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Farmacêutica
Autor: Prof. Juliano Rodrigo Guerreiro
Professor conteudista: Juliano Rodrigo Guerreiro
Juliano Rodrigo Guerreiro é formado em Farmácia-Bioquímica pela Universidade de São Paulo (2004) e Doutor em
Bioquímica pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo (2009). Desenvolve o pós-doutorado com ênfase
em Bioquímica de Plantas pela ESALQ/USP (2009-2012).
Atualmente é coordenador do curso de Farmácia (desde 2008) e professor titular da Universidade Paulista
(desde 2009), tendo sido professor auxiliar da mesma universidade de 2005 a 2009. Tem experiência nas áreas de
Bioquímica, Fisiologia e Química, além de gerenciamento de drogarias, atuando principalmente nos seguintes temas:
Estrutura de Biomoléculas, Bioquímica Estrutural, Metabólica e Clínica, Bioquímica e Fisiologia de Plantas, Interação
Ligante-Receptor e Venenos Animais. É autor e coautor de 13 artigos científicos sobre Venenos Animais, Fisiologia e
Bioquímica, além de três patentes e um capítulo de livro.
88 p., il.
CDU 615
U500.80 – 19
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Virgínia Bilatto
Andréia Andrade
Sumário
Economia e Gestão Farmacêutica
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7
Unidade I
1 ECONOMIA FARMACÊUTICA...........................................................................................................................9
1.1 Economia da saúde.................................................................................................................................9
1.2 Formas de financiamento dos gastos com saúde................................................................... 10
1.3 Gastos com saúde x expectativa de vida ................................................................................... 11
1.4 Saúde complementar no Brasil....................................................................................................... 12
2 ECONOMIA SETORIAL FARMACÊUTICA.................................................................................................. 15
2.1 Indústria farmacêutica – relevância.............................................................................................. 15
2.2 Indústria farmacêutica – competitividade................................................................................. 15
2.3 A importância das patentes para a indústria farmacêutica de inovação...................... 16
2.4 Regulação do mercado farmacêutico........................................................................................... 17
2.5 Agentes econômicos do segmento farmacêutico .................................................................. 19
2.5.1 Indústrias farmacêuticas...................................................................................................................... 19
2.5.2 Comércio farmacêutico....................................................................................................................... 19
3 POLÍTICAS NA ÁREA FARMACÊUTICA...................................................................................................... 21
3.1 Política Nacional de Medicamentos.............................................................................................. 22
3.2 Política Nacional de Assistência Farmacêutica......................................................................... 24
3.3 Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos....................................................... 26
4 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL................................................................................................................ 27
4.1 Organograma.......................................................................................................................................... 28
4.2 Fluxograma.............................................................................................................................................. 29
4.3 Layout........................................................................................................................................................ 30
Unidade II
5 FARMACOECONOMIA..................................................................................................................................... 36
5.1 Métodos em farmacoeconomia...................................................................................................... 36
5.1.1 Análise de custo x benefício................................................................................................................ 36
5.1.2 Análise de minimização de custos.................................................................................................... 37
5.1.3 Análise de custo x efetividade............................................................................................................ 38
5.1.4 Análise de custo x utilidade................................................................................................................ 39
6 NORMAS INTERNACIONAIS ISO................................................................................................................. 42
6.1 ISO 9000 – garantia da qualidade.................................................................................................. 43
6.1.1 ISO 9001:1994........................................................................................................................................... 44
6.1.2 ISO 9001:2000........................................................................................................................................... 45
6.1.3 ISO 9000:2005.......................................................................................................................................... 46
6.1.4 ISO 9001:2008........................................................................................................................................... 46
6.2 ISO 14000 – meio ambiente ............................................................................................................ 46
6.3 ISO 26000 – responsabilidade social............................................................................................. 49
6.4 Saúde e segurança do trabalhador................................................................................................ 50
7 CONTABILIDADE................................................................................................................................................ 52
7.1 Balanço Patrimonial............................................................................................................................. 53
7.2 Abertura de empresa............................................................................................................................ 55
7.3 Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE) .................................................................. 56
7.4 Análise de demonstrações financeiras......................................................................................... 61
7.4.1 Análise horizontal.................................................................................................................................... 62
7.4.2 Índices financeiros................................................................................................................................... 63
7.4.3 Análise vertical.......................................................................................................................................... 64
7.5 Índices de balanço................................................................................................................................ 64
7.6 Retorno sobre o investimento......................................................................................................... 66
7.7 Planejamento, Programação e Controle da Produção (PPCP)............................................ 68
8 MARKETING FARMACÊUTICO ..................................................................................................................... 69
8.1 Conhecendo os principais clientes................................................................................................ 71
8.1.1 Pacientes..................................................................................................................................................... 71
8.1.2 Médicos........................................................................................................................................................ 71
8.2 Conhecendo o cliente de farmácias e drogarias...................................................................... 71
8.3 Ações de fidelização............................................................................................................................. 76
8.3.1 Cartão fidelidade...................................................................................................................................... 76
8.3.2 Layout........................................................................................................................................................... 77
APRESENTAÇÃO
Este livro-texto tem como objetivos primordiais fazer que o aluno venha a compreender que a
economia e a gestão de empresas farmacêuticas são peças fundamentais para o êxito profissional. E que
as funções administrativas são, na verdade, as principais vias para ascensão do profissional farmacêutico
em sua carreira profissional. Mostrar ao acadêmico de Farmácia a abrangência das empresas farmacêuticas
e a sua complexidade administrativa, e também as características econômicas do setor. Além disso, é de
suma importância o entendimento dos aspectos econômicos do setor farmacêutico e da saúde como
um todo, das informações sobre os organogramas de empresas privadas, estatais e sem fins lucrativos
(terceiro setor) e tipos de sociedade e de controle financeiro, como as S.A. e as Ltda.
Ao término, o aluno terá conceitos básicos de administração geral, com conhecimento dos
documentos legais, desde a abertura da empresa, sua gestão e fechamento, e dos diversos tipos de
empresa (e setores de empresas) farmacêuticas comuns à atuação do profissional farmacêutico. Será
oferecida, ainda, uma noção de aspectos administrativos gerais: tipos de custos, gerenciamento de
materiais, fluxograma de operações, além de fazer com que o aluno:
• entenda os mecanismos econômicos gerais do país e suas correlações com a área farmacêutica;
INTRODUÇÃO
O livro-texto está dividido em duas unidades – na primeira, serão discutidos temas da área de
Economia Farmacêutica, como:
• economia da saúde: gastos dos países, financiamento público e privado, relação investimento em
saúde x resultados. Tamanho e perspectivas da saúde complementar no Brasil e investimento público
e privado;
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Unidade I
• economia setorial farmacêutica. Conceitos de bem de consumo credencial, valor da patente, foco
dos investimentos em novos fármacos, barreiras econômicas e tecnológicas que movimentam
o setor farmacêutico; papel dos órgãos públicos na economia setorial farmacêutica, como a
regulação de preços;
8
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
Unidade I
1 ECONOMIA FARMACÊUTICA
A relação entre economia e saúde é, por vezes, conflituosa, pois cada setor entende de modo diferente
a assistência à saúde. As profissões da área de saúde tendem a seguir a premissa de que saúde não
tem preço e qualquer esforço deve ser feito para salvar uma vida. Já as profissões da área econômica
valorizam a ética social e o bem comum.
Ambos os grupos divergem basicamente sobre a utilização dos recursos e na gestão eficiente dos
serviços de saúde. No Brasil, quase não há profissionais que tenham formação nas duas áreas; porém, na
Europa, profissionais que possuem formação nessa interface economia-saúde contribuem sobremaneira
com o planejamento e a administração dos serviços de saúde.
Essa definição aplica-se diretamente no cotidiano do setor de saúde, no qual a aplicação dos poucos
recursos é decidida de forma centralizada e política. Os recursos do setor de saúde dão origem a bens
e serviços que são repassados de acordo com as características do sistema de saúde. Já a avaliação
econômica cuida dos custos e benefícios e das formas de distribuição.
A assistência médica foi atribuída financeiramente ao Estado depois da Segunda Guerra Mundial,
exatamente quando ocorreu a universalização do sistema de saúde em detrimento do universo de
trabalho. Já na década de 1960, os gastos dos Estados com o sistema de saúde começaram a crescer
de forma mais intensa, principalmente em países mais desenvolvidos (OCDE). Esses países investiam, na
9
Unidade I
década de 1960, por volta de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) e passaram a investir por volta de 12%,
na década de 1980, preocupando os economistas e associados do setor.
Tabela 1
1400
1200
1000
800 666
600
400 250
200 13 27 75
0
1950 1960 1970 1980 1990 2000
Ano
Figura 1
Os sistemas de saúde tidos como universais, que cobrem a totalidade da população (caso do Brasil),
são financiados com recursos dos impostos, já que é uma atribuição geral do Estado. Esse sistema é
conhecido como unificado, pois possui uma única fonte de financiamento centralizada, ainda que a
execução e administração sejam regionalizadas.
Os recursos destinados à saúde são alocados em fundos de saúde, que são como um banco único
que financia os programas do ministério. Esses recursos podem ser enviados do governo federal para os
governos regionais (estados e municípios) e formam outros fundos unificados.
10
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
A maioria dos sistemas de saúde universais é financiada com recursos fiscais e impostos sobre a folha
de pagamento e salários. Este é o caso do Brasil e de alguns países europeus, já em Cuba e em alguns
países do Leste Europeu, o sistema de saúde universal e unificado funciona com menos flexibilidade de
financiamentos.
Os sistemas de saúde que são administrados de forma muita rígida sofrem com a impossibilidade
de reduzir gastos ou melhorar a qualidade e cobertura dos produtos e serviços sem aumentar as
despesas. Dessa forma, alguns países europeus iniciaram reformas nos sistemas de saúde, a fim de
introduzir mecanismos que estimulem a concorrência para aumentar a eficiência sem que diminua a
qualidade dos serviços prestados aos cidadãos. Quando um país passa por uma crise de arrecadação
de impostos, há sempre introduções e modificações nos sistemas de saúde universais e unificados,
melhorando a flexibilidade de gestão e de financiamentos, além de estratégias de coberturas. Algumas
dessas modificações são as introduções de várias formas de coberturas e financiamentos dos sistemas
de saúde, por exemplo:
• a população de baixa renda terá um sistema de atenção médica gratuita, financiado com impostos.
Os serviços podem ser prestados pelo sistema público ou privado, tendo sempre uma cobertura
mínima e de qualidade que será fiscalizada por algum órgão público regulamentador;
• aos trabalhadores formais, o sistema de saúde é baseado em impostos sobre a folha de pagamento.
