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EPIDEMIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO

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Sumário

Sumário .................................................................................................................... 1

NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2

Introdução .................................................................................................................. 3

Noções básicas de epidemiologia ........................................................................... 4

Termos usuais em Epidemiologia........................................................................................ 5

Usos e objetivos da epidemiologia...................................................................................... 7

Os sistemas de informação em epidemiologia .................................................................... 8

Epidemiologia do envelhecimento......................................................................... 11

Epidemiologia do envelhecimento no Brasil ........................................................ 15

Envelhecimento no Brasil ................................................................................................. 15

Estudos epidemiológicos para a área do envelhecimento ................................................. 18

 Estudos descritivos ................................................................................................ 18

 Estudos analíticos .................................................................................................. 19

Desafios atuais e futuros do envelhecimento ...................................................... 21

Referências .............................................................................................................. 25

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Introdução

A epidemiologia originou-se das observações de Hipócrates, feitas há mais de


2000 anos, de que fatores ambientais influenciam a ocorrência de doenças. Entretanto,
foi somente no século XIX que a distribuição das doenças em grupos humanos
específicos passou a ser medida em larga escala. Isso determinou não somente o
início formal da epidemiologia como também as suas mais espetaculares descobertas
(BONITA; BEAGLEHOLE; KJELLSTRÖM, 2010).

Historicamente, a Epidemiologia surgiu a partir da consolidação de um tripé de


elementos conceituais, metodológicos e ideológicos: a Clínica, a Estatística e a
Medicina Social, tendo como objetivo final produzir conhecimento e tecnologia
capazes de promover a saúde individual através de medidas de alcance coletivo.

Na atualidade, a epidemiologia é uma disciplina relativamente nova e usa


métodos quantitativos para estudar a ocorrência de doenças nas populações
humanas e para definir estratégias de prevenção e controle.

Figura 1 – Significado de Epidemiologia

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Estudos epidemiológicos sobre as condições e determinantes da saúde do
idoso são fundamentais para subsidiar políticas de saúde voltadas a essa população,
portanto, tendo como objetivo munir o Geriatra e especialistas afins de conhecimentos
para lidar com esse público da terceira idade, esse caderno estará voltado para essa
parcela da população que cresce exponencialmente a cada ano.

De imediato faz se mister inferir que estudos epidemiológicos têm mostrado


que doenças e limitações não são consequências inevitáveis do envelhecimento, e
que o uso de serviços preventivos, eliminação de fatores de risco e adoção de hábitos
de vida saudáveis são importantes determinantes do envelhecimento saudável (LIMA-
COSTA; BARRETO, 2003).

Também ressaltamos que os dados estatísticos aqui apresentados podem


divergir em decorrência do tipo de estudo, datas, mas dentro de limites aceitáveis.

Noções básicas de epidemiologia

A Epidemiologia estuda os fatores que determinam a frequência e a distribuição


das doenças em grupos de pessoas.

O objetivo final da Epidemiologia é produzir conhecimento e tecnologia capazes


de promover a saúde individual através de medidas de alcance coletivo.

O conceito de epidemiologia depende, em grande medida, do contexto histórico,


dos conhecimentos acumulados na área de saúde, da etapa da transição
epidemiológica e demográfica, bem como da interpretação que se tenha em
determinada época e contexto sobre a saúde (BONITA; BEAGLEHOLE;
KJELLSTRÖM, 2010).

Embora não se tenha certeza de quando e quem foi o primeiro a definir a


epidemiologia, sabemos que a história dessa ciência acompanha a história da
medicina, especialmente da medicina preventiva. Por isso, considera-se que
Hipócrates lançou as principais bases dos estudos epidemiológicos.

Hipócrates (460 a.C - 377 a.C.), considerado o pai da medicina científica, foi o
primeiro a sugerir que as causas das doenças não eram intrínsecas à pessoa nem

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aos desígnios divinos, mas que estava relacionada com características ambientais.
Embora as causas relatadas por Hipócrates tenham sido superadas, reconhecemos
que ele lançou as bases para a procura da causalidade das doenças e agravos à
saúde, norte principal da epidemiologia até hoje.

De acordo com Waldman (1998), a epidemiologia é uma disciplina básica da


saúde pública voltada para a compreensão do processo saúde-doença no âmbito de
populações, aspecto que a diferencia da clínica, que tem por objetivo o estudo desse
mesmo processo, mas em termos individuais.

Como ciência, a epidemiologia fundamenta-se no raciocínio causal; já como


disciplina da saúde pública, preocupa-se com o desenvolvimento de estratégias para
as ações voltadas para a proteção e promoção da saúde da comunidade.

A epidemiologia constitui também instrumento para o desenvolvimento de


políticas no setor da saúde. Sua aplicação neste caso deve levar em conta o
conhecimento disponível, adequando-o às realidades locais.

