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da Fisioterapia
Autoras: Profa. Cinthia Santos Miotto de Amorim
Profa. Juliana Ferreira de Andrade
Colaboradoras: Profa. Roberta Pasqualucci Ronca
Profa. Laura Cristina da Cruz Dominiciano
Professoras conteudistas: Cinthia Santos Miotto de Amorim /
Juliana Ferreira de Andrade
É professora do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP) em diversos campi de São
Paulo e no campus Alphaville. Atua também como professora conteudista da graduação em Fisioterapia da UNIP
Interativa. Desde 2017, é doutora em Ciências da Reabilitação pela Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo (FMUSP); em 2010, se especializou em Fisioterapia nas Afecções da Coluna Vertebral pela Faculdade de
Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP); formou‑se em Reeducação Postural Global (RPG) e em
Stretching Global Ativo (SGA) pelo Instituto Philippe Souchard (2008 e 2007) e se graduou em Fisioterapia pelo
Centro Universitário São Camilo (2006). Atua como professora convidada do curso de graduação em Fisioterapia da
Universidade de São Paulo (USP) em disciplinas como Introdução à Fisioterapia. Atua também na prática clínica e
em pesquisas, como revisora de periódicos nacionais e internacionais e na orientação de Iniciação Científica (IC) e
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na UNIP em diversas áreas: evolução histórica da fisioterapia, biomecânica,
cinesioterapia, semiologia aplicada à fisioterapia e avaliação funcional, bem como no bruxismo, disfunção
temporomandibular, dor, coluna vertebral e postura.
É professora do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP) em diversos campi de São
Paulo e nos campi Alphaville e Jundiaí. Atua também como professora conteudista da graduação em Fisioterapia da
UNIP Interativa. É mestre em Bioética pelo Centro Universitário São Camilo (2016), se especializou em Fisioterapia
Cardiorrespiratória pela Universidade Metodista de São Paulo (2005) e se graduou em Fisioterapia pelo Centro
Universitário São Camilo (2002). Atua como professora convidada do curso de pós‑graduação em Geriatria, na
disciplina de Bioética do Envelhecimento, na orientação de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na UNIP nas áreas:
fisioterapia respiratória adulto, pediátrica e neonatal, e bioética.
CDU 615.8
U504.34 – 20
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Ingrid Lourenço
Lucas Ricardi
Sumário
Evolução Histórica da Fisioterapia
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................9
Unidade I
1 FISIOTERAPIA...................................................................................................................................................... 11
1.1 O que é fisioterapia?............................................................................................................................ 11
1.2 Qual é o símbolo oficial da fisioterapia?...................................................................................... 16
1.3 Quem é o profissional fisioterapeuta?.......................................................................................... 19
1.4 Decreto‑Lei n. 938 (1969).................................................................................................................. 21
1.5 Lei n. 8.856 (1994)................................................................................................................................ 22
1.6 Lei n. 6.316 (1975)................................................................................................................................ 24
1.6.1 Coffito.......................................................................................................................................................... 25
1.6.2 Crefitos......................................................................................................................................................... 26
1.6.3 Departamento de Fiscalização (Defis)............................................................................................. 30
1.7 Resoluções do Coffito......................................................................................................................... 31
1.7.1 Resolução n. 468 (2016) – registro profissional.......................................................................... 31
1.7.2 Resolução n. 052 (1985) – registro profissional docente........................................................ 32
1.7.3 Resolução n. 487 (2017) – anuidade............................................................................................... 33
1.7.4 Resolução n. 483 (2013) – recadastramento nacional............................................................. 33
1.7.5 Resolução n. 131 (1991) – diplomas no estrangeiro................................................................. 34
1.8 Entidades de classe............................................................................................................................... 36
1.8.1 Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais (Sinfito).................................... 36
1.8.2 Associação de Fisioterapeutas do Brasil (AFB)............................................................................. 39
1.8.3 World Confederation of Physical Therapy (WCPT)..................................................................... 42
2 HISTÓRIA DA REABILITAÇÃO NO MUNDO E DA FISIOTERAPIA NO BRASIL.............................. 43
2.1 História da reabilitação....................................................................................................................... 43
2.1.1 Antiguidade................................................................................................................................................ 44
2.1.2 Idade Média............................................................................................................................................... 46
2.1.3 Renascimento............................................................................................................................................ 47
2.1.4 Industrialização........................................................................................................................................ 48
2.1.5 Fisioterapia na Idade Contemporânea............................................................................................ 49
2.2 História da fisioterapia no Brasil..................................................................................................... 52
Unidade II
3 ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS E ÁREAS DE ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA.................................. 61
3.1 Áreas de atuação da fisioterapia clínica...................................................................................... 61
3.2 Áreas de atuação da fisioterapia na saúde coletiva................................................................ 61
3.3 Áreas de atuação da fisioterapia na educação......................................................................... 62
3.4 Áreas de atuação da fisioterapia no esporte............................................................................. 64
3.5 Áreas de atuação da fisioterapia em equipamentos e produtos próprios..................... 65
4 ESPECIALIDADES RECONHECIDAS PELO COFFITO............................................................................... 66
4.1 Especialidade profissional de fisioterapia em gerontologia................................................ 68
4.2 Especialidade profissional de fisioterapia do trabalho........................................................... 68
4.2.1 Perícia fisioterapêutica e a atuação do perito............................................................................. 69
4.3 Especialidade profissional em acupuntura e medicina tradicional
chinesa (MTC)................................................................................................................................................. 70
4.3.1 Prática da auriculoterapia pelo fisioterapeuta............................................................................ 72
4.4 Especialidade profissional de fisioterapia cardiovascular..................................................... 73
4.5 Especialidade profissional de fisioterapia aquática................................................................. 74
4.6 Especialidade profissional de fisioterapia na saúde da mulher.......................................... 76
4.7 Especialidade profissional em osteopatia................................................................................... 77
4.8 Especialidade de fisioterapia traumato‑ortopédica funcional........................................... 78
Unidade III
5 FORMAÇÃO PROFISSIONAL.......................................................................................................................... 85
5.1 Breve histórico da fisioterapia no Brasil...................................................................................... 85
5.2 Diretrizes curriculares do curso de Fisioterapia........................................................................ 86
5.3 Estágio curricular.................................................................................................................................. 90
6 ME FORMEI, E AGORA? COMO PROCEDER PARA EXERCER LEGALMENTE
MINHA PROFISSÃO?........................................................................................................................................... 93
6.1 Referencial Nacional de Procedimentos Fisioterapêuticos (RNPF) e
parâmetros assistenciais............................................................................................................................ 95
6.2 Código de Ética Profissional............................................................................................................. 98
Unidade IV
7 AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA E RECURSOS FISIOTERAPÊUTICOS...........................................108
7.1 Anamnese...............................................................................................................................................108
7.1.1 Sinais vitais............................................................................................................................................... 110
7.1.2 Avaliação do nível de consciência..................................................................................................112
7.1.3 Exame físico.............................................................................................................................................113
7.1.4 Modelo de ficha de avaliação fisioterapêutica.......................................................................... 119
7.1.5 Prontuários.............................................................................................................................................. 128
8 RECURSOS FISIOTERAPÊUTICOS...............................................................................................................129
8.1 Cinesioterapia.......................................................................................................................................130
8.1.1 Mecanoterapia........................................................................................................................................131
8.1.2 Massoterapia...........................................................................................................................................131
8.1.3 Hidroterapia............................................................................................................................................ 132
8.1.4 Eletroterapia............................................................................................................................................ 132
8.1.5 Termoterapia e fototerapia............................................................................................................... 136
8.1.6 Estimulação transcraniana................................................................................................................ 136
8.1.7 Práticas complementares/integrativas de saúde..................................................................... 137
8.1.8 Treinamento funcional....................................................................................................................... 139
8.1.9 Pilates........................................................................................................................................................ 139
8.1.10 Equoterapia........................................................................................................................................... 140
8.1.11 Reeducação postural global (RPG).............................................................................................. 140
8.1.12 Osteopatia..............................................................................................................................................141
8.1.13 Acupuntura........................................................................................................................................... 142
8.1.14 Kabat/Bobath....................................................................................................................................... 143
8.2 Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF)..............144
APRESENTAÇÃO
Os objetivos gerais da disciplina são apresentar a história da fisioterapia, juntamente com as suas
áreas de atuação e as condutas no tratamento fisioterapêutico; possibilitar a compreensão do que
representa a profissão e sua importância para a sociedade; e capacitar o graduando a desenvolver e
exercer um comportamento profissional adequado, sustentado nos códigos morais e na legislação.
