do funcionamento do sistema visual, estudados em abelhas,
peixe, tartaruga, roedores e primatas humanos e não humanos, foram abordados
por meio de psicofísica e eletrofisiologia, e metodologias morfológicas,
moleculares e celulares, da retina e vias visuais. Esses aspectos têm sido
investigados por grupos do Departamento de Psicologia Experimental do
Instituto de Psicologia da USP, dos Departamentos de Fisiologia e Biofísica e de
Biologia Celular e Tecidual do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, no
Departamento de Psicobiologia da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da
USP-RP, no Departamento de Psicologia da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE) e, mais recentemente, no Departamento de Fisiologia do
Centro de Biologia da UFMG e no grupo de Psicologia da UFPA.

• Organização funcional do sistema nervoso e sua plasticidade, desde o


desenvolvimento, apoptose, regeneração até mudanças comportamentais, são
tópicos de pesquisa de grupos muito produtivos no Instituto de Biofísica Carlos
Chagas Filho da UFRJ, no Instituto de Ciências Biomédicas da USP, no
Departamento de Psicobiologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da
USP-RP, no Centro de Biologia da UFPA e no Departamento de Psicobiologia
da UNIFESP.

• Sono e cronobiologia são também áreas de pesquisa muito ativas no


Brasil, com grupos no Departamento de Psicobiologia da UNIFESP, no Instituto
de Ciências Biomédicas da USP e no Departamento de Psicobiologia da UFRN.

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• Doença mental (síndrome de pânico, esquizofrenia, depressão) e
doenças neurodegenerativas são estudadas nos Departamentos de Psiquiatria
e de Neurologia da Faculdade de Medicina da USP, que também utilizam
modelos animais, nos departamentos de Psiquiatria da UNIFESP, de Fisiologia
do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ) e de Neurologia da UNICAMP.

• Engenharia biomédica e redes neurais, estudadas por vários grupos no


Instituto de Física, na Escola Politécnica, no Instituto de Matemática e Estatística
e na Faculdade de Medicina da USP, na Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras da USP-RP, assim como no Instituto de Química e Física da USP em São
Carlos (USP-SC).

• Nutrição e funcionamento do cérebro, incluindo eletrofisiologia,


morfologia e comportamento em modelos animais de subnutrição são aspectos
pesquisados pelos Departamentos de Nutrição e de Fisiologia da UFPE, em
interação com outros centros como o Departamento de Neurobiologia do Instituto
de Biofísica da UFRJ, o Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina
da UNIFESP, o Departamento de Fisiologia do Centro de Ciências Biológicas da
UFPA e o Departamento de Psicobiologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras da USP-RP.

• Regeneração do sistema nervoso é estudada por meio de


procedimentos de estimulação de neurogênese, de neuroproteção e de
engenharia tecidual a partir de células pluripotentes. Esses estudos estão sendo
conduzidos por grupos pioneiros da USP, da UNIFESP e da UFRJ.

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A comunidade de neurocientistas compreende cerca de 2000
pesquisadores, incluindo estudantes em todos os níves, da iniciação científica à
pós-graduação e ao pós-doutoramento. Há programas de pós-graduação em
Neurociências e Comportamento com este nome ou com o nome de
Psicobiologia, na UFRN, na UFSC, na USP, na Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras da USP-RP e na UNIFESP. Outros programas como os de ciências
morfológicas, bioquímica, biofísica, farmacologia, fisiologia, nutrição e psicologia
também incluem orientação em neurociência. Como consequência, um
importante contingente de jovens pesquisadores altamente qualificados nos
vários ramos da neurociência tem sido formado na última década. Estima-se que
20% da produção científica brasileira da área biológica e biomédica seja de
neurociência.

É intensa a produção científica da área de pesquisa básica, como se pode


verificar em diversos congressos. Na Reunião Anual da Federação de
Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), os trabalhos da divisão
Neurociências e Comportamento (SBNec) constituem cerca de 30% do total. O
número de trabalhos inscritos no período 2003 a 2007 e no ano de 2009 somou
4476, ou seja, 746, em média (ver Figura 1 e Tabela 3). Mas na reunião da
FeSBE existem outras divisões que incluem estudos do sistema nervoso (e.g.,
toxicologia, neurofarmacologia etc), tornando esse número uma subestimação
do total de trabalhos em pesquisa básica em neurociência anualmente
apresentados nessa reunião.

