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Seminário de Iniciação Científica

CENTRO DE NEGÓCIOS– FSG

ISSN Online: 2318-8006


V. 6, N. 2 (2017)
http://ojs.fsg.br/index.php/globalacademica

CONTABILIDADE DE CUSTOS: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA

Elenice dos Reisa, Josiane Teixeira de Souzab, Itacir Alves da Silva c

a
Acadêmica no Curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário da Serra Gaúcha.
b
Acadêmica no Curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário da Serra Gaúcha.
c
Mestre em Administração, professor do Centro de Negócios da FSG.

Resumo
Para descrever a história da contabilidade e a evolução da
contabilidade de custos, utilizou-se a pesquisa bibliográfica e
exploratória, como também para citar a sua importância na
tomada de decisão. Por meio da pesquisa realizada se
evidenciou que a contabilidade sofreu grandes mudanças
Palavras-chave: desde o método de partidas dobradas divulgado por Luca
Pacioli, continua em constante evolução, aperfeiçoando os
História. Contabilidade de custos. métodos contábeis para que as informações sejam uteis e
Tomada de decisão. precisas para a tomada de decisão. Neste contexto a
contabilidade de custos é importante tanto para as industriais,
como também para o comércio e prestadoras de serviços, para
uma melhor alocação dos custos.

1 INTRODUÇÃO

A contabilidade de custos surgiu com o advento do sistema produtivo, ou seja, com a


Revolução Industrial. As empresas que surgiram em decorrência dessa profunda modificação
no sistema produtivo necessitavam de informações diferentes daquelas desenvolvidas pelas
empresas comerciais da era mercantilista, porque passaram a transformar os insumos, que
antes eram comprados. O sistema desenvolvido nessa época visava avaliar os custos de
transformação de cada processo de mão-de-obra empregada, com o objetivo de oferecer
condições para medir a eficiência do processo de produção.
Desde a Revolução Industrial, as empresas têm acesso à informação útil sobre os
processos que permitiam transformar as entradas em saídas. Portanto, a evolução da
contabilidade de custos foi mais acelerada quando se tornou perceptível que existia grande

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inadequação entre os conceitos e as práticas no que se refere ao cálculo dos custos e à
realidade das próprias empresas.
A contabilidade de custos pode ser apontada como uma ciência de grande relevância
no campo empresarial, para a tomada de decisão e avaliação de estoques, pois oferece
mecanismos essenciais para se alcançar os resultados planejados e primordialmente na
indústria no qual há grande nível de competitividade de mercado , e que se faz necessário
manter uma análise detalhada dos custos dentro da produção.
Evoluindo a contabilidade de custos e nesse processo, as técnicas de trabalho, de
controles, análise e tomada de decisão tem se modificado para fornecimento de informações,
mas, é necessário salientar que é preciso ser cauteloso e conhecer de forma criteriosa cada
processo para estabelecer os critérios adequados e de maior retorno, caso contrário
provavelmente muitos problemas surgirão no processo de tomada de decisão.

2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE

Neste capítulo é abordada a evolução histórica da contabilidade no decorrer das


décadas, destacando o que impulsionou e auxiliou para o seu desenvolvimento, descrevendo
algumas das principais características da contabilidade, que influenciaram no aprimoramento
das informações e de relatórios contábeis impulsionando o surgimento da contabilidade de
custos. Os autores que embasam este trabalho são: Souza, Viceconti, Corbari, entre outros
como também fontes eletrônicas como sites.
A contabilidade pode ser entendida como uma linguagem estruturada, no qual o
objetivo é divulgar informações com qualidade e úteis para auxiliar na gestão da empresa.
Como toda linguagem estruturada, a contabilidade é composta por princípios, convenções e
regras, que possibilitam a interpretação das informações que objetiva-se transmitir
(HASTINGS, 2010).
O que realmente conduziu a evolução da contabilidade foi o crescimento do comércio
(troca de mercadorias) entre os povos, por essas trocas se tornarem mais complexo percebeu-
se a necessidade de ter formas de registro mais sofisticados. Alguns autores e pesquisadores
americanos apontam que o surgimento da contabilidade foi na antiga Babilônia, mais de sete
mil anos. Desde essa época há evidências de que o homem mostrou interesse em controlar e
mensurar seu patrimônio (HASTINGS, 2010).

