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INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE
A história da contabilidade é tão antiga quanto a própria história da civilização. Está ligada às
primeiras manifestações humanas da necessidade social de protecção à posse e de perpetuação e
interpretação dos fatos ocorridos com o objecto material de que o homem sempre dispôs para
alcançar os fins propostos.
Ao morrer, o legado deixado por esta pessoa não era dissolvido, mas passado como herança aos
filhos ou parentes. A herança recebida dos pais (pater, patris), denominou-se património. O
termo passou a ser utilizado para quaisquer valores, mesmo que estes não tivessem sido
herdados.
À medida que o homem começava a possuir maior quantidade de valores, preocupava-lhe saber,
quanto poderiam render e qual a forma mais simples de aumentar as suas posses; tais
informações não eram de fácil memorização quando já em maior volume, requerendo registos.
Foi o pensamento do "futuro" que levou o homem aos primeiros registos a fim de que pudesse
conhecer as suas reais possibilidades de uso, de consumo, de produção etc. Com o surgimento
das primeiras administrações particulares aparecia a necessidade de controlo, que não poderia ser
feito sem o devido registo, a fim de que se pudesse prestar conta da coisa administrada.
1.2.A CONTABILIDADE
Conceito de Contabilidade
Muitos são os conceitos acerca das Ciências Contabilísticas. Vejamos alguns deles:
Como se pode verificar, inúmeros são os conceitos de vários autores e entidades, sobre o que seja
a Contabilidade. Entretanto, observa –se nitidamente convergência nos conceitos em seus
enunciados para o controle do património através das informações prestadas pela Contabilidade.
Neste sentido a contabilidade é a ciência que estuda, controla e interpreta as variações que
ocorrem no património de uma determinada entidade. Pois, através dela é fornecida o máximo de
informações úteis para tomadas de decisões dentro ou fora da empresa.
A informação, dado relevante que evidencia algo importante no processo decisório das
entidades, é preocupação constante de executivos, administradores e demais pessoas que
tomam decisões no dia-a-dia das organizações. Hoje, mais do que antes, recai sobre a
Contabilidade a tarefa de produzir informações, especialmente sobre aspectos do seu
objecto de estudo, sou seja, sobre o património e suas variações (BASSO, 2005, p.25).
Registar todos os factos que ocorrem e podem ser representados em valor monetário;
Organizar um sistema de controlo adequado à empresa;
Demonstrar com base nos registos realizados, expor periodicamente por meio de
demonstrativos, a situação económica, patrimonial e financeira da empresa;
Analisar os demonstrativos financeiros com a finalidade de apuramento dos resultados
obtidos pela empresa;
Acompanhar a execução dos planos económicos da empresa, prevendo os pagamentos a
serem realizados, as quantias a serem recebidas de terceiros e alertando para eventuais
problemas.
A Contabilidade tem como principais fins o planeamento, controle e análise que servirão de base
para a tomada de decisão. Entendendo planeamento como utilização da melhor alternativa para
uma acção futura. Já o controle pode ser compreendido como processo de verificação do
planeamento realizado anteriormente, bem como certificação do subsistema institucional que são
os valores e crenças estipulados pelos proprietários das entidades.
Cabe ainda definir a finalidade da Contabilidade como sendo fornecer informações económicas e
financeiras acerca da entidade.
São todas as pessoas físicas ou jurídicas que, directa ou indirectamente, tenham interesse na
avaliação e no desenvolvimento da entidade. Podemos citar como exemplo de tais pessoas: os
administradores, os sócios e accionistas da entidade, o governo, os bancos, etc. Note-se que,
nesse aspecto, temos tanto usuários internos como usuários externos que se interessam, cada um
a seu modo, pelas informações contabilísticas como um todo.
De todas as pessoas, são sem dúvidas as últimas, ou seja, os utilizadores, as que devem ser
privilegiadas uma vez que esperam que as demonstrações financeiras, como parte que são das
informações financeiras em termos gerais, sejam preparadas com o fim de proporcionar
informação que seja útil no processo de tomada de decisões, como:
a) Investidores: têm interesse com os riscos inerentes aos seus investimentos, e com as taxas
de rendimento que estes lhes possam proporcionar; cabendo a eles tomar decisões que
lhes permitam determinar se devem comprar, deter ou vender esses investimentos. Por
outro lado, os accionistas que estão interessados em saber se a empresa possui
capacidades para pagarem seus dividendos;
1.4.Técnicas Contabilísticas
Do ponto de vista moderno, podemos enumerar quatro técnicas contabilísticas, das quais:
A Escrituração: consiste em registar nos livros próprios (diário, razão, caixa etc.) todos
os fatos administrativos que ocorrem na rotina das entidades;
As Demonstrações: são quadros técnicos e analíticos, com aspectos qualitativos e
quantitativos, com dados extraídos dos registos contabilísticos da empresa. Como
exemplos, temos o Balanço Patrimonial, a DRE, etc.;
1.5.Tipos de contabilidade
a) Contabilidade Geral – compreende os conceitos básicos às regras do funcionamento, os
princípios contabilísticos (teoria contabilística) e as formas de representação, ou seja,
estruturação propriamente dita (técnica contabilística).
