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Processo de Cuidar da
Saúde do Adulto
Autora: Profa. Cristina Rodrigues Padula Coiado
Colaboradoras: Profa. Raquel M. C. Machado
Profa. Renata Guzzo Souza Belinelo
Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano
Unidade I
Cristina Rodrigues Padula Coiado é formada em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo (1993),
realizou especialização (modalidade residência) em enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo (1996) e
tem mestrado em Medicina na área de Ciências da Saúde na mesma Universidade (2000). Atuou como enfermeira
intensivista e preceptora da residência de Enfermagem no Hospital São Paulo, além de implantar programas de
tratamento do tabagismo e de feridas na comunidade. Desde 2002 é docente do curso de graduação de Enfermagem
da Universidade Paulista, atuando nas diversas áreas de saúde do adulto. É autora de quatro artigos científicos na área
de saúde do adulto e dois capítulos de livros, um na área de educação em saúde e outro sobre terapia intravenosa.
É palestrante do Conselho Regional de São Paulo (Coren‑SP) e da Associação Brasileira de Enfermagem (Aben‑SP).
CDU 616-083-053.8
U517.47 – 23
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
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Profa. Sandra Miessa
Reitora
UNIP EaD
Profa. Elisabete Brihy
Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto
Prof. M. Ivan Daliberto Frugoli
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Material Didático
Comissão editorial:
Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista
Profa. M. Deise Alcantara Carreiro
Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes
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Sumário
Prática Clínica no Processo de Cuidar da Saúde
do Adulto
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................... 10
Unidade I
1 ATENÇÃO PRIMÁRIA: PROCESSO DE ENVELHECIMENTO COM PREVENÇÃO E
TRATAMENTO DE LESÕES POR PRESSÃO.................................................................................................... 13
1.1 Consulta de enfermagem em unidade básica de saúde (UBS): saúde do idoso.......... 19
2 ATENÇÃO PRIMÁRIA: PROCESSO DE ENVELHECIMENTO COM DOENÇA CRÔNICA
NÃO TRANSMISSÍVEL (DCNT) – HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS)............................... 21
2.1 Consulta de enfermagem em UBS: idosa com doença crônica não
transmissível (DCnT) – hipertensão arterial sistêmica (HAS)...................................................... 25
Unidade II
3 ATENÇÃO SECUNDÁRIA: CONSULTA DE ENFERMAGEM EM AMBULATÓRIO DE
ESPECIALIDADES – ASMA BRÔNQUICA...................................................................................................... 34
3.1 Diagnóstico clínico............................................................................................................................... 35
3.2 Caso clínico: consulta de enfermagem em ambulatório de
especialidades – asma brônquica............................................................................................................ 36
4 ATENÇÃO SECUNDÁRIA: CONSULTA DE ENFERMAGEM EM AMBULATÓRIO DE
ESPECIALIDADES – DIABETES MELITOTIPO II............................................................................................ 38
4.1 Classificação............................................................................................................................................ 38
4.2 Fisiopatologia do diabetes melito tipo II..................................................................................... 39
4.3 Sinais e sintomas da hiperglicemia................................................................................................ 40
4.4 Coma hiperglicêmico hiperosmolar não cetótico.................................................................... 40
4.5 Cetoacidose diabética.......................................................................................................................... 41
4.6 Hipoglicemia........................................................................................................................................... 41
4.7 Complicações crônicas........................................................................................................................ 41
4.8 Caso clínico: consulta de enfermagem em ambulatório de
especialidades – diabetes melito tipo II............................................................................................... 42
Unidade III
5 ATENÇÃO TERCIÁRIA: RECUPERAÇÃO DA SAÚDE COM AFECÇÕES CLÍNICAS
CARDIORRESPIRATÓRIAS................................................................................................................................. 49
5.1 Dor precordial por síndrome coronariana aguda (SCA)........................................................ 49
5.1.1 Diagnóstico................................................................................................................................................ 50
5.1.2 Tratamento inicial: monab................................................................................................................... 52
5.1.3 Tratamento: trombólise química....................................................................................................... 52
5.1.4 Tratamento: angioplastia...................................................................................................................... 52
5.1.5 Tratamento: cirurgia de revascularização do miocárdio......................................................... 52
5.1.6 Intervenções de enfermagem para a dor torácica relacionada à isquemia
do miocárdio......................................................................................................................................................... 53
5.1.7 Caso clínico de SCA em unidade clínica de internação hospitalar..................................... 54
5.2 Insuficiência cardíaca congestiva (ICC)........................................................................................ 56
5.2.1 Insuficiência cardíaca direita.............................................................................................................. 58