Os serviços devem garantir patamares mínimos de cobertura segundo níveis de renda;
• as pessoas com renda mais alta possuem um sistema de saúde baseado em desembolso direto de
recursos, em planos de saúde complementares, seguro-saúde ou em outras estratégias, abatidas
do imposto de renda.
Lembrete
Qual o nível máximo de saúde que um sistema de saúde pode oferecer? Esta pergunta não pode ser
facilmente respondida, pois o sistema de saúde não é o único responsável pela saúde da população. Ainda,
se for levado em consideração a complexidade da definição do conceito de saúde, pode-se entender
melhor sua complexidade. Saúde depende de inúmeros fatores, como biológico, cultural, ambiental,
social, econômico e psicológico.
É claro que nutrição, saneamento básico, escolaridade e renda são quesitos importantes para
determinar o estado de saúde de uma coletividade. Os sistemas de saúde são melhores e possuem
melhores indicadores de qualidade em sociedades que apresentam altos níveis de desenvolvimento
11
Unidade I
nos parâmetros citados anteriormente. O inverso também é verdadeiro, e sociedades com baixos
níveis de desenvolvimento nas áreas supracitadas apresentam sistemas de saúde precários, ou
seja, é impossível melhorar o sistema de saúde da população sem antes melhorar seus indicadores
sociais e econômicos.
Os serviços prestados na área da saúde não são gratuitos, representam um enorme comprometimento
de recursos humanos, de matérias-primas e de capital. Os sistemas de saúde contribuem efetivamente
para a saúde das populações e também para uma melhor qualidade de vida, pelos benefícios econômicos
que trazem devido às melhorias das funções humanas e de produtividade.
Dessa forma, convém chamar os recursos gastos com o sistema de saúde de investimento em
saúde, pois aumentam a possibilidade de as pessoas produzirem e gerarem riquezas.
Estrutura de financiamento e prestação de serviços
Fundos
Prestação de
serviços Rede Rede privada
pública
Figura 2
Observação
Há uma ampla gama de planos e seguros de saúde oferecidos aos consumidores, cada um
se distingue pela cobertura de rede de serviços oferecida, padrão de conforto, carências, valor,
entre outros. São os convênios médicos que, praticamente, financiam o setor privado da saúde,
já que chegam a ser responsáveis por 80% a 90% do faturamento dos maiores hospitais privados
do país.
Embora tenham sido considerados pela Constituição de 1988, os planos de saúde privados
começaram a funcionar em 1964, quando o governo federal passou a credenciar a assistência
médica privada para atender a pacientes do serviço público. Nas décadas seguintes, essas
operadoras teriam papel crucial no desenvolvimento do setor de saúde suplementar, que se
consolidaria também devido à incapacidade do Estado de suprir todas as demandas por saúde da
população. A saúde suplementar cresceu a tal ponto que o Brasil passou a ter o maior mercado
privado de serviços relacionados à saúde da América Latina.
O forte desenvolvimento deu-se já a partir dos anos 1960, com as empresas de medicina de grupo.
Companhias de grande porte passaram a adotar o convênio-empresa nos anos seguintes. Na década
de 1970, um complexo médico-hospitalar começa a se consolidar no país e, em virtude do crescimento
dos custos da medicina, com a incorporação crescente de novas tecnologias, os hospitais foram ficando
cada vez mais dependentes dos planos de saúde, que passaram a ser a alternativa para financiar os
gastos de uma parcela da população. Nessa década, surge a primeira regulamentação operacional para
o seguro-saúde.
As operadoras de planos de saúde consolidaram sua presença no mercado no início dos anos
1980, atendendo a uma parcela significativa da classe média e de trabalhadores especializados nas
regiões Sul e Sudeste. Estima-se que, à época, cerca de 15 milhões de pessoas já eram beneficiárias
de planos oferecidos pelas empresas de medicina de grupo e pelas cooperativas. No fim dos
anos 1980, as operadoras desse segmento passaram a vender planos individuais com padrões de
cobertura diferenciados.
Entre 1987 e 1992, por exemplo, houve um aumento médio de 7,4% no número de usuários de
medicina privada. Vale lembrar que é nesse contexto de grande expansão da medicina suplementar que
foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS).
Nos anos seguintes, o bom desempenho da saúde suplementar continuou. O número de beneficiários
do setor saltou de 32 milhões, em 1992, para pouco mais de 41 milhões, em 1997. Todavia, se desde
as décadas anteriores o setor caminhou para a consolidação, com a formação de uma classe média
13
Unidade I
significativa e o incremento da demanda por parte de trabalhadores e empresas por uma assistência
médica com qualidade, a partir dos anos 1990, para alguns especialistas, o crescimento ocorreu também
devido à queda na qualidade dos serviços públicos de saúde.
No fim dos anos 1990, as perspectivas para a saúde suplementar eram positivas. Em 1998,
estimava-se que o setor teria, em cinco anos, 80 milhões de usuários de planos de saúde no país,
ante o pouco mais de 40 milhões de então. A perspectiva de regulamentação levou os analistas a
prever que haveria a entrada de companhias estrangeiras que contribuiriam para a expansão da
saúde suplementar.
A partir do fim do século passado, o setor entrou em estagnação, de tal forma que, em março
de 2006, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula o setor, informou que o Brasil
possuía 42,4 milhões de beneficiários. Esse número está próximo do que os especialistas estimavam
existir em 1998, entre 40 milhões e 43 milhões de usuários. A estagnação da saúde suplementar ocorreu
justamente após a aprovação da Lei 9.656, em junho de 1998, que, finalmente, trouxe regulamentação
a um setor que já existia desde os anos 1950.
Os debates em torno da necessidade de criar regras para o mercado, os quais vinham sendo tratados
desde o início dos anos 1990, e a aprovação da lei tornaram-se o marco mais importante na história do
setor de saúde suplementar no Brasil.
Participação (%) Pública e Privada no Financiamento da
Saúde em Países federativos e/ou de Cobertura Universal
Figura 3
Saiba mais
14
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
A indústria intensiva é intensiva em pesquisa e, ao longo de sua história, apresentou ritmo acelerado
de inovações implementadas por empresas em estreita relação com outras instituições.
A indústria farmacêutica tem crucial importância para a economia brasileira não apenas por ser
fornecedora de bens essenciais, mas também porque é um segmento produtivo interdependente e de
alto desenvolvimento tecnológico. Além disso, é um setor suscetível a políticas públicas, sobretudo pelo
poder de compra do Estado, o maior comprador de medicamentos do país.
A média de expansão gira em torno de 13% ao ano, enquanto nos países ricos não chega a 2%,
fazendo com que o Brasil mantenha o sétimo lugar no ranking global, segundo a IMS Health. As contas
de 2011 ainda estão sendo apuradas, mas já é possível aferir que o ano deve fechar com bons resultados
para a indústria farmacêutica instalada no país, projetando que deva fechar o balanço do ano com
faturamento na casa dos R$ 41 bilhões, o que representa crescimento de 13% em relação a 2010.
Lembrete
O faturamento obtido pelas patentes implica, por um lado, grande esforço na inovação, com
crescentes e elevados gastos em desenvolvimento de novos produtos, e, por outro, grande concentração
do capital. Em 2010, por exemplo, as vendas das quatro maiores companhias do mundo respondiam por
cerca de 30% do total do setor. Em 2009, essas empresas investiram em conjunto quase US$ 20 bilhões
em inovação.
Para cada uma delas, o investimento em inovação representou, em média, 12% do faturamento. São
elevados também o grau de transnacionalização dessas empresas e o nível de comércio internacional
intraempresa. No entanto, as empresas não disputam apenas o mercado no segmento dos medicamentos
patenteados, mas também no segmento dos genéricos (com patentes expiradas) e no segmento dos
medicamentos similares. No caso dos similares, a concorrência envolve força de uma marca e distribuição,
e, no caso dos genéricos, dá-se principalmente via preços. Nesses dois casos, empresas de menor porte
e sem escala internacional podem encontrar segmentos de atuação, tal como vem ocorrendo no Brasil.
O sucesso de uma indústria farmacêutica está intimamente associado à sua capacidade de gerar
produtos que possam ser produzidos e comercializados apenas pela empresa que os desenvolveu. Essa
proteção é um documento depositado em órgãos regulamentadores e conhecido como patente. O
tempo dessa proteção varia entre os países, sendo no Brasil vinte anos.
Embora esse tempo possa parecer grande, na verdade, não é, pois do depósito da patente à
comercialização do produto leva em média quatorze anos, ou seja, a empresa possui seis anos, em
média, para comercializar de forma exclusiva o produto que ela própria desenvolveu.
É nessa janela de poucos anos que a empresa recupera o investimento que fez durante a maior
parte do tempo de validade da patente. Em média, o desenvolvimento de um fármaco totalmente novo
custa US$ 100 milhões, e são os documentos patentários que garantem que a empresa possa recuperar
os recursos investidos. Vale ressaltar que há inúmeras moléculas que começam a ser desenvolvidas,
mas que não podem ser comercializadas devido a algum problema intrínseco do fármaco, e todo o
investimento feito no desenvolvimento desse produto é perdido.
Essas afirmações podem ser verificadas ao se observar a própria indústria farmacêutica brasileira,
que era fortemente focada na produção de genéricos desde os anos 1950, quando o governo passou a
não reconhecer mais as patentes para produtos farmacêuticos.
Na década de 1990, entrou em vigor a Lei nº 9.279/96, que permitiu a concessão de patentes de
medicamentos, apesar da resistência de setores que acreditavam que a concessão levaria ao aumento
excessivo dos preços, à diminuição do consumo de medicamentos, à transferência de recursos ao exterior
e à concentração acentuada do mercado, causando problemas na concorrência e na política de acesso
a medicamentos.
De qualquer forma, é importante ressaltar que as patentes de medicamentos são tão importantes
para a indústria farmacêutica de pesquisa como para a indústria de genéricos, já que possibilita maior
segurança para investimentos no setor, e, consequentemente, maior concorrência e desenvolvimento
tecnológico e econômico.
Observação
A lei de defesa da concorrência é inapropriada para evitar ou punir a prática do aumento unilateral
de preços. Além de não conseguir o enquadramento legal apropriado, age relativamente, após o abuso
ter se verificado, e é aplicada por meio de processos morosos.
17
Unidade I
Verificam-se no mercado aumentos sucessivos de preços ao longo dos últimos dez anos, sem o
aumento da quantidade vendida, apesar do crescimento da população, por volta de 14% no período.
Assim, cabe ao poder público encontrar instrumentos capazes de impedir o abuso do poder de mercado
na forma da imposição de preços por parte da indústria.
