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1 Extraído de: Manual de Apoio do curso de Contabilidade Geral

CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO GERAL DA CONTABILIDADE

 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE

Etimologicamente, a palavra contabilidade provém de Conta, está por sua vez, vem de
cômputo, originaria do latim computum, que significa cálculo, contagem.

A contabilidade é uma das ciências mais antigas estudadas pelo homem e foi influenciada
pelos estudiosos, cientistas e pesquisadores. A génese da contabilidade é explicada pela
necessidade sentida pelo homem de preencher as limitações da memória, mediante de um
processo de classificação e registo que lhe permitisse recordar facilmente as variações
sucessivas de determinar grandezas, para que em qualquer momento pudesse saber da sua
extensão.

As primeiras anotações eram feitas em termos físicos como se fossem trocas, o que fez
com que sua evolução fosse bastante lenta. Em 1.100 a.c, este quadro se alterou, por
ocasião do surgimento da moeda.

Entre os séculos XIII e XVII a contabilidade se destingiu como uma disciplina madura,
justamente pelo facto de que neste período as actividades mercantis, económicas e
culturais eram muito importantes, ou seja, a evolução da contabilidade sempre esteve
associada ao desenvolvimento da sociedade como um todo. A intensidade das actividades
mercantis, económicas e culturais, determinou o surgimento e o domínio das escolas de
contabilidade, notadamente na Itália.

Conforme o homem enriquecia, crescia a necessidade de controlo e preservação dos bens,


e assim, deu início a história da contabilidade, que se divide em quatro períodos que são
os seguintes: Antigo, medieval, moderno e o científico.

 Antigo – Este período iniciou com a civilização do homem até 1202 da era cristã,
quando foi publicado o “Liber Abaci” de Leonardo Fibonacci (Leornado
Pisano). Nesta época, o controlo era realizado de forma rudimentar, mas servia
para a identificação dos rebanhos, que eram feitos através de pedras colocadas
em recipientes para separar os nascimentos dos animais, separar pagamentos de
dívidas, entre outros motivos.

Formador: Abiud Finda


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Existiam também as fichas de barro, onde eram feitos os registos do inventário,


a contagem dos bens, o controlo de entradas e saídas dos animais, de produtos
agrícolas, etc, separados conforme a sua natureza.

 Medieval – Este período teve o seu início em 1202 da era cristã até 1494, quando
foi publica no mesmo ano a obra “Tratactus de ComputisetScripturis”
(Contabilidade por Partidas Dobradas) de Frei Luca Pacioli. Ela contribuiu
para que a contabilidade entrasse no ramo do conhecimento humano, e seu
enfoque principal seria sobre o débito e crédito e respectivos números positivos
e negativos.
Este período foi marcado por muitas mudanças. Estudavam técnicas matemáticas,
medidas e peso entre outros e o desenvolvimento financeiro e comercial do
homem.
 Moderno – Este período teve início em 1494 até 1840, quando foi publicado a
obra “La Contabilitàapplicattaalle Amminstrazioni Private e Pubbliche” de
Francesco Villa. Neste período, com os diversos acontecimentos da época, a
contabilidade se tornou extremamente importante, pois houve uma grande
movimentação de riquezas e de pessoas de um determinado lugar para o outro.
Com a obra “Summa de Aritmética, Geometria, Proportioniet
Proporcionalita”, o Frei Luca Pacioli, considerado o pai da contabilidade e não
somente das partidas dobradas, deixou um registo sobre contabilidade e sua
escrituração, mostrando, o que era necessário para o comerciante, sistematizando
a contabilidade, marcando assim o seu início da fase moderna de sua história.
 Científico – Este período teve início em 1840, até aos dias de hoje. Neste período,
surgiram muitas escolas que identificavam várias visões para a contabilidade.
Essas escolas, que podemos citar, são as seguintes:
Escola Aziendalista – Onde o controlo económico ou administrativo é o
instrumento principal.
Escola Patrimonialista – Onde o principal enfoque era o estudo do património.

Formador: Abiud Finda


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 CONCEITO E OBJECTIVOS DA CONTABILIDADE

Definir o conceito de contabilidade é sem dúvidas uma tarefa difícil, pois apresentar uma
definição clara e ao mesmo tempo capaz de encerrar em si as diversas vertentes pode
conduzir a inexactidões ou abordagens demasiado redutoras, pelo que iremos apresentar
algumas definições comumente aceites como explicativas daquilo que deve ser entendido
por contabilidade e seus objetivos.

