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Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

4º Curso de Mestrado em Cuidados Paliativos

TERAPIA OCUPACIONAL NOS CUIDADOS


PALIATIVOS:PANORAMA PORTUGUÊS

Tese de Mestrado apresentada para


a obtenção do grau de Mestre em
Cuidados Paliativos, sob a
orientação do Professor Doutor
António Marques.

MAFALDA CADILLON LUZ PAMPOLIM1

Porto, 2014

1- Terapeuta Ocupacional estudante do 2º ano do Mestrado de Cuidados Paliativos da


Faculdade de Medicina do Porto
RESUMO
Nas últimas décadas tem-se observado na pirâmide demográfica, a nível
mundial, um aumento da longevidade da população. Este aumento resulta da melhoria
dos cuidados de saúde devido à evolução cientifico-tecnológica e à facilidade de acesso
ao conhecimento. No entanto, como consequência do aumento da longevidade, veio o
aumento de doenças crónicas e do número de pessoas em fase terminal.
Os cuidados paliativos surgem como uma resposta a estas pessoas, de forma a
melhorar a sua qualidade de vida e a dos seus familiares, prevenindo e aliviando o
sofrimento. Até recentemente, estes tipos de cuidados estavam apenas focados no
tratamento médico de sintomas específicos e não consideravam a funcionalidade, a
manutenção da autonomia e o bem-estar geral da pessoa. Com novas mudanças no
paradigma de prestação de cuidados, o paciente passa a ser visto como um ser humano e
não como um doente, relevando-se de forma sistémica e integrada as dimensões físicas,
psicológicas e sociais que podem advir da situação de fim de vida.
O terapeuta ocupacional é o técnico mais especializado para ajudar o paciente a
atingir a sua funcionalidade, autonomia e identidade ocupacional. No acompanhamento
de pessoas em fase de vida terminal, a TO permite aos utentes a participação nas
atividades que lhe são mais importantes e que têm mais significado, mantendo a sua
funcionalidade e autonomia e ajudando-os, muitas vezes, a alcançar uma boa morte.
Neste projeto de investigação ambiciona-se compreender o panorama português
da terapia ocupacional nos cuidados paliativos e salientar a importância que a terapia
ocupacional tem como parte integrante de uma equipa desta área. Para isto, sugere-se
um estudo com uma abordagem metodológica qualitativa, tendo sido construído um
guião de entrevista como instrumento de recolha de dados. Pretende-se aplicar o
instrumento a uma população de profissionais de saúde a trabalhar na área dos cuidados
paliativos, em Portugal, e posterior análise de dados através do método de análise de
conteúdo.

Palavras-chaves: cuidados paliativos, terapia ocupacional, reabilitação, doença terminal.

2
ABSTRACT
Over the last decades, based on the population pyramid, there has been an
increase in people’s longevity worldwide. This rise results from enhanced health care
due to the developments in science and technology, and also from the easier access to
knowledge. However, the increase in longevity entailed more chronic diseases and more
people in need of terminal care.
Palliative care emerges as a solution to this people’s needs, in order to improve
their life quality and that of their families, preventing and soothing their suffering. Until
recently, this type of care was focused only on the medical treatment of specific
symptoms, and it didn’t consider the ability to be functional, to be autonomous and the
general well-being of the person. With new changes on the paradigm of the provision of
health care, the patient is seen as a human being, not as a sick person, so the physical,
psychological and social dimensions that may arise from his/her end-of-life condition
are taken into account in a systematic and integrated way.
The occupational therapist is the most specialized caregiver that can help the
patient reach his/her ability to be functional, autonomous, as wells as his/her
occupational identity. In the follow-up of people living terminal phase of their lives, the
OT allow the patients to participate in the most important and meaningful activities to
them, maintaining their ability to be functional and autonomous, as well as often
helping them in having a good death.
This research project intends to understand the Portuguese panorama of
occupational therapy in terms of palliative care, and to point out the importance of
occupational therapy as an integral part of a team in this field. In this regard, the
suggestion herein is a study with a qualitative, methodic approach based on an interview
script for data collection. The idea is to apply this instrument to a population of health
professionals working in the field of palliative care in Portugal, and then to analyze the
data by means of content analysis.

Keywords: palliative care, occupational therapy, rehabilitation, terminal disease.

3
ÍNDICE
RESUMO ......................................................................................................................... 2
ABSTRACT ..................................................................................................................... 3
ÍNDICE ............................................................................................................................. 4
ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................... 5
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 6
 Cuidados Paliativos........................................................................................... 7
 Cuidados Paliativos em Portugal .................................................................... 13
 A Equipa em Cuidados Paliativos .................................................................. 16
 A Terapia Ocupacional ................................................................................... 18
 A Terapia Ocupacional nos Cuidados Paliativos ............................................ 21
PROJETO DE INVESTIGAÇÃO .................................................................................. 26
 Objetivos da investigação ............................................................................... 27
 Método ............................................................................................................ 27
 Instrumentos de recolha de dados ................................................................... 30
 Participantes .................................................................................................... 35
 Procedimentos ................................................................................................. 38
 Análise de dados ............................................................................................. 40
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 43
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 45
ANEXOS ........................................................................................................................ 52
 Anexo 1 – Pedido participação no Estudo ...................................................... 53
 Anexo 2 – Consentimento Informado ............................................................. 55
 Anexo 3 – Guião do questionário ................................................................... 57
 Anexo 4 – Transcrições .................................................................................. 64
 Anexo 5 – Guião de entrevista ........................................................................ 72

4
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Representação do primeiro modelo de gestão dos CP …….….pág. 12


Figura 2 – Representação do segundo modelo de gestão dos CP………....pág. 12
Figura 3 – Representação do terceiro modelo de gestão dos CP…….…....pág. 13
Figura 4 – Equipas de Cuidados Paliativos Portuguesas………...……......pág. 36
Figura 5 – Desenho do estudo..………………………………………..…..pág. 38
Figura 6 –Cronograma……………………………...……….………….....pág. 39

5
INTRODUÇÃO

“You matter because you are you. You matter to the last moment of your life, and we
will do all we can, not only to help you die peacefully, but also to live until you die”.
(Cicely Saunders)

6
A evolução cientifico-tecnológica e o acesso ao conhecimento verificado ao
longo das últimas décadas mudaram a relação do homem com a sociedade, de uma
forma radical. O homem passou a ter uma intervenção direta no seu destino tornando-se,
portanto, autorrealizador (Nunes, 2012). Ao mesmo tempo, verificou-se uma transição
demográfica, devido essencialmente à quebra da taxa de nascimento e ao aumento da
esperança de vida da população, fruto deste avanço cientifico-tecnológico, do ser
humano autorrealizador e da melhoria da qualidade de vida (Lynn & Adamson, 2003;
Nunes, 2012)
No entanto, este aumento da longevidade teve como consequência o incremento
das doenças crónicas e progressivas, que condicionam de forma relevante a organização
dos serviços de saúde e a distribuição dos recursos disponíveis. Em 2012, em Portugal,
os tumores malignos representavam 23,9% de óbitos registados. Em 10 anos, este valor
aumentou 14,1% (INE, 2014). A Organização Mundial da Saúde prevê que,
globalmente, em 2020, mais de 15 milhões de pessoas serão afetadas por esta patologia
e que, por ano, milhões de pessoas morrerão da mesma (Higginson & Costantini, 2008).
Os doentes oncológicos com doença avançada e outros doentes em fases
terminais vêm a sua qualidade de vida prejudicada por um ou mais sintomas
emocionais, espirituais, sociais e de comunicação (Higginson & Costantini, 2008). A
verdade é que a maioria da população termina os seus dias em hospitais ou lares,
afastados da família e dos amigos. Esta realidade veio trazer uma nova perceção da
morte, que deixa de ser vista como um processo natural, acompanhado pelos familiares,
para ser visto como algo que ocorre aos mais desafortunados. Isto, associado ao
reconhecimento de existência de limites à intervenção médica, leva a que surja a
necessidade de uma nova abordagem da doença terminal emergindo, assim, os cuidados
paliativos (Marques, 2014; Nunes, 2012).

Cuidados Paliativos
Os Cuidados Paliativos (CP) são definidos pela Organização Mundial de Saúde
(WHO, 2014) como uma abordagem que visa melhorar a qualidade de vida dos doentes,
e da sua família, que enfrentam problemas decorrentes de uma doença incurável.
Segundo Cicely Saunders, os CP iniciam-se a partir do entendimento de que cada
paciente tem da sua própria história, relacionamentos, cultura e que merece respeito
como ser único e original (Pessini & Bertachini, 2005).

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As primeiras respostas de cuidados paliativos surgem, há muitos anos atrás, nos
tempos medievais, onde alguns centros, denominados hospícios, serviam de locais de
abrigos para os viajantes e peregrinos descansarem e receberem apoio psicológico e
espiritual antes de continuarem a sua viagem. Muitos acabavam por falecer nestes
centros, recebendo cuidado leigo e carinhoso (Oliveira, 2008).
No entanto, só na década de 60, Cicely Saunders defende, pela primeira vez, o
cuidado a doentes em fim de vida, afirmando tratar-se de um direito humano e, como
tal, de uma obrigação social (Capelas, 2008). Surge, assim, em Inglaterra, no ano 1967,
a primeira unidade dedicada a cuidados paliativos, o St. Christopher’s Hospice (Clark,
2002; Clark & Graham, 2011). Estas unidades surgem como uma continuidade de um
movimento desenvolvido por Jeanne Garnier, em 1842, uma jovem mãe viúva e em
processo de luto, que fundou em Lyon, França, a Associação des Dames du Calvaire. O
seu objetivo foi criar casas onde os moribundos poderiam ser tratados num ambiente
familiar, de respeito, oração e calma face à morte (Marques, 2014).
No início da década de 70, Cicely Saunders conhece a psiquiatra norte-
americana Elizabeth Klüber-Ross, nos Estados Unidos e iniciaram o movimento
Hospice nesse país. Em 1975 surge o primeiro hospício americano (Clark & Graham,
2011; Oliveira, 2008).
O termo Cuidados Paliativos, usado pela primeira vez por um médico canadiano
em 1975, é adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na década de 80. A
Unidade de Cancro da OMS começou a desenvolver e definir políticas que visassem o
alívio da dor e a disponibilização de opióides (Oliveira, 2008; Sepúlveda, Marlin,
Yoshida, & Ullrich, 2002). Surgem, então, os CP estruturados com a finalidade de
acompanhar doentes em fim de vida, tornando confortável e pacífica a transição da vida
para a morte (Marcil, 2006; Mendes, Silva, & Santos, 2012). No entanto, estes cuidados
estavam focados para a gestão médica dos sintomas específicos de uma doença terminal
com pouca ou nenhuma consideração dada à identidade ocupacional e aos objetivos dos
pacientes (Ashworth, 2013).
Em 1990, a OMS define pela primeira vez CP como um cuidado ativo e total
para pacientes cuja doença não era responsiva a tratamento de cura. O controlo da dor,
de outros sintomas e de problemas psicossociais e espirituais eram primordiais. O
objetivo seria proporcionar a melhor qualidade de vida possível para pacientes e
familiares (Oliveira, 2008) Esta definição é revista em 2002 com o objetivo de ampliar
o conceito e torná-lo aplicável a mais doenças. Os CP passam a ser considerados uma

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especialidade médica que reconhece o processo de morte como parte do processo
normal de viver e ajudam o paciente e as famílias a lidar com a progressão da doença,
através da prevenção e alívio do sofrimento por meios de identificação, avaliação e
tratamento rigoroso da dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais.
Focam-se em aumentar a qualidade de vida restante, ajudando os pacientes a maximizar
os benefícios do tratamento e a viver o melhor possível com os efeitos da doença
(Garcia-Schinzari, Sposito, & Pfeifer, 2013; Marcil, 2006; Mendes et al., 2012; Pessini
& Bertachini, 2005; WHO, 2014). Assim, de acordo com a WHO (2014), os CP:
 Providenciam o alívio da dor e outros sintomas angustiantes;
 Afirmam a vida e consideram a morte como uma fase integrante da vida e
portanto não aceleram ou atrasam o seu processo;
 Integram aspetos psicossociais e espirituais do cuidado ao paciente;
 Oferecem suporte ao paciente para viver o mais ativo possível até ao final da
sua vida;
 Oferecem um sistema de suporte que ajuda as famílias a enfrentar a doença
do paciente e sua morte;
 Usam uma abordagem de equipa para dirigir as necessidades do paciente e
sua família, incluindo, se necessário, consulta de luto;
 Realçam a qualidade de vida e podem influenciar, positivamente, o curso da
doença;
 São aplicáveis no início do curso da doença em conjunto com outras terapias
de prolongamento da vida, e incluem as investigações necessárias para o
melhor entendimento e gestão de complicações clínicas angustiantes.