b) Contabilidade Aplicada ou Especial – é aplicada nas unidades económicas variando a sua
natureza de acordo com as dimensões e objectivos de necessidades de informação que se
pretende.
c) Contabilidade Privada – é a que pertence a unidades económicas particulares
(contabilidade empresarial) e a indivíduos (contabilidade doméstica/familiar). Na
contabilidade empresarial, distingue-se a Contabilidade Financeira, que visa o
conhecimento da situação patrimonial (Balanço), o rédito (rendimentos) e global (DR’s).
d) Contabilidade Interna ou de Custos – abrange diversas relações complementares que
podem contribuir para uma gestão eficaz e esclarecida. É também conhecida como
Contabilidade Industrial (DR’s por cada categoria de operações ou por funções de
cálculos de custo de bens vendidos, calculo de desvios, etc).
e) Contabilidade Profissional ou Orçamental – exprime os resultados das previsões e
permite a elaboração de planos fundamentais de actividades e a formulação de regras de
acções e estrutura de actividades futuras. Aqui, resume-se em números e valores
actividades a serem desenvolvidas em um futuro imediato.
f) Contabilidade Nacional – representa informações inerentes aos produtos, rendimentos e
despesa nacional. É também designada por Macrocontabilidade e é relativa a unidades
económicas complexas.
1.6.Princípios contabilísticos
a) Da continuidade
A empresa é uma entidade que desenvolve a sua actividade de modo contínuo, tendo uma
duração ilimitada. Não tem como objectivos a respectiva liquidação ou a redução significativa do
volume das suas operações.
b) Da consistência
d) Do custo histórico
Os registos contabilísticos devem basear-se em custos de aquisição ou de produção, em valores
nominais ou constantes.
e) Da prudência
g) Da materialidade
As demonstrações financeiras devem evidenciar todos os elementos que sejam relevantes e que
possam afectar avaliações ou decisões pelos utentes interessados.
2.1.O Património
O Património, sendo o objecto da Contabilidade, define-se como o conjunto formado pelos Bens,
pelos Direitos e pelas Obrigações pertencentes a uma pessoa física ou jurídica, independente se
com fins lucrativos ou não, e que seja passível de avaliação em moeda.
PATRIMÓNIO
BENS E DIREITOS OBRIGAÇÕES (Com Terceiros e com os
Sócios)
(ATIVO) (PASSIVO)
BENS: São os itens que a empresa possui para satisfazer suas necessidades de troca, consumo ou
aplicação, que sejam susceptíveis de avaliação económica. Os Bens de uma entidade podem ser
classificados como Tangíveis ou Intangíveis. Ex: edifícios, viaturas, mercadorias, material de
escritório, dinheiro, marca, etc.
− Intangíveis: São bens imateriais, abstractos, ou seja, que não tem forma física.
DIREITOS: É a representação do que a empresa tem a receber de terceiros por conta de uma
operação. Os direitos são facilmente identificados por conta das expressões “A Receber” ou “A
Recuperar”. Exemplos de direitos: Aplicações financeiras; Duplicatas a receber; Clientes.
ATIVO: conjunto de elementos patrimoniais que a empresa possui (Bens) e que tem a receber
(direitos). O Activo representa a parte positiva do património, figura do lado esquerdo do
balanço e é composto pelos Bens e Direitos. No activo é indicada a forma de aplicação desses
capitais ou recursos.
NOTA: A diferença entre o activo e o passivo, dá-nos o valor do capital próprio, situação
líquida, valor do património ou património líquido.
1ª Activo> Passivo: Quando o Activo é maior que o Passivo, resultando uma Situação Líquida
Activa, também chamada positiva, superavitária ou favorável. Exemplo: se a entidade possui no
Caixa – Fornecedor = PL
2ª Activo =Passivo: Quando o Activo é igual ao Passivo, resultando em uma Situação Nula.
Nesse caso o capital foi absorvido e todo o património pertence a terceiros, considerando que o
total dos bens e direitos é igual ao das obrigações. Exemplo: se a entidade possui no Caixa 4.000
e tiver uma obrigação com o seu fornecedor de 4.000, então o Património Líquido será nulo (0).