Os mecanismos disponíveis para a redução do poder de mercado dos fabricantes têm eficiência
discutível e incerta a curto e médio prazo. Assim, adotá-los e aguardar que seus efeitos sejam observados
não resguardará a sociedade do aumento de preços futuro.
É preciso ressaltar que, mesmo sendo viável o financiamento público, haveria necessidade de
regulação do mercado para as parcelas da população não cobertas. Por outro lado, o financiamento
público implica pesada intervenção do poder público, no sentido de estabelecer os preços aceitáveis
para a compra de medicamentos, como ocorre nos demais países em que o instrumento é utilizado –, ou
seja, o preço pago pelo Estado é absoluta e totalmente controlado, tornando necessária uma gerência
para realizar esse trabalho.
Figura 4
18
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
• Indústria inovadora
Além disso, essas empresas são dependentes de marcos regulatórios. No caso do Brasil,
o país possui um marco regulatório eficiente, mas mal-administrado, como no caso dos
sistema CEP/CONEP e, em outros casos, apresenta instituições que são um entrave adicional
não desprezível no processo de inovação farmacêutica no país, caso da anuência prévia para
concessão de patentes.
• Indústria farmoquímica
A indústria farmoquímica engloba empresas que realizam processos extrativos, nos reinos animal (ex.:
heparina), mineral (ex.: cloreto de sódio) e vegetal (ex.: rutina). Podem, ainda, obter fármacos por síntese
química (ex.: omeprazol), por processos biotecnológicos clássicos, como fermentativos (ex.: penicilina)
e enzimáticos (ex.: amoxicilina). Podem ser obtidos ainda por processos biotecnológicos modernos (ex.:
alfainterferona).
• Drogarias
• Farmácia de manipulação
De acordo com a Lei 6.360/76, o Decreto 85.878/81 e a Resolução 387/02 do Conselho Federal de
Farmácia (CFF), setores como controle de qualidade, produção, farmacotécnica (setor de desenvolvimento
de produtos) e garantia de qualidade devem estar sob a responsabilidade do profissional farmacêutico.
Qualquer pessoa pode abrir uma farmácia, com exceção dos médicos, conforme vedação prevista
no Decreto 20.931/32. Porém, o ideal é que o farmacêutico assuma essa responsabilidade, justamente
por ser habilitado técnico e legalmente, e, principalmente, por ser conhecedor dos deveres inerentes ao
exercício profissional.
As farmácias magistrais terão de obedecer a novas regras para garantir maior segurança, qualidade
e eficácia das fórmulas manipuladas. A Anvisa publicou a resolução RDC nº 214, com Regulamento
Técnico sobre Boas Práticas de Manipulação de Medicamentos para Uso Humano em Farmácias.
• Farmácia fitoterápica
Medicamentos fitoterápicos são medicamentos obtidos a partir de plantas medicinais. Assim como
todos os medicamentos, devem oferecer garantia de qualidade, ter efeitos terapêuticos comprovados,
composição padronizada e segurança de uso para a população. A seguir, as leis regulamentadoras:
• Farmácia hospitalar
A farmácia hospitalar responsabiliza-se por todo o ciclo do medicamento, desde sua seleção (ativos
e fornecedores), armazenamento, controles, até o último momento, a dispensação e o uso pelo paciente.
Sua atuação é muito abrangente.
20
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
Ela é responsável por todo o fluxo do medicamento dentro da unidade de saúde e pela orientação
aos pacientes internos e ambulatoriais, buscando cooperar na eficácia do tratamento e na redução dos
custos. A seguir, as leis regulamentadoras:
Saiba mais
Para concretização dos objetivos da saúde, foram estabelecidas políticas farmacêuticas (Política
Nacional de Medicamentos e Política Nacional de Assistência Farmacêutica e, posteriormente,
Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos). Os objetivos e a execução de uma política
farmacêutica dependem de vários fatores e circunstâncias: econômicas, sanitárias e de prioridades
políticas de governo, e têm por fundamento:
O Sistema Único de Saúde, pela sua complexidade e características, necessita de uma assistência
farmacêutica estruturada, de pessoal qualificado para suporte técnico às ações de saúde e do alcance
de bons resultados.
21
Unidade I
Contar com uma política de Assistência Farmacêutica é uma prioridade na Saúde Pública. A
compreensão do processo de construção, implementação, suas interações e relações, necessidade
de avaliação, são de fundamental importância para o entendimento da Assistência Farmacêutica no
contexto das políticas nas quais ela está inserida: Política Nacional de Saúde, Política Nacional de
Medicamentos, Política Nacional de Assistência Farmacêutica, entre outras normas pertinentes.
A Política Nacional de Medicamentos foi estabelecida pela Portaria n° 3916, de 30/10/1998, com o
propósito de garantir a segurança, a eficácia, a qualidade e o acesso e uso racional aos medicamentos.
Para tanto, levou-se em consideração o perfil demográfico da população brasileira por regiões, a renda
das famílias e o tamanho do mercado farmacêutico nacional. Tem como diretrizes:
22
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
• Garantia da segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos; para tanto, o governo criou o
Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, que faz a inspeção e fiscalização de todos os aspectos
relacionados aos medicamentos. Esse sistema estabelece, por exemplo, como devem ser as boas
práticas de fabricação de medicamentos, entre outras. O governo determinou, ainda, a criação
da Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos Certificadores em Saúde (Reblas), que auxilia na
fiscalização dos produtos.
Vale ressaltar que essas diretrizes foram determinantes para o acesso da população a medicamentos
com segurança e qualidade e que os profissionais da área farmacêutica passaram a ter um reconhecimento
e importância fundamentais para o desenvolvimento dessa política.
Ainda em 1998, o governo federal criou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que,
além das inúmeras funções fora da área farmacêutica, deve de forma centralizada estabelecer os
procedimentos de importação, produção e registro de medicamentos.
Lembrete
A Assistência Farmacêutica no Brasil, como política pública, teve início em 1971, com a instituição da
Central de Medicamentos (Ceme), que tinha como missão o fornecimento de medicamentos à população
sem condições econômicas para adquiri-los. Caracterizava-se por manter uma política centralizada de
aquisição e distribuição de medicamentos.
Diferente de outras áreas, a assistência farmacêutica não se adequou imediatamente aos princípios
e às prerrogativas do SUS, em especial devido à descentralização das ações, à regionalização e
hierarquização dos serviços e à participação popular (controle social). Sendo assim, a CEME apresentou
problemas de gerenciamento, o que acarretou a desarticulação da assistência farmacêutica no país e
irregularidades no abastecimento de medicamentos.
Além disso, a Assistência Farmacêutica (AF) tem que se concretizar como uma prática executiva, e não
apenas como suporte à atenção à saúde, nem de mera dispensação e disponibilização de medicamentos
dentro da atenção à saúde; deve ser melhor compreendida entre os profissionais de saúde e usuários
24
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
para que possa contribuir mais na integralidade da atenção à saúde; não pode ser vista apenas como
orientação ao paciente ou ao farmacêutico do medicamento.
Para atingir a integralidade da atenção à saúde, temos de atuar desde o início da cadeia, mantendo
o foco na população a partir da atenção básica até o planejamento das ações de acompanhamento do
usuário, para a melhoria na qualidade de vida.
A AF tem de ser entendida como parte do eixo fundamental das políticas públicas de saúde,
proporcionando aos usuários um atendimento integral de qualidade que culmine com a maior valorização
do profissional farmacêutico; que o acesso aos medicamentos seja uma prática constante, fortalecendo
a política de AF; que a inserção do farmacêutico na atenção básica seja de um profissional com uma
visão humanizada integrativa, exercendo a prática de educação em saúde; reconhecer o farmacêutico
como profissional de saúde, com foco no usuário, utilizando o uso racional de medicamentos com
instrumento de trabalho, tendo por resultado desse trabalho o reestabelecimento da saúde e a prevenção
e/ou controle da doença, a fim de fazer uma melhoria nos indicadores de saúde. Deve também estar
inserida nas políticas de atenção primária à saúde, com ações que envolvem todo o ciclo de AF, ou seja,
da programação à dispensação dos medicamentos, e também de todos os ciclos de vida do paciente,
garantindo qualidade e equidade de acesso aos medicamentos essenciais e também a prevenção da
doença e a promoção da saúde por meio de campanhas educativas e da integração com a comunidade,
como apoio do diagnóstico nos exames laboratoriais. A humanização da AF deve se contrapor à
burocratização hoje existente, garantindo acesso com qualidade.
• os gastos com saúde aparecem em 3º lugar dentre os gastos familiares, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo que o item medicamento compromete 45% dos
gastos com saúde;
• os medicamentos representam 61% desses gastos para as famílias de baixa renda (Fiocruz);
• 51,7% das pessoas que necessitam de tratamento têm dificuldades para obter os medicamentos
(Conass);
• cerca de 55% delas não podem pagar os medicamentos de que necessitam (IBGE).
25
Unidade I
Observação
Vale ressaltar que o Brasil é um dos países com maior biodiversidade do planeta. Além disso, a
miscigenação do povo resultou em um valioso conhecimento popular em relação à utilização de
plantas medicinais.
Embora de difícil consenso, um fitoterápico pode ser definido como um medicamento (obtido
pela tecnologia farmacêutica e industrializado) de origem vegetal (fitomedicamento), caracterizado
por apresentar várias substâncias químicas (fitoquímicos) responsáveis pelos efeitos terapêuticos
e colaterais.
Além disso, a ampliação das opções terapêuticas ofertadas aos usuários do SUS, com garantia
de acesso a plantas medicinais, fitoterápicos e serviços relacionados à fitoterapia, com segurança,
26
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
Para o funcionamento adequado das Farmácias Vivas, deve haver o trabalho conjunto
do médico (responsável pelo diagnóstico e pela orientação do tratamento com plantas), do
farmacêutico (responsável pela identificação das plantas e pela orientação do trabalho desde a
etapa de coleta até a etapa final de preparação e controle de qualidade dos fitoterápicos) e do
agrônomo (para orientar seu cultivo, controle do crescimento e higidez das plantas e preparação
das mudas).
Saiba mais
4 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
A estrutura organizacional deve ser delineada de acordo com os objetivos e as estratégias estabelecidos
pela empresa. É uma ferramenta básica para alcançar as situações almejadas pela empresa.
Toda empresa possui dois tipos de estrutura: formal e informal. A formal é deliberadamente planejada
e formalmente representada, em alguns aspectos, pelo seu organograma. Tem como objetivos: ênfase
a posições em termos de autoridades e responsabilidades, é estável, está sujeita a controle, está na
estrutura e tem um líder formal.