Termos usuais em Epidemiologia

a) Estudo: a epidemiologia como disciplina básica da saúde pública tem seus


fundamentos no método científico.

b) Frequência e distribuição: a epidemiologia preocupa-se com a frequência e


o padrão dos eventos relacionados com o processo saúde-doença na
população. A frequência inclui não só o número desses eventos, mas também
as taxas ou riscos de doença nessa população. O conhecimento das taxas
constitui ponto de fundamental importância para o epidemiologista, uma vez
que permite comparações válidas entre diferentes populações. O padrão de
ocorrência dos eventos relacionados ao processo saúde-doença diz respeito à
distribuição desses eventos segundo características: do tempo (tendência num
período, variação sazonal, etc.), do lugar (distribuição geográfica, distribuição
urbano-rural, etc.) e da pessoa (sexo, idade, profissão, etnia, etc.).

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c) Determinantes: uma das questões centrais da epidemiologia é a busca da
causa e dos fatores que influenciam a ocorrência dos eventos relacionados ao
processo saúde-doença. Com esse objetivo, a epidemiologia descreve a
frequência e distribuição desses eventos e compara sua ocorrência em
diferentes grupos populacionais com distintas características demográficas,
genéticas, imunológicas, comportamentais, de exposição ao ambiente e outros
fatores, assim chamados fatores de risco. Em condições ideais, os achados
epidemiológicos oferecem evidências suficientes para a implementação de
medidas de prevenção e controle.

d) Estados ou eventos relacionados à saúde: originalmente, a epidemiologia


preocupava-se com epidemias de doenças infecciosas. No entanto, sua
abrangência ampliou-se e, atualmente, sua área de atuação estende-se a todos
os agravos à saúde.

e) Específicas populações: a epidemiologia preocupa-se com a saúde coletiva


de grupos de indivíduos que vivem numa comunidade ou área.

f) Aplicação: a epidemiologia, como disciplina da saúde pública, é mais que o


estudo a respeito de um assunto, uma vez que ela oferece subsídios para a
implementação de ações dirigidas à prevenção e ao controle. Portanto, ela não
é somente uma ciência, mas também um instrumento.

Em se tratando da epidemiologia social, o processo saúde-doença é um


conceito importante que procura caracterizar a saúde e a doença como componentes
integrados, de modo dinâmico, nas condições concretas de vida das pessoas e dos
diversos grupos sociais; cada situação de saúde específica, individual ou coletiva é o
resultado, em dado momento, de um conjunto de determinantes históricos, sociais,
econômicos, culturais e biológicos (ROUQUAYROL, 2002).

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Usos e objetivos da epidemiologia

O método epidemiológico é, em linhas gerais, o próprio método científico


aplicado aos problemas de saúde das populações humanas. Para isso, serve-se de
modelos próprios aos quais são aplicados conhecimentos já desenvolvidos pela
própria epidemiologia, mas também de outros campos do conhecimento (clínica,
biologia, matemática, história, sociologia, economia, antropologia, etc.), num contínuo
movimento pendular, ora valendo-se mais das ciências biológicas, ora das ciências
humanas, mas sempre situando-as como pilares fundamentais da epidemiologia.

Sendo uma disciplina multidisciplinar por excelência, a epidemiologia alcança


um amplo espectro de aplicações. As aplicações mais frequentes da epidemiologia
em saúde pública são:

a) Descrever o espectro clínico das doenças e sua história natural;

b) Identificar fatores de risco de uma doença e grupos de indivíduos que


apresentam maior risco de serem atingidos por determinado agravo;

c) Prever tendências;

d) Avaliar o quanto os serviços de saúde respondem aos problemas e


necessidades das populações;

e) Testar a eficácia, a efetividade e o impacto de estratégias de intervenção, assim


como a qualidade, acesso e disponibilidade dos serviços de saúde para
controlar, prevenir e tratar os agravos de saúde na comunidade.

A saúde pública tem na epidemiologia o mais útil instrumento para o


cumprimento de sua missão de proteger a saúde das populações. A compreensão
dos usos da epidemiologia nos permite identificar os seus objetivos, entre os quais
podemos destacar os seguintes:

1) Identificar o agente causal ou fatores relacionados à causa dos agravos à


saúde;

2) Entender a causação dos agravos à saúde;

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3) Definir os modos de transmissão;

4) Definir e determinar os fatores contribuintes aos agravos à saúde;

5) Identificar e explicar os padrões de distribuição geográfica das doenças;

6) Estabelecer os métodos e estratégias de controle dos agravos à saúde;

7) Estabelecer medidas preventivas;

8) Auxiliar o planejamento e desenvolvimento de serviços de saúde;

9) Prover dados para a administração e avaliação de serviços de saúde


(TIMMRECK, 1994 apud WALDMAN, 1998).

Os sistemas de informação em epidemiologia

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define Sistema de Informação em


Saúde (SIS) como um mecanismo de coleta, processamento, análise e transmissão
da informação necessária para se planejar, organizar, operar e avaliar os serviços de
saúde.

