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Autores: Prof. Ricardo Sussumu Takatori
Prof. Evandro Rafael Ascencio de Sousa
Colaboradores: Profa. Cristiane Nagai
Prof. André Galhardo Fernandes
Professores conteudistas: Ricardo Sussumu Takatori / Evandro Rafael Ascencio de Sousa
Mestre em Controladoria e Contabilidade pela Fecap-SP, economista pela PUC-SP e técnico de Contabilidade pelo
Instituto Monitor-SP. Atuou profissionalmente em empresas privadas dos setores de fabricação de canetas, construção
civil e telecomunicação e informática como especialista na elaboração de projetos econômico-financeiros, e na área
de controladoria, orçamento e custos, ocupando cargo gerencial. Também atuou em empresas estatais de pesquisa e
controle ambiental e gerenciamento de obras no governo do Estado, e junto à Prefeitura, ocupando cargos de gerente
e assessor. Atualmente, é perito judicial na Justiça Civil e do Trabalho e assistente técnico junto a escritórios de advocacias.
É especialista em cálculos judiciais, principalmente na área civil. Ministra diversas disciplinas em cursos de graduação e
pós-graduação em instituições como UNIP, Fecap, Mackenzie, Uninove, Unifai e Unifei.
Mestre em Controladoria e Contabilidade Estratégica pelo Centro Universitário Fecap, graduado em ciências
contábeis pela Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo (Facesp/Fecap) e técnico de Contabilidade pelo EMEFM
Prof. Derville Allegretti-SP. Atuou profissionalmente em empresas privadas dos setores de seguros, transporte de
carga, mercado financeiro e de administração de bens próprios em diversos níveis hierárquicos, sendo o último como
responsável pela tesouraria da empresa. Atualmente, é contador na reitoria do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de São Paulo (IF-SP), responsável por regularizações contábeis e orientações para os diversos Campi dessa
instituição. Coordena o curso de Ciências Contábeis da Universidade Paulista (UNIP), Campus Norte, e ministra diversas
disciplinas na graduação dos cursos de Ciências Contábeis, Administração, Secretariado e Turismo da UNIP. Já lecionou
na graduação nas Instituições Fecap, Ipep e nível médio no Senai.
CDU 336.126
U517.11 – 23
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Profa. Sandra Miessa
Reitora
UNIP EaD
Profa. Elisabete Brihy
Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto
Prof. M. Ivan Daliberto Frugoli
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Material Didático
Comissão editorial:
Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista
Profa. M. Deise Alcantara Carreiro
Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................8
Unidade I
1 NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE APLICADAS AO SETOR PÚBLICO........................ 11
2 SERVIÇO PÚBLICO............................................................................................................................................ 21
2.1 Serviço privativo do Estado............................................................................................................... 21
2.2 Serviços de utilidade pública............................................................................................................ 22
2.2.1 Serviços de utilidade pública por concessão................................................................................ 22
2.2.2 Serviços de utilidade pública por permissão................................................................................ 23
2.2.3 Serviços de utilidade pública mista.................................................................................................. 24
2.3 Autorização.............................................................................................................................................. 24
3 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA........................................................................................................................... 25
3.1 Administração direta............................................................................................................................ 25
3.2 Administração indireta........................................................................................................................ 26
3.2.1 Autarquias.................................................................................................................................................. 26
3.2.2 Entidades paraestatais........................................................................................................................... 28
3.3 Fundos especiais.................................................................................................................................... 32
3.4 Princípios da administração pública.............................................................................................. 33
4 ORGANIZAÇÃO POLÍTICO‑ADMINISTRATIVA BRASILEIRA............................................................... 33
4.1 Organização da administração pública........................................................................................ 34
Unidade II
5 CONTABILIDADE PÚBLICA............................................................................................................................. 40
5.1 Controle nas entidades públicas..................................................................................................... 42
5.1.1 Controle interno....................................................................................................................................... 42
5.1.2 Controle externo...................................................................................................................................... 42
5.2 Regimes contábeis................................................................................................................................ 42
5.3 Exercícios contábeis x exercício social (períodos).................................................................... 43
5.4 Orçamento público............................................................................................................................... 44
5.4.1 Princípios orçamentários...................................................................................................................... 46
5.4.2 Ciclo orçamentário.................................................................................................................................. 48
5.4.3 Elaboração das propostas orçamentárias...................................................................................... 49
5.4.4 Receita pública......................................................................................................................................... 52
6 DESPESAS PÚBLICAS...................................................................................................................................... 61
6.1 Despesa orçamentária ........................................................................................................................ 62
6.1.1 Classificação da despesa orçamentária.......................................................................................... 62
6.1.2 Classificação da despesa orçamentária por natureza............................................................... 64
6.2 Despesa extraorçamentária............................................................................................................... 69
6.3 Créditos adicionais................................................................................................................................ 70
6.3.1 Recursos para a abertura de créditos adicionais........................................................................ 71
6.4 Etapas (estágios) da despesa orçamentária................................................................................ 71
6.4.1 Planejamento............................................................................................................................................ 71
6.4.2 Execução...................................................................................................................................................... 73
6.5 Restos a pagar........................................................................................................................................ 75
Unidade III
7 PLANO DE CONTAS APLICADO AO SETOR PÚBLICO........................................................................... 82
7.1 PCASP......................................................................................................................................................... 83
7.2 Registro/lançamentos contábeis ................................................................................................... 84
8 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS APLICADAS AO SETOR PÚBLICO.................................................. 88
8.1 Balanço orçamentário......................................................................................................................... 89
8.1.1 Quadro principal....................................................................................................................................... 89
8.1.2 Quadro de execução de restos a pagar processados................................................................. 91
8.1.3 Quanto à apuração orçamentária (resultado orçamentário)................................................. 92
8.2 Balanço financeiro................................................................................................................................ 94
8.3 Balanço patrimonial............................................................................................................................. 97
8.3.1 Quadro principal....................................................................................................................................... 97
8.3.2 Quadro dos ativos e passivos financeiros e permanentes....................................................... 99
8.3.3 Quadro das contas de compensação (controle).......................................................................... 99
8.3.4 Quadro do superávit/déficit financeiro.........................................................................................100
8.4 Demonstração das variações patrimoniais...............................................................................101
8.5 Demonstração dos fluxos de caixa...............................................................................................103
8.6 Demonstração das mutações no patrimônio líquido...........................................................106
8.7 Notas explicativas ..............................................................................................................................107
APRESENTAÇÃO
Esta disciplina busca expor e desenvolver o aluno no ramo da ciência contábil que aplica, no
processo gerador de informações, as normas contábeis, por meio de coleta, registro e controle dos
eventos econômicos (atos e fatos) de natureza patrimonial, orçamentária e financeira, evidenciando as
variações e os consequentes resultados, inclusive sociais, nas entidades do setor público.