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Outras importantes reuniões científicas também incluem pesquisas em
neurociência. Dentre os mais de 1500 trabalhos apresentados na reunião anual
da Sociedade Brasileira de Bioquímica e dentre os quase 800 apresentados na
reunião da Sociedade Brasileira de Imunologia, uma considerável porção
também trata de temas de neurociência. Dentre os trabalhos apresentados na
Sociedade Brasileira de Psicologia existe uma parcela dedicada à neurociência.
A área está também fortemente representada em suas aplicações clínicas, na
Sociedade Brasileira de Neuropsicologia. Na Associação Nacional de Pesquisa
e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP) foi criado há 10 anos o grupo de
trabalho Psicobiologia, Neurociências e Comportamento, e a partir desse grupo

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surgiu a revista online Psychology & Neuroscience, publicada desde 2008. Em
2009, foi criado o Instituto Brasileiro de Neurociências e Comportamento, cuja
primeira reunião ocorrerá em outubro de 2010, no Rio de Janeiro.

Segundo o Institute for Scientific Information (http://www3.isi.edu/home),


a neurociência está dentre as mais bem sucedidas áreas de investigação no
Brasil, com 20% dos neurocientistas brasileiros situados dentre os
pesquisadores mais produtivos de todas as áreas do conhecimento no Brasil.

Integração Latinoamericana

Em 2008, realizou-se o I NEUROLATAM – I Congresso de Neurociências


Latinoamericano, Caribenho e Ibérico, em Búzios, RJ. Esse congresso reuniu
2600 participantes de 13 países. A expectativa dos organizadores, de cerca de
1000 participantes, foi superada muito antes da data do congresso e as
inscrições precisaram ser fechadas com vários meses de antecedência. A idéia
do NEUROLATAM surgiu na reunião anual da FeSBE, ocorrida em 2006, na qual
o Comitê Regional Latino-Americano (do inglês, Latin American Regional
Comittee – LARC) da International Brain Research Organization (IBRO)
promoveu, juntamente com a SBNeC, um encontro oficial entre sociedades de
neurociências da América Latina, Caribe e Península Ibérica. Os presidentes
dessas sociedades e seus representantes (Conselho Ibero-Latino Americano de
Presidentes e Representantes de Sociedades de Neurociências e LARC)
reconheceram a necessidade premente de promover atividades integrativas e
que alavancassem esta área do conhecimento, a começar por um grande
congresso que se realizaria em 2008 abarcando todas as sociedades. Esse
congresso, por sua vez, deu origem à fundação da Federação de Associações
Latinoamericanas de Neurociências (FALAN).

Os congressos da SBNeC ocorreram, a partir de sua fundação em 1977,


primeiramente dentro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(SBPC), e desde 1992 passaram a se realizar dentro da FeSBE. Em setembro

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de 2010, a SBNeC organizou pela primeira vez seu congresso de forma
independente, fora da reunião da FeSBE. Esse congresso contou com mais de
1500 inscritos. Embora a ideia de vários congressos simultâneos dentro do
guarda chuva da FeSBE tenha a grande vantagem de proporcionar um ambiente
multidisciplinar, a realização independente do congresso da SBNeC é
consequência de sua maturidade e volume de associados e atividades.

O Futuro

As diversas áreas representadas nas neurociências brasileiras surgiram


de forma espontânea, de meados do século passado para cá, refletindo
oportunidades de treinamento em centros do exterior para os pioneiros da área.
Sua diversificação cobre uma razoável extensão do campo das neurociências,
embora ainda existam muitas lacunas. Mais do que cobrir todas as lacunas,
contudo, devemos pensar no que seria relevante procurar desenvolver em nosso
meio. Propomos, a seguir, alguns objetivos que poderão nortear futuras direções
de desenvolvimento.

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Objetivo 1. Preservação e incentivo às linhas de pesquisa existentes

Em primeiro lugar, devemos ampliar e fortalecer as linhas de pesquisa já


bem estabelecidas e dedicar esforços para a expansão das linhas emergentes
que já se instalaram. Em um país em que a massa crítica de pesquisadores é
ainda muito pequena, devem ser aproveitados os recursos humanos com que já
contamos. Existem também muitos cientistas brasileiros no exterior, destacando-
se e realizando pesquisa de fronteira. O retorno desses cientistas deveria figurar
em nossas prioridades.