Os sistemas de informação transformam os dados em informações para que


possam ser usadas para a tomada de decisão, formulação ou orientação de políticas
públicas. Esses dados podem ser demográficos, ambientais e socioeconômicos,
dados de morbidade; dados de mortalidade e notificação de surtos e epidemias

Na epidemiologia são muitos sistemas utilizados para a coleta de dados, dentre


eles citamos:

O Sistema de Informação Sobre Mortalidade (SIM) desenvolvido pelo Ministério


da Saúde, em 1975 para coletar dados sobre mortalidade no país, dispõe de dados
informatizados a partir de 1979, constituindo um importante elemento para o Sistema
Nacional de Vigilância Epidemiológica, tanto como fonte principal de dados, quanto
como fonte complementar, por também dispor de informações sobre as características
de pessoa, tempo e lugar, assistência prestada ao paciente, causas básicas e
associadas de óbito, extremamente relevantes e muito utilizadas no diagnóstico da
situação de saúde da população. A análise dos dados do sistema permite a construção

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de importantes indicadores para o delineamento do perfil de saúde de uma região
(BRASIL, 2005)

Apresentam variáveis que permitem, a partir da causa mortis atestada pelo


médico, construir indicadores e processar análises epidemiológicas que contribuam
para a eficiência da gestão em saúde. O documento básico e essencial à coleta de
dados da mortalidade no Brasil é a Declaração de Óbito – DO que alimenta o SIM
(BRASIL, 2014).

O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) - é alimentado,


principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos que
constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória (Portaria de
Consolidação nº 4, de 28 de Setembro de 2017, anexo V - Capítulo I1), mas é facultado
a estados e municípios incluir outros problemas de saúde importantes em sua região,
como varicela no estado de Minas Gerais ou difilobotríase no município de São Paulo.

Sua utilização efetiva permite a realização do diagnóstico dinâmico da


ocorrência de um evento na população, podendo fornecer subsídios para explicações
causais dos agravos de notificação compulsória, além de vir a indicar riscos aos quais
as pessoas estão sujeitas, contribuindo assim, para a identificação da realidade
epidemiológica de determinada área geográfica.

O seu uso sistemático, de forma descentralizada, contribui para a


democratização da informação, permitindo que todos os profissionais de saúde
tenham acesso à informação e as tornem disponíveis para a comunidade. É, portanto,
um instrumento relevante para auxiliar o planejamento da saúde, definir prioridades
de intervenção, além de permitir que seja avaliado o impacto das intervenções
(https://portalsinan.saude.gov.br/).

Anote aí!

A epidemiologia é central para as atividades da saúde pública. Ela é definida


como o estudo da distribuição e dos determinantes das doenças ou condições

1
Está disponível no link:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0004_03_10_2017.html

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relacionadas à saúde em populações, incorporando-se à sua definição a aplicação de
estudos para controlar problemas de saúde.

As aplicações da epidemiologia podem se modificar à medida que surgem


novos desafios para a saúde pública e à medida que novos instrumentos são
incorporados à sua prática.

A vigilância é um aspecto central da prática epidemiológica. O


acompanhamento ou monitoramento dos padrões de ocorrência das
doenças/condições relacionadas à saúde em populações é chamado de vigilância
epidemiológica.

O episódio da Clínica Genoveva, no Rio de Janeiro, que veio a público e


alcançou notoriedade nacional, é um exemplo que aponta para a necessidade de
vigilância da assistência hospitalar prestada ao idoso em instituições de longa
permanência. No episódio mencionado, a morte de um grande número de idosos
hospitalizados, entre os meses de abril e junho de 1996, foi amplamente denunciada
pela imprensa e resultou na intervenção do Ministério da Saúde.

Utilizando-se dados do Sistema de Internações Hospitalares (SIH-SUS),


investigou-se a possibilidade de que a alta taxa de mortalidade observada em 1996
não fosse episódica. O período estudado foi de janeiro de 1993 a maio de 1996. Os
resultados desse trabalho demonstraram que altas taxas de mortalidade já vinham
ocorrendo desde 1993; e que a utilização adequada dos dados do SIH-SUS poderia
ter antecipado as investigações dos órgãos competentes, evitando o excesso de
mortalidade só identificado em meados de 1996 (GUERRA et al, 2000).

Enfim, a epidemiologia pertence ao campo da saúde pública. Ela possui um


arsenal metodológico que se atualiza com grande vitalidade, fazendo com que –
equivocadamente – algumas vezes ela seja entendida como metodologia científica. A
ciência epidemiológica possui escopo próprio, tendo por objetivo final o controle de
problemas de saúde e tendo por objeto o estudo de populações e não o estudo de
indivíduos (LIMA-COSTA; FIRMO; UCHOA, 2007).

