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A norma nos diz como devemos agir. E, se devemos agir de tal modo, é porque também
podemos não agir deste modo. Isto é, se devemos obedecer, é porque podemos desobedecer ou
somos capazes de desobedecer à norma. Também não haveria sentido falar de responsabilidade,
se o condicionamento ou o determinismo fosse tão completo a ponto de considerar a resposta
como mecânica ou automática.
Por outro lado se afirmarmos que o determinismo é total, não há o que falar de Ética; pois
a Ética refere-se às ações humanas, e, se elas são totalmente determinadas de fora para dentro,
não há espaço para a liberdade, como autodeterminação e, consequentemente, não há espaço
para a Ética.
Para falar sobre um dos ramos da filosofia dedicado aos assuntos morais que norteiam um
meio social, é necessário refletir sobre os dilemas da conduta dos indivíduos, na
contemporaneidade, em todos os âmbitos sociais, a começar na família, na escola, no trabalho e
assim sucessivamente. Pensar nos descaminhos dos seres humanos, refletidos na violência, na
exclusão, no egoísmo e na indiferença pela sorte do semelhante e até mesmo da sociedade.
Na atualidade a ética abrange uma vasta área, podendo estar relacionada com temas
ligados ao ambiente familiar, escolar, profissional, econômico, social e político. Existem códigos de
ética profissional que indicam como o indivíduo deve se comportar no âmbito da sua profissão.
Nos dias atuais com um mundo cada vez mais globalizado e competitivo, as pessoas preocupam-
se com a ética nos seus negócios mostrando-se cada vez mais eficazes para competir com sucesso
e obter resultados positivos.
Um outro exemplo a ser citado é na arena política onde a sociedade tem exigido cada vez
mais a moralidade de seus agentes e representantes e cada vez mais “condenando” as ações que
saqueiam os cofres públicos tirando do povo o recurso que deveria ser empregados na prestação
de serviços a população (educação, saúde, segurança, infraestrutura).
Se nós partirmos do princípio de que ninguém nasce com preceitos morais internalizados,
temos que admitir que é pela educação que o indivíduo tem a chance de construir sua
personalidade moral E em uma sociedade competitiva e individualista como a que vivemos, pode
parecer utopia aspirar por valores como a justiça, baseados na reciprocidade e no compromisso
pessoal. Assistimos todos os dias ao retrato de um país que esqueceu esse “princípio da vida”.
Nem é preciso dizer quem mais sofre com esse descompromisso. Nesse descompasso, patologias
sociais como as desigualdades e a corrupção se proliferam ficando cada vez mais aguçando a crise
dos valores morais e sociais. E isso atinge a humanidade, de modo geral.
Ademais, vivemos em uma sociedade globalizada, onde o mundo se tornou uma grande
aldeia global. Em época alguma se atingiu um nível de inter-relacionamento que nos permitisse
falar em um mercado mundial que determina a produção, a distribuição e o consumo de bens, e
em uma cultura da virtualidade real, que liga todos os pontos do globo e influencia
comportamentos. E em meio a esse processo fala-se ainda de uma “ética do mercado”.
Em meio a todos estes aspectos sociais e globais, faz-se necessário que cada ser humano
esteja consciente de que não bastam as reflexões, é preciso mudar conceitos, ter condutas
condizentes com o que harmoniza a sociedade em todos os seus segmentos. Não se pode
desconsiderar que, tanto no âmbito das relações humanas, quanto no político, econômico, enfim,
social, constantemente são feitos julgamentos de forma moral. Basta observar que um grande
espaço nas discussões entre amigos, na família ou no trabalho abrange aqueles sentimentos que
pressupõem juízos morais: indignação, rancor, sentimentos de culpa e vergonha. Também no
domínio político julga-se moralmente de forma contínua, e valeria a pena considerar que aparência
teria uma disputa política não conduzida pelo menos por categorias morais.
Contudo, não há receitas para o agir bem: o compromisso consigo, com os outros, com as
novas gerações exige um estado de alerta constante. Viver sob os moldes da moral não é tarefa
simples nem fácil, mas há a possibilidade de participar de um mundo moral. E o que podemos tirar
de lição é que os problemas éticos presenciados na atualidade não vão se resolver apenas por
tentativas isoladas de educação ou instrução ética dos indivíduos. É preciso vontade individual e
política de alterar as condições sociais geradores das mazelas sociais como a violência, a
corrupção, a exploração, vicissitudes dos que estão à margem da sociedade. Em outras palavras:
não basta “reformar o indivíduo” para “reformar a sociedade”; é preciso reformar a ambos. Um
projeto moral desligado de um projeto político sucumbiria ao fracasso. Os dois processos
caminham juntos, pois formar o ser humano plenamente moral, ético, só é possível na sociedade
que também se esforça para ser justa e democrática, com direitos igualitários a todos, sem
exceção.
E sendo a ética a ciência que estuda o comportamento humano (como o entedia o filósofo
grego Aristóteles) com ênfase tantos nos valores individuais como nos valores do individuo perante
a comunidade a qual pertence, faz-se mister exigir de cada um e da sociedade seriedade e
dignidade nos seus atos sejam eles políticos, sociais, culturais, religiosos ou morais. É sempre
importante fazer uma análise de como a ética se faz presente em nossa vida, nos dias atuais, pois
se observa que certos valores que cada indivíduo assimila no decorrer de sua formação como
pessoa, muitas vezes adquiridos em sua família, escola, enfim, tais valores procuram nos guiar
através de nossas escolhas, entre o certo e o errado, o bem e o mal, possuímos uma liberdade de
escolha que nos faz mais responsáveis por nossas ações e que vem a nos incentivar a colocar em
prática nosso respeito e dignidade, levando em conta o bem comum de todos a nossa volta.
WEBGRAFIA CONSULTADA
NASH, L. 2001. Uma abordagem da importância da ética nas organizações. Disponível em:
www.puccamp.br/centros/cea/sites/revistas/conteúdo
A Política e suas Interfaces → Ética e Política → Ética e Moral → A Ética para os dias de
hoje: reflexões e apontamentos
2. Ética e Política