Objetivo 2. Incorporação da revolução trazida pela genética

Seja nas linhas existentes, seja em novos programas, a pesquisa em


neurociências deverá, em futuro imediato, considerar e incorporar os novos
avanços da genética, em consonância com o que está ocorrendo no plano
internacional. Esses avanços, os quais tocam em muitas linhas de pesquisa da
neurociência, foram obtidos a partir do estudo de novas drogas para doenças
neurológicas; das bases genéticas de doenças mentais como esquizofrenia e
transtorno maníaco depressivo, incluindo investigacões dos genes desses
pacientes que influenciam a resposta a drogas terapêuticas; dos defeitos
congênitos; de doenças herdadas e do desenvolvimento como a síndrome do X
frágil, síndrome de Rett e o autismo; da genética da adição a drogas e da
farmacogenética, que avalia a influência dos genes do indivíduo na sua resposta
a medicamentos (e.g., antidepressivos).

Objetivo 3. Incentivo à pesquisa clínica

Para a tradução dos novos avanços genéticos ou de novos medicamentos


e procedimentos em geral, em métodos terapêuticos e de diagnóstico, há
necessidade de se incentivar a pesquisa translacional realizada por meio da
pesquisa clínica com seres humanos. Isso vale não apenas para a neurociência,

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mas para toda a pesquisa biomédica. Na pesquisa biomédica, além de
protocolos de avaliação dos efeitos de medicamentos, os estudos sobre
envelhecimento são muito relevantes, dado o contínuo aumento na expectativa
de vida. Os EUA estão investindo na pesquisa sobre retardamento do
aparecimento e da evolução da doença de Alzheimer ou, até mesmo, da
prevenção dessa patologia, com grandes estudos clínicos usando vitamina E, a
droga Aricept, drogas antiinflamatórias e estrógeno. Outros estudos estão
focalizando a busca de fatores ambientais responsáveis pela doença de
Parkinson, como pesticidas, solventes e metais e avaliando drogas que
lentificam a progressão da doença. São ainda muito importantes em nosso meio
os estudos de neuropatologias regionais. Numa situação em que a pobreza da
população está acompanhada pela desnutrição e por más condições sanitárias,
patologias erradicadas ou inexistentes em países avançados são prevalentes no
Brasil. Aspectos neurológicos de várias doenças degenerativas tropicais, como
a malária e outras, deveriam ser estudados por nossos cientistas.

O NIMH (2001), preocupado com impactos da doença mental na inclusão


social desenvolveu uma rede de centros de excelência dedicados à pesquisa
básica e clínica em autismo para prevenir, diagnosticar e tratar esta e outras
doenças mentais em crianças. No Brasil, está sendo desenvolvido pela
Academia Brasileira de Ciências um projeto do Centro de Apoio a Moradias
Assistidas e ao Trabalho (CAMT), que se dedica a pesquisar causas e
tratamentos das patologias, bem como a implantação e o gerenciamento de
moradias assistidas para os pacientes.

Objetivo 4. A incorporação de novas tecnologias

A área de pesquisas de neuroimagem e, em especial, a ressonância


magnética funcional, precisa se desenvolver nos próximos anos, em nosso meio,
sob pena de ficarmos em grande defasagem com os países desenvolvidos.
Essas novas tecnologias não invasivas estão rapidamente esclarecendo não só
muitos aspectos do funcionamento normal do sistema nervoso, como são
potencialmente úteis na compreensão de patologias. Por exemplo, a

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ressonância magnética funcional foi aplicada em estudos do National Institute on
Drug Abuse (NIDA, 2010), pertencente ao NIH, usando, para examinar o
desenvolvimento cerebral de bebês expostos durante a gestação, a
metanfetamina e outras drogas que afetam a ação normal de
neurotransmissores. Uma revisão sobre neurociência e alcoolismo, elaborada
pelo National Institute of Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA, 2008a, 2008b)
mostra os efeitos do álcool no cérebro e as contribuiçôes da neurociência na
elucidação dos circuitos envolvidos nas adaptações biológicas ao álcool.

Na área de neuroimagem temos ainda pouca atividade, apesar de já


existirem excelentes recursos humanos, que estão constituindo núcleos
formadores. Há necessidade de investimento planejado nessa área e, em geral,
nos métodos diagnósticos não invasivos de alta tecnologia que têm surgido nas
neurociências. Para tanto, devem ser constituídas equipes multidisciplinares,
com forte ênfase em profissionais de informática, além de clínicos e
pesquisadores básicos das áreas de neurofisiologia e psicologia experimental.

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Bioética na Neurociência

As neurociências é um campo interdisciplinar de investigação que se


dedica ao estudo do sistema nervoso que busca pela compreensão da base
biológica da consciência e dos processos mentais pelos quais percebemos,
agimos, aprendemos e lembramos. Defende que as ações cerebrais são
subjacentes a todo comportamento, não apenas a comportamentos motores
relativamente simples, como andar e comer, mas a todas as complexas ações
cognitivas que associamos ao comportamento especificamente humano, como
pensar, falar, criar obras de arte. E com isso, postula que os distúrbios
comportamentais, característicos das doenças psiquiátricas, são perturbações
do funcionamento cerebral.

