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Unidade II
5 CONTABILIDADE PÚBLICA
Utilizando os dispositivos da Lei n. 4.320/1964 – Título IX, que trata de contabilidade pública, podemos
dizer que a contabilidade pública é o ramo da contabilidade geral que registra e controla os atos e fatos
da administração pública em todos os seus níveis, demonstra o patrimônio público e suas variações, bem
como o responsável pela elaboração dos relatórios exigidos pela mesma lei para a prestação de contas
da execução do orçamento.
Dessa forma, uma definição que pode ser dada é que a contabilidade pública é o ramo da ciência
contábil que aplica os princípios e as normas contábeis no processo de geração, elaboração e divulgação
de informações direcionados à gestão de entidades públicas.
Então temos que o objetivo da contabilidade aplicada ao setor público é fornecer aos usuários
informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica,
financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo de
tomada de decisão, à adequada prestação de contas e ao necessário suporte para a instrumentalização
do controle social.
Como ciência, a contabilidade tem como objeto de estudo o patrimônio e, no caso da contabilidade
pública, o patrimônio público.
De acordo com o Manual de contabilidade aplicada ao setor público (BRASIL, 2018), o patrimônio
público é o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados,
produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público, que seja portador e
represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à
exploração econômica por entidades do setor público e suas obrigações.
Corroborando com a ideia de que bens fazem parte do patrimônio público, faz-se necessária uma
distinção para um melhor entendimento e classificação no setor público, os quais são:
• Bens móveis: são aqueles bens que têm existência material e que podem ser transportados
sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. São exemplos de bens móveis
as máquinas, aparelhos, equipamentos, ferramentas, bens de informática, móveis e utensílios,
materiais culturais, educacionais, veículos, bens móveis em andamento, dentre outros.
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
• Bens imóveis: são os bens vinculados ao terreno (solo) que não podem ser retirados sem destruição
ou danos. São exemplos desse tipo de bem os imóveis residenciais, comerciais, edifícios, terrenos,
aeroportos, pontes, viadutos, obras em andamento, hospitais, entre outros.
Esses bens imóveis por sua vez têm sua definição pela Lei n. 10.406/2002, Código Civil, como sendo
todos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno.
• Bens de uso comum do povo: são aqueles que a comunidade utiliza diretamente e sem
intermediário. Por exemplo: praças, ruas, parques, rios etc. Não são contabilizáveis. Não são
inventariados e não podem ser alienados. Somente sofrerão lançamentos orçamentários e
financeiros na conta de investimentos.
• Bens de uso especiais: são para uso do público, porém há necessidade de alguém para tornar
isso possível. Por exemplo: biblioteca, escola, creche etc. São utilizados para o Estado prestar um
serviço público. São contabilizados, ou seja, sofrem lançamentos orçamentários e financeiros na
conta de Investimentos além de lançamentos patrimoniais. Devem ser objeto de registro de imóvel
em nome da Instituição, tendo obrigatoriamente a afetação da área pública e seu respectivo
registro. Via de regra, são inalienáveis.
• Bens dominicais (dominiais): são os bens sobre os quais o Estado tem a posse e o domínio. Por
exemplo: bens destinados à reforma agrária, armazéns, glebas, casas, apartamentos, terrenos,
lojas. Podem ser utilizados para qualquer fim. Estão sujeitos à contabilização. São inventariados.
Podem ser alienados conforme a Lei e podem produzir rendas.
Para os demais itens que compõem o patrimônio público (os direitos e as obrigações) não há a
necessidade de um detalhamento ou caracterização específica para o setor público, uma vez que para
esses itens patrimoniais a contabilidade aplicada ao setor público se equipara à contabilidade aplicada
aos demais setores.
Reforçando que a contabilidade aplicada ao setor público tem por objetivo evidenciar a situação
econômica, financeira e patrimonial de todos que, de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem
despesas, administrem ou guardem patrimônio público pertencentes ou confiados às entidades públicas de
forma a permitir, entre outras coisas, o controle sobre a administração pública.
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Unidade II
O controle tem a finalidade de garantir que os agentes públicos estejam exercendo a função
administrativa de acordo com os princípios e normas contábeis.
No controle interno nas entidades de direito público, ressalvadas as competências dos Tribunais de
Contas ou órgãos equivalentes, a tomada de contas dos agentes responsáveis por bens ou dinheiros
públicos é realizada com base nos serviços de contabilidade por meio dos Relatórios Contábeis de
Propósito Geral (RCPG) com o objetivo de garantir o cumprimento das normas e comprovar a legalidade dos
atos da administração, bem como avaliar os resultados quanto à eficiência e à eficácia dos atos.
O controle externo é exercido de várias formas, diretamente pela sociedade, por meio do
acompanhamento de obras e serviços, e/ou indiretamente, pela promotoria pública ou pelo poder
legislativo. As fiscalizações contábil, financeira e orçamentária serão exercidas pelo Congresso Nacional;
na União, terá como órgão auxiliar, quando das fiscalizações contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, o Tribunal de Contas da União, nos termos da Carta Constitucional.
Nos estados e nos municípios, os Poderes Legislativos têm como órgãos auxiliares para tal tarefa os
Tribunais de Contas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e suas atribuições, no que couber,
o que nesses artigos estiver disposto, cabendo à Constituição dos Estados e do Distrito Federal e à Lei
Orgânica dos Municípios disporem sobre os respectivos Tribunais.
A contabilidade aplicada ao setor público, assim como qualquer outro ramo da ciência contábil,
obedece aos princípios fundamentais de contabilidade, em que se aplica o princípio da competência em
sua integralidade, ou seja, tanto na receita quanto na despesa.
