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Noções Básicas

de Contabilidade
BASE LEGAL PARA ESTUDO DA CONTABILIDADE

Existe uma base legal, uma legislação específica, que é o alicerce para o estudo
da Contabilidade.

Esse alicerce, encontra-se na Lei 6.404/76 (também chamada de Lei das


Sociedades por Ações).

É extremamente importante, que vocês conheçam basicamente os artigos 175


a 204 desta legislação.

Além da Lei 6.404/76, precisamos saber que, a partir de 2007, aconteceu a


convergência da contabilidade nacional aos padrões internacionais.

O que é isso?

A convergência para os padrões internacionais é uma padronização da


contabilidade, para que pessoas do mundo inteiro possam investir em outros
países. Imagine se uma informação contábil é tratada de modo diferente em cada
um dos 193 países deste planeta.

O que seria?

As Leis 11.638/2007 e 11.941/2009 trouxeram essas mudanças, alterando a Lei


6.404/76.

Mediante isso, surgiu o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, que edita os


chamados Pronunciamentos Contábeis ou CPCs.

As normas do CPC não são vinculantes, mas os diversos entes reguladores


editam normas idênticas, que passam a vincular quem esteja submetido à sua
circunscrição (como o CFC, CVM, BACEN, SUSEP, ANEEL, ANS).

Principais literaturas da contabilidade:

 Lei 6.404/76.
 Resolução 750/93.
 Lei 11.638/07.
 Lei 11.941/09.
 Pronunciamentos Contábeis.
1 - NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE

1.1 - ORIGEM

O homem tornou-se vítima da sua própria evolução em relação aos números:


horário para todo tipo de atividade, salários, contas a pagar, telefones, impostos,
produção, transportes, informática, mercado financeiro, balanços, câmbio etc. A
partir de um ponto de vista lógico, perguntamo-nos: alguém conseguiria viver
sem números no mundo?

Com o passar do tempo, a sociedade se desenvolveu e surgiram novos tipos de


relações econômicas e também a propriedade privada, o que exigiu a criação de
novas formas de controle patrimonial. As primeiras notícias que se tem em
relação a sistemas de controle remontam à Antiga Mesopotâmia, onde os
registros eram grafados em pequenos tijolos. A contabilidade mais próxima da
que se conhece hoje surgiu na Idade Média, mais precisamente no século XV,
por volta de 1494, quando o Frei Franciscano Luca Pacioli, a pedido do papa, foi
encarregado de organizar uma enciclopédia que continha o conhecimento
humano relativo à época, inclusive um sistema que era usado pelos mercadores
de Veneza e que consistia na escrituração de livro caixa, de livro de inventário e
no uso da Partida Dobrado. Coube a ele a divulgação dos primeiros princípios
contábeis – princípios básicos do Método das Partidas Dobradas. Por esse
método, cada crédito corresponde a um débito de igual valor.

Grandes nomes, como o de Vicenzo Mazi (Teoria Patrimonialista – que reflete o


pensamento mais moderno sobre a classificação das contas), Fábio Besta e
Gino Zappa (Teoria Materialista), Francesco Marci e Giuseppe Cerboni (Teoria
Personalista), estão ligados à origem e evolução da contabilidade, cabendo a
Luca Pacioli o mérito de preconizador.

A contabilidade tem por objeto o patrimônio e por finalidade registrar os fatos e


produzir informações, propiciando possibilidades de planejamento e controle
dele.

A partir dessa definição, propõe-se a questão: Se a contabilidade tem por objeto


o patrimônio e sua finalidade, o registro dos fatos e a produção de informações
visando ao controle, ao desempenharem suas atividades os pastores não
estavam, de forma primitiva, controlando seu patrimônio? Não foi inevitável a
contagem e o controle de objetos? Pode-se expor com precisão que tal
circunstância, apesar de primitiva, consiste nos primeiros passos da
contabilidade?