27
Unidade I
Já a estrutura informal, surge da interação social das pessoas, o que significa que se desenvolve
espontaneamente quando elas se reúnem. Representa relações que usualmente não aparecem no
organograma. São relacionamentos não documentados e não reconhecidos oficialmente entre os
membros de uma organização, que surgem inevitavelmente em decorrência das necessidades pessoais
e grupais dos empregados.
Para elaboração da estrutura organizacional, é necessário ter em mente que a organização é o conjunto
ordenado de responsabilidades, autoridades, comunicações e decisões das unidades organizacionais de
uma empresa.
A organização de uma empresa deve seguir alguns parâmetros, como não ser estática, ser representada
graficamente pelo organograma, ser dinâmica, ser planejada e delineada de forma a alcançar os objetivos
institucionais.
O planejamento deve estar voltado para os seguintes objetivos: identificar as tarefas físicas e mentais
que precisam ser desempenhadas, agrupar as tarefas em funções que possam ser bem desempenhadas
e atribuir sua responsabilidade a pessoas ou grupos, proporcionar aos empregados de todos os níveis
informação e recursos para o trabalho.
4.1 Organograma
• organograma circular (ou radial) – é usado quando se quer ressaltar o trabalho em grupo, não há a
preocupação em representar a hierarquia. É o mais usado em instituições modernas ou do terceiro
setor, em que se quer ressaltar a importância do trabalho em grupo;
28
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
• organograma funcional – é parecido com o organograma vertical, mas representa não as relações
hierárquicas, e sim as relações funcionais da organização;
• organograma matricial – é empregado para representar a estrutura das organizações que não
apresentam uma definição clara das unidades funcionais, mas grupos de trabalho por projetos
que podem ser temporários (estrutura informal).
Essa técnica promove a redução dos níveis hierárquicos da empresa, com o objetivo de aproximar os
níveis da organização, reduzir mão de obra e custos e agilizar processos decisórios. Em outras palavras,
reduz a verticalização da estrutura organizacional.
Lembrete
4.2 Fluxograma
Fluxograma é um diagrama que tem como finalidade representar processos ou fluxos de materiais
e operações (diagramação lógica ou de fluxo). Usualmente é confundido com o organograma, mas
possui a diferença de representar algo essencialmente dinâmico, já o organograma é uma representação
da estrutura funcional da organização. O fluxograma também pode ser usado por programadores para
elaboração de algoritmos (programação estruturada); porém, nesse caso, possui algumas representações
próprias.
Ele sempre possui um início, um sentido de leitura, ou fluxo, e um fim. Alguns símbolos básicos
são usados na construção de qualquer fluxograma; porém, eles podem variar. Veja a seguir algumas
definições básicas:
O importante é estabelecer o fluxograma de forma que ele fique o mais claro possível, ou seja, fácil
identificar as ações que devem ser executadas, ou, dependendo do tipo de fluxograma, as alternativas do
processo. Outros símbolos e modelos podem ser usados para montar fluxogramas, o que vai determinar
quais símbolos utilizar ou não, ou, ainda, que tipo de fluxograma se deve usar, seu objetivo e o que
descreve.
Exemplo de fluxograma:
Alternativa de conduta
Figura 5 – Fluxograma
Observação
4.3 Layout
O layout é um esboço que mostra a distribuição física, os tamanhos e os pesos de elementos como
texto, gráficos ou figuras num determinado espaço. Pode ser apenas formas rabiscadas numa folha
para depois realizar o projeto ou o projeto em fase de desenvolvimento. Ou seja, trata-se de uma prévia
do serviço pronto antes de ser executado, em que se pode alterar sua disponibilidade sem danos a
nenhuma das partes envolvidas no processo (designer e cliente), a fim de que o serviço seja produzido de
acordo com o gosto do cliente, e apenas ao término do desenvolvimento e da obtenção de aprovação
se leva a público.
30
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
O termo layout pode também configurar-se como projeto, envolvendo diferentes cadeias associativas
e técnicas visuais, sempre com objetivo e função.
Saiba mais
Resumo
31
Unidade I
• adoção do Rename;
• regulamentação sanitária dos medicamentos;
• reorientação da assistência farmacêutica;
• promoção do uso racional de medicamentos;
• desenvolvimento científico e tecnológico;
• promoção da produção de medicamentos;
• garantia da segurança, da eficácia e da qualidade dos medicamentos;
• desenvolvimento e capacitação de recursos humanos.
32
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
• farmácia fitoterápica;
• drogaria.
Exercícios
Questão 1. Uma análise mais apurada sobre os custos com saúde certamente encontrará motivos
que justifiquem seu crescente aumento. Dentre as afirmações a seguir, qual é incorreta?
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: a população mais envelhecida necessita de mais serviços de saúde, o que acaba
aumentando os custos de forma geral.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa incorreta.
33
Unidade I
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa correta.
Justificativa: embora algumas patologias novas tenham sido esclarecidas, o número de doenças
permanece constante.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: essa definição consta nas atribuições da atenção farmacêutica, diferente de assistência
farmacêutica.
B) Alternativa correta.
Justificativa: definição que consta na Política Nacional de Assistência Farmacêutica e que atinge os
propósitos do SUS e de profissional de saúde.
34
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: a definição refere-se aos problemas relacionados aos medicamentos (RAM), que devem
ser mais bem avaliados na atenção farmacêutica e na farmacoterapia.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: toda prática farmacêutica desconectada das políticas públicas de saúde deve ser
descartada.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: pelo fato de a alternativa B ser a correta, invalida essa alternativa como correta.
35
Unidade II
Unidade II
5 FARMACOECONOMIA
A farmacoeconomia é um conceito que surgiu na década de 1990. Trata-se do estudo que avalia
o comportamento de indivíduos, empresas e mercados com relação ao uso de produtos, serviços e
programas farmacêuticos, e frequentemente enfoca os custos e as consequências dessa utilização.
Para entender melhor esse conceito, é necessário estabelecer uma quantificação monetária de todos
os recursos consumidos durante o curso de uma doença. Esses custos podem ser divididos em custo
direto e custo indireto.
Os custos diretos incluem: medicamentos e materiais utilizados, salários e honorários pagos aos
profissionais da área, exames laboratoriais e diárias de internação. Já no custo indireto incidem: perdas
de ganhos motivadas pelos eventos relacionados à patologia e/ou seu tratamento. As consequências
da boa utilização da farmacoeconomia podem ser quantificadas de acordo com o número de curas
obtidas, anos de vida ganhos, melhorias dos parâmetros clínicos e, principalmente, na qualidade de vida
do paciente.
Figura 6
a despesa com saúde como sendo investimento com rentabilidade financeira. Essa análise pode ser
aplicada quando houver questões éticas na escolha da conduta de um tratamento.
Por exemplo: uma empresa com 1.000 funcionários é convidada a fazer uma ampla campanha de
vacinação contra gripe. O custo de cada vacina é de R$ 10,00, com cobertura de um (1) ano e eficácia de
50%. Os diretores devem concordar com a campanha? Para tanto, considerar que cada falta ao trabalho
motivada pela gripe tem custo diário de 1 dia/homem/ano de R$ 30,00/trabalhador e tem dispêndio
anual: R$ 30.000,00.
Nesse caso, após a avaliação farmacoeconômica de custo x benefício, vale a pena vacinar os
trabalhadores com a gripe.
Lembrete
Por exemplo: para o tratamento de um paciente que esteja internado em hospital, deve-se escolher
entre dois antibióticos da classe das quinolonas, a Qui/A, caixa com 16 comprimidos e custo de R$ 16,00,
e a Qui/B, caixa com 30 comprimidos e custo de R$ 34,50.
Para fazer essa escolha, é necessário avaliar o custo de cada comprimido. No caso da Qui/A, o custo
fica sendo de R$ 16,00/16 comprimidos = R$1,00/comprimido e, no caso da Qui/B, o custa fica sendo
de R$ 34,50/30 comprimidos = 1,15/comprimido; devendo-se, então, optar pela Qui/A. Porém, antes da
escolha, deve-se analisar a posologia das medicações. Por exemplo, se no tratamento com a Qui/A forem
37
Unidade II
necessários 3 comprimidos ao dia e no tratamento com a Qui/B, 2 comprimidos ao dia, será necessário
multiplicar o custo de cada comprimido pelo número de comprimidos a ser utilizado por dia. Nesse caso,
o tratamento com a Qui/A custaria R$ 1,00 x 3 = R$ 3,00/dia, e o tratamento com a Qui/B, R$ 1,15 x 2 =
R$ 2,30/dia. Dessa forma, deveria ser a opção de tratamento a Qui/B; contudo, ainda antes de finalizar
o estudo e a compra da medicação, deve-se analisar o tempo de tratamento que deverá ter o paciente.
Por exemplo:
Finalmente, nesse caso, após a análise de todas as variáveis de um tratamento com antibióticos,
chega-se à conclusão de que a melhor opção de tratamento, quando se faz a análise de minimização de
custo, é o tratamento com a Qui/B.
Observação
Por exemplo: para a terapêutica vitalícia da hipertensão arterial, há dois medicamentos para escolha
do paciente a HAS/X e HAS/Y, com os seguintes custos diários de tratamento:
Para se chegar a uma conclusão utilizando a análise de custo x efetividade deve-se estabelecer qual
o parâmetro clínico será observado. Como trata-se do tratamento da hipertensão, o parâmetro clínico
analisado deve ser o valor de pressão arterial (em mmHg) que se consegue reduzir com o anti‑hipertensivo.
No caso do medicamento HAS/X, para cada 1 mmHg reduzido da pressão arterial houve um custo de
R$ 0,15 e no caso do medicamento HAS/Y, para cada 1 mmHg de redução da pressão arterial houve um
custo de R$ 0,09. Portanto nesse exemplo de caso e realizando a análise farmacoeconômica de custo x
efetividade deve-se optar pelo tratamento com o medicamento HAS/Y.
38
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
Por exemplo, para o tratamento do câncer de cólon, uma nova droga obteve sobrevida de 2,4 anos,
em média, a um custo de R$ 17.500,00. Os pacientes, no entanto, queixam-se de náuseas, vômitos,
alopecia, astenia e outras reações colaterais graves. Sugere-se o uso de uma droga antiemética em
complementação à terapia, mas o custo eleva-se em mais R$ 2.500,00. Há dúvidas quanto ao benefício
obtido em função do custo. Dessa forma, coloca-se o problema de escolha entre o uso ou não de
tratamento adjuvante à quimioterapia no tratamento de câncer de cólon:
De acordo com a avaliação custo x utilidade, deve-se optar pelo tratamento associado com
quimioterapia e antiemético, pois o índice custo/QOL que se obteve foi menor nesse caso.
