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Evolução Histórica

da Fisioterapia
Autoras: Profa. Cinthia Santos Miotto de Amorim
Profa. Juliana Ferreira de Andrade
Colaboradoras: Profa. Roberta Pasqualucci Ronca
Profa. Laura Cristina da Cruz Dominiciano
Professoras conteudistas: Cinthia Santos Miotto de Amorim /
Juliana Ferreira de Andrade

Cinthia Santos Miotto de Amorim

É professora do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP) em diversos campi de São
Paulo e no campus Alphaville. Atua também como professora conteudista da graduação em Fisioterapia da UNIP
Interativa. Desde 2017, é doutora em Ciências da Reabilitação pela Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo (FMUSP); em 2010, se especializou em Fisioterapia nas Afecções da Coluna Vertebral pela Faculdade de
Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP); formou‑se em Reeducação Postural Global (RPG) e em
Stretching Global Ativo (SGA) pelo Instituto Philippe Souchard (2008 e 2007) e se graduou em Fisioterapia pelo
Centro Universitário São Camilo (2006). Atua como professora convidada do curso de graduação em Fisioterapia da
Universidade de São Paulo (USP) em disciplinas como Introdução à Fisioterapia. Atua também na prática clínica e
em pesquisas, como revisora de periódicos nacionais e internacionais e na orientação de Iniciação Científica (IC) e
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na UNIP em diversas áreas: evolução histórica da fisioterapia, biomecânica,
cinesioterapia, semiologia aplicada à fisioterapia e avaliação funcional, bem como no bruxismo, disfunção
temporomandibular, dor, coluna vertebral e postura.

Juliana Ferreira de Andrade

É professora do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP) em diversos campi de São
Paulo e nos campi Alphaville e Jundiaí. Atua também como professora conteudista da graduação em Fisioterapia da
UNIP Interativa. É mestre em Bioética pelo Centro Universitário São Camilo (2016), se especializou em Fisioterapia
Cardiorrespiratória pela Universidade Metodista de São Paulo (2005) e se graduou em Fisioterapia pelo Centro
Universitário São Camilo (2002). Atua como professora convidada do curso de pós‑graduação em Geriatria, na
disciplina de Bioética do Envelhecimento, na orientação de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na UNIP nas áreas:
fisioterapia respiratória adulto, pediátrica e neonatal, e bioética.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

A524e Amorim, Cinthia Santos Miotto de.

Evolução Histórica da Fisioterapia / Cinthia Santos Miotto de


Amorim, Juliana Ferreira de Andrade. – São Paulo: Editora Sol, 2020.

172 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.

1. Reabilitação. 2. Áreas de atuação. 3. Avaliação fisioterapêutica.


I. Andrade, Juliana Ferreira de. II. Título.

CDU 615.8

U504.34 – 20

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quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
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Unip Interativa – EaD

Profa. Elisabete Brihy


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Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli

Material Didático – EaD

Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Ingrid Lourenço
Lucas Ricardi
Sumário
Evolução Histórica da Fisioterapia

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................9

Unidade I
1 FISIOTERAPIA...................................................................................................................................................... 11
1.1 O que é fisioterapia?............................................................................................................................ 11
1.2 Qual é o símbolo oficial da fisioterapia?...................................................................................... 16
1.3 Quem é o profissional fisioterapeuta?.......................................................................................... 19
1.4 Decreto‑Lei n. 938 (1969).................................................................................................................. 21
1.5 Lei n. 8.856 (1994)................................................................................................................................ 22
1.6 Lei n. 6.316 (1975)................................................................................................................................ 24
1.6.1 Coffito.......................................................................................................................................................... 25
1.6.2 Crefitos......................................................................................................................................................... 26
1.6.3 Departamento de Fiscalização (Defis)............................................................................................. 30
1.7 Resoluções do Coffito......................................................................................................................... 31
1.7.1 Resolução n. 468 (2016) – registro profissional.......................................................................... 31
1.7.2 Resolução n. 052 (1985) – registro profissional docente........................................................ 32
1.7.3 Resolução n. 487 (2017) – anuidade............................................................................................... 33
1.7.4 Resolução n. 483 (2013) – recadastramento nacional............................................................. 33
1.7.5 Resolução n. 131 (1991) – diplomas no estrangeiro................................................................. 34
1.8 Entidades de classe............................................................................................................................... 36
1.8.1 Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais (Sinfito).................................... 36
1.8.2 Associação de Fisioterapeutas do Brasil (AFB)............................................................................. 39
1.8.3 World Confederation of Physical Therapy (WCPT)..................................................................... 42
2 HISTÓRIA DA REABILITAÇÃO NO MUNDO E DA FISIOTERAPIA NO BRASIL.............................. 43
2.1 História da reabilitação....................................................................................................................... 43
2.1.1 Antiguidade................................................................................................................................................ 44
2.1.2 Idade Média............................................................................................................................................... 46
2.1.3 Renascimento............................................................................................................................................ 47
2.1.4 Industrialização........................................................................................................................................ 48
2.1.5 Fisioterapia na Idade Contemporânea............................................................................................ 49
2.2 História da fisioterapia no Brasil..................................................................................................... 52
Unidade II
3 ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS E ÁREAS DE ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA.................................. 61
3.1 Áreas de atuação da fisioterapia clínica...................................................................................... 61
3.2 Áreas de atuação da fisioterapia na saúde coletiva................................................................ 61
3.3 Áreas de atuação da fisioterapia na educação......................................................................... 62
3.4 Áreas de atuação da fisioterapia no esporte............................................................................. 64
3.5 Áreas de atuação da fisioterapia em equipamentos e produtos próprios..................... 65
4 ESPECIALIDADES RECONHECIDAS PELO COFFITO............................................................................... 66
4.1 Especialidade profissional de fisioterapia em gerontologia................................................ 68
4.2 Especialidade profissional de fisioterapia do trabalho........................................................... 68
4.2.1 Perícia fisioterapêutica e a atuação do perito............................................................................. 69
4.3 Especialidade profissional em acupuntura e medicina tradicional
chinesa (MTC)................................................................................................................................................. 70
4.3.1 Prática da auriculoterapia pelo fisioterapeuta............................................................................ 72
4.4 Especialidade profissional de fisioterapia cardiovascular..................................................... 73
4.5 Especialidade profissional de fisioterapia aquática................................................................. 74
4.6 Especialidade profissional de fisioterapia na saúde da mulher.......................................... 76
4.7 Especialidade profissional em osteopatia................................................................................... 77
4.8 Especialidade de fisioterapia traumato‑ortopédica funcional........................................... 78

Unidade III
5 FORMAÇÃO PROFISSIONAL.......................................................................................................................... 85
5.1 Breve histórico da fisioterapia no Brasil...................................................................................... 85
5.2 Diretrizes curriculares do curso de Fisioterapia........................................................................ 86
5.3 Estágio curricular.................................................................................................................................. 90
6 ME FORMEI, E AGORA? COMO PROCEDER PARA EXERCER LEGALMENTE
MINHA PROFISSÃO?........................................................................................................................................... 93
6.1 Referencial Nacional de Procedimentos Fisioterapêuticos (RNPF) e
parâmetros assistenciais............................................................................................................................ 95
6.2 Código de Ética Profissional............................................................................................................. 98

Unidade IV
7 AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA E RECURSOS FISIOTERAPÊUTICOS...........................................108
7.1 Anamnese...............................................................................................................................................108
7.1.1 Sinais vitais............................................................................................................................................... 110
7.1.2 Avaliação do nível de consciência..................................................................................................112
7.1.3 Exame físico.............................................................................................................................................113
7.1.4 Modelo de ficha de avaliação fisioterapêutica.......................................................................... 119
7.1.5 Prontuários.............................................................................................................................................. 128
8 RECURSOS FISIOTERAPÊUTICOS...............................................................................................................129
8.1 Cinesioterapia.......................................................................................................................................130
8.1.1 Mecanoterapia........................................................................................................................................131
8.1.2 Massoterapia...........................................................................................................................................131
8.1.3 Hidroterapia............................................................................................................................................ 132
8.1.4 Eletroterapia............................................................................................................................................ 132
8.1.5 Termoterapia e fototerapia............................................................................................................... 136
8.1.6 Estimulação transcraniana................................................................................................................ 136
8.1.7 Práticas complementares/integrativas de saúde..................................................................... 137
8.1.8 Treinamento funcional....................................................................................................................... 139
8.1.9 Pilates........................................................................................................................................................ 139
8.1.10 Equoterapia........................................................................................................................................... 140
8.1.11 Reeducação postural global (RPG).............................................................................................. 140
8.1.12 Osteopatia..............................................................................................................................................141
8.1.13 Acupuntura........................................................................................................................................... 142
8.1.14 Kabat/Bobath....................................................................................................................................... 143
8.2 Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF)..............144
APRESENTAÇÃO

Neste livro‑texto, você compreenderá a evolução histórica da fisioterapia no Brasil e no mundo,


suas repercussões políticas, econômicas e sociais, bem como suas áreas de atuação, legislação e papel
da profissão no cenário da saúde nacional.

Os objetivos gerais da disciplina são apresentar a história da fisioterapia, juntamente com as suas
áreas de atuação e as condutas no tratamento fisioterapêutico; possibilitar a compreensão do que
representa a profissão e sua importância para a sociedade; e capacitar o graduando a desenvolver e
exercer um comportamento profissional adequado, sustentado nos códigos morais e na legislação.

Já os objetivos específicos são apresentar as áreas de atuação da fisioterapia, especialidades


reconhecidas na profissão e sua relação na saúde, educação e pesquisa; informar sobre o mercado de
trabalho da fisioterapia; expor a evolução histórica da fisioterapia; mostrar as leis que fundamentam a
profissão e órgãos fiscalizadores; informar as atribuições das entidades de classe da fisioterapia; discutir a
responsabilidade profissional do fisioterapeuta frente aos pacientes, colegas de profissão e outros membros
da equipe de saúde; e apresentar as principais condutas e recursos utilizados pelo fisioterapeuta.

Nesta disciplina, você poderá entender a trajetória da fisioterapia pelo mundo e sua evolução no
Brasil, bem como as disciplinas determinadas pelo Ministério da Educação, a importância da realização
de um estágio curricular para sua atuação profissional após o seu devido registro no Conselho de Classe
de sua região e conhecimento do Código de Ética para se tornar um profissional ético e humano,
respeitando sempre seu paciente em todas as suas dimensões e resguardando as informações que lhe
forem confidenciadas ou os dados que forem colhidos.

INTRODUÇÃO

Cada uma das unidades deste livro‑texto apresenta uma particularidade do tema e foi organizada
tendo em vista facilitar seu percurso dentro da temática.

Inicialmente, a intenção principal do conteúdo aqui disposto é ajudar na compreensão do que


é a fisioterapia, indicar o símbolo oficial da profissão e quem é o profissional da área, baseado em
decretos‑lei, leis e resoluções específicas, bem como a história da reabilitação e da fisioterapia no Brasil
e no mundo.

Depois, o objetivo é ajudar no entendimento de quais são as atribuições do profissional fisioterapeuta,


as áreas de atuação e as especialidades reconhecidas pelo Coffito (Conselho Federal de fisioterapia e
Terapia Ocupacional), bem como conhecer outras resoluções relacionadas a algumas especialidades.

Posteriormente, o objetivo será entender as diretrizes curriculares de seu curso, as disciplinas e suas
relações com a prática profissional desenvolvida no estágio curricular de caráter obrigatório e as suas
obrigações éticas e disciplinares após a conclusão do curso por meio do conhecimento do Código de
Ética da Fisioterapia e dos procedimentos necessários para adquirir o seu registro profissional e então
exercer a profissão legalmente.
9
Finalmente, será abordada a importância de uma avaliação fisioterapêutica, bem como os recursos
que podem ser utilizados pelo profissional após o estabelecimento de seus objetivos de tratamento.
Devemos lembrar que a avaliação fisioterapêutica deverá ser completa, com uma anamnese bem
detalhada e um exame físico completo.

10
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

Unidade I
1 FISIOTERAPIA

1.1 O que é fisioterapia?

É provável que, pelo menos uma vez na vida, você já foi ou conhece alguém que tenha ido ao
fisioterapeuta. Mas será que todos os usuários dos serviços de fisioterapia sabem realmente de que se
trata essa profissão, que em 2019 completou 50 anos de existência no Brasil?

Embora até mesmo nos dias atuais existam algumas pessoas que não sabem responder o que faz o
fisioterapeuta e outras falem que a função desse profissional se limita a fazer massagem, esse panorama
começa a mudar.

Paulatinamente, as pessoas têm relacionado a fisioterapia à reabilitação e à prevenção, um sinal de que


a imagem da profissão junto à população vem sendo reconhecida a cada dia, provavelmente devido à sua
maior exposição nas redes sociais e na mídia em geral. Desta forma, podemos dizer que a fisioterapia está
inserida na área da saúde e mais especificamente nas ciências da vida, compondo uma profissão de grande
importância para a população em geral, como a medicina e a odontologia, por exemplo.

Além disso, a fisioterapia é a ciência que tem como objeto de estudo o movimento humano em
todas as suas formas de expressão e potencialidades. Então, além de estudar, diagnosticar e reabilitar
indivíduos com distúrbios cinéticos funcionais que ocorrem em órgãos e sistemas do corpo humano, a
fisioterapia previne e promove a saúde, definida como um estado completo de bem‑estar físico, psíquico
e social, e não simplesmente a ausência de doenças e enfermidades (SEGRE; FERRAZ, 1997).