“Os CP são mais um conceito do que um sítio”


(Marcil, 2006).

Os CP não dizem respeito, primordialmente, a cuidados institucionais, mas


constituem-se fundamentalmente, de uma filosofia de cuidados que pode ser utilizada
em diferentes contextos e instituições (Pessini & Bertachini, 2005). Muitas vezes, a
abordagem paliativa é fornecida na comunidade por profissionais especializados
(Georgia Halkett, Ciccarelli, Keesing, & Aoun, 2010). A comunidade e a casa são o
local eleito da maioria dos pacientes e a admissão em unidade de CP ocorre apenas em

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casos breves de necessidade de cuidados específicos, como por exemplo quando os
sintomas são mais graves e de difícil controlo (Garcia-Schinzari et al., 2013).
Os principais focos deste tipo de cuidados é o alívio dos sintomas, o apoio
psicológico, espiritual e emocional, o apoio à família, o apoio durante o luto e a
interdisciplinaridade dos profissionais de saúde durante todo o processo de apoio à
pessoa em fim de vida. Além disso, a filosofia subjacente a estes cuidados, assume a
vida e a morte como um processo normal, não pretendendo apressar ou prolongar a
morte (Burkhardt et al., 2011; Carvalho, 2012; WHO, 2014; World Health
Organization, 2004). A prática dos CP respeita o direito do doente a receber cuidados, a
ter autonomia, identidade e dignidade; ao apoio personalizado ao alívio do sofrimento; a
ser informado e a recusar tratamento (Carvalho, 2012).
Um dos sintomas mais frequentes e angustiantes nestes pacientes é a dor. Nos
CP, a dor deve ser entendida não apenas como dor física mas como sofrimento global,
envolvendo aspetos físicos, emocionais, espirituais, sociais, familiares e económicos.
Consequentemente, o seu controlo requer uma equipa multidisciplinar (Figueiredo,
1996; Marcil, 2006) que congrega, além do doente e da sua família, profissionais de
saúde com formação e treino diferenciado, voluntários preparados e dedicados e a
própria comunidade (DGS, 2004; Figueiredo, 1996).
Na Europa, existem diferentes modelos de organização deste tipo de
cuidados, sendo que uma organização integrada é constituída por hospitais, rede
nacional de cuidados continuados integrados (RNCCI) e cuidados primários (DGS,
2004).
Derek Doyle (2009) elaborou, pela primeira vez há 30 anos, o documento
Getting Started: Guidelines and Suggestions for Those Starting a Hospice/Palliative
Care Services, com segunda edição em 2009. Este documento serve como ponto de
partida para a análise da criação de novos apoios aos CP e as considerações a seguir no
desenvolvimento dos mesmos (Maciel, 2009).
Para se desenvolver novos apoios é necessário ter presente,
primeiramente, os princípios defendidos pelos CP para se prestar um ótimo cuidado
(Doyle, 2009; Maciel, 2009):
 Uma atitude cuidadora, que demonstre preocupação com o utente,
envolvendo empatia, sensibilidade e compaixão. Não se deve julgar pela
raça, idade, sexualidade ou opções de vida;

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 Consideração pela individualidade de cada pessoa, ou seja, reconhecer
cada pessoa de acordo com os seus sofrimentos psicossociais e não
apenas rotular com a doença;
 Considerações culturais devem ser tidas em conta de forma a respeitar a
crença de cada utente;
 Consentimento, ou seja, é necessário ter sempre o consentimento do
utente em qualquer procedimento médico que se realize, o cliente deve
ser fazer parte da tomada de decisão;
 Escolha do locar de prestação de cuidado, uma vez que o paciente e a
família devem ser livres de escolher o local onde querem receber/prestar
os cuidados;
 Comunicação, isto é, o tipo de linguagem usada durante a comunicação
deve ser clara, o paciente deve ter a liberdade de questionar o
profissional de saúde e deve ser explicado, ao cliente, todas as opções
que este pode tomar;
 Tratamento apropriado para cada cliente específico. Todos os clientes
têm o direito de ter o tratamento adaptado à sua condições holísticas;
 Uma boa prestação de CP inclui a prevenção de crises físicas e
emocionais decorrentes da situação frágil em que o utente se encontra;
 O suporte ao cuidador é muito importante e influencia o sucesso da
prestação dos cuidados em CP;
 Constante reavaliação de forma a adaptar todo o processo de CP à
evolução da doença.
Doyle (2009) defende 3 modelos de gestão dos CP, caso o novo apoio aos CP
não seja integrado num apoio hospitalar já existente. Neste caso, associa-se a gestão
deste novo serviço à gestão do serviço pré-existente. No entanto, se os serviços forem
criados independentemente é necessário definir uma estrutura de gestão eficiente e
apropriada.
O primeiro modelo de gestão é constituído por um Administrador que é
responsável por todas as responsabilidades legais do funcionamento do serviço. Sob a
sua supervisão estão o Diretor Médico, responsável pelos assuntos médicos, educação e
pesquisa; o Diretor de Enfermagem, responsável pelos enfermeiros e assuntos
relacionados com os auxiliares; e o Diretor dos Serviços Administrativos, responsável

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pela administração, serviços financeiros e relações públicas. Neste primeiro modelo as
decisões são partilhadas igualmente sem nenhum profissional ter que ser submetido a
demasiada responsabilidade. O modelo falha quando as relações entre os diretores são
fracas.

Administrador

Director Director Director Serviços


Médico Enfermagem Administrativos

Serviços
Terapeutas Educação Enfermeiros Auxiliares Voluntários
Financeiros

Figura 1 – Representação do primeiro modelo de gestão dos CP.

No segundo modelo está presente um Chefe Executivo, responsável pela unidade


e pela supervisão do Chefe Médico, Enfermeiro-chefe e, por vezes, de um terceiro
gestor responsável pela parte financeira e recolha de fundos. Este modelo é eficaz
quando o Chefe Executivo tem experiência de gestão e conhecimentos na área dos
Cuidados Paliativos e na prestação de cuidados de saúde gerais. No entanto, este
modelo pode fazer com que os médicos, enfermeiras e outros técnicos não se sintam
valorizados nem compreendidos, relativamente ao se trabalho e às suas necessidades,
uma vez que não têm qualquer poder na influência de decisões.

Chefe Executivo

Enfermeiro
Chefe Médico Gestor
chefe

Investigação e Serviços
Auxiliares
educação financeiros

Figura 2 – Representação do segundo modelo de gestão dos CP.

No terceiro, e último modelo, a pessoa responsável por todos os aspetos do


serviço é o Chefe Executivo, alguém com estudos e capacidades na área da gestão e
administração, podendo ter conhecimentos prévios de qualquer área – medicina,
enfermagem, serviço social, gestão, comércio, advocacia, etc. Todos os técnicos são
representados por um Diretor Clínico, responsável também pela investigação científica

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e educação. O sucesso deste modelo assenta na gestão das competências pessoas e
interpessoais do Chefe Executivo.

Chefe Executivo

Gestor de
Gestor Director Clinico
voluntários

Serviços Angariação de Educação e


Financeiros fundos Investigação

Figura 3 – Representação do terceiro modelo de gestão dos CP.

Os CP chegam à população de diversas formas, através de um rede integrada,


definidas de acordo com a população, o número de habitantes, o tipo de patologias e as
necessidades (DGS, 2004; Doyle, 2009; Maciel, 2009). Assim, como apoios para os CP
podemos ter: Unidades hospitalares de Cuidados Paliativos, Equipas domiciliárias de
Cuidados Paliativos, Centros de Dia de Cuidados Paliativos e Equipas em ambulatório
de Cuidados Paliativos.

Cuidados Paliativos em Portugal


A origem de um dos primeiros serviços de CP remonta a 1992, inicialmente
como Unidade de Dor com camas de internamento (Marques et al., 2009). Em 1994 já
existia uma pequena Unidade de Cuidado Paliativos no centro do Porto no Instituto
Português de Oncologia (IPO). Esta unidade funcionava em instalações provisórias,
insuficientes para os próprios pacientes da instituição (ANCP, 1996).
No entanto, a crescente necessidade de CP, pelo mundo, pelas razões já referidas
acima, também se sentiu em Portugal. Surge, a 15 de Junho de 2004, decretado por
despacho, o Programa Nacional de Cuidados Paliativos, que oficializa a criação de
unidades de CP em Portugal (DGS, 2004).
Mais tarde, no ano de 2004, para o desenvolvimento de um Programa Nacional
de Cuidados Paliativos fundamentou-se (DGS, 2004; Unidade de Missão para os
Cuidados Continuados Integrados, 2010):

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 Na necessidade de dispor de uma cobertura estruturada de Cuidados
Paliativos adequada às características do país e com respostas o mais
próximas possível da residência dos seus utilizadores;
 Na importância de oferecer respostas de Cuidados Paliativos, de acordo
com a complexidade dos utentes;
 No facto de a grande maioria dos doentes que necessitam de Cuidados
Paliativos serem doentes com cancro, SIDA, insuficiência avançada de
órgão ou doença neurológica degenerativa;
 Na necessidade de concretizar as intervenções necessárias na gestão do
sofrimento.

Neste primeiro plano, a prestação de CP e as equipas eram diferenciadas de


acordo com 3 níveis, cada um com as suas características (DGS, 2004):
 Cuidados Paliativos de Nível I: cuidados prestados por equipas com
formação diferenciada em cuidados paliativos. Estão estruturados em
equipas móveis, com sede física, mas sem estabelecimento de
internamento próprio. Podem ser prestados quer em regime de
internamentos, quer em regime domiciliário e estão limitados à função de
aconselhamento diferenciado.
 Cuidados Paliativos de Nível II: cuidados prestados em unidades de
internamento próprio ou no domicílio, por equipas multidisciplinares
diferenciadas que prestam diretamente os cuidados paliativos 24h por
dia. Para de médicos e enfermeiros, incluem técnicos indispensáveis à
prestação de um apoio global, nomeadamente nas áreas social,
psicológica e espiritual.
 Cuidados Paliativos de Nível III: para além das características e
condições dos de nível II acrescentam o desenvolvimento de programas
estruturados e regulares de formação especializada e investigação em CP.
Possuem equipas multidisciplinares alargadas, com capacidade para
responder a situações de elevada exigência e complexidade em matéria
de CP, assumindo-se como unidades de referência.

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Apesar desta primeira tentativa de implementação dos CP em Portugal, em 2005,
o estudo Palliative Care Facts in Europe veio demonstrar que os recursos existentes no
nosso País eram escassos e sem um modelo de organização homogéneo, nem
instrumentos normalizados na sua gestão (Unidade de Missão para os Cuidados
Continuados Integrados, 2010).
Assim, em 2006, define-se, em Portugal, através do Decreto-Lei nº 101/2006 de
6 de Junho (Ministério da Saúde, 2006), a constituição das unidades e funções das
equipas de Cuidados Paliativos que integram a Rede Nacional de Cuidados
Continuados. Defende-se que os Cuidados Paliativos podem ser prestados em
instalações com internamento próprio – Unidades de Cuidados Paliativos – ou por
Equipas de Suporte de Cuidados Paliativos (equipas móveis). Surgem definidas:
 Unidades de Cuidados Paliativos – unidades de internamento, com
espaço físico próprio, preferencialmente localizadas num hospital, com o
objetivo de acompanhamento, tratamento e supervisão de utentes em fim
de vida. São, normalmente, geridas por um médico e asseguram cuidados
médicos, cuidados de enfermagem permanentes, exames complementares
e de diagnóstico, prescrição e administração de fármacos, cuidados de
fisioterapia, consulta e acompanhamento de doentes de outras unidades,
acompanhamento psicossocial e espiritual, atividades de manutenção, de
higiene e lazer, e convívio.
 Unidades de dia e promoção da autonomia – unidades que prestam
cuidados integrados de suporte, promoção da autonomia e apoio social,
em regime ambulatório
 Equipa de gestão de altas – equipa hospitalar multidisciplinar para a
preparação e gestão de altas hospitalares com outros serviços para os
doentes que requerem seguimento dos seus problemas de saúde e sociais.
 Equipa intra-hospitalar de suporte em cuidados paliativos – equipa
multidisciplinar do hospital de agudos com formação em cuidados
paliativos, devendo ter um espaço físico para coordenação das suas
atividades e deve integrar, no mínimo, um médico, um enfermeiro e um
psicólogo.
 Equipa de cuidados continuados integrados – equipa multidisciplinar da
responsabilidade dos cuidados de saúde primários e das entidades de

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apoio social para a prestação de serviços domiciliários a quem não
precisa de internamento.
 Equipa comunitária de suporte em cuidados paliativos – equipa
multidisciplinar da responsabilidade dos serviços de saúde com formação
em cuidados paliativos e deve integrar, no mínimo, um médico e um
enfermeiro.
Em 2008, a avaliação do estudo Palliative Care in the European Union
demonstra que, apesar do início tardio do desenvolvimento dos CP, Portugal tem tido
um desenvolvimento acelerado com um modelo de organização homogéneo de
implementação, resultado de recursos humanos bem formados e de legislação e modelo
financeiro favoráveis (Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados,
2010).
Continua a ser desenvolvido o trabalho de melhoramento dos serviços de
Cuidados Paliativos. Até ao final de 2013, a Unidade de Missão para os Cuidados
Continuados Integrados (2010), tinha como objetivo para os Cuidados Paliativos:
 Consolidar o Plano Nacional de Cuidados Paliativos;
 Melhorar a qualidade assistencial;
 Promover as competências técnicas das equipas e a investigação
científica;
 Desenvolver a massa critica e disseminar resultados.