Porém, durante muito tempo, foi possível encontrar na literatura disponível que o regime contábil
utilizado para contabilidade aplicada ao setor público era o regime misto, que preconizava o regime de
competência para as despesas e o regime de caixa para a receita.
Tal interpretação foi baseada no art. 35 da Lei 4.320/1964, que apresenta a seguinte redação:
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Na verdade, o art. 35 refere-se ao regime orçamentário e não ao regime contábil, pois a contabilidade
é tratada em título específico, no qual determina-se que as variações patrimoniais devem ser evidenciadas,
sejam elas independentes ou resultantes da execução orçamentária.
Se analisarmos o enfoque patrimonial, devemos observar o art. 85 da Lei n. 4.320/1964, que diz:
Observa-se que, além do registro dos fatos ligados à execução orçamentária, exige-se a evidenciação
dos fatos ligados à administração financeira e patrimonial, exigindo que os fatos modificativos sejam
levados à conta de resultado e que as informações contábeis permitam o conhecimento da composição
patrimonial e dos resultados econômicos e financeiros de determinado exercício.
Portanto, com o objetivo de evidenciar o impacto orçamentário que será demonstrado no balanço
orçamentário, deve-se respeitar o exigido pelo art. 35 da Lei n. 4.320/1964, ou seja, utilizar o regime de
caixa para as receitas e o regime de competência para as despesas.
Na contabilidade, é comum usar o termo exercício social que diz respeito ao período em que as
empresas devem elaborar as suas demonstrações contábeis que, normalmente, tem duração de um ano
(12 meses) e, em geral, coincide com o ano civil (entre 1º de janeiro e 31 de dezembro).
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Unidade II
Tal definição, que talvez seja a que melhor retrate esse instrumento, direciona os atos que o governo
deverá implementar para que possa cumprir as suas atividades administrativas.
Por tratar-se de uma imposição legal, tendo em vista que sua exigência está descrita na forma da
lei, podemos chegar à conclusão que o orçamento público representa um instrumento gerencial de
administração pública, que visa atender as necessidades da sociedade em um determinado período,
levando em consideração as ações da gestão pública.
O planejamento do orçamento público é feito pela administração pública por meio de planos e
programas de trabalho por ela desenvolvidos pela planificação das receitas a serem obtidas e pelas
despesas a serem efetuados, objetivando a continuidade e a melhoria quantitativa e qualitativa dos
serviços prestados à sociedade.
Observação
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Observa-se que por meio dessa classificação, evidencia-se como a administração pública está
efetuando os gastos para atingir determinados fins.
A fundamentação legal para o orçamento público está disposta nas seguintes legislações:
• Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988, nos seus arts. 165 a 169 sob o
título “Orçamentos”.
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Tais princípios orçamentários visam estabelecer regras básicas, a fim de conferir racionalidade,
eficiência e transparência aos processos de elaboração, execução e controle do orçamento público.
Esses princípios são válidos para todos os Poderes e para todos os entes federativos - União, estados,
Distrito Federal e municípios –, e são estabelecidos e disciplinados tanto por normas constitucionais e
infraconstitucionais quanto pela doutrina (BRASIL, 2018).
Os princípios que integram o Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público (BRASIL, 2018) e
cuja existência e aplicação derivam de normas jurídicas, são os seguintes:
Unidade ou totalidade
Previsto no caput do art. 2º da Lei n. 4.320/1964, determina existência de orçamento único para cada
um dos entes federados – União, estados, Distrito Federal e municípios – com a finalidade de se evitarem
múltiplos orçamentos paralelos dentro da mesma pessoa política.
Dessa forma, todas as receitas previstas e despesas fixadas, em cada exercício financeiro, devem
integrar um único documento legal dentro de cada esfera federativa. Esse documento é a Lei
Orçamentária Anual (LOA).
Universalidade
Anualidade ou periodicidade
Descrito pelo caput do art. 2º da Lei n. 4.320/1964, delimita o exercício financeiro orçamentário
que consiste no período no qual a previsão das receitas e a fixação das despesas registradas na LOA
irão se referir.
Segundo o art. 34 da Lei n. 4.320/1964, o exercício financeiro coincidirá com o ano civil, ou seja, de
1º de janeiro a 31 de dezembro de cada ano.
Exclusividade
Previsto no § 8º do art. 165 da Constituição Federal, estabelece que a LOA não conterá dispositivo
estranho à previsão da receita e à fixação da despesa. Ressalvam-se dessa proibição a autorização para
abertura de crédito suplementar e a contratação de operações de crédito, nos termos da lei.
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Orçamento bruto
Previsto pelo art. 6º da Lei n. 4.320/ 1964, obriga registrarem-se receitas e despesas na LOA pelo valor
total e bruto, vedadas quaisquer deduções.
Legalidade
I – o plano plurianual;
II – as diretrizes orçamentárias;
Publicidade
Transparência
Aplica-se também ao orçamento público, pelas disposições contidas nos arts. 48, 48-A e 49 da
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que determina ao governo, por exemplo: divulgar o orçamento
público de forma ampla à sociedade; publicar relatórios sobre a execução orçamentária e a gestão fiscal;
disponibilizar, para qualquer pessoa, informações sobre a arrecadação da receita e a execução da despesa.
Todas as receitas orçamentárias devem ser recolhidas no Caixa Único do Tesouro, sem qualquer
vinculação em termos de destinação.
O inciso IV do art. 167 da CF/1988 veda vinculação da receita de impostos a órgão, fundo ou despesa,
salvo exceções estabelecidas pela própria Constituição Federal.
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O ciclo orçamentário pode ser entendido como um processo contínuo, dinâmico e flexível, por
meio do qual se elabora, aprova, executa, controla e avalia os programas do setor público nos aspectos
físico e financeiro referentes ao período de tempo em que se processam as atividades típicas do
orçamento público.
