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Introdução

A contabilidade existe desde que o homem precisou efetuar registros de


comércio, alguns autores dizem que as primeiras cidades comerciais eram dos
fenícios. Desde a época dos escambos (época em que a moeda de troca era
as próprias mercadorias), a contabilidade já era de suma importância para a
sociedade.
E desde a antiguidade os povos antigos, tais como os antigos egípcios e os
babilônicos, registravam suas transações comerciais (pagamentos de salários,
impostos etc.) em cerâmicas com escrita cuneiforme e pinturas com a figura
dos itens pagos nas paredes, que valiam como recibos. Entre 8000 e 3000
a.C., no Oriente Médio, eram utilizadas fichas de barro representando cabeças
de gado para registrar as transferências de animais. Sempre que um animal
era transferido, a sua ficha correspondente era transferida de uma caixa de
barro para outra.
Nas últimas décadas do século 20, a contabilidade passou a se preocupar em
acentuar mais sua missão de fornecer dados relevantes à tomada de decisões
por parte dos administradores das empresas, pois na tomada de decisões de
investimento e distribuição de dividendos, os empresários/gestores consideram
que a informação contabilística com maior importância é a que possibilita
analisar a capacidade financeira da empresa, enquanto na tomada de decisões
de financiamento é a que permite avaliar o impacto dessa decisão na estrutura
financeira da empresa. Na tomada de decisões operacionais, a informação
contabilística tida como mais relevante, corresponde à listagem da antiguidade
dos saldos devedores e credores, enquanto a informação menos importante
respeita à comparação dos indicadores financeiros da empresa, com os
publicados para o mesmo sector de actividade.

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1. Evolução histórica da Contabilidade.

O surgimento e a evolução da contabilidade confundem-se com o


desenvolvimento da Humanidade (Guimarães, 1998). Nesse contexto, os
estudos sobre as civilizações (da Antiguidade) revelam que o homem primitivo
já cuidava da sua riqueza através da contagem e do controlo do seu rebanho
(Sá, 1998). De acordo com o autor, a contabilidade nasceu com a civilização e
nunca deixará de existir em função dela e por esse motivo, os seus progressos
quase sempre coincidiram com aqueles que caracterizam a própria evolução
do ser humano.
Há milénios atrás, na Mesopotâmia, quando se realizavam registros em argila
na Suméria, nasceu a própria escrita que daria origem ao registro de todas as
expressões (Gonçalves, 2010). De acordo com o mesmo autor, na Antiguidade
Oriental para além da Mesopotâmia, era no Egito, local onde os escribas
registavam com exatidão as suas despesas e receitas tendo sempre as suas
contas em dia. Para Sarmento (1959), a invenção do papiro Egípcio veio
possibilitar uma panóplia de folhas que nos levaram aos livros resultando daí
um grande contributo no crescimento e desenvolvimento da contabilidade.
Segundo o autor, os primeiros registos provisórios eram feitos em memoriais e
depois definitivamente efetuados em quadros ou dispositivos de secções
sobrepostas ou justapostas (contas). Não é de todo inadequado considerar que
a noção de conta e contabilidade, seja tão antiga como a origem da vida do
homem na sociedade. Alguns historiadores fazem remontar os primeiros sinais
objetivos de existência de contas aproximadamente a 4.000 antes de Cristo
(A.C) (Gonçalves, 2010). Pires (2010, p. 3) refere que “em Portugal, a
contabilidade não teve no passado os progressos que se registaram noutras
áreas do conhecimento, em parte justificado pelo incipiente desenvolvimento
da economia e pela tradição profundamente rural do país”. O mesmo defende
que com a expansão marítima, o aparecimento de novas rotas comerciais,
contribuiu para aumentar as trocas comerciais e para uma maior necessidade
de organização mercantil. O processo negocial e de repartição do comércio foi
alterado e passou a ser feito por representantes e grandes corporações e
associações que pouco a pouco criaram uma infraestrutura comercial sólida,
associada ao fenómeno do aparecimento da empresa como uma entidade com
personalidade jurídica.
Simultaneamente, a aula de comércio começou a ter frutos, marcando um
ponto de viragem no conhecimento das matérias contabilísticas e das ciências
empresariais em geral.

