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CONTABILIDADE GERENCIAL: A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA DE


INFORMAÇÃO CONTÁBIL NO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO

ALESSANDRE DA SILVA*
DANIEL ALFREDO DE PAULA LEMES**
ROSEMEIRE DE MELO***

*Alessandre da Silva – Mestrando em Ciências Ambientais na Universidade Brasil


(UB). Docente e Coordenador Pedagógico dos cursos de Bacharelado em Ciências
Contábeis, Bacharelado em Sistemas de Informação e Superior Tecnológico em
Gestão de Recursos Humanos da UNIESP S/A – Faculdade de Ribeirão Preto.
Especialista MBA em Gestão Estratégica de Negócios e Especialista MBA em
Gestão de Pessoas pela Anhanguera Educacional (ANHANGUERA). Bacharel em
Ciências Contábeis e em Administração pela Associação Faculdade de Ribeirão
Preto (AFARP). Superior Sequencial de formação específica em Gestão de
Recursos Humanos pelo Centro Universitário Moura Lacerda (CUML).
** Daniel Alfredo de Paula Lemes – Discente no curso de Bacharelado em Ciências

Contábeis na UNIESP S/A – Faculdade de Ribeirão Preto.


***Rosemeire de Melo – Discente no curso de Bacharelado em Ciências Contábeis

na UNIESP S/A – Faculdade de Ribeirão Preto.

RESUMO

O artigo buscou apresentar sucintamente o avanço da contabilidade gerencial ao


longo do tempo, seu objetivo e relevância para o futuro de uma empresa no atual
mundo dos negócios, como um meio eficaz e confiável à disposição do contador e
da gestão de uma organização. Para tanto, foi realizada uma breve revisão da
literatura a respeito da temática. Contatou-se que a Contabilidade Gerencial e seus
componentes (como o sistema de informação contábil) são fundamentais para o
processo de planejamento, controle e tomada de decisão de uma empresa,
implicando diretamente e indiretamente no desempenho social, econômico e
sustentável desta.
Palavras-chave: Gestão da Contabilidade; Processo decisório; Sistema de
Informação Contábil.

ABSTRACT

The article sought to present, in a succinct way, the advance of managerial


accounting over time, its objective and relevance for the future of a company in the
current business world, as an effective and reliable means available to the
accountant and administration in the process decision-making, management and
planning of an organization. For that, a brief review of the literature on the subject
was carried out. Contact Management Accounting, as well as its components (such
as the accounting information system) are fundamental in the decision-making
process of a company, implying directly and indirectly in the social, economic and
sustainable performance of this company.
Keywords: Accounting Management; Decision making process; Accounting
Information System.

1 INTRODUÇÃO.

A contabilidade gerencial revela sua importância nos processos decisórios de


uma empresa ao possibilitar, mediante a facilitação do acesso às informações, uma
análise crítica e detalhada da real situação econômico-financeira da empresa.
Mais do que isso, a contabilidade gerencial pode ser considerada o
fundamento sobre o qual serão tomadas as decisões de uma empresa, sendo assim,
crucial para a sustentabilidade e permanência ou não do negócio perante à
concorrência num mercado altamente competitivo (FRAGA; ROMÃO, 2013).
Por outro lado, conforme será exposto na sequência, nem sempre foi assim. A
contabilidade gerencial vem tomando mais espaço e importância ao longo dos anos,
na medida em que as empresas passam a entender que apenas a contabilidade de
custos ou a contabilidade gerencial não suprem todas as necessidades de sua
organização.
Nesse sentido, o principal objetivo do presente trabalho foi apresentar o
avanço da contabilidade gerencial ao longo do tempo, seu objetivo e relevância para
o futuro de uma empresa no atual mundo dos negócios, por meio de uma breve
revisão da literatura (pesquisa bibliográfica), com base em artigos, livros e
monografias.

2 DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA DA CONTABILIDADE.

Até chegar a ser reconhecida enquanto ciência, a contabilidade passou por


diversas transformações, desde os tempos primitivos, no entanto, sempre tendo
como objetivo o controle de riquezas (AGOSTINI; CARVALHO, 2012). Lima (2007)
resume a evolução da contabilidade em 4 etapas, conforme o Quadro 1.