Faz-se necessário ressaltar que o ciclo orçamentário não se confunde com o exercício financeiro.
Este, na realidade, é o período durante o qual se executa o orçamento, correspondendo, portanto, a
uma das fases do ciclo orçamentário. O ciclo orçamentário é um período muito maior, iniciando com o
processo de elaboração do orçamento, passando pela execução e encerramento com o controle.
Na opinião de Peixoto e Tiburcio (2016), o ciclo orçamentário deve ser entendido como um processo
dinâmico e contínuo, com várias etapas articuladas entre si, por meio das quais sucessivos orçamentos
são discutidos, elaborados, aprovados, executados, avaliados e julgados. Esse ciclo tem início com a
elaboração do Plano Plurianual (PPA) e se encerra com o julgamento da última prestação de contas do
Poder Executivo pelo Poder Legislativo.
Elaboração
Execução
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A maioria dos autores adota como fases do ciclo orçamentário as seguintes: elaboração, apreciação
legislativa, execução e acompanhamento, controle e avaliação, quando, então, se inicia o ciclo seguinte.
Cabe ressaltar que essas fases devem ser aplicadas a cada exercício financeiro.
Lembrete
O modelo orçamentário para a gestão do dinheiro público no Brasil possui como base o art. 165
da Constituição Federal de 1988, como inclusive já descrito no princípio da legalidade. Esse modelo é
aplicado a todos os poderes (executivo, legislativo e judiciário) e nas três esferas de governo (Federal,
estadual/distrital e municipal) e se divide como a seguir.
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Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem ser
incluído no PPA.
A vigência de cada PPA inicia no segundo ano de mandato presidencial, terminando ao fim do
primeiro ano do mandato seguinte. Sempre que necessário, o Executivo pode enviar projetos de revisão
do PPA em vigor.
O projeto de LDO tem a finalidade de nortear a elaboração dos orçamentos anuais, compreendidos
aqui o orçamento fiscal, o orçamento de investimentos das empresas e o orçamento da seguridade
social, de forma a adequá-los às diretrizes, objetivos e metas da administração pública, estabelecidas no
plano plurianual.
A LOA é o orçamento propriamente dito, uma lei que estima as receitas e fixa as despesas públicas
para o período de um exercício financeiro.
Saiba mais
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Créditos adicionais
Como em todo planejamento, o momento de sua execução pode exigir adaptações e ajustes por
situações subdimensionadas ou imprevistas. Para isso que existem os créditos adicionais ao orçamento.
Esses créditos são autorizações de despesa não computadas ou insuficientemente dotadas na LOA e,
uma vez aprovados, incorporam-se ao orçamento do exercício.
Discussão, votação
Elaboração Execução Avaliação
e aprovação
Discussão, votação e
Elaboração da PPA aprovação da PPA
Discussão, votação e
Elaboração da LOA aprovação da LOA
Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO)
Regras para elaborar e executar o Estima as receitas e programa as
Define estratégias, diretrizes e orçamento do ano seguinte
metas da administração pública despesas de cada ano de acordo
para o período de quatro anos Define prioridades e metas do com as prioridades do PPA e as
governo regras estabelecidas pela LDO
Plano Plurianual Lei Orçamentária
(PPA) Anual (LOA)
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Unidade II
Saiba mais
Receita pública constitui-se em todo recurso obtido pelo Estado para atender às despesas públicas,
ou seja, configura tudo que entra aos cofres públicos para fazer face aos dispêndios (despesas).
Ela é representada pelos ingressos ou embolsos (fontes/origens) de recursos financeiros que serão
aplicados na aquisição de bens e serviços, visando a prestação de serviços públicos à coletividade.
Segundo o MCASP (BRASIL, 2018), para fins contábeis, quanto ao impacto na situação patrimonial
líquida, a receita pode ser efetiva ou não efetiva, sendo:
a) Receita orçamentária efetiva aquela em que os ingressos de disponibilidade de recursos não foram
precedidos de registro de reconhecimento do direito e não constituem obrigações correspondentes.
b) Receita orçamentária não efetiva é aquela em que os ingressos de disponibilidades de recursos foram
precedidos de registro do reconhecimento do direito ou constituem obrigações correspondentes,
como é o caso das operações de crédito.
Ainda segundo o MCASP (BRASIL, 2018), para fins orçamentários as receitas públicas se
desdobram em receitas orçamentárias, quando representam disponibilidades de recursos, e ingressos
extraorçamentários, quando significam entradas compensatórias.
Ingressos
extraorçamentários
Ingresso de valores
nos cofres públicos
Receitas
orçamentárias
Figura 5
Essa subdivisão leva em consideração a relação que a Receita tem em referência à participação no
orçamento. Portanto, de maneira geral, podemos verificar que, pela própria nomenclatura, uma das
divisões será contemplada no orçamento (prevista na LOA) enquanto a outra não estará descrita no
orçamento (não prevista na LOA).
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Lembrete
São disponibilidades de recursos financeiros que ingressam durante o exercício e que aumentam o
saldo financeiro da instituição. Essas receitas pertencem ao Estado, transitam pelo patrimônio do poder
público e, geralmente, por força do princípio orçamentário da universalidade, estão previstas na LOA.
Nesse contexto, embora haja obrigatoriedade de a LOA registrar a previsão de arrecadação, a mera
ausência formal do registro dessa previsão, no citado documento legal, não lhes retira o caráter de
orçamentárias, haja visto o art. 57 da Lei n. 4.320, de 1964, determinar classificar-se como receita
orçamentária toda receita arrecadada que porventura represente ingressos financeiros orçamentários,
inclusive se provenientes de operações de crédito, exceto: operações de crédito por antecipação de
receita (ARO), emissões de papel moeda e outras entradas compensatórias no ativo e passivo financeiros.
