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CURSO DE LICENCIATURA EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANO

DISCIPLINA: CONTABILIDADE BÁSICA

Ano Académico: 2023 Carga Horária: 3 Horas Semanais Docente: António Dovelo

O Texto de Apoio de Introdução à Contabilidade é resultado de compilação de vários manuais

de disciplina de Contabilidade tem por missão apoiar aos estudantes de contabilidade.

Este texto de apoio não dispensa o uso de outos manuais, nem dos cadernos de apontamentos

visto que, devido ao facto do programa de contabilidade ser extenso para um único semestre, não

foi possível aprofundar todas as matérias neste Texto de Apoio.

Apesar do esforço feito para que trabalho apresentasse qualidade desejada, não esta isento de

falhas/erros, estamos receptivos à críticas e sugestões.

Maputo, Agosto de 2007

António Dovelo

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PARTE I

CAPITULO I: INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE


1.1 Conceitos da Contabilidade
1.2 A evolução e o papel da contabilidade como instrumento de gestão
1.3 Objectivo e finalidade
1.4 A informação Contabilística
1.4.1 Informação como objecto da Contabilidade
1.4.2 Classificação
1.4.3 Requisitos
1.4.4 Principais interessados
1.5. Divisões da Contabilidade

1.1.CONTABILIDADE
As empresas, independentemente da sua dimensão e da sua actividade têm, entre outras funções
de âmbito administrativo e do âmbito contabilístico. A função contabilística tem de estar sempre
presente para informar os gestores ou administradores sobre o funcionamento e a actividade dos
órgãos empresariais pois ela controla a vida da empresa, analisa e regista os factos que contacta.
Todos serviços da empresa têm de informar à contabilidade os seus actos por meio de documentos
ou peças contabilísticas que serão o fundamento e o instrumento essencial da actividade
contabilística.
Também quem exerce actividade como profissões liberais tem por dever ter a sua contabilidade
organizada.
O serviço de contabilidade regista, dia a dia, todos os factos de que vai tomando conhecimento em
livros chamados Diários, escriturados pela ordem cronológica dos acontecimentos e classifica
estes factos em “contas” de acordo com o exposto no Plano Geral de Contabilidade (PGC - NIRF).
Estes registos podem ser feitos em computador pois é habitual a maioria das empresas utilizarem
a informática para as operações de contabilidade.
Os principais quadros que o serviço de contabilidade apresenta são o Balanço que descreve a
situação contabilística da empresa em período geralmente de um ano, e a Demonstração de

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Resultados constitui o principal objectivo da actividade contabilística, por dar os empresários as
informações que precisam e desejam.

1.2.A evolução e o papel da contabilidade como instrumento de gestão

A génese da contabilidade é explicada segundo a maioria dos autores pela necessidade sentida pelo
homem de preencher as limitações da memória, mediante um processo de classificação e registo
que lhe permitisse recordar facilmente as variações sucessivas de determinadas grandezas, para
que em qualquer momento pudesse saber da sua extensão.
Assim, a contabilidade primitiva visava fundamentalmente suprir as limitações da memória
humana. Além disso, desempenhava igualmente uma outra função importante: a de construir um
meio de prova entre partes discordantes ou em litígio.

Historicamente é de referir que a contabilidade primitiva foi na sua origem uma contabilidade por
“partidas simples”, isto é, cada operação era apenas objecto de uma inscrição e passou a designar-
se por “Sistema Unigráfico”. Seguidamente, com o desenvolvimento empresarial houve
necessidade de registar as entradas e saídas de mercadorias para conhecer as suas existências, bem
como as entradas e saídas de meios financeiros, sem necessidades de constante inventariação e os
registos efectuam-se no Diário e também no Razão, chamando a este método do “Sistema Misto”.
Posteriormente surgiu o “Sistema Digráfico”, isto é a “Contabilidade por Partidas Dobradas” em
que todas as operações são objecto de duas inscrições em sentido contrário.