A Equipa em Cuidados Paliativos


Segundo, o Conselho Europeu (2003), fica evidente que nenhuma pessoa ou
especialidade por si só prepara adequadamente profissionais para lidar com a
complexidade das questões pertinentes dos CP. Adicionalmente, os profissionais a
trabalhar em CP têm que ter formação na área (Carvalho, 2012) uma vez que o seu
trabalho envolve a capacidade de determinar quando intervir e quando dar o passo atrás.
Desta forma, os profissionais devem ser capazes de reavaliar constantemente as
prioridades dos cuidados ao paciente (Schleinich, Warren, Nekolaichuk, Kaasa, &
Watanabe, 2008).
A unidade de CP deve ser gerida por um médico e deve assegurar: cuidados
médicos diários, cuidados de enfermagem permanente, exames complementares de
diagnóstico laboratorial e radiológicos próprios ou contratados, prescrição e

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administração de fármacos, cuidados de fisioterapia, consulta, acompanhamento e
avaliação dos doentes internados em outros serviços/unidades, acompanhamento e
apoio psicossocial e espiritual, atividades de manutenção, higiene, conforto e
alimentação, convívio e lazer (Carvalho, 2012; DGS, 2004). Por isso, embora a equipa
central dos CP consista num médico, enfermeiro e assistente social (Pessini &
Bertachini, 2005), a equipa ideal seria constituída por médicos, enfermagem, assistente
sociais, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e padre ou assistência espiritual
especializada(Doyle, 2009).
Segundo Frost (2001), as terapias têm como objetivo determinar a perda de
funcionalidade do cliente, estimar o potencial da sua funcionalidade e desenvolver um
programa de intervenção que acompanhe a progressão da doença. Assim, as terapias
deixam de ser vistas, restritamente, como um método de atingir o potencial funcional
para serem vistas como um auxílio na recuperação da dignidade do cliente, à medida
que auxiliam o cliente a ter controlo e a ser responsável pelas suas limitações no
contexto habitacional. Mas as intervenções terapêuticas não se focam apenas no doente
mas também no seu cuidador. As terapias ajudam os cuidadores e pacientes a
perceberem os seus medos, a ganharem consciências dos mesmos e ensina-os a estarem
aptos para descrevê-los, expressá-los e aprender a contorná-los. Assim, os terapeutas
auxiliam em medos como:
 Medo do cuidador aleijar o paciente enquanto o assiste nas transferências
e na deambulação;
 Preocupação do paciente relativamente ao fato de os cuidadores se
poderem magoar durante a prestação dos cuidados;
 Ansiedade e falta de esperança por parte do cuidador.
Frost (2001) afirma, ainda, que há uma tendência para aumentar o uso de
terapias, nas suas diversas formas, nas unidades de CP. Segundo a mesma autora, com o
aumento desta tendência, há uma necessidade de definir o potencial e o papel de cada
terapia. Assim, Frost esclarece a intervenção das três principais terapias: Fisioterapia,
Terapia Ocupacional (TO) e Terapia da Fala.
Segundo a autora, a Fisioterapia é responsável por todas as atividades
categorizadas como mobilidade funcional, ou seja, atividades relacionadas com
mudanças na posição corporal e movimentos transacionais. A Terapia da Fala intervém
nas atividades relacionadas com as funções oro-faciais, assim como o processo

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cognitivo a elas associadas. Por fim, o TO concentra-se, particularmente, nas atividades
de vida diária e instrumentais.
Para além destas especificidades, em conjunto, as terapias avaliam o suporte
existente no contexto habitacional, procuram barreiras físicas que impeçam o paciente
de ser funcional no seu contexto. Para isso, dividem a ação em componentes e avaliam a
qualidade e assistência do equipamento. Assim, foca-se a atenção em três componentes
importantes: qualidade da técnica, onde se tenta perceber se o utente está ausente de
perigo com a técnica usada atualmente, se os grupos musculares estão a trabalhar em
conjunto na coordenação do movimento, se a sequência do movimento utilizada é a
correta e se o cuidador é competente ao nível da segurança, sequenciação e coordenação
quando assiste e supervisiona; assistência requerida, onde se faz a preparação do
contexto e se inicia o processo de assistência, recorrendo-se, sempre, o uso de pistas
verbais, supervisionamento, stand-by, contatos de emergência, assistência mínima,
média ou máxima; equipamento utilizado ou disponível, verificando se as ajudas
disponíveis são usadas de forma apropriada, avaliar a efetividade no uso das ajudas
disponíveis e se há necessidade de ajudas diferentes ou de mais ajudas.
Assim, as terapias tornam-se fundamentais nas equipas de CP uma vez que
aumentam a dignidade e conforto do utente, assim como incentivam o envolvimento da
família e o regresso ao contexto habitacional (Frost, 2001).

A Terapia Ocupacional
Ocupação é aquilo que fazemos. A ocupação é o que providencia as bases sobre
como nos sentimos em relação a nós próprios. É, também, o que nos envolve no mundo
à nossa volta e que nos permite cuidar de nós próprios, dos outros e sobreviver. A
ocupação desenvolve as nossas competências e capacidade e ajuda-nos na procura de
interesses, permitindo-nos relacionar com os outros e expressar os nossos valores
(Christiansen & Baum, 2005). A nossa mente e o nosso corpo vão sendo moldados
pelas coisas que fazemos, estar ocupado permite-nos alterar entre modos de existir,
pensar e agir (Kielhofner, 2009).
Os primeiros seres humanos ocupavam o tempo com a necessidade de
sobreviver. O trabalho era dividido, sendo os homens responsáveis pela caça e as
mulheres, devido ao facto de terem que cuidar dos filhos, preservavam o material para
consumo. Ao longo da história, o Homem tem sido fiel à sua natureza, tendo crescido e

18
desenvolvido, graças à sua capacidade de aumentar as suas competências e
complexidade, de forma a não sobreviver apenas, mas a progredir através de uma vida
imprevisível e em constante mudança. Isto comprova-se ao observar a capacidade que
as pessoas têm em coordenar a sua vida laboral, com a vida social, lazer e atividades de
vida diárias (Bing, 2005).
Ao longo dos anos a ocupação foi ganhando cada vez mais importância, afinal, o
ser humano de todas as idades passa a maior parte do seu tempo em ocupações
(Polatajko & Davis, 2005). Surge a Ciência Ocupacional como ciência de estudo da
ocupação humana e dos seus efeitos no ser humano, incluindo na sua saúde, qualidade
de vida, identidade, estruturas sociais e politicas. Como elementos da ocupação, a
ciência ocupacional identificou que: a ocupação é contextualizada culturalmente,
temporalmente e ecologicamente e que há um propósito ou um objetivo que pode diferir
de acordo com ideias culturais (Hocking, 2000).
A nível de processo, a ocupação pode ser caracterizada como um conjunto de
processos, múltiplos e interligados, que ocorrem quando a pessoa e o ambiente
interagem e a ocupação progride (Hocking, 2000; Kielhofner, 2009). A este processo
chamamos de desempenho ocupacional, isto é, o resultado da interação entre a pessoa, o
ambiente e a ocupação (Pedretti & Early, 2005).
O desempenho ocupacional é a área de atuação da Terapia Ocupacional. Os seus
elementos são as áreas de desempenho, componentes de desempenho e contextos de
desempenho. Nas áreas de desempenho encontramos: atividades de vida diária, trabalho
e atividades produtivas, jogos e atividades de lazer. Para apoiar estas áreas temos as
componentes de desempenho: componentes sensoriomotores, integração cognitivas e
respetivos componentes cognitivos, habilidades psicossociais e os componentes
psicológicos. Por fim, este desempenho ocorre dentro dos contextos temporal e
ambiental, nos quais as atividades decorrem (Pedretti & Early, 2005).
Quando ocorrem défices num ou em vários processos da ocupação, o
desempenho ocupacional pode ficar limitado, devendo-se recorrer ao auxílio da Terapia
Ocupacional.
A Terapia Ocupacional assenta na ciência ocupacional e profissão que se foca na
participação ocupacional (Keesing & Rosenwax, 2013). Esta profissão estuda a
atividade humana, utilizando-a como recurso terapêutico para prevenir e tratar
dificuldades físicas e/ou psicossociais que interferem no desenvolvimento e na

19
independência do cliente nas atividades de vida diária, trabalho, lazer e participação
social.
Os primeiros sinais de Terapia Ocupacional surgem nos séculos 18 e 19,
primeiro na Europa e depois na América do Norte. Aqui, surgiu pela primeira vez uma
abordagem para cuidar de pessoas com problemas mentais – o tratamento moral. Este
tratamento consistia em envolver as pessoas em ocupações. Foram-se desenvolvendo
conceitos e fundamentos sobre esta metodologia de tratamento só que, a meio do século
19, uma sobrepopulação dos hospitais pôs fim a este tratamento. As pessoas com
problemas mentais deixaram de ter apoio hospitalar e o tratamento deixou de ser feito
(Kielhofner, 2009).
No início do século 20, um grupo de profissionais voltou a aplicar os princípios
do tratamento moral no tratamento de pessoas doentes e com incapacidades. Surge,
assim, o que se chama hoje de Terapia Ocupacional. Os TO foram exigindo cada vez
mais do tratamento e começaram a ver a ocupação como uma forma de recuperação e
não apenas de manutenção (Kielhofner, 2009).
Os TO têm competências e especialização na delineação de objetivos funcionais
e, em conjunto com o cliente, desenvolvem planos de tratamento, ajudando-os a
participar em atividades selecionadas para restaurar, fortalecer e desenvolver as
competências, diminuir ou corrigir patologias e promover e manter a saúde (Ashworth,
2013; Oliveira, 2008). O objetivo do TO é, desde o início da doença ou da lesão, que o
cliente se torne o mais independente possível nas áreas de desempenho e retome os seus
papéis ocupacionais ou que encontre novos papéis ocupacionais (Pedretti & Early,
2005).
Os principais intuitos da TO são (Söderback, 2009):
 Ajudar o cliente a aprender ou reaprender atividades que querem ou
precisam de dominar na sua vida diária;
 Ajudar o cliente a adaptar-se às suas incapacidades, assim como a
desenvolverem uma performance ocupacional efetiva;
 Ajudar os clientes ao proporcionarem ao adaptar o contexto às
dificuldades do cliente, facilitando o aumento da participação na vida
social;
 Assegurar que o cliente se encontra ocupado de forma a promover
sentimentos de recuperação;

20
 Trabalhar para prevenir doenças e traumas e, assim, promover a saúde e
o bem-estar.

Para facilitar o desempenho ocupacional, o TO pode incluir métodos de


tratamento elaborados com o objetivo de correção e/ou compensação de défices nas
áreas de desempenho, componentes de desempenho ou nos contextos (Pedretti &
Early, 2005).
A abordagem de correção utiliza-se quando ainda é possível melhorar os
componentes de desempenho ou se tem esperança na melhoria dos mesmos. No
entanto, quando já não é esperada uma melhoria, ou a abordagem de correção não é
possível de ser realizada, recorre-se à compensação. Esta abordagem foca-se nas
capacidades e competências remanescentes e procura melhorar o seu funcionamento
através da adaptação ou da compensação dos défices (Pedretti & Early, 2005).

