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É bacharel em Matemática (1994) pela Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), mestre em Matemática (1998)
pela mesma instituição, licenciada (2005) em Matemática pela Universidade de Franca (Unifran), especialista (2015)
em Ensino a Distância pela Rede de Educação Claretiano e enfim graduada em Pedagogia (2016) pela Universidade
Paulista (UNIP). Trabalha como professora no Ensino Superior presencial desde 1998 e, desde 2005, atua com Educação
a Distância como professora‑tutora e conteudista. Na UNIP, atua há 13 anos ministrando disciplinas para o ciclo básico
dos cursos de Engenharia, Ciência da Computação e Biomedicina.
CDU 517
U517.39 – 23
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Profa. Sandra Miessa
Reitora
UNIP EaD
Profa. Elisabete Brihy
Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto
Prof. M. Ivan Daliberto Frugoli
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Material Didático
Comissão editorial:
Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista
Profa. M. Deise Alcantara Carreiro
Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................8
Unidade I
1 SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS E APLICAÇÕES................................................................................................9
1.1 Sequências: algumas situações interessantes..............................................................................9
1.2 Sequência numérica............................................................................................................................. 12
1.2.1 Classificação das sequências numéricas........................................................................................ 12
1.3 Limite de sequências numéricas..................................................................................................... 20
1.3.1 Propriedades.............................................................................................................................................. 20
1.3.2 Leis do limite para sequências............................................................................................................ 21
1.3.3 Teorema do confronto para sequências......................................................................................... 24
1.3.4 Regra de L’Hôpital para limite de sequências numéricas........................................................ 25
1.3.5 Sequências crescentes e decrescentes............................................................................................ 32
1.3.6 Sequências limitadas.............................................................................................................................. 34
2 SÉRIES NUMÉRICAS INFINITAS................................................................................................................... 36
2.1 Introdução................................................................................................................................................ 36
2.1.1 Somas parciais.......................................................................................................................................... 38
2.2 Definição................................................................................................................................................... 39
2.3 Séries numéricas convergentes e divergentes.......................................................................... 39
2.4 Série geométrica.................................................................................................................................... 43
2.5 Série telescópica.................................................................................................................................... 45
2.6 Série harmônica..................................................................................................................................... 48
3 CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA DE UMA SÉRIE NUMÉRICA INFINITA........................................ 49
3.1 Teste do enésimo termo para divergência.................................................................................. 49
3.2 Propriedades das séries convergentes.......................................................................................... 50
3.2.1 Adicionando e retirando termos........................................................................................................ 51
3.3 Séries com termos positivos............................................................................................................. 53
3.3.1 Teste da integral....................................................................................................................................... 53
3.3.2 P‑séries (ou série hiper‑harmônica)................................................................................................. 57
3.3.3 Teste da comparação.............................................................................................................................. 57
3.3.4 Teste limite da comparação................................................................................................................. 59
4 SÉRIES ALTERNADAS...................................................................................................................................... 61
4.1 O teste das séries alternadas (teorema de Leibniz)................................................................. 61
4.2 Convergência absoluta e condicional........................................................................................... 62
4.3 Teste da razão e da raiz....................................................................................................................... 63
4.3.1 Teste da razão para convergência absoluta.................................................................................. 63
4.3.2 Teste da raiz para convergência absoluta...................................................................................... 65
Unidade II
5 SÉRIES DE POTÊNCIAS.................................................................................................................................... 72
5.1 Introdução................................................................................................................................................ 72
5.2 Definição................................................................................................................................................... 72
6 CONVERGÊNCIA DE UMA SÉRIE DE POTÊNCIAS................................................................................. 74
6.1 Séries geométricas................................................................................................................................ 74
6.2 Séries não geométricas: raio de convergência e intervalo de convergência................ 78
7 REPRESENTAÇÃO DE FUNÇÕES POR SÉRIES DE POTÊNCIAS USANDO DERIVAÇÃO
E INTEGRAÇÃO...................................................................................................................................................... 83
8 SÉRIES DE TAYLOR E MACLAURIN............................................................................................................ 88
8.1 Convergência da série de Taylor...................................................................................................... 93
8.2 Cálculo de integrais............................................................................................................................103
8.2.1 Soluções para equações diferenciais.............................................................................................103
APRESENTAÇÃO
Para que um profissional de ciência da computação seja capaz de resolver um problema físico
do mundo real, é necessário que ele conheça ferramentas matemáticas para construir modelos
computacionais. Tais modelos devem ser implementados por meio de técnicas, conhecimento e domínio
de conceitos matemáticos fundamentais nesse processo.
Como podemos observar no esquema a seguir, modelamos um problema físico, obtendo um modelo
matemático, e precisamos então determinar a solução numérica desse modelo.
Resolução
Problema Modelagem Modelo Solução
físico matemático Método numérica
numérico
Erro
Para chegarmos a uma solução numérica, fase de obtenção da solução do modelo matemático,
usamos vários conceitos matemáticos como derivadas, integrais, equações diferenciais e séries numéricas.
O objetivo geral desta disciplina é, em conjunto com as demais disciplinas de matemática, promover
o desenvolvimento do raciocínio abstrato do aluno e, como objetivo específico, introduzir as ferramentas
de cálculo ao desenvolvimento de outras disciplinas do curso.
Na unidade I, apresentaremos:
• A série geométrica.
7
• Critérios de convergência: o critério do confronto e da comparação de razões.
• O critério da razão.
• O critério da raiz.
• Polinômios de Taylor.
• Aplicações do conteúdo.
INTRODUÇÃO
Sabemos que a matemática tem o poder de estar presente em diversas áreas do conhecimento,
fornecendo suas belas ferramentas para a resolução de problemas. Algumas dessas belas ferramentas
serão aqui ensinadas: sequências infinitas, séries infinitas e séries de potências.
Na área da computação, tais ferramentas são importantes pois permitem, por meio de cálculos
notáveis, expressar muitas funções, como polinômios infinitos ou somas de séries infinitas. Podemos
citar, por exemplo, o valor do pi ( π ) com um bilhão de casas decimais, que são hoje muito utilizados
para testar a precisão de novos supercomputadores; as sequências infinitas recorrentes, que são
fundamentais na área da ciência da computação, pois, em razão do estado de um computador, cada
tique do seu relógio interno depende do seu estado no tique anterior; na transmissão de sinais, que
são estudados os espectros de frequência e os sistemas das respostas de frequência; machine learning,
subárea da inteligência artificial que tem como pilares, além da computação e estatística, conceitos da
matemática, como a aproximação de funções por séries de potências etc.
Lembre‑se de que dedicação e participação constantes são fundamentais para o triunfo do processo
de aprendizagem!
8
ANÁLISE MATEMÁTICA
Unidade I
1 SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS E APLICAÇÕES
Iniciaremos nosso estudo com as sequências numéricas, conceito fundamental para a compreensão
das séries infinitas. Antes de apresentar a definição formal, vamos observar algumas curiosidades para
compreensão do que é uma sequência.
Acordar, levantar, lavar o rosto, escovar os dentes, tomar água, fazer exercícios, tomar banho, se
alimentar, trabalhar etc. Esse é um exemplo de uma sequência cujos elementos são as ações realizadas
uma após a outra.
A figura apresenta um exemplo de sequência cujos componentes são as figuras espaciais que seguem
uma dada ordem: cubo, esfera, cilindro, cubo, esfera, cilindro… Observe que existe uma lei de formação
da sequência de figuras que se repete e, a partir dessa lei de formação, é possível determinar qual será
a próxima figura.
As sequências de imagens a seguir são definidas por regras simples que envolvem sequências
numéricas × cores × matrizes. Quando calculadas e desenhadas por um computador, o processo pode
continuar indefinidamente, gerando figuras belíssimas.
9
Unidade I
1a 2a 3a 4a
A)
B)
C)
D)
Figura 3 – Mosaicos
10
ANÁLISE MATEMÁTICA
Saiba mais
No Ensino Básico, são estudadas as dízimas periódicas que podem ser interpretadas como
somas infinitas.
∞
2 6 6 6 6 6
3
= 0,6666… = + + +
10 100 1000 10000
+… = ∑ 10n
n=1
Podemos dizer que uma dízima periódica é uma sequência de somas infinitas?
Saiba mais
11
Unidade I
Uma vez que não faz sentido somar uma quantidade infinita de termos, é necessário estabelecer
uma teoria capaz de tornar aceitável a igualdade acentuada, concorda?
