Você está na página 1de 11

ESCOLA SUPERIOR POLITÉCNICA DO NAMIBE

DEPARTAMENTO DO CURSO DE CONTABILIDADE E GESTÃO

Trabalho de Contabilidade Analítica.

Tema: Métodos de Custeio e a Produção Conjunta.

DISCENTES: António Pedro Camilonga Fortunato

Estanislau Ndondje Lourenço

O Docente

_______________________

Lendro Miguel Manuel Luís

Moçâmedes, 2021
Índice
1. Introdução.................................................................................................................................. 3
1.1.Objectivo Geral. .................................................................................................................. 3
1.2. Objectivos Específicos ....................................................................................................... 3
2. O método de custeio .................................................................................................................. 4
2.1 Método Directo ou Custo Especifico .................................................................................. 4
2.2 Método Indirecto ou Custo por processos ........................................................................... 4
2.3 Método Misto ..................................................................................................................... 5
3. Produção Conjunta .................................................................................................................... 5
3.1. Âmbito e aplicação ............................................................................................................. 6
3.2. Método de repartição dos custos conjuntos. ....................................................................... 6
3.3. Custo Unitário; Média Ponderada, e o Preço de venda Relativo ....................................... 7
4. Exercicios .................................................................................................................................. 8
5. Conclusão ................................................................................................................................ 10
6. Referências Bibliográficas ...................................................................................................... 11
1. Introdução
A Contabilidade de Custos tem vindo a ganhar uma importância crescente ao longo do
tempo, na medida em que cada vez mais é entendida como ferramenta de produção de
informação de apoio à tomada de decisão. Os gestores necessitam de informação
organizada de modo a poderem tomar decisões e controlar as suas actividades. A
economia de mercado em que as empresas actualmente se movimentam, em que
normalmente a oferta a excede largamente a procura, faz com que surjam novas
preocupações de optimização das condições de exploração, visto que o preço de venda
constitui um elemento ditado pelo mercado e o custo passa a ser um objectivo
perseguido pela gestão.

Neste contexto, a Contabilidade Analítica tem como objectivo principal a determinação


do custo unitário de produção, de forma correcta e fiável, dando também elementos que
permitam à Gestão aferir do grau de eficiência na utilização dos recursos à disposição
da Organização. Para uma gestão de recursos, é necessário que se conheçam os métodos
de custeio, uma vez que o uso dos métodos ou critérios mais adequados à sua realidade
prática irão fornecer as informações que serão fundamentais na tomada de decisão.

1.1. Objectivo Geral.


O presente trabalho tem como objectivo geral, demonstrar a utilização dos métodos de
custeio para a formação de preços e demonstrar como os métodos de custeio podem
servir como ferramentas para a tomada de decisão; apresentar o processo da produção
conjunta desde a sua caracterização, valorização, reconhecimento e aplicação dos seus
critérios no apuramento de cada custo.

1.2. Objectivos Específicos


O presente trabalho tem como objectivos específicos:

 Salientar a importância do apuramento dos custos de produção.

 A distinção entre o método directo e o método indirectos e como eles é


contabilizado.

 Caracterizar os tipos de "outputs" obtidos da produção conjunta.

 Reconhecer a importância do ponto de separação para a repartição· dos custos


conjuntos ou comuns;

 Aplicar os critérios definidos para apurar o custo de cada co-produtos e conhecer


as suas diferenças;

 Valorizar os subprodutos de acordo com os respectivos critérios (lucro nulo e


custo nulo);

 Caracterizar o método das unidades equivalentes e aplicá-lo a um só prático.

3
2. O método de custeio
O método de custeio normalmente é aplicado de acordo com a necessidade ou processo
de produção da empresa, tendo que ser utilizado de maneira útil para o gerenciamento
da empresa. Tendo em conta as características de fabricação, podemos destacar os
seguintes métodos de apuramento do custo dos produtos:

 Método directo ou Custo Especifico;

 Método indirecto ou dos Custos por Processo;

 Método Misto;

2.1 Método Directo ou Custo Especifico


O método directo aplica-se à produção de artigos diferenciados e específicos, em que
normalmente a produção é iniciada com base nas encomendas dos clientes. Essas
encomendas dão origem às ordens de fabrico, que passam a congregar todos os custos
inerentes à produção da respectiva encomenda.

Neste tipo de custeio, o período do apuramento dos custos por ordem de produção
corresponde ao tempo necessário para concluir cada encomenda. No entanto, torna-se
necessário apurar os custos por período contabilístico. Assim, mensalmente os custos
apurados são sintetizados, de maneira que se torna perceptível quais foram os custos
acumulados em cada ordem de fabrico, qual foi o custo da produção acabada durante
aquele período e qual é o custo da produção que fica em curso de fabrico para o mês
seguinte. Desta forma, o custo de produção unitário de cada produto corresponderá ao
custo total da ordem de fabrico, a dividir pelo número de unidades produzidas nessa
mesma ordem de fabrico.