Figura 1 – Saúde: bem‑estar físico, psíquico e social

11
Unidade I

Observação

Distúrbios cinéticos ou cinesiológicos funcionais se referem às


perturbações de movimentos que levam às incapacidades nas funções de
órgãos ou sistemas corporais.

Figura 2 – Incapacidade funcional

Estes distúrbios podem ser gerados por alterações genéticas, traumas ou doenças adquiridas que afetam
a saúde de modo geral e podem, dessa forma, desencadear repercussões biopsicossociais, que referem
tanto aos fatores biológicos ou físicos quanto aos psíquicos ou emocionais e/ou sociais de um ser humano.
Além, disso, doença é definida como ausência de saúde e um processo patológico caracterizado por sinais
e sintomas que podem afetar o corpo todo ou alguma de suas partes (CZERESNIA; FREITAS, 2009).

Exemplo de aplicação

A paralisia cerebral (PC) é uma doença crônica cujo aparecimento ocorre na infância. Ela limita as
funções motoras em longo prazo de forma leve, moderada ou severa. No Brasil, de mil crianças nascidas
vivas, em torno de sete têm a doença (SILVA, 2019).

Reflita: a PC requer ou não um tratamento especial e eficaz, como a fisioterapia, para a sua
reabilitação?

Consulte o artigo a seguir e leia mais sobre o tema:

SILVA, G. G.; ROMÃO, J.; ANDRADE, E. G. S. Paralisia cerebral e o impacto do diagnóstico para a família.
Revista de Iniciação Científica e Extensão, v. 2, n. 1, p. 4-10, 27 jan. 2019. Disponível em: https://revistasfacesa.
senaaires.com.br/index.php/iniciacao-cientifica/article/view/131/89. Acesso em: 31 jul. 2019.

12
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

Figura 3 – Paralisia cerebral

Exemplo de aplicação

Anomalias congênitas como as microcefalias ao nascer, caracterizadas pelo perímetro cefálico ou


tamanho da cabeça inferior à média específica para o sexo e idade gestacional, podem ser causadas pela
exposição intrauterina ao vírus Zika, como observamos no Brasil, principalmente na região Nordeste a
partir de 2015 (MARINHO, 2016).

Será que a fisioterapia pode contribuir não só no acompanhamento destas crianças e de suas
famílias, mas também na prevenção de novos casos e na promoção da saúde?

Para saber mais sobre microcefalia, leia a cartilha desenvolvida pelo Conselho Federal de fisioterapia
e de Terapia Ocupacional (Coffito):

COFFITO. Diagnóstico: microcefalia. E agora? Brasília, [s.d.]b. Disponível em: https://coffito.gov.br/


nsite/wp-content/uploads/comunicao/materialDownload/CartilhaMicrocefalia_Final.pdf. Acesso
em: 31 jul. 2019.

Consulte também o artigo científico a seguir:

MARINHO, F. et al. Microcefalia no Brasil: prevalência e caracterização dos casos a partir do


Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), 2000-2015. Epidemiologia e Serviços de Saúde,
v. 25, n. 4, out./dez. 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
=S2237-96222016000400701. Acesso em: 29 ago. 2019.

Figura 4 – Microcefalia

13
Unidade I

Exemplo de aplicação

Cerca de 10 mil pessoas por ano ficam incapacitadas de se movimentarem e até de se locomoverem
devido a lesões na medula espinhal, causadas principalmente por traumas, como acidentes de carro,
quedas de grandes alturas ou violência (CEREZETTI et al., 2012).

Em 2014, a ex‑ginasta brasileira Lais Souza sofreu um acidente enquanto esquiava. A lesão que
acometeu a medula espinhal de Lais ocorreu na região da coluna cervical, o que ocasionou, além de
outras complicações, que ela ficasse tetraplégica, ou seja, paralisada do pescoço para baixo.

Em entrevista, a ex‑ginasta relatou que foi o amor à vida que a fez reerguer. E que é esse
sentimento que a faz reencontrar a adrenalina que a instiga a cada atendimento de fisioterapia. Ela
mencionou também que o seu processo de recuperação não foi nada fácil, pois ela levou três meses
para recuperar a voz e parar de usar plaquinhas para que as pessoas soubessem o que ela queria
dizer. Depois, começou a sentar e tenta, todos os dias, dar um passo para a sua recuperação. No ano
passado, quando usou o Orthowalk, um robozinho fisioterápico que lhe permitiu ficar em pé, sentiu o
mesmo de quando praticava ginástica artística. Aquela experiência lhe deu asas e fez aumentar, ainda
mais, a sua esperança em uma evolução cada vez maior.

Reflita sobre as formas por meio das quais você percebe que a fisioterapia faz a diferença na vida
das pessoas.

Leia sobre prematuridade no exemplo de aplicação a seguir:

Exemplo de aplicação

Você já ouviu falar em prematuridade? Prematuro é o bebê pré‑termo, que nasce antes das
37 semanas completas de gestação (CHAGAS, 2009). Para a intervenção precoce da fisioterapia como
forma de diminuir consideravelmente as chances de alto risco para problemas de desenvolvimento, de
0 a 1 ano é a idade “diamante”; e de 1 a 2 anos é a idade “ouro”. Portanto, a fisioterapia, ao mesclar
diversas técnicas, é fundamental para evitar sequelas, prevenir e promover a saúde dessas crianças em
curto, médio e longo prazo.

Reflita acerca dessa importante e linda área de atuação do fisioterapeuta, a neonatologia, que assim
como as áreas pediátrica e adulta, serão abordadas com maior profundidade no decorrer do curso,
principalmente no momento em que você estudará sobre fisioterapia em terapia intensiva.

Leia o artigo a seguir, para saber um pouco mais sobre a área neonatal da fisioterapia:

VASCONCELOS, G. A. R.; ALMEIDA, R. C. A.; BEZERRA, A. L. Repercussões da fisioterapia na unidade de


terapia intensiva neonatal. fisioterapia em Movimento, v. 24, n. 1, p. 65‑73, 2011. Disponível em: http://
www.scielo.br/pdf/fm/v24n1/v24n1a08.pdf. Acesso em: 2 set. 2019.

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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

Figura 5 – Bebê prematuro

Sendo assim, é importante ressaltar que a fisioterapia tem como objetivo não apenas restabelecer,
reabilitar, restaurar ou desenvolver a integridade dos órgãos, sistemas e/ou funções, mas também visa
manter, preservar e promover a saúde e qualidade de vida aos indivíduos.

Lembrete

Neste contexto, é importante relembrar que saúde se trata do completo


bem‑estar biopsicossocial, e a fisioterapia, como profissão da área da saúde,
tem um papel fundamental neste amplo aspecto.

Propõe‑se, nesta etapa, uma atividade. Imagine que já se passaram os quatro anos de graduação e
agora, como fisioterapeuta formado, você faz a sua oração. Veja em que consiste:

Oração da fisioterapia

Senhor, eu sou fisioterapeuta.

Um dia, depois de anos de estudos, me entregaram um diploma, dizendo que eu estava


oficialmente autorizado a reabilitar.

15
Unidade I

E eu jurei fazê‑lo… conscientemente.

Não é fácil, Senhor, não é nada fácil viver este juramento na rotina sempre repetida da vida
de um fisioterapeuta: avaliando… tratando… reavaliando… tratando… acompanhando passo a
passo a recuperação, às vezes lenta, dos pacientes. Contudo, Senhor, eu quero ser fisioterapeuta…

Alguém junto de alguém.

Não mecânico de uma engrenagem, mas gente reabilitando gente.

Que todo aquele que me procura em busca de cura física encontre em mim algo mais
que o profissional…

Que eu saiba parar para ouvi‑lo… sentar junto ao seu leito para animá‑lo…

É muito importante, Senhor: que eu não perca a capacidade de chorar. Que eu saiba ser
fisioterapeuta. . .alguém junto de alguém…

Gente reabilitando gente, com a tua ajuda, Senhor.

Fonte: Crefito‑6 (2019).

Propõe‑se mais uma atividade de imaginação. Desta vez, tente se imaginar no dia da sua
formatura. Nesta ocasião, você participa do juramento solene em que promete praticar a fisioterapia
da seguinte forma:

Juramento da fisioterapia

Juro, por Deus e minha família, diante de meus mestres que me dedicarei à fisioterapia
com honra, dignidade, respeitando a vida humana desde a concepção até a morte, jamais
cooperando em ato que voluntariamente se atente contra ela, ou que coloque em risco
a integridade física, psíquica e social do ser humano; dispondo todo meu conhecimento,
talento e inteligência para a promoção, proteção e recuperação da saúde. Repassarei meus
conhecimentos sempre que se fizer necessário e agirei com humildade e honestidade.

Assim, eu juro.

Fonte: Crefito‑10 (2007).

1.2 Qual é o símbolo oficial da fisioterapia?

Desde os primórdios da humanidade, o homem já se manifestava culturalmente utilizando símbolos,


com representações de animais, plantas, pessoas e sinais gráficos abstratos.

16
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

Quando observamos os símbolos das profissões, interpretamos informações visuais de como os


profissionais atuam, criando sua identidade própria em relação à sua atuação.

O símbolo da fisioterapia foi aprovado e oficializado pela Resolução n. 232 do Coffito, de 2002.

Observação

Resoluções são atos administrativos normativos que partem de


autoridades superiores que disciplinam matéria de sua competência
específica. No caso da fisioterapia, a autoridade superior é o Coffito.

O símbolo demonstra, de forma gráfica, a identidade da profissão.

Figura 6 – Símbolo da fisioterapia

A composição é formada por duas serpentes entrelaçadas em espiral em volta de um raio. Essa imagem
está inserida em uma moldura chamada de camafeu (do latim cammaeus) que, embora não demonstrado
na figura anterior, deve conter também a inscrição da palavra fisioterapia ou fisioterapeuta.

O que especificamente significa cada um dos componentes deste símbolo?

• As serpentes: as duas serpentes são associadas à ciência e sabedoria, bem como à transmissão
e utilização do conhecimento compreendido de forma sábia. Estão entrelaçadas para demonstrar
elo ou integração entre os atributos da natureza – humana, social e profissional. A cor verde
predominante simboliza a saúde.

17
Unidade I

• O raio: identifica valores e práticas corretas da vida e por estar entre as serpentes, remete também
à união entre a consciência individual e as técnicas utilizadas na fisioterapia. Curiosamente,
as técnicas elétricas foram os primeiros recursos terapêuticos utilizados pela profissão. A cor
amarelo‑ouro simboliza a luz, claridade e brilho intenso.

• O camafeu: a palavra significa pedra esculpida ou entalhada. Podemos nos referir ao elemento
como uma moldura ou elipse em fundo branco, que representa a solidez da profissão.

Além disso, de acordo com a Resolução n. 232 do Coffito (2002) citada anteriormente, esse símbolo
tem seu uso autorizado:

• no âmbito do Sistema dos Conselhos Federal (Coffito) e Regionais (Crefitos) da Fisioterapia,


inclusive pode ser utilizado como segundo brasão nos seus documentos oficiais;

• nas Forças Armadas, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares como símbolo profissional
de indivíduo com patente de oficial, graduado em grau universitário superior em Fisioterapia;

• por profissionais fisioterapeutas com registro em Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia


Ocupacional (Crefito);

• por pessoas físicas ou jurídicas, desde que expressamente autorizadas pelo Coffito.

Há quem diga que o símbolo da fisioterapia deveria incluir as mãos, visto que esse membro tão especial
do corpo humano constitui um recurso terapêutico muito importante e utilizado pelos profissionais.

Saiba mais

Para mais detalhes sobre o símbolo oficial da fisioterapia, consulte a


Resolução do Coffito n. 232 (2002):

COFFITO. Resolução n. 232, de 27 de dezembro de 2002. Brasília, 2002.


Disponível em: https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=877. Acesso em: 2 set. 2019.

A importância do uso das mãos no trabalho do fisioterapeuta nos faz lembrar um poema, disposto
a seguir.

As mãos do fisioterapeuta

Mãos que entendem e se estendem nos labores,


Silenciosas mãos de mil cansaços,
Que em contatos contidos, feito abraços,
Se enlaçam em lenitivo a tantas dores.

18
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

Mãos que acalmam, diante dos temores,


Calando o medo dos primeiros passos,
Correndo, prescientes, pernas, braços,
Que anseiam lassos pelos seus favores.
São mãos que aos céus ascendem nos desvelos,
As mãos profissionais cheias de zelos
Que animam o amanhã nos dias seus.
Mãos mágicas, que à luz de um hermeneuta,
Refletem as mãos do fisioterapeuta,
Firmes na fé que vem das mãos de Deus.

Fonte: Lima (2000).

Figura 7 – As mãos do fisioterapeuta

1.3 Quem é o profissional fisioterapeuta?

O fisioterapeuta é o profissional da saúde com formação acadêmica superior, capacitado para atuar
em todos os níveis de atenção à saúde e em diversas áreas, como veremos adiante.

Observação

Os três níveis de atuação à saúde são: o primário, secundário


e terciário, também conhecidos como níveis básico, de média e alta
complexidade, respectivamente.