Caixa – Fornecedor = PL
4.000 – 4.000 = 0
3ª Activo <Passivo: Quando o Activo é menor que o Passivo resultando em uma Situação
Líquida Passiva, também denominada negativa, deficitária ou desfavorável. Nesse caso há um
déficit patrimonial ou passivo a descoberto. Exemplo: se a entidade possui no Caixa 4.000 e tiver
uma obrigação para com o seu fornecedor de 6.000, então o Património Líquido será negativo
em 2.000.
Caixa – Fornecedor = - PL
4.000 – 6.000 = - 2.000
.
EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DO PATRIMÔNIO:
PL = A - P
Geralmente, na maioria das entidades, o Activo suplanta o Passivo, a representação mais comum
do seu Balanço Patrimonial seria:
A = P + PL. Caso o Passivo supere o Activo: A + PL = P.
Exemplo de Património
BENS
PL 330.000,00
DIREITOS
Duplicatas a Receber 25.000,00
PATRIMÓNIO
BENS E DIREITOS OBRIGAÇÕES (Com Terceiros e com os
Sócios)
(ATIVO) (PASSIVO)
O património de uma empresa está em constante mutação. Todos os factos que transformem o
património de uma empresa são designados de factos patrimoniais. O que a Contabilidade faz é
precisamente observar, classificar e registar essas transformações do património da empresa.
Quanto à forma como afectam o património de uma empresa os factos patrimoniais classificam-
se habitualmente em:
1) Permutativos - quando alteram apenas a composição do património, mas não o seu valor;
mantendo inalterado o capital próprio.
Por exemplo, quando uma empresa faz um depósito bancário de 100,00 está apenas a alterar a
composição do seu activo, mas o capital próprio não sofreu qualquer alteração. Apenas se alterou
a composição do património, não o seu valor, e por isso estamos perante um facto patrimonial
permutativo.
Quando uma empresa paga uma dívida de 200,00 a um fornecedor diminui o seu activo em
200,00 e diminui o seu passivo no mesmo montante. Mas o valor do seu património, ou seja o
capital próprio, não sofre qualquer alteração.
Variação do Activo = - 200,00
Variação do Passivo = - 200,00
Variação do Capital Próprio = Variação do Activo – Variação do Passivo
= (-200) – (-200)
= -200 + 200
=0
Se o capital próprio permanece inalterado estamos perante um facto patrimonial permutativo.
Vejamos agora operações que constituam factos patrimoniais modificativos. Considere-se o
seguinte exemplo: uma empresa vende por 100,00 mercadorias que lhe tinham custado 75,00.
2.2. A conta
Numa empresa existe uma grande diversidade de elementos patrimoniais. A Comparação entre
eles faz-se porque todos são valores, isto é, todos são quantificáveis em unidades monetárias.
Para que seja fácil localizar um elemento patrimonial é conveniente agrupá-los, de acordo com
as suas características comuns, em subconjuntos homogéneos. São estes subconjuntos do
património, de elementos patrimoniais com uma característica comum, que se designam de
contas. O título da conta identifica de forma clara a característica comum a todos os elementos
patrimoniais que nela são inseridos. Esse título é fixo, não sofre qualquer alteração ao longo da
vida quotidiana da empresa. Por outro lado, cada conta apresenta um determinado valor ou
extensão em cada momento do tempo. Esse valor não é mais do que a soma de todos os valores
que fazem parte dessa conta, estando em constante mutação, de acordo com os factos
patrimoniais que vão ocorrendo no seio da empresa.
Homogeneidade – quando todos os elementos que fazem parte duma conta têm a característica
dessa conta. Ex: A dívida de um cliente nunca pode ser registada numa conta que não indique
uma dívida a receber.
Integralidade – todos os elementos que apresentam essa característica comum devem fazer parte
dessa mesma conta, e não de outra. Ex: A conta Mercadorias deverá incluir todos os tipos de
mercadorias transaccionadas pela empresa.
Qualquer que seja o suporte de registo dos factos patrimoniais, esse registo
Consiste na movimentação de contas e baseia-se apenas em duas operações: débito e crédito.
Todo e qualquer registo tem que ter como base um documento. Cada conta pode ser representada
em forma de “T” embora hoje em dia com a implementação da informática na contabilidade ela
já apareça com outra disposição. Debitar uma conta é registar um valor no lado do “débito” ou
Graficamente, temos:
2.2.2.1.Saldo da conta
A apuração do saldo da conta é simples de ser obtida, basta somar todos os valores contidos no
lado do débito e confrontar com a soma de todos os valores registados no lado do crédito. A
diferença entre o débito o crédito duma conta, no momento considerado chama-se saldo dessa
conta. Três situações podem ocorrer:
• D> C => Saldo devedor (Sd)
• D = C => Saldo nulo (S0)
• D <C => Saldo credor (Sc)
Saldo devedor – é o saldo que a conta apresenta quando os débitos são maiores que os créditos.