Quadro 1 – Etapas da evolução da contabilidade


Período Características
Contabilidade Período que inicia-se com a civilização do homem e vai até 1202 da Era
do Mundo Cristã, quando apareceu o Líber Abaci, da autoria Leonardo Fibonaci, o
Antigo Pisano.
Período que vai de 1202 da Era Cristã até 1494, quando apareceu o
Contabilidade Tratactus de Computis et Seriptures (Contabilidade por Partidas
do Mundo Dobradas) de Frei Luca Pacioli, publicado em 1494; enfatizando que a
Medieval teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números
positivos e negativos, obra que contribui para inserir a contabilidade
entre os ramos do conhecimento humano.
Contabilidade Período que vai de 1494 até 1840, com o aparecimento da Obra “La
do Mundo Contabilitá Applicatta Alle Amninistrazioni Private e Pubbliche”, de
Moderno Francesco Villa, obra marcante na história da Contabilidade.
Contabilidade
do Mundo Período que se inicia em 1840 e continua até os dias atuais.
Científico
Fonte: Lima (2007).

2.1. BREVE HISTÓRICO DA CONTABILIDADE.


A contabilidade, de certa maneira, sempre esteve presente na vida do
homem. Em especial, a partir do momento em que se formaram as comunidades,
pois a partir de então o homem sentiu a necessidade de controlar tudo aquilo que
lhe pertencia (FRANCO, 2010).
Ao longo do tempo, com o surgimento dos mercadores e comerciantes, e
suas atividades de compra, venda e troca, tornou-se necessário o simples registro e
controle de suas mercadorias e vendas. Posteriormente, conforme as operações
econômicas foram tornando-se complexas, foi fundamental a otimização deste
controle.
A necessidade de controlar tudo que pertencia fez a contabilidade uma das
áreas de tamanha importância. Todos haviam a necessidade de contabilizar seus
ganhos e gastos, suas trocas desde a época dos mercadores, fazendo da
contabilidade uma arte notória e de necessidade fundamental (FRANCO, 2010).
No entanto, com a Revolução Industrial e o nascimento das indústrias os
registros, até então praticados mais próximos do que chamamos hoje de
Contabilidade Financeira, precisaram se adaptar à nova realidade, fazendo, desta
forma, emergir a atualmente denominada Contabilidade de Custos, pois os simples
registros anteriores não eram capazes de suprir a necessidade de controle de
produção.
2.2. A CONTABILIDADE GERENCIAL: ASPECTOS CONCEITUAIS, OBJETIVOS
E RELEVÂNCIA.

2.2.1. ASPECTOS CONCEITUAIS.


Com o avanço da economia, as empresas foram tornando-se cada vez mais
complexas, surgindo, assim, grandes organizações. Como consequência, tais
organizações não puderam manter-se apenas com a Contabilidade de Custo ou a
Contabilidade Financeira, pois, com a concorrência de outras empresas, mostrou-se
imperiosa a necessidade de maior controle e gestão de seus negócios, originando-
se, assim, a Contabilidade Gerencial.
A Contabilidade Gerencial passou por várias alterações e aperfeiçoamentos
durante os anos. De acordo com o trabalho divulgado pelo International Federation
of Accountants (IFAC), em 1998, a evolução da Contabilidade Gerencial está
dividida em quatro fases:

1) Primeira fase: durou até 1950, sendo o foco na determinação do


custo e controle financeiro mediante o uso de orçamento e
contabilidade de custos. A Contabilidade Gerencial, nessa fase, era
vista como uma atividade técnica necessária para perseguir os
objetivos organizacionais;
2) Segunda fase: de 1950 até 1965, período em que a atenção
estava voltada para o fornecimento de informação para planejamento
e controle gerencial por meio do uso de análise de decisão e
responsabilidade contábil. Nessa fase, a Contabilidade Gerencial era
vista como uma atividade de gerenciamento, como função de apoio,
fornecendo informações para planejamento e controle;
3) Terceira fase: de 1965 até 1985, período em que a atenção
focava a redução de perdas de recursos nos processos, sendo
utilizada a análise de processos e gerenciamento de custos. A
Contabilidade Gerencial, nessa fase, passou a ser vista como parte
integrante do processo de gestão;
4) Quarta fase: de 1985 até os dias de hoje, seu foco está na
geração ou criação de valor por intermédio do uso efetivo dos
recursos, utilizando direcionadores como valor para o consumidor,
valor para o acionista e inovação organizacional (FRANCO, 2010, p.
35).