Em suma, este sistema permite:

 Controlar os resultados;

 Ajustar os orçamentos futuros;

 Controlar a eficiência dos diversos departamentos;

2.2 Método Indirecto ou Custo por processos


O método indirecto de apuramento de custos aplica-se às empresas com produção
contínua, com volumes de produção muito elevados. Normalmente estas empresas
produzem para criar estoques, em detrimento das encomendas, que estão mais
associadas ao método directo. Neste tipo de produção, os custos são contabilizados por
produto, verificando os recursos consumidos durante um período contabilístico.

A grande questão que se coloca neste método de custeio tem a ver com o facto de não
se conseguir individualizar cada unidade de produto acabado nas várias fases de fabrico.
Quer isto dizer que no final de cada período contabilístico, os custos acumulados
respeitam aos produtos terminados nesse período, mas também aos que ficam em curso
de fabrico. Como as unidades não são facilmente identificáveis nas diversas fases de

4
fabrico, existe necessidade de se quantificar a produção em vias de fabrico, para só
depois se poder apurar o custo da produção acabada no período.

Para responder a esta questão da valorização da produção em curso de fabrico, é


utilizado o método das unidades equivalentes. Este método, na realidade trata-se de uma
forma de reduzir a unidades de produto acabado, as quantidades que ficaram em curso
de fabrico no final do mês, apurando a produção efectiva desse período. Para esse
cálculo, o factor mais importante é perceber o grau de acabamento da produção em
curso. Isto equivale a dizer que para cada componente do custo de produção, materiais,
mão-de-obra directa e gastos gerais de fabrico, terá de ser atribuída uma percentagem de
acabamento. Em função dessa percentagem é que se consegue predizer que uma
quantidade “x” de produção em curso corresponde a uma quantidade “y” de produção
acabada.

2.3 Método Misto


O método misto, como o próprio nome sugere, é uma mistura dos dois métodos
anteriormente apresentados. Este método é aplicado a empresas que apresentam no seu
fabrico um regime de produção contínua até um certo ponto e posteriormente um
regime de produção descontínua, ou seja, a empresa personaliza os produtos nas fases
seguintes à produção contínua (Caiado, 2008).

Como exemplo tem-se as empresas que se dedicam à produção de louças decorativas,


em que numa primeira fase é produzida a louça, apurando-se o custo por um método
indirecto, e numa segunda fase essa mesma louça é personalizada com diferentes
pinturas e decorações, apurando-se então os custos pelo método directo.

3. Produção Conjunta
Em algumas atividades industriais ocorre um fenômeno chamando de produção
conjunta, que é o aparecimento de vários produtos a partir de uma determinada matéria-
prima. Empresas com processo de produção conjunta são aquelas em que, a partir do
processamento, em várias fases e departamentos, da mesma matéria-prima básica, são
obtidos vários produtos, denominados coprodutos, e, eventualmente, alguns
subprodutos.

(IUDÍCIBUS, 1993) Backer e Jacbsen (1984, p. 305) dizem que “quando dois ou mais
produtos emergem de uma mesma matéria-prima ou processo, ou de várias matérias-
primas e processos, a produção é chamada de produção conjunta”. Para Hansen e
Mowen (2001, p. 225), “produtos conjuntos são dois ou mais produtos produzidos pelo
mesmo processo até um ponto de „separação‟. O ponto de separação é o ponto no qual
os produtos conjuntos se tornam separados e identificáveis”. Desta maneira quando o
processo de produção ocorre em um determinado ponto, há formação de mais de um
produto caracterizando a produção conjunta.

Horngren et al. (1981, p. 385) conceituam que “custo conjunto é o custo de um único
processo que gera diversos produtos simultaneamente”. Sendo assim, quando dois ou

5
mais produtos, de custos elevados e importantes para empresa, surgem de uma única
matéria-prima, ocorre a produção conjunta. Da mesma forma, custos implicados na
fabricação de tais produtos são chamados custos conjuntos.