Pode‑se dizer também que o fisioterapeuta é o profissional habilitado a realizar uma avaliação
específica; elaborar o diagnóstico dos distúrbios cinéticos funcionais; prescrever, ordenar e induzir
as condutas fisioterapêuticas; bem como acompanhar a evolução do quadro clínico ou dos sinais e
sintomas do paciente e estabelecer as condições para alta do serviço fisioterapêutico.

19
Unidade I

Nesta disciplina, você já terá uma prévia do que compreende avaliação e diagnóstico fisioterapêuticos
e conhecerá alguns recursos próprios da profissão.

Observação

Já foi explicado o que são os distúrbios cinéticos funcionais. Neste


momento, é importante esclarecer que o seu diagnóstico é também conhecido
como cinético funcional, cinesiológico funcional ou fisioterapêutico.

Além de qualidades como responsabilidade, ética e autonomia, o profissional apresenta competências


e habilidades adquiridas durante a sua formação acadêmica em Instituição de Ensino Superior, para
prestar a melhor assistência possível às pessoas em geral.

Trata‑se de um profissional devidamente registrado no Crefito, conforme as importantes


Resoluções n. 468 (2016) e n. 052 (1985) e com atividade regulamentada pelo Decreto‑Lei n. 938 (1969),
Leis n. 8.856 (1994) e n. 6.316 (1975) e outras Resoluções, que discutiremos a seguir.

Observação

Decreto‑lei é um decreto com força de lei que foi muito utilizado


no Brasil no regime militar com legitimidade efetiva de uma norma
administrativa e poder de lei. A palavra lei trata basicamente do conjunto
de normas estabelecidas por autoridades competentes.

Figura 8

20
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

Exemplo de aplicação

Na maioria das vezes, as respostas aos questionamentos feitos a estudantes de Fisioterapia sobre
o que mais os encanta na carreira profissional foram associadas ao amor ao próximo, à relação
terapeuta‑paciente, ao ato de ajudar, à empatia e à paciência, qualidades importantes para o profissional,
mas principalmente para o ser humano que ele é. Para refletir ainda mais sobre essas qualidades e a
relação terapeuta‑paciente, assista a dois filmes:

INTOCÁVEIS. Dir. Olivier Nakache; Éric Toledano. França: Gaumont, 2011. 112 minutos.

PATCH Adams: o amor é contagioso. Dir. EUA: Blue Wolf, 1998. 115 minutos.

Depois, escreva as cenas nas quais, em sua opinião, essas qualidades e relações ficaram mais evidentes.

1.4 Decreto‑Lei n. 938 (1969)

Um dos documentos oficiais mais importantes da fisioterapia, que assegura o exercício da profissão,
é o Decreto‑Lei n. 938, de 13 de outubro de 1969, que posteriormente foi estabelecido como Dia do
Fisioterapeuta. Nestas décadas de regulamentação, é fato que a profissão cresceu muito, técnica, social
e cientificamente.

Neste documento, elaborado durante o período do regime militar no Brasil pelos ministros da Marinha
de Guerra, Exército e Aeronáutica Militar, o fisioterapeuta diplomado em escolas e cursos reconhecidos
pelo Ministério da Educação (MEC) tornou‑se um profissional de nível superior.

Observação

O curso de Fisioterapia no formato semipresencial é autorizado pela


Resolução Consuni n. 190.411/2, de 11 de abril de 2019 (Portaria do MEC
n. 1.095, de 25 de outubro de 2018).

Esse Decreto‑Lei ainda confirma que é atividade privativa do fisioterapeuta executar métodos e
técnicas próprias com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do paciente.
E acrescenta que em seu campo de atividades específicas, o fisioterapeuta pode dirigir serviços em órgãos
e estabelecimentos públicos ou particulares ou assessorá‑los tecnicamente, exercer o magistério nas
disciplinas de formação básica ou profissional, de nível superior ou médio e supervisionar profissionais
e alunos em trabalhos técnicos e práticos.

Além disso, o Decreto‑lei atesta que os profissionais diplomados em escolas estrangeiras devidamente
reconhecidas no país de origem podem revalidar seus diplomas. Maiores informações sobre isso são
encontradas na Resolução n. 131 (1991).

21
Unidade I

Saiba mais

Faça a leitura na íntegra do Decreto‑Lei n. 938 (1969).

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos


Jurídicos. Decreto-Lei n. 938, de 13 de outubro de 1969. Brasília, 1969.
Provê sobre as profissões de Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional e dá
outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Decreto-Lei/1965-1988/Del0938.htm. Acesso em: 3 set. 2019.

1.5 Lei n. 8.856 (1994)

Em 1º de março de 1994, Itamar Franco, o presidente da época, sancionou ou aprovou a Lei


n. 8.856, que fixa a jornada de trabalho dos profissionais fisioterapeutas à prestação máxima de
30 horas semanais de trabalho.

Saiba mais

Consulte a Lei n. 8.856 (1994).

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos


Jurídicos. Lei n. 8.856, de 1º de março de 1994. Fixa a Jornada de Trabalho
dos Profissionais Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional. Brasília, 1994.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8856.htm.
Acesso em: 3 set. 2019.

Há alguns anos foi realizada uma pesquisa com o objetivo de traçar o perfil do fisioterapeuta no
estado de São Paulo. O resultado foi que dos 2.323 fisioterapeutas participantes, em torno de 60% tinha
conhecimento da regulação da carga horária que compõe a jornada de trabalho máxima de 30 horas
semanais (SHIWA, SCHMITT; JOÃO, 2016).

Isso quer dizer que o restante, aproximadamente 40% dos profissionais, desconhecia esta lei
importante para a profissão, mesmo depois de 22 anos da sua aprovação.

Quando lhe perguntarem qual é a jornada semanal de trabalho do fisioterapeuta, o que você
responderá? Essa informação também será valiosa para você após a sua formação acadêmica, ao
ingressar no mundo do trabalho da fisioterapia.

22
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

Exemplo de aplicação

No site do Crefito‑3 (3ª Região), que tem o Estado de São Paulo como área de jurisdição – território
sobre o qual determinada autoridade exerce poder –, foram divulgadas notícias sobre editais de concursos
públicos com cargas horárias semanais superiores às estipuladas por lei.

• A Prefeitura do município de Tatuí, em São Paulo, publicou edital de concurso (n. 01/2019) com
carga horária de 44 horas semanais para fisioterapeutas. Veja a reportagem na íntegra:

CREFITO-3. Crefito-3 notifica Prefeitura de Tatuí para retificação de edital de concurso. Brasília,
2019b. Disponível em: http://www.crefito3.org.br/dsn/noticias.asp?codnot=3233. Acesso em:
31 jul. 2019.

• As prefeituras municipais de Itapevi, Santa Bárbara D’Oeste e Porto Ferreira em São Paulo
publicaram os respectivos editais de concurso público: n. 01, 02 e 03/2018 em que constavam
cargas horárias para vagas de fisioterapeuta também acima do que está previsto na lei. Confira
reportagem na íntegra:

CREFITO-3. Prefeituras ignoram notificação e Crefito-3 aciona Justiça contra irregularidades


em concursos. Brasília, 2019e. Disponível em: http://www.crefito3.org.br/dsn/noticias.
asp?codnot=3166. Acesso em: 31 jul. 2019.

• Outros exemplos similares ocorreram em três municípios também de São Paulo: São João da Boa
Vista, Angatuba e Sebastianópolis do Sul. Seus editais de concurso previam 40 horas de trabalho
semanais para o fisioterapeuta. Veja essa notícia em:

CREFITO-3. Outra vez, a carga horária de 40 horas para e fisioterapia terapia ocupacional.
Brasília, 2018. Disponível em: http://www.crefito3.org.br/dsn/noticias.asp?codnot=2941. Acesso
em: 31 jul. 2019.

Após notificação do Crefito, será que as prefeituras tiveram que retificar a carga horária
do edital sem redução da remuneração? Por que vêm ocorrendo esses descumprimentos da
legislação vigente? Será que essa é uma realidade apenas de municípios do estado de São Paulo
ou de outros também?

Pesquise em fontes confiáveis, como nos sites dos Crefitos e Coffito, e reflita a respeito disso.

23
Unidade I

Figura 9 – Estado de São Paulo

Observação

No caso dos Crefitos, cada área de jurisdição se refere a um ou mais


estados do território brasileiro.

1.6 Lei n. 6.316 (1975)

Em 17 de dezembro de 1975, o então presidente Ernesto Geisel sancionou a Lei n. 6.316, que constituiu
e ainda constitui um instrumento fundamental para a fiscalização do exercício da fisioterapia. Essa lei
criou o Coffito e os Crefitos, compostos por membros eleitos efetivos e suplentes com mandato de
quatro anos, e determinou suas respectivas competências.

Em conjunto, o Coffito e os Crefitos constituem uma autarquia federal que inicialmente foi vinculada
ao Ministério do Trabalho. Porém, com a Lei n. 9.098 (1995) ocorreu o desvinculamento.

Saiba mais

Leia na íntegra a Lei n. 6.316 (1975):

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos


Jurídicos. Lei n. 6.316, de 17 de dezembro de 1975. Cria o Conselho Federal
e os Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional e dá outras
providências. Brasília, 1975. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/
LEIS/1970-1979/L6316.htm. Acesso em: 4 set. 2019.

24
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

1.6.1 Coffito

O Coffito está sediado em Brasília e sua área de jurisdição é todo o país.

Saiba mais

O endereço físico da sede do Coffito é SRTVS quadra 701, conjunto L,


Edifício Assis Chateaubriand, bloco II, salas 602/614 – CEP 70340‑906 –
Brasília – DF e o telefone é (61) 3035‑3800.

Das 16 competências do Coffito especificadas na Lei n. 6.316 (1975), destacamos as seguintes:

— Exercer função normativa, baixar atos necessários à […] fiscalização


do exercício profissional […];

— Supervisionar a fiscalização do exercício profissional em todo o


território nacional;

— Organizar, instalar, orientar e inspecionar os Conselhos Regionais e


examinar suas prestações de contas […];

— Fixar o valor das anuidades, taxas, emolumentos e multas devidas


pelos profissionais e empresas aos Conselhos Regionais a que estejam
jurisdicionados e destes, 20% constitui sua renda;

— Dispor, com a participação de todos os Conselhos Regionais, sobre o


Código de Ética Profissional, funcionando como Tribunal Superior de
Ética Profissional;

— Estimular a exação no exercício da profissão, velando pelo prestígio e


bom nome dos que a exercem;

— Instituir o modelo das carteiras e cartões de identidade profissional


(BRASIL, 1975).

Portanto, o Coffito possui um rico histórico de luta em prol dos interesses da saúde e do bem‑estar
do povo brasileiro e atualmente continua se dedicando a fomentar a boa formação técnica e humanista
do fisioterapeuta e a defender sua inserção profissional nos diversos ambientes no mundo do trabalho,
para que a sociedade possa receber serviços resolutivos e de excelência.

Além de zelar pelo cumprimento ético, o Coffito atua em uma série de frentes estratégicas em prol
dos serviços de fisioterapia na sociedade e do seu crescimento científico.
25
Unidade I

Saiba mais

Para conferir maiores informações sobre o Coffito, acesse o site oficial:

http://www.coffito.gov.br.

1.6.2 Crefitos

Os 16 Crefitos representam regionalmente o órgão máximo federal, que, como vimos, é o Coffito.
Eles estão sediados em capitais de Estados brasileiros ou áreas de jurisdição.

Exemplo de aplicação

O Crefito‑3 já citado, possui como área de jurisdição, o Estado de São Paulo e está sediado na Rua
Cincinato Braga, 277 – Bela Vista – CEP 01333‑011 – São Paulo/SP e o telefone é 0800‑750.5900.

Explore, nos sites a seguir, as áreas de jurisdição, localizações e contatos dos outros 15 Conselhos
Regionais de fisioterapia de todas as regiões do Brasil.

Crefito 1 – www.crefito1.org.br

Crefito 2 – www.crefito2.gov.br

Crefito 4 – www.crefito4.org.br

Crefito 5 – www.crefito5.org.br

Crefito 6 – www.crefito6.org.br

Crefito 7 – www.crefito7.gov.br

Crefito 8 – www.crefito8.org.br

Crefito 9 – www.crefito9.org.br

Crefito 10 – www.crefito10.org.br

Crefito 11 – www.crefito11.gov.br

Crefito 12 – www.crefito12.org.br

Crefito 13 – www.crefito13.org.br
26
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

Crefito 14 – www.crefito14.org.br

Crefito 15 – www.crefito15.org.br

Crefito 16 – www.crefito16.gov.br

Dentre as 15 competências dos Crefitos determinadas na Lei n. 6.316 (1975), veja as seguintes:

— Fiscalizar o exercício profissional na área de sua jurisdição […];

— Funcionar como Tribunal Regional de Ética, conhecendo, processando


e decidindo os casos que lhe forem submetidos;

— Expedir a carteira de identidade profissional […] aos profissionais


registrados;

— Arrecadar e promover a cobrança de anuidades, multas, taxas e


emolumentos […], sendo que 80% do produto arrecadado constitui
sua renda;

— Estimular a exação no exercício da profissão, velando pelo prestígio e


bom conceito dos que a exercem (BRASIL, 1975).

Até agora, você conseguiu notar diferenças e semelhanças entre o Coffito e os Crefitos? Você deve
ter percebido que estimular a exação no exercício profissional, velando pelo prestígio e bom conceito ou
bom nome dos que a exercem, é uma das competências comuns.