• natureza;
• fonte/destinação de recursos;
Essas receitas também podem ser classificadas quanto à procedência em originárias e derivadas.
Porém, essa classificação possui uso acadêmico e não é normatizada; portanto, não é utilizada como
classificador oficial da receita pelo poder público.
Receitas públicas originárias seriam aquelas arrecadadas por meio da exploração de atividades
econômicas pela administração pública. Resultariam de rendas do patrimônio mobiliário e imobiliário
do Estado (Ex.: venda de produtos e renda com aluguéis).
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Unidade II
Receitas públicas derivadas seriam as receitas obtidas pelo poder público por meio da soberania
estatal. Decorreriam de imposição constitucional ou legal e, por isso, auferidas de forma impositiva (Ex.:
as receitas tributárias e as de contribuições especiais).
Essa estrutura de códigos está disposta de forma a proporcionar extração de informações imediatas,
a fim de prover celeridade, simplicidade e transparência, sem a necessidade de qualquer procedimento
paralelo para concatenar dados.
C O E DDDD T
Categoria Desdobramento para identificação
Origem Espécie Tipo
econômica de peculiaridades da receita
Quando, por exemplo, o imposto de renda de pessoa física é recolhido, aloca-se a receita pública
correspondente na natureza de receita código “1.1.1.3.01.1.1“, segundo o esquema a seguir:
Categoria econômica
Origem
Espécie
Desdobramento para
identificação de peculiaridades
Tipo
1 1 1 3.01.1 1
Principal
Imposto sobre a renda de pessoa física - IRPF
Impostos
Impostos, taxas e contribuições de melhoria
Receita corrente
Figura 6
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Categoria econômica
Receitas de operações intraorçamentárias são aquelas realizadas entre órgãos e demais entidades
da administração pública integrantes do orçamento fiscal e do orçamento da seguridade social do
mesmo ente federativo; por isso, não representam novas entradas de recursos nos cofres públicos
do ente, apenas movimentação de receitas entre seus órgãos.
Dessa forma, a fim de se evitar a dupla contagem dos valores financeiros objeto de operações
intraorçamentárias na consolidação das contas públicas, a Portaria Interministerial STN/SOF
n. 338/2006 incluiu as receitas correntes intraorçamentárias e receitas de capital intraorçamentárias,
representadas, respectivamente, pelos códigos 7 e 8 em suas categorias econômicas. Essas
classificações, segundo disposto pela Portaria que as criou, não constituem novas categorias
econômicas de receita, apenas especificações das categorias econômicas receita corrente e
receita de capital.
Origem da receita
A origem é o detalhamento das categorias econômicas receitas correntes e receitas de capital, com
vistas a identificar a procedência das receitas quando ingressam nos cofres públicos.
Os códigos da origem para as receitas correntes e de capital, de acordo com a Lei n. 4.320/1964,
são:
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Unidade II
6. Receita de serviço
7. Transferências correntes
Receita industrial é proveniente de atividades industriais exercidas pelo ente público, tais como a
extração e o beneficiamento de matérias-primas, a produção e a comercialização de bens relacionados
às indústrias mecânica, química e de transformação em geral.
Receita de serviços decorre da prestação de serviços por parte do ente público, tais como comércio,
transporte, comunicação, serviços hospitalares, armazenagem, serviços recreativos, culturais etc. Tais serviços
são remunerados mediante preço público, também chamado de tarifa.
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Outras receitas correntes constituem-se pelas receitas cujas características não permitam o
enquadramento nas demais classificações da receita corrente, tais como indenizações, restituições,
ressarcimentos, multas previstas em legislações específicas, entre outras.
Alienação de bens são ingressos financeiros provenientes da alienação de bens móveis, imóveis
ou intangíveis de propriedade do ente público. O art. 44 da LRF veda a aplicação da receita de capital
derivada da alienação de bens e direitos que integram o patrimônio público para o financiamento
de despesa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos
servidores públicos.
Transferências de capital são recursos financeiros recebidos de outras pessoas, de direito público ou
privado, destinados a atender despesas com investimentos ou inversões financeiras, independentemente
da contraprestação direta a quem efetuou essa transferência. Por outro lado, a utilização dos recursos
recebidos vincula-se ao objeto pactuado. Tais transferências ocorrem entre entidades públicas de
diferentes esferas ou entre entidades públicas e instituições privadas.
Quanto a outras receitas de capital, registram-se nessa origem receitas cujas características não
permitam o enquadramento nas demais classificações da receita de capital, tais como resultado do
Banco Central, remuneração das disponibilidades do Tesouro, entre outras.
5.4.4.2 Espécie
É o nível de classificação vinculado à origem, que permite qualificar com maior detalhe o fato
gerador das receitas. Por exemplo, dentro da origem contribuições, identifica-se as espécies contribuições
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Unidade II
sociais, contribuições econômicas, contribuições para entidades privadas de serviço social e de formação
profissional e contribuição para custeio de iluminação pública.
Na nova estrutura de codificação foram reservados quatro dígitos para desdobramentos com o
objetivo de identificar as particularidades de cada receita, caso seja necessário. Assim, esses dígitos
podem ou não ser utilizados, observando-se a necessidade de especificação do recurso.
Tipo
O tipo, correspondente ao último dígito na natureza de receita, tem a finalidade de identificar o tipo
de arrecadação a que se refere aquela natureza, sendo efetuado por meio do uso dos tipos de receita
identificados por descrição padrão dos códigos interpostos por portaria interministerial.
Para a receita orçamentária, esse código tem a finalidade de indicar a destinação de recursos para
a realização de determinadas despesas orçamentárias. Para a despesa orçamentária, identifica a origem
dos recursos que estão sendo utilizados.