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Favero (2011) analisa que foi na Suméria, nas civilizações egípcias e pré-helênicas
conforme se tem conhecimento, que ocorreram os registros contábeis mais importantes,
demonstrando que a contabilidade era considerada naquela época um instrumento de grande
relevância para o controle do patrimônio. Assim, percebe-se que a evolução do pensamento da
contabilidade foi associada às atividades mercantis, econômicas e sociais. Seu
desenvolvimento maior foi na Europa no século XII até o final do século XX, época de grande
desenvolvimento comercial, neste mesmo período observa-se o domínio da Escola Italiana de
Contabilidade, que foi influência para praticamente todo o mundo.
A maior obra conhecida que provocou a revolução da escrita rudimentar que já era
praticada e o surgimento da contabilidade foi escrito pelo frei Luca Pacioli, em 1944, no qual
tratava o sistema de contabilidade por partidas dobradas, considerado o início da
modernização da contabilidade. A contabilidade progrediu a partir do século XVIII, na Itália,
para atender as necessidades de controlar a atividade mercantil que cresceu com o
capitalismo. E também, devido a Revolução Industrial em 1756 na Inglaterra, que
impulsionou o surgimento das fábricas, despontando assim as primeiras corporações
empresariais que eram espalhadas por vários países, o que exigiu o surgimento de relatórios
contábeis mais aprimorados (SOUZA, 2014).
A seguir, a tabela 1 apresenta a síntese da evolução da contabilidade nos últimos cinco
séculos.

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Período Principais características da contabilidade
Até 1500 Primórdios da era do pensamento científico da contabilidade, com a publicação
da obra do Frei Luca Pacioli. Primeiras demonstrações contábeis preparadas
para fins de prestação de contas aos financiadores das expedições marítimas.
1500 a Ênfase nos balancetes financeiros. Sistema de partidas dobradas para os
1900 registros contábeis preparados exclusivamente para os proprietários do capital.
Surgimento da auditoria interna e dos arrecadadores de impostos.
1900 a Primórdios da auditoria externa e dos contadores públicos certificados.
1930 Aparecimento das grandes corporações transnacionais americanas e
aprimoramento das demonstrações contábeis para atender a finalidades
tributárias e imposto de renda.
1930 a Surgimento da contabilidade de custos e dos primeiros relatórios de
1950 contabilidade gerencial
1950 a Aprimoramento da contabilidade de custos. Desenvolvimento de técnicas e
1970 procedimentos para as análises de custos, estatísticas de produção, custo padrão,
contabilidade pública, contabilidade e planejamento tributário.
1970 a Aperfeiçoamento da contabilidade gerencial, custeio por atividades, custo
1990 padrão, orçamento e planejamento estratégico. Primórdios da contabilidade
social e ambiental. Nesse período, a contabilidade assume suas características
como um sistema de informações à disposição dos gestores para as tomadas de
decisões, com o uso intensivo da informática. São discutidas as primeiras
tentativas da padronização dos procedimentos contábeis em âmbito
internacional
1990 a Surgimento do balance score card e disseminação da controladoria estratégica.
2000 Surgem no Brasil as primeiras dissertações e teses sobre capital intelectual.
Globalização crescente na economia, dos investimentos internacionais e do uso
de instrumentos financeiros.
2000 em Fortalecimento das práticas de governança corporativa e da tentativa de
diante harmonização dos padrões de contabilização internacional.
Tabela 1. Evolução da contabilidade nos últimos cinco séculos
Fonte: Souza (2014, p. 8 e 9)

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A contabilidade em uma empresa constitui o setor no qual a preocupação refere-se à
classificação, registro e análise de todas as informações produzidas pelas entidades, tendo
finalidade lucrativa ou não, possibilitando dessa maneira um contínuo acompanhamento e
avaliação da situação econômico-financeira (SOUZA, 2014).
No decorrer da evolução da contabilidade, principalmente em relação aos relatórios
contábeis, percebe-se que o aprimoramento dessas informações nas empresas impulsionou o
surgimento da contabilidade de custos, a qual elaborou técnicas e forma de analisar os custos
de produção, além de fornecer informações que auxiliam no processo de tomada de decisão.