Proporcionando aos alunos informações relevantes de como as ciências contábeis, por meio das
demonstrações contábeis, fornece, ao gestor público, um apoio aos processos de tomada de decisão e
de prestação de contas.
Partindo do pressuposto que tais entidades do setor público possuem características que as
diferenciam das empresas privadas, entre as quais destacam-se:
A contabilidade aplicada ao setor público dentro dessa visão deve funcionar como um instrumento
gerador de informação para o exercício do controle e da análise dos fatos de natureza orçamentária,
financeira, patrimonial e gerencial, apurando resultados em harmonia com as normas gerais, visando ao
cumprimento dos dispositivos legais e contábeis e ao atendimento dos órgãos fiscalizadores.
• Mostrar a importância que a contabilidade aplicada ao setor público assume no setor econômico,
em função da responsabilidade de demonstrar a situação financeira, econômica e patrimonial das
entidades que o compõem.
• Enfatizar que a contabilidade aplicada ao setor público deve ser um instrumento que visa à
prestação de contas dos serviços prestados pelas entidades públicas, exigindo que os profissionais
renovem seus métodos de trabalho para tornar o processo de tomada de decisões mais eficaz.
De forma específica, a disciplina espera desenvolver com os alunos o necessário para a contabilização
dos eventos econômicos (atos e fatos) decorrentes de ações dos gestores do patrimônio públicos,
evidenciando, por meio das demonstrações e relatórios gerenciais, os resultados orçamentários,
financeiros e patrimoniais em observância à legislação e normas pertinentes.
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Há também o intuito de orientar o aluno em relação às especificidades nesse setor e de como
as ciências contábeis aplicadas ao setor público faz a integração pela natureza da informação dos
diversos sistemas.
INTRODUÇÃO
Olá, aluno!
Imagino que você deva estar, antes de tudo, curioso para saber sobre essa disciplina, assim como
ansioso para começar a estudá-la. Alerto que é uma das áreas mais específicas das ciências contábeis e,
arrisco a dizer, com o maior número de normas a serem seguidas e respeitadas pelo profissional contábil.
Como sabemos, a contabilidade é uma ciência cuja dinâmica e versatilidade demonstra sua
aplicação das mais variadas formas e usos, tanto nas empresas privadas como nas empresas do setor
público, seja sua utilização para fins gerenciais ou, se é que podemos dizer assim, simplesmente para
demandas tributárias.
Dessa forma, podemos dizer que suas aplicações são as mais variadas possíveis, desde o uso por
ambulantes, passando pelas grandes empresas até o uso por governos com suas complexidades. Essa
complexidade deve ser vista em função dessas entidades terem características sociais e comunitárias,
em que o controle deve ser mais intenso por tratar de recursos financeiros públicos.
Diante disso, é importante o aluno ter o conhecimento de como as ciências contábeis são aplicadas no
setor público, pois pode ser que, no futuro, o aluno não atue diretamente nessa área, mas indiretamente,
em algum momento, no setor de sua atuação, ele irá impactar e/ou será impactado pelo setor público.
Nesse contexto, este livro-texto foi elaborado de forma a abordar primeiramente, de maneira
resumida, as normas brasileiras de contabilidade aplicadas ao setor público, elaboradas pelo Conselho
Federal de contabilidade desde a estrutura conceitual para elaboração e divulgação de informação
contábil, passando por questões específicas que compõem e impactam o patrimônio das entidades
do setor público.
Em seguida aborda-se o que são serviços públicos, para esclarecer quais deles são privativos do
Estado e quais são de utilidades públicas, podendo estes serem prestados por outras entidades fora
do setor público e de que forma.
Adiante, é exposto brevemente como funciona a administração pública e quem faz parte desse
universo, assim como a organização político-administrativa brasileira.
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A partir desse ponto, são definidas as questões orçamentárias, como seus princípios, o ciclo de
elaboração e aprovação das propostas até a fiscalização do orçamento aprovado, tendo em vista que
é nessa peça legal que são estabelecidas as receitas públicas por meio de previsão e são fixadas as
despesas públicas.