Saldo credor – é o saldo que a conta apresenta quando os créditos são maiores que os débitos.
Saldar uma conta – é inscrever do lado que for menor o saldo da conta. Uma vez determinado o
saldo, este adiciona-se ao lado cuja soma for de menor valor, obtendo-se assim uma igualdade
entre os dois lados da conta.
Fechar uma conta – é o mesmo que trancar uma conta. Corresponde a colocar dois traços
paralelos por baixo dos somatórios do débito e do crédito, depois de se ter saldado a conta (soma
dos débitos igual à soma dos créditos).
Reabrir novamente uma conta – é colocar novamente nessa conta o valor do lado do débito se o
saldo era devedor ou do lado do crédito se o saldo era credor.
Dispositivo vertical ou unilateral de coluna dupla com saldos á vista, tem as mesmas duas
colunas e ainda uma ou duas outras para os saldos apurados após cada registo.
Nome da conta
Descrição – registo dos documentos que comprovam os factos patrimoniais e indicam a sua
origem.
Saldo de uma conta (valor de uma conta num dado momento) – é a diferença entre o total dos
valores a débito e o total dos valores a crédito ou vice-versa.
Os valores que registamos no lado esquerdo são débitos (D), em contrapartida os valores que
registamos no lado direito são créditos (C).
2.2.3. Classificação das contas
Como vimos, a conta é um dispositivo, com denominação própria e extensão numérica que nos
permite a inscrição de vários elementos de um dado património com características semelhantes,
atribuindo-lhes uma valor.
O débito e o crédito são uma convenção bastante utilizada pela Contabilidade e que estão
presente no razonete, pois o débito representa o lado esquerdo de todos os razonetes, bem como
o lado direito simboliza o crédito em todos os razonetes. Sendo assim, ao realizar um lançamento
do lado esquerdo da conta, a empresa estará fazendo um lançamento a débito ou simplesmente
debitando a conta. Ao efectuar um lançamento do lado direito do razonete, a entidade estará
fazendo um lançamento a crédito, ou seja, creditando.
Activo – debitam-se pela sua extensão inicial e pelos aumentos. Creditam-se pelas suas
diminuições.
Passivo – creditam-se pela sua extensão inicial e pelos aumentos. Debitam-se pelas suas
diminuições.
Situação líquida:
Capital – credita-se pela sua extensão inicial e pelos aumentos. Debita-se pelas suas
diminuições.
Reservas – creditam-se pela sua extensão inicial e pelos aumentos. Debitam-se pelas
suas diminuições.
Resultados:
5. Capital próprio: todos os elementos que constituem o capital próprio da empresa, com
excepção do Resultado Líquido do Exercício (conta 88 da classe 8).
6. Gastos e perdas: todos os elementos que contribuem negativamente param o resultado
da empresa.
Exemplo:
1) Compra a crédito de mercadoria no valor de 100,00
2) Venda a crédito dessa mercadoria por 120,00
Registo em inventário permanente
Compra Fornecedores
100,00 100,00
2.venda
Venda Clientes
120,00 120,00
Mercadoria CIVC
100,00 100,00
Compras Fornecedores
100,00 100,00
Venda Clientes
120,00 120,00
Todo e qualquer facto patrimonial dá origem a pelo menos dois registos: um a débito e outro a
crédito. Este é o famoso método digráfico. De acordo com as regras, e salvo raras excepções, as
contas do Activo têm saldos devedores e as do Passivo e Capital Próprio saldos credores.
O Método das partidas dobradas ou digráfico – a um registo a débito numa conta, corresponde
sempre a um ou mais registos a crédito numa ou noutras contas, e vice-versa, isto é, a variação
numa conta é sempre equilibrada pela variação de outra ou outras contas.
Portanto, para que ocorra uma redução em alguma conta, torna-se necessário que aconteça um
aumento em outra, é o que denominamos Partidas dobradas. Deste modo, ao debitar uma ou
mais contas, teremos que creditar uma ou mais contas, desde que o valor total dos débitos
corresponda ao valor total dos créditos.
Débito = crédito / somatório débitos = somatório créditos
Este método (que se contrapõe ao método unigráfico ou das partidas simples) pode sintetizar-se
da seguinte maneira:
A um débito (ou débitos) corresponde sempre um crédito (ou créditos).
A soma dos débitos é sempre igual à soma dos créditos.
A soma dos saldos devedores é sempre igual à soma dos saldos credores.