2.1 SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE DE CUSTOS

Teve início na Revolução Industrial no século XVIII, anterior a este período a


contabilidade era direcionada para o segmento comercial, aplicada na apuração do resultado
do exercício. Com o surgimento das máquinas, a produção deixou de ser feita artesanalmente
e começou a ser produzida em larga escala, utilizando os equipamentos e maquinários. Pode-
se ressaltar que, quando a produção era artesanal, o custo do produto era facilmente
identificado. Porém, com a utilização de maquinários o setor produtivo deixou de contar
apenas com o custo de mão de obra e matéria prima e passou a englobar outros insumos como
energia elétrica, água, depreciação das máquinas e equipamentos e dos barracões no qual
acontecia a produção (CORBARI, 2012).
Corbari (2012) explica que, com a utilização das máquinas e o incremento de novos
insumos sendo consumido na produção de um produto, o cálculo para saber o custo unitário
ficou complexo, carecendo de um profissional de contabilidade especializado neste ramo:
desponta assim a contabilidade de custos.
Com o início da Revolução Industrial e o crescimento das empresas industriais, a
contabilidade percebeu um problema em relação à apuração dos resultados, porque a
diferença entre as empresas industriais e as comerciais era na aquisição de matéria-prima e
utilização de elementos de produção para transformar produtos para depois serem vendidos. A
solução foi empregar os mesmos modelos que nas comerciais, contabilizando todos os custos
gerados na atividade da empresa como gastos de produção, definido dessa forma um setor
responsável por estes dados e informações que passou a ser denominada de contabilidade de
custos (VICECONTI, 2013).

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Segundo Viceconti (2013, p. 8):

A contabilidade de custos, nos seus primórdios, teve como principal função a


avaliação de estoques em empresas industriais, que é um procedimento muito mais
complexo do que nas comerciais, uma vez que envolve muito mais que a simples
compra e revenda de mercadoria, são feitos pagamentos a fatores de produção tais
como salários, aquisições e utilização de matérias-primas, etc.

Corroborando com Viceconti, Schier (2006), relata que a contabilidade de custos


derivou da contabilidade financeira e da geral, sendo considerada como instrumento para
resolver problemas de mensuração monetária dos estoques e do resultado das empresas, não
sendo empregada como ferramenta gerencial de administração.
No início tinha como principal função proporcionar dados para avaliar os estoques e
apurar o resultado, passa a fornecer para a contabilidade gerencial informações que auxilia no
controle e na tomada de decisão. Referente ao controle, a contabilidade de custos supre com
dados para estabelecer padrões, auxiliar na elaboração de orçamentos e proporciona
acompanhamento dos valores orçados dos realizados, e quanto à tomada de decisão, coopera
de forma ativa, por meio de informações que disponibiliza para gerenciar o preço de venda,
optar pela compra/produção ou não.

2.2 CONTABILIDADE DE CUSTOS NO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO

Originou-se da necessidade que as indústrias e prestadoras de serviços precisavam


apresentar avaliação e controle dos estoques de matérias-primas, produtos acabados e em
processo, para obedecer às obrigações fiscais, para apuração do lucro das linhas de produtos
ou serviços e para melhor adequar à alocação de recursos e distribuição de responsabilidades.
Com a carência de dados por parte dos gestores, ela incorporou a função de gerir informações
necessárias para a tomada de decisão (SOUZA, 2014).
Sendo imprescindível também um bom sistema de custos que contemple: permitir
medidas corretivas imediatas, contribuir para aprimorar o sistema de controle interno,
fornecer subsídios para calcular o custo das vendas, avaliar os estoques, oferecer fundamentos
para comparar o custo real com o custo-padrão, auxiliar para eliminar desperdícios, apurar os
resultados por produto ou departamento, atender à legislação fiscal e fornecer informações
uteis e precisas para a gerência da entidade (SOUZA, 2014).
Para atender às exigências fiscais no final de cada exercício, as empresas precisam
realizar o inventário de seus estoques de materiais (matéria-prima, materiais de embalagem),