A American Accounting Association (AAA) defendeu que a formulação dos objetivos


da contabilidade deveria ser efectuada em função das necessidades dos utilizadores da
informação contabilística e que esta noção deveria prevalecer sobre o estabelecimento
dos princípios por parte dos seus preparadores, como a base para a construção da teoria
da contabilidade.

Num documento intitulado de A Statement of Basic Accounting Theory a mesma


entidade definiu “contabilidade” como sendo o processo de identificação, medida e
comunicação de informação financeira, cujo objetivo passa por fornecedor informação
passada, presente e futura aos seus utilizadores e que esteja útil para tomada de decisões.

Para o International Accounting Standard Board (IASB), o objetivo da informação


financeira é proporcionar informação útil para a tomada de decisões nas empresas e, mas
concretamente, por parte dos financiadores e investidores.

Como também referido pela American Accounting Association, essencialmente a


contabilidade é um sistema de informação, com uma linguagem própria, indispensável
para a tomada de decisão, é um elo de ligação entre a organização, o sistema de
informação e os utilizadores dessa.

Assim, a contabilidade deve ser vista como um sistema de informação capaz de medir e
reportar a realidade económica-financeira-patrimonial das entidades (empresas), face:

 Aos recursos a disposições da entidade;


 As obrigações contraídas;
 Os meios utilizados para a obtenção desses recursos;
 Os direitos assumidos;
 E os meios obtidas na transmissão dos bens produzidos e serviços prestados.

Formador: Abiud Finda


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Neste sentido, pode-se dizer que a contabilidade é um sistema de informação que se


debruça sobre o impacto das transacções no património da entidade, atribuindo-lhe valor
monetário (valorização/mensuração), registado os (reconhecimento) e divulgando essa
informação essa informação (relato) sob a forma de demonstrações financeiras de modo
a que seja útil para a tomada de decisão.

 DIVISÃO DA CONTABILIDADE

A contabilidade está dividida em três grandes sectores que são: Contabilidade Nacional;
Contabilidade Pública e a Contabilidade Empresarial, como também podemos encontrar
duas áreas da contabilidade afectas ao sistema financeiro que são: Contabilidade Bancária
e a contabilidade de Seguradoras.

 Contabilidade Nacional – Conjunto de quadros e mapas destinados a apurar os


valores da produção, das despesas e dos rendimentos de um país. Para a sua
elaboração recorre-se aos serviços estatísticos.
 Contabilidade Pública – Registo das verbas atribuídas aos organismos estatais
devidamente classificadas, bem como os gastos e despesas efectuadas pelos
organismos estatais.
 Contabilidade Empresarial – Tal como o nome indica, destina-se ao registo dos
factos econômicos ocorridos na empresa e que por sua vez divide-se em:
Contabilidade Financeira ou Geral, Contabilidade de Gestão ou de Custo e a
Contabilidade Orçamental.
 Contabilidade Financeira – Também denominada de contabilidade geral ou
contabilidade externa, que visa o relato financeiros para o exterior da empresa por
via das demonstrações financeiras.
 Contabilidade de Gestão – Também chamada de contabilidade analítica de
exploração, contabilidade de custos e contabilidade interna, que visa o custo dos
produtos vendidos e de serviços prestados assim como o controlo dos resultados
a nível mais elementar (negócios, mercados, áreas de responsabilidade, etc.)

Formador: Abiud Finda


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 UTILIZADORES DA INFORMAÇÃO CONTABILÍSTICA

Quando é efectuada a referência aos utilizadores da informação financeira, inclui-se neste


grupo todos os agentes que directa ou indirectamente possam ter interesse na informação
divulgada pela empresa.

Assim, podemos dividir os utilizadores da informação financeira em dois grandes grupos:


os utilizadores internos e os utilizadores externos, seguidamente apresentam-se exemplos
de cada umas das tipologias de utilizadores mencionadas, sendo esta divisão baseada na
relação entre estes utilizadores e a empresa.

Utilizadores externos à entidade:

 Investidores (actuais e potenciais);


 Financiadores (instituições de crédito, etc.)
 Fornecedores e outros credores;
 Clientes;
 Governo e seus departamentos
 Empregados
 Público em geral.

Utilizadores internos da entidade:

 Gestão (aos diversos níveis);

Formador: Abiud Finda

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