Por fim, é abordada a utilização de um único plano de contas, de forma a estruturar as contas
por natureza de informação, com a finalidade de padronização entre as entidades do setor público.
É elencado também quais são as demonstrações financeiras que tais entidades são obrigadas a elaborar,
com suas especificidades e quadros auxiliares.
Ao final deste estudo, espera-se que você tenha adquirido habilidades e competências para lidar
com os tópicos apresentados, de forma a interpretar, agir e fazer julgamentos profissionais.
Bom estudo!
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Unidade I
1 NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE APLICADAS AO SETOR PÚBLICO
Nesse sentido, compete ao Conselho Federal de Contabilidade (CFC), entre outras atribuições, editar
as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC), de natureza técnica e profissional, e orientações técnicas
a serem observadas quando da realização das atividades compreendidas na contabilidade.
Assim sendo, a contabilidade aplicada ao setor público tem suas normas referenciadas por tal
entidade, com base na Lei n. 4.320/1964, entre as quais destaca-se os arts. 83 a 89.
As Normas Brasileiras de Contabilidade do Setor Público (NBC TSP), editadas pelo CFC tem por base
o acordo com a International Federation of Accountants (IFAC).
Até o ano de 2022, estava em vigência a 34 NBC TSP, sendo que a NBC T 16.11, que se refere ao
Sistema de Informação de Custos do Setor Público, será revogada pela TSP 34 a partir de 1º/01/2024.
Reitera-se aqui a observação de conferir a vigência e alteração das normas a seguir sintetizadas:
Quadro 1
NBC TSP estrutura Estrutura conceitual para elaboração e divulgação de informação contábil de
conceitual propósito geral pelas entidades do setor público
NBC TSP 01 Receita de transação sem contraprestação
NBC TSP 02 Receita de transação com contraprestação
NBC TSP 03 Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes
NBC TSP 04 Estoques
NBC TSP 05 Contratos de concessão de serviços públicos: concedente
NBC TSP 06 Propriedade para investimento
NBC TSP 07 Ativo imobilizado
NBC TSP 08 Ativo intangível
NBC TSP 09 Redução ao valor recuperável de ativo não gerador de caixa
NBC TSP 10 Redução ao valor recuperável de ativo gerador de caixa
NBC TSP 11 Apresentação das demonstrações contábeis
NBC TSP 12 Demonstração dos fluxos de caixa
NBC TSP 13 Apresentação de informação orçamentária nas demonstrações contábeis
NBC TSP 14 Custos de empréstimos
NBC TSP 15 Benefícios a empregados
NBC TSP 16 Demonstrações contábeis separadas
NBC TSP 17 Demonstrações contábeis consolidadas
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Unidade I
NBC TSP estrutura Estrutura conceitual para elaboração e divulgação de informação contábil de
conceitual propósito geral pelas entidades do setor público
NBC TSP 18 Investimento em coligada e em empreendimento controlado em conjunto
NBC TSP 19 Acordos em conjunto
NBC TSP 20 Divulgação de participações em outras entidades
NBC TSP 21 Combinações no setor público
NBC TSP 22 Divulgação sobre partes relacionadas
NBC TSP 23 Políticas contábeis, mudança de estimativa e retificação de erro
NBC TSP 24 Efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações contábeis
NBC TSP 25 Evento subsequente
NBC TSP 26 Ativo biológico e produto agrícola
NBC TSP 27 Informações por Segmento
NBC TSP 28 Divulgação de Informação Financeira do Setor Governo Geral
NBC TSP 29 Benefícios Sociais
NBC TSP 30 Instrumentos Financeiros: Apresentação
NBC TSP 31 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração
Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração (Contabilidade de Hedge -
NBC TSP 32 Aplicação Residual)
NBC TSP 33 Instrumentos Financeiros: Divulgações
NBC TSP 34 Custos no Setor Público
NBC T 16.11 1.366/11* Sistema de Informação de Custos do Setor Público
* a NBC T 16.11 será revogada pela TSP 34 a partir de 1º/01/2024
Saiba mais
Encontre as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor
Público em:
Disponível em: https://cfc.org.br/. Acesso em: 5 dez. 2022.
Essa norma estabelece os conceitos que devem ser aplicados no desenvolvimento das demais
NBC TSP do CFC, destinadas às entidades do setor público. Além disso, tais conceitos são aplicáveis
à elaboração e à divulgação formal dos Relatórios Contábeis de Propósito Geral das Entidades do
Setor Público (RCPG).
para prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão. Define quem são
os usuários e quem tem prerrogativa de exigir a divulgação das informações que atendam suas
necessidades, assim como aqueles que representam os interesses dos usuários de serviços e
provedores de recursos. A prestação de contas, as necessidades de informação dos usuários
e dos provedores de recursos, quais informações são fornecidas pelos RCPG, o resultado
da prestação dos serviços, informações financeiras e não financeiras prospectivas, informações
explicativas, as demonstrações contábeis e a informação que as aprimore, complemente e
suplemente, assim como as fontes de informação.
• Capítulo 3 – características qualitativas: trata dos atributos que tornam a informação útil
para os usuários e dão suporte ao cumprimento dos objetivos da informação contábil. As características
qualitativas são a relevância, a representação fidedigna, a compreensibilidade, a tempestividade,
a comparabilidade e a verificabilidade. Trata também das restrições inerentes à informação
contida nos RCPG que são a materialidade, o custo-benefício e o alcance do equilíbrio entre as
características qualitativas.