5.3 Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)........................................................................... 63
5.3.1 Entendendo o processo de respiração............................................................................................. 64
5.3.2 Exames e avaliação................................................................................................................................. 67
5.3.3 Intervenções............................................................................................................................................... 67
5.3.4 Fatores de risco......................................................................................................................................... 68
5.3.5 Características........................................................................................................................................... 68
5.3.6 Manifestações clínicas do DPOC....................................................................................................... 69
5.3.7 Sinais e sintomas na DPOC.................................................................................................................. 69
5.3.8 Diagnóstico do DPOC............................................................................................................................. 70
5.3.9 Intervenções de enfermagem para o diagnóstico de enfermagem “troca de
gases prejudicada” relacionado ao DPOC................................................................................................. 70
5.3.10 Caso clínico de DPOC em unidade clínica de internação hospitalar............................... 71
6 ATENÇÃO TERCIÁRIA: RECUPERAÇÃO DA SAÚDE COM AFECÇÕES CLÍNICAS RENAIS
E NEUROLÓGICAS................................................................................................................................................ 73
6.1 Insuficiência renal crônica (IRC)...................................................................................................... 73
6.1.1 Exames para avaliar função glomerular......................................................................................... 74
6.1.2 Tipos de insuficiência renal: aguda e crônica.............................................................................. 74
6.1.3 Caso clínico de IRC em unidade clínica de internação hospitalar....................................... 81
6.2 Acidente vascular cerebral isquêmico (AVC I)........................................................................... 83
6.2.1 Caso clínico de AVC I em unidade clínica de internação hospitalar................................... 86
Unidade IV
7 ATENÇÃO TERCIÁRIA: RECUPERAÇÃO DA SAÚDE COM AFECÇÕES
CIRÚRGICAS NEOPLÁSICAS.............................................................................................................................. 94
7.1 Lobectomia direita com ressecção de tumoral......................................................................... 94
7.1.1 Principais complicações no pós‑operatório mediato e cuidados de
enfermagem relacionados............................................................................................................................... 95
7.1.2 Caso de lobectomia direita com ressecção de tumoral em unidade cirúrgica
de internação hospitalar.................................................................................................................................. 98
7.2 Mastectomia direita por câncer (CA) de mama em tratamento quimioterápico
com complicação.......................................................................................................................................100
7.2.1 Processo fisiopatológico.....................................................................................................................101
7.2.2 Fatores de risco.......................................................................................................................................101
7.2.3 Tratamento...............................................................................................................................................101
7.2.4 Assistência de enfermagem para sintomas específicos de paciente em
tratamento de câncer.....................................................................................................................................102
7.3 Caso de plaquetopenia por complicação de tratamento quimioterápico em
unidade cirúrgica de internação hospitalar.....................................................................................105
8 ATENÇÃO TERCIÁRIA: RECUPERAÇÃO DA SAÚDE COM AFECÇÕES CIRÚRGICAS
DO SISTEMA DIGESTÓRIO...............................................................................................................................108
8.1 Colectomia parcial com colostomia por doença de Crohn................................................108
8.1.1 Caso de colectomia parcial com colostomia em unidade cirúrgica de
internação hospitalar...................................................................................................................................... 110
8.2 Cirrose hepática e nutrição enteral.............................................................................................112
8.2.1 Caso de cirrose hepática em unidade cirúrgica de internação hospitalar..................... 118
APRESENTAÇÃO
Este livro‑texto tem como objetivo primordial capacitar o estudante a planejar, executar e avaliar
o cuidado de enfermagem relacionado ao adulto nos diferentes cenários de atuação do enfermeiro,
relacionando a avaliação clínica e psicossocial ao raciocínio diagnóstico para a tomada de decisão,
mediante a articulação dos conteúdos teóricos apreendidos em disciplinas estudadas anteriormente,
adotando o processo de enfermagem como metodologia de trabalho.
O aluno, ao final do curso, deverá estar apto a compreender e executar as fases do processo de
enfermagem (investigação, diagnóstico, plano assistencial, implementação e avaliação) nos diferentes
níveis de atenção à saúde do adulto, analisando as situações que demandem tomada de decisão e
buscando soluções clínicas na literatura especializada, estando capacitado para realizar a Sistematização
da Assistência de Enfermagem (SAE) por meio da consulta de enfermagem.
