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à Enfermagem
Autor: Prof. Juliano Rodrigo Guerreiro
Colaboradoras: Profa. Renata Guzzo Souza Belinelo
Profa. Rachel Machado Coutinho
Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano
Professor conteudista: Juliano Rodrigo Guerreiro
Juliano Rodrigo Guerreiro é formado em Farmácia-Bioquímica pela Universidade de São Paulo – USP (2004),
doutor em Bioquímica pelo Instituto de Química da mesma universidade (2009) e pós-doutor em Bioquímica de
Plantas pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, também da Universidade de São Paulo – USP (2009-
2012). É especialista em Mariologia pela Universidade Dehoniana (2017) e, atualmente, cursa licenciatura em História
pela Universidade Paulista – UNIP, com previsão de término em 2018. Na UNIP, é coordenador do curso de Farmácia
desde 2008 e professor titular desde 2009, tendo sido professor auxiliar de 2005 a 2009. Tem experiência nas áreas
de Bioquímica, Farmacologia, Fisiologia, Química, Teologia e História. É autor de livros e autor e coautor de artigos
científicos sobre Venenos Animais, Fisiologia e Bioquímica.
681.3
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Elaine Pires
Carla Moro
Sumário
Farmacologia Aplicada à Enfermagem
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................9
Unidade I
1 ANTI-INFLAMATÓRIOS................................................................................................................................... 13
1.1 Processo inflamatório.......................................................................................................................... 13
1.1.1 Inflamação aguda.................................................................................................................................... 14
1.1.2 Inflamação crônica................................................................................................................................. 17
1.2 Analgésicos.............................................................................................................................................. 18
1.3 Antipiréticos............................................................................................................................................ 18
1.4 Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs)................................................................................ 19
1.5 Anti-inflamatórios esteroidais (AIEs)............................................................................................ 22
1.5.1 Efeitos adversos........................................................................................................................................ 24
2 FÁRMACOS QUE ATUAM NO TRATO RESPIRATÓRIO.......................................................................... 25
2.1 Antiasmáticos......................................................................................................................................... 25
2.1.1 Asma............................................................................................................................................................. 25
2.1.2 Fármacos utilizados no tratamento da asma............................................................................... 26
2.2 Antialérgicos............................................................................................................................................ 30
2.2.1 Rinite alérgica........................................................................................................................................... 30
2.3 Antitussígenos........................................................................................................................................ 32
2.4 Terapêutica da DPOC........................................................................................................................... 33
3 FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL (PARTE 1)...................................... 35
3.1 Antiepiléticos e anticonvulsivantes............................................................................................... 37
3.1.1 Epilepsia....................................................................................................................................................... 37
3.1.2 Convulsões.................................................................................................................................................. 38
3.1.3 Classificação das crises.......................................................................................................................... 38
3.1.4 Fármacos utilizados como antiepiléticos ou anticonvulsivantes......................................... 39
3.1.5 Estado epilético........................................................................................................................................ 42
3.2 Relaxantes musculares........................................................................................................................ 43
3.3 Ansiolíticos e hipnóticos.................................................................................................................... 45
4 FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL (PARTE 2)...................................... 49
4.1 Antidepressivos...................................................................................................................................... 49
4.2 Estabilizadores de humor................................................................................................................... 53
4.3 Estimulantes do sistema nervoso central.................................................................................... 53
4.4 Antipsicóticos......................................................................................................................................... 54
4.4.1 Ações dos fármacos antipsicóticos................................................................................................... 57
4.4.2 Efeitos adversos........................................................................................................................................ 57
4.5 Tratamento da enxaqueca................................................................................................................. 58
Unidade II
5 FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL (PARTE 3)...................................... 62
5.1 Tratamento de doenças neurodegenerativas............................................................................. 62
5.1.1 Mal de Alzheimer..................................................................................................................................... 62
5.1.2 Mal de Parkinson...................................................................................................................................... 63
5.2 Analgésicos opioides............................................................................................................................ 67
5.2.1 Indicação de uso terapêutico.............................................................................................................. 68
5.3 Anestésicos locais.................................................................................................................................. 69
5.3.1 Indicações e ações................................................................................................................................... 70
5.3.2 Efeitos adversos........................................................................................................................................ 70
5.4 Anestésicos gerais................................................................................................................................. 71
5.4.1 Fatores do paciente na seleção da anestesia............................................................................... 71
5.4.2 Fármacos adjuvantes ............................................................................................................................ 72
5.4.3 Estágios da anestesia............................................................................................................................. 72
5.4.4 Anestésicos inalatórios.......................................................................................................................... 73
5.4.5 Anestésicos intravenosos...................................................................................................................... 74
6 ANTIBIÓTICOS (PARTE 1)............................................................................................................................... 75
6.1 Antibacterianos...................................................................................................................................... 77
6.1.1 Sulfonamidas............................................................................................................................................. 77
6.1.2 b-lactâmicos e inibidores da b-lactamase.................................................................................... 78
6.1.3 Tetraciclinas................................................................................................................................................ 81
6.1.4 Anfenicol..................................................................................................................................................... 82
6.1.5 Aminoglicosídeos..................................................................................................................................... 83
6.1.6 Macrolídeos................................................................................................................................................ 83
6.2 Antifúngicos............................................................................................................................................ 85
6.2.1 Poliênicos.................................................................................................................................................... 85
6.2.2 Imidazólicos............................................................................................................................................... 86
6.2.3 Aliaminas..................................................................................................................................................... 87
6.2.4 Caspofunginas (equinocandinas) ..................................................................................................... 87
6.2.5 Griseofulvina.............................................................................................................................................. 88
Unidade III
7 ANTIBIÓTICOS (PARTE 2)............................................................................................................................... 91
7.1 Antiparasitários...................................................................................................................................... 91
7.1.1 Fármacos usados contra os nematódeos (helminto)................................................................ 91
7.1.2 Fármacos usados contra trematódeos (helminto)...................................................................... 92
7.1.3 Fármacos usados contra os cestoideos (helminto) ................................................................... 92
7.1.4 Antiprotozoários...................................................................................................................................... 93
7.2 Antivirais................................................................................................................................................... 93
7.2.1 Antirretrovirais.......................................................................................................................................... 94
7.2.2 Anti-herpéticos......................................................................................................................................... 95
7.2.3 Anti-influenza........................................................................................................................................... 96
7.2.4 Anti-hepatites........................................................................................................................................... 97
7.3 Antineoplásicos...................................................................................................................................... 99
7.3.1 Antimetabólitos......................................................................................................................................101
7.3.2 Agentes alquilantes..............................................................................................................................102
7.3.3 Inibidores de microtúbulos................................................................................................................103
7.3.4 Anticorpos monoclonais.....................................................................................................................103
7.3.5 Antimicrobianos.....................................................................................................................................104
7.3.6 Efeitos adversos......................................................................................................................................105
8 FARMACOTERAPIA E FARMACOLOGIA CLÍNICA.................................................................................106
8.1 Aplicações da farmacoterapia e farmácia clínica..................................................................106
8.2 Farmacovigilância...............................................................................................................................107
8.3 Pesquisa clínica....................................................................................................................................108
8.4 Monitoramento terapêutico...........................................................................................................109
8.5 Prescrição médica e de enfermagem..........................................................................................110
8.6 Cuidados de enfermagem na administração de medicamentos.....................................111
APRESENTAÇÃO
O aluno, ao final do curso, deverá estar apto a discorrer sobre farmacocinética, mecanismos de ação,
usos terapêuticos, efeitos colaterais, toxicidade e interações medicamentosas, além de alertar quanto
ao mau uso ou abuso de medicamentos. Assim, deverá ter condições de orientar de maneira consciente
e correta a utilização dos medicamentos, dialogando com a comunidade e com outros profissionais da
área da saúde.
O conhecimento técnico sobre os fármacos – ação, atuação e reações que eles podem ocasionar –
deve ser do conhecimento de todos os profissionais da saúde. O profissional da área de saúde é aquele
que está em contato direto com o paciente.
A Farmacologia estuda as interações que a droga (fármaco) tem com os sistemas biológicos em
toda a extensão do corpo humano. O conhecimento farmacológico irá ajudar o aluno a compreender o
funcionamento dos fármacos, as reações adversas possíveis e a terapia farmacológica correta.
INTRODUÇÃO
A Farmacologia é, sem dúvida, umas das principais ferramentas para profissionais da área de saúde,
ou, em sentido mais amplo, para todos os profissionais que necessitam ou trabalham diretamente e
indiretamente com medicamentos. A compreensão do modo com o qual os fármacos agem no organismo
é de fundamental importância para o melhor emprego dos medicamentos. Em sua fundamentação,
a Farmacologia compreende o entendimento histórico, propriedades físico-químicas, composição,
9
bioquímica, efeitos fisiológicos, mecanismo de ação, absorção, distribuição, eliminação e terapêutica
relacionados a substâncias químicas que conseguem alterar a função normal de um organismo.