Nesta disciplina, você poderá entender a trajetória da fisioterapia pelo mundo e sua evolução no
Brasil, bem como as disciplinas determinadas pelo Ministério da Educação, a importância da realização
de um estágio curricular para sua atuação profissional após o seu devido registro no Conselho de Classe
de sua região e conhecimento do Código de Ética para se tornar um profissional ético e humano,
respeitando sempre seu paciente em todas as suas dimensões e resguardando as informações que lhe
forem confidenciadas ou os dados que forem colhidos.
INTRODUÇÃO
Cada uma das unidades deste livro‑texto apresenta uma particularidade do tema e foi organizada
tendo em vista facilitar seu percurso dentro da temática.
Posteriormente, o objetivo será entender as diretrizes curriculares de seu curso, as disciplinas e suas
relações com a prática profissional desenvolvida no estágio curricular de caráter obrigatório e as suas
obrigações éticas e disciplinares após a conclusão do curso por meio do conhecimento do Código de
Ética da Fisioterapia e dos procedimentos necessários para adquirir o seu registro profissional e então
exercer a profissão legalmente.
9
Finalmente, será abordada a importância de uma avaliação fisioterapêutica, bem como os recursos
que podem ser utilizados pelo profissional após o estabelecimento de seus objetivos de tratamento.
Devemos lembrar que a avaliação fisioterapêutica deverá ser completa, com uma anamnese bem
detalhada e um exame físico completo.
10
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
Unidade I
1 FISIOTERAPIA
É provável que, pelo menos uma vez na vida, você já foi ou conhece alguém que tenha ido ao
fisioterapeuta. Mas será que todos os usuários dos serviços de fisioterapia sabem realmente de que se
trata essa profissão, que em 2019 completou 50 anos de existência no Brasil?
Embora até mesmo nos dias atuais existam algumas pessoas que não sabem responder o que faz o
fisioterapeuta e outras falem que a função desse profissional se limita a fazer massagem, esse panorama
começa a mudar.
Além disso, a fisioterapia é a ciência que tem como objeto de estudo o movimento humano em
todas as suas formas de expressão e potencialidades. Então, além de estudar, diagnosticar e reabilitar
indivíduos com distúrbios cinéticos funcionais que ocorrem em órgãos e sistemas do corpo humano, a
fisioterapia previne e promove a saúde, definida como um estado completo de bem‑estar físico, psíquico
e social, e não simplesmente a ausência de doenças e enfermidades (SEGRE; FERRAZ, 1997).
11
Unidade I
Observação
Estes distúrbios podem ser gerados por alterações genéticas, traumas ou doenças adquiridas que afetam
a saúde de modo geral e podem, dessa forma, desencadear repercussões biopsicossociais, que referem
tanto aos fatores biológicos ou físicos quanto aos psíquicos ou emocionais e/ou sociais de um ser humano.
Além, disso, doença é definida como ausência de saúde e um processo patológico caracterizado por sinais
e sintomas que podem afetar o corpo todo ou alguma de suas partes (CZERESNIA; FREITAS, 2009).
Exemplo de aplicação
A paralisia cerebral (PC) é uma doença crônica cujo aparecimento ocorre na infância. Ela limita as
funções motoras em longo prazo de forma leve, moderada ou severa. No Brasil, de mil crianças nascidas
vivas, em torno de sete têm a doença (SILVA, 2019).
Reflita: a PC requer ou não um tratamento especial e eficaz, como a fisioterapia, para a sua
reabilitação?
SILVA, G. G.; ROMÃO, J.; ANDRADE, E. G. S. Paralisia cerebral e o impacto do diagnóstico para a família.
Revista de Iniciação Científica e Extensão, v. 2, n. 1, p. 4-10, 27 jan. 2019. Disponível em: https://revistasfacesa.
senaaires.com.br/index.php/iniciacao-cientifica/article/view/131/89. Acesso em: 31 jul. 2019.
12
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
Exemplo de aplicação
Será que a fisioterapia pode contribuir não só no acompanhamento destas crianças e de suas
famílias, mas também na prevenção de novos casos e na promoção da saúde?
Para saber mais sobre microcefalia, leia a cartilha desenvolvida pelo Conselho Federal de fisioterapia
e de Terapia Ocupacional (Coffito):
Figura 4 – Microcefalia
13
Unidade I
Exemplo de aplicação
Cerca de 10 mil pessoas por ano ficam incapacitadas de se movimentarem e até de se locomoverem
devido a lesões na medula espinhal, causadas principalmente por traumas, como acidentes de carro,
quedas de grandes alturas ou violência (CEREZETTI et al., 2012).
Em 2014, a ex‑ginasta brasileira Lais Souza sofreu um acidente enquanto esquiava. A lesão que
acometeu a medula espinhal de Lais ocorreu na região da coluna cervical, o que ocasionou, além de
outras complicações, que ela ficasse tetraplégica, ou seja, paralisada do pescoço para baixo.
Em entrevista, a ex‑ginasta relatou que foi o amor à vida que a fez reerguer. E que é esse
sentimento que a faz reencontrar a adrenalina que a instiga a cada atendimento de fisioterapia. Ela
mencionou também que o seu processo de recuperação não foi nada fácil, pois ela levou três meses
para recuperar a voz e parar de usar plaquinhas para que as pessoas soubessem o que ela queria
dizer. Depois, começou a sentar e tenta, todos os dias, dar um passo para a sua recuperação. No ano
passado, quando usou o Orthowalk, um robozinho fisioterápico que lhe permitiu ficar em pé, sentiu o
mesmo de quando praticava ginástica artística. Aquela experiência lhe deu asas e fez aumentar, ainda
mais, a sua esperança em uma evolução cada vez maior.
Reflita sobre as formas por meio das quais você percebe que a fisioterapia faz a diferença na vida
das pessoas.
Exemplo de aplicação
Você já ouviu falar em prematuridade? Prematuro é o bebê pré‑termo, que nasce antes das
37 semanas completas de gestação (CHAGAS, 2009). Para a intervenção precoce da fisioterapia como
forma de diminuir consideravelmente as chances de alto risco para problemas de desenvolvimento, de
0 a 1 ano é a idade “diamante”; e de 1 a 2 anos é a idade “ouro”. Portanto, a fisioterapia, ao mesclar
diversas técnicas, é fundamental para evitar sequelas, prevenir e promover a saúde dessas crianças em
curto, médio e longo prazo.
Reflita acerca dessa importante e linda área de atuação do fisioterapeuta, a neonatologia, que assim
como as áreas pediátrica e adulta, serão abordadas com maior profundidade no decorrer do curso,
principalmente no momento em que você estudará sobre fisioterapia em terapia intensiva.
Leia o artigo a seguir, para saber um pouco mais sobre a área neonatal da fisioterapia:
14
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
Sendo assim, é importante ressaltar que a fisioterapia tem como objetivo não apenas restabelecer,
reabilitar, restaurar ou desenvolver a integridade dos órgãos, sistemas e/ou funções, mas também visa
manter, preservar e promover a saúde e qualidade de vida aos indivíduos.
Lembrete
Propõe‑se, nesta etapa, uma atividade. Imagine que já se passaram os quatro anos de graduação e
agora, como fisioterapeuta formado, você faz a sua oração. Veja em que consiste:
Oração da fisioterapia
15
Unidade I
Não é fácil, Senhor, não é nada fácil viver este juramento na rotina sempre repetida da vida
de um fisioterapeuta: avaliando… tratando… reavaliando… tratando… acompanhando passo a
passo a recuperação, às vezes lenta, dos pacientes. Contudo, Senhor, eu quero ser fisioterapeuta…
Que todo aquele que me procura em busca de cura física encontre em mim algo mais
que o profissional…
Que eu saiba parar para ouvi‑lo… sentar junto ao seu leito para animá‑lo…
É muito importante, Senhor: que eu não perca a capacidade de chorar. Que eu saiba ser
fisioterapeuta. . .alguém junto de alguém…
Propõe‑se mais uma atividade de imaginação. Desta vez, tente se imaginar no dia da sua
formatura. Nesta ocasião, você participa do juramento solene em que promete praticar a fisioterapia
da seguinte forma:
Juramento da fisioterapia
Juro, por Deus e minha família, diante de meus mestres que me dedicarei à fisioterapia
com honra, dignidade, respeitando a vida humana desde a concepção até a morte, jamais
cooperando em ato que voluntariamente se atente contra ela, ou que coloque em risco
a integridade física, psíquica e social do ser humano; dispondo todo meu conhecimento,
talento e inteligência para a promoção, proteção e recuperação da saúde. Repassarei meus
conhecimentos sempre que se fizer necessário e agirei com humildade e honestidade.