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produtos acabados e em elaboração, serviços em andamentos e mercadorias para revenda.
Sendo, o inventário escriturado no Livro de Registro de Inventário 1. De acordo com as
normas contábeis, a empresa deve promover ao final de cada exercício o levantamento e
avaliação dos estoques. Podem ser adotados os seguintes critérios:
Custo Médio Ponderado: baseado no custo médio de aquisição dos bens, apurado em
cada entrada de mercadoria/matéria-prima, ajustado pelas quantidades das compras em
relação à quantidade total do estoque de cada item. Sendo muito usado e é aceito pelo Fisco.
PEPS: (primeiro que entra, primeiro que sai) neste método as saídas do estoque são
avaliadas pelos respectivos custos de aquisição, pela ordem de entrada, resultando em estoque
sempre avaliado aos custos das últimas compras (WEBCONTÁBIL).
UEPS: (último que entra, primeiro que sai) neste método o estoque final é composto
pelas unidades mais antigas e avaliado ao custo delas, por este motivo não é permitido pela
legislação do Imposto de renda como método de valorização dos estoques, porque tende a
apurar um lucro inferior àquele apurado, se adotado critérios de preço médio ou PEPS.
(PORTALEDUCAÇÃO).
De acordo com o artigo 292 do RIR/1999, “Ao final de cada período de apuração do
imposto, a pessoa jurídica deverá promover o levantamento e avaliação dos seus estoques”.
É observada a dificuldade da análise dos estoques pelas empresas, devido à
apropriação dos custos fixos, apresentam-se assim métodos de custeio para avaliação de
estoques, para determinar o modo de custear um produto ou outro objeto de custeio que pode
ser: uma operação, uma atividade, um conjunto de atividades ou um departamento. Pode-se
citar que existem métodos de custeio tradicionais, no qual o foco principal é na apuração do
custo dos produtos e os contemporâneos, que apresentam novas abordagens de gestão de
custos. De acordo com os objetivos da empresa existem diferentes métodos de custeio que
podem ser empregados, a seguir alguns deles:
Custeio por absorção: é o método pelo qual se apropria aos produtos fabricados em um
determinado período de tempo todos os custos incorridos neste período de tempo, sendo eles:
custos fixos (aqueles que são necessários para manter a estrutura da empresa, independe de
produção) e os custos variáveis (aqueles que aumentam ou diminuem de acordo com o
volume de produção).
Custeio Variável: método no qual se apropria aos produtos fabricados em um período,
exclusivamente os custos variáveis que incorre neste período.
1
É obrigatório para todas as empresas, e tem o objetivo de registrar todas as mercadorias em estoque quando do
levantamento do balanço da empresa.