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Epidemiologia do envelhecimento

O envelhecimento é um fenômeno natural, universal, irreversível e não ocorre


de forma simultânea e igualitária nos seres humanos. Envelhecer faz parte da vida e,
visto à luz dos conhecimentos atuais, não há nada que se possa fazer para alterar
esse processo. Atualmente, o envelhecimento constitui um dos temas de maior
interesse da sociedade em razão da transição epidemiológica que o mundo está
apresentando. Diante disso, procurar respostas sobre quais são as mudanças que
ocorrem nesse período e quais são as causas e as consequências é o desafio da
ciência, que tem o objetivo de retardar esse processo.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2015), são


consideradas idosas pessoas com idade cronológica acima de 60 anos se residentes
em países em desenvolvimento, e acima de 65 anos, se vivem em países
desenvolvidos.

O processo de envelhecimento começa desde a concepção e é definido como


um processo dinâmico e progressivo no qual há modificações tanto morfológicas
quanto funcionais, bioquímicas e psicossociais, as quais determinam a progressiva
perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente (BORGES et al,
2017).

Entre 2015 e 2030, o número de idosos no mundo crescerá 56%, passando de


901 milhões para mais de 1,4 bilhão; esse crescimento será mais rápido nas regiões
em desenvolvimento do que nas regiões desenvolvidas. Esse aumento será mais
expressivo na América Latina e no Caribe, com projeção de crescimento de 71%,
seguido pela Ásia (66%), África (64%), Oceania (47%), América do Norte (41%) e
Europa (23%) (BORGES et al, 2017).

O envelhecimento da população mundial está se acelerando a um ritmo sem


precedentes, e em 2050 17% dos habitantes do planeta terão mais de 65 anos,
segundo o Census Bureau dos Estados Unidos. Hoje, essa proporção é de 8,5%.

De acordo com projeções do instituto, os idosos somarão 1,6 bilhão de pessoas,


quase 1 bilhão a mais que o número atual, de 617 milhões. “As pessoas estão vivendo
mais, mas não necessariamente são mais saudáveis (…) e o envelhecimento da

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população representa vários desafios de saúde pública para os quais temos de nos
preparar”, disse o escritório do censo em comunicado.

No mundo, o número de pessoas com mais de 80 anos vai triplicar entre 2015
e 2050, atingindo 446,6 milhões – em 2015, o número era de 126,4 milhões. A
expectativa de vida também irá aumentar em 2050, e vai a partir da média atual de
68,6 anos para 76,2 anos.

Entre os idosos, as doenças não transmissíveis, como câncer ou Alzheimer,


representam uma verdadeira dor de cabeça para a saúde pública. Atualmente a
população mundial é de 7,3 bilhões, número que subirá para 10 bilhões em 2050, de
acordo com uma análise do Instituto Francês de Estudos Demográficos (INED)
(REDAÇÃO DA REVISTA VEJA, 2016).

Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU, 2019) confirma que


estamos envelhecendo devido ao aumento da expectativa de vida e à queda dos
níveis de fertilidade.

Segundo o documento, até 2050, uma em cada seis pessoas no mundo terá
mais de 65 anos (16%). As regiões onde a parcela da população com 65 anos ou mais
é projetada para o dobro entre 2019 e 2050 incluem a África do Norte e a Ásia
Ocidental, Ásia Central e do Sul, Ásia Oriental e do Sudeste, e América Latina e Caribe.

Tabela 1 – Envelhecimento da população a nível mundial

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Até 2050, uma em cada quatro pessoas que vivem na Europa e na América do
Norte pode ter 65 anos ou mais. Em 2018, pela primeira vez na história, pessoas com
65 anos ou mais superaram em número as crianças menores de cinco anos no mundo.
Prevê-se que o número de pessoas com 80 anos ou mais triplicará, de 143 milhões
em 2019 para 426 milhões em 2050.

Consequentemente, o número de pessoas em idade produtiva em relação aos


idosos com mais de 65 anos está caindo. No Japão esse índice é de 1,8, o menor do
mundo. Outros 29 países, a maioria na Europa e no Caribe, já têm índices abaixo de
três. Até 2050, espera-se que 48 países, principalmente na Europa, América do Norte,
leste e sudeste da Ásia apresentem índices de apoio potenciais abaixo de dois.

A ONU explica que esses valores baixos ressaltam o impacto potencial do


envelhecimento da população no mercado de trabalho e no desempenho econômico,
bem como as pressões fiscais que muitos países enfrentarão nas próximas décadas,
na medida em que buscam construir e manter sistemas públicos de saúde,
previdência e proteção social para pessoas idosas (LEVITES, 2019).

São fatos em relação ao envelhecimento da população:

1) O envelhecimento populacional é um triunfo da sociedade moderna. Isso reflete


na melhoria da saúde global, mas também suscita desafios especiais para o
século 21, nos países desenvolvidos e em desenvolvimento.

2) Em 2005, a expectativa de vida, em países como Japão e França já era de


mais de 80 anos. A expectativa de vida também está aumentando nos países
mais pobres e subdesenvolvidos: a criança que nasce hoje no Chile, Costa Rica,
Jamaica, Líbano, Sri Lanka ou a Tailândia espera viver mais de 70 anos.