• Capítulo 4 – entidade que reporta a informação contábil: trata das entidades que reportam
informação contábil que são ente governamental ou outra organização, programa ou outra área
identificável de atividade que elabora os RCPG.
• Capítulo 5 – elementos das demonstrações contábeis: trata da definição dos elementos
utilizados nas demonstrações contábeis e fornece explicação adicional acerca dessas definições.
Os elementos aqui definidos são o ativo, passivo, receita, despesa, contribuição dos proprietários
e distribuição aos proprietários. Os elementos correspondem às estruturas básicas a partir das
quais as demonstrações contábeis são elaboradas. Essas estruturas fornecem um ponto inicial
para reconhecer, classificar e agregar dados e atividades econômicas de maneira a fornecer
aos usuários informação que satisfaça aos objetivos e atinja as características qualitativas da
informação contábil.
• Capítulo 6 – reconhecimento nas demonstrações contábeis: identifica os critérios que
devem ser satisfeitos para que um elemento seja reconhecido nas demonstrações contábeis.
É composto de definição de elemento, incerteza quanto à mensuração, evidenciação e reconhecimento
e o não reconhecimento.
• Capítulo 7 – mensuração de ativos e passivos nas demonstrações contábeis: identifica os
conceitos que orientam a seleção das bases de mensuração de ativos e passivos para as NBC TSP
e pelos responsáveis pela elaboração das demonstrações contábeis quando não existirem regramentos
específicos constantes das NBC TSP. Além de detalhar o objetivo da mensuração, as bases de
mensuração e sua seleção tanto para o ativo quanto para o passivo.
• Capítulo 8 – apresentação de informação no relatório contábil de propósito geral das
entidades do setor público: estabelece os conceitos aplicáveis à apresentação da informação
nos RCPG, inclusive nas demonstrações contábeis dos governos e outras entidades do setor
público. Incluindo o idioma, a seleção da informação, a natureza da informação, os princípios
aplicáveis à seleção da informação, a localização da informação e a organização da informação.
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Unidade I
Observação
O objetivo é:
• identificar as circunstâncias nas quais as provisões devam ser reconhecidas, bem como sua forma
de mensuração e evidenciação.
A norma também exige que certas informações acerca dos ativos e passivos contingentes
sejam divulgadas em notas explicativas às demonstrações contábeis, de modo a possibilitar
que os usuários entendam sua natureza, valores e vencimento. Ela traz o alcance, as definições,
reconhecimento, mensuração, reembolso, mudança na provisão, uso de provisão, aplicação das
regras de reconhecimento e mensuração e sua divulgação.
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Determina a forma de contabilização dos contratos de concessão pela ótica da concedente, uma
entidade do setor público. Ela traz o alcance, definições, reconhecimento e mensuração de ativo da
concessão de serviços, reconhecimento e mensuração de passivo, outros passivos, compromissos,
passivos contingentes e ativos contingentes, outras receitas, apresentação e divulgação.
O objetivo é estabelecer o tratamento contábil para ativos imobilizados, de forma que os usuários
das demonstrações contábeis possam discernir a informação sobre o investimento da entidade em
seus ativos imobilizados, bem como suas variações. As principais questões a serem consideradas na
contabilização do ativo imobilizado são:
O objetivo é estabelecer o tratamento contábil dos ativos intangíveis que não são abrangidos
especificamente em outra norma. Essa norma exige que a entidade reconheça o ativo intangível se, e
somente se, os critérios especificados forem atendidos. A norma também especifica como mensurar o
valor contábil dos ativos intangíveis, exigindo divulgações distintas sobre esses ativos.
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Unidade I
O objetivo é estabelecer os procedimentos que a entidade deve aplicar para determinar se o ativo
não gerador de caixa é objeto de redução ao valor recuperável e assegurar que as perdas por redução ao
valor recuperável sejam reconhecidas. Essa norma também especifica quando a entidade deve reverter
tais perdas e estabelece o que precisa ser divulgado.
O objetivo é estabelecer os procedimentos que a entidade deve aplicar para determinar se o ativo
gerador de caixa é objeto de redução ao valor recuperável e assegurar que as perdas por redução ao
valor recuperável sejam reconhecidas. Essa norma também especifica quando a entidade deve reverter
tais perdas e estabelece o que precisa ser divulgado.
O objetivo é estabelecer como as demonstrações contábeis devem ser apresentadas para assegurar
a comparabilidade tanto com as demonstrações contábeis de períodos anteriores da mesma entidade
quanto com as de outras entidades. Para alcançar esse objetivo, essa norma estabelece exigências gerais
para a apresentação das demonstrações contábeis, diretrizes quanto a sua estrutura e as exigências
mínimas para o seu conteúdo. O reconhecimento, a mensuração e a divulgação de transações e outros
eventos específicos são tratados em outras normas.
O objetivo é fornecer informações acerca das alterações históricas de caixa e equivalentes de caixa
da entidade por meio da demonstração dos fluxos do caixa que classifica os fluxos durante o período
em fluxos das atividades operacionais, de investimento e de financiamento. A demonstração dos fluxos
de caixa identifica:
• os itens que geraram desembolsos de caixa durante o período das demonstrações contábeis;
Os fluxos de caixa da entidade são úteis para fornecer aos usuários das demonstrações contábeis
informações para prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão.