Assim, eu juro.
16
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
O símbolo da fisioterapia foi aprovado e oficializado pela Resolução n. 232 do Coffito, de 2002.
Observação
A composição é formada por duas serpentes entrelaçadas em espiral em volta de um raio. Essa imagem
está inserida em uma moldura chamada de camafeu (do latim cammaeus) que, embora não demonstrado
na figura anterior, deve conter também a inscrição da palavra fisioterapia ou fisioterapeuta.
• As serpentes: as duas serpentes são associadas à ciência e sabedoria, bem como à transmissão
e utilização do conhecimento compreendido de forma sábia. Estão entrelaçadas para demonstrar
elo ou integração entre os atributos da natureza – humana, social e profissional. A cor verde
predominante simboliza a saúde.
17
Unidade I
• O raio: identifica valores e práticas corretas da vida e por estar entre as serpentes, remete também
à união entre a consciência individual e as técnicas utilizadas na fisioterapia. Curiosamente,
as técnicas elétricas foram os primeiros recursos terapêuticos utilizados pela profissão. A cor
amarelo‑ouro simboliza a luz, claridade e brilho intenso.
• O camafeu: a palavra significa pedra esculpida ou entalhada. Podemos nos referir ao elemento
como uma moldura ou elipse em fundo branco, que representa a solidez da profissão.
Além disso, de acordo com a Resolução n. 232 do Coffito (2002) citada anteriormente, esse símbolo
tem seu uso autorizado:
• nas Forças Armadas, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares como símbolo profissional
de indivíduo com patente de oficial, graduado em grau universitário superior em Fisioterapia;
• por pessoas físicas ou jurídicas, desde que expressamente autorizadas pelo Coffito.
Há quem diga que o símbolo da fisioterapia deveria incluir as mãos, visto que esse membro tão especial
do corpo humano constitui um recurso terapêutico muito importante e utilizado pelos profissionais.
Saiba mais
A importância do uso das mãos no trabalho do fisioterapeuta nos faz lembrar um poema, disposto
a seguir.
As mãos do fisioterapeuta
18
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
O fisioterapeuta é o profissional da saúde com formação acadêmica superior, capacitado para atuar
em todos os níveis de atenção à saúde e em diversas áreas, como veremos adiante.
Observação
Pode‑se dizer também que o fisioterapeuta é o profissional habilitado a realizar uma avaliação
específica; elaborar o diagnóstico dos distúrbios cinéticos funcionais; prescrever, ordenar e induzir
as condutas fisioterapêuticas; bem como acompanhar a evolução do quadro clínico ou dos sinais e
sintomas do paciente e estabelecer as condições para alta do serviço fisioterapêutico.
19
Unidade I
Nesta disciplina, você já terá uma prévia do que compreende avaliação e diagnóstico fisioterapêuticos
e conhecerá alguns recursos próprios da profissão.
Observação
Observação
Figura 8
20
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
Exemplo de aplicação
Na maioria das vezes, as respostas aos questionamentos feitos a estudantes de Fisioterapia sobre
o que mais os encanta na carreira profissional foram associadas ao amor ao próximo, à relação
terapeuta‑paciente, ao ato de ajudar, à empatia e à paciência, qualidades importantes para o profissional,
mas principalmente para o ser humano que ele é. Para refletir ainda mais sobre essas qualidades e a
relação terapeuta‑paciente, assista a dois filmes:
INTOCÁVEIS. Dir. Olivier Nakache; Éric Toledano. França: Gaumont, 2011. 112 minutos.
PATCH Adams: o amor é contagioso. Dir. EUA: Blue Wolf, 1998. 115 minutos.
Depois, escreva as cenas nas quais, em sua opinião, essas qualidades e relações ficaram mais evidentes.
Um dos documentos oficiais mais importantes da fisioterapia, que assegura o exercício da profissão,
é o Decreto‑Lei n. 938, de 13 de outubro de 1969, que posteriormente foi estabelecido como Dia do
Fisioterapeuta. Nestas décadas de regulamentação, é fato que a profissão cresceu muito, técnica, social
e cientificamente.
Neste documento, elaborado durante o período do regime militar no Brasil pelos ministros da Marinha
de Guerra, Exército e Aeronáutica Militar, o fisioterapeuta diplomado em escolas e cursos reconhecidos
pelo Ministério da Educação (MEC) tornou‑se um profissional de nível superior.
Observação
Esse Decreto‑Lei ainda confirma que é atividade privativa do fisioterapeuta executar métodos e
técnicas próprias com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do paciente.
E acrescenta que em seu campo de atividades específicas, o fisioterapeuta pode dirigir serviços em órgãos
e estabelecimentos públicos ou particulares ou assessorá‑los tecnicamente, exercer o magistério nas
disciplinas de formação básica ou profissional, de nível superior ou médio e supervisionar profissionais
e alunos em trabalhos técnicos e práticos.
Além disso, o Decreto‑lei atesta que os profissionais diplomados em escolas estrangeiras devidamente
reconhecidas no país de origem podem revalidar seus diplomas. Maiores informações sobre isso são
encontradas na Resolução n. 131 (1991).
21
Unidade I
Saiba mais
Saiba mais
Há alguns anos foi realizada uma pesquisa com o objetivo de traçar o perfil do fisioterapeuta no
estado de São Paulo. O resultado foi que dos 2.323 fisioterapeutas participantes, em torno de 60% tinha
conhecimento da regulação da carga horária que compõe a jornada de trabalho máxima de 30 horas
semanais (SHIWA, SCHMITT; JOÃO, 2016).
Isso quer dizer que o restante, aproximadamente 40% dos profissionais, desconhecia esta lei
importante para a profissão, mesmo depois de 22 anos da sua aprovação.
Quando lhe perguntarem qual é a jornada semanal de trabalho do fisioterapeuta, o que você
responderá? Essa informação também será valiosa para você após a sua formação acadêmica, ao
ingressar no mundo do trabalho da fisioterapia.
22
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
Exemplo de aplicação
No site do Crefito‑3 (3ª Região), que tem o Estado de São Paulo como área de jurisdição – território
sobre o qual determinada autoridade exerce poder –, foram divulgadas notícias sobre editais de concursos
públicos com cargas horárias semanais superiores às estipuladas por lei.
• A Prefeitura do município de Tatuí, em São Paulo, publicou edital de concurso (n. 01/2019) com
carga horária de 44 horas semanais para fisioterapeutas. Veja a reportagem na íntegra:
CREFITO-3. Crefito-3 notifica Prefeitura de Tatuí para retificação de edital de concurso. Brasília,
2019b. Disponível em: http://www.crefito3.org.br/dsn/noticias.asp?codnot=3233. Acesso em:
31 jul. 2019.
• As prefeituras municipais de Itapevi, Santa Bárbara D’Oeste e Porto Ferreira em São Paulo
publicaram os respectivos editais de concurso público: n. 01, 02 e 03/2018 em que constavam
cargas horárias para vagas de fisioterapeuta também acima do que está previsto na lei. Confira
reportagem na íntegra:
• Outros exemplos similares ocorreram em três municípios também de São Paulo: São João da Boa
Vista, Angatuba e Sebastianópolis do Sul. Seus editais de concurso previam 40 horas de trabalho
semanais para o fisioterapeuta. Veja essa notícia em:
CREFITO-3. Outra vez, a carga horária de 40 horas para e fisioterapia terapia ocupacional.
Brasília, 2018. Disponível em: http://www.crefito3.org.br/dsn/noticias.asp?codnot=2941. Acesso
em: 31 jul. 2019.
Após notificação do Crefito, será que as prefeituras tiveram que retificar a carga horária
do edital sem redução da remuneração? Por que vêm ocorrendo esses descumprimentos da
legislação vigente? Será que essa é uma realidade apenas de municípios do estado de São Paulo
ou de outros também?
