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Conteúdo - Módulo I: Fundamentos da Contabilidade Pública

Site: Ambiente Virtual de Aprendizagem - Instituto Plácido Castelo Impresso FRANCISCO CESAR GREGORIO DE OLIVEIRA
Curso: Normas Brasileira de Contabilidade Pública por: JUNIOR -
Livro: Conteúdo - Módulo I: Fundamentos da Contabilidade Pública Data: sábado, 30 Mar 2024, 09:04
Índice

Introdução

Para que serve o Plano de Contas?

O que são Contas Contábeis?

Quem são os usuários da Contabilidade Pública?

Objetivo das demonstrações contábeis do setor público


Introdução

A Contabilidade é uma ciência que lida com o registro, controle, a análise e a comunicação de informações
patrimoniais, financeiras e econômicas sobre uma entidade, que pode ser uma empresa, uma organização sem fins
lucrativos ou uma entidade governamental.

A Contabilidade Aplicada ao Setor Público, mais conhecida como Contabilidade Pública, é um ramo da Contabilidade
que lida com a gestão de recursos nas entidades governamentais, abrangendo o registro, a classificação, a análise e
a interpretação das transações orçamentárias, financeiras, patrimoniais e econômicas. Por meio de metodologias
adotadas pela contabilidade pública é possível se obter informações transparentes e confiáveis para a tomada de
decisões e para a prestação de contas dos recursos públicos.

É possível afirmar que a contabilidade ajuda a "contar a história" das transações ocorridas órgãos e entidades
públicas. Isso só é possível devido ao registro das operações com uso do método das partidas dobradas. Tal método
é uma técnica de registro utilizada pela contabilidade, que se baseia no conceito de que cada transação financeira
tem um impacto duplo nas contas de uma entidade.

Esse impacto envolve pelo menos duas contas, uma (ou mais, se necessário) conta é debitada e outra é creditada. A
ideia é que os débitos e créditos devem ser iguais para cada transação, de modo que o balanço da entidade (ou seja,
os ativos e passivos) esteja sempre equilibrado.

A Contabilidade Aplicada ao Setor Público vai além de simplesmente "contar a história" das operações que ocorrem
no setor público. Ela desempenha um papel crucial no controle dos recursos financeiros, patrimoniais e do
endividamento. Ao fornecer um relato detalhado das transações por meio de seus demonstrativos, a contabilidade
permite que os cidadãos, os órgãos de controle, os legisladores e outros usuários das informações contábeis possam
avaliar a gestão dos recursos públicos. Isso reforça a confiança do público nas instituições governamentais e
promove a responsabilidade dos gestores públicos.

Outra função importante da contabilidade pública é o controle dos recursos financeiros, feito por meio do
acompanhamento constante das receitas, despesas e disponibilidades financeiras. A contabilidade ajuda a garantir
que dinheiro público seja utilizado de acordo com os princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência. Neste sentido, a contabilidade pública permite identificar desvios, fraudes ou mesmo o uso
dos recursos financeiros de forma indevida.

O controle do patrimônio é outra função importante. Os bens móveis, imóveis e intangíveis que compõem o
patrimônio de uma entidade pública são essenciais para a sua capacidade de fornecer serviços públicos. A
contabilidade ajuda a garantir que esses recursos sejam controlados de forma adequada, garantindo a preservação
do patrimônio público e contribuindo para o bem-estar da população.

A contabilidade pública desempenha um papel crucial no controle do endividamento. Ao registrar e controlar as


dívidas contraídas pela entidade, a contabilidade permite avaliar a sustentabilidade fiscal da instituição. Ela ajuda a
evitar níveis excessivos de endividamento que possam comprometer a capacidade da entidade de fornecer serviços
públicos no futuro.

A contabilidade, essencial para qualquer entidade pública ou privada, atua como um sistema de informações que
coleta, registra, processa e relata informações que tem impacto financeiro e patrimonial. Contudo, no setor público
especialmente, é necessário que essas informações sejam transmitidas tempestivamente à contabilidade por meio de
fluxos processuais eficientes.

Ressalte-se que a precisão e confiabilidade das informações geradas pela contabilidade dependem
fundamentalmente de controles internos efetivos. Por isso, os entes públicos devem manter um sistema de controle
interno efetivo para que as informações geradas pela contabilidade sejam confiáveis.

As auditorias internas, por meio da revisão sistemática das operações e dos respectivos registros contábeis, podem
identificar e propor a correção de erros ou irregularidades. Desta forma, garantem que os demonstrativos da Lei de
Responsabilidade Fiscal e as Demonstrações Contábeis estejam livres de distorções relevantes.
Estruturação para registro das transações;

Consolidação das contas nacionais; Para que serve o Plano de Contas?

Conformidade com as normas internacionais.


Os registros das transações na contabilidade devem observar o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP).
O PCASP é um instrumento essencial na contabilidade governamental. Ele não só fornece uma estrutura para
registrar as transações que ocorrem numa entidade governamental, mas também desempenha um papel importante
na consolidação das contas nacionais, assegurando uma visão abrangente e clara da situação orçamentária,
financeira e patrimonial do país.