Esses foram alguns exemplos de sequências. Agora, vamos prosseguir com nosso estudo
introduzindo o conceito formal de sequência numérica, que é essencial para compreensão dos
próximos tópicos.
As sequências que vamos estudar nesta disciplina são as sequências numéricas, ou seja, a
sucessão de números cuja ordem é determinada por uma lei ou função e cujo domínio é o conjunto dos
números naturais.
Exemplos:
Podemos também utilizar a notação a(n) = an no lugar de x(n) = x. Neste livro‑texto, utilizaremos
a notação a(n) = an = {an} para representar o enésimo termo das sequências numéricas infinitas
(uso de chaves).
Veja um exemplo:
{an} = {n+1}
12
ANÁLISE MATEMÁTICA
Finitas
• A sequência dos quatro primeiros números naturais múltiplos de 5: {0, 5, 10, 15}, que pode ser
indicada pelos termos {a1, a2, a3, a4}.
• A sequência dos números de dias dos 12 meses de um ano bissexto: {31, 30, 31, 30, 31, 30, 31, 31,
30, 31, 30, 31}, que pode ser indicada pelos termos {a1, a2, a3, a4, a5, a6, a7, a8, a9, a10, a11, a12}.
• A sequência {an} = {3n, em que n é um número natural tal que 2 ≤ n ≤ 7} = {6, 9, 12, 15, 18}.
Infinita
• A sequência dos números naturais ímpares: {1, 3, 5, 7, 9, 11, …}, que pode ser indicada pelos
termos a1, a2, a3, a4, a5, a6, …, an, …}.
• A sequência dos números quadrados perfeitos: {1, 4, 9, 16, 25, 36, …}, que pode ser indicada pelos
termos a1, a2, a3, a4, a5, a6, …, an, …}.
Nesta disciplina, estamos interessados nas sequências infinitas, que podem ser pensadas como uma
lista de números escritos em uma ordem definida: {a1, a2, a3, a4, a5, a6, …, an, …}, em que:
Observação
Notação
A notação que vamos usar para sequências numéricas neste livro‑texto será {an}.
13
Unidade I
Exemplo 1
{an} = {}
1
n
Os termos desta sequência são {1, 1/2, 1/3, …, 1/n, …}, que podem ser representados geometricamente
na reta real ou em um gráfico. Observe que como uma sequência nada mais é que uma função cujo
domínio é o conjunto dos números naturais, então seu gráfico é representado por pontos isolados.
1,2
(1,1)
1
0,8
0,6 (2,1/2)
0,4 (3,1/3)
(4,1/4)
(5,1/5) (6,1/6)
0,2
0
0 1 2 3 4 5 6 7
Exemplo 2
{an} = { }
n
n +1
Os termos desta sequência são {1/2, 2/3, 3/4, 4/5 …, n/(n+1), …}, que podem ser representados
geometricamente por:
14
ANÁLISE MATEMÁTICA
Exemplo 3
{an} = {5}
Os termos desta sequência são {5, 5, 5, 5, 5, …}, que podem ser representados geometricamente por:
6
3
Série 1
2
0
0 2 4 6 8 10 12
Observe que os termos dessa sequência mantêm o mesmo valor quanto maior for o valor de n.
Portanto, neste caso, dizemos que a sequência converge para a constante 5.
15
Unidade I
Exemplo 4
n − 1
{an}= ( −1)n+1
n
Os termos desta sequência são {0, ‑1/2, 2/3, ‑3/4, 4/5, …}, que podem ser representados
geometricamente por:
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0 Série 1
-0,2 0 2 4 6 8 10 12
-0,4
-0,6
-0,8
-1
n − 1
Figura 7 – Representação geométrica da sequência {an}= ( −1)n+1
n
Observe que os termos dessa sequência têm o sinal alternado quanto maior for o valor de n.
Os termos positivos se aproximam de 1 e os termos negativos se aproximam de ‑1. Portanto, neste caso,
dizemos que a sequência é divergente.
Pelos exemplos vistos, podemos observar que algumas sequências convergem e outras divergem.
16
ANÁLISE MATEMÁTICA
Saiba mais
Observação
Stewart (2016) define as sequências convergentes ou divergentes da seguinte forma: uma sequência
{an} tem o limite L, e escrevemos nlim an = L se pudermos fazer os termos an tão perto de L quanto se
→∞
queira ao se fazer n suficientemente grande. Se nlim an = L existir, dizemos que a sequência converge
→∞
(ou é convergente). Caso contrário, dizemos que a sequência diverge (ou é divergente).
17
Unidade I
Saiba mais
Para mais informação sobre essa definição formal, leia o tópico 2.3,
“Definição precisa de limite”, do livro indicado a seguir:
Para compreender melhor as notações sobre limites de sequências numéricas, seguem alguns
exemplos para estudo.
Exemplo de aplicação
Para cada sequência {an} a seguir, encontre os valores dos quatro primeiros termos:
{ }
a) {an} = 1 − n
n2
1− 1 0
n =1 ⇒ a1 = 2 = =0
1 1
1 − 2 −1 1
n=
2 ⇒ a2 = 2 = = −
2 4 4
1 − 3 −2 2
n=
3 ⇒ a3 = 2 = = −
3 9 9
1 − 4 −3 3
n =⇒
4 a4 = 2 = = −
4 16 16
{ 1 2 3
0, − , − , −
4 9 16 }
18
ANÁLISE MATEMÁTICA
b) {an} = {}
1
n!
1 1
n 1 a1 1
1! 1
1 1 1
n =2 ⇒ a2 = = =
2! 2.1 2
1 1 1
n =3 ⇒ a3 = = =
3! 3.2.1 6
1 1 1
n =4 ⇒ a4 = = =
4! 4.3.2.1 24
1 1 1
1, , ,
2 6 24
( −1)n+1
c) {an} =
2n − 1
( −1)1+1 ( −1)2
n =1 ⇒ a1 = = =1
2.1 − 1 1
( −1)2+1 ( −1)3 1
n=
2 ⇒ a2 = = =
−
2.2 − 1 3 3
( −1)3+1 ( −1)4 1
n =3 ⇒ a3 = = =
2.3 − 1 5 5
( −1)4+1 ( −1)5 1
n =⇒
4 a4 = = =
−
2.4 − 1 7 7
{ 1 1 1
1,‑ , ,‑
3 5 7 }
19
Unidade I
d) As chamadas sequências recursivas ou definidas por uma relação de recorrência são aquelas
cujos termos podem ser calculados em função de termos antecessores, ou seja, quando o termo seguinte
depende do termo anterior.
a1 = 1
e
1
=
an+1 ( an + 3)
2
n =1 ⇒ a1 =1
1 1 4
n =2 ⇒ a2 = ( a1 + 3) = (1 + 3) = =2
2 2 2
1 1 5
n =3 ⇒ a3 = ( a2 + 3) = ( 2 + 3) =
2 2 2
1 1 5 1 11 11
n =4 ⇒ a4 = ( a3 + 3) = + 3 = =
2 22 2 2 4
{ 5 11
1,2, ,
2 4 }
1.3 Limite de sequências numéricas
Apresentaremos agora algumas propriedades e leis que serão utilizadas como ferramentas
importantes para verificar se uma sequência numérica é convergente ou divergente.
1.3.1 Propriedades
Propriedade 1
1
A sequência tende a zero quando n tende a infinito, ou seja:
n
1
lim = 0 (para k > 0)
n→∞ nk
20
ANÁLISE MATEMÁTICA
1
Em particular, se k = 1, temos o caso lim = 0 .
n→∞ n
Saiba mais
1
Para conhecer a demonstração formal usando ε e N do limite nlim = 0,
→∞ n
leia o tópico “Limite de uma sequência”, do livro de Ayres:
Propriedade 2
lim k = k
n→∞
De acordo com Stewart (2016), se {an} e {bn} forem sequências convergentes e c for uma constante,
então são válidas as seguintes regras:
lim ( an + bn=
) lim an + lim bn
n→∞ n→∞ n→∞
lim ( an − bn=
) lim an − lim bn
n→∞ n→∞ n→∞
lim c ⋅ an =c ⋅ lim an
n→∞ n→∞
lim c = c
n→∞
lim ( an ⋅ bn=
) lim an ⋅ lim bn
n→∞ n→∞ n→∞
a lim an
n→∞
= lim n , se lim bn ≠ 0
n→∞ bn lim bn n→∞
n→∞
p
=lim anp lim a se p > 0 e an > 0
n→∞
n
n→∞
21
Unidade I
Exemplo de aplicação
Para cada sequência {an} a seguir, calcule seus limites usando as leis e propriedades sobre
sequências numéricas.