A Terapia Ocupacional nos Cuidados Paliativos

“Normalmente, a Terapia Ocupacional trabalha com pacientes que têm um bom


potencial de recuperação para voltar aos seus papéis do dia-a-dia. No entanto, nos
Cuidados Paliativos a Terapia Ocupacional depara-se com o paradoxo de oferecer ao
cliente uma esperança sem futuro e um futuro sem tempo.”
(Marcil, 2006)

Nos sistemas de saúde atuais, segundo Ashworth (2013), existe uma visão
estreita do papel da TO nos CP. Este profissional é visto apenas como o profissional que
intervém unicamente de forma compensatória, providenciando ajuda e equipamento de
forma a aumentar a independência da pessoa em CP. Mas a intervenção da TO nestes
serviços é bem mais que isso.
Na TO, um objetivo é uma afirmação concisa do que é esperado ocorrer num
curto período de tempo ou a longo prazo, e estes objetivos são definidos de acordo com
a avaliação feita. O TO define os objetivos da intervenção de acordo com as ocupações
do cliente e as suas condições médicas. Em casos de deterioração, ou seja, quando uma
diminuição da funcionalidade é esperada, os objetivos da intervenção são: compensação
da perda de competências ao adaptar ocupações e contextos e prevenção dos riscos

21
recorrentes de uma saúde debilitada responsável pela limitação da performance
ocupacional (Söderback, 2009).
Os problemas mais comuns encontrados na prática dos CP são a dor, a
lentificação dos movimentos ativos, o prejuízo na independência e autonomia das
atividades de vida diárias e instrumentais, a debilidade física com consequente prejuízo
sensório-motor, a fadiga e o declínio físico (Queiroz, 2012). O TO explora de que forma
estes sintomas têm impacto no indivíduo e na sua família, e como estes sintomas
previnem indivíduos de participar nas atividades e papéis que lhe são importantes
(Cooper, 2006). Desta forma, auxilia as pessoas no fim de vida através da participação
continua em ocupações significativas, implementa estratégias específicas para reduzir a
dor e outros sintomas e adapta contextos e fatores ocupacionais que melhorem a
qualidade de vida do paciente e dos seus familiares (Burkhardt et al., 2011).
Para as pessoas em fase terminal, as suas capacidades em participar em
atividades significativas prévias são muitas vezes comprometidas pela sua saúde física.
No entanto, apesar destas limitações, a necessidade de se sentirem satisfeitos e
produtivos, através da ocupação, não é menos significante (Ashworth, 2013). Segundo
Marcil (2006), muitos dos doentes terminais preferem participar nalgum tipo de
atividade do que ficar na cama a lidar com a dor e o prognóstico. Aliás, segundo este
autor, continuar a participar na vida mesmo com a morte iminente é uma opção que
todas as pessoas devem ter oportunidade de escolher e a TO pode ajudar nesta opção.
Além disso, alguns estudos demonstram que a autoestima dos pacientes
terminais está profundamente afetada e os seus sintomas podem ser categorizados como
(Marcil, 2006):
 helpless (perda da capacidade de escolhas),
 hopeless (perda da esperança e do propósito de viver)
 useless (perda de opções, sentir-se inútil).
Quando o paciente apresenta um destes sintomas deve ser, mais uma vez,
acompanhado pela TO (Marcil, 2006).

“ É incumbido à Terapia Ocupacional a responsabilidade de dar vida aos dias em vez


de dias à vida.”
(Ashworth, 2013)

22
No acompanhamento de pessoas em fase terminal de vida, a TO deve permitir ao
utente a participação nas atividades que lhe são mais importantes e que têm mais
significado, ajudando-os a alcançar a sensação de identidade ocupacional (Keesing &
Rosenwax, 2013; vanderPloeg, 2001). De facto, Kessing e Rosenwax (2013) afirmam
que pode ser possível que a participação em atividades significativas contribua para o
alcance de uma boa morte. Vários estudos comprovam mesmo que a intervenção da TO
aumenta a qualidade de vida da pessoa durante o período paliativo (Marcil, 2006;
Unruh, Smith, & Scammell, 2000).
No Reino Unido e nos EUA, existem oportunidades para as pessoas, no fim de
vida, integrarem programas de reabilitação com o objetivo de melhorar as competências
funcionais. O TO contribui para a equipa de reabilitação ao ajudar a pessoa a regressar a
casa após os programas de reabilitação. Ajuda-se, assim, a cumprir o desejo, muitas
vezes presente em pessoas a receber CP, de falecer em casa junto com a família
(Keesing & Rosenwax, 2013).
Nos CP, o TO cria uma possibilidade de ampliação da autonomia e do fazer do
paciente, utilizando a atividade como instrumento para o resgate de capacidades
remanescentes e para a reflexão sobre projetos que podem ser realizados (Garcia-
Schinzari et al., 2013). O papel deste profissional passa pela assistência ao cliente no
estabelecimento e priorização de metas de vida, para que este mantenha o papel de ser
produtivo e ativo, competente no desempenho funcional e na participação na tomada de
decisões (Queiroz, 2012).
Na sua prática clínica, o TO avalia o desempenho ocupacional do cliente de
forma a construir o seu perfil ocupacional e desenvolver, com o utente, um plano de
acordo com as suas capacidades e necessidades (Marcil, 2006). Em seguida, estabelece
as intervenções para proteger as capacidades do cliente e reduzir as suas incapacidades,
sendo também responsável pela planificação e execução de um programa variado de
atividades terapêuticas que podem ser partilhadas com outros profissionais, em trabalho
de equipa (Mora, 2005-2006).
Durante o processo de avaliação o terapeuta considera as queixas do cliente, os
aspetos sensório-motores e cognitivos, o grau de independência no desempenho
ocupacional, a presença de sintomas incapacitantes e o declínio físico e psíquico
(Queiroz, 2012).
No processo de intervenção, o papel de TO passa pela promoção da participação
em atividades significativas, estimulação sensorial, educação da família e cuidadores,

23
posicionamentos e necessidades emocionais/espirituais (Trump, Zahoransky, & Siebert,
2005). Para participar nestas ocupações, o indivíduo deve ter os componentes
necessários para a execução das ocupações. Tais componentes são as competências
motoras, as competências sensoriais, as competências cognitivas, as competências
intrapessoais e as interpessoais (Boslok, Ellis, Mathewson, & Metheven, 2006).
Técnicas de conservação de energia, Inputs sensoriais calmantes, como a música
preferia do paciente, audiobooks, cheiros, fotografias de familiares ou vídeos podem
ajudar na melhoria da qualidade de vida (Reyner, 2010). A necessidade de comunicação
e o posicionamento para assegurar o máximo de conforto também são consideradas
parte do papel do TO, tal como a ocupação de “morrer” (Pizzi & Briggs, 2004).
Assim, como abordagem terapêutica, a TO utiliza (Queiroz, 2012):
 Orientação e adaptação das atividades de vida diárias e atividades de vida
diária instrumentais;
 Atividades físicas;
 Massagem e exercícios para alívio e controlo de dor;
 Orientação para a simplificação das tarefas quotidianas (conservação de
energia);
 Identificação e confeção de adaptações que facilitam o desempenho
ocupacional;
 Prescrição de cadeira de rodas, equipamentos adaptativos e ortóteses para
prevenção de deformidades e controlo de dor;
 Posicionamento adequado.

Nos CP, uma das intervenções mais importantes da TO é o suporte e a educação


dos cuidadores. O terapeuta, na sua intervenção com o cuidador ir auxiliá-lo: (Alarcón
& Aguirre, 2001):
 Na facilitação do cuidado, ao ensinar estratégias de mobilização e
realização de transferências posturais, com vista a minimizar os receios,
inseguranças e angústias que prejudicam a qualidade do cuidado
realizado;
 No aconselhamento de facilitadores existentes para alimentação, higiene,
vestuário, locomoção e comunicação para que sejam usados dentro da
rotina diária de atendimento às necessidades e desejos do paciente;

24
 Na organização da rotina de cuidados, a fim de minimizar o desgaste e o
stress físico e emocional do cuidado.

Apesar dos benefícios da TO nos CP, existe uma reduzido número destes
profissionais a trabalhar nesta área. Georgia Halkett et al (2010), após uma revisão
bibliográfica, concluíram que existem várias barreiras limitadoras do acesso do TO aos
CP. Essas barreiras incluem a inconsistente compreensão sobre a contribuição que a TO
pode ter para pessoas em CP (Marcil, 2006); a insuficiente promoção da profissão e o
inadequado financiamento para suporte desta classe trabalhadora (Cooper, 2006). Para
juntar a esta barreira, um outro estudo feito por Kessing & Rosenwax (2013) concluiu
que os profissionais de saúde não estão informados sobre o papel da TO nos CP. Os
profissionais inquiridos limitam o papel da TO à providência de equipamento e material
de assistências e à modificação de contextos. Muitos profissionais pensam que os
clientes não são referidos para a TO porque quem refere não percebe como o TO pode
auxiliar na melhoria dos cuidados prestados. Os profissionais de saúde que diziam
compreender a importância da TO apenas lhe atribuíam como tarefas a condução de
visitas ao domicílio após a alta, avaliação do banho e prescrição de tecnologia de apoio.
Afirmaram, ainda, que estas tarefas podem ser facilmente executadas por outros
profissionais (Georgia Halkett et al., 2010).
Os TOs, por sua vez, admitem a falta de divulgação do papel do TO e
concordaram que devem comunicar mais com os seus colegas sobre a contribuição que
podem dar no campo dos CP. No entanto, os terapeutas afirmam que a razão para a sua
pouca divulgação na área dos CP deve-se ao facto da falta de exposição adequada aos
CP durante o ensino superior. Na Austrália, a falta de financiamento insuficiente do
sistema nacional de saúde colocam a TO como uma baixa prioridade nas unidades de
cuidados paliativos (Georgia Halkett et al., 2010).
Apesar do número baixo de TO a trabalhar em CP, os que trabalham vivenciam
experiências únicas quando comparados a outros a trabalhar noutras áreas. Os autores
Prochnau, Liu & Boman (2003) identificaram cinco dessas experiências que são
experienciadas mais intensamente por TO a trabalhar em CP: altos níveis de satisfação,
dificuldades únicas, necessidade e oportunidade de desenvolvimento de estratégias de
coping, despertar para a espiritualidade e crescimento pessoal.

25
PROJETO DE INVESTIGAÇÃO

“A pesquisa é talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criá-las para os outro.


Nos lugares onde haviam coisas simples, faz-se aparecer problemas”.
(Pierre Bourdieu)

26
Objetivos da investigação
A definição dos objetivos de uma investigação obrigam o investigador a sentar-
se e pensar sobre que passos são necessários dar para atingir esse objetivos e que
problema se está a tentar resolver (Gerard, 2011).
Como TO a especializar-se em CP, deparei-me com a dificuldade em
compreender o meu papel profissional nesta área e procurar perceber a razão pela qual
não tinha conhecimento de terapeutas a trabalhar nas equipas de apoio destinadas a CP,
em Portugal.
Os objetivos para este projeto de investigação foram desenvolvidos de acordo
com as minhas próprias curiosidades, baseando-me no estudo “Occupational therapy in
palliative care: Is it under-utilised in Western Australia?” dos autores Geordia Halkett et
al.(2010), que manifestaram a mesma curiosidade. Assim, este estudo tem como
objetivos:
 Perceber o que são os Cuidados Paliativos sob o ponto de vista de quem
trabalha na área;
 Compreender o papel da Terapia Ocupacional nos Cuidados Paliativos;
 Entender qual é o papel da Terapia Ocupacional para os profissionais que
trabalhar em Cuidados Paliativos;
 Perceber se existem poucos terapeutas ocupacionais a trabalhar em
Cuidados Paliativos em Portugal e, se sim, a razão para tal facto.
 Compreender de que forma se poderá aumentar o número de Terapeutas
Ocupacionais a trabalhar em Cuidados Paliativos, em Portugal.