A compreensão das ações dos fármacos no organismo é fundamental para o planejamento clínico da
terapêutica. O conhecimento da farmacologia está alicerçado em diversos conceitos, e a apreensão destes
facilitará o entendimento desta ciência. A seguir, têm-se algumas definições que serão importantes no
decorrer do livro:
• Remédio: qualquer tratamento que traga benefício para a saúde do paciente, o conceito de
remédio é bem mais amplo, envolvendo até mesmo a definição de medicamento.
• Dose: quantidade de fármaco capaz de provocar alterações no organismo. Essa dose pode
ser eficaz (DE), letal (DL), de ataque ou de manutenção. A DE é a dose capaz de produzir o
efeito terapêutico desejado, podendo ser classificada em mínima eficaz e máxima tolerada.
A DL, por sua vez, é a dose capaz de causar mortalidade. Em ambos os casos (DE e DL), a
eficácia pode ser determinada em porcentagem, portanto, DE50 é a dose eficaz em 50% dos
tecidos ou pacientes.
• Índice terapêutico: relação entre a DL50 e a DE50, pode ser um indicativo da segurança do fármaco.
• Janela terapêutica: faixa entre a dose mínima eficaz e a máxima eficaz sem produzir
efeitos tóxicos.
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• Forma farmacêutica: forma de apresentação do medicamento, como comprimidos, cápsulas
e xaropes.
• Pró-fármaco: fármaco que necessita ser ativado no organismo para ação terapêutica.
• Efeito indesejado: efeito provocado pela ação do fármaco no organismo diferente do idealizado.
Pode ser classificado em previsível e imprevisível. Os efeitos previsíveis são decorrentes da
toxicidade por alta dosagem, efeito secundário (reação provocada pelo efeito do fármaco em um
local de ação diferente do previsto), efeito colateral e interações medicamentosas. Por sua vez, os
efeitos imprevisíveis podem ser classificados em idiossincrático, alérgico e por intolerância.
11
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
Unidade I
1 ANTI-INFLAMATÓRIOS
O processo inflamatório é uma resposta tecidual desencadeada por danos aos tecidos vivos. A
resposta inflamatória é um mecanismo de defesa que evoluiu em organismos superiores para protegê-
los de infecções e lesões. Seu objetivo é localizar e eliminar o agente prejudicial e remover componentes
de tecidos danificados para que o organismo possa se regenerar ou cicatrizar. A resposta consiste em
mudanças no fluxo sanguíneo, aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos e migração de fluidos,
proteínas e glóbulos brancos (leucócitos) da circulação para o local do dano tecidual. Uma resposta
inflamatória que dura apenas alguns dias é chamada de inflamação aguda, enquanto uma resposta de
maior duração é referida como inflamação crônica.
Embora a inflamação aguda seja geralmente benéfica, muitas vezes causa sensações desagradáveis,
como a dor ou prurido (nas picadas de insetos). O desconforto geralmente é temporário e desaparece
quando a resposta inflamatória termina. Mas, em alguns casos, a inflamação pode causar danos. A
destruição do tecido pode ocorrer quando os mecanismos regulatórios da resposta inflamatória são
defeituosos, ou há incapacidade de remover o tecido danificado, e quando há presença de substâncias
estranhas ao organismo. Em outros casos, uma resposta imune inadequada pode dar origem a
uma resposta inflamatória prolongada e prejudicial. Os exemplos incluem reações alérgicas ou de
hipersensibilidade, em que um agente ambiental como o pólen – que normalmente não representa
ameaça para o indivíduo – estimula inflamação e reações autoimunes, nas quais a inflamação crônica é
desencadeada pela resposta imune do corpo contra seus próprios tecidos.
Os fatores que podem estimular a inflamação incluem micro-organismos, agentes físicos, produtos
químicos, respostas imunológicas inapropriadas e morte de tecidos. Agentes infecciosos como vírus e
bactérias são alguns dos estímulos mais comuns da inflamação. Os vírus originam inflamação ao entrar e
destruir células do corpo; as bactérias liberam substâncias chamadas de endotoxinas, que podem iniciar
a inflamação. Traumas físicos, queimaduras, radiações e congelamento podem danificar os tecidos e
causar inflamação, como também os produtos químicos corrosivos, ácidos, álcalis e agentes oxidantes.
Conforme mencionado, as respostas imunológicas com defeito podem incitar a uma resposta
inflamatória inadequada e prejudicial. A inflamação também pode acontecer quando os tecidos morrem
por falta de oxigênio ou nutrientes, uma situação que muitas vezes é causada pela perda de fluxo
sanguíneo para a área danificada.
vasos sanguíneos na área da lesão. O calor resulta do aumento do fluxo sanguíneo por meio da
área e é experimentado apenas em partes periféricas do corpo, como a pele. A febre é provocada
por mediadores químicos da inflamação e contribui para o aumento da temperatura na lesão. O
inchaço, chamado edema, é causado principalmente pela acumulação de fluido fora dos vasos
sanguíneos. A dor associada à inflamação resulta, em partes, pela compressão dos tecidos causada
por edema e também é induzida por certos mediadores químicos da inflamação, como bradicinina,
serotonina e prostaglandina.
Os principais fagócitos envolvidos na inflamação aguda são os neutrófilos, um tipo de glóbulo branco
que contém grânulos de enzimas e proteínas destruidoras de células. Quando os danos nos tecidos são
leves, um suprimento adequado dessas células pode ser obtido daqueles que já circulam no sangue.
Mas, quando o dano é extenso, as reservas de neutrófilos – algumas na forma imatura – são liberadas
da medula óssea, onde são produzidos.
Para realizar suas tarefas, não só os neutrófilos devem sair através da parede dos vasos sanguíneos,
mas também se mover ativamente do vaso sanguíneo em direção à área de danos nos tecidos. Esse
movimento é possível por substâncias químicas que se difundem na área de danos nos tecidos e criam
um gradiente de concentração seguido pelos neutrófilos. As substâncias que criam o gradiente são
chamadas de fatores quimiotáticos, e a migração unidirecional das células ao longo do gradiente é
chamada de quimiotaxia.
Um grande número de neutrófilos atinge o local da lesão primeiro, às vezes dentro de uma hora
após a lesão ou a infecção. Após os neutrófilos, muitas vezes de 24 a 28 horas após a inflamação
começar, vem outro grupo de glóbulos brancos, os monócitos, que eventualmente amadurecem em
macrófagos e auxiliam no ataque aos agentes infecciosos. Os macrófagos geralmente se tornam
mais prevalentes no local da lesão somente dias ou semanas depois e são uma característica
celular da inflamação crônica.
14
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
Embora a lesão seja o agente desencadeador da resposta inflamatória, os fatores químicos liberados
após essa estimulação provocam as mudanças vasculares e celulares descritas anteriormente. Os
produtos químicos originam-se principalmente de plasma sanguíneo, glóbulos brancos (basófilos,
neutrófilos, monócitos e macrófagos), plaquetas, mastócitos, células endoteliais que revestem os vasos
sanguíneos e células do tecido danificadas. Um dos mediadores químicos mais conhecidos liberados das
células durante a inflamação é a histamina, que desencadeia vasodilatação e aumenta a permeabilidade
vascular. Armazenada em grânulos de basófilos circulantes e mastócitos, a histamina é liberada
imediatamente quando essas células estão lesadas ou estimuladas. Outras substâncias envolvidas
no aumento da permeabilidade vascular são os compostos lisosomáticos, que são liberados a partir
de neutrófilos. Muitas citocinas secretadas por células envolvidas na inflamação também possuem
propriedades vasoativas e quimiotáticas.
As prostaglandinas são um grupo de ácidos graxos produzidos por vários tipos de células. Algumas
prostaglandinas aumentam os efeitos de outras substâncias que promovem a permeabilidade vascular.
Outros afetam a agregação de plaquetas, que faz parte do processo de coagulação. As prostaglandinas
estão associadas à dor e à febre da inflamação. Os fármacos anti-inflamatórios, como a aspirina, são
eficazes em parte porque inibem uma enzima envolvida na síntese de prostaglandinas. As prostaglandinas
são sintetizadas a partir de ácido araquidônico, assim como os leucotrienos, outro grupo de mediadores
químicos que possuem propriedades vasoativas.
Uma vez que a inflamação aguda tenha se iniciado, concomitantemente, começam os processos de
recuperação tecidual. Esses processos incluem cicatrização e reparação, supuração e inflamação crônica.
O resultado depende do tipo de tecido envolvido e da quantidade de destruição de tecido, que, por sua
vez, está relacionada à causa da lesão.
a falta de replicação do quadro original de um órgão pode levar à doença. Esse é o caso da cirrose do
fígado, na qual a regeneração de tecido danificado resulta na construção de estruturas anormais que
podem levar à hemorragia e à morte.