A contabilização de qualquer facto patrimonial obedece sempre a uma das seguintes fórmulas
digráficas:
1ª Fórmula => Uma só conta devedora e uma só conta credora
2ª Fórmula => Uma só conta devedora e várias contas credoras
3ª Fórmula => Várias contas devedoras e uma só conta credora
4ª Fórmula => Várias contas devedoras e várias contas credoras
Ex: determinada empresa possuía em seu Caixa um saldo de 5.000,00 e realizou uma compra de
mercadorias à vista por 2.000,00.
Observe que a empresa possuía um saldo inicial (SI) em sua conta Caixa no valor de 5.000,00mts
e efectuou uma compra à vista por 2.000,00mts, sendo assim, ao comprar à vista, a conta Caixa
irá diminuir, e como o Caixa é conta de Activo, deve-se efectuar um lançamento a crédito para
que o dinheiro seja retirado.
A retirada do dinheiro é para realização de compra de mercadorias, portanto essas mercadorias
farão parte do Estoque da empresa, sendo caracterizada com um bem da entidade. Desta forma, o
Estoque é uma conta de Activo, e ao comprar mercadorias, a empresa aumenta seu Activo, o que
acarretará um lançamento a débito.
NB: O total dos débitos deve ser igual ao total dos créditos.
Ex2: Ainda o mesmo exemplo, se tivéssemos uma compra 40% à vista e 60% a prazo, teríamos a
seguinte situação:
Nessa situação, ao comprar a mercadoria, debitaremos, pois a mercadoria é um Activo que está
sendo aumentado, e creditaremos o Caixa em 800,00mts porque a compra foi 40% à vista, e
creditaremos o Fornecedor porque os 60% foram a prazo, gerando uma obrigação para a
empresa, ou seja, um Passivo e para aumentar o Passivo, efectua-se um lançamento a crédito.
NB: O total de débitos corresponde ao total de créditos.
Historicamente, as contas já representaram exclusivamente as pessoas dos devedores e dos
credores e nessas circunstâncias:
Aumentar a conta de um devedor significava aumentar o seu débito (ele deve mais).
Aumentar a conta de um credor significava aumentar o seu crédito (ele tem a haver
mais).
Regras de utilização
Cada quadro de conta deve ser dedicado a uma única conta;
Uma mutualidade deve abrir progressivamente e utilizar unicamente as contas que lhe são
úteis (ver adiante a secção sobre o plano contabilístico);
As contas de encargo e de produtos são abertas no decurso do exercício em função das
necessidades. Contrariamente às contas de balanço, não há transporte de saldo de um
exercício para outros;
O registo das operações nestas diferentes contas deve ser feito linha após linha.
A recolha da informação deve ser feita em tempo real, isto é, no momento em que a
operação é realizada.
As contas são encerradas no último dia do exercício contabilístico. Para proceder ao
fecho da contabilidade, totaliza-se o débito depois o crédito, a diferença entre estes dois
totais corresponde ao saldo da conta que será inscrito na coluna cujo total é o mais baixo
(débito e crédito separados).
As contas de balanço são reabertas no início de um novo exercício. Para reabrir uma conta de
balanço, inscreve-se o transporte do saldo do precedente exercício no débito se este saldo estiver
devedor, ou no crédito, se estiver credor.
2.4.1.2.Classificação de inventário
Quanto ao âmbito:
Inventário geral – quando abarca todos os valores que constituem uma dado património, figura
todos elementos patrimoniais;
Inventário parcial – quando abrange apenas alguns dos elementos patrimoniais. Neste
inventário, figura apenas uma parte dos elementos patrimoniais como por exemplo: a
inventariação mercadorias ou os débitos de uma dada empresa.
Quanto á periodicidade
Inventário ordinários – quando são efectuados periodicamente. Estes são regulares e previsíveis
a) Simples
Activo
Passivo
Dividas á :
Pedro …………………………………………………………………. 16.000
Rosa…………………………………………………………………… 9.000
Aceites nºs
3, saque de João ………………………………………………………… 18.000
10, saque de Pedro ……………………………………………………… 12.000
Divida á papelaria y …………………………………………………… 10.000
Empréstimo no BA …………………………………………………….. 150.000
Total do passivo……………… 215.000
b) Inventário classificado
Caixa
Passivo
Credores
Menos de 1 ano
Fornecedores
Pedro …………………………………………………………………. 16.000
Rosa…………………………………………………………………… 9.000
papelaria y ……………………………………………………………….. 10.000
A pagar ( títulos negociáveis)
Aceite 3, saque de João ……………………………………………… …. 18.000
Aceite 10, saque de Pedro ……………………………………………… 12.000
Total do passivo……………… 215.000
O Balanço não é mais do que uma “fotografia” do património da empresa num determinado
momento. Como se refere a um momento preciso dizemos que se trata de um documento
estático. O Balanço de qualquer empresa está constantemente a sofrer alterações. Qualquer facto
patrimonial reflecte-se no Balanço. Se for permutativo , altera apenas a composição do activo/
passivo, deixando o capital próprio inalterado. Se for modificativo, para além de alterar a
composição do activo/ passivo, modifica o capital próprio.