O grande desenvolvimento dos princípios contabilísticos, tal como hoje os conhecemos, deu-se
fundamentalmente ao movimento económico-político que foi a revolução industrial. É, alias, o
próprio desenvolvimento das unidades de produção capitalistas que veio determinar o
aperfeiçoamento do sistema contabilístico. De facto, a crescente utilização de recursos materiais,
financeira e humanos tornou inadequada a contabilidade tradicional, obrigando-a adaptar-se às
exigências do desenvolvimento verificado.

A contabilidade, que a princípio tinha um papel de natureza jurídica, transforma-se


progressivamente numa fonte de informação, na medida em que pode facultar a todo o momento,
o conhecimento da situação da entidade e o andamento dos seus negócios. Neste domínio, a

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contabilidade tradicional, que registava apenas as relações da empresa com o exterior, conseguiu
uma maior expressão nas empresas comerciais. Só com o desenvolvimento da técnica
contabilística foi possível a sua aplicação às empresas transformadoras e, presentemente, a
qualquer tipo de organização.

A Contabilidade era, no entender de vários autores (e ainda hoje muitos a considerarem como tal)
uma técnica que tinha como finalidade descrever e registar os factos patrimoniais ocorridos, tendo
em vista conhecer:

1-A posição devedora ou credora da empresa em relação aos que com ela transaccionam bens e
serviços;
2- A composição e o valor do património;
3- O custo dos bens e serviços vendidos;
4- Origem e a causa dos encargos e rendimentos;
5- A natureza e a importância dos resultados;
6- Responsabilidade dos diversos agentes obrigados a prestar contas dos valores a si consignados;
7- O desempenho económico e financeiro da empresa em múltiplas vertentes (produtos, mercados,
divisões, etc.

Apresentar hoje a contabilidade como uma técnica de registo de factos patrimoniais passados, é
limitar o seu campo de análise e consequentemente deixar de lhe atribuir uma característica
importante: a de constituir um poderoso instrumento de gestão.

Assim, com o desenvolvimento das técnicas de gestão foi-se operando uma mudança gradativa no
conceito tradicional da contabilidade. A contabilidade já não é entendida apenas como um
elemento de simples recolha e interpretação dos dados históricos. É, além disso, uma técnica apoio
à gestão futura.
Também é sabido que a tributação é na maioria dos países lançada sobre o lucro real das empresas.
Daqui advém a necessidade de contabilidade ser efectuada por forma a facilitar a aplicação das
normas e dos preceitos fiscais, para que assim os valores apresentados mereçam credibilidade e
agilizem o processo de apuramento e controlo dos impostos e contribuições.

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Igualmente a nível da economia nacional e internacional, as informações obtidas na contabilidade
se revelam úteis. Nenhum Estado pode orientar devidamente a sua economia, sem que possua
informação sobre a situação das empresas, a sua eficiência, os sectores mais rentáveis, os custos
de produção, o volume de matérias necessárias, etc.

Se o campo de acção por excelência da contabilidade, seja a empresa privada, o seu âmbito é mais
vasto, recorrendo a ela os próprios departamentos governamentais. A administração pública para
estabelecer o seu orçamento e para acompanhar e controlar a aplicação das verbas que lhe estão
consignadas, necessita de recorrer à técnica contabilística.

Do exposto, se verifica, que a contabilidade constitui o principal instrumento de gestão.


O técnico de contabilidade deve estar apto em qualquer momento a responder a questões como as
seguintes:
• Que disponibilidades existem na empresa?
• Qual o valor dos stocks existentes em armazém?
• Qual é a posição devedora ou credora em relação àqueles com quem a empresa estabelece
relações comerciais?
• Como se estão a proceder a liquidação dos débitos a terceiros e o recebimento dos créditos
concedidos?
• Qual o montante dos recursos gerados até ao momento?
• Etc.
Do exposto, qual é a noção de contabilidade com que ficamos? É difícil estabelecer uma noção
clara e completa que abranja o campo de estudo da contabilidade.
Apresentamos, a mero título de exemplo, várias noções que lhe foram atribuídas:
1. “A contabilidade é a doutrina do controlo económico e da determinação do rédito em
qualquer espécie de empresa”. – Tessanova.
2. “A contabilidade é a ciência do património” – Masi.
3. “A contabilidade é a disciplina que estuda os processos seguidos nas unidades económicas
para revelação da gestão”- Zappa.
4. “A contabilidade é um método de investigação da actividade económica” - Popoff.