2. Conceito da Contabilidade
Contabilidade é a ciência que tem por objetivo o estudo das variações
quantitativas e qualitativas ocorridas no patrimônio (conjunto de bens, direitos e
obrigações) das entidades (qualquer pessoa física ou jurídica que possui um
patrimônio).

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Através dela é fornecido o máximo de informações úteis para as tomadas de
decisões, tanto dentro quanto fora da empresa, estudando, registrando e
controlando o patrimônio.

Em resumo, a Contabilidade abrange um conjunto de técnicas para controlar o


patrimônio das organizações mediante a aplicação do seu grupo de princípios,
técnicas, normas e procedimentos próprios, medindo, interpretando e
informando os fatos contábeis aos donos das empresas.

Todas as movimentações existentes no patrimônio de uma entidade são


registradas pela Contabilidade, que resume os fatos em forma de relatórios e
entrega-os aos interessados em saber como está indo a situação da empresa.

Através destes relatórios são analisados os resultados alcançados e a partir daí


são tomadas decisões em relação aos acontecimentos futuros. Sendo assim, a
Contabilidade é a responsável pela escrituração (registro em livros próprios) e
apuração destes resultados e é só através dela que há condições para se
apurar o lucro ou prejuízo em determinado período.

Objeto de estudo

Tem-se por objeto de estudo o património das entidades/empresas (pessoa


jurídica) ou das pessoas (pessoa física). Este património é administrável e está
sempre em constante mudança.

Trata-se na contabilidade a pessoa jurídica da entidade como distinta da


pessoa física do proprietário. Sendo assim, a contabilidade é formada para a
entidade e não para seus respectivos donos, estando voltada para os estudos
da empresa pessoa jurídica.

Quanto à finalidade

A Ciência Contábil desenvolve suas funções em torno do patrimônio como


meio para alcançar sua finalidade.

Tem por finalidade registrar fatos e produzir informações que possibilitem ao


dono do patrimônio o controle (certificar-se de que a organização está atuando
de acordo com os planos e políticas traçados) e planeamento (decidir qual
curso tomar para atingir com mais rapidez, eficiência e eficácia o objetivo
proposto) de como agir no seu patrimônio.

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Divisões da Contabilidade

A contabilidade está subdividida em seguintes ramos:

Contabilidade Financeira ou Externa (Geral)


Contabilidade Analítica ou de Exploração (Custos)
Contabilidade pública
Contabilidade tributária

Contabilidade Geral

Regista factos patrimoniais que fazem prova perante terceiros;


Permite conhecer, em qualquer momento, a situação patrimonial da
empresa;
Dá a conhecer, período a período, os resultados derivados da
exploração, feita nesse espaço de tempo;
Possibilita levar a cabo análises de ordem económica e financeira que
são importantes auxiliares de gestão da empresa, para se alcançar a
melhor rentabilidade;

Contabilidade Analítica

Forne oportunamente os custos totais e unitários dos produtos,


subprodutos e resíduos resultantes da actividade interna da empresa;
Permite hierarquizar responsabilidades no seio da empresa, uma vez
que é possível dividi-la em secções, cada uma funcionando como um
centro de custos próprio
Possibilita levar a cabo estudos de economicidade e rentabilidade não
só internos mas também de comparação com outras empresas do
mesmo ramo de actividade, permitindo a deteção e correção de erros ou
desvios cometidos na fase da produção;
É um precioso auxílio da administração da empresa, habituando-a a
tomar decisões mais esclarecidas, rápidas, seguras e eficazes.

Contabilidade pública

Contabilidade pública diz respeito ao registro sistemático das operações


financeiras realizadas por todos os organismos do setor público.

Contabilidade tributária

Também conhecida como contabilidade fiscal, a contabilidade tributária é a


área de aplicação das ciências contábeis que tem como objetivo apurar e
conciliar a geração de tributos de uma determinada entidade. A contabilidade
tributária fornece dados importantes para a apuração de tributos.

3. Importância da Informação Financeira na domada de decisão

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A contabilidade nasceu com a evolução da civilização e os seus progressos
coincidem com aqueles que caracterizam a própria evolução do ser humano
(Sá, 1998). Com o seu desenvolvimento, a contabilidade tornou-se uma
importante fonte de Informação Financeira (IF) e com o progresso da atividade
económica passa a ser encarada como uma ferramenta essencial de apoio à
gestão (Pires, Santos, Fernandes & Morgado, 2007). A IF produzida através da
contabilidade, constitui assim, uma ferramenta fundamental, para o
desenvolvimento das atividades empresariais, dado que pode auxiliar os vários
utentes da IF na tomada de decisão (Santos, 2014). Existem vários tipos de IF
e cada stakeholder atribui diferente utilidade às mesmas.