O reparo – que ocorre quando o dano tecidual é substancial ou a arquitetura normal do tecido não
pode ser regenerada com sucesso – resulta na formação de uma cicatriz fibrosa. Por meio do processo de
reparo, as células endoteliais dão origem a novos vasos sanguíneos, e as células chamadas fibroblastos
crescem para formar uma estrutura solta de tecido conjuntivo. Esse tecido conectivo vascularizado
delicado é chamado de tecido de granulação. Deriva seu nome das pequenas áreas granulares vermelhas
que são vistas no tecido cicatricial (por exemplo, a pele abaixo de uma costela). À medida que o reparo
avança, os novos vasos sanguíneos estabelecem a circulação sanguínea na área de cicatrização, e os
fibroblastos produzem colágeno que confere força mecânica ao tecido em crescimento. Eventualmente,
uma cicatriz que consiste quase completamente em colágeno densamente embalado é formada. O
volume de tecido cicatricial é geralmente menor do que o tecido que substitui, o que pode fazer com
que um órgão se contraia e se distorça. Por exemplo, a cicatrização dos intestinos pode fazer com que a
estrutura tubular se obstrua pelo estreitamento. Os casos mais dramáticos de cicatrização ocorrem em
resposta a queimaduras ou traumatismos graves.
O processo de formação de pus, chamado supuração, ocorre quando o agente que provocou a
inflamação é difícil de eliminar. Pus é um líquido viscoso que consiste principalmente em neutrófilos
mortos e moribundos e bactérias, detritos celulares e líquidos dos vasos sanguíneos. A causa mais
comum de supuração é a infecção com bactérias piogênicas (produtoras de pus), como Staphylococcus
e Streptococcus. Uma vez que o pus começa a se acumular em um tecido, ele se torna cercado por
uma membrana, dando origem a uma estrutura chamada abscesso. Como um abscesso é praticamente
inacessível para anticorpos e antibióticos, é muito difícil de tratar. Às vezes, é necessária uma incisão
cirúrgica para drená-lo e eliminá-lo. Alguns abcessos, como fervas, podem explodir por vontade própria.
A cavidade do abscesso então colapsa, e o tecido é substituído por meio do processo de reparo.
Cascata de inflamação
Membrana celular fosfolipídica
Fosfolipase A2 (enzima que, quando ativada
por um estímulo lesivo, libera o ác. aracdônico
da membrana celular para o citoplasma)
Estímulo lesivo Ác. Araquidônico
Ciclooxigenase (COX-1 e COX-2): enzimas
que vão transformar o ác. araquidônico nos
mediadores inflamatórios
Mediadores inflamatórios (endoperóxidos)
16
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
Se o agente que causa uma inflamação não pode ser eliminado, ou se há alguma interferência com
o processo de cicatrização, uma resposta inflamatória aguda pode progredir para o estágio crônico.
Episódios repetidos de inflamação aguda também podem dar origem à inflamação crônica. A extensão
física, a duração e os efeitos da inflamação crônica variam com a causa da lesão e a capacidade do corpo
para melhorar o dano.
Em alguns casos, a inflamação crônica não é uma sequela de inflamação aguda, mas uma
resposta independente. Algumas das doenças humanas mais comuns e incapacitantes, como
tuberculose, artrite reumatoide e doença pulmonar crônica, são caracterizadas por esse tipo de
inflamação. A inflamação crônica pode ser provocada por organismos infecciosos capazes de
resistir às defesas do hospedeiro e persistir nos tecidos por um longo período. Esses organismos
incluem Mycobacterium tuberculosis (agente causador da tuberculose), fungos, protozoários e
parasitas metazoários. Outros agentes inflamatórios são materiais estranhos ao corpo que não
podem ser removidos por fagocitose ou degradação enzimática. Estes incluem substâncias que
podem ser inaladas, como poeira de sílica, e materiais que podem entrar em feridas, tais como
estilhaços de metal ou madeira.
Nas reações autoimunes, o estímulo à inflamação crônica é um componente normal do corpo ao qual
o sistema imune se tornou sensibilizado. As reações autoimunes dão origem a doenças inflamatórias
crônicas, como a artrite reumatoide.
Lembrete
A inflamação é parte da resposta biológica complexa dos tecidos
corporais aos estímulos prejudiciais – como patógenos, células
danificadas ou irritantes – e envolve células imunes, vasos sanguíneos
e mediadores moleculares.
17
Unidade I
1.2 Analgésicos
Saiba mais
Mais informações sobre os analgésicos não esteroidais podem ser
obtidas no seguinte artigo:
FIGUEIREDO, W. L. M.; ALVES, T. C. A. Uso dos anti-inflamatórios
não esteroides no controle da dor aguda: revisão sistemática. Revista
Neurociência. 2015. Disponível em: <http://www.revistaneurociencias.com.
br/edicoes/2015/2303/revisao/1070revisao.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2017.
1.3 Antipiréticos
Fármacos antipiréticos são substâncias que reduzem a febre. Os antipiréticos fazem com que o
hipotálamo não aumente a temperatura corpórea em resposta à presença da prostaglandina. O
corpo então trabalha para diminuir a temperatura, o que resulta em redução da febre. A maioria dos
medicamentos antipiréticos tem outros propósitos. Os antipiréticos mais comuns nos Estados Unidos
são ibuprofeno e aspirina, que são anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) usados principalmente
como analgésicos, mas que também possuem propriedades antipiréticas, e paracetamol, um analgésico
com propriedades anti-inflamatórias fracas.
Há algum debate sobre o uso adequado de tais medicamentos, pois a febre é parte da resposta
imune do organismo à infecção. Um estudo publicado pela Royal Society alega que a supressão da febre
causa pelo menos 1% mais casos de morte por gripe, o que resultaria em pelo menos 700 mortes extras
por ano apenas nos Estados Unidos.
18
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
Lembrete
• Ácido acetilsalicílico (AAS): o AAs é o protótipo dos AINEs tradicionais e aprovado nos Estados
Unidos desde 1939.
19
Unidade I
— Efeitos adversos: o AAS pode desencadear inúmeras reações adversas, entre elas no trato
gastrointestinal, com irritação epigástrica, náuseas, êmese e sangramento; no sistema
circulatório, pode provocar sangramentos e, por isso, deve ser descontinuado uma semana
antes de procedimentos cirúrgicos; atua no sistema respiratório e nervoso e pode provocar
depressão respiratória, acidose respiratória e metabólica.
• Derivados do ácido acético: nesta classe estão incluídos a indometacina, o sulindaco e o etodolaco.
— Efeitos adversos: apresentam os mesmos efeitos adversos que os outros AINEs já descritos.
— Efeitos adversos: 20% dos pacientes tratados com piroxicam apresentam distúrbios
gastrointestinais. Já o tratamento com meloxicam a baixas doses não afeta o trato digestório.
20
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
— Mecanismo de ação: são inibidores não seletivos da COX, portanto, apresentam os mesmos
efeitos dos outros AINEs não seletivos.
— Efeitos adversos: seus efeitos adversos mais comuns são diarreia, inflamação intestinal e
anemia hemolítica.
— Mecanismo de ação: estes fármacos apresentam maior afinidade para inibição do COX-
2, o que lhes confere vantagens terapêuticas em relação aos demais AINEs. Apresentam
eficácia similiar aos AINEs, porém apresentam menos riscos cardiovasculares e distúrbios
gastrointestinais, como sangramento.
— Efeitos adversos: cefaleia, dispepsia, diarreia e dor abdominal são os efeitos adversos mais
comuns. Deve ser evitado o uso em pacientes com insuficiência renal crônica, doença cardíaca
grave e insuficiência hepática.
• Paracetamol
— Indicação: pode ser um substituto para os efeitos analgésicos e antitérmicos do AAS nos
pacientes com problemas gástricos. Por ser um moderado analgésico e antipirético, é o fármaco
de escolha para tratamento por infecções virais ou varicela em crianças. Não interage com os
medicamentos utilizados no tratamento da gota, como os AINEs fazem.
— Efeitos adversos: é um fármaco relativamente seguro nas doses terapêuticas, mas, raramente,
podem acontecer eritema cutâneo e reações alérgicas. Em altas doses, pode ocorrer necrose
tubular renal grave. Também pode desencadear necrose hepática nessas condições. Em casos de
intoxicações hepáticas por paracetamol, é recomendado o uso de acetilcisteína. Em pacientes
que precisam ser tratados com altas doses de paracetamol, faz-se necessário o monitoramento
periódico das enzimas hepáticas no sangue.
Saiba mais
Os corticoides são distinguidos dos mineralocorticoides e esteroides sexuais por seus receptores
específicos, células-alvo e efeitos. Em termos técnicos, o corticosteroide refere-se tanto aos
glicocorticoides como aos mineralocorticoides (uma vez que ambos são imitadores de hormônios
produzidos pelo córtex adrenal), mas é frequentemente usado como sinônimo de glicocorticoide.
Os glicocorticoides são produzidos principalmente na zona fasciculata do córtex adrenal, enquanto
22
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
Fosfolipídios de
membrana
Anti-inflamatórios
esteroidais Fosfolipase A2
prednisona,
dexametasona
Ácido
araquidônico
Anti-inflamatórios
não esteroidais
indometacina,
aspirina,
rofecoxib
Prostaglandinas Tromboxano
Os AIEs comercializados como anti-inflamatórios são muitas vezes formulações tópicas, tais
como pulverizações nasais para rinite ou inaladores para asma. Esses preparativos têm a vantagem
de afetar apenas a área visada, reduzindo assim os efeitos colaterais ou potenciais interações.