Essa classificação orçamentária da receita não tem caráter obrigatório para todos os entes e foi
instituída para a União com o objetivo de identificar quais são as receitas e as despesas que compõem
o resultado primário do Governo Federal, que é representado pela diferença entre as receitas primárias
e as despesas primárias.
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
São as etapas ou operações que as entidades responsáveis pela receita pública devem realizar ou
percorrer para que ela seja efetivada. Dessa forma, seguem a ordem de ocorrência dos fenômenos
econômicos, levando-se em consideração o modelo de orçamento existente no País.
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Unidade II
Planejamento Execução
Observação
Previsão
A previsão de receitas é a etapa que antecede à fixação do montante de despesas que irão constar
nas leis de orçamento, além de ser base para se estimar as necessidades de financiamento do governo.
Lançamento
No caso específico dos tributos o art. 142 do Código Tributário Nacional, estabelece que o lançamento
é o procedimento administrativo que verifica a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente,
determina a matéria tributável, calcula o montante do tributo devido, identifica o sujeito passivo e,
sendo o caso, propõe a aplicação da penalidade cabível.
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Ainda de acordo com o art. 52 da Lei n. 4.320/1964, são objeto de lançamento as rendas com
vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato.
Arrecadação
A arrecadação da receita está ligada aos pagamentos realizados. É momento em que os contribuintes
comparecem perante os agentes arrecadadores a fim de liquidarem suas obrigações com o Estado.
Corresponde à entrega dos recursos devidos ao Tesouro Nacional pelos contribuintes ou devedores,
por meio dos agentes arrecadadores ou instituições financeiras autorizadas pelo ente.
Recolhimento
Classificação por
Natureza da Receita
Destinação
6 DESPESAS PÚBLICAS
A despesa pública é o conjunto de dispêndios (gastos) realizados pelos entes públicos para o
funcionamento e manutenção dos serviços públicos prestados à sociedade.
Alguns autores a definem como sendo o conjunto de dispêndios do Estado ou de outra pessoa de
direito público, destinados para o funcionamento efetivo dos serviços públicos.
Assim como nas receitas e para fins contábeis, as despesas públicas são classificadas quanto ao
impacto na situação patrimonial líquida em (BRASIL, 2018):
• Despesa orçamentária efetiva: aquela que, no momento de sua realização, reduz a situação
líquida patrimonial da entidade. Constitui fato contábil modificativo diminutivo.
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Unidade II
• Despesa orçamentária não efetiva: aquela que, no momento da sua realização, não reduz a
situação líquida patrimonial da entidade. Constitui fato contábil permutativo.
Ainda segundo o MCASP (BRASIL, 2018), para fins orçamentários, as despesas públicas se desdobram
em despesas orçamentárias, quando representam a autorização de utilização de recursos financeiros
que depende de autorização legislativa para ser efetivada, e dispêndios extraorçamentários, quando
representam saídas de valores arrecadados de forma compensatória (receitas extraorçamentárias) e que
não depende de autorização legislativa.
A classificação das despesas segue critério que possibilitem sua compreensão, propiciando
informações para atender as mais diversas necessidades dos usuários, sendo assim, no modelo adotado
no Brasil, elas são classificadas em:
Classificação institucional
Cabe ressaltar que um órgão orçamentário ou uma unidade orçamentária não corresponde
necessariamente a uma estrutura administrativa.
Classificação funcional
A classificação funcional as segrega em função e subfunção. O que permite a vinculação das despesas
a objetivos específico do governo. Tais objetivos são viabilizados pelos Programas de Governo.
• Função: pode ser traduzida como o maior nível de agregação das diversas áreas de atuação do
setor público, a qual está quase sempre relacionada com a missão institucional do órgão.
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Toda ação do Governo está estruturada em programas orientados para a realização dos objetivos
estratégicos definidos no Plano Plurianual (PPA) para o período de quatro anos.
• Ação: são operações das quais resultam produtos (bens ou serviços), que contribuem para
atender ao objetivo de um programa. Incluem-se também no conceito de ação as transferências
obrigatórias ou voluntárias a outros entes da Federação e a pessoas físicas e jurídicas, na forma
de subsídios, subvenções, auxílios, contribuições e financiamentos, entre outros. As ações,
conforme suas características podem ser classificadas como atividades, projetos ou operações
especiais (BRASIL, 2020).
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Unidade II
• Componentes da programação física: meta física é a quantidade de produto a ser ofertado por
ação, de forma regionalizada, se for o caso, num determinado período e instituída para cada ano.
As metas físicas são indicadas em nível de subtítulo e agregadas segundo os respectivos projetos,
atividades ou operações especiais.
A natureza da despesa tem por finalidade indicar se os recursos são aplicados diretamente por
órgãos ou entidades no âmbito da mesma esfera de Governo ou por outro ente da Federação e suas
respectivas entidades, e objetiva possibilitar a eliminação da dupla contagem dos recursos transferidos
ou descentralizados.
A classificação da despesa orçamentária, segundo a sua natureza, compõe-se dos seguintes itens.
Tratam da classificação da despesa por categoria econômica e elementos e estabelece que os itens
da discriminação da despesa orçamentária serão identificados por número de código decimal.
O conjunto de informações que formam o código é conhecido como classificação por natureza
da despesa e informa a categoria econômica da despesa, o grupo a que ela pertence, a modalidade
de aplicação e o elemento. Essa estrutura deve ser observada na execução orçamentária de todas as
esferas de governo.