É importante destacar que o livre exercício da profissão em todo o território nacional somente é
permitido ao portador da carteira profissional, que, embora tenha seu modelo instituído pelo Coffito,
é expedida pelo Crefito da área de jurisdição onde o registro foi feito.

Observação

Uma dúvida frequente dos alunos ingressantes no curso de Fisioterapia


é se poderão atuar como fisioterapeutas em mais de um estado brasileiro
ao mesmo tempo.

De acordo com a lei que estamos tratando, pode‑se dizer que sim.
Primeiramente, é preciso verificar se a área de jurisdição dos Conselhos é a
mesma ou não, pois alguns Crefitos abrangem mais de um estado.

27
Unidade I

Entretanto, é necessário saber que o exercício simultâneo, temporário


ou definitivo da profissão na área de jurisdição de dois ou mais Crefitos
submeterá o profissional às exigências e formalidades do Coffito. Dessa
forma, é recomendável entrar em contato com os Conselhos e também se
familiarizar com os pormenores descritos na Resolução n. 487 (COFFITO,
2017c) sobre o pagamento das anuidades nestes casos diferenciados.

Outro ponto relevante descrito na Lei que estamos considerando, a n. 6.316 (1975), é sobre
a anuidade, cujo valor é fixado pelo Coffito e cuja arrecadação ou cobrança é feita pelo Crefito da
respectiva jurisdição.

Sendo assim, o pagamento da anuidade constitui condição de legitimidade do exercício da profissão.


Isso quer dizer que ao realizar o pagamento anual, você poderá exercer a profissão de forma legítima,
em conformidade com a lei.

A contribuição de fiscalização profissional é um dos tributos ou impostos que nós, brasileiros,


pagamos para exercer qualquer profissão. Podemos dizer que todas as profissões regulamentadas por
Conselhos de Classe devem realizar esse pagamento.

Por fim, a Lei aborda a questão das infrações. Infringir significa basicamente transgredir ou
desrespeitar. O que constituem algumas infrações ou transgressões do profissional fisioterapeuta
sujeitos à advertência, repreensão, multa, suspensão ou até ao cancelamento do registro dependendo
da situação? A seguir, são listadas as infrações mencionadas na Lei n. 6.316 (BRASIL, 1975):

• Transgredir preceito ou norma do Código de Ética Profissional.

• Exercer a profissão quando impedido de fazê‑lo.

• Facilitar, por qualquer meio, o exercício profissional aos que não são registrados ou aos leigos.

• Violar sigilo profissional.

• Praticar ato que a Lei defina como crime ou contravenção (infração penal de menor gravidade
que um crime).

• Depois de notificado, não cumprir determinação emitida pelo Crefito no prazo determinado.

• Deixar de pagar, pontualmente, as contribuições obrigatórias ao Crefito.

• Faltar a qualquer dever profissional prescrito nesta Lei.

• Manter conduta incompatível com o exercício da profissão.

28
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

Lembrete

O Coffito é o Tribunal Superior de Ética, e o Crefito é o Regional.

Figura 10 – Coffito/Crefitos: Tribunais Superior e Regional de Ética da fisioterapia

Exemplo de aplicação

No primeiro semestre de 2019, alguns Crefitos publicaram notícias que relatavam histórias de falsos
profissionais em diversas partes do país.

• O Crefito‑7 flagrou alguns casos de falsos profissionais em Salvador e em municípios do interior


da Bahia: Barreiras, Crisópolis, Itapetinga, Nazaré das Farinhas, Senhor do Bonfim e Uruçuca. Esses
leigos desempenhavam atividade própria do fisioterapeuta sem a devida formação acadêmica ou
registro, o que se configurou como exercício irregular da profissão. Acesse a reportagem completa:

CREFITO-7. Fiscalização flagra falsos fisioterapeutas atuando em Salvador e municípios do interior


da Bahia. Brasília, 2019. Disponível em: https://crefito7.gov.br/?p=6651. Acesso em: 6 set. 2019.

• Segundo matéria publicada no site do Crefito‑3, em 2019 foram descobertos mais de seis leigos
que prestavam assistência fisioterapêutica nas áreas de reumatologia e ortopedia a pacientes em
clínicas da capital de São Paulo e em São Caetano do Sul, São José dos Campos e Ribeirão Preto;
em alguns casos, com conivência de outros fisioterapeutas. Alguns desses falsos fisioterapeutas
haviam cursado somente alguns semestres em cursos de graduação em Fisioterapia e uma tinha
formação em Administração de Empresas. Acesse a reportagem completa:

CREFITO-3. Falsos fisioterapeutas: mais seis casos são denunciados ao Ministério Público pelo
Crefito-3. Brasília: 2019c. Disponível em: http://crefito3.org.br/dsn/noticias.asp?codnot=3212.
Acesso em: 9 set. 2019.

29
Unidade I

• Outro caso noticiado no site do Crefito‑4 foi de uma falsa fisioterapeuta prestando atendimento
em sua clínica em Minas Gerais. No momento da abordagem, a suposta fisioterapeuta afirmou
ser a única profissional responsável pelo local. Foram localizados carimbo, cartões de visitas,
banners, receituário e prontuários carimbados por ela, com numeração falsa do Crefito, além de
um diploma de graduação em fisioterapia e de outro curso falsificados. Ela foi presa por falsidade
ideológica e exercício ilegal da profissão. Acesse a reportagem completa:

CREFITO-4. Falsa fisioterapeuta é flagrada atuando no sul de Minas. Brasília, 2019b. Disponível
em: http://crefito4.org.br/site/2019/05/29/falsa-fisioterapeuta-e-flagrada-atuando-no-sul-de-
minas/. Acesso em: 9 set. 2019.

Leia as reportagens e reflita sobre as seguintes questões:

1) Quais danos à saúde dos usuários esses serviços podem ter causado?

2) Como isso prejudicou a atuação dos fisioterapeutas na região?

3) Essas más práticas devem ou não ser denunciadas?

Diante dessas e de outras infrações, é importante que usuários, fisioterapeutas e outros profissionais
da área da saúde entrem em contato com o Crefito de sua jurisdição sempre que notarem alguma
irregularidade no exercício da fisioterapia.

Ressalta‑se que todas as denúncias são devidamente apuradas pelo Departamento dos Crefitos
especializado na fiscalização e proteção da sociedade de falsos fisioterapeutas e de outras más
práticas profissionais.

1.6.3 Departamento de Fiscalização (Defis)

O Departamento de Fiscalização foi criado pela Resolução do Coffito n. 194 (1998), que aprovou
o seu estabelecimento na estrutura dos Crefitos. Desta forma, o Defis passou a integrar o regimento
interno dos Crefitos, se tornando parte inerente desses Conselhos. É composto por um coordenador
geral, dois membros, designados entre membros do colegiado, agentes fiscais, funcionários ou
profissionais fisioterapeutas especialmente convidados, indicados e supervisionados pelo próprio
presidente do Crefito.

De acordo com a Resolução n. 194 (1998), as atribuições do Defis são: sistematizar a programação e
custeio da fiscalização, bem como o roteiro a ser cumprido pelos agentes fiscais; supervisioná‑los em sua
atuação; e avaliar, analisar e dar parecer no processo administrativo‑fiscalizador. Os atos fiscalizatórios
do Defis se limitam ao estado sede e/ou estado(s) integrante(s) de sua jurisdição.

30
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

Saiba mais

Para maiores informações sobre o Defis, consulte a Resolução n. 194 (1998):

COFFITO. Resolução n. 194, de 9 de dezembro de 1998. Brasília,


1998. Disponível em: http://www.crefito.com.br/repository/legislacao/
resolução%20194.pdf. Acesso em: 9 set. 2019.

Portanto, o Defis cumpre a função principal do Conselho Regional, isto é, fiscalizar o exercício da
profissão de fisioterapia. Isso envolve manter a constante vigilância sobre os serviços de fisioterapia
oferecidos por profissionais, instituições públicas e privadas, zelando pela segurança, qualidade e ética
no atendimento prestado à população dentro da área de jurisdição.

Exemplo de aplicação

No site do Crefito‑3, algumas das principais infrações observadas no estado de São Paulo foram:
ausência de inscrição e de documentação profissional; fisioterapeuta que facilita exercício ilegal da
profissão; leigo praticando ato privativo e carga horária acima de 30 horas semanais.

Releia algumas das infrações descritas na Lei n. 6.316 (1975) que mencionamos previamente e
lembre‑se de quão importante é denunciá‑las ao Crefito da sua jurisdição.

1.7 Resoluções do Coffito

1.7.1 Resolução n. 468 (2016) – registro profissional

A Resolução n. 468 (2016) dispõe sobre o registro profissional que mencionamos antes e que é
realizado para o portador de diploma ou certidão de conclusão de graduação, bacharelado em fisioterapia,
em curso autorizado pelo MEC. Além do diploma, para o registro são necessários também a colação de
grau e o histórico acadêmico.

A universidade está preparada para oferecer aos graduandos todos os documentos e ajudar nos
procedimentos necessários para que o seu registro profissional junto ao Crefito da área de sua jurisdição
seja realizado após a sua formação.

Sabemos que você não vê a hora de se registrar profissionalmente e receber sua carteira de
identificação profissional de fisioterapeuta para começar a pôr em prática oficialmente tudo o
que aprendeu na graduação. Aproveite bem esse momento único e faça dele um dos melhores
da sua trajetória.

31
Unidade I

Saiba mais

Leia a Resolução completa:

COFFITO. Resolução n. 468, de 19 de agosto de 2016. Brasília,


2016e. Disponível em: http://www.crefito.com.br/repository/legislacao/
RESOLUCAO46816.pdf. Acesso em: 9 set. 2019.

1.7.2 Resolução n. 052 (1985) – registro profissional docente

A inscrição no Crefito para docentes é obrigatória. A fisioterapia é uma profissão regulamentada em


lei, tendo suas atividades descritas na legislação por meio do Decreto‑Lei n. 938/69, o qual determina as
atividades privativas da fisioterapia e prevê o exercício do magistério nas disciplinas de formação básica
ou profissional, de nível superior ou médio.

Além disso, a Lei n. 6.316 (1975) estabelece que o livre exercício da profissão em todo o território
nacional é permitido ao profissional inscrito no Crefito e portador da carteira profissional, podendo
assim exercer livremente a atividade de magistério.

Observação

Magistério é o cargo ou ofício de professor. Refere‑se à docência.

Desta forma, desde 1985 a Resolução n. 052 já tornava obrigatório o registro do fisioterapeuta que
exerce o magistério junto ao Crefito de sua jurisdição, visto que dele se exigem conhecimentos técnicos,
práticos e teóricos, alcançados através do exercício profissional contínuo.

Portanto, não será por se tornar professor que o profissional deixará de se tornar fisioterapeuta.
Afinal, no ensino de suas disciplinas, o professor, via de regra, também age como efetivo profissional.
Deste modo, ressalta‑se que os fisioterapeutas necessitam de registro perante o Crefito para exercer o
magistério e estão, consequentemente, sujeitos também ao pagamento da anuidade.

Saiba mais

Consulte a Resolução do Coffito n. 052 (1985) na íntegra:

COFFITO. Resolução n. 052, de 16 de maio de 1985. Brasília, 1985.


Disponível em: http://www.crefito.com.br/repository/legislacao/
resolução%20052.pdf. Acesso em: 9 set. 2019.

32
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

1.7.3 Resolução n. 487 (2017) – anuidade

O valor da anuidade é fixado pelo Coffito pela Resolução n. 487 (2017) e arrecadado pelos Crefitos.
As Resoluções são sempre atualizadas no decorrer do tempo e é muito importante estar a par delas por
meio da consulta constante de informações em sites confiáveis.

A fixação e arrecadação das anuidades pelos fisioterapeutas acontecem devido a vários motivos:
• São considerados tributos.
• São indispensáveis para a existência da autarquia: Sistema Coffito/Crefitos.
• A organização e funcionamento dos serviços úteis à regulamentação e fiscalização do exercício
profissional dependem destas arrecadações.

Atualmente, o valor está fixado em R$ 475,00 (quatrocentos e setenta e cinco reais), mas quando
você se registrar pela primeira vez perante o Crefito, a anuidade será menor ou proporcional aos meses
em que começar a vigorar a sua inscrição.

A Resolução lhe assegura que se você realizar o pagamento à vista até os últimos dias úteis dos
meses de janeiro, fevereiro ou março, você terá descontos de 15%, 10% ou 5%, respectivamente. Se
preferir, poderá parcelar o valor em até cinco vezes, uma forma facilitada de você cumprir com a sua
obrigação, principalmente em início de carreira.

Saiba mais

Para conferir as anuidades e taxas, acesse:

COFFITO. Resolução n. 487, de 20 de outubro de 2017. Brasília, 2017c. Disponível


em: https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=7412. Acesso em: 16 out. 2019.

1.7.4 Resolução n. 483 (2013) – recadastramento nacional

Foi por meio da Resolução n. 438 (2013) que o Coffito iniciou um importante trabalho, que, entre
outros objetivos, unificou o cadastro de fisioterapeutas brasileiros e emitiu uma nova carteira de
identidade profissional.

Portanto, fique atento, pois atender à convocação para o recadastramento nacional constitui um ato
obrigatório por parte de todos os fisioterapeutas devidamente registrados e tem por objetivo atualizar
os dados pessoais e profissionais existentes junto ao Coffito e seus respectivos Crefitos.