Pode-se afirmar que a contabilidade surgiu de uma necessidade do homem de


contar e controlar o produto de seu trabalho.
1.2 - CONCEITO

A Contabilidade é uma ciência enquadrada no ramo das ciências sociais, assim


como a Economia, a Administração, o Direito, a Sociologia e outras.

No Brasil, de 17 a 27 de agosto de 1924, foi realizado o 1º C.B.C., na cidade do


Rio de Janeiro. Naquela oportunidade, a contabilidade foi definida da seguinte
forma:

Contabilidade é a ciência que estuda


e pratica as funções de orientação, de controle e de registro relativas a
administração econômica (1º Congresso Brasileiro de
Contabilidade/1924).

Nesse mesmo sentido, Osni Moura Ribeiro, no seu livro Contabilidade Básica
Fácil, Editora Saraiva, definiu a contabilidade do seguinte modo:

A contabilidade é uma ciência que possibilita, por meio de suas técnicas,


o controle permanente do Patrimônio das empresas.

Por outro lado, Hilário Franco, no seu livro Contabilidade geral, assim a definiu:

É a ciência social que estuda, controla e interpreta os fatos ocorridos


no patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração e a
divulgação desses fatos, com o fim de oferecer informações sobre a
composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico
decorrente da gestão da riqueza patrimonial aos usuários. (Hilário
Franco).

Registrando esses acontecimentos, a contabilidade terá condições de fornecer


informações sobre a situação do patrimônio, sempre que solicitada.

Observa-se que os autores até aqui citados deram contribuições significativas,


pontuando os diferentes estágios da evolução do conceito da contabilidade.
Entretanto, o estágio atual dos cenários econômico, político e sociológico nos
quais a contabilidade tem de atuar exigiu que os seus profissionais pudessem
prover os diferentes tipos de usuários com informações seguras e eficazes que
servissem de base para o processo decisório.

Com essa visão foi que o Ibracon, em seu pronunciamento aprovado pela CVM,
através da Deliberação CVM nº 29/86, definiu contabilidade da seguinte maneira:
A contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e ava-
liação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises
de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com
1.3 - FINALIDADE DA CONTABILIDADE
relação à entidade objeto de contabilização.

A finalidade básica da contabilidade é permitir aos usuários a avaliação da


situação econômica e financeira da entidade, através do acompanhamento das
atividades realizadas, no sentido indispensável de controlar o comportamento de
seu patrimônio, na função de elaboração e comparação dos resultados obtidos
entre períodos analisados

A contabilidade faz o registro metódico e ordenado dos negócios realizados e a


verificação sistemática dos resultados obtidos. Ela deve identificar, classificar e
anotar as operações da entidade e de todos os fatos que, de alguma forma,
afetam sua situação econômica e financeira.

Com essa acumulação de dados, convenientemente classificados, a


contabilidade procura apresentar de forma ordenada o histórico das atividades
da entidade, a interpretação dos resultados e produzir, através de relatórios, as
informações que se fizerem precisas para o atendimento das diferentes
necessidades.

As principais funções da Contabilidade são: registrar, organizar, demonstrar,


analisar e acompanhar as modificações do patrimônio em virtude da atividade
econômica ou social que a empresa exerce no contexto econômico.

 Registrar todos os fatos que ocorrem e podem ser representados em


valor monetário;
 Organizar um sistema de controle adequado à empresa;
 Demonstrar com base nos registros realizados, expor periodicamente por
meio de demonstrativos, a situação econômica e financeira da empresa;
 Analisar os demonstrativos financeiros com a finalidade de apuração dos
resultados obtidos pela empresa;
 Acompanhar a execução dos planos econômicos da empresa, prevendo
os pagamentos a serem realizados, as quantias a serem recebidas de
terceiros e alertando para eventuais problemas.

1.3 - FINALIDADE

A finalidade da contabilidade é fornecer informações às pessoas ou entidades


interessadas na situação patrimonial (bens, direitos e obrigações) e econômica
(lucro ou prejuízo) da entidade, bem como na aferição de sua capacidade
produtiva.