De acordo com Crepaldi (2008, p. 5), pode-se conceituar a Contabilidade


Gerencial, como “o ramo da contabilidade que tem por objetivo fornecer
instrumentos aos administradores de empresas que os auxiliem em suas funções
gerenciais”. Ela é distinta da contabilidade comumente utilizada nas empresas, não
se limitando às rotinas trabalhistas e ao fisco.
A Contabilidade Gerencial é um conjunto de informações decorrentes de
análises de natureza econômica, financeira e de produtividade, disponibilizado para
usuários internos da empresa com objetivo de que recebam informações que as
ajude na tomada de decisões, permitindo planejar, avaliar e controlar os recursos
próprios e de terceiros, visando ao cumprir as determinadas metas.
De acordo com Franco (2010), dentre as muitas diferenças entre a
Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial, apresentam-se como
principais:
a) Quanto aos destinatários das informações: na Contabilidade Gerencial, seus
principais destinatários são gestores ou administradores, isto é, pessoas
internas da própria organização, enquanto que, na Contabilidade Financeira,
seus usuários são entidades ou pessoas externas à esta;
b) Quanto à frequência das informações: na Contabilidade Gerencial, as
informações são fornecidas de acordo com a necessidade do seu usuário no
momento, enquanto que, na Contabilidade Financeira, as informações devem
ser prestadas regularmente, conforme determinado;
c) Quanto aos seus objetivos: a Contabilidade Gerencial tem por pressuposto a
apresentação de informações que irão auxiliar gestores e administradores em
suas decisões dentro da organização. Já a Contabilidade Financeira,
simplesmente, fornece informações a respeito da vida financeira de sua
empresa.
É importante, ainda, mencionar que a Contabilidade Gerencial,
diferentemente do que ocorre com a Contabilidade Financeira, não precisa respeitar
os princípios contábeis determinados pelo país, pois é utilizada apenas internamente
pelos gestores da empresa. E diferentemente da contabilidade de custo ou da
contabilidade financeira, possui um objetivo distinto das demais: a transferência de
informações aos gestores ou administradores de uma empresa, com o intuito de
ajudá-los em suas decisões organizacionais.

2.2.2. OBJETIVOS DA CONTABILIDADE GERENCIAL.


Para a melhor compreensão da definição e da importância da Contabilidade
Gerencial é preciso lembrar que, durante muito tempo, a contabilidade serviu-se tão
somente a fins meramente fiscais e tributários de uma empresa. Limitava-se a
contabilizar as entradas e saídas, bem como recolher os impostos e prestar
informações ao Fisco.
Com o passar do tempo, devido às constantes transformações na sociedade
e na economia, como a ampliação do mercado, não só no que se refere à
quantidade de empresas, mas também à própria estrutura das empresas, os
profissionais da área contábil puderam se aprofundar em seus estudos e
conhecimentos, demonstrando assim, a imprescindibilidade da contabilidade à
gestão de negócios.
Tem-se exigido uma maior atenção no acompanhamento de vida econômico-
financeira de uma empresa, o que incide, com pontuada importância, em seu futuro
no atual mercado.
Muitas empresas, por falta de conhecimento ou assessoria por parte de seus
contadores, deixam de ser beneficiadas com as informações disponibilizadas pela
contabilidade. Segundo Franco (2010), pode-se dizer que a Contabilidade Gerencial
tem por principais objetivos:
● Facilitar o planejamento, controle, avaliação de desempenho e tomada de
decisão;
● Auxiliar empresários nas tomadas de decisões, para o controle, planejamento
e correção das falhas da empresa, proporcionando assim, um melhor
gerenciamento;
● Elaborar planos administrativos e ferramentas de apoio às funções, com foco
na avaliação de resultados;
● Auxiliar no gerenciamento de departamento, enxergando e corrigindo
problemas, ajudando a empresa a crescer e gerar lucros.