De acordo com o Código de Ética, o fisioterapeuta deve manter seus dados cadastrais atualizados e
é obrigado a atender as convocações do Coffito e dos Crefitos.
33
Unidade I

Saiba mais

A última convocação para o pré‑recadastramento nacional nos Sistemas


Coffito/Crefitos ocorreu em 2018. Saiba mais sobre esse recadastramento
na Resolução n. 438 (2013):

COFFITO. Resolução n. 438, de 10 de dezembro de 2013. Brasília,


2013e. Disponível em: http://www.crefito.com.br/repository/legislacao/
RESOLUCAO43813.pdf. Acesso em: 16 out. 2019.

1.7.5 Resolução n. 131 (1991) – diplomas no estrangeiro

A Resolução n. 131 (1991) se refere aos diplomas de graduados no estrangeiro em cursos de Fisioterapia.

Quando abordamos o Decreto‑Lei n. 938 (1969), dissemos que os profissionais diplomados em escolas
estrangeiras devidamente reconhecidas no país de origem podem revalidar seus diplomas aqui no Brasil.
O profissional diplomado por Universidade com curso reconhecido com duração de no mínimo quatro
anos e máxima de oito é profissional de nível superior no Brasil; a revalidação de diplomas de graduados
no exterior exige uma isonomia ou igualdade de estudos superiores em instituições estrangeiras.

Sendo assim, cabe à instituição brasileira responsável pela revalidação constatar se o diploma
corresponde a estes estudos superiores; se a duração do curso é compatível com a mínima exigível no
Brasil e se será concedida ou não a aprovação do exercício profissional para o diplomado no estrangeiro.

Saiba mais

Leia a Resolução n. 131 (1991):

COFFITO. Resolução n. 131, de 26 de novembro de 1991. Brasília,


1991. Disponível em: http://www.crefito.com.br/repository/legislacao/
resolução%20131.pdf. Acesso em: 10 set. 2019.

Figura 11 – Diplomas no estrangeiro

34
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

Observação

Você sabia que em 1999 países europeus aderiram ao Processo de Bolonha e


em 2010, criaram o Espaço Europeu de Ensino Superior? O objetivo deste espaço,
hoje composto por 48 países‑membros, sendo 28 estados‑membros da União
Europeia, é harmonizar os diferentes sistemas de ensino superior de forma a
serem compatíveis, comparáveis e coerentes entre si (RODRIGUES, 2019).

Curiosamente, uma das suas características é a duração mínima de


graduação de Fisioterapia de três anos!

Imagine um estrangeiro que veio morar e trabalhar no Brasil com diploma


de graduação em Fisioterapia obtido em um dos países da União Europeia.
Provavelmente, a instituição responsável pela revalidação deste diploma
precisará criar processos de avaliação diferenciados, além da conferência dos
comprovantes formais mencionados na Resolução n. 131 (1991).

Figura 12 – Espaço Europeu de Ensino Superior

Saiba mais

E o que dizer do processo inverso, a revalidação do seu diploma de


fisioterapeuta brasileiro em outro país? Essa é uma pergunta frequente dos
alunos quando abordamos a Resolução n. 131 (1991).

A UNIP mantém cooperação internacional com mais de cem


instituições e agências internacionais de ensino. Leia mais sobre a área de
Internacionalização Acadêmica da UNIP e seus programas de bolsa:

UNIVERSIDADE PAULISTA (UNIP). Internacionalização acadêmica.


[s.d.]. Disponível em: https://www.unip.br/presencial/universidade/
internacionalizacao_academica/. Acesso em: 10 set. 2019.

35
Unidade I

1.8 Entidades de classe

Entidade de classe se refere a uma sociedade de empresas ou pessoas com forma e natureza jurídica
próprias, de natureza civil, sem fins lucrativos e não sujeita à falência, constituída para prestar serviços
aos seus associados.

Toda entidade de classe tem em comum a gratuidade do exercício de cargos eletivos, e os sindicatos,
as associações e as confederações são alguns de seus exemplos.

Você sabe diferenciar a atuação dos sindicatos, associações e confederações de fisioterapia? Conhecer
a função de cada entidade de classe é fundamental para o esclarecimento de dúvidas e resolução de
questionamentos ou problemas.

1.8.1 Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais (Sinfito)

O sindicato é uma entidade sindical sem fins lucrativos que tem como objetivo representar uma
categoria profissional. No caso do Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais (Sinfito), sua
finalidade principal é defender os interesses individuais e coletivos dos profissionais na sua relação de
trabalho em suas respectivas bases territoriais.

De forma geral, o Sinfito luta pela melhoria das condições de trabalho, remuneração dos profissionais
e defesa da classe, garantindo todos os direitos trabalhistas previstos em lei.

Observação

A palavra sindicato é datada do ano 1409 e vem do francês syndicat,


que significa crítica ou julgamento, e na língua portuguesa se originou em
1514 e remete à defesa de interesses comuns.

A base de sustentação do Sinfito se dá por meio de contribuições sindical e assistencial. Porém,


a Lei da Reforma Trabalhista n. 13.467 (2017) acabou com a sua obrigatoriedade e concluiu que a
contribuição facultativa é constitucional.

Ressalta‑se que questões trabalhistas, como as que envolvem o piso salarial, são negociadas e
conquistadas pelo Sinfito de cada estado brasileiro, bem como pelo Sindicato Patronal junto à Justiça
de Trabalho por meio das Convenções Coletivas de Trabalho.

Você leu a expressão ”piso salarial”? Com certeza, ficou curioso para saber qual é o piso salarial do
fisioterapeuta. Como vimos, não há política nacional para o estabelecimento do piso. Pelo contrário,
os diferentes Sinfitos negociam e conquistam o valor digno da profissão em suas respectivas
bases territoriais. Por exemplo: em São Paulo, o piso salarial mínimo e atual do fisioterapeuta é de
aproximadamente R$ 3.000,00 (três mil reais), fora os 50% de adicional noturno.

36
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

Observação

Lembre‑se que dependendo do momento em que você está lendo esse


livro‑texto, o reajuste desse valor pode ter ocorrido e pode ser superior.

Recorde também que esse é o piso mínimo para a jornada de trabalho


máxima de 30 horas semanais do fisioterapeuta em São Paulo.

Figura 13 – Piso salarial

Saiba mais

Veja a reportagem publicada no site do Crefito‑3, sobre a proposta de piso


salarial de R$ 4.800,00 (quatro mil e oitocentos reais) para os fisioterapeutas.

CREFITO-3. Proposta de piso salarial de R$ 4.800 para fisioterapeutas precisa


de apoio da categoria. Brasília, 2017. Disponível em: http://crefito3.org.br/dsn/
noticias.asp?codnot=2745. Acesso em: 16 out. 2019.

Além dos Sinfitos, há também a Federação Nacional de Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais


(Fenafito) em que são filiados todos os sindicatos de ambas as categorias profissionais no território
brasileiro que estão devidamente regulamentados no Ministério do Trabalho. Dentre eles, podemos citar:
Sinfito‑SP, Sinfito‑CE, Sinfito‑MG, Sinfito‑PE, Sinfito‑PR, Sinfito‑RJ e Sinfito‑BA.

37
Unidade I

Saiba mais

O Sinfito do Estado de São Paulo (SP) foi fundado em 12 de agosto de


1980 e a Fenafito, em 13 de outubro de 1989.

Ambos têm, atualmente, como presidente, o Dr. Edson Stéfani e estão


sediadas à Rua 24 de Maio, 104 – 9º andar – República – SP – Cep: 01041‑000.

Sinfito‑SP:

Telefones para contato: (11) 3337‑0045 / 3362‑3855

E‑mail: sinfitosp@sinfitosp.org.br

Site: http://www.sinfitosp.org.br/

Fenafito:

Telefone para contato: (11) 3337‑6755

E‑mail: fenafito@fenafito.com.br

Site: www.fenafito.com.br

Por meio desse exemplo, incentiva‑se a busca por informações


semelhantes dos outros Sinfitos:

COFFITO. Sindicatos. [s.d.]c. Disponível em: www.coffito.gov.br/


nsite/?page_id=3578. Acesso em: 16 out. 2019.

Figura 14 – Busca por informações

38
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

Exemplo de aplicação

Uma pesquisa feita com a finalidade de traçar o perfil do fisioterapeuta do estado de São Paulo
mostrou que dos mais de 2.000 fisioterapeutas participantes, somente 13% responderam corretamente
o valor do piso salarial da época (SHIWA; SCHMITT; JOÃO, 2016).

Pesquise qual é o piso salarial mínimo e atual da região que você mora, bem como de outras. Acesse
os sites dos Sinfitos e confira:

COFFITO. Sindicatos. [s.d.]c. Disponível em: www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=3578. Acesso em: 16 out. 2019.

1.8.2 Associação de Fisioterapeutas do Brasil (AFB)

Uma associação é uma organização resultante da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou
sem personalidade jurídica, sem fins lucrativos para a realização de um objetivo comum.

Neste contexto, as diversas associações existentes na fisioterapia foram criadas para agregar
profissionais de determinada área, buscar o aprimoramento profissional por meio de cursos e congressos,
bem como divulgar e valorizar ainda mais a profissão.

Uma das associações principais da profissão é a Associação de Fisioterapeutas do Brasil (AFB), como é
conhecida desde 2005 e que se refere à anterior, a Associação Brasileira de Fisioterapeutas (ABF), criada
em 1959, reconhecida pela Associação Médica Brasileira (AMB) em 1962 e pela Confederação Mundial
de fisioterapia – em inglês, a World Confederation of Physical Therapy (WCPT) – em 1963 e reconhecida
como entidade pública em 1966.

Alguns dos seus objetivos são:

• Estimular a prática e educação da fisioterapia em alto nível.

• Realizar a comunicação e a troca de informações, incluindo a organização de congressos nacionais


para fisioterapeutas.

• Organizar a criação e o desenvolvimento de associações estaduais e as representativas das áreas


de atuação da fisioterapia no Brasil.

• Representar os fisioterapeutas do Brasil junto à WCPT e à Confederación Latinoamericana de


Fisioterapia y Kinesiologia (CLAFK), o que vem ocorrendo oficialmente desde 2007 após a mudança
do nome e aprovação.

Dessa forma, a participação da AFB nesses órgãos internacionais promove um intercâmbio científico
e cultural dos fisioterapeutas brasileiros com o mundo, além de cooperar com o desenvolvimento da
fisioterapia e promover a união dos fisioterapeutas.

39
Unidade I

Saiba mais

Para maiores informações sobre a AFB, acesse o site oficial:

www.afb.org.br

A atual presidente da AFB é a Dra. Denise Flavio de Carvalho Botelho


Lima e a sede encontra‑se à Rua Carlos de Vasconcelos 111, Tijuca, Rio de
Janeiro‑RJ. Os telefones e o e‑mail para contato são: (21) 99982‑5348 /
(21) 99529‑1235 / contato@afb.org.br

Observação

Desde 2005, a AFB promoveu Congressos Brasileiros de Fisioterapia


(Cobrafs). Veja a seguir onde ocorreu cada um desses congressos:

2005 e 2007 → São Paulo

2009 → Rio de Janeiro

2011 → Santa Catarina

2013 → Ceará

2014 → São Paulo

2016 → Pernambuco

2018 → Minas Gerais

2020 → Rio de Janeiro

Aguarde os próximos congressos. Quem sabe, você pode até mesmo


apresentar o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em um dos
congressos. Não é uma boa ideia?

40
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

Figura 15 – Congresso de fisioterapia 2020: Rio de Janeiro

Exemplo de aplicação

Além da AFB, a fisioterapia possui outras associações responsáveis por agregar profissionais das mais
variadas áreas de atuação. Essas associações têm como objetivo o desenvolvimento profissional por
meio de eventos e cursos, além de promover a divulgação da profissão, com o intuito de proporcionar
oportunidades no mercado de trabalho aos associados e o fortalecimento das categorias.

Pesquise sobre as associações relacionadas a seguir.

• Associação dos Fisioterapeutas Acupunturistas do Brasil (AFA Brasil)

• Sociedade Brasileira de Fisioterapeutas Acupunturistas (Sobrafisa)

• Associação Brasileira de Fisioterapia Dermatofuncional (Abrafidef)

• Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (Sonafe)

• Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional (Abrafin)

• Associação Brasileira de Fisioterapia Aquática (ABFA)

• Associação Brasileira de Fisioterapia em Oncologia (ABFO)

• Sociedade Brasileira de Fisioterapia em Cancerologia (SBFC)

• Associação de Osteopatas do Brasil (AOB)

• Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e fisioterapia em Terapia Intensiva (Assobrafir)

• Associação Brasileira de Fisioterapia em Saúde da Mulher (Abrafism)

41
Unidade I

• Associação Brasileira de Fisioterapia do Trabalho (Abrafit)

• Associação Brasileira de Fisioterapia Traumato‑Ortopédica (Abrafito)

Conheça essas associações em:

COFFITO. Associações conveniadas. Brasília, [s.d.]a. Disponível em: https://www.coffito.gov.br/


nsite/?page_id=3598. Acesso em: 16 out. 2019.