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Segundo o Professor Gonçalves da Silva, a contabilidade é a técnica da relevação patrimonial. A
relevação consiste na descrição, na colocação em evidencias de determinados factos.

1.2.1. DEFINIÇÃO

Existem várias formas de definir a Contabilidade, variando de autor para autor, mas a mais
consensual é a que a seguir se apresenta por incluir o seu objecto e objectivo.

A Contabilidade – é uma ciência de natureza económica cujo objecto é a realidade económica


passada, presente e futura, de qualquer entidade pública ou privada, analisada em termos
quantitativos e por método específico com o fim de obter informações económico-financeiras
indispensáveis à gestão dessa entidade, nomeadamente ao conhecimento da situação patrimonial
e dos resultados obtidos e, ao planeamento e controlo da sua actividade.
Fundamentalmente, a contabilidade é, contudo, um processo que consiste em três actividades,
nomeadamente:

→ Identificação – seleccionando os eventos considerados relevantes para actividade económica,


particularmente para o negócio em causa;

→ Registo dos valores monetários das transacções (factos patrimoniais) bem como a descrição
permanente e cronológica destes factos. Isto implica um registo diário e valorizado dos factos de
forma ordenada e sistemática. Implica que os factos sejam também compilados e classificados;

→ Garantir a comunicação, o reporte das informações contabilísticas para os principais


interessados, através da preparação e distribuição das demonstrações financeiras.

O denominador universal da contabilidade ou a unidade comum de medida na contabilidade é a


moeda, no caso moçambicano o metical. Isto significa que todas as transacções devem ser
convertidas em unidades monetárias antecedendo o seu processamento. O uso deste denominador
comum é acompanhado das seguintes limitações:

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- Nem todos os factos ou eventos podem ser expressos em termos monetários,
- O valor do dinheiro é instável e é influenciado por muitos factores económicos como a inflação,
por exemplo.

1.3.– OBJECTO E FINALIDADE

O objecto da Contabilidade Geral já foi apontado na sua definição.


Os objectivos da Contabilidade Geral ou Financeira são:
1- Determinação do resultado global (Demonstração de Resultados);
2- Determinação da situação patrimonial (Balanço).

1.4.– A INFORMAÇÃO CONTABILISTICA

1.4.1. – A informação como objecto da contabilidade

Sendo uma ciência de natureza económica cujo objecto é a realidade económica e por finalidade a
obtenção de certas informações que podem ser:

- Estudadas para delas se extraírem novas informações (análise contabilística);


- Examinadas para verificar e confirmar a sua veracidade e exactidão (revisão contabilística ou
auditoria);
- Agrupadas com as informações relativas a outras empresas (consolidação contabilística) para
obter a contabilidade de um “grupo de sociedades”.

Assim a contabilidade compreende:


◊ Análise contabilística;
◊ Revisão contabilística (auditoria);
◊ Consolidação contabilística

1.4.2. Classificação
As informações contabilísticas classificam-se em:

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o Externas – as que dizem respeito às operações com o exterior (as compras de mercadorias,
vendas, pagamentos de impostos, etc.).
o Internas – que dizem respeito as operações realizadas internamente, dentro da própria
empresa, como por exemplo: Processamento e pagamento de salários aos trabalhadores,
requisições ou transferência de matéria-prima do armazém para a fábrica, etc.