2.2.3. RELEVÂNCIA DA CONTABILIDADE GERENCIAL.


A contabilidade gerencial tem um importante papel dentro de uma empresa: a
apuração e o levantamento de informações úteis para que o processo decisório de
seus administradores ocorra com a máxima segurança.
Desse modo, fica evidenciada sua relevância na vida econômico-financeira de
uma empresa, e sua permanência no mercado, na medida em que é ela a
responsável pelas informações que ajudam a direcionar o processo de tomada de
decisão. Segundo Franco (2010), o fato de existirem diferentes tipos de usuários
com necessidades distintas quanto ao acesso às informações (havendo uma
necessidade maior do usuário interno) provocou uma segregação da contabilidade,
dividindo-a em duas categorias:
● Contabilidade Financeira - constituída por usuários externos (acionistas
controladores, gestores de fundos, órgãos representantes do governo,
credores, etc); e
● Contabilidade Gerencial - constituída por usuários internos, também de
diversos tipos dentro de níveis hierárquicos ou mesmo por área funcional ou
de atividade com diferentes demandas.
Em relação ao tipo de usuário e ao acesso às informações, o interno possui
necessidade maior que o externo; assim, as informações da Contabilidade Gerencial
possuem dados históricos e estimados, usados pela administração na condução de
operações diárias, no planejamento de operações futuras e no desenvolvimento de
estratégias de negócios integradas.
As informações contábeis não são úteis apenas para seus usuários internos,
mas também ao público externo, os quais são: fisco, credores, investidores, entre
outros. Por outro lado, a contabilidade gerencial se preocupa mais com os usuários
da organização, e por isso, não se limita completamente aos princípios e regras da
contabilidade convencional.

2.3. SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL.


Nas palavras de Padoveze (1997, p. 36): “sistema é um conjunto de
elementos interdependentes, ou um todo organizado, ou partes que interagem
formando um todo unitário e complexo”, ou seja, o esforço concomitante de
diferentes recursos (humanos, materiais, tecnológicos e financeiros) com o objetivo
de processar dados e adquirir informações para cumprir os objetivos principais da
organização, através de seu produto.
É importante mencionar que os sistemas de informação são classificados em
dois grupos: Sistema de Informação de Apoio às Operações e Sistema de
Informação de Apoio à Gestão. O sistema de informação contábil, por sua vez, está
inserido neste último grupo e preocupa-se, sobretudo, com as informações
necessárias para a gestão econômico-financeira da organização.
De acordo com Figueiredo (1997 apud SILVA, 2008), a informação promove o
uso eficiente dos recursos disponíveis à organização, possibilitando aos gestores
selecionar a alternativa que trará os melhores resultados (redução de custos,
aumento de receitas, lucro, eficiência e eficácia).
Os dados contábeis são matérias-primas de informações que devem ser
tratados para gerar informações úteis e que representem um instrumento
gerencial para o processo decisório de forma a alcançar uma vantagem
competitiva e sustentável. (PASSOS, 2010, p. 5).

Nos dizeres de Schmidt (2002 apud PASSOS, 2010), um sistema de


informação define-se como um conjunto de procedimentos estruturados, planejados
e organizados que, quando executados, lançam informações para apoio ao processo
decisório.
De acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Instituto
Brasileiro de Contadores (IBRACON), a contabilidade é um sistema eficaz para
coleta e avaliação de informações para ajudar seus usuários tanto no controle
quanto na tomada decisões de natureza econômica e financeira.
Para que os gestores de uma empresa possam se beneficiar da contabilidade
gerencial em suas tomadas de decisões, é importante que a informação esteja
dotada de dois pressupostos básicos: necessidade, e planejamento e controle. Por
isso, diz-se que a contabilidade gerencial exige a construção de um sistema de
informação contábil gerencial, pois este deve preencher as necessidades
informacionais dos administradores de determinada entidade (PADOVEZE, 1997).

2.3.1 NECESSIDADE DA INFORMAÇÃO.


Padoveze (1997) definiu que a utilidade da informação depende do quão
necessária ela é, devendo ela ser tratada como qualquer outro produto que esteja
disponível para consumo. Ora, pode-se determinar a necessidade de uma
informação através de seus usuários finais. Isto é, a informação obtida tem por
finalidade atender a estes usuários, e não aos contadores.
Para que a informação seja eficaz, deve haver maior atenção às
necessidades do cliente, como a forma de apresentação da informação, o tipo de
informação detalhada, e qual a maneira mais conveniente de suprir as necessidades
em tempo hábil para uma tomada de decisão vantajosa, por exemplo (QUEIRÓZ,
2012).
Evidencia-se, assim, a importância do segundo pressuposto básico, conforme
dito alhures, o planejamento e controle, pois, considerando os usuários finais da
informação, os relatórios do sistema de informação gerencial devem ser elaborados
de forma a atender este público, o que exige planejamento para a produção de tais
relatórios.