Quando uma entidade está perante o processo de produção conjunta, os produtos


obtidos são classificados como (Caiado, 2009):

 Produtos principais: produtos que são o objecto principal da actividade da


empresa, de valor necessariamente superior aos restantes produtos obtidos na
mesma fabricação;
 Co-produtos: quando se obtém dois ou mais produtos principais;
 Subprodutos: produtos derivados dos principais, com valor nitidamente inferior
a esses;
 Resíduos: subprodutos sem qualquer valor comercial;

Em regime de produção conjunta surgem dois conceitos de custos, os custos conjuntos


que são custos que correspondem à fase conjunta da produção e que respeitam,
simultaneamente, a mais do que um produto. O segundo conceito de custo corresponde
a custos específicos que são custos correspondentes à fase disjunta, são custos
respeitantes a cada um dos produtos separados, sendo possível de imputar de forma
fiável aos vários produtos.

3.1. Âmbito e aplicação


Em alguns processos fabris, uma única matéria- prima ou um único processo gera dois
ou mais produtos. Esses processos de fabricação são conhecidos como produção
conjunta. Essa produção ocorre com maior freqüência nos processos fabris dos ramos
petroquímicos, de beneficiamento de cereais (soja, milho, arroz), frigoríficos, laticínios
e, entre outras industrias. Por sua vez, a produção conjunta de serviços não é muito
comum, aplicando-se, principalmente, nas atividades de telecomunicação e eletrificação
(COSTA, 2004).

3.2. Método de repartição dos custos conjuntos.


Um dos problemas fundamentais no processo de produção conjunta reside na
necessidade de repartição dos custos conjuntos pelos vários tipos de produtos, de forma
a ser possível determinar o custo industrial unitário de cada um deles. Para isto, existem
métodos de repartição de custos conjuntos pelos produtos principais, subprodutos e
resíduos (Franco et al., 2009).

A nível dos produtos principais existem duas abordagens possíveis, uma delas consiste
em efectuar a repartição dos custos conjuntos utilizando uma medida de volume, a outra
está relacionada com o valor comercial de cada produto principal (Franco et al., 2009).

Desta forma, a nível do método da quantidade produzida (medida de volume) os custos


conjuntos são repartidos pelos produtos principais proporcionalmente à quantidade
produzida, logo implica que este método apenas possa ser utilizado quando os produtos
principais se encontram expressos na mesma unidade de medida.

6
Ferreira et al. (2016) apresentam desvantagens do método de repartição pelas
quantidades produzidas, nomeadamente o facto de não ter em conta o valor de mercado
dos produtos, nem os custos específicos de cada produto, pelo que só deverá ser
utilizado se os preços de venda e os custos dos produtos forem muito idênticos.

Na repartição de custos pelo valor comercial de cada produto (valor de venda comercial
da produção ou potencial) os custos conjuntos são repartidos pelos produtos principais
proporcionalmente ao valor de venda da produção. Este método face ao anterior
possibilita a sua aplicação a produtos expressos em unidades de medida diferentes e
pondera o valor comercial de cada produto (Franco et al., 2009).

Se durante a produção conjunta se verificar a existência de subprodutos, estes podem ser


valorizados pelo método do custo nulo ou do lucro nulo. No caso do custo nulo os
produtos principais abrangem a totalidade dos gastos de fabrico, representando o valor
de venda dos subprodutos um lucro para a empresa (Caiado, 2009). O lucro nulo
consiste em atribuir ao subproduto um resultado nulo. Para tal, os custos conjuntos a
imputar ao subproduto devem ser iguais ao valor de venda da produção deduzido de
todos os custos industrias e não industriais (Franco et al., 2009).

O processo de fabrico conjunto pode originar ainda a obtenção de resíduos. Estes


resíduos podem ter um valor comercial, originando geralmente custos adicionais. Aos
resíduos é possível aplicar os mesmos metódos do subproduto. No entanto, se os
resíduos tiverem regularmente valor comercial é preferível adotar o método de lucro
nulo, se não tiverem valor comercial será melhor adotar o método do custo nulo (Franco
et al., 2009).

3.3. Custo Unitário; Média Ponderada, e o Preço de venda Relativo


1. Custo unitário médio

Por este metodo os custos conjuntos são repartidos em função das quantidades
produzidas. O custo unitário obtém-se dividindo o total dos custos conjuntos pela
quantidade produzida.

2. Média ponderada

Trata-se de um aperfeiçoamento do método anterior. É atribuída uma ponderação de


acordo com métodos tais como:

 Tamanho da unidade;

 Tempo de consumo para o fabrico da unidade;

 Dificuldade de fabricação;

3. Preço de venda relativo

Aqui o método de repartição dos custos conjuntos tem por base o valor dos produtos no
mercado. Por outro lado, para os produtos sujeitos a operações de transformação

7
específicas, após a separação, é necessário deduzir ao valor de venda os custos
originados por essas operações para se apurar o valor de venda relativo no ponto de
separação.