a) {an} =
{}
7
n
7 1
lim =7 ⋅ lim =7.0 =
0
n→∞ n n→∞ n
b) {an}= {n + 3}
lim (n + 3) = lim (n) + lim ( 3) = ∞ + 3 = ∞
n→∞ n→∞ n→∞
c) {an} = {}
4
n2
4 1 1 1
lim 2 = 4 ⋅ lim 2 = 4 ⋅ lim ⋅ lim = 4 ⋅ 0 ⋅ 0 = 0
n→∞ n n→∞ n n→∞ n n→∞ n
n2 + 1
d) {an} =
n
Atenção! Para resolver esse limite, devemos dividir o numerador e o denominador pela maior
potência de n que aparece no denominador.
n2 2 2 2
n2 + 2 + n + lim n + lim
=
lim n n lim
lim= =
n
n→∞
= n→∞ n
n→∞ n n→∞ n n→∞ 1 lim 1
n n→∞
1
lim n + 2 ⋅lim
n→∞ n→∞ n ∞ + 2⋅0 ∞
= = =∞
lim 1 1 1
n→∞
22
ANÁLISE MATEMÁTICA
2
e) {an} = n + 5n − 6
4
n + n
Atenção! Para resolver esse limite, devemos dividir o numerador e o denominador pela maior
potência de n que aparece no denominador.
n2 5n 6 1 5 6
n + 5n − 6
2 4
+ 4
− 4 n2 + n3 − n4
= lim = n n n lim
=
lim
n→∞ n4 + n n→∞ n4
n n→∞ 1
+ 4 1 +
4 n3
n n
1 5 6
lim + lim − lim
n→∞ n2 n→∞ n3 n→∞ n4 0 + 0 − 0
= = 0
1 1+ 0
lim 1 + lim 3
n→∞ n→∞ n
f) {an} = n
3
5 − n
Atenção! Para resolver esse limite, devemos dividir o numerador e o denominador pela maior
potência de n que aparece no denominador.
n
n n 1
=
lim =
lim =
lim
n→∞ 5 − n n→∞ 5 − n n→∞ 5 1
n
2 −n
n
lim 1 1
n →∞ = = 1= ∞
5 1
0 − lim 0 0
nlim 2
− lim n→∞
→∞ n n→∞ n
23
Unidade I
Sejam {an}, {bn} e {cn} sequências de números reais. Se an ≤ bn ≤ cn for verdadeiro para todo n além de
=
algum índice N, e se nlim =
an lim cn L , então lim bn = L também (THOMAS et al., 2012).
→∞ n→∞ n→∞
Exemplo de aplicação
Determine se a sequência é convergente ou divergente. Caso seja convergente, encontre seu limite.
a) {an} =
{ }
cosn
n
Sabemos que o cosseno está definido entre ‑1 e 1, ou seja, ‑1 < cosn < 1. Dividindo todos os termos
por n (dado que n é um número inteiro e positivo), temos:
−1 cosn 1
≤ ≤
n n n
Sabendo que:
1 −1
=lim = 0
lim
n→∞ n n→∞ n
cosn
Pelo teorema do confronto, concluímos que lim = 0 . Portanto, a sequência é convergente.
n→∞ n
b) {an}= { }
( −1)n
1
n
Sabemos que −1 ≤ ( −1)n ≤ 1 . Dividindo todos os termos por n (dado que n é um número inteiro e
positivo), temos:
−1 ( −1)n 1
≤ ≤
n n n
Sabendo que:
1 −1
=lim = 0
lim
n→∞ n n→∞ n
n 1
Pelo teorema do confronto, concluímos que lim ( −1) =0 . Portanto, a sequência é convergente.
n→∞ n
24
ANÁLISE MATEMÁTICA
Saiba mais
O teorema que será apresentado a seguir (mas não demonstrado) permite usar a regra de L’Hôpital
para determinar alguns limites de sequências numéricas:
Suponha que f(x) seja uma função definida para todo x ≥ n0 e que {an} seja uma sequência de
números reais tal que an = f(n) para n ≥ n0. Então,
lim f(x) =
L ⇒ lim an =
L
x →∞ n→∞
Observação
f '(x)
lim
x →a g'(x)
f(x)
lim
x →a g(x)
25
Unidade I
E, mais ainda,
f(x) f '(x)
lim = lim
x →a g(x) x →a g'(x)
Antes de apresentar alguns exemplos de aplicação, vamos lembrar de algumas regras de derivação:
f(x) = 4 ⟹ f’(x) = 0
f(x) = –6 ⟹ f’(x) = 0
n ⋅ xn−1 . Exemplos:
xn f '(x) =
• Regra 2: derivada da função potência: f(x) =⇒
f(x) = 1⋅ x1−1 =
x ⇒ f '(x) = 1x 0 =
1
f(x) = 3 ⋅ x 3−1 =
x 3 ⇒ f '(x) = 3x2
8
f(x) =x −8 ⇒ f '(x) =−8 ⋅ x −8−1 =−8 ⋅ x −9 =−
x9
1 1 1
1 −1 1 − 1 1 1
f(x) = x =x 2 ⇒ f '(x) = ⋅ x 2 = ⋅ x 2 = ⋅ 1 =
2 2 2 2 x
x2
Veja na tabela a seguir uma relação de regras importantes a respeito de derivadas imediatas.
1
(c)' = 0
(em que c é uma constante real)
2 ( xn ) '= n ⋅ xn−1
3 ( x )' = 1
4 ( senx ) ' = cos x
5 ( cos x ) ' = −senx
26
ANÁLISE MATEMÁTICA
1
6 (lnx ) ' =
x
7 ( ex ) ' = ex
8 ( tgx ) ' = sec2 x
Seguem alguns exemplos de aplicação que utilizam a regra de L’Hôpital para determinar o
limite de uma sequência numérica:
Exemplo de aplicação
Exemplo 1
a) {an} = { }
lnn
n2
Podemos aplicar aqui a regra de L’Hôpital, pois temos uma indeterminação do tipo infinito/infinito.
Além disso, devemos lembrar que a derivada da função f(x) = lnx é f’(x) = 1/x.
1
'
lnn lnx (lnx) 1 1 1 1
lim 2 = lim 2 = lim 2 ' = lim x = lim ⋅ = lim 2 = = 0
n→∞ n x →∞ x x →∞ (x ) x →∞ 2x x →∞ x 2x x →∞ 2x ∞
3n3 + 1
b) {an} = 2
2n + n
Podemos aplicar aqui a regra de L’Hôpital, pois temos uma indeterminação do tipo infinito/infinito.
9x2 18x 18 ⋅ ∞
lim = lim = =∞
x →∞ 4x + 1 x →∞ 4 4
27
Unidade I
5n
c) {an} =
en
Podemos aplicar aqui a regra de L’Hôpital, pois temos uma indeterminação do tipo infinito/infinito.
5n 5x (5x)' 5 5
lim n = lim x = lim x ='
lim = = 0
n→∞ e x →∞ e x →∞ (e ) x →∞ e x ∞
Exemplo 2
5n
a) lim =0
n→∞ 3n2 + 7
( )
(Lembre‑se que xn '= n ⋅ xn−1 e ( C ) ' = 0 )
5n (5n) ' 5 5 1 5
lim = lim = lim = lim= =.0 0
( )
n→∞ 3n2 + 7 n→∞ 3n2 + 7 ' n→∞ 6n 6 n→∞ n 6
b) lim 4n2
=2
n→∞ 2n2 − 10
( )
(Lembre‑se que xn '= n ⋅ xn−1 e ( C ) ' = 0 )
lim 2
4n2
= lim
4n2 '
= lim
( )
8n
= lim
4 4
= = 2
( )
n→∞ 2n − 10 n→∞ 2n2 − 10 ' n→∞ 4n n→∞ 2 2
7n n
c) lim =7
n→∞ n n − 9
( ) n−1
(Lembre‑se que x '= n ⋅ x e ( C ) ' = 0 )
n
28
ANÁLISE MATEMÁTICA
7n n 7n ⋅ n1/2 7n3/2
= lim= lim
lim =
n→∞ n n − 9 n→∞ n ⋅ n1/2 − 9 n→∞ n3/2 − 9
3
3 1
7n
lim 3/2
3/2
lim
7 n3/2
’
lim
7 n2
2
n n 3/2
9 n n 9 ’ n 3 1 3
n2 0
2
1
21 2
n
21 2
lim 2 1 lim 7
n 3 n 2 3
n2
2
Observe que com o auxílio de propriedades, leis, teorema do confronto, regra de L’Hôpital e certas
manipulações algébricas, conseguimos determinar o limite de algumas sequências numéricas sem utilizar
a definição formal do épsilon. É claro que neste livro‑texto não são apresentados todos os exemplos de
limites, mas é pertinente pesquisar outros exemplos para conhecer melhor o universo dos limites.
lnn
1 lim =0
n→∞ n
2 lim n n = 1
n→∞
1
3 lim=
x n 1 x>0
n→∞
n
x
4 ex
lim 1 + =
n→∞ n
5 =
lim xn 0 x <1
n→∞
xn
6 lim =0
n→∞ n!