3) Enormes desigualdades em saúde persistem, como resultado das diferenças


de expectativa de vida ao nascer. Por exemplo, enquanto o Japão tem a maior
expectativa de vida no mundo - 82,2 anos, em vários países da África, a
expectativa de vida não passa de 40 anos.

4) Mesmo dentro de países, as desigualdades de saúde também são significativas.


Por exemplo, nos Estados Unidos da América a camada mais rica espera viver
até 20 anos mais do que a camada mais pobre da população.

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5) Em 2050, cerca de 80% de todas as mortes acontecerão em pessoas com mais
de 60 anos, com o aumento das despesas de saúde com a idade,
principalmente no último ano de vida. Outro dado: quanto mais idosa é a pessoa,
menos se gasta com saúde nesta fase derradeira. O adiamento da idade da
morte através de um envelhecimento saudável, combinada com políticas
apropriadas em cuidados paliativos, poderiam conduzir a economia de gastos
com a saúde.

6) Idosos saudáveis também representam um recurso para suas famílias,


comunidades e economia de seu país. Investir na saúde ao longo da vida
produz dividendos para as sociedades em todos os lugares. Raramente é tarde
demais para mudar comportamentos de risco para promover a saúde. Por
exemplo, diminui o risco de morte prematura em 50%, se a pessoa parar de
fumar entre 60 e 75 anos de idade.

7) Os cuidados primários de saúde para os idosos são fundamentais para


promover a saúde, prevenir enfermidades e tratar doenças crônicas em
pacientes dependentes e frágeis. Em geral, a formação dos profissionais de
saúde inclui pouca ou nenhuma instrução sobre os cuidados para os idosos,
no caso, a geriatria. No entanto, os profissionais de saúde vão, cada vez mais,
trabalhar com pacientes idosos. A Organização Mundial de Saúde afirma que
todos os provedores de saúde devem ser treinados sobre as questões do
envelhecimento, independentemente de sua especialidade.

8) Desastres e emergências afetam seriamente os mais vulneráveis, incluindo as


pessoas idosas. Como exemplo: a percentagem mais elevada de mortes na
Indonésia causada pelo tsunami no Oceano Índico, em 2004, concentrou-se
em pessoas com mais de 60 anos de idade; também no ano de 2003, as
maiores vítimas da onda de calor na Europa, eram pessoas com mais de 70
anos de idade. Políticas para proteger os idosos em situações de emergência
são urgentemente necessárias.

9) Com a idade avançada, o risco de quedas e suas consequências de fraturas


graves aumentam muito. Isso leva custos humanos, econômicos e de saúde
significativos. Na Austrália, o custo médio de tratamento por uma lesão

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relacionada com queda, para as pessoas com mais de 65 anos de idade foi de
3611 dólares, em 2001-2002.

10) A incidência de maus tratos e violência aumenta com o envelhecimento da


população e a urbanização. A Organização Mundial de Saúde estima que entre
4% e 6% dos idosos em todo o mundo sofrem alguma forma de maus-tratos,
seja física, psicológica, emocional, financeira ou por negligência. Maus tratos e
violência contra os idosos são violações dos direitos humanos (OMS, 2010).

Epidemiologia do envelhecimento no Brasil

Envelhecimento no Brasil

O processo gradual da passagem de altas taxas de fecundidade e de


mortalidade para uma diminuição desses indicadores é denominado transição
demográfica. A queda da taxa de mortalidade e a diminuição da taxa de fecundidade
geram aumento da expectativa de vida, e, consequentemente, a população começa a
envelhecer (PASCHOAL; SALLES; FRANCO, 2005).

Pereira (1995) explica que a compreensão dessa dinâmica se dá por meio da


teoria da transição demográfica, que descreve quatro estágios que os países tendem
a percorrer. Na primeira fase, denominada pré-industrial ou primitiva, observam-se
altas taxas de mortalidade e natalidade. Na segunda fase, intermediária de
divergência de coeficientes, ocorre redução da mortalidade, e a natalidade ainda se
mantém em nível alto, resultando em crescimento populacional acelerado. Quanto à
terceira fase, intermediária de convergência de coeficientes, verifica-se a diminuição
da taxa de natalidade em ritmo mais acelerado do que a da mortalidade. Na quarta
fase, moderna ou de pós-transição, ambas as taxas se aproximam, mantendo-se em
níveis baixos. Quando atingida esta etapa, o crescimento populacional é praticamente
zero, e tem-se o aumento contínuo da população idosa.

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Essas etapas representam, de forma geral, as tendências pelas quais passam
as sociedades, no entanto, há de se mencionar que variações são observadas tendo
em vista as especificidades de cada país.

O aumento da expectativa de vida e o consequente acúmulo da população


idosa devem ser compreendidos por meio dos seus fatores determinantes, quando se
compara os países desenvolvidos com os países em desenvolvimento. O processo
de transição demográfica, nos países desenvolvidos, ocorreu de maneira gradual, em
um longo período de tempo, motivado pela melhoria das condições de vida e da
infraestrutura para o trabalho, a educação e a saúde. Diferentemente, nos países em
desenvolvimento, como o Brasil, essa mudança está sendo rápida, e os avanços
tecnológicos são os maiores responsáveis pela redução da mortalidade, em especial
por doenças infectocontagiosas, na infância. Por outro lado, o acesso da população
aos programas de planejamento familiar e aos métodos contraceptivos, bem como a
inserção da mulher no mercado de trabalho, contribuíram para a diminuição da taxa
de fecundidade (BRASIL, 2006).