1.8.3 World Confederation of Physical Therapy (WCPT)

A Confederação Mundial de Fisioterapia ou World Confederation of Physical Therapy (WCPT) é uma


organização sem fins lucrativos, sediada no Reino Unido, fundada em 1951 e ligada à Organização
Mundial da Saúde (OMS). Trata‑se da única voz internacional para mais de 450 mil fisioterapeutas em
todo o mundo através de seus 120 países‑membros, incluindo o Brasil, por meio da AFB.

A WCPT está empenhada em promover o crescimento da profissão e melhorar a saúde global e, por
isso, tem como principais finalidades:

• Encorajar elevados padrões de pesquisa, educação e prática na fisioterapia.

• Promover o intercâmbio entre os fisioterapeutas dos países‑membros.

• Colaborar com organizações nacionais e internacionais, como a AFB, por exemplo.

A fim de atingir esses objetivos, a WCPT organiza congressos internacionais em diversas partes do mundo.

Saiba mais

Consulte muitas informações sobre a profissão em diversas regiões do


mundo no site da WCPT:

https://www.wcpt.org.

Figura 16 – WCPT

42
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

Observação

Os congressos internacionais promovidos pela WCPT de 2003 até 2021


são os seguintes:

2003 → Espanha (Barcelona)

2007 → Canadá (Vancouver)

2011 → Holanda (Amsterdã)

2015 → Singapura

2017 → África do Sul (Cidade do Cabo)

2019 → Suíça (Genebra)

2021 → Emirados Árabes (Dubai)

2 HISTÓRIA DA REABILITAÇÃO NO MUNDO E DA FISIOTERAPIA NO BRASIL

Neste material, teremos a oportunidade de estudar o surgimento da reabilitação no mundo e


da fisioterapia no Brasil, juntamente com o desenvolvimento do profissional e sua presença nos
momentos históricos que fazem da fisioterapia essa importante profissão nos dias atuais (REBELATTO;
BOTOMÉ, 1998).

Convidamos você agora a viajar pelas diferentes épocas da história da profissão e a refletir sobre
como a fisioterapia foi definida e em que momento ocorreram as mudanças que a transformaram na
profissão que é conhecida hoje.

2.1 História da reabilitação

Primeiramente, vale a pena recordar que os nossos ancestrais, os caçadores‑coletores, usufruíam


de um estilo de vida interessante, relativamente confortável e compensador, no sentido de que,
provavelmente, saíam do acampamento por volta das oito horas da manhã; perambulavam pelas
florestas das redondezas, caçando animais e coletando plantas; voltavam ao acampamento no
começo da tarde para almoçar e ainda tinham tempo suficiente para fofocar, contar histórias,
brincar com os filhos ou simplesmente descansar na companhia dos outros. Eles conheciam os
segredos da natureza, já que sua sobrevivência dependia do conhecimento íntimo das plantas e dos
animais. Sendo assim, o homem caçador‑coletor trabalhava na busca por alimento em média cinco
horas por dia (HARARI, 2018).

43
Unidade I

No entanto, com o marco da agricultura, cuja transição ocorreu em torno de 9500 a.C. a 8500 a.C. de
caçador‑coletor, o homem se tornou agricultor e teve que mudar completamente seu modo de vida, visto
que foi forçado a realizar novas tarefas que demandavam muito tempo e trabalho duro. Curiosamente,
a carga de trabalho diária passou a ser de, em média, 10 longas horas em troca de uma alimentação e
condições precárias, apesar do aumento total de alimentos advindo com a Revolução Agrícola. Desta
forma, em vez de pronunciar uma era de vida tranquila, a situação das pessoas ficou mais difícil e menos
gratificante que a dos seus ancestrais. O corpo do homem, incluindo a coluna, os joelhos, o pescoço e
as plantas dos pés, pagou o preço, pois os problemas de saúde começaram a aparecer (HARARI, 2018).

2.1.1 Antiguidade

Na Antiguidade ou Idade Antiga, período entre 4000 a.C. e 395 d.C., houve uma grande preocupação
com as doenças que eram consideradas como “diferenças incômodas”, as quais se referiam não só aos
aspectos orgânicos das doenças, mas também aos sociais, comportamentais e outros.

Observação

São termos equivalentes às “diferenças incômodas”: morbidade,


disfunção, mal e deformidade.

A preocupação principal era a diminuição ou eliminação dessas “diferenças incômodas” por


intermédio de meios físicos disponíveis naquela época.

Você consegue se lembrar, pelos seus conhecimentos prévios de História em geral, de algum meio
físico usado pelo homem antigo? A água, luz, calor, peixe‑elétrico ou movimentos do corpo humano
foram alguns agentes físicos utilizados como técnicas, instrumentos, recursos e procedimentos com o
objetivo de reduzir ou acabar com as doenças.

Há quem pergunte, por curiosidade, como os peixes‑elétricos eram utilizados terapeuticamente.


Algumas espécies de peixes possuem um órgão especializado ou elétrico composto por milhares de
células, chamadas de eletrócitos, que se carregam e descarregam continuamente.

Um exemplo é o brasileiro puraquê (Electrophorus electricus), que significa ”o que faz dormir ou o que
entorpece”, também conhecido como enguia, que pode chegar a mais de dois metros de comprimento e
ser capaz de emitir mais de 600 volts (v) numa única descarga elétrica, o que é o equivalente a mais de
cinco vezes a de uma tomada de 110 v.

Porém, pesquisas mostram que todas as outras espécies de peixes elétricos produzem descargas mais
fracas, que variam entre menos de 1 e 5 v. Provavelmente, foram esses os tipos de choques elétricos
utilizados para o alívio de dor e outras doenças na Antiguidade (COMO..., 2018).

44
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

Figura 17 – Electrophorus electricus

Saiba mais

A fim de ampliar os conhecimentos sobre o tema, leia a matéria a seguir:

COMO os peixes-elétricos geram eletricidade? Mundo Estranho, 4 jul.


2018. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-
os-peixes-eletricos-geram-eletricidade/. Acesso em: 18 set. 2019.

Pode‑se dizer que a profissão, antes mesmo de ser conhecida pelo nome, surgiu nesse momento
histórico com o foco na terapia ou no tratamento de doenças já instaladas, por meio de recursos físicos
utilizados até hoje.

Por exemplo, já se utilizava a eletroterapia sob formas de choques elétricos transmitidos por
peixes‑elétricos; bem como a cinesioterapia, por meio do costume de usar o movimento do corpo
humano no tratamento de doenças já estabelecidas e, portanto, com finalidades terapêuticas.

Observação

Um dos componentes do símbolo oficial da fisioterapia é o raio


amarelo‑ouro que remete à eletricidade, um dos primeiros recursos
utilizados pela profissão.

A seguir, estão dispostos comentários que confirmam o uso de movimentos corporais para fins
terapêuticos na Idade Antiga. Note a ênfase dada naquela época:

No ano de 2698 a.C., o Imperador chinês Hoong‑Ti criou um tipo de ginástica


curativa que continha exercícios respiratórios e exercícios para evitar a
obstrução dos órgãos […]

45
Unidade I

Na medicina grega, a terapia por movimento constituía uma parte fixa do


tratamento […]

Galeno (130 a 199 d.C.) informa que conseguiu, através de uma ginástica
do tronco e pulmões, corrigir o tórax deformado de um rapaz até lograr
condições normais (REBELATTO; BOTOMÉ, 1998, p. 13).

Ao ler esses comentários, é possível identificar quais palavras indicam que o foco era a reabilitação
e não a prevenção das doenças? Termos como “ginástica curativa”, ”tratamento” e “corrigir” apontam
para este fato.

Vale a pena mencionar que em algumas regiões da Grécia Antiga vigorava a concepção “men sana
in corpore sano”, que quer dizer “uma mente sã em um corpo são”. Porém, essa ideia não chegou a ter
forte influência nas ações relativas aos cuidados com o corpo nesse período.

Portanto, podemos afirmar que o objetivo da fisioterapia na época do seu surgimento, na Antiguidade,
não era voltado para prevenir, mas sim para reabilitar partes isoladas do corpo. Sendo assim, os
questionamentos que surgem são: o que aconteceria nas épocas seguintes e que mudanças haveria?

2.1.2 Idade Média

Na Idade Média ou época medieval, período entre os séculos IV e XV, predominou‑se uma ordem
social estabelecida no plano divino em que a fé era uma obrigação elementar ou básica dos homens
que se organizavam de forma hierárquica, ou seja, de acordo com uma relação de subordinação entre
os membros da sociedade.

Você talvez esteja se lembrando de que a sociedade se dividia em três grupos organizados dos
seguintes modos:

• O clero, que tinha como função principal o serviço divino e, portanto, detinha o poder determinante
das decisões sobre os caminhos a serem seguidos pela sociedade.

• A nobreza, que devia guerrear.

• As camadas populares ou camponeses, que deviam trabalhar ou produzir.

Sendo assim, as classes mais privilegiadas e beneficiadas eram o clero e a nobreza, isto é, a minoria. Para
eles, as relações impostas de servidão eram convenientes, em especial para o clero, que, por meio da religião
da época, também difundiu interesses próprios, como a valorização do culto de alma e espírito e não do
corpo. Na verdade, o corpo era considerado como inferior e inimigo e acreditava‑se que o que acontecia
com ele externamente era causado pelo que estava dentro dele, como se fosse um mero recipiente.

Esses pensamentos refletiam o desinteresse pelos avanços dos estudos na área da saúde e cuidados
com o corpo. Para se ter uma ideia, os hospitais, naquela era da história, estavam interligados com
46
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

as igrejas, e suas salas de enfermos, como eram chamadas, se localizavam literalmente ao lado das
capelas. Havia inclusive altares nessas salas, porém nenhum espaço físico apropriado para a realização
de exercícios, por exemplo.

Podemos dizer que em determinado momento desse período, a nobreza e o clero começaram a se
interessar por atividade física. Porém, não era um interesse pelo exercício físico focado na reabilitação,
similar à Idade Antiga, e sim por uma atividade física específica dirigida para o aumento da força e potência
física com foco no que constituía responsabilidades deles, ou seja, no controle da população, bens e guerra.

Desta forma, para as camadas populares, a atividade física era um tipo de lazer barato e acessível
que apenas compensava as más condições em que viviam e trabalhavam. Para os burgueses e lavradores,
os exercícios serviam, cada vez mais, unicamente como diversão; não havia interesse em aumentar a
potência corporal” (REBELATTO; BOTOMÉ, 1998).

E agora, podemos nos perguntar: será que essas novas concepções do uso do exercício físico não
apoiado cientificamente na Idade Média foram difundidas mais concretamente em épocas posteriores?

2.1.3 Renascimento

O Renascimento, período compreendido entre os séculos XV e XVI, se iniciou na Itália e depois se


espalhou para outros países da Europa por meio de um movimento artístico e literário que contribuiu
para o desenvolvimento da arquitetura, escultura, pintura, artes decorativas, literatura e música.

Neste período, a beleza e o culto ao físico começaram a ser valorizados, enquanto os valores morais
e religiosos rígidos da Idade Média não foram mais aceitos e sofreram decadência.

Surgiram também as Universidades, onde se buscava conhecimento e compreensão do mundo, o


que proporcionou a retomada de estudos relativos aos cuidados com o corpo e o bem‑estar físico do
homem. Por exemplo, Mercurialis, professor de Medicina em Pádua, Itália, desenvolveu os princípios da
ginástica médica:

• Exercícios para conservar um estado saudável já existente.

• Regularidade no exercício.

• Exercícios individuais especiais para convalescentes.

• Exercícios para pessoas com ocupações sedentárias.

A partir daí, as ações profissionais não se dirigiam somente para o tratamento do corpo doente, mas
também para a manutenção das condições normais existentes em indivíduos saudáveis, o que fortalecia
o conceito da prevenção. Será que esses conceitos mais amplos continuariam nas próximas épocas da
história até chegar aos nossos dias?

47
Unidade I

Exemplo de aplicação

Analise os novos conceitos relacionados aos exercícios durante o Renascimento, a fim de diferenciá‑los
dos que verificamos na Antiguidade e na Idade Média.

2.1.4 Industrialização

Os novos conceitos sobre os cuidados com o corpo iniciados no Renascimento sofreram alterações
significativas com a Revolução Industrial. A industrialização, período entre os séculos XVIII e XIX, começou
na Inglaterra e se caracterizou por grandes transformações sociais devido à mecanização, aumento dos
sistemas de produção nas indústrias e, consequentemente, intensificação do trabalho operário.

Figura 18 – Mecanização

Nesta fase da história, as jornadas de trabalho eram estafantes, visto que giravam em torno de
16 horas por dia, e como a população se aglomerava ao redor das cidades, as condições sanitárias,
alimentares, de vida, trabalho e moradia se tornaram precárias e insatisfatórias, o que contribuiu para
o aparecimento e a proliferação de novos problemas de saúde, até então não conhecidos, como cólera,
tuberculose pulmonar, alcoolismo e sequelas de acidentes de trabalho.

Com isso, inovações tecnológicas e científicas inicialmente voltadas para a construção de máquinas
e formação de engenheiros foram canalizadas também para as escolas de Medicina. O saber médico
estava a serviço das classes dominantes, às quais não convinham modificações profundas nas relações
de trabalho sob pena de diminuir a produção e o lucro. Ao invés disso, o tratamento puro e simples das
doenças decorrentes das condições adversas de trabalho interessava mais do que mudar esta situação.