Segundo decisão Cofen 001/2000 de 4 de janeiro de 2000, a SAE é a dinâmica das ações
sistematizadas e inter‑relacionadas que visa à assistência ao ser humano com o objetivo de atender as
necessidades individualizadas do cliente, da família e da comunidade por meio de método específico. O
Processo de Enfermagem é utilizado como método para sistematizar o cuidado, propiciando condições
para individualizar e administrar a assistência, possibilitando maior integração do enfermeiro com o
paciente, a família, a comunidade e com a própria equipe. A SAE consiste em uma atividade privativa
do enfermeiro. Na resolução de número 159 do Cofen (2017), explicita‑se que em todos os níveis
de assistência à saúde, seja em instituição pública ou privada, a consulta de enfermagem deve ser
obrigatoriamente desenvolvida na assistência de enfermagem.
Este material está dividido em quatro partes que abordam a assistência de enfermagem para o
cliente/paciente nos diferentes cenários de atuação do enfermeiro, envolvendo a atenção primária,
atendimento que demanda baixo grau de complexidade tecnológica e aborda a promoção e prevenção
da saúde, realizado em Unidade Básica de Saúde (UBS). A atenção secundária, atendimento que
demanda nível intermediário de complexidade tecnológica e especialidade e aborda a recuperação da
saúde, realizado em ambulatórios específicos é abordada na sequência. A apresentação da atenção
terciária, que demanda um maior grau de complexidade tecnológica e especialidades, falando da
recuperação da saúde e sendo realizado com o paciente internado em hospital, foi dividida em duas
partes, uma abordando a assistência ao paciente com problemas de saúde clínicos, e a outra, tratando da
assistência ao paciente com problemas de saúde cirúrgicos. Com muito carinho e cuidado, este material
foi elaborado para que você possa usufruir de mais uma ferramenta para seus estudos, lendo novos
textos, treinando a resolução de casos clínicos e exercícios sobre a disciplina Prática Clínica no Processo
de Cuidar da Saúde do Adulto.
Bom estudo!
9
INTRODUÇÃO
O método científico que utilizamos para realização da SAE é o Processo de Enfermagem, que
corresponde a um instrumento que provê um guia sistematizado para o desenvolvimento de um estilo
de pensamento direcionador dos julgamentos clínicos necessários para o cuidado de enfermagem. O
Processo de Enfermagem é composto por cinco fases.
Os sistemas de classificação em enfermagem são instrumentos tecnológicos que nos fornecem uma
linguagem padronizada (taxonomia) a ser utilizada no processo de enfermagem e na documentação da
prática profissional.
10
Para a fase diagnóstica do processo de enfermagem, utilizamos o sistema de classificação de
diagnósticos de enfermagem da North American Nursing Diagnosis Association – International
(Nanda‑I), que conceitua diagnóstico de enfermagem como um julgamento clínico sobre as respostas
do indivíduo, da família ou da comunidade a problemas de saúde/processos vitais reais ou potenciais.
Elaborar um diagnóstico de enfermagem requer análise, síntese e acurácia ao interpretar e fazer com
que dados clínicos complexos tenham sentido, isto é, processo de pensamento crítico que permite ao
enfermeiro tomar decisões quanto aos resultados esperados do paciente e às intervenções necessárias
para ajudar a obter esses resultados.
Um dos tipos de diagnóstico de enfermagem apresentados nessa taxonomia é o real, que descreve
respostas humanas a condições de saúde/processos vitais que existem em um indivíduo, família ou
comunidade. É sustentado pelas características definidoras (manifestações clínicas ou sinais e sintomas)
e o fator relacionado, a causa do problema ou fator etiológico. Outro tipo de diagnóstico de enfermagem
é o de risco, que descreve respostas humanas a condições de saúde/processos vitais que podem
desenvolver‑se em um indivíduo, família ou comunidade vulneráveis. É sustentado por fatores de risco
que contribuem para uma vulnerabilidade aumentada. Também temos os diagnósticos de enfermagem
de bem‑estar, que descrevem respostas humanas a níveis de bem‑estar em um indivíduo, família ou
comunidade que tem um potencial de aumento para um estado mais alto.
O uso do diagnóstico de enfermagem oferece aos enfermeiros uma linguagem comum para
a identificação dos problemas do paciente e proporciona a base para a seleção de intervenções de
enfermagem para atingir resultados pelos quais o enfermeiro é responsável (etapa de planejamento da
assistência de enfermagem).