Segundo o MTO (BRASIL, 2020), o campo que se refere à natureza da despesa contém um código
composto de oito algarismos, sendo que o 1º dígito representa a categoria econômica, o 2º o grupo
de natureza da despesa, o 3º e o 4º dígitos representam a modalidade de aplicação, o 5º e o 6º o
elemento de despesa e o 7º e o 8º dígitos representam o desdobramento facultativo do elemento de
despesa (subelemento):
Quadro 5
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º
Grupo de natureza
Categoria econômica Modalidade de aplicação Elemento de despesa Subelemento
de despesa
Por categoria econômica: a despesa orçamentária, assim como a receita orçamentária, é classificada
em duas categorias econômicas. O artigo 12 da Lei n. 4.320/1964 classifica a despesa nas seguintes
categorias econômicas:
• Despesas correntes.
• Despesas de capital.
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CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
• Despesas correntes: são aquelas que não contribuem diretamente para a formação ou aquisição
de um bem de capital, ou seja, referem-se aos gastos operacionais da administração pública para
a manutenção da máquina administrativa.
• Despesas de capital: são aquelas que contribuem diretamente para a formação ou aquisição de
um bem de capital, como a criação de novos bens de capital ou mesmo de adquirir bens de capital
em uso pelo Estado. Pode-se afirmar que elas representam aumento do patrimônio público ou
que tem por objetivo cobrir os gastos públicos.
• Pessoal e encargos sociais: despesas orçamentárias com pessoal ativo e inativo e pensionistas,
relativas a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de
Poder, com quaisquer espécies remuneratórias.
Por modalidade de aplicação: tem a finalidade de indicar se os recursos são aplicados diretamente
pelo órgão ou se o recurso é proveniente de transferência de outro órgão, eliminando assim a duplicação
na contagem dos recursos transferidos ou descentralizados.
65
Unidade II
Modalidade de aplicação
20 Transferências à União
22 Execução orçamentária delegada à União
30 Transferências a estados e ao Distrito Federal
31 Transferências a estados e ao Distrito Federal – Fundo a Fundo
32 Execução orçamentária delegada a estados e ao Distrito Federal
35 Transferências fundo a fundo aos estados e ao Distrito Federal à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do
art. 24 da Lei Complementar n. 141, de 2012
36 Transferências fundo a fundo aos estados e ao Distrito Federal à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei
Complementar n. 141, de 2012
40 Transferências a municípios
41 Transferências a municípios – fundo a fundo
42 Execução orçamentária delegada a municípios
45 Transferências fundo a fundo aos municípios à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei
Complementar n. 141, de 2012
46 Transferências fundo a fundo aos municípios à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar
n. 141, de 2012
50 Transferências a instituições privadas sem fins lucrativos
60 Transferências a instituições privadas com fins lucrativos
67 Execução de contrato de parceria público-privada – PPP
70 Transferências a instituições multigovernamentais
71 Transferências a consórcios públicos mediante contrato de rateio
72 Execução orçamentária delegada a consórcios públicos
73 Transferências a Consórcios Públicos mediante contrato de rateio à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º
do art. 24 da Lei Complementar n. 141, de 2012
74 Transferências a Consórcios Públicos mediante contrato de rateio à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei
Complementar n. 141, de 2012
76 Transferências a instituições multigovernamentais à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar
n. 141, de 2012
80 Transferências ao exterior
90 Aplicações diretas
91 Aplicação direta decorrente de operação entre órgãos, fundos e entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da
seguridade social
92 Aplicação direta de recursos recebidos de outros entes da federação decorrentes de delegação ou descentralização
93 Aplicação direta decorrente de operação de órgãos, fundos e entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da
seguridade social com consórcio público do qual o ente participe
94 Aplicação direta decorrente de operação de órgãos, fundos e entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da
seguridade social com consórcio público do qual o ente não participe
95 Aplicação direta à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar n. 141, de 2012
96 Aplicação direta à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar n. 141, de 2012
99 A definir
66
CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Por elemento de despesa orçamentária: tem a finalidade de identificar os objetos de gasto que
a administração pública utiliza para atingir suas finalidades e é o último nível de detalhamento da
despesa obrigatório uma vez que o desdobramento (subelemento) é facultativo.