A atividade financeira e económica de uma organização é representada por


uma variedade de IF, que em conjunto formam uma base de informações para
análise. De acordo com Gencia et al., (2016), as IF são a fonte básica de
inteligência para auxiliar, tanto o comportamento dos utilizadores internos,
quanto externos, ao lidar com uma entidade económica que é prestada através
de um sistema de relatórios, cujo valor descritivo influência quem toma as
decisões em direção a uma determinada ação. Mukhametzyanoy e Nugaev
(2016) referem que o principal objetivo do 16 uso da IF é reduzir a incerteza na
tomada de decisões e para isso a análise económica e a tomada de decisões
fiáveis, só são possíveis se houver informação completa sobre a actividade da
empresa. Estes autores reforçam assim, a importância da análise da IF na
tomada de decisão. Frydman e Camerer (2016), referem que as decisões
financeiras são as decisões mais importantes de uma organização.
Nessas decisões as IF são necessárias, porque permitem que as empresas
tenham informações precisas para basear as suas decisões (Amoako, 2013).
De acordo com o mesmo, essas informações são necessárias para que a
empresa possa utilizar um sistema de contabilidade que lhe permita determinar
o volume de vendas, lucros ou prejuízos, ativos e passivos em qualquer
momento. Ou seja, a qualidade da IF utilizada dentro da empresa tem uma
relação positiva com o desempenho e a sobrevivência dessa mesma. Aliás a
falta de registos contabilísticos pode levar ao encerramento de algumas
empresas e portanto, torna-se um problema significativo para o sucesso dos
negócios (Amoako, 2013).

4. Contabilidade como profissão

A Contabilidade é uma Ciência Social aplicada que tem como objetivo


evidenciar as mudanças financeiras e econômicas que ocorrem na sociedade,
regra geral o Contador é aquele que pode mensurar o patrimônio de uma
empresa ou da sociedade e estabelecer diagnósticos que são fundamentais
para os investidores.

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O Mercado de trabalho para o profissional contábil é bem diversificado, o
contador pode ser um perito contábil, auditor interno, auditor externo, consultor
contábil, consultor tributário, contador de escritório, contador interno, controller,
fiscal, contador público, contador gerência, analista financeiro, empresário e
professor. São muitas as áreas que o profissional contábil pode fazer carreira,
fato que diferencia a profissão no mercado de trabalho. A profissão contábil
desempenha um papel fundamental na modernização e internacionalização da
economia.

O contabilista pode atuar em várias frentes profissionais, além da própria


gestão contábil de empresas, entidades públicas e não-governamentais,
especializando-se em várias áreas, como:

1. Perícia Contábil – cada vez mais as sentenças judiciais e arbitrais buscam


estar pautadas em laudos técnicos de especialistas contábeis – já que estes
propiciam o rigor de investigação, a independência e a confiabilidade de
cálculos e opiniões sobre controvérsias como apuração de haveres, lucros
cessantes, impugnações fiscais e avaliação de patrimônio líquido.

2. Auditoria: O profissional com formação acadêmica em Ciências Contábeis -


Ensino Superior, inscrito no CRC (após exame de suficiência) poderá auditar e
emitir o parecer de entidades como:

· Companhias que tenham suas ações negociadas em Bolsa de Valor (as


chamadas de Capital Aberto).

· Instituições financeiras (Bancos, Seguradoras, Consórcios, Corretoras de


Títulos e Valores, as quais são regulamentadas e fiscalizadas pelo Banco
Central e SUSEP).

· Planos de saúde, regulamentados pela ANS.

· Sociedades sem fins lucrativos, a partir de determinado valor de


arrecadação.

As entidades acima só podem ser auditadas por Contador, inscrito na CVM -


Comissão de Valores Mobiliários.

3. Fiscal: a fiscalização de contribuintes ou de contas de entes públicos é uma


atividade complexa e extremamente técnica – com certeza o contabilista é o
profissional mais adequado para realizar tais labores, já que possui um amplo
leque de conhecimentos específicos (como domínio simultâneo das normas
contábeis, fiscais, trabalhistas, previdenciárias, societárias e administrativas).