Neste caso, os principais compostos utilizados são beclometasona, budesonida, fluticasona,
mometasona e ciclesonida. Na rinite, são utilizados sprays. Para a asma, os glicocorticoides são
administrados como inalantes, com um inalador de pó com dose medida ou com pó seco. A seguir,
os principais fármacos utiizados como AIEs:
23
Unidade I
Os AIEs atualmente utilizados atuam de forma não seletiva, de modo que, a longo prazo, podem
prejudicar muitos processos anabolizantes saudáveis. Para evitar isso, muitas pesquisas foram
focadas recentemente na elaboração de medicamentos com glicocorticoides de ação seletiva. Os
efeitos adversos incluem:
• Imunodeficiência.
• Ganho de peso devido ao aumento da deposição de gordura visceral e truncal (obesidade central)
e estimulação do apetite.
24
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
As principais doenças que afetam o trato respiratório são a asma, a rinite alérgica e a doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Cada uma dessas condições pode estar associada à tosse
incoercível, que pode ser a única queixa do paciente. A asma é uma doença crônica caracterizada por
vias aéreas hiper‑responsivas, que afetam milhões de pacientes (7% da população brasileira), resultando
anualmente em 1 milhão de atendimentos de emergência, 150 mil hospitalizações e 3 mil mortes. A
DPOC, que inclui enfisema e bronquite crônica, pode afetar mais de 12 milhões de pessoas no Brasil.
A rinite alérgica, caracterizada por olhos lacrimejantes, prurido, rinorreia e tosse não produtiva, é uma
condição extremamente comum que, segundo os pacientes, diminui a qualidade de vida. A tosse é uma
defesa respiratória importante contra os agentes irritantes e é citada como a principal razão pela qual
os pacientes procuram cuidados médicos. A tosse coercível pode representar diversas etiologias, como
resfriado, sinusite ou doença respiratória crônica subjacente.
2.1 Antiasmáticos
2.1.1 Asma
A asma é uma doença das vias aéreas caracterizada por episódios de broncoconstrição aguda,
causando encurtamento da respiração, tosse, tensão torácica, respiração ruidosa e rápida. Esses sintomas
agudos podem ser resolvidos espontaneamente, com exercícios de relaxamento não farmacológico
ou com fármacos de “alívio rápido”, como um agonista beta-2 adrenérgico de ação curta. A asma,
diferentemente da bronquite crônica, fibrose cística ou bronquiectasia, não é uma doença progressiva
(ou seja, não evolui para a degradação das vias aéreas inevitavelmente). A asma é uma doença crônica
com fisiopatologia inflamatória subjacente, que, se não tratada, pode evoluir para remodelação das
vias aéreas, resultando em agravamento e incidência de exacerbações e/ou morte. Mortes decorrentes
de asma são relativamente infrequentes, mas a morbidade significativa resulta em altos custos de
atendimento e ambulatorial, numerosas hospitalizações e redução na qualidade de vida.
25
Unidade I
A obstrução do fluxo aéreo na asma resulta em broncoconstrição por contração de músculos lisos
brônquicos, inflamação da parede brônquica e aumento na secreção de muco. As crises de asma podem
estar relacionadas a uma exposição recente a alérgenos ou irritantes inalados, levando à hiperatividade
brônquica e à inflamação da mucosa das vias aéreas. Os sintomas da asma podem ser tratados
efetivamente com vários fármacos, mas nenhum deles promove a cura.
Cavidade nasal
Faringe
Laringe
Traqueia
Brônquio principal
Pulmão
O tratamento farmacológico para controle de longo prazo objetiva reverter e prevenir a inflamação
das vias aéreas.
26
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
— Indicação: esses fármacos são aprovados para prevenir os sintomas da asma. Eles não devem
ser utilizados em situações em que é necessária a broncodilatação imediata. Os antagonistas
de leucotrieno também podem atuar na prevenção do broncoespasmo induzido pelo exercício.
— Efeitos adversos: ocorre elevação das enzimas hepáticas, exigindo monitorização periódica e
interrupção do tratamento se houver aumento de mais que três vezes dos valores normais das
enzimas hepáticas no soro. Outros efeitos incluem cefaleia e dispepsia.
• Cromolina
— Indicação: é um tratamento alternativo contra a asma leve persistente. Contudo, não é útil no
manejo dos ataques agudos da asma, pois não é broncodilatador.
— Efeitos adversos: são mínimos, mas podem surgir tosse, irritação e gosto desagradável.
— Mecanismo de ação: os anticolinérgicos bloqueiam a contração dos músculos lisos das vias
aéreas e a secreção de muco mediadas pelo nervo vago.
— Indicação: são indicados para pacientes que possuem baixa tolerância a outros
broncodilatadores durante os episódios de asma. Oferecem vantagens terapêuticas sobre os
demais broncodilatadores durante o tratamento de crises agudas de asma em emergências.
— Efeitos adversos: xerostalmia e gosto amargo. Esses efeitos estão relacionados a efeitos locais.
• Teofilina
— Mecanismo de ação: a teofilina é um broncodilatador que promove o alívio das vias aéreas na asma
crônica. Possui atividade anti-inflamatória, embora o mecanismo ainda não esteja esclarecido.
27
Unidade I
• Omalizumabe
— Efeitos adversos: seu uso é limitado devido ao alto custo e à administração subcutânea. Os
efeitos adversos mais prevalentes são artralgias e urticárias.
• Beta-2 agonistas adrenérgicos: essa classe terapêutica é divida em fármacos de alívio rápido
e fármacos para controle a longo prazo.
— Controle a longo prazo (salmeterol e formoterol): são beta-2 agonistas de longa duração (BALAs)
e são parecidos quimicamente com o salbutamol. Promovem broncodilatação por 12 horas.
- Mecanismo de ação: são semelhantes aos BACAs, possuem apenas tempo de meia-vida maior.
- Indicação: não devem ser empregados como monoterapia e nem para alívio rápido durante o
ataque de asma aguda. São considerados úteis como tratamento auxiliar para esse controle.
• Corticosteroides (CSIs): os CSIs são fármacos de escolha para controle de longo prazo em
pacientes com algum grau de asma persistente. Estão nesta categoria os fármacos prednisolona,
metilprednisolona, prednisona, beclometasona, budesonida, mometasona e fluticasona.
— Mecanismo de ação: os CSIs inibem a liberação de ácido araquidônico por meio da inibição
da fosfolipase A2, produzindo assim efeito anti-inflamatório direto nas vias aéreas. Não afetam
diretamente o músculo liso das vias aéreas, ao contrário, os CSIs inalados visam diretamente à
inflamação subjacente das vias aéreas, diminuindo a cascata inflamatória, revertendo o edema
da mucosa, diminuindo a permeabilidade dos capilares e inibindo a liberação de leucotrienos.
Após algum período de administração, os CSIs diminuem a responsividade das vias aéreas aos
alérgenos, como irritantes, ar frio e exercício.
— Indicação: nenhuma outra medicação é tão eficaz no tratamento da asma crônica em longo
prazo que os CSIs, tanto em crianças como em adultos. Devem ser usados regularmente para
obter a máxima eficácia. A asma grave e persistente pode exigir o uso de glicocorticoides oral.
Medicação Indicação
Agonista beta-2 adrenérgico de ação curta
Levossalbutamol Asma, DPOC
Salbutamol Asma, DPOC
Agonista beta-2 adrenérgico de ação longa
Arformoterol DPOC
Formoterol Asma, DPOC
Indacaterol DPOC
Salmeterol Asma, DPOC
Corticosteroides inalatórios
Beclometasona Rinite alérgica, Asma, DPOC
Budenosida Rinite alérgica, Asma, DPOC
Ciclesonida Rinite alérgica
Fluticasona Rinite alérgica, Asma, DPOC
Mometasona Rinite alérgica, Asma
Triancinolona Rinite alérgica
Associação entre agonista beta-2 de ação longa e corticosteroides
Formoterol + Budenosida Asma, DPOC
Formoterol + Mometasona Asma, DPOC
Salmeterol + Fluticasona Asma, DPOC
Vilanterol + Fluticasona DPOC
29
Unidade I
2.2 Antialérgicos
A rinite alérgica, também conhecida como febre do feno, é um tipo de inflamação no nariz que
ocorre quando o sistema imune reage em excesso aos alérgenos no ar. Sinais e sintomas incluem um
nariz entupido, espirros, olhos vermelhos, pruridos e inchaço ao redor dos olhos. O líquido do nariz
geralmente é claro. O início dos sintomas é geralmente em poucos minutos após a exposição e pode
afetar o sono, a capacidade de trabalhar e a capacidade de se concentrar na escola. Aqueles cujos
sintomas são devidos ao pólen geralmente desenvolvem sintomas durante épocas específicas do ano.
Muitas pessoas com rinite alérgica também têm asma, conjuntivite alérgica ou dermatite atópica.