Pesquise em fontes confiáveis, como nos sites dos Crefitos e Coffito, e reflita a respeito disso.
23
Unidade I
Observação
Em 17 de dezembro de 1975, o então presidente Ernesto Geisel sancionou a Lei n. 6.316, que constituiu
e ainda constitui um instrumento fundamental para a fiscalização do exercício da fisioterapia. Essa lei
criou o Coffito e os Crefitos, compostos por membros eleitos efetivos e suplentes com mandato de
quatro anos, e determinou suas respectivas competências.
Em conjunto, o Coffito e os Crefitos constituem uma autarquia federal que inicialmente foi vinculada
ao Ministério do Trabalho. Porém, com a Lei n. 9.098 (1995) ocorreu o desvinculamento.
Saiba mais
24
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
1.6.1 Coffito
Saiba mais
Portanto, o Coffito possui um rico histórico de luta em prol dos interesses da saúde e do bem‑estar
do povo brasileiro e atualmente continua se dedicando a fomentar a boa formação técnica e humanista
do fisioterapeuta e a defender sua inserção profissional nos diversos ambientes no mundo do trabalho,
para que a sociedade possa receber serviços resolutivos e de excelência.
Além de zelar pelo cumprimento ético, o Coffito atua em uma série de frentes estratégicas em prol
dos serviços de fisioterapia na sociedade e do seu crescimento científico.
25
Unidade I
Saiba mais
http://www.coffito.gov.br.
1.6.2 Crefitos
Os 16 Crefitos representam regionalmente o órgão máximo federal, que, como vimos, é o Coffito.
Eles estão sediados em capitais de Estados brasileiros ou áreas de jurisdição.
Exemplo de aplicação
O Crefito‑3 já citado, possui como área de jurisdição, o Estado de São Paulo e está sediado na Rua
Cincinato Braga, 277 – Bela Vista – CEP 01333‑011 – São Paulo/SP e o telefone é 0800‑750.5900.
Explore, nos sites a seguir, as áreas de jurisdição, localizações e contatos dos outros 15 Conselhos
Regionais de fisioterapia de todas as regiões do Brasil.
Crefito 1 – www.crefito1.org.br
Crefito 2 – www.crefito2.gov.br
Crefito 4 – www.crefito4.org.br
Crefito 5 – www.crefito5.org.br
Crefito 6 – www.crefito6.org.br
Crefito 7 – www.crefito7.gov.br
Crefito 8 – www.crefito8.org.br
Crefito 9 – www.crefito9.org.br
Crefito 10 – www.crefito10.org.br
Crefito 11 – www.crefito11.gov.br
Crefito 12 – www.crefito12.org.br
Crefito 13 – www.crefito13.org.br
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
Crefito 14 – www.crefito14.org.br
Crefito 15 – www.crefito15.org.br
Crefito 16 – www.crefito16.gov.br
Dentre as 15 competências dos Crefitos determinadas na Lei n. 6.316 (1975), veja as seguintes:
Até agora, você conseguiu notar diferenças e semelhanças entre o Coffito e os Crefitos? Você deve
ter percebido que estimular a exação no exercício profissional, velando pelo prestígio e bom conceito ou
bom nome dos que a exercem, é uma das competências comuns.
É importante destacar que o livre exercício da profissão em todo o território nacional somente é
permitido ao portador da carteira profissional, que, embora tenha seu modelo instituído pelo Coffito,
é expedida pelo Crefito da área de jurisdição onde o registro foi feito.
Observação
De acordo com a lei que estamos tratando, pode‑se dizer que sim.
Primeiramente, é preciso verificar se a área de jurisdição dos Conselhos é a
mesma ou não, pois alguns Crefitos abrangem mais de um estado.
27
Unidade I
Outro ponto relevante descrito na Lei que estamos considerando, a n. 6.316 (1975), é sobre
a anuidade, cujo valor é fixado pelo Coffito e cuja arrecadação ou cobrança é feita pelo Crefito da
respectiva jurisdição.
Por fim, a Lei aborda a questão das infrações. Infringir significa basicamente transgredir ou
desrespeitar. O que constituem algumas infrações ou transgressões do profissional fisioterapeuta
sujeitos à advertência, repreensão, multa, suspensão ou até ao cancelamento do registro dependendo
da situação? A seguir, são listadas as infrações mencionadas na Lei n. 6.316 (BRASIL, 1975):
• Facilitar, por qualquer meio, o exercício profissional aos que não são registrados ou aos leigos.
• Praticar ato que a Lei defina como crime ou contravenção (infração penal de menor gravidade
que um crime).
• Depois de notificado, não cumprir determinação emitida pelo Crefito no prazo determinado.
28
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
Lembrete
Exemplo de aplicação
No primeiro semestre de 2019, alguns Crefitos publicaram notícias que relatavam histórias de falsos
profissionais em diversas partes do país.
• Segundo matéria publicada no site do Crefito‑3, em 2019 foram descobertos mais de seis leigos
que prestavam assistência fisioterapêutica nas áreas de reumatologia e ortopedia a pacientes em
clínicas da capital de São Paulo e em São Caetano do Sul, São José dos Campos e Ribeirão Preto;
em alguns casos, com conivência de outros fisioterapeutas. Alguns desses falsos fisioterapeutas
haviam cursado somente alguns semestres em cursos de graduação em Fisioterapia e uma tinha
formação em Administração de Empresas. Acesse a reportagem completa:
CREFITO-3. Falsos fisioterapeutas: mais seis casos são denunciados ao Ministério Público pelo
Crefito-3. Brasília: 2019c. Disponível em: http://crefito3.org.br/dsn/noticias.asp?codnot=3212.
Acesso em: 9 set. 2019.
29
Unidade I
• Outro caso noticiado no site do Crefito‑4 foi de uma falsa fisioterapeuta prestando atendimento
em sua clínica em Minas Gerais. No momento da abordagem, a suposta fisioterapeuta afirmou
ser a única profissional responsável pelo local. Foram localizados carimbo, cartões de visitas,
banners, receituário e prontuários carimbados por ela, com numeração falsa do Crefito, além de
um diploma de graduação em fisioterapia e de outro curso falsificados. Ela foi presa por falsidade
ideológica e exercício ilegal da profissão. Acesse a reportagem completa:
CREFITO-4. Falsa fisioterapeuta é flagrada atuando no sul de Minas. Brasília, 2019b. Disponível
em: http://crefito4.org.br/site/2019/05/29/falsa-fisioterapeuta-e-flagrada-atuando-no-sul-de-
minas/. Acesso em: 9 set. 2019.
1) Quais danos à saúde dos usuários esses serviços podem ter causado?
Diante dessas e de outras infrações, é importante que usuários, fisioterapeutas e outros profissionais
da área da saúde entrem em contato com o Crefito de sua jurisdição sempre que notarem alguma
irregularidade no exercício da fisioterapia.
Ressalta‑se que todas as denúncias são devidamente apuradas pelo Departamento dos Crefitos
especializado na fiscalização e proteção da sociedade de falsos fisioterapeutas e de outras más
práticas profissionais.
O Departamento de Fiscalização foi criado pela Resolução do Coffito n. 194 (1998), que aprovou
o seu estabelecimento na estrutura dos Crefitos. Desta forma, o Defis passou a integrar o regimento
interno dos Crefitos, se tornando parte inerente desses Conselhos. É composto por um coordenador
geral, dois membros, designados entre membros do colegiado, agentes fiscais, funcionários ou
profissionais fisioterapeutas especialmente convidados, indicados e supervisionados pelo próprio
presidente do Crefito.
De acordo com a Resolução n. 194 (1998), as atribuições do Defis são: sistematizar a programação e
custeio da fiscalização, bem como o roteiro a ser cumprido pelos agentes fiscais; supervisioná‑los em sua
atuação; e avaliar, analisar e dar parecer no processo administrativo‑fiscalizador. Os atos fiscalizatórios
do Defis se limitam ao estado sede e/ou estado(s) integrante(s) de sua jurisdição.
30
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
Saiba mais
Portanto, o Defis cumpre a função principal do Conselho Regional, isto é, fiscalizar o exercício da
profissão de fisioterapia. Isso envolve manter a constante vigilância sobre os serviços de fisioterapia
oferecidos por profissionais, instituições públicas e privadas, zelando pela segurança, qualidade e ética
no atendimento prestado à população dentro da área de jurisdição.