As alterações no processo de transição demográfica brasileira resultaram,


dentre outros fatores, em uma proporção de pessoas com 60 anos ou mais de idade
representativa de 11,3%. Desta forma, considera-se que o Brasil tem uma população
envelhecida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera uma população
envelhecida quando a proporção de pessoas com 60 anos ou mais de idade atinge
7%, com tendência a crescer (BRASIL, 2006; IBGE, 2010).

Rodrigues e Rauth (2006) ressaltam que o envelhecimento populacional


brasileiro traz desafios para a sociedade, relacionados à pobreza, aposentadoria,
família, Instituições de Longa Permanência, formação de profissionais de saúde e
promoção da saúde.

Concernente à pobreza, considera-se que os idosos, em geral, são menos


favorecidos economicamente, comparados aos adultos jovens. A renda do idoso,
geralmente proveniente de aposentadorias e pensões, é importante para cobrir as
despesas familiares. Destaca-se que esse rendimento, por vezes, é maior do que da
população jovem, porém menor do que a renda das pessoas de 40 a 59 anos.

Os idosos podem vivenciar a aposentadoria com liberdade e possibilidade de


realizações, porém, alguns idosos a consideram sem sentido, experimentando a

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desvalorização social e nostalgia. Esse fato pode estar relacionado ao valor do
trabalho em si como enriquecimento pessoal. Nas classes menos favorecidas
economicamente, a renda pode tornar-se insuficiente para o provimento do idoso e
seus familiares (TAVARES; DIAS; OLIVEIRA, 2012).

Por sua vez, o idoso aposentado pode ter a visibilidade de pessoa socialmente
ativa, afastando-se da perspectiva de segregação e inatividade.

Além disso, o aumento do número de idosos tem impacto no âmbito familiar,


pois nem sempre ela pode proporcionar-lhe o auxílio de que necessita. Atualmente,
observa-se fragilidade no apoio familiar ao idoso, decorrente da diminuição do número
de membros familiares, aumento da mão de obra feminina e maior longevidade. Assim,
verificam-se idosos cuidando de seus bisnetos e de pais idosos (RODRIGUES;
RAUTH, 2006).

Em se tratando da ciência epidemiológica, os apontamentos de Medronho,


Almeida Filho e Scliar (2012), afirmam que o Brasil é talvez o único país do mundo
que se refere a estratégias de uso da Epidemiologia na sua Constituição (art. 200).
Isso resulta das peculiaridades da construção institucional do Sistema Único de Saúde
em nosso país, baseado na aplicação de conhecimento e tecnologia desenvolvidos,
com competência e originalidade, a partir de dados da nossa realidade de saúde.

No Brasil, a epidemiologia se desenvolveu, e sempre se auto afirmou, como


parte de um movimento maior, que é o da saúde coletiva (BARRETO, 2002). Ao adotar
a saúde coletiva como referência, amplia o seu sentido social e político e o faz
compartilhar das utopias e dos princípios de humanismo, justiça social e ética que têm
guiado a saúde pública através dos tempos.

Articula a sua racionalidade e objetividade científica com toda a complexa


realidade sanitária do nosso país, e assim é pressionada a concentrar seus esforços
em temáticas prioritárias no que diz respeito à saúde da população e a ampliar seus
compromissos pela busca de soluções.

No Brasil, a epidemiologia vem construindo concepções e uma prática radical


de transdisciplinaridade que, levada às últimas consequências, tem permitido a
confluência e o diálogo entre a epidemiologia e diversos outros campos disciplinares.

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Esta prática, executada de forma competente e partilhada, contribui com
diversas outras disciplinas para a articulação de objetivos e métodos, na busca do
entendimento de fenômenos da saúde e da doença em toda a sua complexidade, e
em consonância com as perplexidades que atingem todos aqueles que fazem ciência
nos dias atuais.

Assim, os epidemiologistas brasileiros têm aberto amplas áreas de contato,


efetivamente transdisciplinares, que vão além dos parceiros tradicionais – como os
estatísticos e clínicos – para incluir novos parceiros não menos importantes:
sociólogos, antropólogos, economistas, geógrafos, filósofos, bioengenheiros,
toxicologistas, biólogos moleculares, matemáticos, entre outros. Este processo, que
está apenas se iniciando, com certeza terá fortes consequências no futuro da
epidemiologia praticada no Brasil (BARRETO, 2002).

Estudos epidemiológicos para a área do envelhecimento

Lima-Costa e Barreto (2003) explicam que estudos epidemiológicos têm


mostrado que doenças e limitações não são consequências inevitáveis do
envelhecimento, e que o uso de serviços preventivos, eliminação de fatores de risco
e adoção de hábitos de vida saudáveis são importantes determinantes do
envelhecimento saudável.