11
Exemplo de como classificar um NOC: o autocontrole da doença crônica pode ser definido como
as ações pessoais para controlar uma doença crônica, seu tratamento e prevenção da progressão da
doença e suas complicações. Ao classificar o diagnóstico de enfermagem falta de adesão avaliamos
que a capacidade de autocontrole da doença crônica está prejudicada. Essa classificação é feita
através de uma escala de Likert, que vai de 1 a 5 (1 = nunca demostrado, 2 = raramente demostrado, 3
= algumas vezes demostrado, 4 = frequentemente demostrado, 5 = consistentemente demostrado). Na
primeira consulta, a capacidade de autocontrole da doença crônica pode estar em 1 e o enfermeiro, a
partir das orientações e da sensibilização do paciente para o autocuidado, propõe a meta do resultado
para 3. Deve‑se lembrar que mudar um comportamento ou um hábito de vida é muito difícil e não
devemos impor uma alta expectativa de mudança num primeiro momento, pois isso pode frustrar tanto
a nós quanto ao paciente, podendo até fazer com que o paciente não volte e abandone o tratamento.
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PRÁTICA CLÍNICA NO PROCESSO DE CUIDAR DA SAÚDE DO ADULTO
Unidade I
1 ATENÇÃO PRIMÁRIA: PROCESSO DE ENVELHECIMENTO COM PREVENÇÃO E
TRATAMENTO DE LESÕES POR PRESSÃO
O caso que será apresentado para realizar a SAE é de uma senhora de 72 anos com vários problemas
identificados durante a consulta de enfermagem. Para realizar o raciocínio crítico, o julgamento
diagnóstico e planejar a assistência no sentido de atingir os resultados esperados, vamos rever a
fundamentação científica sobre o processo do envelhecimento e a prevenção de lesão.
O envelhecimento engloba alterações no curso da vida comum a todas as pessoas, alterações essas
que envolvem componentes biológicos, sociais e psicológicos. A idade cronológica da pessoa nem sempre
é indicativa da idade biológica, e as alterações relacionadas à idade são modificadas por ambiente,
cultura, raça, etnia, hereditariedade e eventos patológicos.
Observação
No período de 1950 a 2025, segundo projeções da OMS (IBGE, [s.d.]), no Brasil o grupo de idosos
deverá ter um aumento de 15 vezes, enquanto a população total em cinco, ocupando o sexto lugar
quanto ao contingente de idosos, sendo a diminuição da fecundidade a partir dos anos 1960 o principal
contribuinte para esse fato. Também temos um aumento da expectativa de vida, que nos anos 1950 era
de 43,2 anos e, em 2000, passou para 68,5 anos.
As mulheres idosas superam o número de homens idosos em duas a três vezes, sendo problemas
relacionados à viuvez: viver sozinho, enfrentar a perda do companheiro, dificuldade de encontrar outra
companhia, falta de um cuidador e problemas financeiros.
A Lei nº 8.842 (BRASIL, 1994) define a atuação do governo, indicando as ações específicas das
áreas envolvidas e buscando criar condições para que sejam promovidas a autonomia, a integração e
13
Unidade I
a participação do idoso na sociedade, assim consideradas as pessoas com 60 anos ou mais, conforme
consta no Estatuto do Idoso – descrito na Lei 10.741 de 1º de outubro de 2003 (BRASIL, 2003).
O Estatuto do Idoso (BRASIL, 2003) destina‑se a regular os direitos assegurados às pessoas com idade
igual ou superior a 60 anos. Em seus artigos relata‑se que o idoso goza de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, sendo assegurado, por lei ou outros meios, todas as oportunidades e
facilidades para a preservação da sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual,
espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Também define que é obrigação da família, da
comunidade, da sociedade e do poder público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação
do direito à vida, à saúde, à educação, à alimentação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à
cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Porém, em nossa sociedade, ainda existe preconceito em relação ao idoso, havendo atitudes e
estereótipos contra pessoas por causa de sua idade. Um exemplo de estereótipo é a visão das pessoas
idosas como dependentes, inúteis, vulneráveis, dementes ou carentes de assistência. Atitudes negativas
também incluem não valorizar opiniões e contribuições dos idosos, tratá‑los com desrespeito, ignorá‑los
ou subestimá‑los. O preconceito pode afetar a atitude dos profissionais e o cuidado: por exemplo,
encarar o envelhecimento como uma experiência negativa ou como um inevitável declínio cognitivo e
físico influenciará os cuidados de enfermagem.