Método
Fazer perguntas é uma atividade especificamente do Homem, desde os seus
primórdios que o homem procura conhecer e compreender o mundo onde habita, ou
seja, sempre demonstrou gosto pela investigação e pelo estudo (Coutinho, 2014).
A investigação científica é um método de aquisição de conhecimentos que
permite resolver problemas ligados a fenómenos do mundo real em que vivemos. Estes
conhecimentos são, muitas vezes, adquiridos a partir de duas grandes abordagens: a
abordagem nomotética, ou quantitativa, e a abordagem hermenêutica, ou qualitativa. O
início da pesquisa e a escolha da metodologia dependem (Goldenberg, 2004; Selltiz,
1967):

27
 Da escolha do tema em estudo;
 Da delimitação do problema;
 Da definição do objeto a ser pesquisado e dos objetivos a serem
atingidos;
 Da construção do referencial teórico;
 Da formulação de hipóteses;
 Da elaboração dos instrumentos de recolha de dados.
Neste estudo iremos focar-nos na abordagem qualitativa (Fortin, 1999; Gondim,
2003), uma vez que as suas características fazem com que seja usada quando se pretende
explorar algo que se conhece pouco (Hammel, Carpenter, & Dyck, 2000).
A pesquisa qualitativa destaca-se pela diferenciação que faz entre dois tipos de
objetos de estudo, o físico e o humano (Godoy, 1995). O termo qualitativo implica o
convívio e a partilha com humanos, locais e factos que constituem objetos de pesquisa,
pretendendo-se extrair deste convívio os significados visíveis e latentes que são apenas
percetíveis a uma atenção sensível através da tradução e interpretação de textos
(Chizzotti, 2003).
Este tipo de metodologia admite que, ao contrário do objeto físico, o homem é
capaz de refletir sobre si mesmo (Gondim, 2003). Assim, esta metodologia adota
diversos métodos de investigação para a obtenção de dados descritivos de um
fenómeno, procurando encontrar o sentido desse fenómeno ao compreende-lo segundo a
perspetiva dos participantes da situação em estudo (Chizzotti, 2003; Godoy, 1995). O
ambiente e as pessoas nele inseridas são olhados de forma holística, como um todo, não
sendo reduzidos a variáveis (Godoy, 1995).
A investigação qualitativa possui características específicas (Chizzotti, 2003;
Uwe, 2005):
 Adequação dos métodos e teorias;
 Perspetivas dos participantes na sua diversidade;
 Reflexão do investigador sobre o estudo;
 Variedade de métodos e perspetivas na investigação qualitativa.
As diferentes fases do processo da metodologia qualitativa não se desencadeiam
de uma forma linear. As fases ocorrem interactivamente, isto é, existe, constantemente,
uma estreita relação entre o modelo teórico, as estratégias de pesquisa, os métodos de
recolha e análise de dados, a avaliação e a apresentação dos resultados (Aires, 2011).
De acordo com Dezin & Lincoln (1994), o este processo diferencia-se em 5 fases:
28
1. Investigador e Investigado, enquanto seres multiculturais: neste tipo de
investigação, o analista assume uma posição crítica, porém, não se
consegue afastar do facto de que está implicado no processo de
investigação, uma vez que a sua forma de interpretar os dados do
fenómeno em estudo é influenciada pela sua própria experiência
individual, social, cultural e história (Gondim, 2003) A subjetividade do
investigador e dos sujeitos estudados faz parte do processo de
investigação (Uwe, 2005). Na pesquisa qualitativa valoriza-se o contacto
direto do investigador com o ambiente e a situação estudada. O
pesquisador deve aprender a usar a sua própria pessoa como o
instrumento de observação, seleção, análise e interpretação mais fiável
(Godoy, 1995). No entanto, o pesquisador tem de estar alertado para a
possível contaminação dos resultados em função da sua personalidade e
dos seus valores. A melhor maneira de confrontar esta interferência é
tendo consciência de como o conhecimento do pesquisador afeta a
interpretação dos dados e até que ponto este facto pode ser minimizado
(Goldenberg, 2004).
2. Paradigmas e Perspetivas Interpretativas: entende-se por paradigma o
conjunto de crenças que orientam uma determinada ação. Cada
paradigma faz exigências específicas ao investigador, incluindo as
questões que formula e as interpretações que faz dos problemas (Aires,
2011).
3. Estratégias e Métodos de Investigação: nesta fase inicia-se o processo de
delineação da realidade a pesquisar, dos objetivos do estudos e das
estratégias e métodos mais adequados a usar (Aires, 2011).
4. Métodos de Recolha e Análise de Material: diferentes métodos de
recolhas e de análise de material devem ser previamente estudados pelo
investigador para que possa escolher o que mais se adequa às
circunstâncias em estudo (Aires, 2011).
5. Interpretação da Informação e Conclusão: o cunho aberto e flexível desta
metodologia, a grande diversidade de perspetivas e, por vezes, a falta de
orientações tornam a análise de material mais complexa (Aires, 2011).

29
Como neste estudo se pretende perceber a perceção de outros profissionais de
saúde relativamente à intervenção da TO nos CP, faz todo o sentido fazer uma análise
exploratória de origem qualitativa que nos auxilia na compreensão das ideias dos outros
e que ao mesmo tempo nos permite aprofundar o conhecimento de um tema ainda pouco
abordado, em Portugal.

Instrumentos de recolha de dados


Segundo o autor Yin (2011), existem 4 formas de recolher dados numa
metodologia qualitativa:
 Entrevista – recolha de linguagem verbal, escrita, gestual;
 Observação – avaliação através de gestos, de ações;
 Recolha – recolha de documento, de fotografias, imagens;
 Sentimentos – avaliação através das sensações.
A entrevista é uma das técnicas mais utilizadas e importante no estudo e
compreensão do ser humano no processo de trabalho de campo (Aires, 2011; Boni &
Quaresma, 2005). Adota uma grande variedade de usos e multiplicidade, desde de
entrevistas de grupos a questionários telefónicos (Aires, 2011).
As entrevistas podem ser organizadas de diferentes maneiras (Aires, 2011;
Goldenberg, 2004; Selltiz, 1967):
 Estruturadas: as perguntas são apresentadas a diferentes pessoas
exatamente com as mesmas palavras e na mesma ordem. Consistem na
interação entre o entrevistador e entrevistado, com base num conjunto de
perguntas pré-estabelecidas:
o Fechadas – perguntas com respostas limitadas às opções
fornecidas;
o Abertas – perguntas com respostas livres, sem apresentação de
alternativas de escolha.
 Não estruturas: desenvolvem-se de acordo com os objetivos definidos.
As perguntas não são definidas a priori e surgem com o decorrer da
interação entre o entrevistado e o entrevistador.
 Assistemáticas: entrevistas solicitam uma resposta espontânea do
entrevistado e não são dirigidas pelo entrevistador – normalmente usado
mais para avaliar emoções, perceções e reações.

30
 Projetivas: quando utilizam recursos visuais para estimular uma resposta.
Por uma questão de se querer abranger todas as equipas de CP em Portugal,
optou-se por utilizar como instrumento de recolha de dados o questionário aberto.
O questionário aberto é uma entrevista estruturada que possibilita a obtenção de
informações relevantes à pesquisa mas não exige a presença do entrevistador. Neste
caso, facilita a recolha de dados uma vez que não obriga a deslocação do investigador
pelo país e demora menos tempo a recolha de dados, uma vez que os entrevistados não
precisam de esperar pelo investigador para responderem. Os questionários podem ser
enviados aos informantes através do correio, email ou de um portador. Juntamente com
os questionários é enviada uma nota explicativa sobre a natureza da pesquisa, os
objetivos e o consentimento informado (Aires, 2011; Selltiz, 1967; Soares-Vieira,
2012).
Este instrumento pode ter dois tipos de questões, que se diferenciam,
basicamente, nas seguintes características (Soares-Vieira, 2012):
Questões abertas: Permite aos participantes responderem livremente.
Questões fechadas: Apresentam ao participante respostas de múltipla escolha,
guiando-o exatamente para o que o entrevistador quer saber.
A preparação da entrevista é uma das etapas mais importantes da pesquisa e que
requer tempo e exige alguns cuidados. Assim, esta elaboração deve passar por alguns
passos (Aires, 2011; Goldenberg, 2004; Yin, 2011):
 Planeamento;
 Escolha do entrevistado;
 Local e disponibilidade para a realização da entrevista;
 Guião de entrevista.
A formulação do guião é um dos passos mais importantes na elaboração do
questionário. O pesquisador deve ter cuidado para não elaborar perguntas absurdas,
arbitrárias, ambíguas, deslocadas ou tendenciosas. O investigador deve elaborar um
roteiro com questões claras, simples e diretas, de forma a orientar corretamente os
entrevistados para os objetivos do estudo (Goldenberg, 2004).
Neste estudo, o questionário foi desenvolvido com duas componentes, uma
componente de avaliação de informações demográficas e outra componente
correspondente às perguntas desenvolvidas de encontro aos objetivos do estudo. Assim,
nas perguntas demográficas temos:

31
 Idade
 Sexo
 Profissão
 Experiência profissional total
 Função na Unidade de Cuidados Paliativos
 Tempo de trabalho numa unidade de Cuidados Paliativos

Para este estudo desenvolveram-se 10 questões de acordo com os objetivos do


estudo. Assim, pretende-se analisar o que são os CP para os que trabalham na área e
como é que os participantes distinguem este tipo de cuidados dos outros cuidados de
saúde. Procura-se perceber, também, que profissionais de saúde deveriam fazer parte
das equipas de CP e que papel teria cada profissional na área. Por fim, ambiciona-se
perceber o papel do TO nos CP aos olhos de outros profissionais, se existem terapeutas
ocupacionais a trabalhar na área de CP e de que forma se poderia promover melhor o
papel da TO. No anexo 3, encontra-se o guião do questionário completo e de que forma
deve ser apresentando aos participantes.
Após o primeiro contacto com cada sujeito, será enviado o link de um
questionário de respostas abertas que deverá ser respondido online. Para isso, utilizou-se
a plataforma online SURVIO (http://www.survio.com/pt/), que é um instrumento de
questionários online. Deste modo, torna-se mais fácil a resposta, uma vez que o
questionário é respondido online e enviado, diretamente, para o investigador, sem o
sujeito em estudo se ter que preocupar mais. Desta forma, espera-se ter um maior
número de adesão por parte dos participantes. Embutido no questionário está uma breve
explicação de como se preenche o questionário e a confirmação de que aceita o
consentimento informado ao responder ao questionário.

Para avaliar a qualidade do instrumento de recolha de dados criado, optou-se por


fazer um pré-teste de forma a verificar a fiabilidade do questionário como método de
recolha de dados, a análise de conteúdo como método de análise de dados e a
população-alvo como população correta para o alcance dos objetivos. Assim, pretendeu-
se avaliar a clareza da formulação das perguntas, possíveis resistências a determinadas
perguntas, adesão ao preenchimento do questionário.

32
O pré-teste foi enviado aleatoriamente para 30 pessoas a trabalhar em CP. Dois
meses foi o período dado para receber as respostas. Foram recebidos 5 questionários que
se utilizaram para a realização do pré-teste de forma a perceber o funcionamento do
questionário e as dificuldades do seu preenchimento e compreensão.
Nesta fase do pré-teste verificou-se uma fraca adesão à participação no estudo, o
que parece ir de encontro com os autores Faerstein, Lopes, Valente, Plá e Ferreira
(1999), que afirmam que os questionários de autopreenchimento apresentam,
geralmente, baixo níveis de participação por parte da população-alvo.
A análise do pré-teste foi realizada de acordo com os procedimentos propostos
para a análise do projeto de investigação. Assim, realizou-se a transcrição (anexo 4) dos
questionários e procedeu a análise dos dados.
Algumas dos erros cometidos nas respostas fornecidas no pré-teste, e a não
adesão ao mesmo, alertam para a necessidade de modificar os instrumentos de avaliação
e os métodos de recolha.
De forma a evitar a falta de adesão ao questionário de auto-preenchimento,
sugere-se a alteração do método de recolha de dados para uma entrevista semi-
estruturada presencial.
Nas entrevistas semi-estruturadas, o investigador segue um conjunto de questões
previamente definidas, mas as perguntas são feitas num contexto de entrevista quase
informal (Boni & Quaresma, 2005). Neste tipo de metodologia, o investigador tem de
estar presente, ou pode utilizar o telefone ou outros meios de comunicação oral. Isto
auxilia na orientação da resposta do entrevistado para os objetivos do estudo, evitando-
se, assim, resposta que não vão ao encontro do pretendido (Boni & Quaresma, 2005;
Selltiz, 1967). A grande vantagem deste método é, sem dúvida, a produção de uma
amostra melhor do que aquela que se obteve com os questionários.
Quanto às perguntas do questionário, sugerem-se algumas modificações para
tornar o guião da entrevista mais simples e compreensível.
Nas perguntas demográficas, verificaram-se alguns erros de compreensão dos
entrevistados, nomeadamente, na pergunta demográfica “Função na Unidade de
Cuidados Paliativos”. Por exemplo, o entrevistado4 (anexo 4 página 65) deu como
resposta “8 anos” à pergunta sobre que função desempenha na unidade de CP. Uma vez
que o que se pretende nesta pergunta é perceber qual o papel que o técnico desempenha
na unidade onde trabalha e não há quantos anos é que desempenha essa atividade,