29
Unidade I
lnn
1) lim =0
n→∞ n
Observação
∞
= indeterminação
∞
1
(lnx)' =
x
1
lnx ( )
lnx ' 0
lim = lim = lim x= = 0
x →∞ x x →∞ ( x ) ' x →∞ 1 1
n
2) lim n = 1
n→∞
Observação
lnab = blna
1 1 1
an = n =(n) ⇒ lnan =ln (n) ⇒ lnan = ln (n)
n
n n
n
1
lim lnan = lim ln (n) (infinito/infinito)
n→∞ n→∞ n
(lnn) '
lim lnan = lim
n→∞ n→∞ ( n) '
1
lim lnan = lim n
n→∞ n→∞ 1
lim lnan = 0
n→∞
30
ANÁLISE MATEMÁTICA
Portanto:
lim n n = 1
n→∞
1
3) lim xn =1
n→∞
Observação
elnx = x
1 1
1
an =x n ⇒ lnan =lnx n ⇒ lnan = lnx
n
1
lim lnan = lim lnx
n→∞ n→∞ n
lim lnan = 0
n→∞
Portanto:
1
lim x n =1
n→∞
n
x
4) lim 1 + =
ex
n→∞ n
Observação
elnx = x
n n
x x x
an =1 + ⇒ lnan =ln 1 + ⇒ lnan =nln 1 +
n n n
31
Unidade I
x
=lim lnan lim nln 1 +
n→∞ n→∞ n
x
ln 1 +
lim lnan = lim
n (Indeterminação 0/0)
n→∞ n→∞ 1
n
− xn−2
x
1+
lim lnan = lim n
n→∞ n→∞ − 1
n2
x
= = x
lim lnan lim
n→∞ n→∞ 1 + x / n
lim lnan = x
n→∞
Portanto:
n
x
ex
lim 1 + =
n→∞ n
Estudaremos a seguir o que são sequências crescentes, decrescentes e limitadas. Para isso, vamos
observar alguns exemplos:
Exemplo 1
Veja no gráfico a seguir que, para a sequência {an = n}, temos que an < an + 1 para todo n. Este é o
exemplo de uma sequência crescente.
32
ANÁLISE MATEMÁTICA
Sequência {an} =n
Exemplo 2
33
Unidade I
1 2 3 n
• A sequência , , ,… , ,… é crescente.
2 3 4 (n + 1)
1 1 1 1
• A sequência 1, 2 , 4 , 8 ,… , 2n ,… é decrescente.
• A sequência −1, −1, −2, −2, −3, −3, −4, −4 … é não crescente (mas não é decrescente).
Uma sequência {an} é limitada superiormente se existir um número M tal que an ≤ M para todo n ≥ 1.
Ela é limitada inferiormente se existir um número m tal que an ≥ m para todo n ≥ 1 (STEWART, 2016).
Se ela for limitada superior e inferiormente, então {an} é uma sequência limitada.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
{ 1 2 3 4
, , , ,… ,
2 3 4 5
n
n +1
,… }
34
ANÁLISE MATEMÁTICA
E o limite é
n
n 1 lim 1 1
n n→∞
lim = lim n = lim = = = 1
n→∞ n + 1 n→∞ 1 1 1
+ n→∞ 1 + lim 1 + lim 1 + 0
n n n n→∞ n→∞ n
Portanto, essa sequência é limitada inferiormente pelo 1/2 e superiormente pelo 1; Logo, é limitada.
Observação
Saiba mais
1 n
• 1 + é uma sequência limitada e crescente, e portanto convergente, e converge para o
n n
1
número de Euler, ou seja, lim 1 + =e.
n→∞ n
35
Unidade I
Com o que foi trabalhado até aqui sobre sequências numéricas e limite de sequências numéricas,
adquirimos base teórica para compreender as séries infinitas. Vale ressaltar que neste livro‑texto não
são abordadas demonstrações nem teoremas sobre subsequências e outros, pois não é objeto do nosso
estudo; mas caso haja o interesse de se aprofundar mais, é proveitoso fazer leituras complementares
sobre os assuntos que não foram abordados.
2.1 Introdução
Neste tópico estudaremos muitas definições, regras e critérios de convergência sobre as séries
infinitas. Para isso, é importante que saibamos em que casos são aplicadas tais séries, certo?
Vamos iniciar esse tópico refletindo sobre algumas curiosidades a respeito das séries infinitas
aplicadas na computação.
Vocês já devem ter estudado o que é ponto flutuante. Em um computador, um número real
é normalmente representado na notação de ponto flutuante, mas essa notação envolve restrição e
limitação de dígitos e, portanto, os resultados de vários cálculos realizados pelos computadores
apresentam erros, pois são aproximações dos valores reais. Para minimizar a propagação desses erros,
podemos usar as séries infinitas.
No caso das funções, podemos calcular uma aproximação para as funções cos(x), sen(x) e exp(x)
por meio dos n primeiros termos de uma série de potências (que serão estudadas mais adiante), e essa
estratégia torna os cálculos realizados pelos computadores mais fáceis e certeiros, pois é mais fácil
trabalhar computacional e algebricamente com polinômios do que com a função propriamente dita.
Saiba mais
Para saber mais sobre algumas curiosidades das séries infinitas aplicadas
na computação, leia o seguinte artigo:
36
ANÁLISE MATEMÁTICA
Depois de refletir sobre algumas curiosidades, vamos definir o que são séries infinitas e quais são os
seus critérios de convergência:
Sabemos somar um número finito de termos, certo? Por exemplo: 1 + 2; 1 + 2 + 3; 2 + 3 + 4 + 5 etc.
Mas o que significa somar um número infinito de termos? Será que faz sentido somar com uma
infinidade de parcelas?
Um processo infinito que intrigou os matemáticos por séculos foi a soma de séries infinitas. Algumas
vezes, uma soma infinita de termos resultava em um número, como em:
1 1 1 1
+ + + + =
1
2 4 8 16
1 4 1 5 9
3+ + 2 + 3 + 4 + 5 + =
π
10 10 10 10 10
Entretanto, algumas vezes a soma infinita era, de fato, infinita, como em:
1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + =∞
1 1 1 1 1
+ + + + + =∞
1 2 3 4 5
E outros casos, dependendo da forma como os números eram agrupados, resultavam em valores
diferentes, como a famosa série de Grandi:
• S = (1 − 1) + (1 − 1) + (1 − 1) + ... = 0
• S =1 − (1 − 1) − (1 − 1) − (1 − 1) − ... =1
1
• S = 1 − (1 − 1 + 1 − 1 + 1 − ...) = 1 − S ⇒ 2S = 1 ⇒ S =
2
Como decidir qual é a verdadeira soma? É 0? É 1? É 1/2?
Como podemos observar pelos exemplos anteriores, uma soma finita de números reais sempre
produz um número real, mas uma soma infinita de números reais é algo completamente diferente.
Por isso, precisamos de uma definição cuidadosa de somas infinitas.
37
Unidade I
Para entender o conceito, definiremos somas infinitas através do limite de uma sequência numérica
muito especial. Em vez de “soma infinita”, usaremos o termo “série infinita”.
O principal problema da teoria das séries infinitas é determinar quais são convergentes e quais
são divergentes. Esse será nosso principal objetivo!