A informação dos fluxos de caixa permite aos usuários avaliar como a entidade do setor público obteve
recursos para financiar suas atividades e a maneira como os recursos de caixa foram utilizados.
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Essa norma exige a comparação dos valores orçados com os valores realizados decorrentes da
execução do orçamento, a ser incluída nas demonstrações contábeis das entidades que publicam seu
orçamento aprovado, obrigatória ou voluntariamente e, em razão disto, submetem-se à prestação de
contas e responsabilização (accountability). Essa norma também exige a divulgação das razões das
diferenças materiais entre os valores realizados e os orçados. O atendimento das exigências dessa norma
deve garantir que as entidades do setor público cumpram suas obrigações de prestação de contas e
responsabilização e aprimorem a transparência das suas demonstrações contábeis pela apresentação de:
O objetivo é estabelecer o tratamento contábil dos custos de empréstimos. De modo geral, essa
norma exige o reconhecimento imediato de tais custos no resultado do período. Permite, porém, como
tratamento alternativo, a capitalização dos custos de empréstimos que são diretamente atribuíveis à
aquisição, à construção ou à produção de ativo qualificável.
a) o passivo, quando o empregado prestou o serviço em troca de benefícios a serem pagos no futuro;
• exige que a entidade (controladora) que controle uma ou mais entidades (controladas) apresente
demonstrações contábeis consolidadas;
• estabelece como aplicar o princípio de controle para identificar se a entidade controla outra
entidade e, portanto, deve consolidá-la;
O objetivo é estabelecer critérios para a elaboração e divulgação de informação contábil por entidades
que tenham participação em acordos em conjunto. Para cumprir o objetivo, essa norma define controle
em conjunto e exige que a entidade que seja parte determine o tipo de acordo em conjunto em que está
envolvida pela avaliação dos seus direitos e obrigações e os contabilize conforme esse tipo de acordo.
O objetivo é exigir que a entidade divulgue informações que permitam aos usuários das demonstrações
contábeis avaliar:
• os efeitos dessas participações sobre a sua posição financeira, seu desempenho financeiro e seus
fluxos de caixa.
O objetivo é exigir a divulgação de relacionamentos com partes relacionadas, em que exista o controle e
a divulgação de informações sobre as transações entre a entidade e suas partes relacionadas em certas
circunstâncias. Essas informações são exigidas para fins de prestação de contas e responsabilização
(accountability) e para facilitar uma melhor compreensão da situação patrimonial e de desempenho da
entidade que reporta. As principais questões sobre a divulgação de partes relacionadas são:
• a determinação de qual informação deve ser divulgada a respeito das transações com essas partes.
O objetivo é estabelecer critérios para selecionar e alterar as políticas contábeis, juntamente com:
• as retificações de erros.
Essa norma tem como objetivo melhorar a relevância e a confiabilidade das demonstrações contábeis
da entidade, bem como permitir sua comparabilidade ao longo do tempo com outras entidades.
NBC TSP 24: efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações contábeis
A entidade pode manter atividades em moeda estrangeira de duas formas: realizar transações em
moedas estrangeiras ou possuir operações no exterior. Além disso, a entidade pode apresentar suas
demonstrações contábeis em moeda estrangeira. O objetivo dessa norma é estabelecer como incluir
transações em moeda estrangeira e operações no exterior nas demonstrações contábeis da entidade e
como converter demonstrações contábeis para outra moeda de apresentação.
• quando a entidade deve ajustar suas demonstrações contábeis em razão de eventos subsequentes
à data a que se referem essas demonstrações;
• as informações que a entidade deve divulgar sobre a data de autorização para emissão das
demonstrações contábeis e sobre eventos subsequentes à data dessas demonstrações.
19
Unidade I
Essa norma também exige que a entidade não deve elaborar suas demonstrações contábeis segundo
o pressuposto da continuidade, se os eventos subsequentes à data as demonstrações indicarem que tal
pressuposto não é apropriado.
O objetivo é estabelecer o tratamento contábil e a divulgação das atividades agrícolas e deve ser
aplicada à produção agrícola, assim considerada aquela decorrente da obtenção do produto agrícola dos
ativos biológicos da entidade, somente no momento da obtenção do produto agrícola.
O setor de governo geral (SSG) compreende todas as entidades do governo geral, que compreende a
União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, conforme a definição contida nas bases estatísticas
de relatórios financeiros. A NBC TSP 28 objetiva estabelecer regras de divulgação para o Governo
Federal caso ele escolha apresentar informações sobre o Governo Geral (SGG) em suas demonstrações
contábeis consolidadas.
Benefícios sociais são transferências de caixa concedidas para as famílias e/ou indivíduos específicos
que atendem aos critérios de elegibilidade para mitigar o efeito de riscos sociais e atender, por
consequência, as necessidades da sociedade como um todo.
Esse conjunto de quatro normas tem por objetivo estabelecer princípios para a apresentação de
instrumentos financeiros como passivos ou patrimônio líquido e para compensação de ativos financeiros
e passivos financeiros. Todas elas são complementares entre si. O conjunto de normas estabelecem
as divulgações que possibilitem aos usuários avaliar a relevância dos instrumentos financeiros para
a situação patrimonial e para o resultado da entidade, inclusive a extensão e natureza dos riscos
decorrentes de instrumentos financeiros.