A relação dos elementos de despesa apresentada a seguir não contempla todas as despesas
a eles inerentes:
Quadro 7
Elementos de despesa
01 Aposentadorias do RPPS, reserva remunerada e reformas dos militares
03 Pensões do RPPS e do militar
04 Contratação por tempo determinado
05 Outros benefícios previdenciários do servidor ou do militar
06 Benefício mensal ao deficiente e ao idoso
07 Contribuição a entidades fechadas de previdência
08 Outros benefícios assistenciais do servidor ou do militar
10 Seguro desemprego e abono salarial
11 Vencimentos e vantagens fixas – pessoal civil
12 Vencimentos e vantagens fixas – pessoal militar
13 Obrigações patronais
14 Diárias – civil
15 Diárias – militar
16 Outras despesas variáveis – pessoal civil
17 Outras despesas variáveis – pessoal militar
18 Auxílio financeiro a estudantes
19 Auxílio-fardamento
20 Auxílio financeiro a pesquisadores
21 Juros sobre a dívida por contrato
22 Outros encargos sobre a dívida por contrato
23 Juros, deságios e descontos da dívida mobiliária
24 Outros encargos sobre a dívida mobiliária
25 Encargos sobre operações de crédito por antecipação da receita
26 Obrigações decorrentes de política monetária
27 Encargos pela honra de avais, garantias, seguros e similares
28 Remuneração de cotas de fundos autárquicos
29 Distribuição de resultado de empresas estatais dependentes
30 Material de consumo
31 Premiações culturais, artísticas, científicas, desportivas e outras
32 Material, bem ou serviço para distribuição gratuita
33 Passagens e despesas com locomoção
34 Outras despesas de pessoal decorrentes de contratos de terceirização
67
Unidade II
Elementos de despesa
35 Serviços de consultoria
36 Outros serviços de terceiros – pessoa física
37 Locação de mão de obra
38 Arrendamento mercantil
39 Outros serviços de terceiros – pessoa jurídica
40 Serviços de tecnologia da informação e comunicação – pessoa jurídica
41 Contribuições
42 Auxílios
43 Subvenções sociais
45 Subvenções econômicas
46 Auxílio-alimentação
47 Obrigações tributárias e contributivas
48 Outros auxílios financeiros a pessoas físicas
49 Auxílio-transporte
51 Obras e instalações
52 Equipamentos e material permanente
53 Aposentadorias do RGPS – área rural
54 Aposentadorias do RGPS – área urbana
55 Pensões do RGPS – área rural
56 Pensões do RGPS – área urbana
57 Outros benefícios do RGPS – área rural
58 Outros benefícios do RGPS – área urbana
59 Pensões especiais
61 Aquisição de imóveis
62 Aquisição de produtos para revenda
63 Aquisição de títulos de crédito
64 Aquisição de títulos representativos de capital já integralizado
65 Constituição ou aumento de capital de empresas
66 Concessão de empréstimos e financiamentos
67 Depósitos compulsórios
70 Rateio pela participação em consórcio público
71 Principal da dívida contratual resgatado
72 Principal da dívida mobiliária resgatado
73 Correção monetária ou cambial da dívida contratual resgatada
74 Correção monetária ou cambial da dívida mobiliária resgatada
75 Correção monetária da dívida de operações de crédito por antecipação de receita
76 Principal corrigido da dívida mobiliária refinanciado
77 Principal corrigido da dívida contratual refinanciado
81 Distribuição constitucional ou legal de receitas
82 Aporte de recursos pelo parceiro público em favor do parceiro privado decorrente de contrato de parceria
público‑privada – PPP
68
CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Elementos de despesa
83 Despesas decorrentes de contrato de parceria público-privada – PPP, exceto subvenções econômicas, aporte e
fundo garantidor
É a despesa que não consta da lei do orçamento (LOA), ou seja, não está vinculada a uma autorização
legislativa. Sua realização não se vincula à execução orçamentária, compreendendo as diversas saídas
compensatórias no ativo e no passivo financeiro decorrentes de levantamento de depósitos, cauções,
pagamento de restos a pagar, resgate de operações de crédito por antecipação da receita, bem como
quaisquer valores que se revistam de características de simples transitoriedade, recebidos anteriormente
e que, na oportunidade, constituíram receitas extraorçamentárias.
69
Unidade II
De acordo com art. 40 da Lei n. 4.320/1964, os créditos adicionais são autorizações de despesas não
computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento.
Os créditos adicionais são abertos durante a execução do orçamento para a efetivação de ajustes ou
adição de novas dotações orçamentárias não consignadas na LOA.
São requeridos considerando que, durante o exercício financeiro, ocorram fatos novos que provocam
o surgimento de novas necessidades e/ou ampliam as existentes, há necessidade de se redimensionar o
planejamento anterior, definindo novas autorizações para a execução dos programas de trabalho.
Observação
• Especiais: destinados para despesas que não estavam relacionadas no orçamento e são para a
cobertura de despesas eventuais ou essenciais e, por isso mesmo, não consideradas no orçamento.
70
CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Os créditos suplementares e especiais somente poderão ser abertos se houver recursos para lastrear
a despesa, mediante prévia exposição justificativa.
Ressalte‑se que os créditos extraordinários estão excetuados da exigência legal quanto à existência
de recursos disponíveis, mas a sua abertura deve ser precedida do reconhecimento expresso de uma das
situações que o justifiquem.
6.4.1 Planejamento
A etapa do planejamento abrange, de modo geral, toda a análise para a formulação do plano e ações
governamentais que servirão de base para a fixação da despesa orçamentária, a descentralização/movimentação
de créditos, a programação orçamentária e financeira e o processo de licitação e contratação.
Fixação da despesa
A fixação da despesa refere-se aos limites de gastos, incluídos nas leis orçamentárias com base nas
receitas previstas, a serem efetuados pelas entidades públicas. A fixação da despesa orçamentária insere-se
no processo de planejamento e compreende a adoção de medidas em direção a uma situação idealizada,
tendo em vista os recursos disponíveis e observando as diretrizes e prioridades traçadas pelo governo.
71
Unidade II
O processo da fixação da despesa orçamentária é concluído com a autorização dada pelo poder
legislativo por meio da lei orçamentária anual, ressalvadas as eventuais aberturas de créditos adicionais
no decorrer da vigência do orçamento.
A LRF definiu procedimentos para auxiliar a programação orçamentária e financeira nos arts 8º e 9º:
Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em
que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias e observado o disposto na
alínea c do inciso I do art. 4º, o Poder Executivo estabelecerá a programação
financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso. [...]
A Constituição Federal de 1988 estabelece a observância do processo de licitação pela União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, conforme disposto no art. 37, inciso XXI:
A Lei n. 14.133, de 1º de abril de 2021, regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,
estabelecendo normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços,
inclusive de publicidade, compras, alienações e locações.
6.4.2 Execução
6.4.2.1 Empenho
Empenho, segundo o art. 58 da Lei n. 4.320/1964, é o ato emanado de autoridade competente que
cria para o Estado a obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. Consiste na
reserva de dotação orçamentária para um fim específico.
Caso não seja necessária a impressão da nota de empenho, ele ficará arquivado em banco de dados,
em tela com formatação própria e modelo oficial, a ser elaborado por cada ente da Federação em
atendimento às suas peculiaridades.