Quadro 1
39
Unidade II
A seguir, um exemplo de escolha consciente que leva em consideração todos os aspectos estudados
neste capítulo:
Pneumonias por Bacterium sp. são tratadas atualmente com Velhociclina, com um preço de
R$ 15,00 por ampola. É apresentado o novo antibiótico Novociclina, sugerido para a mesma
indicação da Velhociclina. O propagandista alega que Velhociclina é hepatotóxica, enquanto
Novociclina, além de muito mais eficaz, não gera reações adversas. O preço de uma ampola de
Novociclina é R$ 50,00. Assim, temos:
• Velhociclina – eficaz em 80% dos casos, gera hepatotoxicidade em 5% dos pacientes tratados,
com um custo adicional de diagnóstico e tratamento de R$ 2.750,00 por ocorrência, sendo o
custo total para 10 dias de tratamento (medicamento, materiais, horas de trabalho e outros):
R$ 200,00.
• Novociclina – eficaz em 95% dos caso e desprovida de reações adversas, tem custo total para 10
dias de tratamento (medicamento, materiais, horas de trabalho e outros): R$ 600,00.
• Superciclina – eficaz em 99,9% dos casos, desprovida de reações adversas, apresenta custo
total de tratamento: R$ 2.500,00, falha com óbito: 0,1% dos casos, com um custo adicional
de R$ 500,00. É um antibiótico utilizado em caso de falhas dos anteriores.
Por qual se deve optar – Velhociclina ou Novociclina? Para obter essa resposta, deve-se resolver a
questão utilizando o modelo da árvore de decisões:
cura (95 %)
$ 600
(Novociclina)
$ 3,100
(Superciclina) cura (99 %)
falha (5 %)
$ 3,600
óbto (0,1 %)
Figura 7
40
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
$ 200
cura (80 %) sem hepatoxidade (95 %)
com hepatoxidade (5 %)
$ 2.950
(Velhociclina)
cura (99,9 %)
$ 2.700
sem hepatoxidade (95 %)
óbto (0,1 %)
$ 3.200
falha (20 %) (Superciclina)
cura (99,9 %)
$ 5.450
com hepatoxidade (5 %)
óbto (0,1 %) $ 5.950
Figura 8
Tabela 3
Velhociclina
0,80 x 0,95 x $ 200 = $ 152,00
0,80 x 0,05 x $ 2.950 = $ 118,00
0,20 x 0,95 x 0,999 x $ 2.700 = $ 512,49
0,20 x 0,95 x 0,001 x $ 3.200 = $ 0,61
0,20 x 0,05 x 0,999 x $ 5.450 = $ 54,45
0,20 x 0,05 x 0,001 x $ 5.950 = $ 0,06
TOTAL = $ 837,61
Novociclina
0,95 x $ 600 = $ 570,00
0,05 x 0,999 x $ 3.100 = $ 154,85
0,05 x 0,001 x $ 3.600 = $ 0,18
TOTAL = $ 725,03
Ou seja, deve-se optar pelo tratamento com a Novociclina, que, embora seja mais cara, apresenta no
final um custo menor que a Velhociclina. Assim, pode-se tirar as seguintes conclusões:
Farmacoeconomia é: ferramenta de apoio à decisão em saúde que busca um balanço ético e justo
entre custos e consequências.
Os padrões ISO são acordos documentados contendo especificações técnicas e outros critérios
precisos para serem usados constantemente como regras, guias ou definições de características,
para assegurar que materiais, produtos, processos e serviços estejam de acordo com seus propósitos.
Como exemplo, podemos citar que cartões de crédito, telefone e cartões de banco (que se tornaram
comuns) são derivados de uma norma ISO internacional.
As normas ISO são produzidas por um consenso mundial, com o intuito de criar um padrão global
de qualidade para produtos e serviços. O conjunto de normas forma um sistema de gestão da qualidade
aplicável a qualquer organização, sem considerar seu tamanho ou se a companhia é pública ou privada.
42
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
São normas que consolidaram sua aceitação. Há centenas de milhares de empresas certificadas
nessas normas e, a cada dia que passa, muitas outras são certificadas. Cada país tem um órgão e uma
comissão para tratar dessas normas, dando sua contribuição. No Brasil, além do representante da ISO – a
ABNT, temos o Comitê Brasileiro para a Qualidade, o CB-25, que participa ativamente, contribuindo com
sugestões para a série 9000 da ISO.
Lembrete
A expressão ISO 9000 designa um grupo de normas técnicas que estabelecem um modelo de
gestão da qualidade para organizações em geral, qualquer que seja seu tipo ou dimensão.
A primeira ISO 9000 surgiu em 1987 e tinha a estrutura idêntica à norma britânica BS 5750,
além de ser também influenciada por outras normas existentes nos Estados Unidos e por normas
de defesa militar (as Military Specifications – MIL SPECS). Subdividia-se em três modelos de
gerenciamento da qualidade, conforme a natureza das atividades da organização:
43
Unidade II
Posteriormente, surgiram atualizações das ISO 9000, 9001 e 9002, sendo a primeira atualização
realizada em 1994 sobre a ISO 9001, com a garantia da qualidade como base da certificação. Estabeleceu:
• ação corretiva e preventiva (trata das ações necessárias para as não conformidades identificadas,
de forma a evitar que aconteçam e a sua repetição);
• manuseamento, armazenamento, embalagem, preservação e expedição (trata dos cuidados com
o produto acabado até a sua expedição para o cliente);
• controle dos registos da qualidade (trata da metodologia do controle dos registos da qualidade
para facilitar a sua identificação e recuperação);
• auditorias internas da qualidade (trata da programação das auditorias internas da qualidade);
• formação (trata do levantamento de necessidades de formação e da programação das respectivas
formações);
• serviços pós-venda (trata dos serviços prestados pós-venda);
• técnicas estatísticas (trata da utilização de técnicas estatísticas na empresa).
Para solucionar as dificuldades da norma anterior, essa norma combinava as normas 9001,
9002 e 9003 em uma única, doravante denominada simplesmente 9001:2000. Os processos
de projeto e desenvolvimento eram requeridos apenas para empresas que, de fato, investiam
na criação de produtos, inovando ao estabelecer o conceito de “controle de processo” antes e
durante o processo.
Essa nova versão exigia ainda o envolvimento da gestão para promover a integração da
qualidade internamente na própria organização, definindo um responsável pelas ações da qualidade.
Adicionalmente, pretendia-se melhorar o gerenciamento de processos por meio de aferições de
desempenho e pela implementação de indicadores para medir a efetividade das ações e atividades
desenvolvidas.
Mas a principal mudança na norma foi a introdução da visão de foco no cliente. Anteriormente,
ele era visto como externo à organização, e doravante passava a ser percebido como integrante do
sistema da organização. A qualidade, desse modo, passava a ser considerada como uma variável de
múltiplas dimensões, definida pelo cliente por suas necessidades e desejos. Além disso, não eram
considerados como clientes apenas os consumidores finais do produto, mas todos os envolvidos na
cadeia de produção.
Observação
45
Unidade II
Foi a única norma lançada nesse ano, descrevendo os fundamentos de sistemas de gestão da
qualidade que, no Brasil, constituem o objeto da família ABNT NBR ISO 9000, e definindo os termos
a ela relacionados.
Essa nova versão foi elaborada para apresentar maior compatibilidade com a família da ISO
14000, e as alterações realizadas trouxeram maior compatibilidade para as suas traduções e,
consequentemente, um melhor entendimento e interpretação de seu texto.
Outra importante alteração nessa versão foi a subcláusula 1.2, que introduz o conceito de
exclusões. Essa cláusula permite que requisitos da norma que não sejam aplicáveis devido a
características da organização ou de seus produtos sejam excluídos, desde que devidamente
justificados. Dessa forma, garante-se o caráter genérico da norma e sua aplicabilidade para
qualquer organização, independentemente do seu tipo, tamanho e categoria de produto.
Lembrete
A ideia da ISO 14000 surgiu das discussões de desenvolvimento sustentável, durante a Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992,
conhecida como ECO 92.
A série ISO 14000 reúne normas internacionais que estabelecem regras para que as empresas
possam implantar Sistemas de Gestão Ambiental, com a finalidade de reduzir desperdícios,
quantidade de matéria-prima, de água, de energia e de resíduos usados e obtidos durante o
46
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
processo de produção, tentando dessa forma minimizar os impactos ambientais e estar de acordo
com a legislação ambiental. A ideia central dos sistemas de gestão ambiental é usar menos para
produzir mais e com melhor qualidade.
A ISO 14.000 abrange seis áreas, estudadas nos subcomitês (SC) coordenados pelos institutos de
normatização dos países que os sediam:
• SC.1 – sistemas de gestão ambiental; estudadas pela Inglaterra – BSI. Esse subcomitê desenvolveu
a norma ISO 14001, que estabelece as diretrizes básicas para o desenvolvimento de um sistema
que gerenciasse a questão ambiental dentro da empresa, ou seja, um sistema de gestão ambiental.
É a mais conhecida entre todas as normas da série 14000.
• SC.2 – auditorias ambientais; estudadas pela Holanda – NNI. No que diz respeito à execução de
auditorias ambientais, esse subcomitê desenvolveu três normas: ISO 14010, ISO 14011 e ISO 14012,
em 1996. Em 2001, foi desenvolvida a ISO 14015, que foi revisada em 2003. No ano de 2002,
foi criada a norma ISO 19011, que substituiu a 14010, 11 e 12. As normas citadas estabelecem:
ISO 14010 – os princípios gerais para execução das auditorias; ISO 14011 – os procedimentos
para planejamento e execução de auditorias num sistema de gestão ambiental; ISO 14012 – os
critérios para qualificação de auditores (quem executa as auditorias); ISO 14015 – as avaliações
ambientais de localidades e organizações; ISO 19011 – guias sobre auditorias da qualidade e do
meio ambiente.
• SC.3 – rótulos ambientais e Selos Verdes; estudadas pela Austrália - SAA. A rotulagem ambiental é
a garantia de que um determinado produto é adequado ao uso que se propõe e apresenta menor
impacto ambiental em relação aos produtos do concorrente disponíveis no mercado. É conhecida
também pelo nome de Selo Verde, sendo utilizada em vários países, como Japão, Alemanha, Suécia,
Países Baixos e Canadá, mas com formas de abordagens e objetivos que diferem uma das outras.
Para estabelecer as diretrizes para a rotulagem ecológica, esse subcomitê criou várias normas.