O comportamento humano é um dos assuntos mais estudados pela


neurociência contemporânea. Mesmo porque, dada a importância do tema e as
múltiplas interpretações que encontramos sobre ele, a discussão nesse campo
se torna especialmente interessante. Ela estuda todas as áreas do sistema
nervoso, que controlam todos os nossos comportamentos, sejam voluntários ou
não. Compreendendo como os processos mentais influenciam em nossas ações,
emoções, sentimentos etc. Dotado de terminações nervosas, nosso cérebro
controla todo o nosso corpo, e a neurociência vem explicar, através dos

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processos mentais o porquê isso ocorre. A neurociência do comportamento é o
estudo que busca compreender as bases biológicas da nossa consciência e de
nossos processos mentais, pelos quais ocorrem todas as nossas ações.

A Bioética tem como objetivo facilitar o enfrentamento de questões


éticas/bioéticas que surgirão na vida profissional. Sem esses conceitos básicos,
dificilmente alguém consegue enfrentar um dilema, um conflito, e se posicionar
diante dele de maneira ética. Assim, esses conceitos (e teorias) devem ficar bem
claros para todos nós. Não se pretende impor regras de comportamento (para
isso, temos as leis), e sim dar subsídios para que as pessoas possam refletir e
saber como se comportar em relação às diversas situações da vida profissional
em que surgem os conflitos éticos.

Na visão de Ribeiro as questões relativas ao impacto da neurociência na


sociedade pertencem ao domínio geral da neuroética, que está constituída pela
intersecção entre a neurociência, a filosofia e a ética. Ela compreende também
as descobertas sobre papel do cérebro na interpretação dos seres humanos,
incluindo as bases neurais da moral. Diz respeito às implicações das suas
descobertas para políticas sociais, bem como às parcerias entre os
neurocientistas e o público, e ainda à troca de ideias sobre o que os cientistas
fazem e o que deveriam fazer.

Os novos dados obtidos sobre as funções cerebrais promovem a


necessidade de uma revisão sobre "o sentimento de nós próprios". As ideias
sobre a evolução do cérebro incluem conceitos relacionados com a cognição
social, existindo uma consciência crescente de que a moral e a consciência estão
intimamente associadas ao cérebro das emoções, que processa sinais de
recompensa e de castigo, podendo ser, para alguns neurocientistas, uma rubrica
da evolução da ética.

A neuroética é um novo campo de pesquisa, no qual os assuntos não são


normalmente discutidos com o grande público, embora devessem ser objeto de
consulta à sociedade.

A ética da neurociência e a neurociência da ética compõem a neuroética


em si e equivale à bioética, considerando-se a especificidade do sistema nervoso
e os impactos dos estudos sobre as estruturas sociais e legais.

22
Outro aspecto da neuroética são as implicações do conhecimento das
funções cerebrais para a sociedade, isto é, construir um conhecimento capaz de
organizar e ilustrar adequadamente a sociedade: afinal, como conciliar os
saberes provenientes das investigações em neurociências de modo que a
sociedade funcione de forma estável sem afetar a liberdade das pessoas.

Sinteticamente, é impossível entender-se o funcionamento do cérebro


humano. Izquierdo, em entrevista, refere que levou trinta anos pesquisando o
mecanismo da memória e afirma ser tarefa difícil explicá-la de forma concisa. No
entanto, pôde nos dizer que:

"O cérebro funciona através de neurônios que se ligam uns aos outros,
em conexões chamadas sinapses. Nas sinapses, ocorrem várias funções.
Chegam os impulsos elétricos gerados pelos próprios neurônios até a
terminação de uma célula nervosa, seu axônio. Nesse setor são liberados
neurotransmissores como consequência dos impulsos elétricos e esses
neurotransmissores são substâncias que se ligam com as membranas das
células seguintes, que se denominam receptores. Assim, um neurônio se
conecta com o outro para o funcionamento básico do cérebro. Cada região do
cérebro atua de maneira distinta, pois existem inúmeras conexões e cada
neurônio se liga com dez mil outros, ou mais".

23
Fundamentação da Bioética – o valor da vida humana

Existem diversas propostas para estabelecer quais são os critérios (o


fundamento, a base) que devem nos orientar nos processos de decisão com os
quais podemos nos deparar na nossa vida profissional.

Para nós, o fundamento ético é como se fosse a estrutura de um prédio.