2.3.2 A QUALIDADE DA INFORMAÇÃO.


Tomando por base a importância da informação para os gestores de uma
empresa, é preciso que a informação seja dotada de qualidade, para que não acabe
por prejudicar o processo decisório de seus administradores.
A qualidade da informação a ser apresentada é imprescindível para que se
tenha o retorno esperado da decisão a ser tomada. Ela deve ser relevante, e estar
em total consonância com a realidade da empresa, para que se torne útil aos
gestores.
Assim, de acordo com Silva (2008), a informação contábil deve possuir
algumas características básicas:
a) Confiabilidade: a informação deve ser dotada de veracidade, tornando
possível que seus usuários finais a aceitem sem questionar sua idoneidade;
b) Tempestividade: a informação contábil deve chegar ao seu destinatário em
tempo hábil para que possa ser usufruída em benefício da organização;
c) Compreensibilidade: a informação deve estar exposta de maneira
compreensível aos seus destinatários finais, lembrando que os relatórios são
feitos em prol destes, e não ao contador;
d) Comparabilidade: deve demonstrar a evolução de determinada informação ao
longo do tempo, ou a situação desta num dado momento.
Importante ressaltar ainda que: “a informação deve ser objetiva, clara e
concisa, permitindo que o usuário possa avaliar a situação econômica e financeira
da entidade, bem como fazer sobre a tendência futura” (SILVA, 2008, p. 10).
Para Vasconcelos e Viana (2000 apud QUEIRÓZ, 2012), a informação
contábil deve apresentar características, como: orientação, veracidade,
evidenciação, consistência, dentre outras.
Assim, entende-se que, quando a informação não tem essas qualidades, elas
tornam-se informações desvalorizadas e desatualizadas, com grande margem de
incertezas para utilização.
2.3.3 TIPOS DE USUÁRIOS.
De acordo com Marion (2005 apud SILVA, 2008), um sistema de informação
contábil deve atender a seus diversos usuários, podendo ser qualquer pessoa, seja
física ou jurídica, que tenha interesse em conhecer dados de uma entidade.
Visando mais diretamente os agentes econômicos externos à empresa, tais
como sócios desligados da direção, seria importante a inclusão da Contabilidade de
Custos junto a Contabilidade Financeira, com o objetivo de facilitar a administração
da empresa (IUDÍCIBUS, 2010).
Padoveze (1997) ensina que a informação deve ser construída par atender a
estes consumidores e não para atender aos contadores. Conforme definido
anteriormente, os usuários podem ser externos ou internos (FRANCO, 2010). Estes
são: os gerentes, administradores, funcionários da própria empresa, entre outros; e
aqueles, são os fornecedores, investidores, sindicatos, governo, entre outros.
No entanto, conforme depreende-se das citações acima, para a contabilidade
gerencial, o público alvo será primordialmente os usuários internos da organização.

2.3.4 O CUSTO DA INFORMAÇÃO.


Para que um sistema de informação contábil seja válido e eficaz, é
indispensável que ele seja operacional, integrado e que o custo da informação, em
comparação ao benefício trazido à empresa, seja adequado à sua realidade
(PASSOS, 2010).
Esta mesma autora, explica que, deve ser operacional a ponto de coletar
informação, armazená-las e processá-las para que seja possível a elaboração de
relatórios aos gestores. Deve também ser integrado, significando que apenas um
único sistema de informação contábil deve abranger todas as áreas necessárias ao
gerenciamento da informação. “Quando um dado é coletado, deverá ser classificado
apenas uma vez no sistema, e utilizado em todos os segmentos do sistema de
informação contábil” (PASSOS, 2010, p. 8).
Já com relação, estritamente, ao custo, uma informação, ainda que seja útil,
somente será desejável se for adquirida por um custo adequado e interessante para
a entidade. Isto é, há a necessidade de sopesar a relação custo/benefício: a
informação não deve custar além do que a entidade realmente admite.
Nos dizeres de Padoveze (2004 apud SILVA, 2008), há três características
fundamentais para que um sistema de informação contábil tenha validade:
a) Operacionalidade: as informações devem ser coletadas, armazenadas e
processadas de forma operacional, para que a elaboração do relatório seja de
acordo com as necessidades de seus usuários, com informações objetivas e
de imediato entendimento pelos destinatários finais, e que não sejam
passíveis de dúvidas;
b) Integração e navegabilidade dos dados: a integração ocorre quando todas as
áreas necessárias ao gerenciamento das informações estão abrangidas por
um único sistema de informação contábil;
c) Custo da informação: o sistema de informação contábil deve expor uma
situação de custo que seja abaixo dos benefícios conferidos à organização.