Assim, a pele é considerada um dos órgãos que mais sofre transformações à medida que a
idade avança. A integridade cutânea é importante para que o organismo mantenha a barreira de
proteção ao meio externo, defendendo‑se das diversas agressões. Tal fato evidencia a necessidade
14
PRÁTICA CLÍNICA NO PROCESSO DE CUIDAR DA SAÚDE DO ADULTO
de cuidados específicos para a pele do idoso que atendam às alterações do sistema tegumentar e
mantenham sua integridade.
Quando ocorre ruptura da pele, temos uma ferida que é definida como qualquer lesão em tecidos
epitelial, mucosa ou órgãos que provoquem prejuízo das suas funções.
• Primeira fase: resposta inflamatória ou exsudativa, caracterizada por sinais de inflamação (dor,
calor, rubor, edema) e perda da função, mediada por leucotrienos G para realizar a limpeza do
leito da ferida, fator ativador das plaquetas para a hemostasia, serotonina e histamina para
vasodilatação com aumento da permeabilidade vascular e estimulação das fibras nervosas. Essa
fase se estende de um a seis dias.
• Segunda fase: resposta proliferativa, essa fase se estende de dois a 24 dias e se inicia com a
formação do tecido de granulação, um tecido conjuntivo muito vascularizado (grânulos). Assim,
nessa fase ocorre a angiogênese e fibroblastos sintetizam colágeno. O tecido de granulação é
vermelho brilhante com nódulos violáceos. Também nessa fase ocorre a contração, relacionada
à presença dos fibroblastos que liberam miosina e actínia, diminuindo o tamanho da lesão e
o tempo de cicatrização. A epitelização é a última etapa da fase proliferativa, consistindo na
multiplicação e na migração das células epiteliais das bordas para o centro da ferida, durante o
processo cicatricial. Representa a primeira cicatriz, e o epitélio novo possui aspecto róseo.
• Terceira fase: maturação, essa fase se estende por até dois anos ou mais, ocorrendo diminuição
da permeabilidade capilar, reorganização do colágeno e formação da cicatriz (que, no início clara
e plana, vai se tornando mais rígida e escurecida com o depósito de colágeno, para, então, com
o passar do tempo, ficar mais clara, menos rígida e mais plana). Temos uma cicatriz hipertrófica
quando existe deposito anormal de grande quantidade de colágeno.
• Estágio II: caracterizado por abrasão ou úlcera, ocorre perda tecidual e comprometimento da
epiderme, derme ou ambas.
• Estágio III: ocorre presença de úlcera profunda, com comprometimento total da pele com necrose
de tecido subcutâneo.
• Estágio IV : ocorre extensa destruição do tecido, chegando a ocorrer lesão óssea ou muscular.
15
Unidade I
A úlcera ou lesão por pressão é uma lesão localizada na pele e/ou tecido subjacente, normalmente
sobre uma proeminência óssea submetida à pressão contínua do peso do paciente, cisalhamento e
umidade no tecido, causando um processo de isquemia e morte celular.
Observação
A relação entre a pontuação e o grau de risco de lesão por pressão se dá da seguinte forma:
16
PRÁTICA CLÍNICA NO PROCESSO DE CUIDAR DA SAÚDE DO ADULTO
• aliviar a pressão a cada 15 minutos erguendo o paciente, quando sentado ou sendo cadeirante;
Lembrete
• Tecido no leito da ferida: de granulação, que consiste em tecido vitalizado (composto de tecido
conjuntivo que irá preencher o leito da ferida para a cicatrização) ou tecido desvitalizado (o qual
deve ser retirado para ocorrer o fechamento da ferida, pois consiste de um tecido morto que irá
prejudicar o crescimento do tecido de granulação).
Para tratamento das feridas/úlceras, utilizamos o curativo, que consiste em um meio terapêutico
com aplicação de uma cobertura estéril sobre uma ferida previamente limpa. O curativo tem como
finalidades evitar a contaminação em feridas limpas, reduzir a infecção nas feridas contaminadas,
facilitar a cicatrização, remover as secreções, proteger a ferida e diminuir a dor.
gel extravasar ou a cada sete dias, deixando uma margem de 3 cm além da ferida, não necessitando
cobertura. Também pode ser usado para feridas com tecido de granulação ou para prevenção de lesões
o ácido graxo essencial (AGE), Dersani (ácido linoleico), que promove quimiotaxia (atração de
leucócitos), angiogênese, mantém o meio úmido e acelera o processo de granulação tecidual. A troca é
diária e necessita de cobertura.