A fundação do prédio é a estrutura de concreto ou de metal que permite que a
construção seja feita e que o prédio permaneça em pé. Se a estrutura não for
benfeita, o prédio desaba (como aconteceu no Rio de Janeiro com os edifícios
Palace I e Palace II, em que foi usada areia da praia para fazer a estrutura dos
prédios, o que culminou com o desabamento dos edifícios). O nosso fundamento
ético é tão importante quanto a estrutura de um prédio. Se esse fundamento não
está bem entendido, corremos o risco de não enfrentar de maneira adequada os
desafios éticos que a nossa profissão pode trazer.

Entretanto, uma vez compreendido esse fundamento, ele não precisa ser
lembrado a todo tempo (como a estrutura de um prédio que, no final da
construção, nós não vemos, mas na qual confiamos quando entramos no
edifício). O fundamento ético será sempre a base para a nossa tomada de
decisão. Mas qual é esse fundamento?

24
A pessoa humana

Para trilhar um caminho correto diante dos diversos dilemas éticos que
podemos encontrar na nossa atividade profissional, precisamos de uma “base
sólida”, de um fundamento, que nos oriente nos momentos de decisão.

Definir o que é a pessoa pode ser uma tarefa difícil (e que os filósofos
costumam estudar arduamente), porém entender o que é a pessoa é algo que
fazemos todo dia quando nos olhamos no espelho. Nós conhecemos a “pessoa
humana” porque somos “pessoa humana”.

Mas quais são os conceitos que existem na realidade da pessoa dos quais
devemos nos lembrar por serem importantes no enfrentamento das questões
bioéticas?

Reconhecer que “o outro é diferente de mim” não significa que uma


pessoa é melhor que a outra. Uma pessoa não vale mais que a outra. Somos
iguais a todos no que se refere à dignidade.

Quando nos relacionamos com uma pessoa e não a respeitamos em


todas as suas dimensões, essa pessoa (que pode ser nosso paciente ou não)
se sentirá desrespeitada e ficará insatisfeita.

Assim, todas as nossas reflexões e ações diante das pessoas (seja em


situações de conflitos éticos ou não) devem ser guiadas pelo respeito a esse
fundamento, a pessoa humana (entendida como um ser único, que é uma
totalidade e dotado de dignidade). Quando conseguimos agir dessa maneira, ou

25
seja, respeitando esse fundamento, podemos estar certos de que estamos
agindo de forma ética.

O valor da vida humana

Outro conceito importante para construirmos a nossa reflexão


ética/bioética é o de vida humana. Para a Bioética, é fundamental o respeito à
vida humana. Mas o que designamos vida humana? Segundo os principais livros
de Embriologia, a vida humana inicia-se no exato momento da fecundação,
quando o gameta masculino e o gameta feminino se juntam para formar um novo
código genético. Esse código genético não é igual ao do pai nem ao da mãe,
mas é composto de 23 cromossomos do pai e de 23 cromossomos da mãe.
Sendo assim, nesse momento, inicia-se uma nova vida, com patrimônio genético
próprio, e, a partir desse momento, essa vida deverá ser respeitada. Este é o
primeiro estágio de desenvolvimento de cada um de nós.

A nossa experiência mostra que o desenvolvimento de todos nós se deu


da mesma maneira, ou seja, a partir da união dos gametas do pai e da mãe.
Além disso, a vida é um processo que pode ser:

a) contínuo: porque é ininterrupto na sua duração. Estar vivo representa


dizer que não existe interrupção entre sucessivos fenômenos integrados. Se
houver interrupção, haverá a morte.

b) coordenado: significa que o DNA do próprio embrião é responsável pelo


gerenciamento das etapas de seu desenvolvimento. Esse código genético
coordena as atividades moleculares e celulares, o que confere a cada indivíduo
uma identidade genética.

c) progressivo: porque a vida apresenta, como propriedade, a


gradualidade, na qual o processo de desenvolvimento leva a uma complexidade
cada vez maior da vida em formação.

Contudo, o valor da vida de algumas pessoas, em diferentes épocas, não


foi respeitado (e ainda hoje, em muitos casos, não é). Por exemplo: os escravos
no Brasil (até a Abolição da Escravatura, em 1888), com consequente (e ainda
frequente) discriminação dos afrodescendentes; os prisioneiros nos campos de

26
concentração na 2ª Guerra Mundial; os pacientes com necessidades especiais
(como os portadores do vírus HIV em diversas situações); as mulheres e os
pobres em diversas sociedades (inclusive na nossa), dentre tantos outros
exemplos.