73
Unidade II
Quando o valor empenhado for insuficiente para atender à despesa a ser realizada, o empenho
poderá ser reforçado. Caso o valor do empenho exceda o montante da despesa realizada, o empenho deverá
ser anulado parcialmente. Será anulado totalmente quando o objeto do contrato não tiver sido cumprido,
ou ainda, no caso de ter sido emitido incorretamente.
• Ordinário: é o tipo de empenho utilizado para as despesas de valor fixo e previamente determinado,
cujo pagamento deva ocorrer de uma só vez.
• Estimativo: é o tipo de empenho utilizado para as despesas cujo montante não se pode
determinar previamente, tais como serviços de fornecimento de água e energia elétrica, aquisição
de combustíveis e lubrificantes e outros.
• Global: é o tipo de empenho utilizado para despesas contratuais ou outras de valor determinado,
sujeitas a parcelamento, como, por exemplo, os compromissos decorrentes de aluguéis.
O empenho da despesa não liquidada será considerado, em 31 de dezembro, anulado, exceto se:
6.4.2.2 Em liquidação
Essa fase não consta na Lei n. 6.432/1964 e foi introduzida com o advento do plano de contas
aplicado ao setor público em função de se tornar possível o processo de convergência às normas
contábeis internacionais, IPSAS. Isso demonstra-se com a desvinculação do reconhecimento do fato
gerador da execução orçamentária, empenho ou liquidação da despesa.
74
CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
6.4.2.3 Liquidação
II – a nota de empenho;
6.4.2.4 Pagamento
O pagamento consiste na entrega de numerário ao credor por meio de cheque nominativo, ordens
de pagamentos ou crédito em conta, e só pode ser efetuado após regular a liquidação da despesa.
A Lei n. 4.320/1964, no art. 64, define ordem de pagamento como sendo o despacho exarado por
autoridade competente determinando que a despesa liquidada seja paga.
São todas as despesas regularmente empenhadas, do exercício atual ou anterior, mas não pagas ou
canceladas até 31 de dezembro do exercício financeiro vigente. Distinguem-se dois tipos de restos a
pagar: os processados (despesas já liquidadas) e os não processados (despesas a liquidar ou em liquidação).
75
Unidade II
Serão inscritas em restos a pagar não processados as despesas não liquidadas, nas seguintes condições:
• O prazo para cumprimento da obrigação assumida pelo credor estiver vigente (despesa a liquidar).
Serão inscritas em restos a pagar processados as despesas liquidadas e não pagas no exercício
financeiro, ou seja, aquelas em que o serviço, a obra ou o material contratado tenha sido prestado ou
entregue e aceito pelo contratante, nos termos do art. 63 da Lei n. 4.320/1964.
Observação
76
CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Resumo
77
Unidade II
78
CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
Exercícios
Questão 1. “Por trás de uma feição aparentemente formal, o tema reveste-se de importância
extrema. Ao estudar a essência da norma orçamentária poder-se-á verificar se o orçamento é
instrumento que vincula a Administração, criando expectativas de efetiva realização e estabelecendo
limites de flexibilização orçamentária, ou se apenas é instrumento que autoriza a aplicação dos
recursos públicos. Sendo o orçamento lei não somente do ponto de vista formal, mas revestindo-se
dessa natureza também no plano material, tornar-se-ia instrumento impositivo a vincular o Executivo
à sua fiel observância. Ao contrário, possuindo natureza somente de lei formal, mas com conteúdo
substancialmente administrativo, o orçamento teria apenas caráter autorizativo, sem que haja o dever
legal de sua efetiva implementação.”
A emenda constitucional n. 86/2015 aludiu, entre outros pontos, a forma como parte do orçamento
– ligada às emendas parlamentares individuais – deve ser executada. Com base no texto anterior e na
referida emenda responda:
A) Alternativa correta.
Justificativa: alvo de disputa política, as emendas parlamentares por vezes não eram executadas,
mesmo havendo recursos para tal. Diante disso, o Congresso Nacional conseguiu alterar a constituição
79
Unidade II
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: as emendas parlamentares, tais como todo o restante da peça orçamentária, tinham
caráter meramente autorizativo. Com a EC n. 86/2015 as emendas dos deputados e senadores
passaram e ser impositivas, ou seja, o Estado deveria executá-las, obrigatoriamente, no ano em que
foram apresentadas.
C) Alternativa incorreta.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
Questão 2. Contido nas dotações orçamentárias estão os números que indicam a natureza da
despesa de uma determinada dotação em particular. A partir deste número, composto de seis dígitos, é
possível saber o objeto do gasto, a modalidade de aplicação, o grupo da natureza de despesa e a categoria
econômica. Avalie a dotação a seguir e aponte a alternativa correta: 02.06.08.241.0004.1005.4.4.90.51
A) A partir da dotação anterior é possível saber que se trata de uma despesa com investimento.
D) A partir do primeiro dígito da natureza da despesa é possível saber que a dotação se refere à
despesa corrente.
80
CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL
A) Alternativa correta.
Justificativa: é possível saber que é uma dotação que trata de investimento por conta da natureza da
despesa, sequência composta dos seis últimos números da dotação (4.4.90.51), sendo o primeiro número
par (4) indica que a dotação se trata de um investimento.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: salários são despesas correntes, deste modo, a natureza da despesa deveria começar
por um número ímpar (3).
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: salários, pensões e alimentação são despesas correntes, deste modo, a natureza da
despesa deveria começar por um número ímpar (3).
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: despesas correntes começam com um número ímpar (3), neste caso, a natureza da
despesa começa com o número 4.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: segundo o MTO 2019, (90) é a modalidade de aplicação que indica aplicações diretas,
ao contrário do que diz a alternativa.
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