Para feridas com tecido desvitalizado é indicado o hidrogel, realizando o desbridamento autolítico
(hiper‑hidratação do tecido sem manter excesso de umidade para não proliferar microorganismos) e
a hidratação das fibras nervosas. A troca é diária e necessita de cobertura. Também pode‑se utilizar a
papaína, que se trata de um complexo de enzimas proteolíticas retirado do látex do mamão papaia,
capaz de realizar o desbridamento enzimático. A troca é diária e necessita de cobertura.
Para feridas sangrantes e altamente exsudativas, com exceção de lesões por queimaduras,
deve‑se usar o alginato de cálcio, que consiste em fibras derivadas de algas marinhas com grande
poder de absorção. A troca ocorre quando for atingida a capacidade de absorção e necessita de
cobertura secundária.
Para feridas infectadas é indicada a placa de carvão ativado, que absorve o exsudato, atrai os
microrganismos e filtra o odor. Deve‑se ressaltar que o carvão ativado não pode ser cortado para
não ocorrer liberação do carvão na lesão e que a troca se dá entre 24 e 72 horas, de acordo com a
capacidade de absorção, avaliando‑se sempre a ferida. É necessário cobertura secundária.
Observação
Saiba mais
18
PRÁTICA CLÍNICA NO PROCESSO DE CUIDAR DA SAÚDE DO ADULTO
Passou em consulta de enfermagem uma senhora de 72 anos com história de queda da própria altura
em sua residência, fraqueza, tontura, perda de 7 kg em 2 meses após morte do marido, pele e mucosas
secas, turgor diminuído, sentindo‑se sozinha, chora ao falar no marido, mostra sinais de nervosismo e
inquietação durante a entrevista, já não consegue andar sem auxílio, tem temperatura de 38 ºC, pressão
arterial (PA) de 80 mmHg x 50 mmHg, pulso de 56 bpm. Apresenta lesão por pressão em região sacral
diâmetro 5 x 3 x 1 cm, com tecido desvitalizado e pequena quantidade de secreção amarelada sem
odor fétido. Relata que se sente sozinha e desamparada, não consegue permanecer dormindo, não tem
vontade de comer e sabe que vai adoecer caso não se alimente, mas demonstra interesse na melhoria
da situação em que se encontra.
Diagnóstico de Características
Dados de enfermagem Fator relacionado/risco
enfermagem definidoras
História de tombo da própria Risco de quedas/ História de quedas,
altura, fraqueza, tontura, não mobilidade física Alterações na marcha fraqueza, tontura
consegue andar sem auxílio prejudicada intolerância à atividade
Pele e mucosa secas, turgor
Volume de líquido Turgor da pele diminuído,
diminuído, temperatura de Falha dos mecanismos
deficiente pele e mucosa secas, pulso
38 ˚C, pressão arterial (PA) reguladores
>, PA <
diminuída e pulso aumentado
Sinais de nervosismo e Preocupações expressas
inquietação. Sente‑se sozinha Ameaça de mudança na
Ansiedade devido a mudanças em
e desamparada, chora ao falar função do papel e nos
eventos da vida, insônia,
no marido padrões de interações
nervosismo
Lesão por pressão em região
sacral com diâmetro de 5 x 3 x
Integridade da pele Mudança no estado
1 cm, com tecido desvitalizado Rompimento da superfície
prejudicada hídrico, turgor, nutrição
e pequena quantidade de da pele
desequilibrada
secreção amarelada sem odor
fétido.
Aumento da temperatura
Temperatura de 38 ºC Hipertermia corporal acima dos Desidratação
parâmetros normais
Demonstrou interesse na
melhoria da situação em que Disposição para Expressa desejo de reforçar
esperança melhorada ‑
se encontra, sabe que vai o sentimento à vida
adoecer caso não se alimente
Nutrição Relato de ingestão
inadequada de alimentos Incapacidade
desequilibrada: menor para ingerir
Perdeu 7 kg e não tem nutrientes causada por
vontade de comer que as necessidades menos que a porção diária
corporais fatores psicológicos
recomendada (PDR)
19
Unidade I
20
PRÁTICA CLÍNICA NO PROCESSO DE CUIDAR DA SAÚDE DO ADULTO
O caso que será apresentado para realizar a SAE é de uma senhora de 80 anos portadora de HAS
com vários problemas decorrentes dessa patologia, identificados durante a consulta de enfermagem.
Para realizar o raciocínio crítico, o julgamento diagnóstico e planejar a assistência no sentido de atingir
os resultados esperados, vamos rever a fundamentação científica sobre o processo do envelhecimento
com DCnT–HAS.