4. Exercicios
a) Esquema do processo de produção da empresa.

M a Departamento
A
Departamento Armazém
N X Y B B

O c S
Cliente

Departamento
Z C

b)

Produto Unidade Preço Valor Custo Novo Valor Produção%


Especifico
A 600 5.500,00 3.300.000,00 3.300.000,00 16,5%
B 360 15.000,00 5.400.000,00 5.400.000,00 27%
C 720 18.900,00 13.608.000,00 2.308.000,00 11.300.000,00 56,5%
S 80 1.800,00 144.000,00
Total 20.000.000,00 100%

Custo Especifico do produto C:

CE= MOD do Dep. Z + GGF do Dep. Z

CE= 1 100 000+1 208 000

CE= 2.308.000,00

Os custos conjuntos no Ponto de Separação

Custos à saída do Departamento X (semiproduto a)= CMP+MOD+GGF

Custos à saída do Departamento X (semiproduto a)= 4.120.000+689.000+1.073.000

Custos à saída do Departamento X (semiproduto a)= 5.882.000

8
Custos à saída do Departamento Y: Custos do semiproduto a +Matérias primas +
Mão de obra direta+ Gastos gerais de fabrico

Custos à saída do Departamento Y= 5.882.000+1.776.000+461.200+624800

Custos à saída do Departamento Y= 8.744.000

Ao total dos custos conjuntos há que subtrair o valor de venda de S (critério do


lucro nulo), pelo que os custos a repartir pelos produtos principais são:

Custos à saída do Dep. Y _______________________8.744.000

Valor de venda de S)_____________________________144.000

Custos a repartir ______________________________8.600.000

Ou seja:

CC= Custos à saída do Dep. Y -Valor do Subproduto

CC=8.744.000-144.000

Custo Conjunto=8.600.000

Repartição dos custos conjuntos (deduzidos do valor de venda de S):

Custos Produção(%) Repartição


8.600.000,00 16,5 1.419.000,00
8.600.000,00 27 2.322.000,00
8.600.000,00 56,5 4.859.000,00
Total 100 8.600.000,00

Dedução do custo do produto C:

Custo do Produto C= Custos do semi produto c + Custos de transformação(Dep. Z)

Custo do Produto C =4 859 000 + 2 308 000

Custo do Produto C= 7 167 000

Custos unitários dos produtos A,B, e C:

Produtos Qtd(ton) Custo Total Custo Unitário


A 600 1.419.000,00 2.365,00
B 360 2.322.000,00 6.450,00
C 720 7.167.000,00 9.954,16

9
5. Conclusão
Com o aumento da dimensão empresarial, muitas vezes determinado pelo alargamento
do mercado e pela inovação tecnológica, maior é a necessidade de obter mais
informação por parte dos gestores de modo a auxiliar a tomada de decisão da empresa
quanto à concorrência, aos seus resultados e ao lançamento de novos produtos no
mercado a preços competitivos.

Entretanto, devido ao facto de se utilizar metódos para repartir os custos conjuntos e


dada a própria natureza dos regimes de produção conjunta, a informação que é obtida
não permite tomar decisões de gestão relativas a cada um dos produtos de forma
individual. Assim, as decisões de aumento ou redução do produto só devem ser tomadas
a partir de resultados globais dos vários produtos obtidos em regime de produção
conjunta. Portanto, as decisões relativas à venda de produtos numa determinada fase de
acabamento ou noutra não podem ser tomadas com base nos custos industriais unitários.

10
6. Referências Bibliográficas
Franco, Victor Seabra, Álvaro Oliveira, Ana Isabel Morais, Benvinda de Jesus Oliveira,
Isabel Costa Lourenço, Maria Antónia de Jesus, Maria João Major, (2005),
Contabilidade de Gestão – Volume I: O apuramento dos custos e a informação de apoio
à decisão, Publisher Team, Lisboa

Caiado, A.C. (2009). Contabilidade Analitica e de Gestão(5ª ed.).Lisboa: Áreas Editora,


SA.

O Encerramento De Contas Na Perspectiva Contabilístico Fiscal (4.a edição) António


C. Pires Caiado e Paulo Madeira

Caiado, A.C. (2015). Contabilidade Analítica e de Gestão (8.a edição) Execução gráfica
e impressão: Nastintas, Lda

Backer, Mortony Jacobsen, Lye Contabilidad De Costos, Un Enfoque Administrativo


Para La Toma De Decisioes. 1993. Segunda Edicion. Mc Graw Hill. Mexico

HANSEN, Don R., MOWEN, Maryane M. GESTÃO DE CUSTOS “Contabilidade E


Controle” 1ª ed. São Paulo: Pioneira Tomson Learning, 2001

11

Você também pode gostar