2.4 O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO.


A tomada de decisão é algo natural e recorrente na vida das pessoas, não
sendo diferente nas empresas. Escolhas são necessárias, sejam elas simples ou
complexas, planejadas ou não, mas que de toda forma, influenciam no futuro da
empresa no mercado.
Uma decisão pode ter grandes efeitos em uma empresa, portanto, é
necessário que haja muita cautela no seu processo de tomada de decisão. É preciso
que as decisões de maior relevância sejam planejadas, prevendo-se os impactos
que elas trarão para a organização. Por isso, a segurança no processo de tomada
de decisão é imprescindível.
Cassarro (2001 apud QUEIRÓZ, 2012) explica que existem dois tipos de
decisões dentro de uma empresa: as decisões programadas, que são aquelas
rotineiras e repetitivas; e as decisões não programadas, que são aquelas mais
eventuais, em que se torna necessário a elaboração de estratégias, planejamentos e
alternativas para que a decisão não seja precipitada.
De acordo com Iudícibus (2010), o processo decisório é o conjunto de ações
que visa obter os objetivos desejados, conforme o planejado, através do conjunto de
decisões já planejadas e de decisões corretivas necessárias, conforme o
desenvolvimento do projeto.
De acordo com Jiambalvo (2002 apud SILVA, 2008), a tomada de decisão é a
integração do processo de planejamento e controle. Assim, os gestores ou
administradores devem ter por base informações sólidas e de qualidade para que
façam escolhas positivas e favoráveis aos problemas da empresa.
Nos ensinamentos de Figueiredo (1995, p. 10), o “processo de tomada de
decisão é uma sequência lógica de etapas que expressam a racionalidade com a
qual os gestores buscam soluções para os problemas da empresa”.
Ainda de acordo com essa autora, a abordagem do processo de tomada de
decisão percorre as seguintes etapas abaixo, e posteriormente, tem seu fim com a
escolha da ação a ser implementada:
● Definição do problema
● Obtenção dos fatos;
● Formulação das alternativas;
● Ponderação;
● Decisão.
Cabe ressaltar a importância da informação contábil neste processo de
tomada de decisão para os gestores. Evidentemente que uma informação errada,
incompleta ou atrasada não traz benefícios aos administradores ou à organização, e
muitas vezes, pode até prejudicar os negócios da empresa.
É neste momento de tomada de decisão que a informação contábil se torna
conveniente, oportuna e elementar, pois, tais informações são capazes de
proporcionar alternativas aos problemas de maneira mais propícia a cada contexto.

2.4.1 PRERROGATIVAS DO USO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL.


Segundo Stair (1998 apud QUEIRÓZ, 2012), os benefícios do sistema de
informação contábil incluem o valor agregado aos produtos (bens e serviços),
segurança, melhor serviço, menor margem de erros (maior precisão), aumento na
qualidade dos produtos, melhoria no sistema de saúde, comunicações, maior
eficiência, produtividade, redução na carga de trabalho e nos custos, além de
tomadas de decisões financeiras e gerenciais superiores, e maior e melhor controle
sobre as operações envolvidas.
Hendriksen (1999 apud SILVA, 2008) ainda traz o aspecto econômico da
política contábil, sendo que todas as decisões relativas à esta devem ter
consequências econômicas, caso contrário, não haveria necessidade para se
preocupar com essa política. As consequências desse aspecto incluem o
aprimoramento da informação disponível aos investidores/usuários, promovendo
decisões econômicas mais seguras ou redução dos custos de coleta de
informações.
Nesse sentido, “o uso da contabilidade gerencial é um dos instrumentos que a
gestão empresarial deve utilizar para que a empresa tenha sucesso no
planejamento, controle e execução das atividades desenvolvidas” (SILVA, 2008, p.
20).