1.4.3. REQUISITOS
Para que uma informação seja considerada de utilidade contabilística, deve reunir os seguintes
requisitos:
1) Relevância - significa que a informação deve fornecer um elemento de resposta a uma
questão e orientar a acção; (A relevância contábil diz respeito a que a informação
deve contar com a importância suficiente para exercer algum tipo de influência na
tomada de decisões daqueles que possam chegar a usá-la.)
2) Oportunidade ou actualidade - A informação deve ser fornecida no momento necessário;
3) Quantificação – Quer dizer que a informação contabilística deve ser quantificável, pode
ser expressa em números, geralmente representativos de unidades monetárias,
4) Economicidade – O custo da informação não deve ser superior à vantagem que ela
proporciona,
5) Objectividade – A informação deve conduzir as pessoas aos mesmos resultados,
(princípio da objectividade afirma que a informação contabilística e os relatórios
financeiros devem ser independentes e apoiados com provas imparciais. Isto

significa que a informação contabilística deve basear-se em pesquisas e factos, e

não apenas na opinião de um preparador. O princípio da objectividade visa

tornar as demonstrações financeiras mais relevantes e fiáveis.)


6) Verificabilidade - a informação deve ser aquela que seria obtida por indivíduos que trabalham
independentemente uns dos outros.
1.4.4. Principais interessados
As informações contabilísticas são requeridas por vários utilizadores os quais as analisam para
diversas decisões e para vários propósitos. Os principais interessados são:

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❖ Os Investidores, sócios ou proprietários – Interessa-lhes conhecer ou acompanhar a
evolução dos seus investimentos de modo a assegurarem o retorno dos valores colocados
à organização;
❖ Os gestores e administradores – para o planeamento e controlo dos seus objectivos e
metas, para melhor tomarem as decisões na gestão das unidades económicas;

❖ O Estado – pelo facto de a maior porção dos rendimentos do Estado provir dos impostos,
interessa-lhes para melhor calculá-lo e para várias análises estatísticas, bem como para a
elaboração planos macroeconómicos;

❖ Credores ou fornecedores — estão interessados na segurança financeira das empresas


como garantia da recuperação dos valores em dívida, residindo aqui o factor credibilidade;

❖ Trabalhadores — pela segurança dos seus postos de trabalho e das restantes condições de
trabalho e salariais;

❖ Clientes – como forma de garantia da continuação de prestação de melhores serviços;

❖ A comunidade em geral – como os empregadores, sindicatos, etc.

1.5.Divisões da Contabilidade
Tal como acontece em outras ciências, a contabilidade também possui o seu tronco comum
(Contabilidade Geral) e as suas ramificações (Contabilidade Aplicada).
Se a contabilidade tem por objectivo quantificar tudo o que ocorre numa unidade económica,
facilmente se compreende a necessidade de estabelecer critérios fundamentais com vista à
classificação dos múltiplos acontecimentos (factos).

Em primeiro lugar convém distinguir a contabilidade geral da contabilidade aplicada:


• Contabilidade Geral – também designada por externa ou financeira, compreende os
conceitos básicos, as regras de funcionamento e os princípios contabilísticos (Teoria da
Contabilidade) e as formas de representação, isto é, a escrituração (técnica contabilística);

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• Contabilidade aplicada (especial ou especifica) – também designada por interna,
compreende a aplicação da contabilidade geral a unidades económicas, abrange diversas
relações complementares que podem contribuir para uma gestão mais esclarecida e eficaz;

• Contabilidade Privada – usada as unidades privadas (famílias, empresas e outros


organismos);

• Contabilidade Pública – usada a unidades económicas (Estado e autarquias);

• Contabilidade Nacional – ao respectivo conjunto. Respeita as informações inerentes ao


produto, rendimento e despesas. É também designada por Macrocontabilidade. É relativa
a unidades económicas complexas (regiões, nação, etc.).

Atendendo aos problemas específicos de cada ramo de actividade, ou sob o ponto de vista
da natureza empresarial, a contabilidade pode ser:
❖ Bancaria;
❖ De seguro;
❖ Agrícola;
❖ Industrial
❖ Etc.

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