Em termos de estrutura trata-se de um mapa com duas colunas: no lado esquerdo colocam-se os
elementos do activo e respectivos valores, no lado direito o Capital Próprio e os elementos do
Passivo e respectivos valores. Pela Equação Fundamental da Contabilidade a soma de todos os
valores do Activo tem que igualar a soma do Capital Próprio com todos os valores do Passivo.
Sendo assim os dois membros do balanço têm sempre o mesmo valor.
Esta terceira situação é, sem margem sem dúvidas, francamente desfavorável na medida em que
as dividas a pagar superam o montante do activo (deve-se mais do que se possui e se tem a
receber)
Balanço sintético – quando o balanço apresenta, somente, as classes constituintes dos vários
grupos dos elementos do património da empresa (meios circulantes financeiros, meios
circulantes materiais, meios imobilizados, etc.). Portanto, o grau de pormenorização é mínimo. O
mais sintético dos balanços é aquele que nos da apenas a conhecer os valores totais do activo,
passivo e situação liquida. Ou seja, as rubricas apresentadas somente do primeiro grau.
a) Balanço sintético
Balanço em 1/10/n
b) Balanço analítico
Balanço em 1/10/n
Mercadoria 36.000
Contas a receber
Clientes 18.000
Meios financeiros
900.000
Caixa 50.000
títulos negociáveis 30.000
Dep. Em bancos 145.000 225.000
900.000
Usualmente o balanço só é elaborado com uma certa periodicidade em geral 1 ano. Estando o
património em contínua transformação, o balanço apenas nos de a conhecer os valores nas datas
da sua elaboração; dai que o balanço corresponde a uma situação estática, enquanto a
comparação de balanços sucessivos representa uma situação dinâmica, porquanto vai dando a
conhecer a evolução patrimonial da empresa.
+ Lucros
Situação liquida final= situação liquida inicial
- Prejuízos
De acordo com o Plano Oficial de Contabilidade (POC), a ordenação dos elementos patrimoniais
no Balanço deve ser feita da seguinte maneira:
• Activo: liquidez crescente. Assim surgem primeiro os elementos menos líquidos (edifício por
exemplo) e depois os mais líquidos. A forma extrema de liquidez é o dinheiro em caixa.
• Passivo: exigibilidade crescente. Assim surgem primeiro as dívidas a médio longo prazo e
depois as dívidas a curto prazo.
• Situação Líquida: antiguidade no seio da empresa, dos mais antigos para os mais recentes.
Sendo o Passivo o conjunto de todas as dívidas da empresa, pode ser designado por Capital
Alheio. O lado direito do balanço representa assim as duas origens de fundos alternativas:
Capital Próprio e Capital Alheio. O Capital Próprio é constituído pelos valores que são
propriedade da empresa. O Capital Alheio é constituído pelos valores que embora sejam
utilizados pela empresa pertencem a terceiros.
O Activo não é mais do que a aplicação desses mesmos fundos, ou seja, a aplicação do capital
total. Podemos então interpretar o Balanço com uma “fotografia” das origens e aplicações de
fundos da empresa num determinado momento. Origens e aplicações que vão sofrendo alterações
à medida que ocorrem factos patrimoniais.
Configurações do Capital
Exemplo: a empresa ABC S.A. é constituída por dois sócios que integralizaram 100.000, sendo
60.000 em dinheiro e 40.000 em móveis e equipamentos.
Balanço em 1/10/n
ACTIVO PASSIVO
Meios financeiros
Caixa 40.000 Património liquido
Investimento de capital Capital social 100.000
Móveis e equipamentos 60.000
100.000
100.000
2°) Capital Próprio (CP): corresponde ao Capital Próprio da entidade, portanto corresponde ao
Património Líquido, abrangendo o Capital Inicial e suas variações.
Exemplo: continuando o exemplo anterior, após determinado período, a empresa obteve um
lucro de 20.000 proveniente de suas actividades. Desta forma, o Capital Próprio da empresa
passaria para 120.000 (100.000 do Capital Social + 20.000 dos lucros). Observe que o Lucro terá
reflexo no Activo, pois entrará dinheiro no Caixa ou direitos a receber. No quadro, nota-se que o
reflexo da geração de lucros foi no Caixa através da entrada de dinheiro, mas poderíamos ter
uma conta “Títulos a Receber”, ou “Clientes” no valor de 20.000, ao invés da entrada no Caixa
do dinheiro.