2.4.2 A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL NO


PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO.
Crepaldi (2008) indica que o principal assunto da contabilidade gerencial é a
aplicação de elementos contábeis como ferramentas para gerir a empresa, visando
a tomada de decisão. Assim, as informações gerenciais podem auxiliar os gestores,
garantindo o sucesso e a permanência da empresa no mercado.
Os departamentos de uma empresa fornecem informações claras, concretas
e confiáveis ao sistema de informação contábil, o que permite o atendimento, com
maior rapidez, das necessidades da empresa, pois desta forma fazem a integração
das diversas áreas, fornecendo um banco de dados corporativo centralizado. Essas
informações, precisas e estruturadas, são imprescindíveis para o sucesso de uma
organização (QUEIRÓZ, 2012).
De acordo com Stair (1998 apud QUEIRÓZ, 2012), o sistema de informação,
para o propósito do texto, é composto por uma série de elementos ou componentes
inter-relacionados com a função de coletar (entrada), manipular e armazenar
(processo) e disseminar (saída) dados e informações, fornecendo um mecanismo de
feedback. Assim, através dessa estruturação e análise da informação, o sistema
disponibiliza informações precisas aos gestores, dando apoio ao processo de
tomada de decisão.
Ou seja, este sistema de informação é capaz de coletar todos os dados,
estruturá-los, analisá-los e transformá-los em informações que estarão disponíveis
aos gestores, como apoio ao processo de tomada de decisão.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Atualmente, o mercado tem exigido organizações mais preparadas, com


melhor gestão e manejo de ferramentas de controle de suas atividades. Neste
cenário, é de suma importância investir em um sistema de informação contábil,
conforme evidenciado anteriormente.
Com este recurso, a administração da empresa passa a ter uma visão mais
abrangente da situação econômica e estrutural da empresa, sendo inegável que isto
permite um controle mais apurado dos procedimentos, além da gestão de novas
estratégias para o crescimento da empresa e sua manutenção neste mercado.
Hoje em dia, as empresas que entenderam a importância da contabilidade
gerencial e a colocam em prática; são estas que possuem maior chance de manter-
se perante a competitividade, pois, com isso, apresentam mais recursos internos
para lidar com situações desagradáveis e propor estratégias inovadoras ao
crescimento e progresso da empresa.
Assim, há uma maior conscientização e comprovação dos benefícios
proporcionados às empresas quando da aplicação do planejamento e controle de
suas atividades, através da contabilidade gerencial.
Conforme demonstrado ao longo deste artigo, um dos objetivos da
contabilidade é atender, com excelência, aos usuários do sistema de informação de
uma empresa. Não basta apenas prestar uma informação, ela deve ser útil, precisa
e confiável. E, para isto, depreende-se que todas as áreas de uma organização
devem contribuir constantemente para que este sistema de informação seja
atualizado em tempo favorável, gerando um banco de dados disponível aos gestores
e administradores da empresa.
Não podemos mais aceitar que a contabilidade existe apenas para cumprir
obrigações fiscais ao governo, ou apresentar resultados para acionistas e outros
interessados. Mais do que nunca, a contabilidade tem se disposto em benefício da
própria empresa, sendo capaz de, não apenas apresentar as falhas e imprecisões
estruturais ou procedimentais da empresa, mas dando condições à gerência de
propor, por meio um plano de ação, correções e aperfeiçoamento das atividades e
resultados que a organização tem apresentado.
Com o emprego do sistema de informação contábil, há uma redução dos
riscos de desfavorecer a empresa com determinada decisão gerencial, uma vez que
mitiga as incertezas e inseguranças naturais do processo decisório, especialmente
quando se trata de grandes organizações, pois os gestores ficam mais amparados
por informações que refletem a realidade da empresa.
É notável, portanto, que o sistema de informação contábil é indispensável e
contribui imensuravelmente para o sucesso de uma empresa.
REFERÊNCIAS.

AGOSTINI, C.; CARVALHO, J. T. A evolução da contabilidade: seus avanços no


Brasil e a harmonização com as normas internacionais. UNIPTAN, 2012. Disponível
em:
<http://www.iptan.edu.br/publicacoes/anuario_producao_cientifica/arquivos/revista1/
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CREPALDI, S. A. Contabilidade Gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
FIGUEIREDO, S. Contabilidade e a gestão empresarial. Revista Brasileira de
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FRAGA, J. C.; ROMÃO, J. A. N. A contabilidade gerencial como ferramenta no
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FRANCO, G. M. O. Contabilidade gerencial: um estudo no Brasil sobre diferentes
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(Dissertação de Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
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Recebido: 06/03/2018
Aprovado: 27/07/2018

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