Portanto, essa forma de tratamento, dadas as relações do homem com seu trabalho, influenciou
grandemente atividades profissionais e áreas de estudo ligadas à saúde do homem, concentrando esforços
na busca de novos métodos de tratamento. A preocupação passou a ser o doente, descontextualizado de
todos os fatores que contribuíram para a industrialização da doença.

Houve o surgimento do atendimento hospitalar, em que o hospital, além de prestar atendimento


à população com ênfase no tratamento das doenças, e, portanto, na assistência curativa, recuperativa
48
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

e reabilitadora; serviu, na época, como local de treinamento de profissionais e laboratório de estudos


clínicos e anatômicos. Esse direcionamento da pesquisa contribuiu para o surgimento das especializações
ainda no século XIX. Portanto, surgem nessa época, na medicina, as especialidades que conhecemos
hoje: dermatologia, pediatria, psiquiatria, oftalmologia, otorrinolaringologia e outras derivadas de um
tronco central formadas pela cirurgia, obstetrícia e clínica médica.

2.1.5 Fisioterapia na Idade Contemporânea

Seguindo a mesma direção das especialidades médicas no sentido de compartimentalizar áreas de


estudo e campos de atuação profissional, os conhecimentos e formas de trabalho que caracterizariam a
fisioterapia apareceram na metade do século XIX na Europa.

Na Inglaterra, por exemplo, trabalhos sobre massoterapia foram iniciados por Mendell e Cyriax;
sobre cinesioterapia respiratória, por Linton; e sobre fisioterapia neurológica, por Berta e Karel Bobath,
que criaram o Método Bobath para o tratamento de pacientes com paralisia cerebral.

No início do século XX, exercícios físicos foram desenvolvidos com a preocupação voltada para o
tratamento, como os de Klapp, que desenvolveu exercícios na “posição de gato” para o tratamento de
desvios laterais da coluna vertebral, também conhecidos como escoliose; e Kohlransch, que criou os
fundamentos do tratamento para enfermidades ginecológicas baseados em exercícios terapêuticos.

Além disso, não só a industrialização, mas também as Guerras Mundiais produziram um grande
número de pessoas com lesões, mutilações e sequelas que necessitavam de tratamento para a
recuperação, a reabilitação e a obtenção de condições mínimas para o retorno às atividades sociais
e produtivas.

Desta forma, as guerras contribuíram de forma decisiva para a fragmentação das áreas de atuação
na fisioterapia, pois o que importava não era a percepção global dos problemas, e sim as técnicas
diretas e efetivas visando a resolução dos problemas antes desconhecidos, para que o indivíduo voltasse
rapidamente a produzir.

Figura 19 – Primeira Guerra Mundial

49
Unidade I

Acredita‑se também que a poliomielite ou paralisia infantil influenciou fortemente o desenvolvimento


da fisioterapia e de suas técnicas em grande parte do mundo. A primeira grande epidemia de poliomielite
nos Estados Unidos ocorreu em 1916, levando a milhares de mortes. O presidente norte‑americano Franklin
Delano Roosevelt contraiu a poliomielite em 1921 e criou a Fundação Nacional para Paralisia Infantil, que
investiu mais de um milhão de dólares para o avanço da fisioterapia como forma de tratamento.

Figura 20 – Estátua do presidente Franklin Delano Roosevelt

Observação

Poliomielite é uma doença infectocontagiosa viral aguda, caracterizada


por paralisia flácida de início súbito e por sequelas motoras, em geral de
forma assimétrica em membros inferiores (BRASIL, 2017a).

Figura 21 – Tratamento fisioterápico para poliomielite

50
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

Figura 22 – Tratamento fisioterápico para poliomielite

Escolas de cinesioterapia foram criadas a partir de clínicas universitárias, e as especializações


de tratamento se tornaram convenientes ao sistema existente pelo compromisso implícito com a
recuperação da parte afetada, sem se preocupar com as causas que originaram as doenças.

Fazendo parte da área da saúde e tendo sofrido oscilações no decorrer da história, a fisioterapia
teve os seus recursos quase que exclusivamente direcionados a uma prática de atendimento ao
indivíduo doente. O próprio nome “fisioterapia” já evidencia essa atuação terapêutica, sob as formas de
cinesioterapia, eletroterapia, termoterapia, massoterapia e crioterapia.

Dessa forma, o objeto de trabalho da fisioterapia parece, hoje, não se apresentar de forma muito
diferente da época do seu surgimento, quando havia a preocupação com as “diferenças incômodas”. Essa
somatória de fatores gerou avanços tecnológicos para muitos campos e atividades, ao mesmo tempo
que originou um compromisso com essa concepção do papel do fisioterapeuta.

Lembrete

É importante lembrar nesse momento que, com o objetivo de


intensificar a fisioterapia no mundo e fornecer amparo técnico‑científico
e sociocultural, a World Confederation Physical Therapy (WCPT) foi criada
em 1951.

51
Unidade I

2.2 História da fisioterapia no Brasil

O surgimento da medicina, inicialmente, e do profissional fisioterapeuta, posteriormente, se


relacionam basicamente com as condições de vida na época da industrialização, com as epidemias de
poliomielite e com as duas grandes Guerras Mundiais, devido ao número enorme de indivíduos feridos e
incapacitados fisicamente; na sua maioria, jovens com expectativa de futuro, necessitando restituir suas
capacidades individuais e sociais.

No Brasil, a fisioterapia começou no final do século XIX, com a criação do serviço de eletricidade
médica e hidroterapia no Rio de Janeiro: a Casa das Duchas, que utilizava água doce e do mar no
tratamento das doenças. Em 1884, o médico Arthur Silva criou no Hospital de Misericórdia do Rio de
Janeiro, o primeiro serviço de fisioterapia da América do Sul.

Em 1919, segunda década do século XX, o médico e professor Raphael de Barros fundou o
Departamento de Eletricidade Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Dez anos mais tarde, em 1929, o médico Waldo Rolim de Moraes instalou no Hospital Central da Santa
Casa de Misericórdia de São Paulo o serviço de fisioterapia. Já na década de 1930, foi inaugurado
também o serviço de fisioterapia no Hospital das Clínicas da FMUSP. Em 1932, foi inaugurada a cátedra
de Fisioterapia Médica na Faculdade de Ciências Médicas no Rio de Janeiro, reconhecida como a primeira
escola de Medicina do Brasil a ensinar fisioterapia aos seus estudantes.

Provavelmente, baseado no contexto histórico em que diversas capitais brasileiras foram fortemente
afetadas pela poliomielite, inclusive em São Paulo e no Rio de Janeiro (1939), é que em 1946 foi
fundado o Lar Escola São Francisco em São Paulo, com o objetivo de atender as crianças portadoras
de necessidades especiais, com posterior convênio com a Escola Paulista de Medicina da Universidade
Federal de São Paulo para aperfeiçoar o serviço prestado; e em 1947 foi inaugurado o primeiro serviço
de Medicina Física e Reabilitação no Rio de Janeiro.

Como a eletroterapia era uma modalidade terapêutica muito valorizada, os médicos que trabalhavam
nesses serviços eram conhecidos como médicos de reabilitação, e, por algum tempo, houve necessidade
de técnicos, que auxiliavam e aplicavam técnicas terapêuticas, como as correntes elétricas prescritas
pelos médicos. Foi nesse momento que surgiu o técnico em fisioterapia, que então recebia uma prescrição
com a descrição da técnica, tempo, intensidade e local do corpo onde seria feita a aplicação.

Dessa forma, com o objetivo de suprir a demanda por técnicos, em 1951 o Dr. Waldo Rolim de
Moraes criou o primeiro curso técnico em Fisioterapia do Brasil, nomeado Dr. Raphael de Barros, no
Hospital das Clínicas da FMUSP, com duração de um ano. Na mesma época, no Rio de Janeiro foi
criada a Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR) e o curso técnico em Reabilitação
na Faculdade de Ciências Médicas. Esses cursos foram de grande importância para a formação de uma
nova classe profissional de nível técnico e auxiliar médico, que gradualmente começou a refletir sobre
sua profissão, carreira e futuro.

Ainda na década de 1950, pelos entendimentos entre a Organização Pan‑Americana da Saúde (Opas),
OMS e WCPT, foi criado o Instituto Nacional de Reabilitação (INAR), anexo à disciplina de Ortopedia e
52
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

Traumatologia da FMUSP, com o objetivo de estabelecer um centro de treinamento de profissionais de


Reabilitação com padrão internacional na América Latina e suprir a demanda de um grande número de
pessoas que necessitavam de reabilitação em função dos distúrbios osteomusculares relacionados ao
trabalho (Dort) decorrentes do crescente processo de industrialização no Brasil, inclusive em São Paulo,
onde o número de operários e fábricas girava em torno de 840 mil e 29 mil, respectivamente. Além disso,
era alta a incidência de poliomielite, apesar de todo o crescimento da fisioterapia que, até então, ainda
era prescrita pelo médico e aplicada pelos técnicos.

O Inar, posteriormente chamado de Instituto de Reabilitação (IR) da FMUSP, criou outro curso
para formação de técnicos em Fisioterapia, substituindo o curso “Dr. Raphael de Barros”, com padrão
internacional exigido que se alinhava com outros semelhantes na América do Norte e Europa e com
duração de dois anos. Nessa época, os técnicos formados já encontravam uma profissão mais organizada
que seus colegas anteriores e começaram a planejar um futuro para a fisioterapia. Pela primeira vez, os
próprios técnicos começavam a tentar decidir os rumos de sua profissão.

Todo o movimento teve como marco inicial histórico a fundação da ABF, que ocorreu em 19 de
agosto de 1959, em São Paulo. Essa associação teve como objetivos iniciais promover o aperfeiçoamento
profissional, estabelecer parâmetros políticos e deontológicos para o exercício da profissão, unificar a
classe em todo o Brasil e discutir a formação profissional, o que foi ímpar para o desenvolvimento da
fisioterapia no Brasil e posterior criação de seu primeiro curso de nível superior.

Em poucos anos de existência, a ABF, por meio de um trabalho sério, adquiriu o respeito de uma parcela
esclarecida de profissionais da área da saúde, inclusive da Associação Médica Brasileira, que reconheceu sua
existência, oficialmente, em 1962. Em 1963, a WCPT também reconheceu a Associação de Fisioterapeutas do
Brasil (ABF) em âmbito internacional, e esse apoio fortaleceu a associação, conferindo grande credibilidade
aos profissionais no Brasil e no mundo. Em 1966, a ABF foi declarada de utilidade pública e em 2005 seu
nome foi alterado para Associação de Fisioterapeutas do Brasil, como é conhecida atualmente.

Infelizmente, a fisioterapia ainda carregava consigo a herança de auxiliar médico, técnico, profissional
limitado à reabilitação, sem nenhuma autonomia sobre seus tratamentos. Afinal, não competia ao
profissional, na época, a avaliação, escolha e forma de aplicação dos procedimentos fisioterapêuticos,
sendo estes ainda restritos ao médico.

Entretanto, a capacidade desses profissionais transcendia o mero papel de cumpridores de ordem,


visto que até mesmo um profissional tecnicista possui certo grau de autonomia para sua prática
profissional. A almejada autonomia profissional movia a classe a repensar suas práticas.

Dessa forma, a criação do curso superior de Fisioterapia entusiasmava os membros da ABF que
centralizam suas forças nesse objetivo. O MEC, atendendo parcialmente à classe de fisioterapeutas,
reconheceu os cursos técnicos em fisioterapia no Brasil pelo Parecer nº 388 (1963) elaborado pelo
Conselho Federal de Educação (CFE). Esses cursos, diferentemente dos anteriores, deveriam se basear em
um currículo mínimo e ter a duração de três anos, e os profissionais formados deveriam ser denominados
técnicos em fisioterapia.

53
Unidade I

Apesar do padrão mínimo internacional de qualidade, os cursos não contribuíram expressivamente


para o aperfeiçoamento científico da profissão e não ofereceram a autonomia pretendida pela classe.
Os técnicos em fisioterapia ainda permaneciam subalternos e obedientes às ordens do médico e sem
condições de comprovar e avaliar suas práticas, como acontece atualmente.

Sendo assim, durante o regime militar, a ABF, por meio de uma estratégia política, finalmente
conseguiu uma das maiores conquistas da profissão: adquiriu os seus direitos. Em 1969, os ministros da
Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica assinaram o Decreto‑Lei n. 938, de 13 de outubro, em
que a fisioterapia foi reconhecida como um curso de nível superior e foi definitivamente regulamentada.
Este Decreto‑Lei assegura o exercício do profissional não mais como auxiliar médico ou técnico, mas
como profissional da área da saúde, especificamente da fisioterapia, como sua atividade privativa e que
contempla vários atos profissionais, como a elaboração do diagnóstico cinético‑funcional, chefia de
serviços, atuação no ensino e pesquisas, entre outros.

Exemplo de aplicação

Relembre as informações relatadas sobre o Decreto‑Lei n. 938 (1969) discutido previamente.

Nesse sentido, os Congressos Brasileiros de Fisioterapia passaram a exercer papel fundamental


para a organização de ideias e planejamento de novos rumos da profissão. O primeiro aconteceu em
1964 no Rio de Janeiro, antes mesmo da criação do Decreto‑Lei n. 938. O segundo ocorreu após o
surgimento do Decreto, especificamente em 1972, em São Paulo. Estes eventos culminaram em outra
decisão histórica muito importante para a profissão, que foi a Lei n. 6.316, de 17 de dezembro de 1975,
que criou o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito e
Crefitos, respectivamente), que, de forma geral, constituem órgãos regulamentadores que consolidam
a legalidade da fisioterapia, atendem aos preceitos éticos e deontológicos do profissional e fiscalizam o
exercício da profissão no Brasil.