A adoção do PCASP também facilita a conformidade com as normas internacionais de contabilidade. Com a
globalização, tornou-se cada vez mais importante que as práticas contábeis do setor público estejam alinhadas com
as normas internacionais. Isso aumenta a confiabilidade e a comparabilidade das contas públicas brasileiras, o que é
especialmente importante para os investidores internacionais, as agências de classificação de crédito e outras partes
interessadas que precisam comparar as finanças de diferentes países.

Em relação ao seu funcionamento, um dos principais avanços que o PCASP proporcionou foi a segregação das
informações orçamentárias e patrimoniais. Ele classifica as contas contábeis de acordo com a natureza das
informações que evidenciam – orçamentária, patrimonial e de controle. Isso significa que os registros orçamentários
não influenciam ou alteram os registros patrimoniais e vice-versa, permitindo uma visão mais clara e precisa da
situação financeira de uma entidade.

Outro benefício do PCASP é a capacidade de registrar os fatos que afetam o patrimônio público de acordo com o
regime de competência. Isso significa que as transações que aumentam ou diminuem o patrimônio líquido,
conhecidas como variações patrimoniais aumentativas (VPA) e diminutivas (VPD), são reconhecidas nos períodos a
que se referem, de acordo com o seu fato gerador. Isso permite uma maior precisão e transparência na contabilidade
do setor público.

De acordo com o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) editado pela Secretaria do Tesouro
Nacional (STN) o PCASP é dividido em 8 classes, sendo as contas contábeis classificadas segundo a natureza das
informações conforme a Figura 1.

Figura 1: Classes do PCASP


Fonte: STN - MCASP 9ª edição.
O que são Contas Contábeis?

As contas expressam qualitativa e quantitativamente os eventos de mesma natureza que ocorrem em um


determinado momento. Elas evidenciam a composição, variação e estado do patrimônio, bem como de bens, direitos,
obrigações e outras situações que possam direta ou indiretamente afetá-lo. Isso inclui tudo, desde a compra de novos
equipamentos até a realização de pagamentos a fornecedores.

As contas são agrupadas de acordo com suas funções, o que permite uma série de atividades. Primeiramente, elas
permitem identificar, classificar e registrar atos e fatos de gestão de forma uniforme e sistemática utilizando o método
das partidas dobradas, que conforme já foi informado, exige que cada transação seja registrada em pelo menos duas
contas diferentes. Isso proporciona uma representação clara e precisa das transações financeiras. Em segundo lugar,
as contas são essenciais para determinar os custos das operações governamentais. Isso pode incluir desde os
custos diretos, como salários e materiais, até os custos indiretos, como depreciação e manutenção.

As contas também permitem acompanhar e controlar a aprovação e execução do planejamento e do orçamento, o


que inclui a capacidade de monitorar execução da receita prevista em confronto com a realizada, bem como a
despesa autorizada, empenhada e paga. Além disso, elas também ajudam a entender a situação do patrimônio
analisado, evidenciando todos os ativos e passivos.

Por meio da utilização das contas, é possível elaborar diversos relatórios como os Balanços Orçamentário, Financeiro
e Patrimonial, a Demonstração das Variações Patrimoniais, de Fluxo de Caixa. Esses relatórios são fundamentais
para entender a situação financeira da entidade e tomar decisões informadas e prestação de contas.

A análise e interpretação dos resultados econômicos e financeiros também são facilitadas pelo uso de contas. Isso
pode ajudar a identificar tendências, avaliar o desempenho e planejar o futuro.

As contas também permitem individualizar devedores e credores, fornecendo o detalhamento necessário para o
controle contábil do direito ou obrigação. Isso é importante para o gerenciamento eficaz das relações financeiras e
para garantir que todos os pagamentos e recebimentos sejam devidamente rastreados.

Por fim, as contas desempenham um papel importante no controle contábil de atos potenciais originados de
contratos, convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos similares. Isso ajuda a garantir que todos os
compromissos financeiros sejam adequadamente registrados e gerenciados.

No PCASP, as contas contábeis são identificadas por códigos com 7 níveis de desdobramento, compostos por 9
dígitos conforme se pode observar na Figura 2.

Figura 2: Níveis de desdobramentos das contas

Fonte: STN - MCASP 9ª edição.


Quem são os usuários da Contabilidade Pública?

As informações contábeis no setor público são fundamentais para um amplo conjunto de usuários, que abrange
indivíduos e entidades, todos em busca de embasar suas decisões e avaliar a responsabilidade dos gestores
públicos. Entre esses usuários, os mais proeminentes são os gestores públicos, os órgãos de controle e a sociedade
como um todo.

Para os gestores públicos, a contabilidade serve como um guia, orientando suas decisões e ações. Eles utilizam
essas informações contábeis para decidir se é necessário economizar recursos ou se medidas de austeridade devem
ser implementadas. Dessa forma, esses dados contábeis são de suma importância para a administração eficaz dos
recursos públicos.