33
sugere-se a correção da pergunta para “Função que desempenha na Unidade de
Cuidados Paliativos”.
Nas perguntas “Que técnicos de saúde devem, para si, integrar as equipas das
unidades de cuidados paliativos? Porquê?” e “Genericamente qual considera ser o papel
de cada um desses técnicos numa unidade de cuidados paliativos?” também não se
obtiveram as respostas esperadas. Na primeira o entrevistado1 não nomeou técnicos
(anexo 4 página 66) e os entrevistado3 e entrevistado5 não explicaram a razão das suas
escolhas (anexo 4 página 67), enquanto na segunda pergunta apenas o entrevistado2
definiu o papel de cada técnico (anexo 4 página 67). O entrevistado5 respondeu “Igual à
pergunta anterior” (anexo 4 página 68) e os restantes entrevistados falaram do papel dos
técnicos em geral. Assim, sugere-se a conversão das duas perguntas para a uma questão
apenas, de forma a evitar respostas repetidas - “Que técnicos de saúde devem, para si,
integrar as equipas das unidades de cuidados paliativos? Genericamente, que
papel deverá desempenhar cada técnico?”.
Quando questionados sobre a presença de TO nos seus serviços - “A Unidade de
Cuidados Paliativos onde trabalha tem Terapia Ocupacional? Quantos técnicos? Pode
descrever o trabalho que têm desenvolvido na sua unidade e/ou o que acha que
deveriam desenvolver” - todos responderam que não e não responderam mais nada
relativamente a que papel o TO poderia ter na sua unidade (Anexo 4 página 69). Isto
demonstra que a pergunta não foi totalmente respondida por nenhum participante. Desta
forma, solicita-se a divisão da pergunta em duas perguntas diferentes sendo uma
pergunta “A Unidade de Cuidados Paliativos onde trabalha tem Terapia
Ocupacional? Quantos técnicos?” e a outra “Pode descrever o trabalho que este
técnico tem desenvolvido na sua unidade e/ou o que acha que deveriam
desenvolver?”
Após estas alterações, sugere-se um novo guião de entrevista.
Demografia:
 Idade;
 Sexo;
 Profissão;
 Experiência profissional total (anos/meses);
 Tempo de trabalho numa unidade de Cuidados Paliativos;
 Função que desempenha na unidade de Cuidados Paliativos;
Entrevista:

34
1. O que são, para si, os Cuidados Paliativos?
2. O que distingue os Cuidados Paliativos dos outros tipos de cuidados?
3. Que técnicos de saúde devem, para si, integrar as equipas das unidades
de cuidados paliativos? Genericamente, que papel deverá desempenhar
cada técnico?
4. O que entende por Terapia Ocupacional?
5. Já trabalhou com terapeutas ocupacionais ao longo do seu percurso
profissional? Genericamente, como descreve o trabalho que
desenvolvem?
6. A Unidade de Cuidados Paliativos onde trabalha tem Terapia
Ocupacional? Quantos técnicos?
7. Pode descrever o trabalho que este técnico tem desenvolvido na sua
unidade e/ou o que acha que deveriam desenvolver?
8. Na sua opinião, o Terapeuta Ocupacional deveria integrar as equipas das
Unidades de Cuidados Paliativos? Porquê?
9. Na sua perspetiva, quais os principais motivos que justificarão a
contratação (ou não contratação) de terapeutas ocupacionais para a sua
unidade de cuidados paliativos?
10. Que estratégias poderiam ser realizadas para aumentar o número de
Terapeutas Ocupacionais nos Cuidados Paliativos

Com as novas alterações, o guião da entrevista deixa de ser entregue por meio
eletrónico para ser utilizado apenas pelo entrevistador como guia das suas entrevistas.
Assim, fez-se um novo guião (anexo 5), mais simples e compreensível para a orientação
do investigador.

Participantes
Nesta metodologia, a seleção da amostra da população em estudo adquire um
sentido particular uma vez que se pretende obter a maior quantidade de informação
possível para a fundamentação da pesquisa e criar uma teoria, portanto, procura-se uma
amostra com a máxima variação. Esta escolha de amostra é intencional e são usados
critérios específicos na seleção da amostra (Aires, 2011), como por exemplo, o
conhecimento na área de CP. Normalmente, o investigador procura entrevistar pessoas

35
que parecem saber mais sobre o tema estudados, comparado com a restante população.
Acredita-se que estas pessoas estão no topo de uma hierarquia de credibilidade
(Goldenberg, 2004).
Neste estudo, pretende-se estudar a população de técnicos profissionais a
trabalhar em CP. Como critérios de exclusão da amostra para o estudo definiram-se:
 Não fazer parte de uma equipa portuguesa de Cuidados Paliativos;
 Ser Terapeuta Ocupacional.
Assim, optou-se por uma amostragem opiniática (Aires, 2011), ou seja, pela
seleção dos sujeitos de acordo com um critério estratégico pessoal. Como amostra deste
estudo pretende-se selecionar, pelo menos dois técnicos, de cada equipa de CP
portuguesa. Desta forma, selecionam-se sujeitos que têm um conhecimento mais
profundo sobre os CP e sobre os técnicos a trabalhar na área. Para esta seleção recorrer-
se-á ao uso de e-mail ou telefone de cada equipa de CP representadas no site da
Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (2014). Para a realização desta
investigação procurar-se-á obter uma amostra de, no minino 30 sujeitos, que serão
contactados por e-mail ou telefone.Na figura seguinte, apresentam-se as equipas
presentes no site da APCP e o respetivo contato.

Equipa Contato
Equipa de Cuidados
Continuados do cuidados.continuados@csodivelas.min-saude.pt
Centro de Saúde Odivelas
Unidade de Assistência
Domiciliária do IPO de Lisboa 217 200 477
Francisco Gentil, E.P.E
Unidade da Santa Casa da
scmazeitao@sapo.pt
Misericórdia de Azeitão
Serviço de Cuidados Paliativos
225 084 119
do IPO do Porto, E.P.E.
Serviço de Medicina Paliativa do
Hospital do Fundão (Centro Hospitalar medicina.paliativa@chcbeira.min-saude.pt
da Cova da Beira, EPE)
Unidade de Cuidados Paliativos
S. Bento de Menni, IHSCJ, Casa de cpaliativos.csi@ihscj.pt
Saúde da Idanha
Serviço de Cuidados Paliativos
239 400 308
do IPO de Coimbra-FG, E.P.E.
Unidade de Cuidados Paliativos maparicio@hospitaldaluz.pt

36
do Hospital da Luz
Equipa Intrahospitalar de
Suporte em Cuidados Paliativos do equipapaliativos@hsm.min-saude.pt
Hospital de Santa Maria
Equipa Intrahospitalar de
Suporte em Cuidados Paliativos do 268 637 200
Hospital de Elvas
Unidade de Cuidados Paliativos
do Hospital do Litoral Alentejano, EPE ehcuipa@hlalentejano.min-saude.pt
- Santiago do Cacém
Unidade de Cuidados Paliativos
225 084 000
da Rede (UCP-R) no IPO-Porto
Equipa Intra-Hospitalar de
Suporte em Cuidados Paliativos do
218841406
Centro Hospitalar de Lisboa Zona
Central (CHLC)
Equipa Comunitária de Suporte
961955478
em Cuidados Paliativos do Algarve
Serviço de Cuidados Paliativos
scpaliativos@hsjoao.min-saude.pt
do Hospital de S. João
Equipa Intra-Hospitalar de
Suporte em Cuidados Paliativos do equipapaliativos@ipolisboa.min-saude.pt
IPOLFG, EPE
Equipa Intra-Hospitalar de
Suporte em Cuidados Paliativos do
263 285 834
Hospital Reynaldo dos Santos, V. F. de
Xira
Equipa de Suporte em Cuidados
Paliativos da Unidade Local de Saúde ceu.rocha@ulsm.min-saude.pt
Matosinhos
Equipa Comunitária de Suporte
ecscpaliativosbejamais@ulsba.min-saude.pt
em Cuidados Paliativos Beja +
Equipa Intra-Hospitalar de
Cuidados Paliativos do H. G. S. eihscphsa@chporto.min-saude.pt
António (Porto)
Unidade Domiciliaria de
cuidadospaliativospm@gmail.com
Cuidados Paliativos –Planalto Mirandês
Unidade de Cuidados Paliativos
do Hospital Arecebispo João upaliativos@hdcantanhede.min-saude.pt
Crisóstomo - Cantanhede
Rede Regional de Cuidados
Paliativos da região Autónoma da 291 780 316
Madeira
Figura 4 – Equipas de Cuidados Paliativos Portuguesas
37
É necessário salientar que ao longo deste processo há um ajustamento contínuo à
amostra, isto é, podem surgir outras respostas provenientes do exterior do grupo de
amostras estipulado, que serão contabilizadas na mesma desde que se encontrem de
acordo com os critérios definidos.

Procedimentos
O projeto de investigação foi organizado em 4 fases, com uma duração de
aproximadamente 3 meses cada fase (ver figura 6).
Para melhor orientação ao longo do projeto, foi desenvolvido um desenho de
estudo que deverá servir como guia e que se apresenta na figura abaixo.

Análise de
conteúdo
Cuidados Paliativos

Questionário Aberto
Cuidados Paliativos em Portugal

Metodologia qualitativa
A Equipa de Cuidados Paliativos

Conhecimento
Terapeuta Ocupacional

 Papel
 Competências
 Avaliação Terapia Ocupacional
 Intervenção no fim de vida

 Prática Baseada na Evidência

Figura 5 – Desenho do estudo

38
Figura 6 – Cronograma do projeto.

Numa primeira fase fez-se uma revisão bibliográfica e pesquisa do estado da arte
relativamente ao tema Cuidados Paliativos. Assim, tentou-se perceber que falta de
informação se poderia colmatar na área dos Cuidados Paliativos, nomeadamente no
nosso País. Após alguma pesquisa e leitura de artigos percebeu-se que, em Portugal, as
equipas de CP são constituídas, maioritariamente, por enfermeiros, médicos e
assistentes sociais (ANCP, 2006; DGS, 2004), pouco se valorizando a importância dos
restantes técnicos. A escolha da área da Terapia Ocupacional como foco principal neste
projeto deve-se com o facto de ser a área formativa da autora. Assim, uma vez que a TO
pode ser um complemento na interdisciplinaridade tão característica dos CP, optou-se
por fazer a investigação sobre a importância da TO nos CP e, consequentemente,
perceber a situação desta profissão nesta área, em Portugal. Com o tema delimitado,
definiram-se as questões de investigação e os objetivos. A redação do enquadramento
teórico focou-se nos temas: cuidados paliativos, cuidados paliativos em Portugal, equipa
em cuidados paliativos e terapia ocupacional e a sua intervenção nos cuidados
paliativos. Através desta pesquisa percebeu-se que a Terapia Ocupacional nos Cuidados
Paliativos é um tema recente, em Portugal, e que ainda há pouca informação sobre o
assunto. Quando se pretende estudar um tema ainda pouco explorado, a metodologia
qualitativa torna-se a forma mais correta de o fazer, uma vez que esta metodologia de

39
investigação é utilizada quando se pretende explorar um tema ainda pouco investigado,
como já foi referido acima no texto. Desta forma, focar-se-á a atenção na experiência
profissional de cada técnico de saúde, para se procurar responder aos objetivos do
estudo e conseguir explorar a realidade portuguesa da terapia ocupacional nos cuidados
paliativos, de acordo com as pessoas que trabalham na área.
A segunda fase do projeto inicia-se com a elaboração dos instrumentos de
recolha e, posteriormente, redação da metodologia.
Na terceira fase começa-se a avaliação dos questionários com o pré-teste do
questionário. Efetua-se a recolha dos dados, a sua análise e interpreta-se os resultados.
O primeiro contacto com a amostra pretendida será realizado através de e-mail e
telefone. Num primeiro contacto, pretende-se explicar aos participantes o estudo e o que
se pretende com fazer com as suas respostas. Para isso, enviar-se-á, por e-mail, uma
carta de apresentação do estudo (anexo 1) e o correspondente consentimento informado
(anexo 2). Após um primeiro feedback positivo por parte do sujeito, ser-lhe-á enviado o
link de um questionário de respostas abertas que deverá ser respondido online. Para
isso, utilizou-se a plataforma online SURVIO (http://www.survio.com/pt/), que é um
instrumento de questionários online. Deste modo, torna-se mais fácil a resposta, uma
vez que o questionário é respondido online e enviado, diretamente, para o investigador,
sem o sujeito em estudo se ter que preocupar mais. Desta forma, espera-se ter um maior
número de adesão por parte dos participantes. Embutido no questionário estará uma
breve explicação de como se preenche o questionário e a confirmação de que aceita o
consentimento informado ao responder ao questionário. Após a receção das respostas,
irá organizar-se a informação por categorias e posteriormente analisar-se-ão os dados,
com o auxílio do software NVIVO10®.
A última fase da investigação foca-se na redação final do projeto.

Análise de dados
Após a aplicação dos questionários no grupo escolhido, chega a hora de
organizar toda a informação e iniciar a análise de dados.
Os dados qualitativos são descrições detalhadas de situações, de forma a
compreender os indivíduos nos seus próprios termos. Diferentes dos dados
quantitativos, os dados qualitativos não são padronizáveis e obrigam o investigador a ter
flexibilidade e criatividade no momento de os analisar (Goldenberg, 2004).