4. Gestão de Empresas – esta não é uma atividade restrita a administradores,


já que os contabilistas são conhecedores profundos de finanças, custos e fluxo
de caixa, e têm colocado suas capacidades à frente de grandes
empreendimentos.

5. Gestão Pública –

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6. Atuarial - parte da estatística ligada a problemas relacionados com a teoria
e o cálculo de seguros. Na terminologia técnico-comercial, ATUÁRIO designa o
contabilista especializado na contabilidade e na técnica dos seguros
(previdenciários, patrimoniais e riscos complexos).

7. Consultoria – há contabilistas que adquirem experiências específicas em


determinados ramos de atividades (como planeamento tributário), e podem
oferecer aos 3 setores da sociedade (iniciativa privada, governos e ONG´s) um
leque de soluções para as complexas questões sociais, orçamentárias e de
mercado a que tais entes se defrontam no dia-a-dia.

8. Ensino – universidades e centros de atualização profissional necessitam de


ótimos professores, com profundos conhecimentos contábeis, para formação
de novos profissionais e aprimoramento de outros, em dezenas de disciplinas
como Contabilidade Rural, Contabilidade de Custos ou Orçamento Público.

9. Pesquisa – um pesquisador contábil pode estabelecer-se como um escritor


de tempo integral, e deixando um nobre legado de pesquisas e conhecimentos
para muitas gerações.

5. Informação financeira e a estrutura empresarial

Um estudo, orientará o profissional de contabilidade quanto à informação a


preparar no âmbito das suas funções, atendendo às características da empresa
e do gestor.
Este estudo, como todos, apresenta algumas limitações nomeadamente ao
nível da dimensão da amostra do inquérito, uma vez que utilizamos uma
amostra por conveniência o que limita a generalização dos resultados. Outra
limitação deve-se ao facto de o inquérito não ser aplicado diretamente ao
gestor, uma vez que esta investigação está limitada em termos de tempo,
optamos por aplicar o inquérito aos contabilistas certificados dado que, por um
lado a resposta é mais fácil de obter e por outro, estes detêm conhecimento
relativamente à utilidade que o gestor atribui à IF em função da IF que lhes é
solicitada pelo gestor.
Em termos de investigação futura, sugerimos a análise do impacto dos fatores
e utilidade da IF e se esta determina o desempenho das empresas. A
frequência com que é solicitada a IF pode determinar a utilidade de IF, por isso,
sugerimos como investigação futura a inclusão desta variável na dimensão e
utilidade de IF. Sugerimos ainda a aplicação deste estudo diretamente aos
gestores, no sentido de se confrontar os resultados obtidos. Por fim, sugere-se
incluir a variável conhecimento ou interpretação da IF no estudo e avaliar a sua
relação com a utilidade da IF. Para o sucesso de uma empresa, a IF, produzida
pelos contabilistas certificados, é para a gestão uma ferramenta imprescindível
e útil a todos os stakeholders na tomada de decisão.

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6. Princípios Contabilísticos

A contabilidade é governada por um conjunto de leis de formação, as


chamadas de Princípios da contabilidade, que servem para deixarmos mais
fácil a utilização da contabilidade no dia-a-dia.

E os 6 princípios fazem com que já de início se tenha uma visão bem ampla da
contabilidade em si:

 O Principio da Entidade reconhece o patrimônio como o objeto da


contabilidade;
 O Principio da Continuidade são as diferenças, as situações pelas
quais passam o patrimônio. A continuidade da contabilidade é um
aspecto a ser observado cuidadosamente para que se tenha um controle
da situação.
 O Principio da Oportunidade se refere ao mesmo tempo, a um todo e
a cada fase do patrimônio, determinando o que deve ser feito de
imediato independente do que possa ocorrer.
 O Principio do valor original, utiliza e mantém atualizado o valor de
entrada.
 O Principio da Competência tem o objetivo de decidir quando as
alterações patrimoniais vão aumentar ou diminuir o patrimônio líquido.
 O Principio da Prudência reforça as necessidades de apresentar
informações que reflitam o patrimônio liquido, gera precauções por parte
do contador, impõe escolha da hipótese de que resulte menos PL.

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