Balanço em 1/10/n
Carmen Azevedo Ali Página 35
ACTIVO PASSIVO
Meios financeiros
Caixa 80.000 Património liquido
Investimento de capital Capital social 100.000
Móveis e equipamentos 60.000 Lucro 20.000
120.000 120.000
3°) Capital de Terceiros (CT): corresponde ao Capital de Terceiros utilizados para financiar
as actividades da empresa. Portanto, o Capital de Terceiros corresponde ao Passivo da entidade.
Exemplo: continuando o exemplo anterior, após determinado período, a empresa efectuou uma
compra, a prazo, de mercadoria no valor de 10.000. Sendo assim, a empresa ficará com um
estoque no seu Activo (devido a entrada da mercadoria no estabelecimento) de 10.000, entretanto
terá uma dívida com seu fornecedor de 10.000.
Balanço em 1/10/n
ACTIVO PASSIVO
Meios financeiros
Caixa 80.000 Fornecedores 10.000
Inventários e activos biológicos
Património liquido
Mercadoria 10.000 Capital social 100.000
Lucro 20.000
Investimento de capital
130.000 130.000
P + PL
3. OPERAÇÕES CONTABILÍSTICAS
3.1. Lançamentos
3.1.1. Noção
O Património, como conjunto de valores activos e passivos sujeitos a uma gestão, não se mantém
constante. Pelo contrário, está sujeito a variações que mais não são do que a consequência da
própria actividade da empresa, sendo assim, além da representação dos valores patrimoniais,
existe a necessidade de representar e inscrever em documentos, livros e registos de vária
natureza, os factos patrimoniais (acontecimentos ou eventos) que provocam a sua variação.
Documentos
Os factos patrimoniais registados pela contabilidade são descritos e comprovados por meio de
escritos comerciais – os documentos. Os documentos ou factos são a base de todo o registo
contabilístico, sem os quais esse mesmo registo não poderá ser efectuado e/ou processado.
Livros
O lançamento é, como foi dito, a notação de qualquer facto patrimonial nos livros próprios da
contabilidade, e compõe-se pelo menos dos seguintes elementos:
Data;
Título/cabeçalho, que é a indicação da (s) conta(s) a debitar e da(s) conta(s) a creditar;
usualmente escreve-se em caracteres mais destacados;
Descrição ou histórico, que consiste na explicação sucinta do facto patrimonial que dá
origem ao lançamento;
Importância ou montante do valor, que é a expressão monetária correspondente às
variações provocadas nas contas.
De acordo com o princípio das partidas dobradas, a contabilização de qualquer operação obedece
forçosamente, a uma das seguintes fórmulas:
As operações realizadas pelos comerciantes, que modifiquem ou que possam vir a modificar o
seu património, devem ser escrituradas no âmbito de um processo – processo de escrituração ou
processo contabilístico. Este processo, obedece uma sequência que se vai consubstanciar numa
triologia: DIÁRIO, RAZÃO e BALANCETE.
5.2.1. Diário
Apresentação
O Diário é um livro cujas páginas são enumeradas, todas apresentadas do mesmo modo. As
escriturações efectuadas para uma operação constituem um artigo do diário. Cada página
apresenta-se como um quadro, compreendendo:
Uma coluna “Número das contas”, na qual são inscritos os números das contas afectadas
pela operação, em função do plano contabilístico da mutualidade;
Uma coluna “Descrição”, na qual são inscritos os nomes da ou das contas debitadas e da
ou das contas creditadas (cada operação respeitando, pelo menos, as duas contas). É
igualmente dada uma breve descrição da operação;
Uma coluna “Débito”, na qual são inscritos os montantes a debitar;
Uma coluna “Crédito”, na qual são inscritos os montantes a creditar.
A data da operação é mencionada numa linha separando cada artigo.
Regras de utilização
Cada operação deve ser registada no diário, logo que ela é realizada ou conhecida;
As operações devem ser registadas cronologicamente, devendo quaisquer tipo de erros
ser objecto de regularização contabilística logo que descobertos; e
Para cada operação, inscreve-se, primeiro, a conta debitada, depois, na linha seguinte, a
conta creditada;
Cada facto patrimonial deve ser individualizado;
Os registos são feitos na base de peças justificativas que serão cuidadosamente
conservadas, isto é, todos os lançamentos devem estar apoiados em documentos
justificativos, datados e susceptíveis de serem apresentados sempre que necessários; É
também atribuído um número de referência no Diário e cada peça justificativa e que é
transportada para esta;
Nenhuma página pode ser rasgada. Também não se podem deixar espaços brancos,
escrever inscrições nas margens, apagar ou rasurar escriturações;
Diário unilateral
Diário bilateral
a. Coluna utilizada para registar a data a que reporta a operação, ou seja, o lançamento.