São elas: ISO 14020 – estabelece os princípios básicos para os rótulos e as declarações ambientais
(criada em 1998 e revisada em 2002); ISO 14021 – estabelece as autodeclarações ambientais –
Tipo II – autodeclarações ambientais (criada em 1999 e revisada em 2004); ISO 14024 – estabelece
os princípios e procedimentos para o rótulo ambiental Tipo I – programas de Selo Verde (criada
em 1999 e revisada em 2004); ISO TR 14025 – estabelece os princípios e procedimentos para o
rótulo ambiental Tipo III – inclui avaliações de ciclo de vida (criada em 2001). No ano de 2003,
foi iniciada a criação da ISO 14025, relativa ao Selo Verde Tipo III, que poderá ser usada como
empecilho para as exportações dos produtos de países que não estejam adequados e preparados.
• SC.4 – avaliação de desempenho ambiental; estudadas pelos EUA – ANSI. A fim de estabelecer
as diretrizes para um processo de avaliação da performance ambiental de sistemas de gestão
ambiental, esse subcomitê criou as normas ISO 14031 em 1999 (revisada em 2004) e ISO 14032,
também em 1999. As normas estabelecem e fornecem: ISO 14031 – diretrizes para a avaliação do
desempenho (performance) ambiental. Ela inclui ainda exemplos de indicadores ambientais; ISO
14032 – exemplos de avaliação do desempenho ambiental.
47
Unidade II
• SC.5 – análise do ciclo de vida; estudadas pela França – Afnor. A análise do ciclo de vida, ou seja,
durante a existência da empresa, é um processo criado com o intuito de avaliar os impactos ao
meio ambiente e à saúde provocados por um determinado produto, processo, serviço ou outra
atividade econômica. A análise abrange todo o ciclo de vida de um produto/processo/atividade
e aborda, por exemplo, a extração da matéria-prima, o processamento da matéria-prima, a
produção, a distribuição, o uso, o reúso (quando necessário), a manutenção, a reciclagem,
a eliminação (disposição final). Para incentivar entidades oficiais e empresas privadas e
públicas a abordarem os temas ambientais de forma integrada durante toda a sua existência,
esse subcomitê criou diversas normas. São elas: ISO 14040 – estabelece as diretrizes e a estrutura
para a análise do ciclo de vida (criada em 1997); ISO 14041 – estabelece a definição do âmbito
e a análise do inventário do ciclo de vida (criada em 1998); ISO 14042 – estabelece a avaliação
do impacto do ciclo de vida (criada em 2000); ISO 14043 – estabelece a interpretação do ciclo
de vida (criada também em 2000); ISO 14048 – estabelece o formato da apresentação de dados
(criada em 2002); ISO TR 14047 – fornece exemplos para a aplicação da ISO 14042 (criada em
2003); ISO TR 14049 – fornece exemplos para a aplicação da ISO 14041 (criada em 2000). Com
a finalidade de facilitar a aplicação, as normas 14040, 14041, 14042 e 14043 foram reunidas
em apenas dois documentos (14041 e 14044).
• SC.6 – termos e definições; estudadas pela Noruega – NFS. A terminologia utilizada em todas
as normas citadas anteriormente (relativas à gestão ambiental) é definida na norma ISO 14050,
publicada no ano de 1998, criada por esse subcomitê. Foi feita uma revisão dessa norma, conforme:
ISO 14050 - Rev. 1, publicada em 2002 e revisada em 2004.
• procedimentos padrões e planos de ação para eliminar ou diminuir os impactos ambientais sobre
os aspectos ambientais;
No Brasil, a ISO é representada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que
participa dos comitês e tem direito a voto na organização. Além disso, a ABNT também trabalha
como certificadora credenciada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (Inmetro), que é o responsável por credenciar as certificadoras brasileiras.
A certificação é voluntária, ou seja, deve ser requerida pela própria empresa, com a vantagem
de que o implante desses padrões ambientais internacionais pode facilitar a entrada de seus
produtos no mercado externo. Após implantar Sistemas de Gestão Ambiental, ligados à
qualidade do ar, da água e do solo, a empresa recebe o certificado e, depois, anualmente,
a certificadora realizará auditorias de acompanhamento para manutenção do certificado.
Se a empresa abandonar algum dos padrões estabelecidos, corre o risco de perder o certificado
ISO 14000. De três em três anos, realizam-se auditorias de renovação, mas os períodos variam de
empresa para empresa. É também dever do Inmetro fiscalizar as certificadoras brasileiras quanto
à realização de seu trabalho.
Observação
O reconhecimento pelas empresas de que é necessário realizar mudanças na gestão dos negócios
representa um grande avanço. O desenvolvimento da norma ISO 26000, além de ser uma clara evidência
desse reconhecimento, contribui para superar as dificuldades nos setores resistentes ao entendimento
de que a responsabilidade social trata do conjunto das atividades da organização, e não apenas da
participação das empresas na solução de problemas sociais das comunidades.
A publicação da norma ISO 26000 é uma grande conquista para o movimento de responsabilidade
social, mas também lança um grande desafio aos atores envolvidos: a implementação, de fato, de suas
orientações.
A ISO 26000 é inovadora em muitos sentidos, tanto no seu formato quanto no seu conteúdo. A norma
foi desenvolvida com intenção de contribuir para consolidar o entendimento sobre responsabilidade
social, melhorando a relação entre as práticas locais e globais, ampliando a responsabilidade pela cadeia
produtiva e o engajamento. É importante destacar que a norma reforça a visão da responsabilidade
social como uma contribuição para o desenvolvimento sustentável da sociedade.
contas aos órgãos de governança e demais partes interessadas, declarando seus erros e as medidas
cabíveis para remediá-los.
• Comportamento ético: agir de modo aceito como correto pela sociedade, com base nos valores
da honestidade, da equidade e da integridade, perante as pessoas e a natureza, e de forma
consistente com as normas internacionais de comportamento.
• Respeito aos interesses das partes interessadas (stakeholders): ouvir, considerar e responder aos
interesses das pessoas ou grupos que tenham interesse nas atividades da organização ou por ela
possam ser afetados.
Observação
A certificação pela ISO 14000 exige das empresas fornecedoras de produtos e serviços processos
de produção e fornecimento mais específicos, isto é, além dos requisitos anteriores, demanda-se
para a implantação da ISO 14000 um maior conhecimento tecnológico para o desenvolvimento e
controle de processos de produção não poluidores.
Isso tem impacto direto nas relações comerciais num mundo globalizado (fenômeno financeiro
com consequências nos sistemas de produção) e dinâmico, em que se procura constantemente
superar as expectativas dos clientes.
Por outro lado, a conformação estrutural produzida pela forma como se propagou o progresso
técnico no plano internacional fez surgir o subdesenvolvimento, o imposto aos países da “periferia”
pelos países ricos e gerado pela lógica dos mercados.
50
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
Tais normas de sistema de gestão passaram a ser usadas como obstáculo à comercialização
de produtos e serviços nos grandes blocos econômicos, fundamentadas em especificações
puramente técnicas.
Embora não exista uma ISO específica que trate da saúde e segurança no trabalho, já são
empregados modelos como a BS8800 (norma britânica), a AS 8000 (responsabilidade social) e a
OSHA 18001 (americana) em diversas organizações em nível mundial. Os países membros da ISO
votaram contra a formação de um comitê técnico para saúde e segurança no trabalho em meados
dos anos 1990.
A gestão em saúde e segurança do trabalho, embora não seja discutida no âmbito internacional
pelo comitê técnico da ISO, é tratada em outros fóruns internacionais promovidos pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Muitas organizações estão implementando um SGSSO como parte de sua estratégia de gestão
de riscos para lidar com mudanças na legislação e proteger seus colaboradores. Um SGSSO
promove um ambiente de trabalho seguro e saudável por meio de uma estrutura que permite à
sua organização identificar e controlar consistentemente seus riscos à saúde e segurança, reduzir
o potencial de acidentes, auxiliar na conformidade legislativa e melhorar o desempenho geral.
• consulta e comunicação;
• controle operacional;
• prontidão e resposta a emergências;
• medição de desempenho, monitoramento e melhoria.
A OHSAS 18001 pode ser adotada por qualquer organização que deseja implementar um procedimento
formal para redução dos riscos associados com saúde e segurança no ambiente de trabalho para os
colaboradores, os clientes e o público em geral.
Saiba mais
7 CONTABILIDADE
• Administradores, diretores e executivos – têm interesse mais profundo, pois são os responsáveis
pelas tomadas de decisões.
52
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
• Sindicatos – têm interesse em conhecer a produtividade do setor para influenciar nos reajustes
dos salários.
• Pessoas físicas – com interesse em controlar seus patrimônios individuais e orçamentos domésticos.
• Contabilidade gerencial – mais analítica, inclui a contabilidade de custos, que visa primordialmente
à administração da empresa.
O Balanço Patrimonial ou Estatística Patrimonial é uma das mais importantes informações contábeis,
é por meio dela que se pode apurar (testar) a situação patrimonial financeira de uma empresa em um
dado momento. É como se fosse uma fotografia financeira da empresa, sendo que nesse demonstrativo
estão claramente evidenciados os direitos e deveres de uma empresa. Para melhor entender esse balanço,
é necessário conhecer algumas definições:
• Ativos – compreende os bens e direitos expressos em moeda, como caixas e bancos que
possuem disponibilidades financeiras imediatas; estoque, terrenos, veículos e materiais que
são bens da empresa; títulos a receber, que são quantias que os clientes devem à empresa,
operações de crédito (vendas a prazo ou empréstimo de dinheiro). A relação do ativo deve
sempre ser colocada dos ativos mais líquidos (mais facilmente trocados por dinheiro) para
os menos líquidos.
53
Unidade II
Patrimônio Líquido é definido como sendo a diferença entre o valor do ativo e do passivo de uma
empresa em determinado momento. Por exemplo:
Quadro 2
54
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
Já que na maioria das empresas o Ativo (bens e direitos) suplanta o Passivo (obrigações), a
representação mais comum do Balanço Patrimonial é:
Lembrete
• 1ª operação: subscrição do capital social. Exemplo: diversas pessoas resolveram fundar uma
sociedade anônima, denominada Alfenas S.A., com o capital subscrito de R$ 4.000,00 fracionado
em 40 ações de R$ 100,00 cada. A atividade foi iniciada em 15/1/2000, sendo o ramo de prestação
de serviços de reparos (consertos) de aparelhos laboratoriais. Após a subscrição do capital social,
o Balanço Patrimonial tem a forma:
Ativo Passivo
Acionistas Passivo 0
Total: P + PL 4.000,00
Com essa operação, a empresa adquiriu o Ativo (acionistas/capital) por um direito a receber dos
acionistas. Como o fato não produz o aparecimento de dívidas, o Passivo é igual a zero.