Envelhecer sem nenhuma doença crônica é uma exceção, no entanto, não significa que o idoso
não possa gerir sua própria vida de forma independente. Idoso saudável é aquele que não necessita de
ajuda mesmo que seja portador de doença crônica. Assim, o envelhecimento pode ser definido como
um processo biológico no qual ocorrem alterações das características morfológicas e fisiológicas no
organismo ao longo do tempo.
Aproximadamente 80% dos idosos têm pelo menos uma doença crônica, como diabetes, doenças
cardíacas, artrites, entre outras. A hipertensão arterial sistêmica é o principal problema de saúde e
21
Unidade I
programas que ajudem o idoso a desenvolver estilos de vida saudáveis e a aprender a viver bem com a
doença crônica auxiliam a diminuir o seu impacto e a prevenir complicações.
As doenças mentais mais comuns são as demências (causadas principalmente por Alzheimer),
isquemias cerebrais, alcoolismo e depressão. Problemas comuns relacionados ao idoso são a osteoporose,
quedas, déficit auditivo, lesão por pressão, desidratação e constipação. A incidência de doenças agudas
no idoso é menor, porém, quando presentes, requerem longos períodos de recuperação e costumam
provocar mais complicações.
O idoso consome mais serviços de saúde, suas internações são mais frequentes e longas do que na
população em geral, porém esse custo não é revertido em seu benefício, pois a abordagem é focada na
queixa principal, não sendo avaliado o psicossocial. Ações preventivas, assistenciais e de reabilitação
devem objetivar a melhoria da capacidade funcional ou sua manutenção ou recuperação.
A internação em casas de repouso, asilos e similares está sendo questionada até em países
desenvolvidos, pois, em termos de custo/benefício, não se trata de um investimento muito favorável,
e ainda existem as dificuldades relacionadas a sua manutenção. O número crescente de divórcios, de
segundos (ou terceiros) casamentos, a migração de jovens em busca de mercados mais promissores e o
aumento de famílias em que a mulher exerce o papel de chefe são situações que dificultam à família
continuar a ser considerada o sistema mais efetivo de apoio aos idosos, gerando a necessidade de
avaliação de um suporte informal a eles na sociedade brasileira. O apoio ao idoso no Brasil ainda é
precário, uma atividade considerada preponderantemente restrita ao âmbito familiar.
O apoio informal à família constitui um dos aspectos da atenção à saúde do idoso. O Estado deve
exercer seu papel de promoção, proteção e recuperação nos três níveis de gestão do SUS, otimizando
o suporte familiar sem transferir para a família toda a responsabilidade. A assistência domiciliar aos
idosos, cuja capacidade funcional está comprometida, demanda programas de orientação, informação
e assessoria de especialistas. Assim, a dependência gera um alto custo social e familiar, além dos custos
de saúde, compensando o investimento na assistência domiciliar, além de proporcionar a melhoria da
qualidade de vida do idoso.
Observação
PA = VS x RVP
• Histórico familiar de hipertensão: filhos com um dos pais hipertenso apresentam 25% de
chances de desenvolver a doença (se o pai e a mãe forem hipertensos, a probabilidade aumenta
para 60%).
• Dieta rica em sal: o sódio presente no sal faz o corpo reter líquido, elevando a carga sobre o
coração e aumentando o risco de hipertensão arterial. O brasileiro consome cerca de 12 g/dia de
sal, este valor é bem acima do recomendado pela Sociedade Brasileira de Hipertensão. Segundo a
Organização Mundial de saúde, os adultos deveriam consumir menos de dois gramas de sódio por
dia ou menos de cinco gramas de sal.
23
Unidade I
• Idade: a PA aumenta linearmente com a idade e a maioria dos casos é diagnosticada após os 40 anos.
• Fatores socioeconômicos: nível mais baixo está associado à maior prevalência e a fatores de risco.
• Sedentarismo: aumenta o risco de HAS; manter atividade física com regularidade, por sua vez,
diminui esse risco.
• Gênero e etnia: a hipertensão é mais comum em pessoas negras, principalmente mulheres, com a
HAS aparecendo mais cedo e evoluindo mais rápido.
• Álcool: consumir bebidas alcoólicas com regularidade e de forma abusiva pode provocar um
aumento na pressão arterial.
• Anticoncepcionais orais: aumentam o risco de HAS, sendo indicado interromper seu uso caso
tenha início um quadro de HAS.