Os princípios da Bioética

Após a compreensão desse fundamento (o respeito pela pessoa


humana), podemos utilizar “ferramentas” para facilitar o nosso processo de
estudo e de decisão sobre os diversos temas de Bioética. A essas ferramentas
chamamos princípios. Esses princípios foram propostos primeiro no Relatório
Belmont, de 1978, para orientar as pesquisas com seres humanos e, em 1979,
Beauchamps e Childress, em sua obra Principles of biomedical ethics,
estenderam a utilização deles para a prática médica, ou seja, para todos aqueles
que se ocupam da saúde das pessoas.

A utilização desses princípios para facilitar o enfrentamento de questões


éticas é muito comum entre os americanos e os brasileiros. Passaremos a
explicar esses princípios (considerados nossas “ferramentas de trabalho”).
Beneficência/não maleficência O primeiro princípio que devemos considerar na
nossa prática profissional é o de beneficência/não maleficência (também
conhecido como benefício/não malefício). O benefício (e o não malefício) do
paciente (e da sociedade) sempre foi a principal razão do exercício das
profissões que envolvem a saúde das pessoas (física ou psicológica).
Beneficência significa “fazer o bem”, e não maleficência significa “evitar o mal”.

Desse modo, sempre que o profissional propuser um tratamento a um


paciente, ele deverá reconhecer a dignidade do paciente e considerá-lo em sua
totalidade (todas as dimensões do ser humano devem ser consideradas: física,
psicológica, social, espiritual), visando oferecer o melhor tratamento ao seu
paciente, tanto no que diz respeito à técnica quanto no que se refere ao
reconhecimento das necessidades físicas, psicológicas ou sociais do paciente.
Um profissional deve, acima de tudo, desejar o melhor para o seu paciente, para
restabelecer sua saúde, para prevenir um agravo, ou para promover sua saúde.

27
Autonomia

O segundo princípio que devemos utilizar como “ferramenta” para o


enfrentamento de questões éticas é o princípio da autonomia. De acordo com
esse princípio, as pessoas têm “liberdade de decisão” sobre sua vida. A
autonomia é a capacidade de autodeterminação de uma pessoa, ou seja, o
quanto ela pode gerenciar sua própria vontade, livre da influência de outras
pessoas.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi adotada pela


Assembleia Geral das Nações Unidas de 1948, manifesta logo no seu início que
as pessoas são livres. Nos últimos anos, tem sido frequente a busca pela
liberdade (ou autonomia). Nos casos de atendimento clínico de pacientes,
podemos mencionar o Código de Defesa do Consumidor, o qual, em alguns de
seus artigos, garante proteção às pessoas que buscam serviços de saúde, por
exemplo, no que diz respeito ao direito de ser suficientemente informada sobre
o procedimento que o profissional vai adotar.

Para que o respeito pela autonomia das pessoas seja possível, duas
condições são fundamentais: a liberdade e a informação. Isso significa que, em
um primeiro momento, a pessoa deve ser livre para decidir. Para isso, ela deve
estar livre de pressões externas, pois qualquer tipo de pressão ou subordinação
dificulta a expressão da autonomia. Em alguns momentos, as pessoas têm
dificuldade de expressar sua liberdade. Nesses casos, dizemos que ela tem sua
autonomia limitada.

Vejamos o exemplo das crianças. Em razão de seu desenvolvimento


psicomotor, a criança terá dificuldade de decidir o que é melhor para a saúde
dela. Ela terá, ao contrário, uma tendência em fugir de todo tratamento que julgar
desconfortável. Por essa razão, caberá aos responsáveis pela criança decidir o
que deverá ser feito, qual tratamento será mais adequado, porque o responsável
deseja que a saúde da criança se restabeleça e que o melhor tratamento seja
feito.

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Existem outras situações em que percebemos a limitação de autonomia
de uma pessoa. Os pacientes atendidos em clínicas de Instituições de Ensino
podem manifestar essa limitação de seu poder de decisão, principalmente
quando existe fila de espera para o atendimento. Afinal, ele poderá pensar que
perderá a vaga (que ele demorou tanto para conseguir) se ele reclamar de
alguma coisa.

Outro exemplo de limitação de autonomia pode ocorrer em casos de


pesquisas biomédicas realizadas em países subdesenvolvidos. As populações
desses países (incluindo a do nosso), quando selecionadas para participar de
pesquisas de novos fármacos, são consideradas vulneráveis (isto é, têm
limitação de autonomia).

Mas, apesar dessa limitação de autonomia, essas pessoas serão tratadas


e incluídas em pesquisas. Como isso é possível? A correta informação das
pessoas é que possibilita o estabelecimento de uma relação terapêutica ou a
realização de uma pesquisa.