55
Unidade II
O Patrimônio Líquido sofre ainda influência do resultado obtido no composto entre contas de receitas
e despesas dentro do período contábil. Para entender melhor como o DRE é feito e como influencia no
Patrimônio Líquido, são necessárias algumas definições:
• Receita: é a entrada de elementos para o Ativo sob a forma de dinheiro ou direitos a receber, por
exemplo: vendas de mercadorias, prestação de serviços, juros sobre depósitos bancários, títulos e
ganhos eventuais. A obtenção de uma receita resulta no aumento do Patrimônio Líquido.
• Despesa: é o consumo de bens ou serviços que direta ou indiretamente deverá produzir uma
receita. Diminuindo um Ativo ou aumentando o Passivo, a despesa é realizada com a finalidade
de obter uma receita cujo valor seja superior à diminuição que a despesa provoca no Patrimônio
Líquido.
Partindo do princípio de que uma empresa opera indefinidamente, o resultado exato só poderá ser
verificado no final da sua vida, após a venda de todo o ativo e o pagamento de suas obrigações, e o do
empreendimento será medido como: Patrimônio Líquido do final da vida – Patrimônio Líquido inicial.
O administrador não pode esperar o fim da vida da empresa para tomar decisões. Assim, a informação
do resultado das várias operações deve ser fornecido a intervalos regulares de tempo, que se chamam de
exercício social e exercício contábil, ou simplesmente exercício.
56
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
A contabilidade registra e resume todas as mudanças no Patrimônio Líquido que ocorrem durante o
perído escolhido e apresenta o resultado obtido. Toda empresa precisa fazer a apuração dos resultados.
O lucro ou prejuízo está na dependência do confronto das contas de receita e despesa, cujo resultado
final fica registrado na conta resultado.
O resultado positivo, que é o lucro, ou negativo, que o prejuízo, será transferido para a conta lucros
ou prejuízos, acumulados no Patrimônio Líquido do Balanço Patrimonial, e destas migrar para outras
contas, dependendo das decisões tomadas pela empresa.
A demonstração deve ser levantada, no mínimo, uma vez por ano, e tem por finalidades informar
os acionistas e quotistas os resultados obtidos, os bancos que devem conhecer a rentabilidade das
empresas para atender os financiamentos solicitados por elas, além de interessar aos investidores de
ações e aos administradores para medirem sua eficiência, para alterar a política de negócios da empresa.
Outro parâmetro importante são as operações com as mercadorias. O resultado com mercadorias
é a diferença entre o total das receitas obtidas pelas vendas e o custo dessas mercadorias que foram
vendidas.
O conhecimento desse resultado é de grande importância para empresas que trabalham com compra
e venda de mercadorias, como é o caso das farmácias e drogarias. De que forma pode-se calcular o custo
das mercadorias que vendemos? Por meio do:
CMV = EI + C – EF
e
RCM = V - CMV
57
Unidade II
Onde:
EI: Estoque Inicial;
C: Compras;
EF: Estoque Final
V: Vendas
RCM: Resultado com Mercadorias
• Inventário permanente – nas médias e grandes empresas, adota-se o controle contínuo sobre o
valor do estoque de mercadorias. Consegue-se isso fazendo com que haja a baixa, em cada venda,
do custo da mercadoria vendida.
Vários fatores influenciam os preços de todos os tipos de mercadorias, como, por exemplo,
as variações do índice geral de preços, as variações de mercado e o tabelamento imposto pelo
governo. Assim, durante o período observado, não teremos o mesmo preço. Diante desse fato,
temos um problema para avaliar o inventário e, consequentemente, o estoque final. Então, como
deve ser considerado?
Espécie: Automóveis
Data Entrada Saída Saldo
Q Valor un. Total Q Valor un. Total Q Valor un. Total
01/03 5 13.000 65.000
58
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
• PEPS ou FIFO – Primeiro que entra, Primeiro que sai ou First-in, First-out. As vendas são valorizadas
a partir das primeiras compras e o estoque é valorizado pelas últimas entradas remanescentes.
Por exemplo: em 01/09, compraram-se 10 unidades a R$ 10,00 cada; em 02/09, 10 unidades a R$
15,00 cada; em 03/09, venderam-se 5 unidades; em 04/09, 10 unidades; em 05/09, compraram-se
15 unidades a R$ 18,00 cada e, em 06/09, venderam-se 5 unidades. Como fica a ficha de controle
de estoque?
20 250
-- -- -- 5 10,00 50,00 5+ 50 +
10,00
03/09 10 150
15,00
15 200
-- -- -- 5+ 50 + 5 15,00 75,00
10,00
04/09 5 75
15,00
10 125
15 18,00 270,00 -- -- -- 5+ 75 +
15,00
05/09 15 270
18,00
20 345
06/09 -- -- -- 5 15,00 75,00 15 18,00 270,00
• UEPS ou LIFO – Último que entra, Primeiro que sai ou Last-in, First-out. As vendas são
valorizadas a partir das últimas compras e o estoque, pelas entradas remanescentes. Por
exemplo: em 01/09, compraram-se 10 unidades a R$ 10,00 cada, em 02/09, 10 unidades
a R$ 15,00 cada; em 03/09, venderam-se 5 unidades, em 04/09, 10 unidades; em 05/09,
compraram-se 15 unidades a R$ 18,00 cada e, em 06/09, venderam-se 5 unidades. Como
fica a ficha de controle do estoque?
59
Unidade II
20 250
-- -- -- 5 10,00 75,00 5+ 50 +
10,00
03/09 10 150
15,00
15 200
-- -- -- 5+ 50 + 5 10,00 50,00
15,00
04/09 5 75
10,00
10 125
15 18,00 270,00 -- -- -- 5+ 50 +
15,00
05/09 15 270
18,00
20 320
5+10 50+180
06/09 -- -- -- 5 18,00 90,00 10/18
15 230
• Preço médio (média ponderada móvel) – para evitar o controle de preços por lotes, como nos
métodos anteriores, e para fugir dos extremos, existe a possibilidade de dar como custo o valor
médio das compras. O valor médio utilizado é do custo do estoque existente e chama-se Média
Ponderada Móvel, pois se altera a cada compra.
• Reposição ou NIFO – Next-in, First-out, o estoque é valorizado pelo preço corrente de mercado, e
as vendas, pelo valor da próxima compra.
Tabela 9
60
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
Com os dois relatórios: BP e DRE, qualquer pessoa interessada nos negócios da empresa tem
condições de obter informações, fazer análises, estimar variações, tirar conclusões de ordem patrimonial
e econômica da empresa, traçar novos rumos para futuras transações. Para tanto, é só praticar
adequadamente a técnica de análise e interpretação de balanços e outros processos fornecidos pela
contabilidade.
Observação
• análise horizontal;
61
Unidade II
• índices financeiros;
• análise vertical.
A seguir, exemplo de uma análise de demonstração financeira realizada sobre o DRE de uma empresa.
• Construir o DRE.
Tabela 10
• Considerar a venda líquida = 100% e calcular cada item em % frente à receita líquida.
Tabela 11
62
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
• Agora, pode-se tirar os dados da tabela e construir um gráfico capaz de mostrar a tendência da
empresa.
%
80
Custo da mercadoria
70 vendida
60
50
40
30
20
10 Lucro líquido
• Margem bruta – mede quantos reais estão entrando e quantos estão sendo gastos para produzir.
Mede a eficiência da produção, do comércio ou do serviço.
63
Unidade II
Tabela 12
• Considerar o ativo total = 100% e calcular cada item em % frente à receita líquida.
São índices de liquidez utilizados para aliar a capacidade que a empresa tem de honrar (pagar) seus
compromissos. Os principais são:
• Índice de liquidez corrente – é utilizado para avaliar a capacidade de pagamento de uma empresa
no curto prazo.
• Índice de Liquidez Seca (ILS) e Índice de Liquidez Imediata (ILI) – medem a liquidez da empresa
quando essa tem seus estoques obsoletos e tem que honrar compromissos. Também avaliam a
liquidez quando a empresa para de operar por qualquer motivo.
64
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
• Índice de liquidez dias a receber – mede em dias (na média) quanto tempo vai levar para receber
o valor das duplicatas em % que vai receber no período considerado.
• Coeficiente de imobilização – mede quanto dos recursos próprios da empresa (Patrimônio Líquido)
estão aplicados em ativos permanentes. O quanto foi imobilizado dos recursos da própria empresa.
• Endividamento Geral – mede o quanto de recursos de terceiros faz parte do total de recursos de
uma empresa.
65
Unidade II
Lembrete
O ponto de equilíbrio entre a receita total e o custo total é o primeiro passo a ser alcançado quando
nasce uma empresa. Quanto mais cedo for atingido, mais rapidamente o lucro aparece. A definição de
ponto de equilíbrio é quando existe equilíbrio entre receita total e custo total com lucro zero. Assim,
pode-se considerar:
Considerar ainda:
Substituindo, temos:
QP = CF + CvuQ
Tabela 13
CV
Receita QP CF Q L
CVuQ
0 30 0 0 -30
10 30 5 1 -25
20 30 10 2 -20
50 30 25 5 -5
60 30 30 6 0
66
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
P = Ponto de equilíbrio
Custo
total
C.F.
Custo Receita
Fixo
Área de
prejuízo
Q
Qeq
Figura 10
Já no caso do retorno sobre o investimento (RSI), utiliza-se a seguinte fórmula para seu cálculo:
Nas empresas varejistas (farmácias e drogarias), o caixa, o banco e as duplicatas a receber não são
relevantes quando comparados com o estoque; então, pode-se escrever a fórmula a seguir:
Fazendo um rearranjo:
67
Unidade II
A produção é o principal setor de uma indústria, pois todos os produtos que serão vendidos pela
empresa provêm do seu sistema de produção.
O PPCP pode ser entendido como um sistema de informação da empresa que orienta suas decisões,
fazendo com que atinja objetivos de produção. A produção deve ser muito planejada e controlada para:
68
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
Recursos
humanos
Administração
superior
2 1
Processos
3
21 20 19 Produtos
4 18
Manutenção
5
Compras 6
PPCP 17
7 Gestão de
qualidade
8
Estoque
9
16
10
13 14 15
Finanças Vendas
11
12 Produção
Custos
1- informações sobre mercado de mão de obra e salários; 2- informações sobre previsão de utilização;
3- informações sobre capacidade produtiva e roteiros de produção; 4- programação de paradas;
5‑ informações sobre necessidades; 6- informações sobre encomendas; 7- informações sobre reservas e
fabricação; 8- informações sobre disponibilidades; 9- previsão sobre utilização de recursos financeiros;
10- disponibilidade de recursos financeiros; 11- informações sobre custos para o plano e o programa;
12- planos e programas de produção; 13- informações sobre execução; 14- informações sobre
atendimento; 15- informações sobre demanda; 16- planos de inspeção e especificações de qualidade;
17- informações sobre linha de produtos; 18- previsão de necessidades de recursos; 19- informações
sobre cumprimento de objetivos e metas; 20- objetivos e políticas.