30
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
A rinite alérgica geralmente é desencadeada por alérgenos ambientais, como pólen, pêlos de animal
de estimação, poeira ou mofo. A genética hereditária e as exposições ambientais contribuem para o
desenvolvimento de alergias. Quando a criança vive em ambiente rural e tem muitos irmãos, o risco
diminui. O mecanismo subjacente envolve anticorpos IgE associados ao alérgeno e causa a liberação
de substâncias químicas inflamatórias, como a histamina dos mastócitos. O diagnóstico geralmente é
baseado em uma história médica em combinação com um teste cutâneo ou exames de sangue para
anticorpos IgE específicos para alérgenos. Esses testes, no entanto, às vezes são falsamente positivos. Os
sintomas das alergias se assemelham aos do resfriado comum, no entanto, eles geralmente duram mais
de duas semanas e tipicamente não incluem febre. Entre as opções de medicamentos para o tratamento
da rinite alérgica estão:
— Indicação: os anti-histamínicos são úteis no manejo dos sintomas de rinite alérgica causada
pela liberação de histamina (espirros, rinorreia aquosa e prurido nasal e ocular). Contudo,
são menos eficazes na prevenção dos sintomas do que no tratamento após o aparecimento
dos sintomas. A combinação de anti-histamínicos com descongestionantes nasais tem uma
eficácia maior.
— Efeitos adversos: a absorção sistêmica deve ser evitada para não apresentar os efeitos adversos
sistêmicos típicos dos corticosteroides, portanto, o paciente deve ser instruído a não aspirar
profundamente as soluções. As principais reações adversas locais são sangramento, irritação e
dor de garganta.
— Indicação: são eficazes no tratamento da rinite alérgica. Podem ser classificados como de
longa duração (oximetazolina) ou de curta duração (fenilefrina) e, quando administrados como
aerossol, esses fármacos apresentam um início de ação rápido e poucos efeitos sistêmicos.
Observação
2.3 Antitussígenos
O fumo é a principal causa de tosse, porque aumenta o volume de muco produzido pelos brônquios,
causa irritação física e química das mucosas, destrói os cílios que cobrem o revestimento interno
dos brônquios e facilita o acúmulo de material estranho às vias aéreas. Outras causas importantes
são a sinusite, principalmente em crianças, a síndrome do gotejamento pós-nasal, a asma, o refluxo
gastroesofágico, as infecções respiratórias, a bronquite crônica e os medicamentos para controle
da hipertensão. As principais classes terapêuticas utilizadas como antitussígenas são:
32
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
— Efeitos adversos: constipação, disforia e fadiga. A codeína tem poder de causar dependência,
já o dextrometorfano apresenta menor risco de dependência.
• Benzonatato
— Mecanismo de ação: suprime o reflexo da tosse por ação periférica. Age anestesiando os
receptores de estiramento localizados nas passagens respiratórias, nos pulmões e na pleura.
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é um tipo de doença pulmonar obstrutiva caracterizada
por fluxo de ar insuficiente a longo prazo. Os principais sintomas incluem falta de ar e tosse com
produção de escarro. A DPOC é uma doença progressiva, o que significa que tipicamente piora ao
longo do tempo. Eventualmente, as atividades diárias, como subir escadas, tornam-se difíceis. Bronquite
crônica e enfisema são termos mais antigos usados para
diferentes tipos de DPOC. O termo bronquite
crônica ainda é usado para definir uma tosse produtiva que está presente há pelo menos três meses por
ano por dois anos.
O tabagismo é a causa mais comum de DPOC, com fatores como poluição do ar e genética
desempenhando um papel menor. A exposição prolongada a estes irritantes fatores provoca uma
resposta inflamatória nos pulmões, resultando no estreitamento das pequenas vias aéreas e na lesão
do tecido pulmonar. O diagnóstico é baseado no fluxo de ar pobre, conforme medido pelos testes de
função pulmonar. Em contraste com a asma, a redução do fluxo de ar não melhora muito com o uso de
um broncodilatador.
A maioria dos casos de DPOC pode ser prevenida por meio da redução da exposição a fatores
de risco. Isso inclui diminuir as taxas de tabagismo e melhorar a qualidade do ar interior e exterior.
Enquanto o tratamento pode retardar a piora, não há cura. Os tratamentos de DPOC incluem
interrupção do tabagismo, vacinações, reabilitação respiratória e, muitas vezes, broncodilatadores
e esteroides inalatórios. Algumas pessoas podem se beneficiar de oxigenoterapia a longo prazo ou
transplante pulmonar. Naqueles que têm períodos de agravamento agudo, pode ser necessário um
aumento no uso de medicamentos e hospitalização.
Em 2015, a DPOC afetou cerca de 174,5 milhões de pessoas (2,4% da população global). Geralmente
ocorre em pessoas com mais de 40 anos, independentemente do sexo. Ainda em 2015, a DPOC resultou
em 3,2 milhões de mortes, contra 2,4 milhões de mortes em 1990. Mais de 90% dessas mortes ocorrem
no mundo em desenvolvimento. Prevê-se que o número de mortes aumente ainda mais devido ao
aumento das taxas de tabagismo no mundo em desenvolvimento e ao envelhecimento da população
em muitos países.
33
Unidade I
Ainda não existe uma cura conhecida para a DPOC, mas os sintomas são tratáveis e sua progressão
pode ser adiada. Os principais objetivos do tratamento são reduzir fatores de risco, gerenciar DPOC
estável, prevenir e tratar exacerbações agudas e gerenciar doenças associadas. As únicas medidas que
foram mostradas para reduzir a mortalidade são a cessação do tabagismo e a administração de oxigênio
suplementar. Parar de fumar diminui o risco de morte em 18%.
Outras recomendações incluem vacinação contra a gripe uma vez por ano, vacinação pneumocócica
uma vez a cada cinco anos e redução da exposição à poluição ambiental do ar. Naqueles com doenças
avançadas, os cuidados paliativos podem reduzir os sintomas, com a morfina melhorando a sensação de
falta de ar. A ventilação não invasiva pode ser usada para suportar a respiração. Fornecer às pessoas um
plano de ação personalizado, uma sessão educacional e apoio ao uso de seu plano de ação em caso de
exacerbação, reduz o número de visitas hospitalares e incentiva o tratamento precoce de exacerbações.
Entre os tratamentos farmacológicos incluem-se:
• Corticosteroides: os corticosteroides geralmente são usados na forma inalada, mas também
podem ser usados como
comprimidos para tratar e prevenir exacerbações agudas. Enquanto
os corticosteroides inalados (CSIs) não mostraram benefício para pessoas com DPOC leve, eles
diminuem as exacerbações agudas naqueles com doença moderada ou grave. Por si só, não têm
efeito sobre a mortalidade global em um ano. Não está claro se eles afetam a progressão da
doença. Quando usados em combinação com um BALA, eles podem diminuir a mortalidade em
comparação com CSI ou BALA sozinho. Os fármacos desta classe já foram relatados anteriormente
quanto aos mecanismos de ação, indicações e efeitos adversos.
— Mecanismo de ação: a falta do oxigênio em pacientes com DPOC é responsável pelos principais
sintomas da patologia e sua reposição melhora os sinais clínicos.
34
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
— Indicação: é recomendada naqueles com baixos níveis de oxigênio em repouso (uma pressão
parcial de oxigênio inferior a 50-55 mmHg ou saturações de oxigênio inferior a 88%). Neste
grupo de pessoas, diminui o risco de insuficiência cardíaca e morte e, se usada 15 horas
por dia, pode melhorar a capacidade de exercício. Naqueles com níveis de oxigênio normais
ou suavemente baixos, a suplementação de oxigênio pode melhorar a falta de ar quando
administrada durante o exercício, mas pode não melhorar a falta de ar durante as atividades
diárias normais ou afetar a qualidade de vida.
— Efeitos adversos: existe o risco de incêndios e pouco benefício quando os pacientes continuam
a fumar. Nessa situação, não se recomenda a sua utilização. Durante exacerbações agudas,
muitos requerem oxigenoterapia. O uso de altas concentrações de oxigênio sem levar em
conta as saturações de oxigênio de uma pessoa pode levar a níveis aumentados de dióxido de
carbono e à piora dos resultados. Nos pacientes com alto risco de altos níveis de dióxido de
carbono, recomenda-se saturações de oxigênio de 88-92%, enquanto para aqueles sem esse
risco, os níveis recomendados são de 94-98%.
O sistema nervoso central (SNC) é a parte do sistema nervoso que consiste no encéfalo e na medula
espinhal. Ele é assim chamado porque integra a informação que recebe, coordena e influencia na
atividade de todas as partes dos corpos de animais bilateralmente simétricos, isto é, todos os animais
multicelulares, exceto esponjas e animais radialmente simétricos.
O SNC está contido dentro da cavidade do corpo dorsal, com o encéfalo alojado na cavidade craniana
e na medula espinhal no canal espinhal. Nos vertebrados, o cérebro é protegido pelo crânio, enquanto a
medula espinhal é protegida pelas vértebras.