A primeira etapa a ser seguida para minimizar essa limitação é reconhecer


os indivíduos vulneráveis (que têm limitação de autonomia) e incorporá-los ao
processo de tomada de decisão de maneira legítima. Assim, será possível
estabelecer uma relação adequada com o paciente e maximizar sua satisfação
com o tratamento.

Para permitir o respeito da autonomia das pessoas, o profissional deverá


explicar qual será a proposta de tratamento. Mas atenção! Essa explicação não
se esgota na primeira consulta! Em todas as consultas o profissional deverá
renovar as informações sobre o tratamento. Além disso, é preciso ter certeza de
que o paciente entendeu as informações que recebeu. Por isso, consideramos
que a informação não se encerra com as explicações do profissional, mas com
a compreensão, com a assimilação das informações pelos pacientes, desde que
essas informações sejam retomadas ao longo do tratamento.

A esse processo de informação e compreensão e posterior


comprometimento com o tratamento denominamos consentimento. Entretanto,
vamos imaginar a situação oposta: o exagero na expressão da autonomia de
uma pessoa.

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Se entendermos que o respeito pela autonomia de uma pessoa é o
princípio que deve ser considerado em primeiro lugar, cairemos em uma
armadilha. Nem sempre o paciente tem condições de avaliar qual o melhor
tratamento para ele (afinal ele é leigo, não tem o conhecimento técnico
necessário para isso).

Imaginemos um paciente que tem uma doença que exige a prescrição de


medicamentos. Poderá ocorrer de ele se recusar a tomar os remédios. Contudo,
nesse caso, o profissional não pode alegar que “o paciente é adulto, sua
autonomia deve ser respeitada e por isso ele faz o que ele quiser”. Ao contrário,
o profissional (por ter o conhecimento técnico que diz que aquele medicamento
é necessário) deverá se esforçar ao máximo para explicar ao paciente a
importância do medicamento, afinal o princípio da beneficência (e não o da
autonomia) deve ser respeitado em primeiro lugar.

Em algumas situações, a liberdade (autonomia) de algumas pessoas não


é respeitada para que se respeite o benefício de outras. Por exemplo, a proibição
de fumar em ambientes fechados. Se pensarmos no respeito pela autonomia
daqueles que desejam fumar, não seria ético proibir, mas se pensarmos no
benefício (ou não malefício) daqueles que não desejam fumar, a proibição se
justifica.

Outro exemplo é a interdição de restaurantes ou clínicas pela vigilância


sanitária quando estes não apresentam condições satisfatórias para atender o
público. O fechamento desses locais fere a autonomia do dono da clínica ou do
restaurante em benefício da sociedade que os frequenta. Precisamos nos
preparar (estudar e exercitar o que aprendemos) para nos comportarmos de
maneira ética.

Justiça

O terceiro princípio a ser considerado é o princípio de justiça. Este se


refere à igualdade de tratamento e à justa distribuição das verbas do Estado para
a saúde, a pesquisa etc. Costumamos acrescentar outro conceito ao de justiça:

30
o conceito de equidade que representa dar a cada pessoa o que lhe é devido
segundo suas necessidades, ou seja, incorpora-se a ideia de que as pessoas
são diferentes e que, portanto, também são diferentes as suas necessidades.

De acordo com o princípio da justiça, é preciso respeitar com


imparcialidade o direito de cada um. Não seria ética uma decisão que levasse
um dos personagens envolvidos (profissional ou paciente) a se prejudicar. É
também a partir desse princípio que se fundamenta a chamada objeção de
consciência, que representa o direito de um profissional de se recusar a realizar
um procedimento, aceito pelo paciente ou mesmo legalizado.

Todos esses princípios (insistimos que eles devem ser nossas


“ferramentas” de trabalho) devem ser considerados na ordem em que foram
apresentados, pois existe uma hierarquia entre eles. Isso significa que, diante de
um processo de decisão, devemos primeiro nos lembrar do nosso fundamento
(o reconhecimento do valor da pessoa); em seguida, devemos buscar fazer o
bem para aquela pessoa (e evitar um mal!); depois devemos respeitar suas
escolhas (autonomia); e, por fim, devemos ser justos.

31
Ética e Ciência

Segundo Pegoraro filosofia em geral e a ética em particular estudam a


existência humana sob o ângulo da liberdade. Uma das características inerentes
ao homem é a sua liberdade. Temos uma existência livre e, por isso, única no
contexto da natureza. Todos os outros seres vivos estão subordinados a leis
biológicas que não podem controlar.