d. Coluna para se inscrever a (s) conta (s) – em regra por código – a debitar na operação.
f. Coluna para se inscrever a (s) conta (s) – em regra por código – a creditar na operação.
a) b) c) d) e) f)
3.2.2. Razão
A razão, razão geral, ficha de razão, extracto de conta, ou ainda livro do razão é um livro
facultativo e sistemático que corresponde ao registo de todas as operações do diário, (débitos e
créditos) em relação a cada uma das contas. Representa o agrupamento dos registos
contabilísticos pela unidade da conta, representada de forma esquemática pelo “T”.
No livro do Razão, uma página é destinada para cada conta, dividida em dois campos, um para o
débito e outro para o crédito. Os lançamentos são transcritos do Diário e servem para controlar
os movimentos de débitos e créditos de todas as contas. O Razão também pode ser lançado em
fichas, para facilitar o seu manuseio.
Na razão, são indicadas, por conta, todas as operações da entidade, na ordem em que ocorrem, os
valores, assim como as alterações quantitativas e qualitativas por elas produzidas (variação dos
saldos).
Traçado do razão
a) b) c) d) e) f) g) a) b) c) d) e) f) g)
Legendas:
Modelo simplificado
a) b) c) d) e) a) b) c) d) e)
Legendas:
A) e b) - data
A soma de todas as importâncias neles registados a débito tem de ser igual à soma de
todas as importâncias neles registados a crédito;
A soma dos saldos devedores tem de ser igual à soma dos saldos credores neles
registados.
O nome de todas as contas utilizadas pela empresa num certo período e que se encontram
no Razão;
Os totais de débitos e créditos referentes a todos os movimentos registados desde o início
do exercício até o momento da sua elaboração. Os valores nele inscritos não se referem
somente ao último mês, mas também aos valores anteriores, isto é, apresenta valores
acumulados nas contas a débito e a crédito;
Os saldos apresentados pelas contas movimentadas.
BALANCETE
MOVIMENTAÇÃO SALDOS
Fólio CONTAS DÉBITOS CRÉDITOS Devedor Credor
D C Sd Sc
TOTAL
Donde: D = C; Sd = Sc
Na coluna Débito escreve-se o total das somas registadas a débito nas contas;
Na coluna Crédito escreve-se o total das somas registadas a crédito nas contas;
Exemplo:
A sociedade X Lda., iniciou sua actividade no dia 2 de Janeiro do corrente ano, com um capital
social de 5.000,00., dedicando-se apenas a comercialização de dois tipos de mercadoria M1e M2.
Dia 3- levantamento no banco y de 1.000,00, cheq.nº 639480 para constituição de saldo de caixa;
Dia 5- comprou a crédito diversos equipamentos para o escritório no valor 748,00- fact.nº 25
Dia 15- venda de 20 unidades de mercadoria M1, a crédito, ao preço unitário de 14,96
Dia 20- compra de uma viatura ( matricula: AS-22-85) por 3.990,00, fazendo uma entrega de
imediato de 50% do valor de aquisição por meio de cheque s/ banco X.
` Pedido:
a) Lançamento no livro-diário,
b) Na razão geral
c) Elaboração do balancete
Depósitos á ordem 1
a Capital 2 5.000,00
P/Valor inicial da actividade
3
2 Caixa 3
a Depósitos á ordem 1 1.000,00
P/Levantamento de cheq.nº 639480
5
3 Equipamentos 4
a Outros credores 5 748,00
P/Aquisição de diversos equip.fact. nº25
10
Compras 6
4 a Fornecedores 7
Aquisição de mercadoria 893,50
p/Aquisição de mercadoria M1 e M2
//
Mercadorias 8
a Compras 6 893,50
P/ Transferência para o armazém
//
Fornecedores 7
a Diversos
p/Pagamento parcial com cheq. E aceite de uma
letra pelo remanescente 110,00
Depósitos á ordem 1 783,50 893,50
Fornecedores – títulos á pagar 9
15
Diversos
5 a Diversos
p/venda de mercadoria M1
10 299,20
Clientes 11 249,40
Custo de mercadoria 548,60
a Vendas 12 299’20 548,60
a Mercadoria 8 249’40
20
Equipamento de transporte 13
6 a Diversos
p/ aquisição de viatura matricula As-22-85
Diversos
8 Diversos
p/ venda de mercadoria
3
Caixa 10 40,00
Custo de mercadoria 30,00
70,00
Vendas 11
Mercadoria 12 40,00
30,00 70
Total
14.099,45
Razão geral
14.099,45
14.099,45
Balancete