No SNC, os receptores da maioria das sinapses estão associados a canais iônicos. A ligação do
neurotransmissor ao receptor da membrana pós-sináptico resulta na abertura rápida e transitória de
canais iônicos. A abertura permite que íons específicos, dentro ou fora da célula, fluam conforme o
gradiente de concentração. A alteração resultante na composição iônica, por meio da membrana do
neurônio, altera o potencial pós-sináptico, produzindo despolarização ou hiperpolarização da membrana
pós-sináptica, dependendo do íon específico que se move e da direção do seu movimento.
35
Unidade I
Telencéfalo
Cérebro
Diencéfalo
Cerebelo
Encéfalo
Sistema Nervoso Mesencéfalo
Central (SNC)
Medula espinhal Tronco Ponte
encefálico
Bulbo
• O influxo de sódio causa uma leve despolarização, que desloca o potencial pós-sináptico em
direção ao limiar.
• O influxo de cloreto ou o efluxo de potássio causa uma leve hiperpolarização que afasta o potencial
pós-sináptico do seu limiar. Isso diminui a geração de potenciais de ação.
A maioria dos neurônios no SNC recebe esses potenciais excitatórios ou inibitórios. Assim, vários
tipos de neurotransmissores podem atuar no mesmo neurônio, mas cada um se liga ao seu próprio
receptor específico. O resultado líquido é a soma das ações individuais dos vários neurotransmissores no
neurônio. Os neurotransmissores não estão uniformemente distribuídos no SNC, mas estão localizados
36
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
em agrupamentos específicos de neurônios, cujos axônios podem fazer sinapses com regiões específicas
do cérebro. Vários tratos neuronais parecem codificados quimicamente, o que pode permitir maiores
oportunidades de modulação de certas vias neuronais.
Neurotransmissores
Aceticolina Monoaminas
Serotonina Catecclaminas
3.1.1 Epilepsia
A causa da maioria dos casos de epilepsia é desconhecida. Alguns ocorrem como resultado de lesões
cerebrais, acidentes vasculares cerebrais, tumores cerebrais, infecções do cérebro e defeitos congênitos,
por meio de um processo conhecido como epileptogênese. As mutações genéticas conhecidas estão
diretamente ligadas a uma pequena proporção de casos. As crises epilépticas são o resultado de uma
atividade de células nervosas excessivas e anormais no córtex do cérebro. O diagnóstico envolve a
exclusão de outras condições, que podem causar sintomas semelhantes, como desmaios e determinação
de outra causa de convulsão, como a retirada de álcool ou problemas de eletrólitos. Isso pode ser feito em
parte pela imagem do cérebro e pela realização de exames de sangue. A epilepsia pode frequentemente
ser confirmada com um eletroencefalograma (EEG).
37
Unidade I
3.1.2 Convulsões
Há evidências de que as crises epilépticas geralmente não são um evento aleatório. Os ataques
são muitas vezes provocados por fatores como estresse, abuso de álcool, luz cintilante, falta de sono,
entre outros.
O termo limiar de convulsão é usado para indicar a quantidade de estímulo necessário para provocar
uma convulsão. O limiar de apreensão é diminuído na epilepsia. Nas crises epilépticas, um grupo de
neurônios começa a disparar de forma anormal, excessiva e sincronizada. Isso resulta em uma onda de
despolarização conhecida como mudança de despolarização paroxística. Normalmente, depois que um
neurônio excitatório dispara, torna-se mais resistente ao disparo por um período de tempo. Isto é devido,
em parte, ao efeito de neurônios inibitórios, às mudanças elétricas dentro do neurônio excitatório e aos
efeitos negativos da adenosina.
3.1.3.1 Focais
A crise focal envolve somente uma porção do cérebro, normalmente parte de um lobo de
um hemisfério.
Os sinais de cada tipo de crise dependem do local da descarga neuronal e da extensão pela qual a
atividade elétrica se espalha nos demais neurônios do cérebro. Crises focais podem evoluir, tornando-se
crises tônico-clônicas generalizadas. A seguir, alguns tipos:
• Parciais simples: essas crises são causadas por um grupo de neurônios hiperativos que
apresenta atividade elétrica anormal e que fica confinado em um local único do cérebro. A
38
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
descarga elétrica não se alastra, e o paciente não perde a consciência ou a percepção. Com
frequência, o paciente apresenta atividade anormal em um dos membros ou em um grupo
muscular controlado pela região cerebral que apresenta o distúrbio. O paciente pode apresentar
distorções sensoriais.
• Parciais complexas: essas crises provocam alucinações sensoriais complexas e distorção mental.
A disfunção motora pode envolver movimentos mastigatórios, diarreia ou micção. A consciência
se altera. A crise parcial simples pode se alastrar e, então, evoluir para uma convulsão generalizada
secundária.
3.1.3.2 Generalizadas
As crises generalizadas podem iniciar localmente e avançar, incluindo descargas elétricas anormais
pela totalidade de ambos os hemisférios cerebrais. As crises generalizadas primárias podem ser convulsivas
ou não convulsivas, e o paciente normalmente apresenta perda imediata de consciência.
• Tônico-clônicas: essas crises resultam em perda da consciência, seguida das fases tônicas (de
contração contínua) e clônica (de contração e relaxamento rápidos). A crise pode ser seguida por
um período de confusão e exaustão, devido à depleção de glicose e dos estoques energéticos.
• Ausências: essas crises envolvem uma perda breve, abrupta e atolimitante da consciência. Em
geral, iniciam-se em pacientes de três a cinco anos de idade e perduram até a puberdade ou mais.
O paciente permanece com o olhar fixo e pisca rapidamente.
• Mioclônicas: essas crises consistem em episódios curtos de contração muscular, que podem
recorrer por vários minutos. Em geral, elas ocorrem após o despertar e se revelam como breves
contrações espasmódicas dos membros.
• Clônicas: essas crises consistem em episódios curtos de contração muscular, que podem se parecer
muito com as crises mioclônicas. A consciência está mais comprometida nas crises clônicas em
comparação com as mioclônicas.
• Atônicas: também chamadas de ataques de queda, essas crises se caracterizam pela perda súbita
de tônus muscular.
Os fármacos reduzem as crises por meio de mecanismos, como bloqueio dos canais voltagem-
dependentes (sódio ou cálcio), potencializando impulsos inibitórios gabaérgicos. Alguns fármacos
parecem ter múltiplos alvos no SNC.
• Ácido valproico
— Efeitos adversos: os efeitos nocivos são raros, porém podem levar ao aumento das enzimas
hepáticas no sangue e teratogenicidade.
— Efeitos adversos: os efeitos adversos desta classe são amplos. Entre os efeitos mais comuns
estão sonolência, tremores, cansaço e fadiga.
• Carbamazepina
• Fenitoína
40
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
• Fenobarbital
— Mecanismo de ação: potencialização dos efeitos inibitórios dos neurônios mediados por
GABA devido ao aumento na entrada de cloreto. Bloqueiam também os receptores excitatórios
de glutamato.
• Gabapentina
— Mecanismo de ação: a gabapentina é análoga. Contudo, ela não atua nos receptores GABA,
não potencializa as ações do GABA e nem se converte em GABA. O mecanismo é desconhecido.
— Indicação: é aprovada para tratamento auxiliar para crises focais e tratamento de neuralgia
pós-herpética.
— Efeitos adversos: é bem tolerada pelos idosos com crises parciais devido aos seus efeitos
adversos relativamente leves e apresenta pouca interação com outros fármacos.
• Lamotrigina
— Mecanismo de ação: atua bloqueando os canais de cálcio, bem como os canais de cálcio
voltagem-dependentes.
• Oxcarbazepina
— Indicação: está aprovada para uso em adultos e crianças com crises de ataques focais.
• Pregabalina
— Efeitos adversos: aumento de massa corporal e edema periférico foram observados nos
pacientes. Em caso de lesão renal, o fármaco deve ser evitado.
• Tiagabina
• Topiramato
— Efeitos adversos: sonolência, perda de massa corporal e parestesias. Podem surgir cálculos
renais, glaucoma, oligoidrose (sudorese reduzida) e hipertermia.
No estado epilético, ocorrem duas ou mais crises sem recuperação plena da consciência entre os
episódios. Essas crises podem ser focais ou generalizadas primárias, convulsivas ou não convulsivas.
Epilepsia Parcial
Lamotrigina
Divalproex
Tônico-clônica Levetiracetam Estimulação vagal
Zonisamida
Topiramato
Benzodiazepínicos
Estado epilético Barbitúricos
Fosfenitoína
Síndrome epiléptica
Gabapentina Carbomazepina
Rolândica Divalproex
Levetiracetam
benigna Lamotrigina Oxcarbazepina
Topiramato
Corticotropina Benzodiazepínicos
Espasmos infantis Lamotrigina
Divalproex
(síndrome de West) Vigabatrina Zonisamida
Topiramato
Divalproex Levetiracetam
Benzodiazepínicos
Lennox-Gastaut Lamotrigina Vigabatrina Estimulação vagal
Feibamato
Topiramato Zonisamida
O relaxante muscular é uma droga que afeta a função do músculo esquelético e diminui o tônus
muscular. Pode ser usado para aliviar sintomas como espasmos musculares, dor e hiperreflexia. O termo
relaxante muscular é usado para se referir a dois principais grupos terapêuticos: bloqueadores
neuromusculares e espasmolíticos.