Nesse sentido e sendo fato que os idosos constituem o segmento que mais
cresce na população brasileira, estudos epidemiológicos sobre as condições e
determinantes da saúde do idoso são fundamentais para subsidiar políticas de saúde
voltadas a essa população.

Dentre os estudos temos:

 Estudos descritivos
Os estudos descritivos têm por objetivo determinar a distribuição de doenças
ou condições relacionadas à saúde, segundo o tempo, o lugar e/ou as características
dos indivíduos. Ou seja, responder à pergunta: quando, onde e quem adoece? A
epidemiologia descritiva pode fazer uso de dados secundários (dados pré-existentes

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de mortalidade e hospitalizações, por exemplo) e primários (dados coletados para o
desenvolvimento do estudo).

No Brasil, existem importantes bancos de dados secundários com abrangência


nacional – como o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM-SUS), o Sistema
de Informações sobre Autorizações de Internações Hospitalares (SIH-SUS) e a
Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (PNAD, 1998) – que podem ser usados em
estudos epidemiológicos.

Dados secundários também têm sido utilizados para monitorar a qualidade da


assistência hospitalar prestada ao idoso.

 Estudos analíticos
Estudos analíticos são aqueles delineados para examinar a existência de
associação entre uma exposição e uma doença ou condição relacionada à saúde. Os
principais delineamentos de estudos analíticos são: a) ecológico; b) seccional
(transversal); c) caso-controle (caso-referência); e d) coorte (prospectivo). Nos
estudos ecológicos, tanto a exposição quanto a ocorrência da doença são
determinadas para grupos de indivíduos. Nos demais delineamentos, tanto a
exposição quanto a ocorrência da doença ou evento de interesse são determinados
para o indivíduo, permitindo inferências de associações nesse nível. As principais
diferenças entre os estudos seccionais, caso-controle e de coorte residem na forma
de seleção de participantes para o estudo e na capacidade de mensuração da
exposição no passado.

Nos estudos ecológicos, compara-se a ocorrência da doença/condição


relacionada à saúde e a exposição de interesse entre agregados de indivíduos
(populações de países, regiões ou municípios, por exemplo) para verificar a possível
existência de associação entre elas.

Nos estudos seccionais, a exposição e a condição de saúde do participante são


determinadas simultaneamente. Em geral, esse tipo de investigação começa com um
estudo para determinar a prevalência de uma doença ou condição relacionada à
saúde de uma população especificada (por exemplo, habitantes idosos de uma
cidade). As características dos indivíduos classificados como doentes são
comparadas às daqueles classificados como não doentes.

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Os estudos caso-controle e os estudos de coorte podem ser utilizados para
investigar a etiologia de doenças ou de condições relacionadas à saúde entre idosos,
determinantes da longevidade; e para avaliar ações e serviços de saúde. Os estudos
de coorte também podem ser utilizados para investigar a história natural das doenças.

Além dos aspectos gerais da pesquisa epidemiológica, os estudos sobre


envelhecimento requerem alguns cuidados ou estratégias especiais a serem levados
em conta, tanto no planejamento quanto na condução, análise e interpretação dos
resultados (EBRAHIM, 1996; WALLACE; WOOLSON, 1992 apud LIMA-COSTA;
BARRETO, 2003).

Entre esses aspectos, destaca-se o uso de respondentes próximos. Alguns


idosos mais velhos podem estar muito doentes ou apresentar déficit cognitivo que
impeça a sua participação na pesquisa. Nesse caso, pode-se recorrer a uma pessoa
próxima para se obter alguma informação e assegurar a validade interna do estudo.
É fundamental, entretanto, que o uso de respondente próximo seja considerado na
análise (mediante estratificação ou ajustamento, por exemplo) e na interpretação dos
resultados da pesquisa.

Uma dificuldade dos estudos epidemiológicos sobre envelhecimento é a


definição da população-alvo. Isso é particularmente importante quando o estudo inclui
idosos mais velhos, porque a institucionalização cresce de forma marcante com a
idade. Estudos epidemiológicos de idosos residentes na comunidade, que excluem
idosos institucionalizados, podem subestimar a prevalência de incapacidade na
população. Esse viés será mais acentuado em comunidades com maior grau de
institucionalização (LIMA-COSTA; BARRETO, 2003).

Atenção:

Para o desenvolvimento de um estudo epidemiológico, é preciso considerar as


questões éticas pertinentes. No Brasil, existe um conjunto de normas éticas a serem
observadas na condução de estudos envolvendo seres humanos (BRASIL, 1998). Por
exigência dessas normas, os protocolos para desenvolvimento de estudos
epidemiológicos utilizando dados primários devem ser aprovados por um comitê de
ética credenciado.