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
A norma tem por objetivo estabelecer diretrizes e padrões a serem observados na implementação
do sistema de custos. Uma norma especial, que trata de critérios para geração da informação de custos,
como instrumento de governança pública, e aponta para o importante papel do gestor na adoção efetiva
de modelos de gerenciamento de custos. O sistema de custos é importante pois conceder apoio da
alta administração é indispensável para implementar modelo de gerenciamento de custos que propicie
a utilização da informação de custos como ferramenta de auxílio aos processos de planejamento,
tomada de decisão, monitoramento, avaliação de desempenho, transparência, prestação de contas
e responsabilização.
2 SERVIÇO PÚBLICO
O conceito de serviço público não é estático, sofre transformações no tempo e no espaço, de acordo
com a dinâmica do contexto social, político e econômico em que se insere.
Diante desse contexto, podemos considerar os serviços públicos como sendo o conjunto de bens e
serviços que são exercidos ou colocados à disposição da coletividade, visando atender ao maior grau
de bem-estar social ou da prosperidade pública. Sendo eles todos aqueles prestados pelo Estado ou
delegados por ele sob condições impostas e fixadas.
Consideraremos então, para nossos estudos, que serviço público é aquele que a administração
pública presta à comunidade porque reconhece a sua essencialidade para a sobrevivência do grupo
social e do próprio Estado.
• Serviços de natureza essencial: conhecidos por serviços públicos no sentido restrito (prestados
exclusivamente pelo Estado), são impedidos de serem transferidos.
• Serviços de natureza secundária: são serviços relevantes à sociedade, de utilidade pública,
considerados não essenciais, e permitidos serem transferidos a terceiros.
São serviços públicos que por sua natureza exigem centralização, são prestados pelas próprias
repartições públicas da administração direta e são de competência exclusiva do Estado.
São os que a administração, reconhecendo sua conveniência (não essencialidade, nem necessidade)
para os membros da coletividade, presta diretamente ou concede que sejam prestados por terceiros,
nas condições regulamentadas e sob seu controle, mas por conta e risco dos prestadores, mediante
remuneração.
• Energia elétrica.
• Telefonia.
• Água.
• Gás.
• Transporte público.
Esses serviços, quando não prestados pelo Estado, serão prestados por meio de concessão e permissão e
são regulamentados pela Lei n. 8.987/95.
A concessão é um procedimento pelo qual uma pessoa de direito público (autoridade concedente)
autoriza uma pessoa física ou jurídica (concessionário) por delegação contratual de explorar um
serviço público. Em contrapartida, o concessionário deve sujeitar-se a certas obrigações impostas
pelo poder público.
A concessão é um ato que deve ser amparado por autorização legislativa e as condições dos serviços
são fixadas no edital de concorrências.
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Fica o poder público responsável por fiscalizar, regulamentar e, havendo a necessidade, intervir e
retomar o serviço.
• Transporte coletivo.
• Energia elétrica.
• Telefonia.
• Radiodifusão.
A remuneração da prestação de serviços por concessão ocorre por meio do sistema de tarifas pagas
pelos usuários dos serviços.
Lembrete
Permissão é o procedimento pelo qual uma pessoa de direito público (autoridade permitente) autoriza
uma pessoa física ou jurídica (permissionário), por delegação a título precário, a prestar obras e serviços
podendo ser outorgada de forma gratuita ou remunerada e atendendo as condições estabelecidas
pelo poder público.
23
Unidade I
Prestação de serviço mista é aquela prestada pela administração de Estado e que pode também ser
executada por pessoa física ou jurídica de caráter privado ao mesmo tempo. Trata-se de serviço público
não vedado à iniciativa privada e, portanto, desnecessária sua delegação.
Isso acontece em função de Leis que atribuem certos direitos aos cidadãos e obrigações ao Estado,
não vedando a execução de tais serviços a pessoas físicas e/ou jurídicas de direito privado.
Os serviços de utilidade pública mista podem ser prestados pelo poder público e pelas pessoas físicas
ou jurídicas, independentemente de delegação. Exemplos:
• saúde;
• educação;
• seguro e previdência.
2.3 Autorização
A autorização é ato administrativo discricionário e precário pelo qual a administração consente que
o indivíduo desempenhe atividade de seu exclusivo ou predominante interesse, não se caracterizando a
atividade como serviço público.
É outorgada de forma remunerada, despida de natureza contratual e não está sujeita à licitação.
Lembrete
O processo de concessão do transporte público somente pode ser explorado por pessoa jurídica.
Ele é concedido por meio de processo licitatório, no qual as empresas pagam pelo direito de explorar a
atividade por determinado período, e o poder público as remunera por esse serviço.
Existe uma tarifa que o ente público paga por passageiro transportado – não se esqueça de que
existem várias tarifas para a população: passagem normal, para aposentados, para desempregados
24
CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
e para estudantes. Cada tarifa real independe do tipo de passageiro, e a diferenciação é subsidiada
pelo poder público.
Observação
3 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Administração pública é gerir os serviços públicos; significa não só prestar serviços, executá‑los, como
também, dirigir, governar, exercer a vontade com o objetivo de obter um resultado útil (MELLO, 1979).
Dessa forma, podemos dizer que a administração pública é o conjunto das normas, leis e funções
desempenhadas para organizar a administração do Estado em todas as suas instâncias, objetivando a
realização de seus serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas.