• Dada a sequência numérica {an = n} cujos elementos são {1,2,3,4,5,…}, vamos construir a partir
dessa sequência uma outra sequência {S1,S2 ,S3 ,…} da seguinte forma:
S1= a1= 1
S2 =a1 + a2 =1 + 2 =3
S3 =a1 + a2 + a3 =1 + 2 + 3 =6
• Dada a sequência numérica {an = n + 2} cujos elementos são {3,4,5,6,7,…} , vamos construir a
partir dessa sequência uma outra sequência {S1,S2 ,S3 ,…} , da seguinte forma:
S1= a1= 3
S2 = a1 + a2 = 3 + 4 = 7
S3 = a1 + a2 + a3 = 3 + 4 + 5 = 12
Sn = a1 + a2 + a3 + ... + an
A partir dessas somas parciais, construímos uma nova sequência {S1,S2 ,S3 ,…} e designamos essa
sequência {Sn} pela notação ∑ an = a1 + a2 + a3 + … chamada série infinita. Observe que todas as
somas parciais são somas finitas de números reais e, portanto, é possível operar de maneira usual
(PANONCELI, 2017).
38
ANÁLISE MATEMÁTICA
2.2 Definição
Seja {an} uma sequência numérica infinita. Partindo dessa sequência, podemos formar uma nova
sequência infinita de somas parciais {Sn} , como segue:
S1 = a1
S2= a1 + a2
S3 = a1 + a2 + a3
Sn = a1 + a2 + a3 + ... + an
A sequência construída {S1,S2 ,S3 ,… ,Sn ,…} é uma sequência em que cada elemento são somas
parciais. Designamos essa sequência {Sn} pela notação ∑ an = a1 + a2 + a3 + …, chamada série infinita.
Observação
Observe que:
Como as séries infinitas são obtidas por sequências de somas parciais, o nosso objetivo é saber se
essas séries convergem ou divergem.
De acordo com Ayres (2013), se a sequência de somas parciais convergir para um limite L, ou seja, se
∞
lim Sn = L , dizemos que a série
n→∞
∑ an = a1 + a2 + a3 + ... + an + converge e que a soma é L.
n=1
39
Unidade I
∞
Nesse caso, escrevemos ∑ an = a1 + a2 + a3 + ... + an + =L .
n=1
Se o valor L não existir, dizemos que a série diverge.
Exemplo 1
Ache os quatro primeiros termos das somas parciais da série a seguir. Essa série converge ou diverge?
∞
1
∑ n(n + 1)
n=1
1
S1= a1=
2
1 1 3 1 4 2
S2 = a1 + a2 = + = + = =
2 6 6 6 6 3
1 1 1 6 2 1 9 3
S3 =a1 + a2 + a3 = + + = + + = =
2 6 12 12 12 12 12 4
1 1 1 1 30 10 5 3 48 4
S4 =a1 + a2 + a3 + a4 = + + + = + + + = =
2 6 12 20 60 60 60 60 60 5
{
enésimo termo é: 1 , 2 , 3 , 4 , , n , .
2 3 4 5 n +1 }
40
ANÁLISE MATEMÁTICA
Como=
n (n) '
= lim= 1 pela regra de L’Hôpital, então concluímos que a série
lim Sn lim
n→∞ n→∞ n + 1 n→∞ (n + 1) '
∞
1
infinita converge e sua soma é 1, ou seja, ∑ n(n + 1) = 1.
n=1
Exemplo 2
Ache os quatro primeiros termos das somas parciais da série a seguir. Essa série converge ou diverge?
1 1 1 1
1 + + + + +
2 4 8 16
S1= a1= 1 2 − 1
1 2 1 3 1
S2 =a1 + a2 =1 + = + = 2−
2 2 2 2 2
1 1 4 2 1 7 1
S3 =a1 + a2 + a3 =1 + + = + + = 2 −
2 4 4 4 4 4 4
1 1 1 8 4 2 1 15 1
S4 =a1 + a2 + a3 + a4 =1 + + + = + + + = 2 −
2 4 8 8 8 8 8 8 8
{
Os quatro primeiros termos das somas parciais são 1, 3 , 7 , 15 .
2 4 8 }
Percebe‑se que existe um padrão! As somas parciais formam uma sequência infinita cujo
{
enésimo termo é: 1, 3 , 7 , 15 , ,2 − 1 , .
2 4 8 n−1
2 }
1
Como lim Sn = lim 2 − n−1 = 2 , então concluímos que a série infinita converge e sua soma
n→∞ n→∞ 2
1 1 1 1
é 2, ou seja, 1 + + + + 2.
+ =
2 4 8 16
Exemplo 3
Ache os quatro primeiros termos das somas parciais da série a seguir. Essa série converge ou diverge?
41
Unidade I
∞
5
∑ 10n
n=1
5
S1= a1= = 0,5
10
5 5 55
S2 = a1 + a2 = S1 + a2 = + = = 0,55
10 100 100
55 5 555
S3 = a1 + a2 + a3 = S2 + a3 = + = = 0,555
100 1000 1000
555 5 5555
S4 = a1 + a2 + a3 + a4 = S3 + a4 = + = = 0,5555
1000 10000 10000
Percebe‑se que existe um padrão! A soma parcial forma uma sequência cujo enésimo termo é:
1
0,5;0,55;0,555;0,5555; = 0,5= .
5
Observe que:
5 1
= =
lim Sn lim n
n→∞ n→∞ 10 5
Neste caso, concluímos que a soma da série infinita é 1/5. Portanto, a série é convergente!
Percebemos nos três exemplos prévios que para algumas séries infinitas é fácil obter o enésimo
termo da sequência de somas parciais, e, consequentemente, saber se a série infinita converge ou diverge
baseado na teoria do limite das sequências infinitas que estudamos no tópico 1.
Lembrete
Mas geralmente não é fácil encontrar tal expressão. A pergunta que surge é: como saber se uma
série infinita converge ou diverge se não temos o termo geral da sequência de somas parciais? Essa será
a nossa próxima meta: conhecer, além de algumas séries clássicas cujos termos gerais conseguimos
determinar (série geométrica, telescópica e série harmônica), e dominar os critérios de convergência de
uma série infinita. Vamos lá?
Observação
Saiba mais
Exemplo de aplicação
∞
5
a) ∑ 10n
n=1
∞
5 5 5 5 5
∑ 10n =10 + 102 + 103 + + 10n +
n=1
43
Unidade I
∞ 2 3
5 5 5 1 5 1 5 1 5 1
∑ 10n = 10 + 10 ⋅ 10 + 10 ⋅ 10 + 10 ⋅ 10 + 10 ⋅ 10n−1 +
n=1
∞
∑ a.rn−1 = a + a.r + a.r2 + ... + arn−1 + ...
n=1
5 1
Podemos observar que é uma série geométrica em que a = e r= .
10 10
1
Como a razão é =
r < 1, então a série geométrica converge e sua soma é
10
5 5
a 5 10 5
S= = 10 = 10 = ⋅ =
1− r 1− 1 9 10 9 9
10 10
∞ n−1
1
b) ∑ 4
n=1 3
∞ n−1 2 3 n−1
1 1 1 1 1
∑ 4 3 =
4 + 4 + 4 + 4 + + 4
3 3 3 3
+
n=1
∞
∑ a.rn−1 = a + a.r + a.r2 + ... + arn−1 + ...
n=1
44
ANÁLISE MATEMÁTICA
∞ n
π
c) ∑
n=1 3
∞ n 2 3 4 n
π π π π π π
∑ 3 =+ + + + + +
3 3 3 3 3
n=1
∞ n 2 3 n−1
π π π π π π π π π π
∑ 3 = 3 + 3 ⋅ 3 + 3 ⋅ 3 + 3 ⋅ 3 + + 3 ⋅ 3 +
n=1
∞
∑ a.rn−1 = a + a.r + a.r2 + ... + arn−1 + ...
n=1
π π
Podemos observar que é uma série geométrica em que a = er = .
3 3
π
Como a razão é =
r > 1, então a série geométrica diverge.
3
Ao estudar as séries geométricas convergentes, conseguimos determinar sua soma por meio de sua
fórmula geral. Outro caso em que isso é possível são nas séries telescópicas. O nome deriva do fato de
os cancelamentos que são feitos na soma reduzirem a série em apenas dois termos, ou seja, a soma se
retrai como um telescópio (STEWART, 2016).
Para compreender esse tipo de série infinita, vamos desenvolver dois exemplos passo a passo. Veja:
Exemplo 1
Encontre a soma da série a seguir, conhecida como série telescópica, usando como ferramenta a
decomposição em frações parciais.