8 MARKETING FARMACÊUTICO
O marketing farmacêutico é uma ferramenta essencial ao sucesso profissional, mas muitas vezes
mal-interpretada. Para melhor entendimento, fica mais fácil definir o que não é marketing: não é
publicidade, não é vendas, não é enganar o cliente e não é vender algo a qualquer preço.
O mercado farmacêutico é muito particular, pois existem resoluções que normatizam a informação,
a Anvisa, e a população passou a ter mais acesso à informação sobre os medicamentos. A biotecnologia
presente nos produtos força que a informação seja embasada em dados seguros e confiáveis, e os
médicos e outros profissionais da área representam um público altamente especializado, além de haver
áreas muito próprias que auxiliam ou dificultam o marketing farmacêutico, como a farmacovigilância,
a farmacoeconomia e a pesquisa clínica.
Quadro 3
• Forte processo de internalização:
Distribuição de
medicamentos pelo
governo não atingem toda
a população
Genéricos não
atenderam Baixo crescimento
população debaixa economia
renda
Figura 12
70
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
8.1.1 Pacientes
É sabido que a expectativa de vida das pessoas tem aumentado e que o conceito de sustentabilidade
e qualidade de vida vem cada vez mais sendo valorizado, e isso não é diferente para os pacientes que
estão inseridos no mercado farmacêutico.
Além disso, essas pessoas têm necessidade de maiores informações, de produtos, de serviços e
conhecem seus direitos, consequentemente são mais exigentes, dispõem de menos tempo e usam
mais a internet. Isso implica busca de menores preços, serviços mais valorizados e tratamentos mais
personalizados. Para trabalhar com esse tipo de cliente, é necessário:
• site informativo;
• palestras;
• descontos em farmácias;
• prestação de serviços = ligação médico + paciente com folhetos informativos/cupons;
• serviços voltados à qualidade de vida e a doenças “sociais”;
• serviços direcionados à prevenção.
8.1.2 Médicos
Esses clientes são altamente especializados e possuem um perfil muito particular. De 70 a 85%,
atendem em consultórios; de 75 a 90% dependem dos convênios médicos; e 88% acham os planos
de saúde ruins ou regulares, e ainda 93% disseram que o plano interfere na autonomia médica.
Aproximadamente 68% desses profissionais têm menos de 45 anos, e quase 50% dos jovens médicos
têm em sua família algum parente direto que também é médico.
Pesquisa recente feita com a classe médica revelou que 96% sentem necessidade de se atualizar,
67% foram a algum congresso regional, 68% participaram de eventos nacionais, 72% de eventos
internacionais realizados no Brasil, e apenas 25% foram a eventos internacionais no exterior. Já sobre a
condição de trabalho dos médicos, pesquisa similar revelou que 76% têm até três atividades, 24% com
quatro ou mais atividades e 50% trabalham em plantões, sendo 60% deles com menos de 40 anos.
A seguir, serão apresentadas, em forma de gráficos e tabelas, uma série de pesquisas realizadas com
clientes que compram em farmácias e drogarias:
71
Unidade II
66% 34%
Mulheres Homens
Figura 13
Figura 14
Vale ressaltar que 72% dos clientes de redes têm como origem a residência ou o trabalho, e esse
percentual sobe para 80% quando analisados clientes que compram em redes independentes. Não é
verdade o mito de que as pessoas saem do consultório médico e vão direto às farmácias e drogarias.
Tabela 14
72
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
Vale ressaltar que 93% dos consumidores compram uma vez por mês e 23% dos clientes, uma vez
por semana.
Serviços
31%
Confiança e conhecimento dos balconistas = 20%
Figura 15
Figura 16
Nesse caso, 73% dos clientes das redes ficam apenas 6 minutos dentro da loja, esse percentual é
parecido com o observado nas lojas independentes.
73
Unidade II
Tabela 15
O tempo médio gasto no caixa para 95% dos consumidores de farmácias e drogarias de rede é de
até 4 minutos. Nas lojas independentes, 5% dos consumidores ficam menos de um minuto e outros 5%
mais de 5 minutos.
60,0%
54,4%
50,0% 48,3% 45,3%
40,0%
30,0%
20,0% 14,7%
10,0%
0,0%
Total Redes Drogão Outras redes Independentes
Figura 17
O uso do cartão desconto/fidelidade atinge 48,3% dos clientes de farmácias e drogarias de redes.
• População que compra em farmácias e drogarias de acordo com renda e classe social:
74
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0,0%
Total São Paulo Drogão Drogasil Indep.
A B C D
Figura 18
Pode-se notar que as classes A e B representam aproximadamente 60% dos consumidores totais, nas
farmácias e drogarias independentes existe um equilíbrio entre os consumidores das classes A e B e C e
D, com 50% para cada.
Indep. 52
Drogão 40
Drogasil 53
Drogaria SP 41
Total 48
0 10 20 30 40 50 60
Figura 19
Lembrete
Setenta e dois por cento dos clientes de redes têm como origem a
residência ou o trabalho, assim não é verdade que as pessoas saem do
consultório médico e vão direto às farmácias.
75
Unidade II
As premissas básicas do cartão fidelidade são: fortalecer a marca, não ter discriminação de clientes no
título, por exemplo: cartão gold, master ou silver, ter um banco de dados bem gerenciado e estruturado
para fornecer as informações necessárias nos momentos de decisão, ter um programa de premiação
consistente e atualizado dentro das necessidades do cliente.
Tais necessidades devem ser levantadas por meio de pesquisas de satisfação. O cartão pode
apresentar outros serviços que agreguem valor, como, por exemplo, ser cartão de crédito e ter acesso
ao extrato.
Os resultados obtidos com esse tipo de cartão foram avaliados por diversos institutos de pesquisa e
revelaram:
76
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
• o gasto médio com utilização do cartão foi de 55% acima da média de mercado (média mercado
SP = R$ 23,09 – fonte: Abrafarma);
• a frequência de utilização do cartão ficou 20% melhor que a média de mercado (média de mercado
SP = uma compra a cada 21 dias – fonte: pesquisa Sensus);
• a recência foi 20% melhor que a média de mercado (média de mercado SP = última compra há 21
dias – fonte: pesquisa Sensus).
Saiba mais
Para maiores informações, acesse o site <http://www.sebrae.com.br>
8.3.2 Layout
O layout é uma espécie de planta interna com as disposições de todos os equipamentos e móveis
do estabelecimento. No caso de farmácias e drogarias, esse layout pode ser explorado no sentido de
melhorar a logística e aumentar as vendas.
Sendo assim, deve ter 80% do seu planejamento voltado para o auto-atendimento; para tanto,
podem-se seguir algumas regras:
Observação
Noventa e três por cento dos consumidores de farmácias e drogarias
costumam comprar uma vez por mês, e 23% dos clientes, uma vez por semana.
Resumo
Nesta unidade, foram apresentados aspectos da gestão na área
farmacêutica. Uma das principais ferramentas utilizadas na gestão
farmacêutica é a farmacoeconomia.
77
Unidade II
Exercícios
Questão 1. Utilizando o conceito de custo x efetividade, qual dos medicamentos listados a seguir
para o tratamento da hipertensão você escolheria?
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
80
ECONOMIA E GESTÃO FARMACÊUTICA
C) Alternativa incorreta.
D) Alternativa correta.
E) Alternativa incorreta.
Questão 2. De acordo com análise de marketing embasada em pesquisas de opinião, foi possível
obter as tendências dos consumidores para um futuro próximo. Dentre os itens a seguir, qual não deve
fazer parte das farmácias/drogarias nesse futuro?
C) Ser franquia.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: esse serviço é um diferencial na atração de clientes que buscam por personalização do
atendimento.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: esse sistema permite que o estabelecimento possa trabalhar com um estoque mínimo
e constantemente com um sistema informatizado.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: as lojas franquiadas ou que possuem associativismo podem negociar melhor os preços
de compra das mercadorias.
81
Unidade II
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: as vendas de produtos on-line ou delivery são um diferencial para atração de clientes,
que podem solicitar o produto sem precisar sair de suas residências.
E) Alternativa correta.
82
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 3
Figura 9
ITALIANI, F. Marketing farmacêutico – uma análise estratégica. 2. ed. São Paulo: Qualitymark, 2012.
Figura 10
ITALIANI, F. Marketing farmacêutico – uma análise estratégica. 2. ed. São Paulo: Qualitymark, 2012.
Figura 11
ITALIANI, F. Marketing farmacêutico – uma análise estratégica. 2. ed. São Paulo: Qualitymark, 2012.
Figura 12
ITALIANI, F. Marketing farmacêutico – uma análise estratégica. 2. ed. São Paulo: Qualitymark, 2012.
Figura 13
ITALIANI, F. Marketing farmacêutico – uma análise estratégica. 2. ed. São Paulo: Qualitymark, 2012.
Figura 14
ITALIANI, F. Marketing farmacêutico – uma análise estratégica. 2. ed. São Paulo: Qualitymark, 2012.
Figura 15
ITALIANI, F. Marketing farmacêutico – uma análise estratégica. 2. ed. São Paulo: Qualitymark, 2012.
REFERÊNCIAS
Textuais
ITALIANI, F. Marketing farmacêutico – uma análise estratégica. 2. ed. São Paulo: Qualitymark, 2012.
83
OLIVEIRA, D. P. R. de. Sistemas, organização & métodos: uma abordagem gerencial. 13. ed. São Paulo:
Atlas, 2002.
PINCHOT III, G. (1985). Intrapreneurship. New York, NY: Harper & Row.
HAYEK, F.A. Individualism and economic order, Chicago, IL, University of Chicago Press, 1948.
KIRZNER, I. Perception, opportunity, and profit: studies in the theory of entrepreneurship. Chicago:
University of Chicago Press, 1979.
Sites
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<http://www.crfsp.gov.br>
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<http://www.abnt.org.br>
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<http://www.vanzolini.org.br>
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<http://www.wwf.org.br>
<http://www.imshealth.com>
<http://www.saude.gov.br>
<http://www.who.int>
84
85
86
87
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Informações:
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