A administração direta ou centralizada tem a estrutura de uma pirâmide e no seu ponto mais alto
encontra‑se a presidência – no âmbito federal –, que do topo dirige todos os serviços.
Utilizando como exemplo o âmbito federal, a administração direta é integrada pelo gabinete
do presidente, ministérios e demais órgãos auxiliares previstos em lei federal, à qual foi atribuída a
competência para o exercício, de forma centralizada, das atividades administrativas do Estado. Compõem,
ainda, a administração direta, o Congresso Nacional e o Tribunal de Contas.
Muitas vezes, para um melhor desempenho das funções estatais, procede‑se a uma descentralização
de competências, outorgando‑se funções a pessoas jurídicas diversas do ente estatal, que permanecerão
vinculadas a esse (não subordinadas), para efeitos de controle e avaliação de desempenho. São as
chamadas pessoas meramente administrativas, pois não possuem poder político, como os entes estatais,
desempenhando apenas funções administrativas, para uma melhor eficiência do aparelho do Estado.
As administrativas podem ser de quatro tipos: autarquias, fundações públicas, empresas públicas e
sociedades de economia mista.
3.2.1 Autarquias
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público criadas para desempenhar descentralizadamente
atividades típicas de Estado, outorgadas (e não delegadas) pelo ente estatal para seu melhor desempenho.
São regidas pelo direito público justamente por desempenharem funções típicas de Estado, como saúde,
educação, previdência social etc.
À autarquia, geralmente, são indicados serviços que requeiram maior especialização e, consequentemente,
organização adequada, autonomia de gestão e pessoal técnico especializado.
As autarquias não visam ao lucro e são criadas diretamente por lei específica, não sendo necessário
o registro de seus atos constitutivos em órgão de registro de pessoas jurídicas. Possuem autonomia
administrativa e patrimônio próprio.
Sendo autônomas, não há subordinação entre as autarquias e o ente estatal, ao qual se vinculam
apenas para efeito do controle finalístico, por meio do qual a administração direta verifica o cumprimento
das funções que lhes foram atribuídas (poder de tutela administrativa). Tal característica é inerente
também às demais entidades da administração indireta.
26
CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Por serem pessoas de direito público, possuem imunidade tributária em relação a impostos sobre
patrimônio, renda ou serviços, desde que vinculados às suas atividades essenciais, e os mesmos
privilégios processuais atribuídos aos entes políticos, como o recurso de ofício, o prazo em dobro para
recorrer e o prazo em quádruplo para contestar. Além disso, seus bens são considerados públicos, sendo
impenhoráveis e imprescritíveis.
As causas em que as autarquias federais são partes serão julgadas pela Justiça Federal, exceto
as de acidentes de trabalho (Justiça Estadual) e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho
(art. 109, I, CF/88). No caso de autarquias estaduais ou municipais, a competência é da Justiça Estadual.
O pessoal das autarquias é, geralmente, estatutário, sendo as relações de trabalho julgadas pela
Justiça Federal (se for uma autarquia federal). Usamos a expressão “geralmente”, pois atualmente a lei
permite a criação de empregos públicos (CLT) na administração direta, autárquica e fundacional.
Exemplos de autarquias:
• Autarquia previdenciária:
• Autarquias profissionais:
• Autarquias industriais:
• Autarquias especiais:
27
Unidade I
— Universidade de Campinas.
• Autarquias educacionais:
— Faculdades isoladas.
Algumas autarquias são consideradas autarquias em regime especial. São aquelas a quem a lei
instituidora confere privilégios específicos e aumenta sua autonomia em relação às autarquias comuns.
São exemplos o Banco Central e as agências reguladoras.
As agências reguladoras são autarquias de regime especial, criadas para regular certo setor da
atividade econômica ou administrativa (exemplo: Anatel, Anvisa, ANS etc.). Entre os privilégios
conferidos às agências reguladoras, citamos o mandato fixo de seus dirigentes, a autonomia financeira
e o poder normativo.
São constituídas na forma de pessoas jurídicas de direito privado, cuja criação é autorizada por lei,
com patrimônio público e misto, para a realização de atividades, obras ou serviços de interesse coletivo,
sob normas e controle do Estado.
Exemplos:
• Empresas públicas.
• Fundações.
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
• a organização depende de autorização legislativa, mas obedece às normas das pessoas jurídicas
de direito privado;
• regem‑se por seus estatutos ou contratos sociais, registrados na Junta Comercial ou Registro Civil,
conforme a natureza dos seus objetivos;
• o patrimônio dessas entidades pode ser constituído por recursos do poder público, de particulares,
ou por ambos os recursos conjugados;
• a administração de tais entidades varia conforme o tipo e modalidade que a lei determinar, sendo
possível a direção unipessoal ou colegiada, com ou sem elementos do Estado;
• não possuem privilégios tributários ou processuais, a não ser que sejam especialmente
concedidos por lei;
Empresas públicas
Entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital
exclusivamente governamental, com criação autorizada por lei para a exploração de atividade
econômica ou industrial à qual o governo é levado a exercer por força de contingência ou conveniência
administrativa. Exemplos:
• Federal:
— Casa da Moeda.
• Estadual:
• Municipal:
Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio, criação
autorizada por lei para exploração de atividades econômica ou de serviço, com participação do poder
público e de particulares no seu capital e na sua administração.