∞
1
∑ n (n + 1)
n=1
1 A B A(n + 1) + Bn
=+ =
n (n + 1) n n + 1 n(n + 1)
1 An + A + Bn
=
n (n + 1) n(n + 1)
45
Unidade I
1 A + n( A + B)
=
n (n + 1) n(n + 1)
=A 1= A 1
⇒
A + B =0 B =−1
1 1 1
= − , ou seja
n (n + 1) n n + 1
∞ ∞
1 1 1
∑ n (n += ∑ −
1) n 1 n n + 1
=n 1 =
A decomposição anterior em frações parciais nos permite escrever a soma parcial como:
∞
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
∑ n − n + 1 = 1 − 2 + 2 − 3 + 3 − 4 + n − n + 1
n=1
A remoção dos parênteses e o cancelamento dos termos de sinais opostos reduzem a soma para:
∞
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
∑ n − n + 1 = 1 − 2 + 2 − 3 + 3 − 4 + n − n + 1
n=1
∞
1 1 1
∑ n − n +1 =
1−
n +1
n=1
Observe que:
1
lim Sn = lim 1 − = 1
n→∞ n→∞ n + 1
Neste caso, concluímos que a soma da série infinita é 1. Portanto, a série é convergente.
Exemplo 2
Encontre a soma da série a seguir, conhecida como série telescópica, usando como ferramenta a
decomposição em frações parciais.
46
ANÁLISE MATEMÁTICA
∞
4
∑ (4n − 3)(4n + 1)
n=1
4 A B
= +
(4n − 3) ( 4n + 1) (4n − 3) ( 4n + 1)
4 A ( 4n + 1) + B(4n − 3)
=
(4n − 3) ( 4n + 1) (4n − 3) ( 4n + 1)
4 4An + A + 4Bn − 3B
=
(4n − 3) ( 4n + 1) (4n − 3) ( 4n + 1)
4A + 4B =0 A + B =0 A =−B
⇒ ⇒
A − 3B
= 4 A − 3B
= 4 −B − 3B
= 4
A = −B A =−B A =1
⇒ ⇒
−B − 3B =4 −4B =4 B =−1
4 1 −1
= +
(4n − 3) ( 4n + 1) (4n − 3) ( 4n + 1) , ou seja
∞ ∞
4 1 1
∑ (4n − 3)= ∑ −
( 4n + 1) n 1 (4n − 3) ( 4n + 1)
n 1=
A decomposição anterior em frações parciais nos permite escrever a soma parcial como:
1 1 1 1 1 1 1
Sk =1 − + − + − + −
5 5 9 9 13 (4k − 3) (4k + 1)
47
Unidade I
A remoção dos parênteses e o cancelamento dos termos de sinais opostos reduzem a soma para:
1
Sk = 1 −
(4k + 1)
Observe que:
1
lim Sn = lim 1 − =1
n→∞ n→∞ 4n + 1
Neste caso, concluímos que a soma da série infinita é 1. Portanto, a série é convergente!
Saiba mais
Para saber mais sobre decomposição em frações parciais, assista:
EXPANSÃO em frações parciais 1. 2014. 1 vídeo (11:30). Publicado
pelo canal Khan Academy Brasil. Disponível em: https://cutt.ly/a9nCi6y.
Acesso em: 24 jan. 2023.
Outra série clássica, mas que não será demonstrada aqui, é a série harmônica.
Observação
Saiba mais
Para saber mais sobre a série harmônica, leia o capítulo 43,
“Séries infinitas”, do livro de Ayres:
AYRES, F. Cálculo. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. p. 362.
Agora que conhecemos algumas séries infinitas clássicas cujas fórmulas gerais são possíveis de
obter, vamos estudar os critérios de convergência de uma série. A ideia sempre será, dada uma série
48
ANÁLISE MATEMÁTICA
infinita, buscar se ela converge ou diverge. Primeiro eliminamos o fato de ser uma série clássica, como a
telescópica, a geométrica ou a harmônica, ou ainda se é ou não possível obter uma fórmula geral para
o enésimo termo. Caso nenhum desses requisitos sejam satisfeitos, será preciso buscar um critério de
convergência, como veremos no tópico a seguir.
Antes de apresentar o teste propriamente dito, segue um teorema importante, mas que não será
demonstrado neste livro-texto:
∞
Se a série ∑ an for convergente, então nlim
→∞
an = 0 .
n=1
Saiba mais
Para saber mais sobre esse teorema, leia o tópico 11.2, “Séries”, do
livro de Stewart:
A recíproca desse teorema é falsa, ou seja, se lim an = 0 , não podemos afirmar que a série é
n→∞
convergente. Devemos nesse caso recorrer a outro teste, como o da série harmônica:
∞
1 1
Na série harmônica ∑
, temos que o lim = 0 , mas a série é divergente.
n→∞ n
n=1 n
O teste para saber o enésimo termo para divergência é o seguinte:
∞
Se lim an não existir ou se lim an ≠ 0 , então a série
n→∞ n→∞ ∑ an é divergente.
n=1
Exemplos
∞
3 + n2
a) ∑ 2
n=1 n
3 + n2
lim = lim =
(
3 + n2 '
=
lim
2n )
1
n→∞ n 2 n→∞ n2 ' ( )
n→∞ 2n
49
Unidade I
∞
b) ∑ n3
n=1
lim n3 =lim ∞3 =∞
n→∞ n→∞
∞
n+1
c) ∑ ( −1)
n=1
O limite do enésimo termo da sequência não existe, pois fica oscilando entre 1 e –1. Portanto pelo
teste do enésimo termo a série é divergente.
Exemplo de aplicação
∞
5
a) ∑ 3n−1
n=1
∞ ∞
5 1
∑ 3n−1 = 5⋅∑ n−1
=n 1 =n 1 3
50
ANÁLISE MATEMÁTICA
∞ 2 3
1 1 1 1
∑ 3n−1 =
1+ + + +
3 3 3
n=1
Essa é uma série geométrica em que a = 1 e a razão é 1/3, portanto, convergente. Sua soma é
a 1 1 3
S= = = =
1− r 1− 1 2 2
3 3
∞
1
Dessa forma, pela propriedade da multiplicação por constante, se a série
∞
∑ 3n−1 converge, então
1 3 15 n=1
5⋅∑ n−1
também converge e sua soma é=
S 5.= .
n=1 3 2 2
∞ 1 5
b) ∑ n (n + 1) − 10n
n=1
∞
1 5 ∞ 1 ∞
5
Pela propriedade da diferença, temos que ∑ n (n + 1) 10n ∑ n (n + 1) ∑ 10n
− = −
=n 1 = n 1 =n 1
∞
1
Já vimos anteriormente que a série ∑ converge e sua soma é 1. Também já vimos que
∞ n=1 n ( n + 1) ∞
5 5 1 5
a série ∑ n é geométrica convergente e sua soma é . Portanto, a série ∑ − n
n=1 10 9 n=1 n ( n + 1) 10
converge e sua soma é S =1 − 5 =4 .
9 9
3.2.1 Adicionando e retirando termos
∞ ∞ ∞
•∑ c ⋅ an =c ⋅ ∑ an , onde c é uma constante. Se ∑ an é convergente e sua soma é S, então
=n 1 =n 1 ∞ ∞ n=1
(divergente), então a série ∑ c ⋅ an =c ⋅ ∑ an é convergente e sua soma é c ⋅ S (divergente).
=n 1 =n 1
∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞
∑ ( an ± bn )= ∑ an ± ∑ bn . Se ∑ an e ∑ bn
• são convergentes, então a série ∑ ( an ± bn )
=n 1 =n 1 =n 1 n=1 n=1 n=1
é convergente.
∞
∞ ∞
• Se ∑ an é convergente e ∑ bn é divergente, então ∑ ( an ± bn ) é divergente.
n=1 n=1 n=1
51
Unidade I
Exemplo de aplicação
∞ 2 3
1 1 1 1
A série ∑ 2n−1 = 1 + + + + é uma série geométrica convergente pois a sua razão é
2 2 2
n=1
r = 1/2 e o valor de a = 1.
∞ 2 3
1 1 1 1
A série ∑ 8n−1 = 1 + + + + é uma série geométrica convergente pois a sua razão é
8 8 8
n=1
r = 1/8 e o valor de a = 1.