As informações fornecidas pela contabilidade permitem a realização do controle


e planejamento de uma organização.
O controle é o processo pelo qual a administração verifica se as diretrizes e
políticas por ela definidas e/ou pelos sócios da entidade estão sendo seguidas.

O planejamento é o processo pelo qual a administração e os sócios da entidade


decidem quais ações serão tomadas para o futuro, considerando um segmento
ou toda da entidade.

Importante frisar que a contabilidade não deve ser utilizada para manipular
demonstrações ou dados. Esta ciência se baseia em fatos e deve demonstrar a
real situação patrimonial.

1.4 - OBJETO

A contabilidade tem por objeto o Patrimônio das entidades, sejam elas


entidades com fins lucrativos ou sem fins lucrativos. Tem como Função
Administrativa controlar o patrimônio visando demonstrar a sua situação em um
determinado momento e como Função Econômica visa apurar resultados a fim
de demonstra-los periodicamente independente se positivos ou negativos.

O patrimônio é um conjunto de bens, direitos e obrigações vinculados a uma


pessoa física ou jurídica. É o elemento sobre o qual se exercitará a função contá-
bil.

Patrimônio

Bens Direitos Obrigações

Pessoa Física é a pessoa natural, registrada no cartório de registro de pessoas


naturais, com direitos e obrigações perante o Estado e a sociedade, responde
individualmente pelos seus atos.

Pessoa Jurídica é composta por pessoas físicas por meio de um contrato


registrado em cartório e em outros órgãos competentes (receita federal, junta
comercial etc.), no qual manifestam um acordo de vontades de praticar
determinada atividade. Pela pessoa jurídica respondem os sócios, e sua
extinção se dá por um acordo entre eles ou por determinação judicial.
1.5 - USUÁRIOS

As demonstrações contábeis são preparadas e apresentadas para usuários


externos em geral, tendo em vista suas finalidades distintas e necessidades
diversas.

Os usuários das demonstrações contábeis podem ser externos ou


internos, conforme tenham ou não ligação com a entidade que reporta essas
informações. Vejamos:

Usuários internos

- Sócios ou proprietários. Avaliam o desempenho da administração e a


rentabilidade de seus investimentos.

- Administradores. São os que demandam por informações contábeis com


maior frequência e profundidade. As informações contábeis subsidiam a tomada
de decisões e permitem avaliar as atividades da entidade.

- Empregados. Os empregados e seus representantes estão interessados em


informações sobre a estabilidade e a lucratividade de seus empregadores.
Também se interessam por informações que lhes permitam avaliar a capacidade
que tem a entidade de prover sua remuneração, seus benefícios de
aposentadoria e suas oportunidades de emprego.

Usuários externos

- Investidores. Necessitam de informações para ajudá-los a decidir se devem


comprar, manter ou vender investimentos. Os acionistas também estão
interessados em informações que os habilitem a avaliar se a entidade tem
capacidade de pagar dividendos.
- Credores por empréstimos. Estes estão interessados em informações que
lhes permitam determinar a capacidade da entidade em pagar seus empréstimos
e os correspondentes juros no vencimento.

- Fornecedores. Os fornecedores e outros credores estão interessados em


informações que lhes permitam avaliar se as importâncias que lhes são devidas
serão pagas nos respectivos vencimentos.

- Clientes. Os clientes têm interesse em informações sobre a continuidade


operacional da entidade, especialmente quando têm um relacionamento a longo
prazo com ela, ou dela dependem como fornecedor importante.

- Governo e suas agências. Os governos e suas agências estão interessados


na destinação de recursos e, portanto, nas atividades das entidades. Necessitam
também de informações a fim de regulamentar as atividades das entidades,
estabelecer políticas fiscais e servir de base para determinar a renda nacional e
estatísticas semelhantes.
- Público. As entidades afetam o público de diversas maneiras. Elas podem, por
exemplo, fazer contribuição substancial à economia local de vários modos,
inclusive empregando pessoas e utilizando fornecedores locais. As
demonstrações contábeis podem ajudar o público fornecendo informações sobre
a evolução do desempenho da entidade e os desenvolvimentos recentes.

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