• Federal:
— Banco do Brasil.
— Petrobras.
• Estadual:
• Municipal:
Fundações
As fundações instituídas pelo poder público são entidades dotadas de personalidade jurídica de
direito privado, com patrimônio próprio, criação autorizada por lei, escritura pública e estatuto registrado
e inscrito no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, com objetivos de interesse coletivo, geralmente de
educação, ensino, pesquisa, assistência social etc., com personificação de bens públicos, sob o amparo e
controle permanente do Estado.
• Federal:
• Estadual:
São aqueles autorizados por lei, com personalidade de direito privado, com patrimônio próprio e
administração particular, com finalidade específica de assistência ou ensino a certas categorias sociais
ou determinadas categorias profissionais, sem fins lucrativos:
Agências executivas
Poderão ser qualificadas pelo poder público como agências executivas as autarquias e fundações
que celebrem com ele contrato de gestão, obtendo maior autonomia administrativa e financeira, em
troca do compromisso de atingir certas metas de desempenho e do aumento da responsabilidade de
seus administradores.
As agências executivas, assim como as agências reguladoras, não são um novo tipo de entidade da
administração indireta. Trata‑se apenas de autarquias ou fundações que receberam uma qualificação
especial, para o melhor cumprimento de sua missão.
Ressalte‑se que não é o contrato de gestão que concede privilégios às agências executivas.
Estes devem ser previstos em lei, em atendimento ao Princípio da Legalidade. O contrato de gestão
apenas define quais entidades poderão ser enquadradas como agências executivas, usufruindo dos
privilégios legais.
31
Unidade I
Os fundos especiais são um conjunto de recursos, previamente definidos na sua lei de criação ou
em outro ato legal, destinados exclusivamente ao desenvolvimento ou à consolidação de atividades
públicas devidamente caracterizadas. Exemplos:
Fundos especiais de despesa são aqueles cujas receitas se vinculam à realização de objetivos ou
serviços de diversos órgãos ou unidades administrativas. Não possuem personalidade jurídica.
As receitas que mais têm sido utilizadas são: receita patrimonial, receita agropecuária, receita de
serviços, receita industrial, juros e depósitos bancários, transferências correntes etc.
Fundos especiais de financiamento (rotativos) são aqueles cujas receitas se vinculam à execução
de programas de empréstimo e financiamento a entidades públicas ou privadas, sem personalidade
jurídica, que, geralmente, devem ser administradas por uma instituição financeira oficial ou vinculada
à administração pública.
• Juros bancários.
• Receitas diversas.
• Transferência de capital.
32
CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Observação
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 37, define que a administração pública direta e indireta
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
seguintes princípios:
• Legalidade: significa a qualidade de algo que está de acordo com as normas do direito positivo,
isto é, de acordo com as normas regulares escritas.
• Impessoalidade: indica que as ações da administração pública atendam o interesse público e não
o dos seus agentes, e que não haja imputação do mérito a eles, mas aos órgãos ou entidades.
• Moralidade: exige que as ações dos administradores públicos, dos agentes governamentais, sejam
realizadas de forma a não contrariar o que a sociedade acredita que deva ser respeitado, ainda que
a norma escrita não diga a mesma coisa. Em outras palavras, a atuação da administração pública
não pode contrariar a lei, mas nem a moral, a honestidade, a lealdade, enfim, os bons costumes.
O Brasil, consoante dispositivo inserido no primeiro artigo da Constituição Federal de 1988, define‑se
como Estado Federal, através do seguinte texto:
33
Unidade I
Verifica‑se pela expressão textual do artigo constitucional que a União constitui‑se em pessoa de
direito público interno, autônoma em relação aos estados, tendo por missão o exercício das prerrogativas
da soberania do Estado brasileiro, pois se configura como entidade federal resultante da reunião dos
estados‑membros, municípios e do Distrito Federal.
Função Função
normativa executiva
Função
jurisdicional
• Executivo:
— Prefeito e secretários.
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
• Legislativo:
— Assembleia Legislativa.
• Judiciário:
— Tribunais estaduais.
No Brasil, além do presidencialismo puro, há o Poder Legislativo bicameral, ou seja, há duas casas
políticas – a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.
Sua composição obedece à Constituição da seguinte forma: na Câmara dos Deputados há número
proporcional à população de eleitores; quanto maior o número de eleitores, mais deputados federais
terá o estado. No Senado Federal, são fixados três senadores por unidade federativa.
Saiba mais
Observação
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Unidade I
Resumo
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Exercícios
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: os gastos com amortização da dívida são classificados dessa forma e não se constitui
inversão financeira.
C) Alternativa correta.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: os juros e encargos da dívida pública não se constituem inversão financeira porque o
desembolso feito pelo poder público não tem como finalidade adquirir bens imóveis ou de capital que
já são utilizados pelo Estado.
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Unidade I
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: a aquisição de imóveis que não são utilizados previamente pelo poder público não se
caracteriza como inversão financeira.
Questão 2. O processo de accountability pode ser divido em duas esferas maiores de ação, horizontal
e vertical. Estão ligadas ou são instrumentos de accountability horizontal e vertical, respectivamente:
I – Referendo e TCM.
A) I, II e V.
B) I, III e V.
D) I, III e IV.
E) III, IV e V.
I – Afirmativa incorreta.
II – Afirmativa incorreta.
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
IV – Afirmativa correta.
V – Afirmativa correta.
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