43
Unidade I
O espasmolíticos, também conhecidos como relaxantes musculares de ação central, são usados
para aliviar a dor e os espasmos musculoesqueléticos e para reduzir a espasticidade em uma variedade
de condições neurológicas. Tanto os bloqueadores neuromusculares quanto os espasmolíticos são
frequentemente agrupados como relaxantes musculares, porém o termo é comumente usado para se
referir apenas a espasmolíticos.
No entanto, algumas evidências (de baixa qualidade) sugerem que os relaxantes musculares podem
adicionar benefício ao tratamento com AINEs. Em geral, nenhuma evidência de alta qualidade apoia seu
uso. Nenhuma droga mostrou ser melhor do que outra, e todas elas têm os mesmos efeitos adversos,
particularmente, tontura e sonolência.
Um relaxante muscular é escolhido com base em seu perfil de efeitos adversos, tolerabilidade e
custo. Os relaxantes musculares não são recomendados para condições ortopédicas, mas sim para
condições neurológicas, como espasticidade em paralisia cerebral e esclerose múltipla. O dantroleno,
embora considerado principalmente como um agente de atuação periférica, está associado a efeitos do
SNC, enquanto a atividade do baclofeno é estritamente associada ao SNC.
Devido ao aumento da inibição no SNC, a maioria dos agentes espasmolíticos têm os efeitos
colaterais da sedação, como sonolência, e podem causar dependência com uso a longo prazo. Vários
desses agentes também têm potencial de abuso e sua receita é controlada.
devido ao aumento da condutância iônica do potássio. O baclofeno também inibe a função neural pré-
sináptica, reduzindo o influxo de íons de cálcio e, assim, reduzindo a liberação de neurotransmissores
excitatórios no cérebro e na medula espinhal. Também pode reduzir a dor em pacientes, inibindo a
liberação da substância P.
A tizanidina é talvez o análogo de clonidina mais estudado. É um agonista nos receptores alfa
2 adrenérgicos, mas reduz a espasticidade em doses que resultam em hipotensão significativamente
menor do que a clonidina. Estudos neurofisiológicos mostram que deprime o feedback excitatório
dos músculos que normalmente aumentariam o tônus muscular, minimizando a espasticidade. Além
disso, vários ensaios clínicos indicam que a tizanidina tem uma eficácia semelhante a outros agentes
espasmolíticos, tais como diazepam e baclofeno, com um espectro diferente de efeitos adversos.
Observação
Outros problemas que podem resultar em sintomas semelhantes são: hipertireoidismo, doença
cardíaca, uso de cafeína, álcool ou cannabis, retirada de certos medicamentos etc.
Buspirona, quetiapina e pregabalina são tratamentos de segunda linha para pessoas que não
respondem aos ISRS, também há evidências de que os benzodiazepínicos – incluindo diazepam e
clonazepam – são efetivos, mas caíram em desuso devido ao risco de dependência e abuso. Como
muitos dos fármacos ansiolíticos causam alguma sedação, eles podem ser usados clinicamente como
ansiolíticos e hipnóticos (indutores de sono).
— Efeitos adversos: esses fármacos são potentes indutores de dependência, por isso, seu
uso deve ser controlado com receituário controlado. Podem causar sedação, confusão
mental, comprometimento cognitivo e diminuição dos reflexos. Não devem ser utilizados
concomitantemente com álcool, pois o etanol potencializa os efeitos destes fármacos.
• Barbitúricos: esses fármacos foram a base do tratamento usado para sedar ou induzir e manter
o sono. Com o tempo foram substituídos pelos benzodiazepínicos, principalmente porque os
barbitúricos induzem tolerância e dependência físca e estão associados a sintomas de abstinência
graves. Dentre os principais barbitúricos estão o fenobarbital, tiopental e o pentobarbital.
— Mecanismo de ação: a ação desses fármacos se deve à sua interação com os receptores
GABAA, potencializando a transmissão gabaérgica. O local de ligação dos barbitúricos no
receptor GABAA é diferente do local dos benzodiazepínicos.
• Zolpidem
— Mecanismo de ação: esse fármaco tem estrutura química semelhante aos benzodiazepínicos,
mas sua resposta é diferente. O zolpidem não tem propriedades anticonvulsivantes ou
miorrelaxantes. Apresenta poucos efeitos de abstinência e provoca insônia de rebote mínimo.
Produz efeito hipnótico por cerca de cinco horas.
47
Unidade I
Observação
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FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
• Não apresenta atividade anticonvulsiva Eszopiclona • Eficaz por até seis meses.
ou músculo‑relaxante.
Hidroxizina
• Causam efeitos mínimos de abstinência
Zaleplona e Causam insônia de rebote mínima.
• Não apresentam propriedades
anticonvulsivas ou músculo‑relaxantes. • Pouca ou nenhuma tolerância ocorre
Zolpidem com o uso prolongado.
• Somente tem efeitos mínimos nas Ramelteona • Baixo potencial de abuso com efeitos de
medidas objetivas de eficácia de sono. abstinência e dependência mínimos.
• O fármaco pode ser usado por tempo
Barbitúricos prolongado.
Fenobarbital
Pentobarbital
• Os barbitúricos induzem tolerância,
enzimas biotransformadoras de fármacos Secobarbital
e dependência física e apresentam graves
sintomas de abstinência. Amobarbital
Tiopental • Rápido início de ação.
4.1 Antidepressivos
depressão maior) e estados de humor (que circulam entre mania e depressão, também conhecidos
como transtorno bipolar e, anteriormente, chamados de depressão maníaca).
Existem vários sub-tipos de distúrbios depressivos ou síndromes psiquiátricas com sintomas menos
graves, como distúrbio distímico (semelhante ao mais ameno do que o transtorno depressivo maior)
e distúrbio ciférmico (bipolaridade mais leve). Os transtornos de humor podem ser induzidos por
substâncias ou ocorrerem em resposta a uma condição médica.
— Efeitos adversos: os principais efeitos adversos são náuseas, cefaleia, disfunções sexuais,
tonturas, insônia, sedação e constipação. Em doses elevadas, pode ocorrer hipertensão e
aumento na frequência cardíaca.
• Antidepressivos atípicos: são fármacos que têm ações em vários locais diferentes. Os principais
exemplos são a bupropiona, a mirtazapina, nefazodona e a trazodona.
— Efeitos adversos: os principais são boca seca, sudoração, nervosismo, tremores, risco de
convulsões, sedação, priapismo, hepatotoxicidade, ortostasia e tonturas.
— Indicação: os ADTs são eficazes no tratamento de depressão moderada e grave. Algus pacientes
com transtorno de pânico também respondem aos ADTs. A imipramina pode ser usada para
controlar a enurese em crianças com mais de seis anos. A amitriptilina tem sido usada para
auxiliar a prevenção da enxaqueca e tratar a síndrome de dor crônica.
51
Unidade I
— Efeitos adversos: o bloqueio dos receptores muscarínicos leva à visão turva, xerostalmia,
retenção urinária, taquicardia sinusal, constipação e agravamento do glaucoma de ângulo
fechado. Os ADTs também bloqueiam os receptores adrenérgicos causando hipoensão
ortostática, tonturas e taquicardia reflexa. A sedação é causada por bloqueio de receptores
histamínicos.
— Mecanismo de ação: a maioria dos iMAOs causa inativação irreversível com a monoaminoxidase.
Isso resulta em aumento dos estoques de norepinefrina, serotonina e dopamina no interior
dos neurônios e subsequente difusão do excesso de neurotransmissores para a fenda sináptica.
Esses fármacos inibem a iMAO não só no cérebro, mas também no fígado e no intestino, onde
catalisam desaminações oxidativas de fármacos e substâncias potencialmente tóxicas, como a
tiramina, que é encontrada em certos alimentos.
— Indicação: os iMAOs são indicados para pacientes deprimidos que não respondem ou são
alérgicos aos ADTs ou que apresentam forte ansiedade. Uma subcategoria especial de depressão,
denominada depressão atípica, pode responder aos iMAOs preferencialmente.
Classe Agonista de
Tricíclicos iMAO ISRS IRSN IRDN melatonina
Aumentam Aumentam Aumentam
Mecanismo Aumentam os Aumentam Estimulam a
os níveis de os níveis de os níveis de
de ação níveis de todas as os níveis de produção de
serotonina e serotonina e dopamina e
aminas biogênicas serotonina melatonina
noradenalina noradrenalina noradrenalina
Efeitos Ganho de peso, Ganho de peso, Ganho de peso, Ganho de peso, Perda de peso, Náuseas,
adversos transpiração e impotência sexual transpiração e transpiração e boca seca e tonturas e
boca seca e insônia náuseas náuseas cefaleia dor de cabeça
Fluoxetina
Amitriptilina Paroxetina
Fármacos Fenelzina Duloxetina
Clomipramina Sertralina Bupropiona Agomelatina
Selegilina Venalfaxina
Imipramina Fluvoxamina
Escitalopram
52
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
Os estabilizadores de humor são fármacos psicoativos usados para tratar distúrbios do humor
caracterizados por mudanças de humor intensas e sustentadas, tipicamente do tipo bipolar tipo I,
tipo II ou esquizofrenia. Os estabilizadores de humor suprimem oscilações entre mania e depressão.