Exemplo de aplicação
No site do Crefito‑3, algumas das principais infrações observadas no estado de São Paulo foram:
ausência de inscrição e de documentação profissional; fisioterapeuta que facilita exercício ilegal da
profissão; leigo praticando ato privativo e carga horária acima de 30 horas semanais.
Releia algumas das infrações descritas na Lei n. 6.316 (1975) que mencionamos previamente e
lembre‑se de quão importante é denunciá‑las ao Crefito da sua jurisdição.
A Resolução n. 468 (2016) dispõe sobre o registro profissional que mencionamos antes e que é
realizado para o portador de diploma ou certidão de conclusão de graduação, bacharelado em fisioterapia,
em curso autorizado pelo MEC. Além do diploma, para o registro são necessários também a colação de
grau e o histórico acadêmico.
A universidade está preparada para oferecer aos graduandos todos os documentos e ajudar nos
procedimentos necessários para que o seu registro profissional junto ao Crefito da área de sua jurisdição
seja realizado após a sua formação.
Sabemos que você não vê a hora de se registrar profissionalmente e receber sua carteira de
identificação profissional de fisioterapeuta para começar a pôr em prática oficialmente tudo o
que aprendeu na graduação. Aproveite bem esse momento único e faça dele um dos melhores
da sua trajetória.
31
Unidade I
Saiba mais
Além disso, a Lei n. 6.316 (1975) estabelece que o livre exercício da profissão em todo o território
nacional é permitido ao profissional inscrito no Crefito e portador da carteira profissional, podendo
assim exercer livremente a atividade de magistério.
Observação
Desta forma, desde 1985 a Resolução n. 052 já tornava obrigatório o registro do fisioterapeuta que
exerce o magistério junto ao Crefito de sua jurisdição, visto que dele se exigem conhecimentos técnicos,
práticos e teóricos, alcançados através do exercício profissional contínuo.
Portanto, não será por se tornar professor que o profissional deixará de se tornar fisioterapeuta.
Afinal, no ensino de suas disciplinas, o professor, via de regra, também age como efetivo profissional.
Deste modo, ressalta‑se que os fisioterapeutas necessitam de registro perante o Crefito para exercer o
magistério e estão, consequentemente, sujeitos também ao pagamento da anuidade.
Saiba mais
32
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
O valor da anuidade é fixado pelo Coffito pela Resolução n. 487 (2017) e arrecadado pelos Crefitos.
As Resoluções são sempre atualizadas no decorrer do tempo e é muito importante estar a par delas por
meio da consulta constante de informações em sites confiáveis.
A fixação e arrecadação das anuidades pelos fisioterapeutas acontecem devido a vários motivos:
• São considerados tributos.
• São indispensáveis para a existência da autarquia: Sistema Coffito/Crefitos.
• A organização e funcionamento dos serviços úteis à regulamentação e fiscalização do exercício
profissional dependem destas arrecadações.
Atualmente, o valor está fixado em R$ 475,00 (quatrocentos e setenta e cinco reais), mas quando
você se registrar pela primeira vez perante o Crefito, a anuidade será menor ou proporcional aos meses
em que começar a vigorar a sua inscrição.
A Resolução lhe assegura que se você realizar o pagamento à vista até os últimos dias úteis dos
meses de janeiro, fevereiro ou março, você terá descontos de 15%, 10% ou 5%, respectivamente. Se
preferir, poderá parcelar o valor em até cinco vezes, uma forma facilitada de você cumprir com a sua
obrigação, principalmente em início de carreira.
Saiba mais
Foi por meio da Resolução n. 438 (2013) que o Coffito iniciou um importante trabalho, que, entre
outros objetivos, unificou o cadastro de fisioterapeutas brasileiros e emitiu uma nova carteira de
identidade profissional.
Portanto, fique atento, pois atender à convocação para o recadastramento nacional constitui um ato
obrigatório por parte de todos os fisioterapeutas devidamente registrados e tem por objetivo atualizar
os dados pessoais e profissionais existentes junto ao Coffito e seus respectivos Crefitos.
De acordo com o Código de Ética, o fisioterapeuta deve manter seus dados cadastrais atualizados e
é obrigado a atender as convocações do Coffito e dos Crefitos.
33
Unidade I
Saiba mais
A Resolução n. 131 (1991) se refere aos diplomas de graduados no estrangeiro em cursos de Fisioterapia.
Quando abordamos o Decreto‑Lei n. 938 (1969), dissemos que os profissionais diplomados em escolas
estrangeiras devidamente reconhecidas no país de origem podem revalidar seus diplomas aqui no Brasil.
O profissional diplomado por Universidade com curso reconhecido com duração de no mínimo quatro
anos e máxima de oito é profissional de nível superior no Brasil; a revalidação de diplomas de graduados
no exterior exige uma isonomia ou igualdade de estudos superiores em instituições estrangeiras.
Sendo assim, cabe à instituição brasileira responsável pela revalidação constatar se o diploma
corresponde a estes estudos superiores; se a duração do curso é compatível com a mínima exigível no
Brasil e se será concedida ou não a aprovação do exercício profissional para o diplomado no estrangeiro.
Saiba mais
34
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
Observação
Saiba mais
35
Unidade I
Entidade de classe se refere a uma sociedade de empresas ou pessoas com forma e natureza jurídica
próprias, de natureza civil, sem fins lucrativos e não sujeita à falência, constituída para prestar serviços
aos seus associados.
Toda entidade de classe tem em comum a gratuidade do exercício de cargos eletivos, e os sindicatos,
as associações e as confederações são alguns de seus exemplos.
Você sabe diferenciar a atuação dos sindicatos, associações e confederações de fisioterapia? Conhecer
a função de cada entidade de classe é fundamental para o esclarecimento de dúvidas e resolução de
questionamentos ou problemas.
O sindicato é uma entidade sindical sem fins lucrativos que tem como objetivo representar uma
categoria profissional. No caso do Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais (Sinfito), sua
finalidade principal é defender os interesses individuais e coletivos dos profissionais na sua relação de
trabalho em suas respectivas bases territoriais.
De forma geral, o Sinfito luta pela melhoria das condições de trabalho, remuneração dos profissionais
e defesa da classe, garantindo todos os direitos trabalhistas previstos em lei.
Observação
Ressalta‑se que questões trabalhistas, como as que envolvem o piso salarial, são negociadas e
conquistadas pelo Sinfito de cada estado brasileiro, bem como pelo Sindicato Patronal junto à Justiça
de Trabalho por meio das Convenções Coletivas de Trabalho.
Você leu a expressão ”piso salarial”? Com certeza, ficou curioso para saber qual é o piso salarial do
fisioterapeuta. Como vimos, não há política nacional para o estabelecimento do piso. Pelo contrário,
os diferentes Sinfitos negociam e conquistam o valor digno da profissão em suas respectivas
bases territoriais. Por exemplo: em São Paulo, o piso salarial mínimo e atual do fisioterapeuta é de
aproximadamente R$ 3.000,00 (três mil reais), fora os 50% de adicional noturno.
36
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
Observação
Saiba mais
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Unidade I
Saiba mais
Sinfito‑SP:
E‑mail: sinfitosp@sinfitosp.org.br
Site: http://www.sinfitosp.org.br/
Fenafito:
E‑mail: fenafito@fenafito.com.br
Site: www.fenafito.com.br
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
Exemplo de aplicação
Uma pesquisa feita com a finalidade de traçar o perfil do fisioterapeuta do estado de São Paulo
mostrou que dos mais de 2.000 fisioterapeutas participantes, somente 13% responderam corretamente
o valor do piso salarial da época (SHIWA; SCHMITT; JOÃO, 2016).
Pesquise qual é o piso salarial mínimo e atual da região que você mora, bem como de outras. Acesse
os sites dos Sinfitos e confira:
COFFITO. Sindicatos. [s.d.]c. Disponível em: www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=3578. Acesso em: 16 out. 2019.
Uma associação é uma organização resultante da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou
sem personalidade jurídica, sem fins lucrativos para a realização de um objetivo comum.
Neste contexto, as diversas associações existentes na fisioterapia foram criadas para agregar
profissionais de determinada área, buscar o aprimoramento profissional por meio de cursos e congressos,
bem como divulgar e valorizar ainda mais a profissão.