• Obesidade: predispõe à HAS, sendo responsável por 20% a 30% dos casos. Sabe‑se que há um
maior risco quando o índice de massa corpórea (IMC) é maior que (ou igual a) 30 kg/m2, e (ou) a
circunferência abdominal é maior que (ou igual a): 102 cm nos homens e 88 cm nas mulheres.
A redução de peso pode diminuir a PAS de 5 mmHg a 20 mmHg, para cada 10 kg de peso perdido.
• Resistência à insulina aumenta o risco de HAS e, para sua identificação, temos exames como o de
glicemia plasmática em jejum, havendo aumento de risco quando acima de 100 mg/dl (o valor
de referência de normalidade entre 70 mg/dl a 99 mg/dL); o exame de teste oral de tolerância à
glicose, acima de 140 mg/dl em duas horas (com valor de referência de normalidade entre 70 mg/
dl a 140 mg/dL); a hemoglobina glicada acima de 5,7% (com valor de referência de normalidade
entre 4,5% a 5,6%).
As complicações agudas da HAS são decorrentes das crises hipertensivas (elevação significativa
da pressão arterial), podendo chegar a emergências hipertensivas com lesões agudas e graves na
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microcirculação, sendo exemplos dessas lesões o acidente vascular cerebral (AVC) com lesão grave
na microcirculação cerebral e o infarto agudo do miocárdio (IAM) com lesão grave nas coronárias.
Lembrete
Saiba mais
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Unidade I
utilizando fralda com hiperemia na pele em região genital. Deambula com dificuldade, apresenta
musculatura hipotrófica, boa perfusão periférica e ausência de edemas.
Diagnóstico de Características
Dados de enfermagem Fator relacionado/risco
enfermagem definidoras
Filha com dificuldade de cuidar Nervosismo aumentado,
Tensão do papel de Aumento da necessidade de
da mãe, levando‑a a pensar na apreensão quanto à
cuidador cuidados, padrão de relações
possibilidade de interná‑la em possível institucionalização ineficazes
uma casa de repouso do receptor de cuidados
Extremos de idade,
Uso de fralda com hiperemia Risco de integridade da emagrecimento, mudança
na pele em região genital, pele pele prejudicada – no turgor de pele, fatores
ressecada mecânicos, pele úmida
Dor durante a evacuação,
RHA diminuídos, evacuação Desidratação, hábitos
com fezes duras e
ausente há dois dias (rotina tem Constipação alimentares deficientes,
frequência diminuída,
sido evacuar a cada quatro ou fraqueza nos músculos
mudanças nos ruídos
cinco dias) abdominais
abdominais
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Resumo
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Exercícios
Questão 1. (FCC/TRT, 2017) Para orientação de familiares quanto aos cuidados com idoso acamado
que apresenta úlcera por pressão − UPP na região sacral em estágio I, ao reposicionar o idoso no leito,
recomenda‑se:
A) Alternativa correta.
Justificativa: a elevação do corpo pode ser feita por dispositivo mecânico (cama) ou com o auxílio
de forro móvel.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: deve‑se elevar o corpo do idoso com uso de forro móvel para prevenir lesões; quanto
menos se movimentar o corpo do idoso, maior será a prevenção.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: deve‑se evitar o risco de fricção ou forças de cisalhamento. O paciente deve ser
posicionado de forma que seu peso seja distribuído pelo corpo, evitando pontos de pressão; é importante
ensinar o paciente e se sentar em uma posição que possibilite tal distribuição de peso. A ferida deve ser
limpa diariamente, para haver um controle da carga bacteriana.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: o correto é manter o idoso em posição elevada para evitar a pressão na ferida.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: deve‑se manter a cabeceira do leito elevada com o idoso em posição sentada, para
evitar forças de fricção ou cisalhamento.
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A) Alternativa incorreta.
Justificativa: uma pressão sistólica menor que 120 mmHg e diastólica menor que 80 mmHg é
considerada ótima.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: uma pressão sistólica maior que 130-135 mmHg e diastólica menor que 90 mmHg é
considerada limítrofe.
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C) Alternativa incorreta.
Justificativa: uma pressão sistólica igual a 139 mmHg e diastólica igual a 85 mmHg é considerada
limítrofe.
D) Alternativa correta.
Justificativa: uma pressão sistólica entre 140-159 mmHg e diastólica entre 90-99 mmHg é
considerada estágio I.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: uma pressão sistólica maior ou igual a 140 mmHg e diastólica menor que 90 mmHg é
considerada limítrofe.
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