Os fármacos que estabilizam o humor também são usados no transtorno de personalidade limítrofe
e transtorno esquizoafetivo. O termo estabilizador de humor não descreve um mecanismo, mas,
sim, um efeito.
• Lítio: é o estabilizador de humor “clássico”, primeiro a ser aprovado nos Estados Unidos, ainda
é usado em tratamento. O monitoramento terapêutico de drogas é necessário para garantir que
os níveis de lítio permaneçam na faixa terapêutica: 0,6 ou 0,8-1,2 mEq/L (ou milimolar). Sinais
e sintomas de toxicidade incluem náuseas, vômitos, diarréia e ataxia. Os efeitos colaterais mais
comuns são a letargia e o ganho de peso. Os efeitos secundários menos frequentes do uso de lítio
são visão turva, tremores ligeiros nas mãos e sensação de estar ligeiramente enfermo. Em geral,
esses efeitos colaterais ocorrem nas primeiras semanas após o início do tratamento com lítio.
Esses sintomas geralmente podem ser melhorados pela redução da dose.
Os estimulantes do sistema nervoso central (SNC) são medicamentos que aceleram processos físicos
(psicomotores) e mentais. Os estimulantes do sistema nervoso central são usados para tratar condições
caracterizadas pela falta de estimulação adrenérgica, incluindo narcolepsia e apneia neonatal. Além
disso, o metilfenidato (ritalina) e o sulfato de dextroanfetamina (dexedrine) são utilizados para o seu
efeito paradoxal no transtorno de hiperatividade com déficit de atenção (TDAH).
53
Unidade I
A cafeína está mais relacionada às xantinas, como a teofilina. Um pequeno número de membros
adicionais da classe de estimulantes do SNC não se enquadra em grupos químicos específicos.
As anfetaminas têm um alto potencial de abuso. Elas devem ser usadas em programas de
redução de peso somente quando as terapias alternativas forem ineficazes. A administração por
períodos prolongados pode levar à dependência de drogas. As anfetaminas são contraindicadas
em arteriosclerose avançada, doença cardiovascular sintomática, hipertensão de moderada a
grave e hipertireoidismo. Não devem ser usadas para
tratar pacientes com hipersensibilidade ou
idiossincrasia às aminas simpaticomiméticas, tampouco em pacientes com glaucoma, história
de estados agitados, história de abuso de drogas ou durante os 14 dias após a administração de
inibidores da monoamina oxidase (iMAO).
O metilfenidato pode diminuir o limiar de convulsão. Houve relatos de que quando usado em crianças,
o metilfenidato e as anfetaminas podem retardar o crescimento. Embora esses relatórios tenham sido
questionados, pode-se sugerir que os medicamentos não sejam administrados fora do horário escolar
(porque a maioria das crianças tem problemas de comportamento na escola), a fim de permitir que a
estatura completa seja alcançada. Os efeitos adversos mais comuns dos estimulantes do SNC estão
associados a sua ação primária. As respostas típicas incluem superestimulação, tonturas, agitação e
reações semelhantes. Raramente, foram relatadas reações hematológicas, incluindo leucopenia,
agranulocitose e depressão da medula óssea. A diminuição do limiar de convulsão foi observada com a
maioria das drogas nessa classe.
4.4 Antipsicóticos
A psicose é uma condição anormal da mente que envolve uma perda de contato com a realidade.
Pessoas com psicose podem apresentar alterações de personalidade e transtornos do pensamento.
Dependendo da sua gravidade, isso pode ser acompanhado por um comportamento incomum ou
estranho, bem como dificuldade de interação social e comprometimento na realização de atividades da
vida diária. Essa característica é encontrada em pacientes que apresentam esquizofrenia.
A esquizofrenia é uma doença mental caracterizada por comportamento social anormal e falha
em entender o que é real. Os sintomas comuns incluem falsas crenças, pensamentos pouco claros ou
confusos, ouvir vozes que outros não ouvem, engajamento social reduzido, expressão emocional e falta
de motivação.
54
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
As pessoas com esquizofrenia muitas vezes têm problemas de saúde mental adicionais, como
distúrbios de ansiedade, doença depressiva maior ou distúrbios do uso de substâncias. Os sintomas
geralmente ocorrem gradualmente, começam na idade adulta jovem e duram muito tempo.
Os fatores genéticos incluem uma variedade de variantes genéticas comuns e raras. O diagnóstico
é baseado no comportamento observado, nas experiências relatadas pela pessoa e nos relatórios
de outros familiarizados com a pessoa. A esquizofrenia não implica uma “personalidade dividida”
ou “transtorno de personalidade múltipla”, condições com as quais geralmente é confundida na
percepção pública.
Cerca de 0,3-0,7% das pessoas são afetadas pela esquizofrenia durante a vida. Em 2013, havia
aproximadamente 23,6 milhões de casos no mundo todo. A expectativa de vida média das pessoas com
o transtorno é de 10 a 25 anos a menos do que a população em geral.
Foram feitas várias tentativas para explicar o vínculo entre a função cerebral alterada e a
esquizofrenia. Uma das mais comuns é a hipótese de dopamina, que atribui a psicose à superestimulação
dopaminérgica. Muitos mecanismos psicológicos têm sido implicados no desenvolvimento e na
manutenção da esquizofrenia. Os vícios cognitivos foram identificados nas pessoas com diagnóstico ou
em risco, especialmente quando sob estresse ou em situações confusas.
Algumas características cognitivas podem refletir déficits neurocognitivos globais, como a perda
de memória, enquanto outras podem estar relacionadas a questões e experiências específicas.
Descobertas recentes indicam que muitos indivíduos diagnosticados com esquizofrenia são responsivos
emocionalmente, particularmente para estímulos estressantes ou negativos, e que tal sensibilidade pode
causar vulnerabilidade aos sintomas ou à desordem. Algumas evidências sugerem que o conteúdo de
crenças delirantes e experiências psicóticas podem refletir as causas emocionais da desordem, e o modo
como uma pessoa interpreta essas experiências pode influenciar a sintomatologia.
55
Unidade I
Os fármacos antipsicóticos (neurolépticos) são usados principalmente para tratar esquizofrenia, mas
também são eficazes em outros estados psicóticos e estados de mania. O uso de medicação antipsicótica
envolve o difícil limite entre o benefício de aliviar os sintomas psicóticos e o risco de uma ampla variedade
de efeitos perturbadores adversos.
Os antipsicóticos não são curativos e não eliminam o transtorno crônico do pensamento, mas, com
frequência, diminuem a intensidade das alucinações e ilusões, permitindo que a pessoa com esquizofrenia
conviva em um ambiente de apoio.
56
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
Os efeitos dos antipsicóticos parecem refletir o bloqueio dos receptores de dopamina e/ou serotonina.
Contudo, vários desses fármacos também bloqueiam receptores colinérgicos, adrenérgicos e histamínicos.
• Efeitos antieméticos: esse efeitos se deve ao bloqueio dos receptores D2 da zona quimiorreceptora
disparadora bulbar.
Veja o quadro a seguir, no qual bloqueio 5HT2 corresponde à melhora de sintomas negativos, bloqueio
D ao efeito antipsicótico, bloqueio M ao efeito anticolinérgico, bloqueio alfa ao efeito hipotensor e
bloqueio H1 à sedação:
57
Unidade I
A enxaqueca é um distúrbio de dor de cabeça primário caracterizado por dores de cabeça recorrentes,
que vão de moderadas a graves. Normalmente, as dores de cabeça afetam metade da cabeça, são de
natureza pulsante e duram de duas a 72 horas.
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FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
Resumo
Esta unidade apresentou uma visão geral do SNC, com foco nos
neurotransmissores que estão envolvidos nas ações dos fármacos
clinicamente úteis. Também foram estudados os principais tratamentos
farmacológicos para transtornos de ansiedade, epilepsia, transtornos de
humor, afetividade, entre outros.
59
Unidade I
Exercícios
Questão 1. (Fumarc 2014) A intoxicação por medicamentos tem sido um problema geral de saúde.
De acordo com a farmacologia, dos principais agentes envolvidos nas intoxicações medicamentosas
encontram-se os benzodiazepínicos e opiáceos. O agente e seu correto antagonista estão indicados em:
A) Opioide – flumazenil.
B) Benzodiazepínico – naloxone.
C) Benzodiazepínico – flumazenil.
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa correta.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: opioides são agentes que atuam no sistema nervoso para tirar a dor, portanto não são
bloqueadores de Fe.
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FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
Questão 2. (Cesgranrio 2008) Quando um trabalhador é afastado de sua atividade laboral porque
está sendo medicado com psicofármaco, que pode causar impregnação, significa que o medicamento
em uso está classificado entre os:
A) Hipnóticos.
B) Psicolépticos.
C) Anticonvulsivantes.
D) Neurolépticos.
E) Ataráxicos.
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