Uma das associações principais da profissão é a Associação de Fisioterapeutas do Brasil (AFB), como é
conhecida desde 2005 e que se refere à anterior, a Associação Brasileira de Fisioterapeutas (ABF), criada
em 1959, reconhecida pela Associação Médica Brasileira (AMB) em 1962 e pela Confederação Mundial
de fisioterapia – em inglês, a World Confederation of Physical Therapy (WCPT) – em 1963 e reconhecida
como entidade pública em 1966.
Dessa forma, a participação da AFB nesses órgãos internacionais promove um intercâmbio científico
e cultural dos fisioterapeutas brasileiros com o mundo, além de cooperar com o desenvolvimento da
fisioterapia e promover a união dos fisioterapeutas.
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Unidade I
Saiba mais
www.afb.org.br
Observação
2013 → Ceará
2016 → Pernambuco
40
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
Exemplo de aplicação
Além da AFB, a fisioterapia possui outras associações responsáveis por agregar profissionais das mais
variadas áreas de atuação. Essas associações têm como objetivo o desenvolvimento profissional por
meio de eventos e cursos, além de promover a divulgação da profissão, com o intuito de proporcionar
oportunidades no mercado de trabalho aos associados e o fortalecimento das categorias.
41
Unidade I
A WCPT está empenhada em promover o crescimento da profissão e melhorar a saúde global e, por
isso, tem como principais finalidades:
A fim de atingir esses objetivos, a WCPT organiza congressos internacionais em diversas partes do mundo.
Saiba mais
https://www.wcpt.org.
Figura 16 – WCPT
42
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
Observação
2015 → Singapura
Convidamos você agora a viajar pelas diferentes épocas da história da profissão e a refletir sobre
como a fisioterapia foi definida e em que momento ocorreram as mudanças que a transformaram na
profissão que é conhecida hoje.
43
Unidade I
No entanto, com o marco da agricultura, cuja transição ocorreu em torno de 9500 a.C. a 8500 a.C. de
caçador‑coletor, o homem se tornou agricultor e teve que mudar completamente seu modo de vida, visto
que foi forçado a realizar novas tarefas que demandavam muito tempo e trabalho duro. Curiosamente,
a carga de trabalho diária passou a ser de, em média, 10 longas horas em troca de uma alimentação e
condições precárias, apesar do aumento total de alimentos advindo com a Revolução Agrícola. Desta
forma, em vez de pronunciar uma era de vida tranquila, a situação das pessoas ficou mais difícil e menos
gratificante que a dos seus ancestrais. O corpo do homem, incluindo a coluna, os joelhos, o pescoço e
as plantas dos pés, pagou o preço, pois os problemas de saúde começaram a aparecer (HARARI, 2018).
2.1.1 Antiguidade
Na Antiguidade ou Idade Antiga, período entre 4000 a.C. e 395 d.C., houve uma grande preocupação
com as doenças que eram consideradas como “diferenças incômodas”, as quais se referiam não só aos
aspectos orgânicos das doenças, mas também aos sociais, comportamentais e outros.
Observação
Você consegue se lembrar, pelos seus conhecimentos prévios de História em geral, de algum meio
físico usado pelo homem antigo? A água, luz, calor, peixe‑elétrico ou movimentos do corpo humano
foram alguns agentes físicos utilizados como técnicas, instrumentos, recursos e procedimentos com o
objetivo de reduzir ou acabar com as doenças.
Um exemplo é o brasileiro puraquê (Electrophorus electricus), que significa ”o que faz dormir ou o que
entorpece”, também conhecido como enguia, que pode chegar a mais de dois metros de comprimento e
ser capaz de emitir mais de 600 volts (v) numa única descarga elétrica, o que é o equivalente a mais de
cinco vezes a de uma tomada de 110 v.
Porém, pesquisas mostram que todas as outras espécies de peixes elétricos produzem descargas mais
fracas, que variam entre menos de 1 e 5 v. Provavelmente, foram esses os tipos de choques elétricos
utilizados para o alívio de dor e outras doenças na Antiguidade (COMO..., 2018).
44
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
Saiba mais
Pode‑se dizer que a profissão, antes mesmo de ser conhecida pelo nome, surgiu nesse momento
histórico com o foco na terapia ou no tratamento de doenças já instaladas, por meio de recursos físicos
utilizados até hoje.
Por exemplo, já se utilizava a eletroterapia sob formas de choques elétricos transmitidos por
peixes‑elétricos; bem como a cinesioterapia, por meio do costume de usar o movimento do corpo
humano no tratamento de doenças já estabelecidas e, portanto, com finalidades terapêuticas.
Observação
A seguir, estão dispostos comentários que confirmam o uso de movimentos corporais para fins
terapêuticos na Idade Antiga. Note a ênfase dada naquela época:
45
Unidade I
Galeno (130 a 199 d.C.) informa que conseguiu, através de uma ginástica
do tronco e pulmões, corrigir o tórax deformado de um rapaz até lograr
condições normais (REBELATTO; BOTOMÉ, 1998, p. 13).
Ao ler esses comentários, é possível identificar quais palavras indicam que o foco era a reabilitação
e não a prevenção das doenças? Termos como “ginástica curativa”, ”tratamento” e “corrigir” apontam
para este fato.
Vale a pena mencionar que em algumas regiões da Grécia Antiga vigorava a concepção “men sana
in corpore sano”, que quer dizer “uma mente sã em um corpo são”. Porém, essa ideia não chegou a ter
forte influência nas ações relativas aos cuidados com o corpo nesse período.
Portanto, podemos afirmar que o objetivo da fisioterapia na época do seu surgimento, na Antiguidade,
não era voltado para prevenir, mas sim para reabilitar partes isoladas do corpo. Sendo assim, os
questionamentos que surgem são: o que aconteceria nas épocas seguintes e que mudanças haveria?
Na Idade Média ou época medieval, período entre os séculos IV e XV, predominou‑se uma ordem
social estabelecida no plano divino em que a fé era uma obrigação elementar ou básica dos homens
que se organizavam de forma hierárquica, ou seja, de acordo com uma relação de subordinação entre
os membros da sociedade.
Você talvez esteja se lembrando de que a sociedade se dividia em três grupos organizados dos
seguintes modos:
• O clero, que tinha como função principal o serviço divino e, portanto, detinha o poder determinante
das decisões sobre os caminhos a serem seguidos pela sociedade.
Sendo assim, as classes mais privilegiadas e beneficiadas eram o clero e a nobreza, isto é, a minoria. Para
eles, as relações impostas de servidão eram convenientes, em especial para o clero, que, por meio da religião
da época, também difundiu interesses próprios, como a valorização do culto de alma e espírito e não do
corpo. Na verdade, o corpo era considerado como inferior e inimigo e acreditava‑se que o que acontecia
com ele externamente era causado pelo que estava dentro dele, como se fosse um mero recipiente.
Esses pensamentos refletiam o desinteresse pelos avanços dos estudos na área da saúde e cuidados
com o corpo. Para se ter uma ideia, os hospitais, naquela era da história, estavam interligados com
46
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
as igrejas, e suas salas de enfermos, como eram chamadas, se localizavam literalmente ao lado das
capelas. Havia inclusive altares nessas salas, porém nenhum espaço físico apropriado para a realização
de exercícios, por exemplo.
Podemos dizer que em determinado momento desse período, a nobreza e o clero começaram a se
interessar por atividade física. Porém, não era um interesse pelo exercício físico focado na reabilitação,
similar à Idade Antiga, e sim por uma atividade física específica dirigida para o aumento da força e potência
física com foco no que constituía responsabilidades deles, ou seja, no controle da população, bens e guerra.
Desta forma, para as camadas populares, a atividade física era um tipo de lazer barato e acessível
que apenas compensava as más condições em que viviam e trabalhavam. Para os burgueses e lavradores,
os exercícios serviam, cada vez mais, unicamente como diversão; não havia interesse em aumentar a
potência corporal” (REBELATTO; BOTOMÉ, 1998).
E agora, podemos nos perguntar: será que essas novas concepções do uso do exercício físico não
apoiado cientificamente na Idade Média foram difundidas mais concretamente em épocas posteriores?
2.1.3 Renascimento
Neste período, a beleza e o culto ao físico começaram a ser valorizados, enquanto os valores morais
e religiosos rígidos da Idade Média não foram mais aceitos e sofreram decadência.
• Regularidade no exercício.