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Custeio ABC: método pelo qual se apropria, primeiramente, os custos dos recursos
absorvidos em definido período as atividades executadas pela entidade neste período.
Resultando como custo do produto a soma dos custos das atividades necessárias para
fabricação/execução.
Departamentalização – Centro de Custos: neste método, apropriam-se somente os
custos indiretos, reunindo como principal característica a divisão da empresa em “centros de
custos”, ou seja, os custos são distribuídos por meio de bases de distribuição para cada centro,
e posteriormente, repassados aos produtos por unidades de trabalho (MEGLIORINI, 2012).
Quando identificada necessidade de controle e avaliação de estoques e qualidade no
repasse das informações para tomada de decisão, as empresas adotam um método de custos
que nem sempre atende as necessidades da organização. Geralmente, o problema maior da
implantação de um sistema de custos está no despreparo das pessoas envolvidas. Além de
outro insucesso que se utiliza de um método já existente no mercado, fazendo com que o
mesmo não se adapte às deficiências da empresa (SCHIER, 2011).
Nas empresas industriais, os estoques são apresentados de três maneiras: como
materiais adquiridos e não utilizados ainda, produtos em fase de processamento (que significa
que já absorveram materiais e mão de obra, mas não estão acabados), e prontos (já agregou os
materiais e os custos do trabalho necessário, mas não foi vendido). Já nas empresas
comerciais existe de forma restrita, porque não contém processo de transformação, dessa
forma, o estoque é constituído apenas das mercadorias adquiridas e ainda não vendidas.
Nas prestadoras de serviços, vale ressaltar que, existem aquelas que utilizam materiais
diretos na produção do serviço e outras não. Por exemplo, hotéis, restaurantes, hospitais,
clínicas, entre outras, utilizam na realização das suas atividades materiais, nesta situação, os
estoques assumem alternativas que assemelham à da indústria. Além disso, em restaurantes
que elaboram determinadas refeições prontas (congeladas) pode-se ser considerado estoque de
produtos prontos.
Existem empresas de serviços que não utilizam materiais diretos para realizar sua
atividade, por exemplo, escritórios de advocacia, auditoria, consultoria, entre outros, não
tendo estoque algum, nesse caso, os serviços são custeados considerando todos os gastos que
foram necessários para a sua prestação ao cliente.
Por muito tempo, no Brasil, não existia regras claras de como deveria ser avaliado os
estoques, esses eram avaliados de diferentes maneiras, seguindo critérios próprios, específicos
e estabelecidos para cada empresa, o que conduzia a uma grande variedade de critérios sem

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consistência técnica ou contábil sob o enfoque dos custos. Por não existir métodos oficiais e
legais, se tornava grande a chance de manipulação dos ajustes contábeis, obtendo dessa
maneira resultados favoráveis para a organização. Quando o resultado era elevado procurava-
se, via subavaliação do estoque, atenuar a situação e com isso reduzir a carga tributária. Já a
empresa com resultado baixo, por meio da superavaliação, melhorava a sua imagem perante
bancos e fornecedores facilitando assim o aporte de recursos de terceiros.
Em 26 de dezembro de 1977, o Decreto-lei nº 1.598, alterou a legislação do imposto
de renda, passou-se a existir duas alternativas para as empresas, as que o sistema de custos era
integrado à contabilidade e a não. No entanto, para o Governo, o que interessa é a integração
dos custos, porque facilita o controle e a fiscalização, dificultando dessa maneira possíveis
manipulações de resultado, resumindo, o custo constitui o único instrumento para a correta
avaliação do estoque (SANTOS, 2015).
Ao definir os critérios de avaliação de estoque e os métodos de custeio, a
contabilidade de custos apresenta como objetivo o auxílio na tomada de decisão, as
informações geradas são utilizadas para apoiar o processo decisório da empresa, além de
auxiliar no controle dos custos, ela se apresenta como papel importante no processo de
planejamento, como terceirizar, retirar produto do mercado, comprar equipamentos/máquinas,
entre outros. As informações para dar apoio e mais confiança para a tomada de decisão são
encontradas na contabilidade de custos (BORNIA, 2010).
Nenhum método de custos têm a capacidade de resolver todos os problemas de uma
empresa, ele necessita que todo pessoal envolvido na implantação esteja devidamente treinado
e capacitado para que sua introdução inicial seja feita de maneira eficiente. Contudo é de
suma relevância para que consigamos a obtenção de controle, e otimização de resultados da
organização.
Uma empresa ganha vantagem competitiva executando atividades estrategicamente
importantes de forma mais barata ou melhor do que seus concorrentes. A relevância no
processo de gestão de custos na condução dos negócios decorre da crescente competitividade,
adequação de margens de lucro e inserção no mercado global.
Os sistemas de custos, também representam grande importância no que diz respeito à
identificação de desperdícios, restrições internas e externas e aos sistemas de custeio. Os
sistemas de custeio por sua a vez, auxiliam na identificação dos direcionadores de custos,
facilitando a análise dos custos com maior precisão, disponibilizando assim para a empresa

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uma revisão dos processos estratégicos e decisórios com vistas à melhoria de margens, ao
aumento da rentabilidade e ao aprimoramento dos processos produtivos (SCHIER, 2011).