Exemplo de aplicação

Relembre esses e outros pormenores da Lei n. 6316 (1975), a qual já foi estudada antes.

Apesar dos avanços, a fisioterapia entrava em confronto com uma das áreas da medicina, a fisiatria.
Com a organização dos Conselhos e início das regulamentações, esse enfrentamento se agravou ainda
mais, pois legalmente todos os estabelecimentos que possuíam serviços de fisioterapia deveriam,
obrigatoriamente, fazer seu registo junto ao Crefito e manter em seu quadro de funcionários ao menos
um profissional fisioterapeuta com formação superior também registrado no Crefito, para responder
como responsável técnico pelo setor.

Essas obrigatoriedades prejudicaram o andamento de algumas clínicas médicas de propriedade


de fisiatras e até mesmo de médicos de outras especialidades que se utilizavam de mão de obra não
qualificada para exercer as funções do fisioterapeuta, o que permitia a manutenção de um serviço de

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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

fisioterapia de custo baixo, tendo em vista que o salário pago a esses indivíduos era pequeno em relação
ao salário de profissionais habilitados.

Como uma das funções do Crefito é a fiscalização do oferecimento de serviços de fisioterapia


de qualidade à população, os estabelecimentos deveriam se enquadrar na regulamentação ou não
poderiam oferecer o serviço. Sendo assim, a Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação
moveu uma representação do que acreditava constituir institucionalidades do Decreto‑Lei n. 938 e Lei
n. 6.316. Porém, o Superior Tribunal Federal, por decisão unânime, a julgou improcedente. Esse episódio
tornou evidente a pressão imposta, sobretudo pelos médicos fisiatras, para manter um controle sobre
os fisioterapeutas.

Lembrete

Para exercer a profissão, o fisioterapeuta necessita da inscrição e do


registro no Crefito respectivo da sua região previstos na Lei n. 6.316 (1975)
e Resolução n. 468 (2016).

Além disso, as conquistas granjeadas pelos fisioterapeutas concederam à classe maior credibilidade e
confiança para propor a alteração do currículo mínimo dos cursos. Essa alteração só aconteceu em 28 de
fevereiro de 1983, com a Resolução n. 4 do CFE, que estabeleceu mudanças na carga horária mínima, a
qual passou a ser de 3.240 horas/aula, duração do curso de quatro anos e inclusão de áreas na formação
do profissional, o que constituiu uma estratégia para o crescimento do ponto de vista acadêmico e
consolidação da autonomia de atuação profissional perante a área médica.

Na década de 1980, houve um crescimento no número de universidades associado ao surgimento


de novos campos de atuação, como a promoção e a prevenção da saúde da população. Essa situação
decorreu de novas concepções no cenário mundial do processo saúde‑doença que respaldaram a
reformulação das políticas de saúde no Brasil, dando ênfase às condições de vida.

Essas novas políticas públicas de saúde se alicerçaram com a promulgação da Constituição Federal
(1988), que declara que a saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e outros agravos e o acesso universal às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

No início da década de 1990, não se evidenciava preocupação com a expansão de matrículas


e melhoria da qualidade dos serviços ofertados nas instituições públicas de ensino, o que
favoreceu a expansão das instituições de ensino privado. Com a promulgação da Lei de Diretrizes
e Bases (Lei n. 9.394/96), o exercício da autonomia pelas universidades foi ampliado, o que
tornou possível a incorporação da prevenção nas estruturas curriculares que, até então, eram
fundamentados na lógica curativo‑reabilitadora.

Como exemplo de lutas anteriores na história da fisioterapia, as conquistas no ensino e na profissão


somente foram possíveis com o comprometimento dos docentes, discentes, profissionais e entidades
55
Unidade I

da classe. Sendo assim, em 2001, uma Comissão de Especialistas de Ensino de Fisioterapia do MEC
recomendou à Câmara de Educação Superior (CES) do Conselho Nacional de Educação (CNE), a
aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Fisioterapia. Assim, surgiu
a Resolução n. 4, de 19 de fevereiro de 2002, que instituiu essas diretrizes a serem observadas até os dias
de hoje, pelas instituições de Ensino Superior. Leia a seguir um de seus trechos:

O Curso de Graduação em Fisioterapia tem como perfil do formando


egresso/profissional o fisioterapeuta, com formação generalista,
humanista, crítica e reflexiva, capacitado a atuar em todos os níveis de
atenção à saúde, com base no rigor científico e intelectual. Detém visão
ampla e global, respeitando os princípios éticos/bioéticos, e culturais do
indivíduo e da coletividade. Capaz de ter como objeto de estudo o movimento
humano em todas as suas formas de expressão e potencialidades, quer nas
alterações patológicas, cinético‑funcionais, quer nas suas repercussões
psíquicas e orgânicas, objetivando a preservar, desenvolver, restaurar a
integridade de órgãos, sistemas e funções, desde a elaboração do diagnóstico
físico e funcional, eleição e execução dos procedimentos fisioterapêuticos
pertinentes a cada situação (BRASIL, 2002a).

Então, as novas diretrizes curriculares ressaltam que a formação do fisioterapeuta tem por objetivo
dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício de competências e habilidades gerais
e específicas no mundo do trabalho.

Outro ponto importante a ser destacado é que após dez anos de discussões, reuniões e pareceres
entre as entidades representativas da área da saúde e o CNE/CES, foi promulgada a Resolução n. 4
(2009), que elevou para 4.000 horas a carga horária mínima dos cursos de graduação de Fisioterapia.

Atualmente, a fisioterapia é uma profissão consolidada, devidamente regulamentada e controlada


pela autarquia federal, em pleno desenvolvimento e que colabora e cumpre seu papel na melhora
constante da saúde no Brasil.

Agora, você consegue entender por que algumas pessoas ainda hoje confundem o objeto de trabalho
da fisioterapia, ou seja, não entendem completamente o que o fisioterapeuta faz, qual sua área de
conhecimento ou o seu campo profissional?

A fisioterapia, como é considerada atualmente, se desenvolveu por caminhos distintos e diversos


daqueles da época do seu surgimento. No início, não muito remoto, era considerada uma profissão de
nível secundário caracterizada pela formação de auxiliares e técnicos de fisioterapia subordinados a
outra profissão da área da saúde, a medicina. Entretanto, devido às inúmeras mudanças que ocorreram,
a fisioterapia se tornou uma profissão autônoma de nível superior.

56
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

Resumo

Nesta unidade, você teve a oportunidade de entender que a fisioterapia


é uma importante profissão de nível superior da área de saúde que envolve
não só a reabilitação de disfunções relacionadas aos movimentos e funções
corporais, mas também a prevenção e promoção da saúde, que engloba o
bem‑estar físico, psíquico e social do indivíduo. Você compreendeu que
essa definição da fisioterapia é bem representada pelo significado do seu
símbolo oficial, formado por duas serpentes verdes entrelaçadas ao redor
de um raio amarelo‑ouro dentro de uma moldura com fundo branco.

Além disso, ficou claro que, de forma geral, o fisioterapeuta é o profissional


habilitado a realizar a avaliação e o diagnóstico fisioterapêuticos, bem
como planejar condutas baseadas em recursos próprios da área, reavaliar e
dar alta ao paciente.

Desta forma, a fisioterapia está consolidada e respaldada por


documentos importantes que mostram a sua solidez. Entre eles, podemos
destacar o Decreto‑Lei n. 938 (1969), que regulamentou a profissão em
13 de outubro, Dia do Fisioterapeuta, e a Lei n. 6316 (1975), que criou o
Sistema Coffito/Crefitos. Não podemos nos esquecer também das outras
leis e resoluções do Coffito que fundamentam a profissão e contribuem
fortemente para o seu avanço perante a sociedade.

Também foram estudadas as etapas da reabilitação no mundo, passando


pela Antiguidade, Idade Média, Renascimento e Revolução Industrial até
chegar à Idade Contemporânea.

Exercícios

Questão 1. (UFRJ, 2014) O que regulamenta e determina o campo de atuação, estudo ou intervenção
de uma profissão são documentos legais publicados oficialmente. Na fisioterapia, podemos nos
referenciar, entre outros, por dois documentos legais, um que regulamentou a profissão definindo‑a
como de nível superior e outro que cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais, sendo eles:

A) Decreto‑Lei n. 938 de 1969 e Resolução Coffito‑8.

B) Parecer n. 388 de 1963 e Decreto‑Lei n. 938 de 1969.

C) Parecer n. 388 de 1963 e Resolução Coffito‑8.

57
Unidade I

D) Decreto‑Lei n. 938 de 1969 e Lei n. 6.316 de 1975.

E) Parecer n. 388 de 1963 e Lei n. 6.316 de 1975.

Resposta correta: alternativa D.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: a Resolução Coffito‑8 aprova normas para habilitação ao exercício das profissões de
fisioterapeuta e terapeuta ocupacional e, portanto, não foi a que regulamentou a profissão.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: no Parecer n. 388/63 do Conselho Federal de Educação, foram estabelecidos cursos de


duração de 3 anos com a formação de profissionais técnicos em fisioterapia e terapia ocupacional e,
portanto, não foi a lei que regulamentou a profissão como nível superior.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: Parecer n. 388 de 1963 e Resolução Coffito‑ 8 incorretos, porque não foram as leis que
regulamentaram a profissão.

D) Alternativa correta.

Justificativa: o Decreto‑Lei n. 938 de 1969 regulamentou a profissão de fisioterapeuta a nível superior


e a Lei n. 6.316 de 1975 criou o Conselho Federal (Coffito) e os Conselhos Regionais de fisioterapia e
Terapia Ocupacional (Crefito).

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: o Parecer n. 388 de 1963 não regulamentou a profissão como nível superior.

Questão 2. (FCC, 2018) Com base no Código de Ética do Fisioterapeuta, constitui‑se dever
fundamental dos fisioterapeutas relacionados à assistência ao cliente/paciente/usuário:

A) prestar assistência ao ser humano, respeitados a sua dignidade e os direitos humanos de modo a
que a prioridade no atendimento obedeça a razões de urgência, independentemente de qualquer
consideração relativa à raça, etnia, nacionalidade, credo sociopolítico, gênero, religião, cultura,
condições socioeconômicas, orientação sexual e qualquer outra forma de preconceito, sempre em
defesa da vida.

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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA

B) autorizar a utilização ou não coibi‑la, mesmo a título gratuito, de seu nome ou de sociedade que
seja sócio, para atos que impliquem na mercantilização da saúde e da fisioterapia em detrimento
da responsabilidade social e socioambiental.

C) recomendar, prescrever e executar tratamento ou nele colaborar, quando praticado sem o


consentimento formal do cliente/paciente/usuário ou de seu representante legal ou responsável,
quando se tratar de menor ou incapaz.

D) dar consulta ou prescrever tratamento fisioterapêutico de forma não presencial, salvo em casos
regulamentados pelo Conselho Federal de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional.

E) recomendar, prescrever e executar tratamento ou nele colaborar, quando: atentatório à moral ou


à saúde do cliente/paciente/usuário.

Resposta correta: alternativa A.

Análise das alternativas

A) Alternativa correta.

Justificativa: a Resolução n. 424/2013 em seu Artigo 14º diz que constituem‑se deveres fundamentais
dos fisioterapeutas relacionados à assistência ao cliente/paciente/usuário: I – respeitar a vida humana
desde a concepção até a morte, jamais cooperando em ato em que voluntariamente se atente contra ela,
ou que coloque em risco a integridade física, psíquica, moral, cultural e social do ser humano; II – prestar
assistência ao ser humano, respeitados a sua dignidade e os direitos humanos de modo que a prioridade no
atendimento obedeça a razões de urgência, independentemente de qualquer consideração relativa à raça,
etnia, nacionalidade, credo sociopolítico, gênero, religião, cultura, condições socioeconômicas, orientação
sexual e qualquer outra forma de preconceito, sempre em defesa da vida; III – respeitar o natural pudor e
a intimidade do cliente/paciente/usuário; IV – respeitar o princípio bioético de autonomia, beneficência e
não maleficência do cliente/paciente/usuário de decidir sobre a sua pessoa e seu bem‑estar; V – informar
ao cliente/paciente/usuário quanto à consulta fisioterapêutica, diagnóstico e prognóstico fisioterapêuticos,
objetivos do tratamento, condutas e procedimentos a serem adotados, esclarecendo‑o ou o seu responsável
legal; VI – prestar assistência fisioterapêutica respeitando os princípios da bioética.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: não pode autorizar a utilização de seu nome ou de sociedade para atos que impliquem
a mercantilização da saúde e da fisioterapia em detrimento da responsabilidade social e socioambiental.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: recomendar, prescrever e executar tratamento ou nele colaborar, quando praticado


somente sob o consentimento formal do cliente/paciente/usuário ou de seu representante legal ou
responsável, quando se tratar de menor ou incapaz.
59
Unidade I

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: dar consulta ou prescrever tratamento fisioterapêutico de forma presencial.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: recomendar, prescrever e executar tratamento ou nele colaborar, respeitando a


dignidade do cliente/paciente/usuário.

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