40
A análise de conteúdo é constituída por um conjunto de diferentes técnicas que
implicam um trabalho exaustivo e que correspondem ao desejo de rigor e necessidade
de ir para além das aparências, enriquecendo a tentativa exploratória e aumentando a
propensão para a descoberta. Agrega duas funções, que se podem, ou não, dissociar,
sendo que neste estudo iremos optar pela função heurística pois esta “enriquece a
tentativa exploratória e aumenta a propensão à descoberta (Bardin, 1977; Campos,
2004). Na análise de conteúdo foca-se o estudo tanto dos conteúdos nas figuras de
linguagem, reticências e entrelinhas, como no manifesto das mesmas (Campos, 2004).
A análise de conteúdo é feita a partir da mensagem e tem como finalidade a
produção de inferências, isto é, admite que proposição em virtude da sua ligação com
outras proposições que são aceites como verdadeiras (Campos, 2004).
Não há concordância sobre o número de fases desta técnica. Segundo Campos
(2004) e Bardin (1977), este tipo de abordagem de análise de dados tem 3 fases:
 Fase da pré-exploração do material ou de leituras flutuantes do corpo da
entrevista: deve ser feita uma breve leitura da mensagem de forma a
organizar, de forma não sistemática, aspetos da mensagem que serão
importantes para as próximas fases;
 Fase da seleção de unidades de análise: podem ser recortes de textos ou
simples palavras. Deve-se ter como base os objetivos do estudo e as
perguntas para se justificar a escolha das unidades.
 Fase do processo de categorização e sub-categorização: As categorias
podem estar pré-definidas pelo investigador, por experiência ou leitura
anterior. A estas categorias chamamos apriorísticas. Se as categorias
surgirem durante a leitura das mensagens então são denominadas não
apriorísticas. Nesta fase é, ainda, prudente fazer a codificação das
categorias para não se perderem na diversidade do material trabalhado.

Será de acordo com estas fases, que se irá desenvolver a análise dos dados
obtidos durante este estudo.
Para auxiliar durante o processamento dos dados, será utilizado o programa
NVIVO10®. Este programa eletrónico é instalado no computador e auxilia no processo
de análise dos dados uma vez que facilita a portabilidade da matéria, a organização dos
dados e a categorização.

41
A fase de análise de dados irá iniciar-se através da organização das respostas dos
questionários pelas perguntas. Após se receber cada questionário, será copiada a cada
resposta e organizada de acordo com a pergunta correspondente. Desta forma, será mais
fácil a leitura das resposta de acordo com as perguntas e, consequentemente, a
categorização dos dados.

42
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este projeto de investigação surge após uma vasta investigação
bibliográfica sobre o papel da Terapia Ocupacional nos Cuidados Paliativos. Durante a
pesquisa, conclui-se que, em Portugal, que se tem realizado pouca investigação sobre
este tema. Surge a dúvida se existem Terapeutas Ocupacionais a trabalhar na área em
Portugal, que papel desempenham e se existem barreiras para o envolvimento da
Terapia Ocupacional nesta área.
Nos Cuidados Paliativos, as pessoas veem a sua identidade ocupacional afetada
pela doença, os sintomas e as consequências na saúde física, psicológica e social.
Perdem a esperança, a vontade de viver e, muitas vezes, os próprios cuidadores acabam
por desenvolver doenças físicas e psíquicas como consequência do papel de cuidador
que assumem.
A Terapia Ocupacional é a profissão especializada na reabilitação da identidade
ocupacional. A perspetiva única em promover a participação em atividades
significativas e a sua intervenção holística e centrada no cliente tornam esta profissão
numa mais-valia para os pacientes, uma vez que promove a sua independência e a sua
capacidade em lidar com os desafios de viver com sintomas debilitantes (Burkhardt et
al., 2011).
A pertinência deste projeto surge pela necessidade de promover a Terapia
Ocupacional enquanto parte integrante dos Cuidados Paliativos. Aliás, Ashworth (2013)
afirma que é necessária uma educação mais extensa nos profissionais de saúde assim
como dos membros das equipas de saúde relativamente à complexidade e diversidade
do papel da TO. Kessing e Rosenwax (2013), referindo-se à realidade Australiana,
defendem que mesmo que os terapeutas ocupacionais que se interessam pela área dos
Cuidados Paliativos devem promover e defender o seu papel. Há a necessidade de
educar os consumidores, famílias e outros profissionais. Afirmam, ainda que é preciso
desenvolver leis de forma a melhorar a compreensão da comunidade sobre o trabalho
realizado pelo TO nesta área. Para além disto, salientam a importância de incluir na
educação dos estudantes de TO conhecimentos e competências para o trabalho na área
de CP. Assim, este estudo pretende estudar estes aspetos mas focando-se no panorama
português.
Durante o planeamento deste projeto surgiram algumas limitações e
dificuldade. Como limitação a este projeto apresenta-se o facto de não ter sido possível

43
realizar a concretização prática do mesmo. Este inconveniente surgiu devido a um
feedback tardio por parte dos participantes e ao número limitado dos mesmos. Esta
limitação surgiu, também, devido à dificuldade de contactar os participantes e pela
utilização de questionários de autorresposta. Para a implementação do estudo é sugerido
que se opte pelo uso de entrevista presencial como forma de recolha de dados. Assim,
embora seja mais dispendioso, tanto a nível temporal como económico, dever-se-á
conseguir obter uma amostra com maior número de participantes. Uma dificuldade que
surgiu foi a adaptação do questionário à população. As respostas dadas ao questionário
pioneiro sugeriram a necessidade da alteração de algumas perguntas, que estavam a ser
mal compreendidas e onde não se estava a obter a resposta desejada. Desenvolveu-se,
então, um novo guião de entrevista que deverá ser utilizado pelo entrevistador nas
entrevistas presenciais.
Para a implementação do projeto sugere-se a obtenção da amostra com recurso
aos dados das Unidades de Cuidados Paliativas Portuguesas fornecidas neste projeto,
aconselhando-se o uso de uma amostra aleatória por conveniência. Outra sugestão é a
solicitação de contactos a colegas de trabalho, às próprias instituições, ou usando redes
sociais como o Facebook e Linkedin que têm grupos especializados para pessoas a
trabalhar na área dos Cuidados Paliativos.
Espera-se que, num futuro próximo, através deste estudo ajudar, ainda, na
promoção do papel da Terapia Ocupacional pelos Cuidados Paliativos Portugueses.

44
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51
ANEXOS

“The tragedy of life is not dead but what we let die inside of us while we live”
(Norman Cousins)

52
Anexo 1 – Pedido participação no Estudo

53
Pedido de participação no estudo

Exmo(a) Sr.(a),
O meu nome é Mafalda Pampolim, sou Terapeuta Ocupacional e estudante do
segundo ano de Mestrado de Cuidados Paliativos da Faculdade de Medicina da
Universidade do Porto.
Estou, neste momento, a realizar um estudo com o título de “Terapia
Ocupacional nos Cuidados Paliativos – panorama português”, sob orientação do Doutor
António Marques. Pretende-se com este estudo proceder a uma análise exploratória do
papel da terapia ocupacional nos serviços de cuidados paliativos portugueses.
Solicito a sua colaboração para a realização de um questionário de resposta
aberta, sem resposta certa ou errada, apenas preciso da sua opinião.
A participação neste estudo é voluntária e livre, podendo desistir a qualquer
momentos se o desejar. O questionário demora aproximadamente 15 minutos.
Os dados serão recolhidos através de documento em Word que deverá ser
posteriormente reencaminhado para o email mpampolim@gmail.com

Desde já agradeço a atenção e se conhecer alguém que também se disponibilize


a responder ao questionário seria uma grande ajuda.

Cumprimentos,

Mafalda Pampolim

54
Anexo 2 – Consentimento Informado

55
Declaração de Consentimento Informado
Conforme alei 67/98 de 26 de Outubro e a “Declaração de Helsínquia” da Associação Médica Mundial (Helsínquia 1964; Tóquio
1975; Veneza 1983; Hong Kong 1989; Somerset West 1996, Edimburgo 2000)

Designação do Estudo:

Terapia Ocupacional nos Cuidados Paliativos – panorama português

Eu, abaixo-assinado, (nome completo do participante) ______________

___________________________________________________________,
compreendi a explicação que me foi fornecida, por escrito e verbalmente,
da investigação que se tenciona realizar, para a qual é pedida a minha
participação. Foi-me dada oportunidade de fazer as perguntas que julguei
necessárias, e oara todas obtive resposta satisfatória.

Tomei conhecimento de que, de acordo com as recomendações da


Declaração de Helsínquia, a informação que me foi prestada versou os
objetivos, os métodos os benefícios previstos, os riscos potenciais e o
eventual desconforto. Além disso, foi-me afirmado que tenho o direito de
decidir livremente aceitar ou recusar a todo o tempo a minha participação
no estudo. Sei que se recusar não haverá qualquer prejuízo para mim.

Foi-me dado todo o tempo de que necessitei para reflectir sobre esta
proposta de participação. Nestas circunstâncias, decido livremente aceitar
neste projeto de investigação, tal como me foi apresentado pela
investigadora.

Data: _________/______________________/2014

O Participante:

56
Anexo 3 – Guião do questionário

57
Questionário de Investigação
Informações demográficas
Questionário nº:____ (a preencher pelo responsável) Idade:_____________ Sexo:_________________
Profissão:__________________________________
Experiência profissional total (anos/meses):___________________________________
Função na Unidade de Cuidados Paliativos:____________________________________
Tempo de trabalho numa unidade de Cuidados Paliativos:__________________________

Instruções

Ao responder a este questionário decide, livremente, participar no projeto de investigação denominado


Terapia Ocupacional nos Cuidados Paliativos – panorama português, podendo desistir a qualquer
momentos se o desejar, sem qualquer prejuízo para si. Declara, ainda, que compreendeu a explicação que
lhe foi fornecida sobre a investigação que se tenciona realizar, para a qual é pedida a sua participação.
Afirma que tomou conhecimento de que, de acordo com as recomendações da Declaração de Helsínquia, a
informação que lhe foi prestada versou os objetivos, os métodos e os benefícios previstos.

A participação neste estudo é voluntária e livre. O preenchimento do questionário demora


aproximadamente 15 minutos.

Enfatiza-se que os dados recolhidos com estes questionários apenas serão utilizados para fins académicos
e científicos (dissertação de Mestrado em Cuidados Paliativos), garantindo-se o completo anonimato e
confidencialidade da informação recolhida. Lembramos que não existem respostas certas ou erradas e
apenas pretendemos recolher a sua opinião relativamente ao assunto em estudo, sendo por isso muito
importante que responda de forma clara e sincera a todas as questões apresentadas. Após responder basta
guardar o ficheiro e reenvia-lo para o seguinte e-mail: mpampolim@gmail.com

Obrigado pela sua colaboração.

58
Perguntas

1. O que são, para si, os Cuidados Paliativos?

2. O que distingue os Cuidados Paliativos dos outros tipos de cuidados?

59
3. Que técnicos de saúde devem, para si, integrar as equipas das unidades de
cuidados paliativos? Porquê?

4. Genericamente qual considera ser o papel de cada um desses técnicos numa


unidade de cuidados paliativos?

60
5. O que entende por Terapia Ocupacional?

6. Já trabalhou com terapeutas ocupacionais ao longo do seu percurso


profissional? Genericamente, como descreve o trabalho que desenvolvem?

61
7. A Unidade de Cuidados Paliativos onde trabalha tem Terapia Ocupacional?
Quantos técnicos? Pode descrever o trabalho que têm desenvolvido na sua
unidade e/ou o que acha que deveriam desenvolver.

8. Na sua opinião, o Terapeuta Ocupacional deveria integrar as equipas das


Unidades de Cuidados Paliativos? Porquê?

62
9. Na sua perspetiva, quais os principais motivos que justificarão a contratação
(ou não contratação) de terapeutas ocupacionais para a sua unidade de
cuidados paliativos?

10. Que estratégias poderiam ser realizadas para aumentar o número de


Terapeutas Ocupacionais nos Cuidados Paliativos?