3 METODOLOGIA

Considerando os objetivos deste estudo, foram utilizados os métodos de pesquisa de


natureza exploratória e bibliográfica, no qual a pesquisa exploratória permite maior
familiarização com o problema, para que posteriormente se possam criar hipóteses sobre o
assunto escolhido, tendo como objetivo adquirir mais conhecimento do tema que foi
pesquisado (MASCARENHAS, 2012).
No entendimento de Gil (2007), esse método é empregado quando se tem pouco
conhecimento sobre o assunto a ser pesquisado, posto que se busca informações para que o
tema fique mais claro e tenha possibilidade de esclarecimento sobre um determinado assunto
que é pouco explorado.
A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas
publicadas em artigos, livros, dissertações e teses. Pode ser realizada independentemente ou
como parte da pesquisa. Em ambos os casos, busca-se conhecer e analisar as contribuições
culturais ou científicas do passado sobre determinado assunto, tema ou problema. (CERVO,
AMADO LUIZ 2007, p 60). Segundo o autor, a pesquisa bibliográfica é indispensável para a
comparação entre o estado atual e a evolução histórica do tema abordado.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Percebe-se que os autores tendem a mesma linha de pensamento, que a contabilidade


originou-se há muitas décadas, pela necessidade de controlar e mensurar o patrimônio. O fato
mais importante que teve destaque foi que a Revolução Industrial ocorrido em 1756, que
acelerou o crescimento das indústrias, fazendo com que fosse preciso relatórios contábeis
mais elaborados para atender a essa demanda.
Anterior a Revolução Industrial, a produção era realizada artesanalmente, no qual o
custo era definido facilmente, pois contemplava somente o custo de mão de obra e da matéria
prima, após o surgimento da fabricas, notou-se que foram englobados mais insumos na
produção como: energia elétrica, água, depreciação, entre outros, passando o cálculo dos

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custos a ser mais complexos, necessitando assim de um profissional para a sua realização,
desponta assim a contabilidade de custos.
Tanto Viceconti como Schier, relatam que no início a contabilidade de custos era
utilizada somente para mensurar os estoques e o resultado das organizações. Mas com o
tempo as indústrias e as prestadoras de serviços, perceberam a necessidade de apresentar a
avaliação de estoque de matérias primas, produtos acabados e em processos, obedecendo às
obrigações fiscais, para assim poder apurar o lucro e mais do que isso, alocar melhor os
recursos disponíveis na organização.
Para a tomada de decisão é necessário que se tenha um bom sistema de custos no qual
permita a realização de medidas preventivas imediatas, contribuição para o aprimoramento do
sistema de controle, avaliação de estoque fidedigna, oferecer fundamentos para comparação
entre o custo real e o custo padrão, auxiliarem na eliminação dos desperdícios, atender a
legislação e fornecer informações uteis e precisas para a gerência da organização.
Observou-se no decorrer das pesquisas em livros que, a contabilidade de custos é
muito importante na tomada de decisão, porém a maior dificuldade ainda é em relação à
análise dos estoques das organizações, devido à apropriação correta dos custos. Há vários
métodos de avaliação de estoque conhecidos, o complicado é identificar qual método deve ser
implantado na organização.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se concluir, conforme pesquisas realizadas em fontes de livros, sites e artigos


científicos que a história da contabilidade surgiu da necessidade de controle sobre o
patrimônio. A contabilidade de custos pode ser classificada com uma ciência de grande
importância no campo empresarial, pois fornece as ferramentas necessárias para se alcançar
os resultados planejados e principalmente na indústria no qual a competitividade de mercado
tem se provado cada vez mais acirrada, e que a necessidade de se manter uma análise
detalhada dos custos dentro da produção é importante para a tomada de decisão e avaliação de
estoques.
Desde os primórdios da era industrial até a era atual considerada tecnológica, há
grandes preocupações com o custo e a sua mensuração. O profissional contábil dispõe de
ferramentas distintas e adequadas para fazer análise aprofundada, desde o processo de