A partir daí, as ações profissionais não se dirigiam somente para o tratamento do corpo doente, mas
também para a manutenção das condições normais existentes em indivíduos saudáveis, o que fortalecia
o conceito da prevenção. Será que esses conceitos mais amplos continuariam nas próximas épocas da
história até chegar aos nossos dias?
47
Unidade I
Exemplo de aplicação
Analise os novos conceitos relacionados aos exercícios durante o Renascimento, a fim de diferenciá‑los
dos que verificamos na Antiguidade e na Idade Média.
2.1.4 Industrialização
Os novos conceitos sobre os cuidados com o corpo iniciados no Renascimento sofreram alterações
significativas com a Revolução Industrial. A industrialização, período entre os séculos XVIII e XIX, começou
na Inglaterra e se caracterizou por grandes transformações sociais devido à mecanização, aumento dos
sistemas de produção nas indústrias e, consequentemente, intensificação do trabalho operário.
Figura 18 – Mecanização
Nesta fase da história, as jornadas de trabalho eram estafantes, visto que giravam em torno de
16 horas por dia, e como a população se aglomerava ao redor das cidades, as condições sanitárias,
alimentares, de vida, trabalho e moradia se tornaram precárias e insatisfatórias, o que contribuiu para
o aparecimento e a proliferação de novos problemas de saúde, até então não conhecidos, como cólera,
tuberculose pulmonar, alcoolismo e sequelas de acidentes de trabalho.
Com isso, inovações tecnológicas e científicas inicialmente voltadas para a construção de máquinas
e formação de engenheiros foram canalizadas também para as escolas de Medicina. O saber médico
estava a serviço das classes dominantes, às quais não convinham modificações profundas nas relações
de trabalho sob pena de diminuir a produção e o lucro. Ao invés disso, o tratamento puro e simples das
doenças decorrentes das condições adversas de trabalho interessava mais do que mudar esta situação.
Portanto, essa forma de tratamento, dadas as relações do homem com seu trabalho, influenciou
grandemente atividades profissionais e áreas de estudo ligadas à saúde do homem, concentrando esforços
na busca de novos métodos de tratamento. A preocupação passou a ser o doente, descontextualizado de
todos os fatores que contribuíram para a industrialização da doença.
Na Inglaterra, por exemplo, trabalhos sobre massoterapia foram iniciados por Mendell e Cyriax;
sobre cinesioterapia respiratória, por Linton; e sobre fisioterapia neurológica, por Berta e Karel Bobath,
que criaram o Método Bobath para o tratamento de pacientes com paralisia cerebral.
No início do século XX, exercícios físicos foram desenvolvidos com a preocupação voltada para o
tratamento, como os de Klapp, que desenvolveu exercícios na “posição de gato” para o tratamento de
desvios laterais da coluna vertebral, também conhecidos como escoliose; e Kohlransch, que criou os
fundamentos do tratamento para enfermidades ginecológicas baseados em exercícios terapêuticos.
Além disso, não só a industrialização, mas também as Guerras Mundiais produziram um grande
número de pessoas com lesões, mutilações e sequelas que necessitavam de tratamento para a
recuperação, a reabilitação e a obtenção de condições mínimas para o retorno às atividades sociais
e produtivas.
Desta forma, as guerras contribuíram de forma decisiva para a fragmentação das áreas de atuação
na fisioterapia, pois o que importava não era a percepção global dos problemas, e sim as técnicas
diretas e efetivas visando a resolução dos problemas antes desconhecidos, para que o indivíduo voltasse
rapidamente a produzir.
49
Unidade I
Observação
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
Fazendo parte da área da saúde e tendo sofrido oscilações no decorrer da história, a fisioterapia
teve os seus recursos quase que exclusivamente direcionados a uma prática de atendimento ao
indivíduo doente. O próprio nome “fisioterapia” já evidencia essa atuação terapêutica, sob as formas de
cinesioterapia, eletroterapia, termoterapia, massoterapia e crioterapia.
Dessa forma, o objeto de trabalho da fisioterapia parece, hoje, não se apresentar de forma muito
diferente da época do seu surgimento, quando havia a preocupação com as “diferenças incômodas”. Essa
somatória de fatores gerou avanços tecnológicos para muitos campos e atividades, ao mesmo tempo
que originou um compromisso com essa concepção do papel do fisioterapeuta.
Lembrete
51
Unidade I
No Brasil, a fisioterapia começou no final do século XIX, com a criação do serviço de eletricidade
médica e hidroterapia no Rio de Janeiro: a Casa das Duchas, que utilizava água doce e do mar no
tratamento das doenças. Em 1884, o médico Arthur Silva criou no Hospital de Misericórdia do Rio de
Janeiro, o primeiro serviço de fisioterapia da América do Sul.
Em 1919, segunda década do século XX, o médico e professor Raphael de Barros fundou o
Departamento de Eletricidade Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Dez anos mais tarde, em 1929, o médico Waldo Rolim de Moraes instalou no Hospital Central da Santa
Casa de Misericórdia de São Paulo o serviço de fisioterapia. Já na década de 1930, foi inaugurado
também o serviço de fisioterapia no Hospital das Clínicas da FMUSP. Em 1932, foi inaugurada a cátedra
de Fisioterapia Médica na Faculdade de Ciências Médicas no Rio de Janeiro, reconhecida como a primeira
escola de Medicina do Brasil a ensinar fisioterapia aos seus estudantes.
Provavelmente, baseado no contexto histórico em que diversas capitais brasileiras foram fortemente
afetadas pela poliomielite, inclusive em São Paulo e no Rio de Janeiro (1939), é que em 1946 foi
fundado o Lar Escola São Francisco em São Paulo, com o objetivo de atender as crianças portadoras
de necessidades especiais, com posterior convênio com a Escola Paulista de Medicina da Universidade
Federal de São Paulo para aperfeiçoar o serviço prestado; e em 1947 foi inaugurado o primeiro serviço
de Medicina Física e Reabilitação no Rio de Janeiro.
Como a eletroterapia era uma modalidade terapêutica muito valorizada, os médicos que trabalhavam
nesses serviços eram conhecidos como médicos de reabilitação, e, por algum tempo, houve necessidade
de técnicos, que auxiliavam e aplicavam técnicas terapêuticas, como as correntes elétricas prescritas
pelos médicos. Foi nesse momento que surgiu o técnico em fisioterapia, que então recebia uma prescrição
com a descrição da técnica, tempo, intensidade e local do corpo onde seria feita a aplicação.
Dessa forma, com o objetivo de suprir a demanda por técnicos, em 1951 o Dr. Waldo Rolim de
Moraes criou o primeiro curso técnico em Fisioterapia do Brasil, nomeado Dr. Raphael de Barros, no
Hospital das Clínicas da FMUSP, com duração de um ano. Na mesma época, no Rio de Janeiro foi
criada a Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR) e o curso técnico em Reabilitação
na Faculdade de Ciências Médicas. Esses cursos foram de grande importância para a formação de uma
nova classe profissional de nível técnico e auxiliar médico, que gradualmente começou a refletir sobre
sua profissão, carreira e futuro.
Ainda na década de 1950, pelos entendimentos entre a Organização Pan‑Americana da Saúde (Opas),
OMS e WCPT, foi criado o Instituto Nacional de Reabilitação (INAR), anexo à disciplina de Ortopedia e
52
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
O Inar, posteriormente chamado de Instituto de Reabilitação (IR) da FMUSP, criou outro curso
para formação de técnicos em Fisioterapia, substituindo o curso “Dr. Raphael de Barros”, com padrão
internacional exigido que se alinhava com outros semelhantes na América do Norte e Europa e com
duração de dois anos. Nessa época, os técnicos formados já encontravam uma profissão mais organizada
que seus colegas anteriores e começaram a planejar um futuro para a fisioterapia. Pela primeira vez, os
próprios técnicos começavam a tentar decidir os rumos de sua profissão.
Todo o movimento teve como marco inicial histórico a fundação da ABF, que ocorreu em 19 de
agosto de 1959, em São Paulo. Essa associação teve como objetivos iniciais promover o aperfeiçoamento
profissional, estabelecer parâmetros políticos e deontológicos para o exercício da profissão, unificar a
classe em todo o Brasil e discutir a formação profissional, o que foi ímpar para o desenvolvimento da
fisioterapia no Brasil e posterior criação de seu primeiro curso de nível superior.