O homem, pela liberdade e inteligência e por sua liberdade criadora,


converte o mundo natural em um mundo de artefatos; ele constrói a ciência, cria
obras de arte e, pela filosofia, interpreta o mundo de muitos modos. Não
obstante, a liberdade é perigosa uma vez que "pode permitir" destruir a natureza,
matar pessoas e fazer guerras. Por isso a liberdade não pode ser absoluta; ela
exige conviver com todos, o que significa aceitar normas de compatibilização.
Podemos, assim, dizer que a ética constitui uma orientação positiva para a
verdadeira e plena liberdade.

Em primeiro lugar, a origem da ética está na relação recíproca de duas


pessoas livres, um eu e um tu. Esta relação gera comportamentos, atitudes e
ações que devem respeitar a dignidade e o valor dos dois seres humanos.

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Nessa relação eu-tu a filosofia construiu importantíssimos tratados éticos
ao longo da história: Aristóteles construiu a ética em cima de relações justas;
Santo Agostinho baseou a ética na relação de amor; Kant criou a ética do
respeito; Hottois, em nossos dias, alarga o respeito, o amor, a justiça e a
dignidade a todos os seres, propondo "a ética da solidariedade antropocósmica".
Assim, nasce a ética. Está sempre surgindo, sempre nova, porque sempre novas
são as relações da reciprocidade humana.

O segundo ângulo da ética é a sua fixação de normas, leis da cidadania,


códigos profissionais e mandamentos religiosos. A finalidade da norma é
delimitar, regular o exercício da liberdade. A norma não é um obstáculo, mas
uma bússola norteadora da liberdade de qualquer profissional.

O terceiro ângulo da ética é a circularidade. A relação recíproca eu-tu


gera comportamentos que se cristalizam na norma. Esta precisa retornar à sua
origem, à relação eu-tu. Assim, fecha-se o círculo. As normas dadas e datadas
são superadas pelos novos eventos. Por isso, precisam renovar-se à luz das
novas relações humanas, das descobertas científicas, dos novos avanços da
técnica e da cultura.

A ética não está na verticalidade de uma norma dada do alto de uma


autoridade (jurídica, profissional ou religiosa) aos seus súditos, mas na
circularidade. Esta é a proposta de uma ética flexível, mas não aquela que faz
concessões fáceis, que enfraquece postulados diante da ciência e da técnica.
Pelo contrário, a ética flexível é aquela que discute, em igualdade de condições,
com as outras formas de saber, para encontrar comportamentos éticos
adequados à situação histórica contemporânea.

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Por exemplo, a ética nunca negociará seu horizonte de justiça,
solidariedade e paz; sabe, porém, que existem muitos meios de se construir um
mundo justo, solidário e uma história humana pacífica. Mantendo seu horizonte,
a ética dialoga com todas as formas de saber para encontrar os melhores meios
de realizar estes objetivos maiores. À luz desta concepção ética podemos
discutir o problema da pesquisa cientifica, em nosso caso, da neurociência.

A consideração de que a neuroética nada mais é do que a bioética da


neurociência nos coloca em campo que a única coisa que pode ser oferecida é
o reflexo da bioética usando o principialismo (provavelmente insuficiente) ou
novas correntes de pensamento como precaução aplicada à pesquisa em
neurociência; enquanto a atual origem de origem anglo-saxônica se refere ao
fato de que a neuroética é a neurociência da bioética , porque procura desvendar
os princípios funcionais que fazem o cérebro humano desenvolver um
pensamento ético, moral ou crítico. Parece que, novamente, a discussão poderia
ser travada entre os "especialistas" que preferem manter o prisma do purismo
filosófico e os "novos especialistas" não necessariamente filósofos, mas
engenheiros, especialistas em modelagem matemática ou físicos que desejam
apreender os conceitos de ética e esperar que orientar o pensamento humano
ou interferir nele.

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A ética deve pautar condutas humanas, pois a vislumbramos como
possibilidade de ser. No campo da neuroética, será preciso utilizá-la cada vez
mais para distinguir o que é aceitável e desejável daquilo que deve ser repudiado
por ser prejudicial e comprometer a integridade física e moral do ser humano.

O ser humano (cérebro e mente) não é objeto para ser manuseado ao bel
prazer, uma vez que existem condições e direitos que precisam ser respeitados
e representam o valor do indivíduo. O uso do conhecimento neurocientífico
precisa permanecer sob olhar atento e crítico para separar seus benefícios de
situações em que apenas propiciam negócios ou práticas ilícitas, que visam
transformar o homem em objeto de lucro e consumo.

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