Como ambas são convergentes dado que r < 1, a subtração entre elas também é convergente
e a soma é:
∞ n−1 1
4 −3 1 1 1 8 24 10
∑ 8n−1 = 1 − 3 ⋅ 1 = 1 − 3 ⋅ 7 = 2 − 3 ⋅ 7 = 2 − 7 = − 7
n=1 1− 1−
2 8 2 8
∞
3 1
b) ∑ n(n + 1) + 2
n=1
∞ ∞ ∞ ∞
3 1 1 1
∑ n(n + 1) ∑ 2n ∑ n(n + 1) ∑ 2n
+ =
3 ⋅ +
=n 1 =n = 1 n 1 =n 1
∞
1
Já vimos que a série ∑ n(n + 1) é convergente por decomposição em fração parcial, e converge para 1.
n=1 ∞
1
Já vimos também que a série
2
∑
n é uma série geométrica convergente com a = 1/2 e r = ½, e
converge para 1. n=1
∞
3 1
Portanto a série ∑ n(n + 1) + 2n também é convergente pelo nosso teorema, e a soma é:
n=1
S= 3.1 + 1= 4
52
ANÁLISE MATEMÁTICA
A seguir conheceremos os critérios de convergência para as séries com termos positivos, que são o
teste da integral, p‑séries, teste da comparação e teste limite da comparação. Para cada um deles
serão apresentados o teste e exemplos de aplicação.
Como comentado anteriormente, não é fácil determinar uma fórmula para a enésima soma parcial.
Conseguimos fazê‑lo para algumas séries clássicas, mas sabemos que, na maioria das vezes, isso não
é possível. Portanto, apresentaremos alguns testes de convergência que permitirão determinar se uma
série converge ou diverge, mas sem encontrar sua soma explicitamente.
Suponha que f seja uma função contínua, positiva e decrescente em [1,∞ ) , e seja an = f(n) . Então:
∞
∞
• Se ∫ f(x)dx for convergente, então a série ∑ an é convergente.
1 n=1
∞
∞
• Se ∫ f(x)dx for divergente, então a série ∑ an é divergente.
1 n=1
Observação
∫ f(x)dx
= F(b) − F(a)
a
Símbolo de b
integração (integral)
∫a f (x) dx
Integrando
Variável de integração
Limite inferior de integração (diferencial)
53
Unidade I
Saiba mais
Exemplo de aplicação
Exemplo 1
∞
1
Determine se a série de termos positivos ∑ n3 diverge ou converge.
1 n=1
Pelo gráfico da função f(x) = , temos que é uma função contínua, positiva e decrescente em
x3
[1,∞ ) . Portanto, vamos usar o teste da integral.
4
-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6
-1
-2
-3
-4
1
Figura 12 – Gráfico da função f(x) =
x3
∞ n
1 −3
∫ x3 dx = nlim
→∞
∫x dx
1 1
54
ANÁLISE MATEMÁTICA
n
Vamos primeiramente resolver a integral definida ∫ x −3dx pela regra da potência:
1
n −3+1 n −2 n n
−3 x x 1 1 1 1 1
∫ x dx =−3 + 1 =−2 =− 2x2 1 = − 2n2 − − 2.12 =− 2n2 + 2
1 1 1
n
1 1 1 1 1 1
lim ∫ x −3dx =lim − 2 + =− +
2 2
=+
0 =
n→∞
1
n→∞ 2n 2 2.∞ 2 2
∞ ∞
1
∫ x3 dx é convergente, então a série ∑
1
Como a integral imprópria é convergente.
3
1 n=1 n
Saiba mais
Exemplo 2
∞ 1
Determine se a série de termos positivos ∑ diverge ou converge.
2
n=3 ( n − 2 )
1
Pelo gráfico da função f(x) = , temos que é uma função contínua, positiva e decrescente
( x − 2)2
55
Unidade I
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7
-1
1
Figura 13 – Gráfico da função f(x) =
( x − 2)2
∞ n
1 1
∫ ( x − 2)2 dx = nlim ∫
→∞ ( x − 2 )2
dx
3 3
n
1
Vamos primeiramente resolver a integral definida ∫ ( x − 2)2 dx pela regra da integral por substituição:
3
du
Fazendo u= x − 2 , temos =⇒
1 du =dx . Portanto, temos que:
dx
n n n n n
1 1 −2 u−1 1 1 1 1 1
∫ ( x − 2)2 dx =∫ (u)2 du =∫ u du =−1 =− u 3 = − n − − 3 =− n + 3
3 3 3 3
∞ n
1 1 1 1 1 1 1 1
∫ ( x − 2)2 dx =nlim ∫
→∞ ( x − 2 )2
dx =lim − + =
n→∞ n 3
− + =+
∞ 3
0 =
3 3
3 3
∞
1 1 ∞
Como a integral imprópria ∫ dx é convergente, então a série ∑
2 é convergente.
( x − 2 )2
n=3 ( n − 2 )
3
56
ANÁLISE MATEMÁTICA
Saiba mais
Exemplo de aplicação
Como o próprio nome diz, o teste da comparação nada mais é que testar a convergência de outras
séries comparando seus termos com uma série já conhecida, por exemplo as p‑séries, séries geométricas,
telescópicas etc.
57
Unidade I
Para aplicarmos o teste da comparação, devemos ter à mão uma lista de séries cuja convergência ou
divergência são conhecidas. A tabela a seguir agrupa algumas importantes que já conhecemos!
∞ ∞
1 1
Série telescópica do tipo ∑ n(n + 1) Série harmônica ∑n
n=1 n=1
58
ANÁLISE MATEMÁTICA
1 1
Portanto, pelo teste da comparação, a série dada também é convergente, pois n ≤ n para
todo n, pois quanto maior o denominador, menor é a fração. 3 +5 3
∞
6
c) ∑ 6n − 1
n=1
∞
1
A série ∑ n é a série harmônica e portanto divergente. Portanto, pelo teste da comparação, a série
n=1 6 1 1
= >
dada também é divergente, pois 6n − 1 1 n para todo n, pois quanto menor o denominador,
n−
maior é a fração. 6
Lembrete
Exemplo de aplicação
Verifique se os itens a) e c) do exemplo anterior são convergentes ou divergentes, mas agora usando
o teste limite de comparação.
∞
1
a) ∑ 3n3 + 2n2 + 1
n=1
∞ ∞ ∞ ∞
1 1
Considere as séries ∑ an = ∑ 3 2
e ∑ bn = ∑ 3
.
=n 1 =n 1 3n + 2n +=
1 n 1 =n 1 3n
∞
Já vimos que ∑ bn é uma série convergente pois trata‑se de uma constante vezes uma p‑série com
n=1 an
p = 3 > 1. Calculando o limite lim , temos:
n→∞ bn
59
Unidade I
1
an 3n + 2n2
+3
1 1 3n3 3n3
=lim lim = lim 3 = ⋅ lim =
n→∞ bn n→∞ 1 n→∞ 3n + 2n2 + 1 1 n→∞ 3n3 + 2n2 + 1
3n3
3n3
3 lim 3
lim = n3 =
lim →∞
n=
n→∞ 3n 3
2n 2
1 n→∞ 3 + 2 + 1 lim 3 + lim
2 1
+ lim 3
+ +
n3 n3 n3 n n3 n→∞ n→∞ n n→∞ n
3
=1
3+0+0
Como c = 1 é um número finito e c > 0, então ambas as séries convergem pelo teste limite
de comparação.
∞
6
b) ∑ 6n − 1
n=1
∞ ∞ ∞ ∞
6 1
Considere as séries ∑ an = ∑ e ∑ bn = ∑ .
=n 1 =n 1 6n −=
1 n 1 =n 1 n
∞
Já vimos que ∑ bn é uma série divergente pois trata‑se da série harmônica. Calculando o
a n=1
limite lim n , temos:
n→∞ bn
6 6n
a 6n − 1 lim = 6 n 6n n
lim n lim =
= ⋅ lim= lim =
n→∞ bn n→∞ 1 n→∞ 6n − 1 1 n→∞ 6n − 1 n→∞ 6n 1
−
n n n
6 lim 6 6
lim = n →∞
= = 1
n→∞ 1 1 6−0
6− lim 6 − lim
n n→∞ n→∞ n
Como c = 1 é um número finito e c > 0, então ambas as séries divergem pelo teste limite
de comparação.
Os testes de convergência apresentados até o momento se aplicam para séries de termos positivos,
mas como podemos analisar a convergência ou não de uma série infinita se os termos não são todos
positivos? Agora estudaremos como lidar com séries que podem ter termos negativos e positivos
alternadamente, e também os casos em que os sinais dos termos mudam irregularmente. No caso dos
sinais dos termos das séries que mudam alternadamente, o exemplo clássico são as séries alternadas
60
ANÁLISE MATEMÁTICA
e o teste é o de Leibniz. No caso dos sinais dos termos que mudam irregularmente, vamos estudar a
convergência absoluta, e os testes são da razão e da raiz.
Vamos lá?
4 SÉRIES ALTERNADAS
Uma série cujos termos são alternadamente positivos e negativos é denominada série alternada.