63
Anexo 4 – Transcrições

64
Idade Sexo
Entrevista 1- 28 Entrevista 1 - F
Entrevista 2 – 29 Entrevista 2 – F
Entrevista 3 – 55 Entrevista 3 - F
Entrevista 4 – 31 Entrevista 4 – F
Entrevista 5 - 30 Entrevista 5 - M
Profissão Experiência profissional total
Entrevista 1 – Enfermeira Entrevista 1- 6 anos
Entrevista 2 – Enfermeira Entrevista 2 – 6 anos e 8 meses
Entrevista 3 - Enfermeira Entrevista 3 - 32 anos e 6 meses
Entrevista 4 - Assistente Social Entrevista 4 - 8 anos
Entrevista 5 - Enfermeiro Entrevista 5 - 5 anos
Tempo de trabalho numa unidade de Função na Unidade de Cuidados
Cuidados Paliativos Paliativos:
Entrevista 1 - 1 ano Entrevista 1 – Enfermeira
Entrevista 2 – 6 anos Entrevista 2 – Enfermeira
Entrevista 3 - 3 anos Entrevista 3 - Coordenadora da EIHSCP
Entrevista 4 - 8 anos Entrevista 4 - 8 anos
Entrevista 5 - 2 anos Entrevista 5 - Enfermeiro

1- O que são, para si, os Cuidados Paliativos?


Entrevista 1- Para mim cuidados paliativos são os cuidados prestados ao utente
que se encontra na fase final da sua vida com vista a proporcionar a melhor qualidade
vida a este. É proporcionar conforto, aliviar a dor e ter muita dignidade pela pessoa e
família que ultrapassam esta fase. É ouvir e fazer por cumprir a vontade do utente,
mostrando-lhe que há sempre muito por fazer mesmo quando este pensa que não e que é
o fim.

Entrevista 2 – Cuidados paliativos são todos os cuidados prestados às pessoas


com doença terminal com vista à melhoria da sua qualidade de vida, controlo de
sintomas, alívio de sofrimento físico, psicológico e espiritual.

65
Entrevista 3 - Cuidados globais personalizados e humanizados aos doentes
dependentes com doença cronica, não esquecendo a vertente familiar, económica, social
e espiritual.

Entrevista 4 - São cuidados prestados a doentes a doentes e famílias que se


deparam com uma situação de doença incurável e irreversível. Os CP são uma filosofia
de trabalho na área da saúde e integra de forma interdisciplinar diferentes profissionais
que trabalham no sentido de aliviar o sofrimento humano.

Entrevista 5 - Cuidados de manutenção/atenuação da dor.

2- O que distingue os Cuidados Paliativos dos outros tipos de cuidados?


Entrevista 1- O que distingue cuidados paliativos dos outros cuidados ė que estes
não têm como objetivo curar a doença mas sim dara melhor qualidade de vida ao utente.

Entrevista 2 – A pessoa é o centro dos cuidados e as acções são pensadas tendo


em conta a sua vontade.

Entrevista 3 - Cuidam do doente no seu todo e não da doença

Entrevista 4 - Na minha opinião a maior diferença tem a ver com o trabalho de


equipa. Os CP não existem de forma individual, ou seja, muitos profissionais podem
realizar ações paliativas mas é o trabalho em equipa que a defina como uma filosofia de
trabalho. Outra questão prende-se com o trabalho centrado no sofrimento (dor) nas suas
diferentes dimensões (física, social, psicológica e espiritual). A dimensão espiritual é
realmente uma abordagem que distingue em muito este grupo de trabalho.

Entrevista 5 - Os doentes não terem esperança mas muitas dores

3- Que técnicos de saúde devem, para si, integrar as equipas das unidades de
cuidados paliativos? Porquê?
Entrevista 1- Sim, porque uma equipa multidisciplinar faz um trabalho mais
completo e eficaz ao utente para que este tenha o melhor.

66
Entrevista 2 – Médicos, enfermeiros, assistentes operacionais, psicólogos,
nutricionistas, enfermeiros especialistas de reabilitação – com formação / experiência
em cuidados paliativos.
Estes profissionais são capazes de dar resposta às necessidades dos doentes em
fim de vida.

Entrevista 3 - Médico, enfermeiro, assistente social, psicóloga, fisioterapeuta,


terapeuta ocupacional, dietista, técnico farmacêutico, acompanhante espiritual

Entrevista 4 - Na sua constituição base deve ter um profissional da área da


medicina (já que estamos a falar de uma especialidade medica), enfermagem e trabalho
social. Foi assente nestas 3 especialidades que os CP surgiram (Cicely Saunders) e que
podem ajudar nos princípios básicos dos CP entre os quais: controlo sintomático,
resolução das questões psicossociais. Todos os outros profissionais que possam ser uteis
ao tratamento do sofrimento da situação que atendem naquele momento devem ser
integrados. Falo das áreas de psicologia, medicina física, nutrição, terapeutas distintos
(da fala, ocupacional…), assistente espiritual, entre outros.

Entrevista 5 - Enfermeiros, psicólogos. Cuidados para o corpo, cuidados para a


mente.

4- Genericamente qual considera ser o papel de cada um desses técnicos numa


unidade de cuidados paliativos?
Entrevista 1- O papel é olhar para o utente e dar-lhe o que ele deseja e faz com
que tenha qualidade de vida.

Entrevista 2 – Médico- prescrição de terapêutica para controlo sintomático;


Enfermeiro - avaliação das necessidades/ sintomas do doente, grau de dependência,
administração de terapêutica; Enfermeiro de reabilitação- prevenir síndrome de
imobilidade; cinesiterapia respiratória; Psicólogo- apoio psicológico; Nutricionista -
apoio nutricional; Assistentes operacionais - apoio nas diversas AVD's

67
Entrevista 3 - De colaboração na elaboração e atualização do plano de cuidados
no percurso de vida do doente desde o diagnóstico. Uns mais do que outros no apoio
emocional ao doente e família.

Entrevista 4 - Genericamente, todos os profissionais devem providenciar apoio


psicossocial. O papel de cada profissional tem a ver com a sua área de especialização
específica (designada já em muita literatura e que não irei estar a descrever aqui). O
Papel dos diferentes profissionais é essencialmente (e de uma forma geral) trabalhar em
equipa, partilhando os seus conhecimentos e contribuindo para o planos de cuidados do
doente e família.

Entrevista 5 - Igual à resposta anterior

5- O que entende por Terapia Ocupacional?


Entrevista 1- São terapias realizadas aos utentes que tem como objetivos
reabilitar e desenvolver capacidades cognitivas, físicas e sociais.

Entrevista 2 – É uma área da saúde em que se trabalha a melhor forma de


realizar as AVD'S

Entrevista 3 - Terapia que ocupando o tempo do dente lhe proporciona distração


e momentos de socialização

Entrevista 4 - Uma área de especialização centrada na recuperação psicossocial


do doente e família. Distinguem-se, na minha opinião pela dinâmica de trabalho que
levam a cabo, realizando / propondo atividades que vão de encontro e trabalham o
sentido da vida da pessoa doente.

Entrevista 5 - Mente ocupada, coração tranquilo

6- Já trabalhou com terapeutas ocupacionais ao longo do seu percurso


profissional?Genericamente, como descreve o trabalho que desenvolvem?
Entrevista 1- Sim, muito interessante e essencial para a reabilitação e
manutenção das capacidades dos utentes.

68
Entrevista 2 – Não

Entrevista 3 - Ainda não tive essa oportunidade

Entrevista 4 - Sim, mas não em Portugal. Descrevo-o da forma como apresentei


na questão anterior. Dou um exemplo prático: Num dos meus estágios de observação
realizado em equipas de CP no Canadá, o terapeuta ocupacional foi chamado quando
um paciente não se mostrava disponível para falar com a equipa de CP. Através da
pintura, o terapeuta conseguiu reabilitar o doente pondo-o a falar a sua própria vida e
preocupações… foi realmente extraordinário como este profissional conseguiu chegar
ao doente de uma forma tranquila sem que abordasse a questão da doença, da morte e
do morrer. Pela atividade lúdica o terapeuta ocupacional foi o elemento que abriu portas
ao trabalho dos restantes profissionais que, posteriormente já foram aceites pelo doente.

Entrevista 5 - Nunca trabalhei com um.

7- A Unidade de Cuidados Paliativos onde trabalha tem Terapia Ocupacional?


Quantos técnicos? Pode descrever o trabalho que têm desenvolvido na sua
unidade e/ou o que acha que deveriam desenvolver.
Entrevista 1- Não.

Entrevista 2 – Não

Entrevista 3 – Não

Entrevista 4 - Não

Entrevista 5 - Não tem

8- Na sua opinião, o Terapeuta Ocupacional deveria integrar as equipas das


Unidades de Cuidados Paliativos? Porquê?

69
Entrevista 1- Sim, porque penso que o terapeuta ocupacional em conjunto com o
enfermeiro podem desenvolver um trabalho com outente mais completo e eficaz.

Entrevista 2 – Sim, não se aplicará a todos os doentes, mas alguns com estado de
saúde mais estável poderia ser útil para regressar ao seu domicílio, com um melhor
nível de independência.

Entrevista 3 - Seria uma forma de os distanciar do pensamento da doença e


oferecer-lhes outros pontos de interesse

Entrevista 4 - Sim. Pelas razoes e enunciados anteriormente.

Entrevista 5 - Deve ser transversal para auxiliar qualquer paciente que passe
muito tempo parado, quer por dores, quer pelas circunstâncias do internamento.

9- Na sua perspetiva, quais os principais motivos que justificarão a


contratação (ou não contratação) de terapeutas ocupacionais para a sua
unidade de cuidados paliativos?
Entrevista 1- Proporcionar a existência de uma equipa multidisciplinar mais
completa e com maior ação relativamente aos cuidados a ter com o utente na fase final
da vida.

Entrevista 2 – Motivos económicos

Entrevista 3 - Sou elemento de uma equipa de um centro hospitalar, onde existe


o serviço de fisioterapia, também com terapia ocupacional

Entrevista 4 - Trabalho prático e lúdico (quese visto como uma forma informal,
que normalmente é bem aceite peloas doentes; sucesso na proximidade com o doente;
vai de encontro à filosofia dos CP. Vive a VIDA e trabalha-a concretamente com várias
atividades e estratégias. E por todas as outras razoes enunciadas anteriormente.

70
Entrevista 5 - Justificarão a contratação sempre que o nível de desinteresse dos
pacientes justifique uma intervenção para elevar a sua capacidade de resiliência. A não
contratação justificar-se-á sempre que haja fundos insuficientes.

10- Que estratégias poderiam ser realizadas para aumentar o número de


Terapeutas Ocupacionais nos Cuidados Paliativos?
Entrevista 1- Avaliar ações desenvolvidas por estes e verificar junto dos utentes
se estes sentem que os terapeutas ocupacionais ajudam a proporcionar uma melhor
qualidade de vida. Proporcionar a existência destes profissionais nas equipas de
cuidados paliativos

Entrevista 2 – Não sei

Entrevista 3 - Os terapeutas ocupacionais justificam-se em todos os serviços de


internamento, como as medicinas e unidades de cp

Entrevista 4 - Trabalhos de investigação sobre a importância de os integrar;


Avaliar indicadores como: bem-estar; impacto nos doentes, famílias e equipas.

Entrevista 5 - Iniciar com atividades, por exemplo, semanais, gratuitas ou a


custo, e deixar que o trabalho revele a necessidade de uma intervenção mais estruturada
e profunda, criando a necessidade junto dos pacientes e dos serviços.

71
Anexo 5 – Guião de entrevista

72
Guião de Entrevista
Informações demográficas
Questionário nº:____ (a preencher pelo responsável) Idade:_____________ Sexo:_________________

Profissão:__________________________________

Experiência profissional total (anos/meses):___________________________________

Função que desempenha na Unidade de Cuidados Paliativos:____________________________________

Tempo de trabalho numa unidade de Cuidados Paliativos:__________________________

Questões
1. O que são, para si, os Cuidados Paliativos?
2. O que distingue os Cuidados Paliativos dos outros tipos de cuidados?
3. Que técnicos de saúde devem, para si, integrar as equipas das unidades de cuidados
paliativos? Genericamente, que papel deverá desempenhar cada técnico?
4. O que entende por Terapia Ocupacional?
5. Já trabalhou com terapeutas ocupacionais ao longo do seu percurso profissional?
Genericamente, como descreve o trabalho que desenvolvem?
6. A Unidade de Cuidados Paliativos onde trabalha tem Terapia Ocupacional?
Quantos técnicos?
7. Pode descrever o trabalho que este técnico tem desenvolvido na sua unidade e/ou o
que acha que deveriam desenvolver?
8. Na sua opinião, o Terapeuta Ocupacional deveria integrar as equipas das Unidades
de Cuidados Paliativos? Porquê?
9. Na sua perspetiva, quais os principais motivos que justificarão a contratação (ou
não contratação) de terapeutas ocupacionais para a sua unidade de cuidados
paliativos?
10. Que estratégias poderiam ser realizadas para aumentar o número de Terapeutas
Ocupacionais nos Cuidados Paliativos

73

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