20
Desafios atuais e futuros do envelhecimento
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2005) o
envelhecimento da população é um dos maiores triunfos da humanidade e também
um dos grandes desafios a ser enfrentado pela sociedade. No século XXI, o
envelhecimento aumentará as demandas sociais e econômicas em todo o mundo. No
entanto, apesar de na maioria das vezes serem ignorados, os idosos deveriam ser
considerados essenciais para a estrutura das sociedades.

Figura 2 – Envelhecimento da população

Em seu relatório sobre o envelhecimento no século XXI, o Fundo de População


das Nações Unidas (2012) destacou que embora muitos países tenham realizado
importantes avanços na adaptação das suas políticas e leis, é necessário direcionar
mais esforços para assegurar que pessoas mais velhas possam alcançar seu
potencial. Há um consenso de que esse envelhecimento populacional exige a
realização, urgente, de políticas adequadas às suas necessidades. O crescimento da
população idosa e o aumento da esperança de vida ao nascer representam desafios
importantes para o país.

Segundo Costa et al. (2011) é “imprescindível reestruturar o sistema


previdenciário, a fim de assegurar a sua sustentabilidade”, em virtude do aumento da
população beneficiária e do envelhecimento e redução da força de trabalho.

21
Em 2010, existiam no país 20,5 milhões de idosos, aproximadamente 39 para
cada grupo de 100 jovens. Estimam-se para 2040, mais que o dobro, representando
23,8% da população brasileira e uma proporção de quase 153 idosos para cada 100
jovens. Essa nova realidade demográfica, com um número cada vez maior de idosos,
exige também do sistema de saúde capacidade para responder às demandas atuais
e futuras.

Fato é que uma população que vive mais longamente e com pouca qualidade
de vida tende a pressionar o sistema de saúde por serviços mais caros, mais
especializados, e a população não está se preparando.

Podemos afirmar que é momento do sistema de saúde se estruturar para essa


demanda crescente da população idosa porque passamos a ter o crescimento de uma
série de doenças degenerativas que exigem, não ações pontuais, mas ações
coordenadas, em grande parte dos profissionais. Então a preparação do sistema de
saúde como um todo para atender a esta demanda crescente é um grande desafio.

Além disso, os idosos podem adquirir doenças, incapacidades e sequelas que


exigem ações integrais do sistema de saúde (MIRANDA; MENDES; SILVA 2016).

Anote aí!

A longevidade é, sem dúvida, um triunfo. Há, no entanto, importantes


diferenças entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento. Enquanto,
nos primeiros, o envelhecimento ocorreu associado às melhorias nas condições gerais
de vida, nos outros, esse processo acontece de forma rápida, sem tempo para uma
reorganização social e da área de saúde adequada para atender às novas demandas
emergentes. Para o ano de 2050, a expectativa no Brasil, bem como em todo o mundo,
é de que existirão mais idosos que crianças abaixo de 15 anos, fenômeno esse nunca
antes observado (BRASIL, 2006).

No geral a estrutura etária de um país não deve ser um problema, mas uma
realidade demográfica na qual necessita de orientações das políticas públicas para
seu gerenciamento. Como por exemplo a manutenção dos setores que envolvem
especialmente a população idosa e maiores investimentos nessas áreas de maior
necessidade e no setor previdenciário.

22
Tabela 2 – Distribuição da população por sexo e grupo de idade - 2017

O Brasil demanda serviços públicos especializados que será reflexo do


planejamento e das prioridades atuais das políticas públicas sociais.

Essas políticas precisam ser de intervenções integradas, que assegurem o


cuidado às doenças crônicas, mas que fortaleçam a promoção do envelhecimento
saudável, mesmo porque, é função das políticas de saúde contribuir para que mais
pessoas alcancem as idades avançadas com o melhor estado de saúde possível. O
envelhecimento ativo e saudável é o grande objetivo nesse processo (BRASIL, 2006).

O Brasil precisa, não somente reorganizar os níveis de cuidado para atender


às necessidades, mas, também, inovar e tomar por base experiências de outros
países que já vivenciaram o processo de envelhecimento.

O Estado deve estar preparado para o provimento de políticas específicas, para


o financiamento de estruturas de apoio, bem como para o monitoramento das suas
atividades. Garantindo, assim, uma atenção integral, reconhecendo suas
características e especificidades e consagrando sua qualidade de vida. Este é o
desafio para a sociedade e para o Estado nas próximas décadas.

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Figura 3 – Projeção do IBGE para a população brasileira com mais de 60 anos nas próximas
décadas

Enfim, há uma necessidade intensa de melhorias nos setores de atendimento


à população idosa, já que seu aumento significativo é uma realidade ao país,
principalmente nos atendimentos médicos especializados (como os geriatras), na
acessibilidade (devido a redução da mobilidade), melhoria nos valores de
aposentadorias, atendimentos prioritários, entre outros fatores que envolvem
diretamente a vida da população idosa no dia a dia, pois ela requer cuidados
diferenciados e adaptados as suas necessidades (ALMEIDA, 2010; SAMPAIO, 2012).

24
Referências
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