Os órgãos de controle, tais como os tribunais de contas e órgãos de controle interno, se baseiam fortemente nas
informações contábeis para o exercício de suas competências. Eles as usam para avaliar o desempenho das
entidades públicas na gestão orçamentária e financeira e no uso apropriado dos recursos. A contabilidade fornece-
lhes a capacidade de monitorar e controlar os ativos e passivos das entidades públicas, assegurando a aderência às
leis fiscais e regulatórias.

A sociedade também desempenha um papel importante como usuária das informações contábeis. É essencial que
essas informações sejam apresentadas de maneira clara e compreensível. O uso de gráficos e tabelas simplificados
pode ser uma forma eficiente de comunicar as informações contábeis ao público que não tem conhecimento técnico
na área. No entanto, espera-se que os usuários tenham um entendimento básico do assunto para que as informações
sejam verdadeiramente úteis e atinjam seu objetivo de promover a transparência e a responsabilidade.
Objetivo das demonstrações contábeis do setor público

As demonstrações contábeis do setor público devem ser preparadas de acordo com as normas contábeis aplicáveis,
proporcionando uma base sólida para a comparabilidade e consistência das informações contábeis entre as
entidades governamentais.

A norma NBC TSP 11 que trata da Apresentação das Demonstrações Contábeis, considera que a finalidade das
demonstrações contábeis é proporcionar informação sobre a situação patrimonial, o desempenho e os fluxos de caixa
da entidade que seja útil a grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões sobre a alocação
de recursos.

O deste módulo objetivo não é interpretar a estrutura das demonstrações contábeis, mas sim, apresentar o propósito
de cada demonstrativo. Assim, as demonstrações contábeis que compõem as prestações de contas dos órgãos e
entidades do setor público brasileiro de acordo com o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP)
são:

Balanço Orçamentário

Balanço Financeiro

Balanço Patrimonial

Demonstração das Variações Patrimoniais

Demonstração dos Fluxos de Caixa

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

A seguir será descrito as finalidades de cada um destes demonstrativos.

Balanço Orçamentário: demonstrar a comparação entre as receitas e despesas previstas e as receitas e despesas
efetivamente realizadas durante a execução do orçamento de uma entidade do setor público. O Balanço
Orçamentário não só apresenta as receitas e despesas, mas também expõe o resultado orçamentário. Esse pode ser
um superávit, caso a receita arrecadada seja maior que a despesa empenhada, ou um déficit, no caso oposto.

Balanço Financeiro: evidenciar tanto as receitas e despesas orçamentárias quanto os ingressos e dispêndios
extraorçamentários. As receitas referem-se aos valores arrecadados, enquanto as despesas são destacadas pelos
valores empenhados. Além disso, o Balanço Financeiro também dá visibilidade ao fluxo financeiro que independe da
execução orçamentária, ou seja, aos ingressos e dispêndios extraorçamentários. Por fim, também são destacados os
saldos de caixa (depósitos e aplicações bancárias) do exercício anterior que serão transferidos para o início do
exercício seguinte.

Balanço Patrimonial: é a demonstração contábil que tem o objetivo de evidenciar, de maneira qualitativa e
quantitativa, a situação patrimonial de uma entidade pública. Isso é feito por meio de contas que representam o
patrimônio público (Ativo e Passivo além do Patrimônio Líquido), bem como atos potenciais (atos que podem vir a
afetar o patrimônio da entidade) que são registrados em contas de compensação, cuja natureza é de controle de
informações.

Demonstração das Variações Patrimoniais: tem o propósito de evidenciar as alterações ocorridas no patrimônio,
sejam elas decorrentes da execução orçamentária ou não, e indicar o resultado patrimonial do exercício. O resultado
patrimonial do período é determinado na Demonstração das Variações Patrimoniais pelo confronto entre as variações
patrimoniais quantitativas aumentativas e diminutivas. O valor obtido no exercício passa a compor o patrimônio
líquido do Balanço Patrimonial.

Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC): detalha as entradas e saídas de caixa, classificando-as em fluxos
operacionais, de investimento e de financiamento. A Demonstração dos Fluxos de Caixa tem como objetivo evidenciar
as fontes geradoras dos fluxos de entrada de caixa. Os itens que consumiram caixa durante o período das
demonstrações contábeis e o saldo de caixa na data das demonstrações contábeis. A análise dos fluxos de caixa
permite ao usuário avaliar como a entidade do setor público obteve recursos para financiar suas atividades e como
esses recursos de caixa foram utilizados.

Demonstração das Mutações no Patrimônio Líquido: destaca a evolução (seja ela um aumento ou redução) do
patrimônio líquido da entidade durante um determinado período. Esta demonstração é obrigatória apenas para
empresas estatais dependentes constituídas na forma de sociedade anônima e facultada para os demais órgãos
governamentais. A Demonstração das Mutações no Patrimônio Líquido apresenta a evolução do patrimônio líquido
durante um determinado período. Isso inclui aumentos no patrimônio líquido, que podem vir de lucros gerados pela
entidade ou contribuições adicionais dos proprietários, e diminuições, que podem ocorrer devido a prejuízos ou
distribuições de dividendos aos proprietários.

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