As séries alternadas em geral se apresentam em uma das seguintes formas equivalentes:
∞
∑ (−1)n+1an = a1 − a2 + a3 − a4 + + ( −1)n+1an +
n=1
ou
∞
∑ (−1)n an =−a1 + a2 − a3 + a4 − + (−1)n an +
n=1
Exemplos:
∞
1 1 1 1
∑ (−1)n+1 n =1 − 2 + 3 − 4 +
• n=1
∞
n 1 2 3
∑ (−1)n n2 + 1 =− 2 + 5 − 10 +
• n=1
Para as séries alternadas, um teste muito utilizado para determinar se a série converge ou diverge é
∞
o teste de Leibniz (ou teste das séries alternadas): se a série alternada ∑ (−1)n+1an com {an} , uma
n=1
sequência de termos positivos satisfaz as seguintes propriedades para todo n:
• an ≥ an+1
• nlim an = 0
→∞
61
Unidade I
∞
( −1)n+1 1 1 1 1 ( −1)n+1
∑ n =1 − 2 + 3 − 4 + 5 − + n +
n=1
1 1 1 1
• an ≥ an+1 , pois 1 > > > > >
2 3 4 5
• nlim an = 0 , pois lim 1 = 0
→∞
n→∞ n
Então a série alternada é convergente.
Exemplo 2
∞
∑ (−1)n+1 ⋅ n =
1 − 2 + 3 − 4 + 5 − + ( −1)n+1 ⋅ n +
n=1
Se a sequência {n} é uma sequência de termos positivos mas não satisfaz as seguintes propriedades
para todo n:
Para o caso das séries de termos positivos e negativos irregulares, é necessário estudarmos o conceito
de convergência absoluta.
Dada qualquer série (de termos positivos ou negativos ou alternados), podemos considerar a série
∞
correspondente ∑ an = a1 + a2 + a3 + a4 + cujos termos são os valores absolutos dos termos da
n=1
série original.
∞
Definindo, uma série ∑ an é denominada absolutamente convergente se a série de valores
∞ n=1
absolutos ∑ an for convergente.
n=1
62
ANÁLISE MATEMÁTICA
Exemplo 1
∞
1 1 1 1
Destaca-se que a série ∑ (−1)n ⋅ n5 =−1 + 25 − 35 + 45 − é absolutamente convergente porque
∞ ∞ n=1
1 1
∑ (−1) n
n5 n 1 n5
⋅ ∑
= é uma p‑série convergente (p = 5).
n 1=
( −1)n+1 ∞
1 1 1 1 ( −1)n+1
Acentua-se que a série ∑ =1 − + − + − + + não é absolutamente
n=1 n 2 3 4 5 n
( −1)n+1 ∞ 1
∞
1 1 1 1
convergente porque ∑ n =∑ n =1 + 2 + 3 + 4 + 5 + é a série harmônica divergente
=n 1 =n 1
(p‑série com p = 1).
Atente ao fato de que o exemplo mostra que é possível uma série ser convergente, porém não
absolutamente convergente!
Observação
Se uma série é convergente, mas não é absolutamente convergente, então ela é chamada de
condicionalmente convergente. Eis um exemplo clássico:
( −1)n+1 ∞
1 1 1 1 ( −1)n+1
A série harmônica alternada ∑ =1 − + − + − + + é condicionalmente
n=1 n 2 3 4 5 n
convergente, pois converge, mas não é absolutamente convergente.
Considere uma série infinita com termos positivos ou negativos e suponha que
an+1
lim =L
n→∞ an
63
Unidade I
Então:
Exemplo de aplicação
Como L < 1, então, pelo teste da razão, a série é absolutamente convergente, e, portanto, convergente.
∞
7n
b) ∑ n!
n=1
7n+1
an+1 (n + 1)! 7n+1 n!
lim= lim = lim = ⋅
n→∞ an n→∞ 7n n→∞ (n + 1)! 7n
n!
7n ⋅ 7 n! 7
lim = ⋅ n lim = 0
n→∞ (n + 1) ⋅ n! 7 n→∞ (n + 1)
Como L < 1, então pelo teste da razão, a série é absolutamente convergente, e, portanto, convergente.
64
ANÁLISE MATEMÁTICA
∞
4n
∑ ( −1)
n
c)
n=1 n2
4n+1
an+1 (n + 1)2 4n+1 n2 4n ⋅ 4 n2
lim= lim = lim = ⋅ lim ⋅
n→∞ an n→∞ 4n n→∞ (n + 1)2 4n n→∞ n2 + 2n + 1 4n
n2
4n2 8n 8
lim 2 = lim = lim = 4
n→∞ n + 2n + 1 n→∞ 2n + 2 n→∞ 2
Considere uma série infinita com termos positivos ou negativos e suponha que
lim n an = L
n→∞
Então:
Exemplo de aplicação
Como L < 1, então pelo teste da raiz a série é absolutamente convergente, e, portanto, convergente.
∞ n
b) ∑ ( −1) n + 1
n
n=1 2n + 5
65
Unidade I
n
n +1 n +1 1
lim n an = lim
n
= lim = <1
n→∞ n→∞ 2n + 5 n→∞ 2n + 5 2
Como L < 1, então pelo teste da raiz a série é absolutamente convergente, e, portanto, convergente.
Observação
• Se a série for uma p‑série, sabemos que ela converge se p > 1 e que
diverge se p ≤ 1.
∞ ∞
• Se a série tiver as formas ∑ arn−1
ou ∑ arn , ela é uma série
n=1 n=1
geométrica que converge se |r| < 1 ou |r| ≥ 1. Algumas manipulações
algébricas podem ser necessárias para deixar a série dessa forma.
n=1
66
ANÁLISE MATEMÁTICA
A figura a seguir mostra alguns dos testes de convergência estudados resumidos em um esquema
prático.
∞
lim an ≠ 0 ∑ an é divergente
n→∞ A série
n=1
A série harmônica é
∞
1
É uma série harmônica divergente ∑n
n=1
67
Unidade I
Resumo
68
ANÁLISE MATEMÁTICA
Exercícios
Questão 1. Uma sequência infinita de números reais pode ser definida como uma função a: ℕ→ℝ
que, para cada número natural n, associa um número real a(n) = an. O número n é o índice da sequência,
e an é o enésimo termo, ou termo geral, da sequência.
I – A sequência do dobro dos quadrados perfeitos é {1, 4, 9, 16, 25, 36, …}.
II – A sequência {an} = {2(n+1), em que n é um número natural tal que 5 < n ≤ 8} é {12, 14, 16, 18}.
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) III, apenas.
D) I e III, apenas.
E) I, II e III.
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a sequência do dos quadrados perfeitos é {1, 4, 9, 16, 25, 36, …}. Já a sequência do
dobro dos quadrados perfeitos é {2, 8, 18, 32, 50, 72, …}.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a sequência {an} = {2(n+1), em que n é um número natural tal que 5<n≤8} é
{14, 16, 18}. Ou seja, essa sequência é finita e tem 3 termos, correspondentes a n=6, n=7 e n=8.
69
Unidade I
Questão 2. Uma sequência {an}, de termo geral a(n) = an, com a: ℕ→ℝ, tem limite L dado por
lim an = L se pudermos fazer an tão perto de L quanto queiramos ao termo n suficientemente grande.
n→∞
Se esse limite existir, dizemos que a sequência é convergente.
Análise da questão
7n3 − 9n + 23
Comecemos calculando o limite da sequência {an} = quando n tende a ∞. Vale
3 2
destacar que, aqui, entendemos ∞ como +∞.
n + 2n
7n3 9n 23 9 23
7n3 − 9n + 23 3 − 3+ 3 7 − 2
+ 3
lim an =
lim =
lim n n n lim n n
n→∞ n→∞ n3 + 2n2 n→∞ 3
n 2n 2 n→∞ 1 + 2
+
3 3 n
n n
70
ANÁLISE MATEMÁTICA
9 23 1 1
nlim 7 − lim 2 + lim 3 7 − 9 nlim + 23 lim 3
→∞ n→∞ n n→∞ n →∞ n 2 n→∞ n 7 − 9.0 + 23.0
lim an = =
n→∞ 2 1 1 + 2.0
lim 1 + lim 1 + 2lim
n→∞ n→∞ n n→∞ n
7−0+0 7
lim an= = = 7
n→∞ 1+ 0 1
7n3 − 9n + 23
Vemos que o limite da sequência {an} = 3 2
quando n tende a ∞ existe e vale 7.
n + 2n
Por isso, esta sequência é convergente.
71