Em poucos anos de existência, a ABF, por meio de um trabalho sério, adquiriu o respeito de uma parcela
esclarecida de profissionais da área da saúde, inclusive da Associação Médica Brasileira, que reconheceu sua
existência, oficialmente, em 1962. Em 1963, a WCPT também reconheceu a Associação de Fisioterapeutas do
Brasil (ABF) em âmbito internacional, e esse apoio fortaleceu a associação, conferindo grande credibilidade
aos profissionais no Brasil e no mundo. Em 1966, a ABF foi declarada de utilidade pública e em 2005 seu
nome foi alterado para Associação de Fisioterapeutas do Brasil, como é conhecida atualmente.
Infelizmente, a fisioterapia ainda carregava consigo a herança de auxiliar médico, técnico, profissional
limitado à reabilitação, sem nenhuma autonomia sobre seus tratamentos. Afinal, não competia ao
profissional, na época, a avaliação, escolha e forma de aplicação dos procedimentos fisioterapêuticos,
sendo estes ainda restritos ao médico.
Dessa forma, a criação do curso superior de Fisioterapia entusiasmava os membros da ABF que
centralizam suas forças nesse objetivo. O MEC, atendendo parcialmente à classe de fisioterapeutas,
reconheceu os cursos técnicos em fisioterapia no Brasil pelo Parecer nº 388 (1963) elaborado pelo
Conselho Federal de Educação (CFE). Esses cursos, diferentemente dos anteriores, deveriam se basear em
um currículo mínimo e ter a duração de três anos, e os profissionais formados deveriam ser denominados
técnicos em fisioterapia.
53
Unidade I
Sendo assim, durante o regime militar, a ABF, por meio de uma estratégia política, finalmente
conseguiu uma das maiores conquistas da profissão: adquiriu os seus direitos. Em 1969, os ministros da
Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica assinaram o Decreto‑Lei n. 938, de 13 de outubro, em
que a fisioterapia foi reconhecida como um curso de nível superior e foi definitivamente regulamentada.
Este Decreto‑Lei assegura o exercício do profissional não mais como auxiliar médico ou técnico, mas
como profissional da área da saúde, especificamente da fisioterapia, como sua atividade privativa e que
contempla vários atos profissionais, como a elaboração do diagnóstico cinético‑funcional, chefia de
serviços, atuação no ensino e pesquisas, entre outros.
Exemplo de aplicação
Exemplo de aplicação
Relembre esses e outros pormenores da Lei n. 6316 (1975), a qual já foi estudada antes.
Apesar dos avanços, a fisioterapia entrava em confronto com uma das áreas da medicina, a fisiatria.
Com a organização dos Conselhos e início das regulamentações, esse enfrentamento se agravou ainda
mais, pois legalmente todos os estabelecimentos que possuíam serviços de fisioterapia deveriam,
obrigatoriamente, fazer seu registo junto ao Crefito e manter em seu quadro de funcionários ao menos
um profissional fisioterapeuta com formação superior também registrado no Crefito, para responder
como responsável técnico pelo setor.
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
fisioterapia de custo baixo, tendo em vista que o salário pago a esses indivíduos era pequeno em relação
ao salário de profissionais habilitados.
Lembrete
Além disso, as conquistas granjeadas pelos fisioterapeutas concederam à classe maior credibilidade e
confiança para propor a alteração do currículo mínimo dos cursos. Essa alteração só aconteceu em 28 de
fevereiro de 1983, com a Resolução n. 4 do CFE, que estabeleceu mudanças na carga horária mínima, a
qual passou a ser de 3.240 horas/aula, duração do curso de quatro anos e inclusão de áreas na formação
do profissional, o que constituiu uma estratégia para o crescimento do ponto de vista acadêmico e
consolidação da autonomia de atuação profissional perante a área médica.
Essas novas políticas públicas de saúde se alicerçaram com a promulgação da Constituição Federal
(1988), que declara que a saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e outros agravos e o acesso universal às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
da classe. Sendo assim, em 2001, uma Comissão de Especialistas de Ensino de Fisioterapia do MEC
recomendou à Câmara de Educação Superior (CES) do Conselho Nacional de Educação (CNE), a
aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Fisioterapia. Assim, surgiu
a Resolução n. 4, de 19 de fevereiro de 2002, que instituiu essas diretrizes a serem observadas até os dias
de hoje, pelas instituições de Ensino Superior. Leia a seguir um de seus trechos:
Então, as novas diretrizes curriculares ressaltam que a formação do fisioterapeuta tem por objetivo
dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício de competências e habilidades gerais
e específicas no mundo do trabalho.
Outro ponto importante a ser destacado é que após dez anos de discussões, reuniões e pareceres
entre as entidades representativas da área da saúde e o CNE/CES, foi promulgada a Resolução n. 4
(2009), que elevou para 4.000 horas a carga horária mínima dos cursos de graduação de Fisioterapia.
Agora, você consegue entender por que algumas pessoas ainda hoje confundem o objeto de trabalho
da fisioterapia, ou seja, não entendem completamente o que o fisioterapeuta faz, qual sua área de
conhecimento ou o seu campo profissional?
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
Resumo
Exercícios
Questão 1. (UFRJ, 2014) O que regulamenta e determina o campo de atuação, estudo ou intervenção
de uma profissão são documentos legais publicados oficialmente. Na fisioterapia, podemos nos
referenciar, entre outros, por dois documentos legais, um que regulamentou a profissão definindo‑a
como de nível superior e outro que cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais, sendo eles:
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Unidade I
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: a Resolução Coffito‑8 aprova normas para habilitação ao exercício das profissões de
fisioterapeuta e terapeuta ocupacional e, portanto, não foi a que regulamentou a profissão.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: Parecer n. 388 de 1963 e Resolução Coffito‑ 8 incorretos, porque não foram as leis que
regulamentaram a profissão.
D) Alternativa correta.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: o Parecer n. 388 de 1963 não regulamentou a profissão como nível superior.
Questão 2. (FCC, 2018) Com base no Código de Ética do Fisioterapeuta, constitui‑se dever
fundamental dos fisioterapeutas relacionados à assistência ao cliente/paciente/usuário:
A) prestar assistência ao ser humano, respeitados a sua dignidade e os direitos humanos de modo a
que a prioridade no atendimento obedeça a razões de urgência, independentemente de qualquer
consideração relativa à raça, etnia, nacionalidade, credo sociopolítico, gênero, religião, cultura,
condições socioeconômicas, orientação sexual e qualquer outra forma de preconceito, sempre em
defesa da vida.
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA
B) autorizar a utilização ou não coibi‑la, mesmo a título gratuito, de seu nome ou de sociedade que
seja sócio, para atos que impliquem na mercantilização da saúde e da fisioterapia em detrimento
da responsabilidade social e socioambiental.
D) dar consulta ou prescrever tratamento fisioterapêutico de forma não presencial, salvo em casos
regulamentados pelo Conselho Federal de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional.
A) Alternativa correta.
Justificativa: a Resolução n. 424/2013 em seu Artigo 14º diz que constituem‑se deveres fundamentais
dos fisioterapeutas relacionados à assistência ao cliente/paciente/usuário: I – respeitar a vida humana
desde a concepção até a morte, jamais cooperando em ato em que voluntariamente se atente contra ela,
ou que coloque em risco a integridade física, psíquica, moral, cultural e social do ser humano; II – prestar
assistência ao ser humano, respeitados a sua dignidade e os direitos humanos de modo que a prioridade no
atendimento obedeça a razões de urgência, independentemente de qualquer consideração relativa à raça,
etnia, nacionalidade, credo sociopolítico, gênero, religião, cultura, condições socioeconômicas, orientação
sexual e qualquer outra forma de preconceito, sempre em defesa da vida; III – respeitar o natural pudor e
a intimidade do cliente/paciente/usuário; IV – respeitar o princípio bioético de autonomia, beneficência e
não maleficência do cliente/paciente/usuário de decidir sobre a sua pessoa e seu bem‑estar; V – informar
ao cliente/paciente/usuário quanto à consulta fisioterapêutica, diagnóstico e prognóstico fisioterapêuticos,
objetivos do tratamento, condutas e procedimentos a serem adotados, esclarecendo‑o ou o seu responsável
legal; VI – prestar assistência fisioterapêutica respeitando os princípios da bioética.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: não pode autorizar a utilização de seu nome ou de sociedade para atos que impliquem
a mercantilização da saúde e da fisioterapia em detrimento da responsabilidade social e socioambiental.
C) Alternativa incorreta.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
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