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planejamento e produção, até a fixação do preço, e assumir assim o papel determinante dentro
da decisão da organização.
A contabilidade de custos evoluiu e dentro desse processo as ferramentas de trabalho
de controles, análise e tomada de decisão tem se transformado para fornecimento de
informações, mas, é necessário ressaltar que é preciso tomar cuidado e conhecer de forma
criteriosa cada processo para implantar os métodos adequados e de maior retorno, pois, não
tomando esses cuidados possivelmente muitos problemas vão surgir na tomada de decisão.
Assim o profissional contábil necessita ter uma visão global da empresa, para tratar
dos custos e utilizar das ferramentas adequadas e compatíveis com as características e
particularidade de cada organização, podendo ser: industrial, comercial ou de prestação de
serviços.
As limitações encontradas para a realização do trabalho foi em relação à falta de livros
que descriminasse com mais detalhes as datas aproximadas de quando os métodos de custeio
foram implantados ou conhecidos. Sugestão para futuro trabalho, a realização de pesquisa de
mercado para saber qual dos métodos de avaliação de estoque são mais utilizados, na
indústria, no comércio e na prestação de serviços.

6 REFERÊNCIAS

BORNIA, Antônio Cezar, Análise Gerencial de Custos – Aplicação em empresas


modernas / Antônio Cezar Bornia. – 3. Ed. – São Paulo: Atlas, 2010.

CORBARI, Ely Célia. Administração Estratégica de Custos / Ely Célia Corbari, Joel de
Jesus Machado. – Curitiba. PR. IESDE, 2012.

FAVERO, Hamilton Luiz; et al. Contabilidade: Teoria e Prática, v. 1 -6 ed. - São Paulo:
Atlas, 2011.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social / Antônio Carlos Gil. – 6ª ed.
– São Paulo: Editora Atlas, 2012.

HASTINGS, David F., 1944 – Bases de Contabilidade: uma discussão introdutória/ David
F. Hastings. – 2 ed. –São Paulo: Saraiva, 2010.

MASCARENHAS, Sidnei Augusto. Metodologia Cientifica/ Sidnei Augusto Mascarenhas. –


São Paulo: Editora Pearson Education do Brasil, 2012.

MEGLIORINI, Evandir. Custos: Análise e Gestão. 3ª Ed. São Paulo: Pearson, 2012.

SANTOS, José Luiz dos, Manual de Contabilidade de Custos. José Luiz dos Santos. [et al].
– São Paulo: Atlas, 2015.

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SCHIER, Carlos Ubiratan da Costa, Gestão de Custos / Carlos Ubiratan da Costa Schier. –
Curitiba: Ibpex, 2006.

SCHIER, Carlos Ubiratan da Costa, Gestão de Custos / Carlos Ubiratan da Costa Schier. –
Curitiba: Ibpex, 2011.

SOUZA, Ailton Fernando de . Contabilidade na Prática [livro eletrônico] / Ailton Fernando


de Souza (coordenador). – São Paulo: Trevisan Editora 2014. 8 Mb; pdf

VICECONTI, Paulo Eduardo Vilchez, 1948 – Contabilidade de Custos / Paulo Viceconti,


Silvério das Neves. – 11. ed., ver e atual. – São Paulo: Saraiva, 2013.

Avaliação de Estoques. Disponível em:


<https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/avaliacao-dos-
estoques/65106>. Acesso em: 19 Set. 2017.

Critérios de Avaliação dos Estoques. Disponível em:


<https://www.webcontabil.com.br/ver_noticia_publica.php?v1=92604&v2=www.sevilha.com
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm>. Acesso em: 19 Set. 2017.

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